a produção de sisal em várzea nova, adailton morais

61
UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA ADAILTON MORAIS DE OLIVEIRA A AGAVEICULTURA NO MUNICÍPIO DE VÁRZEA NOVA: ENTRAVES E POSSIBILIDADES

Upload: adailton-morais

Post on 13-Jun-2015

1.230 views

Category:

Documents


75 download

DESCRIPTION

A produção de sisal no município de Várzea Nova, Bahia,Brasil.

TRANSCRIPT

Page 1: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA

ADAILTON MORAIS DE OLIVEIRA

A AGAVEICULTURA NO MUNICÍPIO DE VÁRZEA NOVA: ENTRAVES E POSSIBILIDADES

Page 2: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

SUMÁRIO

RESUMO..............................................................................................03

ABSTRACT...........................................................................................04

INTRODUÇÃO .....................................................................................06

1- O sisal como alternativa de desenvolvimento sustentável para

o semi-árido

nordestino................................................................................09

1.1- O Nordeste e o Mito da Necessidade........................................09

1.2- A agaveicultura: sua importância e obstáculos no contexto

socioeconômico do Sertão nordestino................................................. 13

2- O sisal..............................................................................................18

2.1- Classificação e Características Biológicas.....................................18

2.2- O Cultivo do Sisal...........................................................................19

3- Área de estudo.................................................................................21

4- O estado da produção atual de sisal no município de Várzea Nova:

Entraves e possibilidades ......................................................................24

4.1 – Diagnóstico ...................................................................................24

4.2 - Análise do diagnóstico....................................................................32

CONCLUSÕES.......................................................................................36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................38

ANEXOS ................................................................................................40

Page 3: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

RESUMO

Estuda os aspectos da cultura sisaleira em Várzea Nova, BA, Brasil.

Confronta o mito da necessidade crônica no Sertão Nordestino. Avalia por meio

de pesquisa bibliográfica,pesquisas de campo, entrevistas com a comunidade,

autoridades, empresários e especialistas, as possibilidades de

desenvolvimento da cultura do sisal e seus principais problemas em Várzea

Nova. Conclui ser a desorganização da cadeia produtiva, a má distribuição da

renda gerada e a exploração dos trabalhadores primários, os principais

entraves ao desenvolvimento sustentado da atividade. Alerta para a

necessidade da criação de associações cooperativas como meio para

aumentar a rentabilidade da cultura, fortalecer o pequeno produtor, o

trabalhador primário, e conseqüentemente, melhorar o estado dos campos de

sisal.

Page 4: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

ABSTRACT

It studies the sisal culture aspects in Várzea Nova, BA, Brazil. It faces the

chronic necessity myth in the Nordeste arid interior. It evaluates by bibliographic

search, field search, interviews with the community, authorities, undertakers, and

experts, the sisal culture development possibility and its mainly problems in Varzea

Nova. Concludes be the disorganization of the productive system, the vicious

distribution of the produced gains and the exploitation of the primary workers, the

mainly obstacles to this activity development. Alert to the necessity of the co-

operative societies as a way to increase the sisal culture profits, to support the small

producer, the primary workers, and following to improve the sisal fields state.

Page 5: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

INTRODUÇÃO

Um dos principais desafios atuais da população e do governo em relação ao

semi-árido nordestino do Brasil é encontrar alternativas de desenvolvimento

socioeconômico sustentável que contribua para a geração de emprego e renda

e fixação da população nessa região.

Assim a agaveicultura apresenta-se como atividade viável para este fim

mediante as seguintes qualidades: é uma cultura perfeitamente adaptada ao

semi-árido, não exige altos investimentos para sua implantação e sua

rentabilidade é considerada satisfatória, desde que bem organizada.

Na 32ª Reunião Intergovernamental de Fibras Duras que reuniu em julho

de 2003, representantes de mais de cinqüenta países na Bahia, o

representante da FAO (Food and Agriculture Organization of the United

Nations) Organização de Alimento e Agricultura das Nações Unidas, David

Hallan, defendeu medidas como melhor divulgação das fibras naturais adoção

de soluções técnicas, políticas e econômicas para valorizar o produto sob a

justificativa de que as fibras duras naturais geram emprego e não poluem!

(Vide Referências Bibliográficas).

A agaveicultura (ou cultivo do sisal) é atividade econômica relevante em

muitos municípios principalmente da Bahia e Paraíba. Muito se tem escrito

sobre o cultivo do sisal embora as abordagens direcionem-se mais para o

campo agrotécnico. Análises da situação socioeconômica da cultura são raras.

Partindo desse pressuposto, reveste-se de uma grande importância

estudar os aspectos e a evolução da cadeia produtiva do sisal. Este estudo

busca evidenciar o potencial de auto desenvolvimento (ou desenvolvimento

sustentável) da atividade sisaleira bem como identificar possíveis entraves a

esse desenvolvimento no município de Várzea Nova.

Page 6: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

Pretende-se contribuir para uma melhor organização da cultura e

desconstrução do mito de que no Sertão Nordestino os únicos

empreendimentos de sucesso são os programas assistenciais do governo

federal.

Partindo-se da premissa de que a agaveicultura é uma atividade que

resiste a décadas de história por ser rentável e viável, interrogou-se: por que a

renda gerada pela agaveicultura não alcança a maioria dos seus trabalhadores,

os quais vivem sob o jugo de uma péssima qualidade de vida? O que fazer

para corrigir esse possível desequilíbrio, essa possível contradição?

Buscando a solução do problema formulado, fez-se um levantamento

quantitativo da agricultura do sisal em Várzea Nova através dos Órgãos de

Apoio e Secretaria de Agricultura, em sites de jornais e do IBGE.

Os dados para análise diagnóstica foram obtidos mediante pesquisa de

campo. Coletados através de visitas in loco e aplicação de entrevistas

estruturadas e dirigidas com as comunidades sisaleiras do município e com

pessoal especializado (agrônomos). (ANEXO A, B). Utilizou-se também a

metodologia da pesquisa exploratória explicativa bibliográfica para obtenção de

dados histórico-quantitativos. Privilegia-se a descrição concreta da realidade

para, a partir desta, levantar conclusões e interpretações.

Para uma perfeita compreensão do tema tratado, este trabalho: faz uma

descrição analítica da situação socioeconômica da Região Nordeste e dos

discursos que cristalizaram ao longo dos anos o mito da necessidade crônica

no Nordeste, confrontando-o com a visão possibilista da geografia; apresenta

a agaveicultura como alternativa para a geração de renda em plena aridez do

sertão nordestino; discute os principais problemas da agaveicultura em âmbito

geral; faz um levantamento da classificação e características biológicas do

sisal, bem como descreve os procedimentos de cultivo; faz um levantamento

da bibliografia produzida sobre o cultivo e a importância do sisal, a revisão

Page 7: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

bibliográfica , caracteriza a área de estudo e, por fim, apresenta os dados

citados mediante pesquisa de campo, analisa-os e elabora conclusões.

1.0- O SISAL COMO ALTERNATIVA DE DESENVOLVIMENTO

SUSTENTÁVEL PARA O SEMI-ÁRIDO NORDESTINO

1.1- O NORDESTE E O MITO DA NECESSIDADE

O desenvolvimento econômico brasileiro verificado depois da Segunda

Guerra Mundial deu-se alheio à resolução de problemas estruturais que até

hoje pesam na busca de um desenvolvimento socioeconômico sustentável.

Como exemplo desses problemas tem-se que os investimentos na área

econômica e social concentram-se na região Centro-Sul aprofundando os

desequilíbrios regionais no Brasil. Desta forma o Nordeste se transformou

numa área de repulsão da população, que em meio às “estiagens” de

investimentos públicos migrou para o Centro-Sul em busca de empregos no

setor secundário da economia dos grandes centros urbanos.

Em 1996 o Nordeste detinha os piores Índices de

Desenvolvimento Humano (IDH) do país; a menor expectativa de vida, média

de 64,2 anos; uma taxa de analfabetismo de 30%, correspondente ao dobro da

média brasileira e a menor renda per capita, média de 3 095 dólares.

Acumulando assim um IDH médio de 0,603, inferior as demais regiões

brasileiras. Segundo ADAS (1998), do total da população desnutrida do país,

entre 50 e 55% estão no Nordeste e de cada 100 crianças, 68 não se

desenvolvem satisfatoriamente. ANDRADE (1999), classifica o IDH brasileiro

em três séries. Aqueles com IDH superior ao do país, 0,809, seguidos dos que

formam os estados com IDH médio, entre 0,786 e 0,615 e terceiro, o grupo dos

estados pobres com IDH inferior a 0,615, dentre os quais encontram a maioria

dos estados nordestinos.

Page 8: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

Sabemos que ao lado da sustentabilidade econômica tão arduamente

perseguida pelo governo brasileiro, é imprescindível haver sustentabilidade social.

““..., isto é, o estabelecimento de um processo de desenvolvimento que

conduza a um padrão estável de crescimento, no qual se possa obter uma distribuição

de renda e dos ativos, assegurando uma melhoria dos direitos das grandes massas da

população e com uma redução das atuais diferenças entre os níveis de vida daqueles

que não tem” (EDUCAÇÃO Ambiental: curso básico a distância: questões ambientais;

conceitos, historia, problemas e alternativas. MMA, 2001)

E, como se já não fosse bastante, aliado a esse gravíssimo déficit social,

o Nordeste tem sido vítima de uma avalancha de discursos alienantes,

provindos da classe média-alta, principalmente de elite política daquela região,

tentando vincular a deplorável qualidade de vida exclusivamente a escassez de

chuva na região.

Fosse para explicar ou responder com meias palavras a essas

justificativas simplistas e estereotipadas, dir-se-ia: “o que falta chover de água

na região Nordeste, chove de investimento público e iniciativas locais no

Centro-Sul”.

Entretanto esse assunto merece uma análise mais aprofundada.

Apontar as estiagens prolongadas como fator responsável pela pobreza

da população nordestina, é estabelecer-se sob uma perspectiva determinista,

considerada ultrapassada pela geografia moderna.

A primeira grande estiagem no Nordeste foi registrada em 1559

(ANDRIGHETTI, 1998). Nessa época o máximo que se conseguia fazer era

registrar o fenômeno. Hoje, porém, graças aos avanços dos recursos

tecnológicos têm-se instrumentos capazes de prever a data de ocorrência da

estiagem e o período de duração com uma precisão satisfatória. O que tem

faltado é uma ação efetiva do poder público local, que parece se satisfazer com

a justificativa simplista de que não é culpado pelas “intempéries” que incorrem

contra a população nordestina.

Page 9: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

No Nordeste chove mais que em outros lugares críticos do mundo onde

o governo e a população já encontram alternativas para elevar o seu padrão de

qualidade de vida. Pode-se citar o exemplo do Peru, país pequeno, mas com

um total de hectares irrigados maior não só que o do Nordeste, mas também

superior a total de terras brasileiras irrigadas.

Outro exemplo é Israel que transformou o deserto do Negev em uma

área de agricultura moderna de produção de alimentos em, cerca de apenas,

meio século. O Nordeste brasileiro tem mais de cinco séculos de existência e

não possui ainda uma área equivalente ao tamanho do Negev com tecnologia

agrícola e organização da produção comprováveis.

A sub-região do Nordeste que sofre com as secas é o Sertão nordestino,

mais precisamente o Polígono da Secas, áreas onde a precipitação anual é

inferior a 750 mm/ano. A Zona da Mata, sub-região litorânea e oriental, é

chuvosa e o nível de pobreza da maioria da população é compatível ao

encontrado no sertão.

O lençol de águas subterrâneas do Nordeste é rico e capaz de fornecer

“cerca de 9 bilhões de metros cúbicos de água de água/ano” (ANDRIGHETTI,

1998). Todavia esses recursos hídricos não são devidamente utilizados, ou

melhor, não estão acessíveis à população de baixa renda através de projetos

de irrigação.

O município de Várzea Nova na região Piemonte da Chapada

Diamantina, sertão baiano, com precipitação média anual de 550 mm, possui

uma vazão em águas subterrâneas de 389.375 l/hora já instalados, mas

nenhum micro projeto de produção agrícola irrigada.

Em 1992 e 1993, segundo ANDRIGETTI (1998), enquanto milhões

de nordestinos ainda colhiam os frutos de mais uma seca prolongada, o

Nordeste exportava milhões de toneladas de uvas e 15 mil de mangas para os

Estados Unidos e Europa, faturando cerca de U$ 30 milhões.

Page 10: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

Assim vê-se que a seca não é o principal entrave para o

desenvolvimento humano do Nordeste. Água existe no Nordeste, basta saber:

quem está se apropriando deste valioso recurso? A quem ela beneficia? Pelos

dados aqui apresentados pode-se concluir que a grande maioria da população

nordestina não é favorecida.

“Aqueles que costumam dizer que a seca é causa da miséria e da pobreza de

grande parte da população nordestina estão cobrindo as causas reais do problema. As

causas da miséria e da pobreza não são naturais, são fundamentos sociais e políticas”

(ADAS, 1998)

De fato, as causas da pobreza no Nordeste são

fundamentalmente sócio políticas. Já se fala em “indústria da seca” no

Nordeste. Para alguns poucos a seca produz bons resultados seja ele político

fazendo alianças e pedindo apadrinhamento da esfera federal de governo; seja

ele empresário beneficiando-se de recursos federais para ali destinados.

Ambos levantam o quadro de um Nordeste castigado pelas estiagens,

agonizante e solícito. O que CASTRO (1991) chama de reforçar o imaginário

da pobreza:

“Politicamente, trata-se, portanto, de reforçar o imaginário da pobreza,

sustentado numa realidade de penúria, para estabelecer a ficção da ajuda como única

solução. O cenário de miséria tem sido historicamente um marketing eficiente para as

alianças da elite política regional, que é também, na maioria dos casos, a elite

econômica. A imagem da necessidade e do abandono tem um endereço certo e um

retorno garantido de dividendos políticos e econômicos.”

O socorro do governo federal às áreas atingidas pelas secas resume-se:

envio de verbas públicas (grandes somas de dinheiro); envio de cestas básicas

para a população carente e perdão total ou parcial de dívidas públicas

contraídas através de empréstimos para a agricultura.

O dinheiro enviado pelo governo federal dificilmente chega ao seu

destino e quando chega é para pagamento de frentes de trabalho à população

carente. Entretanto essas frentes de trabalho se destinam a abertura de

estradas e construção de açudes, obras essas não poucas vezes feitas nas

Page 11: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

propriedades dos grandes latifundiários, empresários e coronéis da região, vale

salientar que muitas vezes paga-se aos trabalhadores menos que o salário

mínimo.

As cestas básicas geralmente são distribuídas por políticos locais,

vereadores, prefeitos e deputados, os quais favorecem a amigos e familiares,

ao tempo que se aproveitam para se promoverem politicamente. Através do

populismo e com recursos ilícitos eles são vistos como os prestadores de

“favor” aos pobres. Os “homens bons” da contemporaneidade. Assim ganham

as eleições em todas as esferas de governo e quando chegam a Brasília

tomam as tribunas com discursos de “algodão-doce” – agradáveis, mas pouco

ou nada reais.

A população de baixa renda não possui dívidas com o governo. Os

bancos brasileiros oficiais pouco emprestam dinheiro aos pobres, mesmo tendo

sido comprovado serem estes fiéis pagadores. Assim os beneficiados com a

anistia e dívidas públicas são os grandes empresários e latifundiários da

região. Esses grandes empresários e coronéis muitas vezes são os próprios

políticos.

As elites políticas da região Nordeste não podem continuar bancando os

“órfãos” do país sendo que essa é uma região rica com potencial muito grande

em riquezas naturais e humanas, para seu auto desenvolvimento.

A região Nordeste já foi do final do século XIX ao início do século XX a

mais desenvolvida do país sem necessitar amparo das outras regiões.

O Nordeste tem grandes possibilidades de crescimento e de equiparar

seu grau de desenvolvimento ao do Centro-Sul do país. Para tanto se faz

necessário ampliar o leque de alternativas socioeconômicas da região,

sobretudo no Sertão nordestino, e desconstruir o mito de que a seca é única

vilã responsável pelos baixos índices de desenvolvimento e que é preciso

curvar-se ante os pés do governo federal para que este, ‘piedosamente’, envie

socorro aos flagelados.

Page 12: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

E é sob esta perspectiva que este trabalho propõe um estudo do

agronegócio do sisal no município de Várzea Nova – Sertão da Bahia como

alternativa para melhoria da qualidade de vida de sua população rural, um

estudo da realidade socioeconômica dessa atividade. Buscando evidenciar

barreiras a elevação dos níveis de produção e do padrão da qualidade de

vida de seus trabalhadores, ao mesmo tempo, servir de base para futuros

projetos que visem à solução desses problemas.

1.2 A AGAVEICULTURA: SUA IMPORTÂNCIA E OBSTÁCULOS NO CONTEXTO SOCIOECONÔMICO DO SERTÃO NORDESTINO.

O cultivo do sisal (Agave Sisalana) na região Nordeste é considerado de

extrema importância para a agricultura e para a economia da região. O sisal é

uma das poucas culturas que se adaptou ao clima semi-árido do Sertão

Nordestino oferecendo resultados econômicos satisfatórios.

Assim a agaveicultura1 nordestina agrega importantes benefícios à

população de baixa renda, à população rural e a economia da região com um

todo. Vejamos:

a) É fonte de ocupação de mão-de-obra. O cultivo do sisal desde o plantio

até a colheita, o corte das folhas, e o beneficiamento da fibra emprega

um grande número de trabalhadores.

b) É fonte de renda para a população pobre, a grande maioria no sertão,

uma vez que não exige um capital inicial alto, podendo a atividade,

expandir-se facilmente;

c) É um fator muito importante para fixação do homem no campo. O sisal é

cultivado na grande maioria das vezes em inúmeras famílias do sertão;

d) É um dos principais produtos agrícolas de exportação do Nordeste

brasileiro gerando divisas e ajudando a equilibrar o câmbio;

e) A fibra do sisal é considerada uma das mais duras e resistentes fibras

vegetais e não-poluentes em seu processo de produção. Constitui-se,

portanto, numa alternativa ao uso, pelas indústrias, de fibras sintéticas

1 Agaveicultura – cultivo do sisal, cujo nome cientifico é agave, daí agaveicultura, ou

seja, cultura de agave, sisal.

Page 13: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

poluentes numa época em que a preocupação com o meio ambiente é

decisiva.

f) Não exige alta qualificação da mão-de-obra por isso absorve o máximo

possível de trabalhadores por campo de cultivo;

g) É fonte de ocupação no período da entressafra quando a mão-de-obra

empregada no cultivo de lavouras mais tradicionais (feijão, milho,

mamona, etc.) está ociosa por causa das estiagens.

h) Evita a desertificação do solo uma vez que o protege contra a formação

de ravinas e a lixiviação do mesmo em épocas de trovoadas. Os

resíduos do processo de desfibramento espalhados no solo, devolvem a

este os nutrientes retirados pelas plantas evitando o seu

empobrecimento.

No Brasil a EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias,

órgão do Ministério da Agricultura especializado em apresentar novos produtos

e alternativas ao desenvolvimento da agricultura ao país através de seu Centro

Nacional de Pesquisa e Algodão – CNPA (Campina Grande – PB) publicou em

1999 um trabalho sobre “O agronegócio do Sisal” dos autores Silva e Beltrão

(Vide Referências Bibliográficas).

Os autores destacam a posição do Brasil como maior produtor mundial

de sisal, com mais de 187.000 toneladas de fibra em 1996, tendo a região

Nordeste como maior produtora nacional e os estados da Bahia e Paraíba

como primeiro e segundo maior produtores nacionais respectivamente.

Apontam para a importância da produção sisaleira para as exportações

agrícolas brasileiras e para a geração de empregos, ocupando cerca de um

milhão de pessoas. Criticam o baixo grau de modernização e capitalização em

que é praticada a exploração da cultura e responsabilizam essa situação pelo

declínio da produção nos últimos anos.

Os trabalhos publicados pela Embrapa – Algodão além de analisar os

aspectos econômicos da produção de sisal no Brasil, ainda faz um estudo

agrotécnico da cultura de sisal, bem como a sua morfologia (sistema radicular,

tronco, folhas, escapo flora, flor, fruto e semente) e ecofisiologia (a relação do

sisal com os fatores climáticos e ambientais). Discutem a relação tipo de solo X

produtividade da planta. Descrevem todos os passos do cultivo, desde o plantio

Page 14: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

até o corte das folhas e desfibra. Discutem os processos de melhoramento

genético do sisal (polinização natural, polinização artificial, hibridação entre

outros); estuda as características físico-químicas da fibra do sisal; analisam o

aproveitamento dos resíduos do desfibramento na alimentação de animais,

principalmente bovinos, ovinos e caprinos, como adubo e como camas de

aviário. Por fim descrevem a aplicação do sisal na cordoalha2 (barbantes,

cordéis e cordas) na indústria de papel e de construção civil, adicionando a

argamassa ou o concreto, na indústria de tapetes e sacos, na indústria

automobilística, como reforço para as fibras plásticas, na indústria

farmacêutica, de cosméticos e no artesanato.

Entretanto, apesar de todos esses benefícios potenciais, a agaveicultura,

nas últimas duas décadas, vem enfrentando alguns problemas que fizeram a

produção e produtividade despencarem. E esses problemas constituem no

objeto de estudo proposto por este trabalho. Uma vez que impedem o

desenvolvimento da atividade econômica e a melhoria da qualidade de vida

da população envolvida.

De acordo com BELTRÃO (1999), os principais entraves ao cultivo do

sisal hoje são:

A baixa produtividade das áreas de cultivo devido à precária tecnologia

empregada desperdiçando mais de 90% da folha colhida;

Campos sujos, ou seja, submetidos à invasão de plantas estranhas

competindo com o sisal por iluminação e nutrientes do solo, diminuindo

drasticamente a produtividade.

Declínio do preço da fibra, devido à invasão da fibra sintética no mercado.

Um grande número de atravessadores na cadeia produtiva impedindo o

produtor de aumentar a sua rentabilidade e pagar melhor aos trabalhadores

Abandono dos campos de sisal pelos trabalhadores por causa da baixa

remuneração e completo desrespeito as leis trabalhistas.

A ausência de políticas que viessem fortalecer o produtor local com ofertas

de crédito e formação de cooperativas;

2 (2) Cordoalha – refere-se a toda gama de produtos de sisal, incluído fios, barbantes, cordéis para embalagens e todos os tipos de cordas utilizadas na agricultura,pecuária,indústria e comércio. (BELTRÃO, 1999).

Page 15: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

Ausência de centros de produção artesanal de artefatos de sisal como

tapetes, brinquedos, utilitários domésticos, etc. Para o desenvolvimento de um

ciclo local de produção auto-sustentável.

Sendo a agaveicultura uma ótima alternativa ou meio para o

desenvolvimento econômico e social do sertão Nordestino e para atenuação

dos problemas apresentados em 2.1, não lhe são atribuídos valor e cuidados

necessários.

Fora a instabilidade do mercado, os outros problemas aqui apresentados podem ser

solucionados com medidas do poder público local. A agaveicultura é uma atividade

desenvolvida, em sua maior parte, por pequenos produtores, não gera grandes somas

em imposto, mas gera emprego – o que não pode ser considerado insignificante.

Segundo BELTRÃO (1999), “negligenciá-la (a agaveicultura) é criar um problema

social, isto é, resultará na migração do homem do campo para a periferia das grandes

cidades, onde geralmente as precárias condições de vida derivam em marginalidade”

Assim, levantar a existência e a potencialidade de possíveis obstáculos ao

desenvolvimento da agaveicultura no âmbito local, é contribuir para a formação

de uma consciência da necessidade da elevação da capacidade de captação

de renda por parte do pequeno produtor rural. O que resultará também numa

elevação do padrão da qualidade de vida dessa população.

2.0- O SISAL

2.1- CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS.

O sisal é planta perene, herbácea, quase acaule, semi-xerófita, nativa de

regiões semi-áridas do hemisfério ocidental.

Page 16: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

O sisal cultivado no Brasil é a espécie Agave Sisalana Perrine, uma

monocotiledônea da família das Agavacae, de origem mexicana.

Caracteriza-se por possuir sistema radicular fibroso e fasciculado. O

caule da agave sisalana pode atingir 1,2m de altura e 0,2m de diâmetro e serve

de sustentação a cerca de 100 folhas, as quais medem entre 0,9 a 2,0 metros

de comprimento e de 10 a15cm de largura na sua parte média. As folhas

apresentam-se de cor verde escuro, superfície superior côncava e superfície

inferior convexa, possuindo um acúleo de 2 cm em sua extremidade. Chegam a

pesar entre 400 e 700 gramas, a depender do desenvolvimento da planta e da

espécie, estando arranjados no caule de forma espiral.

“O arranjo regular de suas folhas, aliado à posição altaneira do seu

escapo floral, confere-lhe aparência de invulgar beleza onde quer que seja

cultivada. A denominação Agave dada ao gênero é derivado apropriadamente,

de Agave que, em grego, significa admirável, magnífico” (SILVA &

BELTRÃO,1999) uma planta de Agave Sisalana produz entre 180 e 250 folhas

durante seu ciclo médio de 8 a 10 anos.

A propagação da planta se dá por rebentões ou por bulbilhos. Os

rebentos originam-se a partir das rizomas da planta-mãe, os quais situam-se na

base da

planta abaixo do nível do solo, e são plantados diretamente no local definitivo.

Os bulbilhos são brotos que se destacam da inflorescência, enraízam-se e

formam novas plantas. São cultivadas em viveiro antes de irem para o campo.

A Agave Sisalana Perrine é a espécie cultivada hoje no estado da Bahia

(maior produtor brasileiro), mas há também o híbrido n 11648 de origem

africana sendo cultivado nos estados da Paraíba e Rio Grande do Norte.

O híbrido chega a ser mais produtivo que o tradicional, porém exige condições melhores de solo e de manejo e é mais sustentável a moléstias.

Page 17: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

2.2- O CULTIVO DO SISAL

O sisal é cultivado no Brasil para produção de fibras duras,

consideradas como as mais resistentes fibras vegetais. Destina-se a fabricação

de cordas, cordéis, tapetes, capachos e produtos artesanais além de servir

como excelente matéria-prima para fabricação de celulose e papéis finos.

Cultiva-se as mudas de sisal em viveiros em covas de cerca de 20 cm

de profundidade por um período de aproximadamente, seis meses, depois

planta-se em local definitivo , se bulbilhos. Se através de rebentões não é

necessário o enviveiramento eliminando assim parte dos custos. A densidade

de plantas por hectares e o espaçamento mais comum encontrado é de 2m de

largura entre fileiras e 1m entre plantas da mesma fileira, com uma população

de 5 mil plantas por hectares. O espaçamento entre as fibras pode aumentar

dependendo do nível de mecanização da atividade para facilitar a locomoção

de máquinas de cultivo e transportes. E também, quando se utilizar o método

de consórcio com outras culturas (milho, feijão,palma ou capim-buffel) ou com

a criação de bovino.

O planto deve ser feito em terreno limpo e com capinas ou roço

freqüente.

,pois a sisalana é uma planta muito sensível à ocorrência de plantas invasoras

e de fácil reprodução as quais concorrem em água, luminosidade e nutrientes.

Por ser uma planta semi-xerófita, o sisal, adapta-se com facilidade às

condições de climas, secas prolongados e altas temperaturas e de solos

silicosos, soltos, profundos, com pH variando entre 5 e 8, da região Nordeste.

A primeira colheita, o primeiro corte de folhas dá-se aproximadamente

aos 36 meses após o plantio, deixando-se sempre um mínimo de 10 folhas por

planta. O corte repete-se, em média a cada seis meses.

Um trabalhador (cortador) pode cortar e enfeixar cerca de 2500 folhas

por dia as quais são transportadas até o pé da máquina, geralmente em

asininos através do método de cangalhas e cambitos. Procura-se sempre

desfibrar as folhas no mesmo dia em que são cortadas para evitar queda de

qualidade.

Page 18: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

A descorticação (separação da fibra da cortiça) é feita numa máquina

própria chamada máquina paraibana ou simplesmente “motor de sisal”.

Máquina rudimentar que põe em risco a segurança do trabalhador encarregado

de alimentar a máquina com folhas para serem descortiçadas, o puxador.

Após o desfibramento segue-se o processo de secagem em ar livre e

armazenamento da fibra.

Um hectare de sisal produz entre 700 e 1000 Kg de fibra seca/ano.

Antes de ser comercializada a fibra produzida passa ainda pelas máquinas das

batedeiras para a retirada de impurezas e seleção/classificação e

compactação. A classificação dá-se mediante observação do tamanho,

coloração, resistência, brilho,, pureza e teor de umidade. Possuindo quatro

graduações: tipo superior, tipo 1, 2 e 3.

Hoje, no Brasil, da folha do sisal, aproveita-se apenas a fibra, o que á

muito pouco, 4% (quatro por cento), segundo a Comissão Nacional do Sisal, o

resto é jogado fora. É comum vêem-se em meio aos campos de sisal

verdadeiras montanhas de resíduo sem nenhuma utilização.

Em países onde o processo de beneficiamento do sisal se modernizou,

já se utiliza o sisal com matéria-prima para a indústria farmacêutica, na

produção de tequila (México), na fabricação de detergentes, fertilizantes e até,

gás natural. (Figura 2.2.1)

FIGURA 2.2.1-

Cortador de sisal

em atividade.

Page 19: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

3.0 - ÁREA DE ESTUDO

O município de Várzea Nova situa-se na microrregião do Piemonte da

Chapada Diamantina, interior do Estado da Bahia, 390 quilômetros a noroeste

da capital, Salvador. Com uma área de 1165 Km² e altitude media de 760

metros. (Figura 4.1, 4.2)

Por está inserido no sertão baiano o clima de Várzea Nova é o semi-

árido, com médias térmicas superiores a 22°C e precipitação inferior a 600 mm.

A caatinga é a vegetação predominante em 100% de seu território.

O município é pobre em águas superficiais (rios, lagos e lagoas), mas

possui um grande potencial em águas subterrâneas, com a capacidade já

instalada em poços artesianos de 388.375 litros/hora. Entretanto suas águas

subterrâneas apresentam dureza e teor de cloreto de sódio altos, tornando-a

imprópria para o consumo humano. O que não significa impossibilidade de

utilização na agricultura para irrigação.

O município possui uma população de 14,154 habitantes, 61,3% deles

na zona urbana e densidade demográfica igual a 12,14 hab/km².

Segundo o IBGE (censo 2001) a renda média da população com 10

anos ou mais é de 170,15 reais para homens e 142,66 para mulheres. Mais de

2 000 pessoas não têm instrução ou possuem menos de 1 ano de estudo.

Apenas 77 domicílios são atendidos com serviço de rende de esgoto, 1916

com rede de água e 1923 com coleta de lixo. Conta com 4 estabelecimentos de

saúde totalizando 22 leitos. O número de matrículas entre o ensino

fundamental e médio em 2001 foi de 4731 matriculas. Entretanto a taxa de

alfabetização da população total é de apenas 70,7%.

Como a maioria dos municípios do sertão nordestino e baiano, Várzea

Nova depende de receitas da União para manter os serviços públicos

funcionando.

Page 20: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

FIGRUA 4.2 – MICROREGIÃO DO PIEMONTE DA CHAPADA DIAMANTINA

FIGURA 3.1 - MUNICÍPIO DE VÁRZEA NOVA

ESCALA1:600 000

Page 21: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

FIGURA 3.2 – MICRORREGIÃO DO PIEMONTE DA CHAPADA DIAMANTINA

4.0- O ESTADO DA PRODUÇÃO ATUAL DE SISAL NO MUNICÍPIO DE VÁRZEA NOVA: ENTRAVES E POSSIBILIDADES

Page 22: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

4.1- DIAGNÓSTICO

As informações aqui apresentadas dizem respeito resultado de pesquisa

com os agricultores, comerciantes e no site do IBGE. Traduzem os principais

problemas encontrados na cultura sisaleira no município pesquisado.

O município de Várzea Nova possui uma área plantada de sisal de 11 000

hectares e produziu em 2002, 7.700 toneladas de fibra seca. Sendo a sua

produtividade média de 0,7 toneladas por hectare. Calcula-se que a área

plantada hoje esteja 30% reduzida da área plantada de uma década atrás.

Quando perguntou-se por que a área plantada reduziu bastante nos

últimos anos, os agricultores e comerciantes, foram unânimes em apontar a

queda de preço da fibra como causa para o descrédito da cultura no município.

Todos os entrevistados salientaram, em seus discursos, a necessidade de

investimentos públicos para a cultura.

A totalidade do sisal produzido em Várzea Nova é exportada para

municípios como Conceição do Coité, Valente e Salvador. Onde há indústrias

de fios, barbantes, cordas, tapetes, artesanato e outros derivados ou para o

exterior, China e Portugal, por exemplo. Todavia em Várzea Nova, município

com uma produção anual aproximada de 8.000t, ainda não há iniciativas que

apontem para a criação de centro de industrialização da fibra do sisal. Segundo

os especialistas entrevistados, a produção local é capaz de fornecer matéria-

prima para um empreendimento desse tipo com folga.

A produtividade do sisal atinge seu maior peso na estação chuvosa, verão,

e cai em cerca de 40 a 50 por cento nos meses de estiagem. Sendo Várzea

Nova uma região de clima semi-árido com precipitação inferior aos 600mm,

pode ficar até 10 meses sem chover.

Page 23: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

Em anos de estiagens prolongadas, o sisal entra no processo de

atrofiamento. As plantas começam a murchar suas folhas, aspecto denominado

de queda-da-saia, ficando impraticável o desfibramento das mesmas. Assim a

produção pára e gera cerca de 1 500 desempregados só no campo (nas

atividades de corte, desfibramento e estalagem da fibra).(Figura 4.1)

A situação dos campos não é das melhores. Mais de 90% dos campos

pesquisados não seguem as normas agrotécnicas para o plantio e trato da

cultura. Em 100% dos campos pesquisados a densidade das plantas

ultrapassa o recomendado, 5.000 plantas/ha. Quase não há espaço entre as

plantas. Não se faz substituição das plantas velhas ou mortas. Os filhotes

(rebentões) não são eliminados e proliferam-se em número de 10 a 20 filhotes

ao pé da planta-mãe, sugando-lhes nutrientes e impedindo seu crescimento.

Além de dificultar a circulação dos trabalhadores e o transporte da produção.

(Tabela 4.1)

Figura 4.1- sisal murcho devido as estiagens e competição plantas invasoras.

Page 24: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

Não se faz a limpeza dos campos procurando eliminar as plantas

invasoras, as quais competem com o sisal em nutrientes, luminosidade e

espaço. O sisal na sombra de plantas invasoras, as quais crescem de 100 a

200% mais, não adquirem uma rigidez da folha ideal para a produção de uma

fibra de boa qualidade. Em muitos campos o trabalhador utiliza

aproximadamente 50% de seu tempo de trabalho roçando a caatinga para ter

acesso ao pé de sisal.

As plantas invasoras reduzem em muito a longevidade das plantas de

agave sisalana (o sisal). Em períodos longos de estiagens o sisal dos campos

sujos murcha primeiro. Quando o campo é bem tratado o sisal permanece

“verde” por não precisar competir com outras espécies mais adaptadas ao

clima e às condições de solo.

A Comissão Nacional do Sisal publicou um artigo, “Sisal: problemas e

soluções” onde apresenta os principais problemas da cultura sisaleira, tais

como: tecnologia rudimentar empregada na produção e campos mal tratados

fazendo com que a produtividade entre em declínio. E propõe a limpeza dos

campos, manutenção constante das máquinas de descorticação obsoletas e o

Tabela 4.1 -Situação dos campos de sisal pesquisados no município de Várzea Nova –

2004.

Situação Números estimados

Campos sujos (presença de plantas invasoras)

Utilização dos resíduos do desfibramento

Campos virgens (antes do primeiro corte)

Consorciado com outras culturas (Feijão, milho, capim, etc.)

Número médio de trabalhadores por campo

90%

< que 10%

*

*

10

* Percentual insignificante

Page 25: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

consórcio do sisal com a ovinocaprinocultura como solução para a baixa

rentabilidade do sisal. (Vide Referências Bibliográficas).

Nas regiões pesquisadas não foi detectada nenhuma área nova de

plantação de sisal. Mais de 90% dos campos de sisal no município de Várzea

Nova, são campos com a parir de 2 cortes e muitos deles com o total de

plantas em seu finall de ciclo.

Apenas 10% dos campos pesquisados utilizam os resíduos do

desfibramento, entretanto de forma rudimentar. O resíduo é deixado no local do

desfibramento e solta-se, na mesma área, um rebanho de ovinos ou caprinos

para se alimentarem do refugo do desfibramento. Não se faz nenhuma seleção

do material ou outro tipo de tratamento. Quando perguntados sobre os perigos

do resíduo ainda fresco para a saúde dos animais, os agricultores

responderam: “eles mesmos fazem sua própria seleção, o que é bom, comem,

o que é ruim deixam.”

A tecnologia empregada na cultura é muito atrasada. O desfibramento é

feito mediante o processo de raspagem das folhas. Esse processo é feito por

uma maquina denominada Paraibana, um dos únicos equipamentos

disponíveis no mercado a custos acessíveis e de fácil manutenção. Entretanto

por sua falta de segurança acaba expondo o trabalhador a riscos de acidentes.

É considerável o número de trabalhadores com mãos e braços mutilados no

manejo da Paraibana na região. (Figura 4.2)

Figura 4.2 – Máquina paraibana em operação de desfibramento no

campo de sisal.

Page 26: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

Há iniciativas dos órgãos de apoio tecnológico à cultura do sisal no sentido

desenvolver uma máquina mais segura, mas esses projetos ainda estão em

fase de testes. (ANEXO D)

Em nenhum dos campos pesquisados o sisal é cultivado em consorcio

com outras culturas. Essa realidade faz cair a rentabilidade da cultura e deixa

de atrair novos trabalhadores. É comum ouvir da classe trabalhadora do

município que em situação de desemprego, a atividade sisaleira será sempre a

ultima porta a ser batida. Por ser uma atividade pouco rentável para o

trabalhador primário (os que trabalham na colheita), a agaveicultura é vista com

preconceito entre a população local. Geralmente quando se quer dizer que uma

pessoa vai ficar desempregada, diz-se que esse alguém “vai para o motor”, ou

seja, vai cortar sisal. Trabalhar na atividade sisaleira é considerado um

emprego humilhante.

Em 1996 o Programa Internacional para eliminação do Trabalho Infantil

– IPEC da OIT - Organização Internacional do Trabalho no Brasil, publicou um

documento com o tema “Combate ao Trabalho Infantil” onde denuncia a

presença de crianças envolvidas nos trabalhos da cultura do sisal nos estados

da Bahia , Ceará e Paraíba. Essas crianças participam das tarefas de corte de

sisal, carregamento para a batedeira e uso de máquinas de desfibramento

sendo submetidas a ruído excessivo junto às máquinas, jornadas longas de

trabalho, risco de mutilação e alta concentração de poeira. (Vide Referências

Bibliográficas).

O município de Várzea Nova, Bahia, área de estudo desta monografia,

possui 1 500 crianças inscritas no PETI – Programa de Erradicação do

Trabalho Infantil, grande maioria desenvolvia tarefas nos campos de sisal no

turno oposto ao das aulas para complementação da renda familiar. Renda que

geralmente fica abaixo de um salário mínimo/mês.

Page 27: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

As relações de trabalho e produção são extremamente frágeis,

desorganizadas e dão lugar a exploração do trabalhador primário por parte dos

proprietários dos meios de produção que, na atividade sisaleira, são a maquina

desfibradora, o campo de sisal, o transporte e a maquina da batedeira, onde se

faz o beneficiamento da fibra. Essa desorganização faz com que a maior parte

dos rendimentos da atividade seja sugada para o setor terciário da cadeia de

produção e quem de fato produz a fibra, os agricultores (ou agaveicultores)

ficam com um percentual inferior. (Tabela 4.2)

(Tabela 4.2) ATIVIDADE SISALEIRA NO MUNICÍPIO DE VÁRZEA NOVA PARTICIPAÇÃO

NOS RENDIMENTOS (em 1000 kg de fibra seca produzidos)

PARTE VALOR LÍQUIDO EM R$ PERCENTUAL

TRABALHADOR PRIMÁRIO - COLHEITADOR 240.; 20

DONO DO CAMPO 180 15

DONO DA MÁQUINA DE DESFIBRAMENTO 540 45

DONO DA BATEDEIRA 240 20

TOTAL 1200 100

Como se vê, a produção esta dividida entre quatro partes: o trabalhador-

colheitador, o dono do campo, o dono da maquina desfibradora e o proprietário

da batedeira.

O proprietário do campo de sisal faz um contrato de participação e as 15%

da produção de fibras. As despesas do proprietário do campo comparadas ao

lucro são quase nulas. Uma vez que este apenas planta o sisal em sua terra e

espera cerca de um ano e meio para começar a receber os mais de 1/6 da

produção. A grande maioria não faz a manutenção (limpeza) dos campos,

ficando os 15% livres de qualquer ônus.

O dono da maquina de desfibramento participa em cerca de 45% do

rendimento. Deste percentual são subtraídas despesas com combustível e

manutenção da maquina. Em alguns campos (25% dos pesquisados) o dono

da maquina distribui uma parte de sua renda obtida, geralmente a metade, para

um terceiro administrador, que só vai ao campo uma vez por semana receber a

produção e deduzir as despesas.

Page 28: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

O proprietário da batedeira fica com 20% dos rendimentos. Deste

montante ele subtrai despesas com funcionários, energia para as maquinas de

beneficiamento e prensa e com transporte para a fabrica de fios (exportação).

Um percentual aparentemente pequeno, vinte por cento, mas quando

relacionado à soma total de toneladas de fibra que uma batedeira comercializa

por mês ou por ano, o valor absoluto multiplica-se.

No município de Várzea Nova há três batedeiras.Em 2002 elas foram

responsáveis por beneficiar 7.700 toneladas de fibras de sisal, lucrando em

media 1,5 milhão de reais. Com cerca de 20 funcionários, cada, e mais de 90%

deles não registrados e ganhando entre um e meio salário mínimo. Desta forma

os empresários das batedeiras superfaturam sobre a atividade sisaleira no

município.

Os trabalhadores primários detêm 20% da produção para ser dividido

entre o cortador, o

desfibrador, o resídeiro

e o estendedor de

fibras. Para estes, os

reais produtores, o

menor percentual em

lucro. Por mais que se

esforcem, não

conseguem alcançar o

ganho de um salário

mínimo/mês. Assim o padrão de qualidade de vida é precário, pois esses

trabalhadores mal conseguem comprar alimentação. (FIGURA 4.3)

Page 29: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

A maioria dos trabalhadores entrevistada nos campos, não possui casa

própria. A maioria não completou o ensino fundamental e a taxa de

analfabetismo chega a os 30%. (Figura 4.4)

Muitos trabalhadores tomam empréstimos aos empresários das

batedeiras e passam a dever o fornecimento de uma certa quantidade de fibras

a mais por semana. Como não conseguem dobrar a sua produção, passam

anos devendo e obrigados a manter o fornecimento de fibras àquela batedeira.

Em 25% dos campos pesquisados, por estarem localizados longe da

cidade e de povoados, vê-se famílias inteiras morando em barracos de lona

sem a mínima condição de higiene ou segurança, bebem água não tratada,

provinda de tanques abertos nos próprio solo sujeitos a toda espécie de

contaminação.

Nos campos, trabalha-se sem nenhum tipo de seguro social ou contrato

de estabilidade. Muitos dos trabalhadores ao sofrerem acidentes, não sabem a

quem recorrer para serem indenizados. Para a Previdência Social eles não

existem e para os proprietários dos campos e das batedeiras, eles são

trabalhadores autônomos e, portanto, não lhes pesa nenhuma obrigação de

responder pela saúde e segurança desses trabalhadores.

4.2- ANALISE DO DIAGNÓSTICO

Page 30: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

Como se pode comprovar através dos números e da realidade

apresentados em 4.1, a agaveicultura no município de Várzea Nova teve sua

produtividade e área plantada drasticamente reduzidas.

Dentre os motivos que contribuíram para o declínio da produção e

produtividade estão: preço pouco atrativo, a situação de maus tratos por que

passam os campos de sisal do município, ausência de técnicas que visam

elevar a rentabilidade do cultivo, como consórcio com outras culturas ou com a

pecuária, uma relação de exploração dos setores da ponta da cadeia de

produção (os proprietários de batedeiras e comerciantes de fibra) sobre os

trabalhadores primários, a precária tecnologia empregada impedindo a

produção de uma fibra de melhor qualidade e melhor preço e a não-utilização

dos resíduos do desfibramento, que pode ser considerado uma fonte de renda

cujo destino é o desperdício.

Do ponto de vista humano tem-se duas realidades distintas. A dos

trabalhadores dos campos cujo padrão de qualidade de vida beira a miséria e a

dos atravessadores que, sugando boa parte dos rendimentos da produção

conseguem uma lucratividade astronômica, comparando-se com o que ganham

os demais trabalhadores.

Tanto é que a população economicamente ativa do município

desinteressou-se por trabalhar nos campos de sisal ao tempo em que os

proprietários de batedeiras passaram a comprar máquinas desfibradoras e

entregá-las aos produtores como empréstimo para pagarem de acordo com a

produção, com o intuito de manter a atividade que lhes dá muitos lucros.

A baixa rentabilidade da cultura afugentou os investimentos nos campos

de sisal. Assim esses encontram-se em péssimo estado de conservação. Com

um número muito grande de rebentões (filhotes) de sisal crescendo

desordenadamente, campos invadidos por uma grande quantidade de arbustos

dificultando o corte das folhas e implicando no declínio da produtividade. Sem

mencionar a ausência de novas plantações.

Page 31: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

E não somente afugentou os investimentos, como também os

trabalhadores os quais, ganhando pouco e sem nenhuma garantia de direitos

trabalhistas, migra, durante o período chuvoso, para o cultivo de culturas

temporárias como feijão, milho, mamona e outros cuja rentabilidade pode

chegar a 80% a mais que o sisal.

A desorganização do sistema de produção de sisal em Várzea Nova

isola seus agentes de produção contribui para o declínio da atividade e

desperdiça uma grande oportunidade de geração de renda permanente e

satisfatória a centenas de trabalhadores e ao município.

A produção total de fibras é exportada em estado intermediário de

beneficiamento, havendo assim uma evasão de ganho potencial para o

municípios detentores de centro de industrialização do produto.

A distância entre o produtor e o produto final é muito grande,

desnecessária e condiciona uma perda de receita de mais de 50%, constituído-

se no principal problema da cultura no município por favorecer uma alta

concentração de renda.

Aproximar o produto final, com todo seu valor agregado do produtor

primário exige a eliminação de alguns canais de decantação de receitas, os

atravessadores e comerciantes, e, ao mesmo tempo responsabilizar o produtor

por um número superior de atividades, exigindo assim um certo grau de

especialização e organização. Todo esse desdobramento será compensado

por uma elevação do lucro no próprio campo.

O Plano de Desenvolvimento Municipal do PRODER- Programa de

Emprego e Renda desenvolvido pelo SEBRAE (Serviço de Apoio às Micro e

Pequenas Empresas do Estado da Bahia) do município de Várzea Nova, traz

em suas operações estratégicas na Agropecuária a proposta de uma avaliação

técnica e mercadológica visando o incentivo ao plantio do sisal. (Vide

Referências Bibliográficas).

Page 32: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

Há experiências de ‘enxugamento’ da cadeia de produção da atividade

sisaleira em municípios com Conceição do Coité e Valente na Bahia. A maneira

encontrada por esses municípios para fazer com que a renda do sisal fosse

justamente distribuída entre os trabalhadores, foi através de associações

comunitárias e cooperativas. Desta forma eles desconcentraram a renda da

atividade, possibilitaram melhores condições de trabalho, os campos passaram

a ser devidamente tratados e elevou-se o padrão da qualidade de vida da

população sisaleira. Nesses municípios os trabalhadores são conscientes de

que o mínimo esforço para aumentar a produtividade da cultura resultará em

aumento da receita e lucro.

Associação dos Pequenos Agricultores do Município de Valente –

APAEB divulga anualmente, um relatório de suas atividades e resultados

alcançados. No relatório de 2002 dá-se ênfase ao recorde no preço de sisal

naquele ano, chegando a 270 dólares por tonelada, melhor preço desde 1978.

E destaca como causas dessa alta no preço do sisal a entrada da China no

mercado comprando a fibra beneficiada e a diminuição na oferta do produto

devida a seca no sertão baiano. Além de dar ênfase ao aumento do número de

empregos criados. (Vide Referências Bibliográficas).

Em Várzea Nova devido à ausência de associações e cooperativas

ligadas ao cultivo do sisal, um possível aumento de produtividade ou da

produção requererá um número maior de trabalhadores, mais não um aumento

de ganho por trabalhador. A receita que deveria ficar com o produtor primário

vai para os comerciantes da produção nas batedeiras, os quais, muitas vezes

controlam o preço de compra da fibra no mercado local para manterem seus

lucros em patamares altos.

Sendo plurais os atravessadores da cadeia de produção, uma

cooperativa de produtores de fibra de sisal no município de Várzea Nova

poderia ser organizada diminuindo-se um atravessador ou todos eles.

Por exemplo: socializando-se a propriedade da máquina de

descorticação e distribuindo a renda igualmente entre os trabalhadores os

ganhos relativos triplicariam. Devendo-se deduzir dessas receitas despesas

como combustível, transporte e manutenção da máquina. Socializando-se tanto

Page 33: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

a máquina desfibradora quanto a batedeira, os salários dos trabalhadores não

seriam inferiores aos pagos por outras atividades econômicas no município

como o comércio, por exemplo.

É importante salientar que a socialização dos meios de produção tanto

pode ser feita via financiamentos públicos mediante a participação dos fundos

de desenvolvimento agrícola e apoio as micro-empresas ou via financiamento

privado mediante investimento dos próprios trabalhadores associados em

cooperativas.

Por tanto os problemas cruciais da cultura sisaleira no município de

Várzea Nova não são as estiagens ou os maus tratos dos campos, mas em

primeiro lugar a concentração dos dividendos da produção. Um problema

estrutural cuja solução resultará na atenuação de todos os outros entraves à

produção local.

CONCLUSÕES

Não obstante os discursos que apresentam o Nordeste como uma região

órfã, necessitada de recursos federais e sem perspectiva de

autodesenvolvimento. Prova-se, através desse trabalho a existência de um

amplo leque de possibilidades e alternativas capazes de promover

efetivamente o desenvolvimento sustentável da região nordeste, mais

precisamente do sertão nordestino. Isso mediante estudo da agaveicultura,

apenas uma dentre muitas outras culturas permanentes dessa região.

O município de Várzea Nova que tradicionalmente transfere a

responsabilidade pelos seus baixos índices de desenvolvimento humano e

econômico dos agentes sociais para os agentes naturais, ignora sua própria

capacidade de desenvolvimento. Conclusão esta baseada no estudo de

Page 34: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

apenas uma das atividades agrícolas da região, o cultivo do sisal, com

elevadas possibilidades de autodesenvolvimento, geração e renda, emprego,

aumento do índice de industrialização e modernização da agricultura local e

melhoria do padrão de qualidade de vida da população, entretanto renegada ao

descaso e a superexploração por um pequeno número de beneficiados.

A produção do sisal no município de Várzea Nova está em declínio, fato

provado pela inexistência de novas plantações da cultura. Essa situação tem

como principal vertente à baixa rentabilidade do setor, essencialmente para os

trabalhadores primários responsáveis pela expansão do plantio e cultivo.

Esse quadro da atividade sisaleira varzeanovense alerta para a

necessidade de um replanejamento objetivando-se reestruturar a cadeia

produtiva e fazer com que parte dos lucros gerados seja investido no

aperfeiçoamento do ciclo produtivo. Evitando assim o atrofiamento desse

último.

Segundo a maioria dos trabalhadores entrevistados, essa reestruturação

da cadeia produtiva, inclusive a instalação de centros de industrialização do

produto, depende, em parte, do poder público local. Essa opinião é coerente

com a realidade, uma vez que, desinteresse, por parte do poder público local

em insistir na atividade, pode ser explicado pela estreita relação entre este e

um pequeno grupo que controla e superfatura sobre a atividade sisaleira.

Sugere-se a criação de cooperativas de produtores de fibras de sisal

com intuito de fortalecer o trabalhador aumentando-lhe a renda, dando-lhe

condição de tratar adequadamente dos campos, elevando a qualidade de vida

(alimentação, saúde, moradia e educação), introduzindo na microeconomia do

município através da elevação do poder aquisitivo dos trabalhadores. Além de,

mediante registro e contribuições no sistema previdenciário oficial, garantir a

aposentadoria e seguro contra acidentes.

Futuros trabalhos de pesquisa sobre a agricultura no município de

Várzea Nova poderão focalizar números exatos de custo e benefício para a

Page 35: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

implantação de cooperativas de produção de fibras e instalação de unidades de

industrialização de fibra produzida.

A agaveicultura, como outras atividades econômicas, agrega benefícios

a nível nacional e local. Ajuda a alavancar desenvolvimento sustentável tão

comentado e necessário atualmente. Portanto destinar parte do orçamento

público para este setor só pode ser traduzido como tentativa de

desenvolvimento com investimentos ambiental, política, social e

economicamente corretos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS

ADAS, Melhem. A fome. Crise ou escândalo? São Paulo: Moderna; 1998.

ANDRADE, Manoel Correa de. A Federação Brasileira: uma análise geopolítica e geo-social. São Paulo. Contexto, 1999.

ANDRIGHETI, Yná. Nordeste: Mito e realidade. São Paulo: Moderna, 1998. pp 7-10, 163.

APAEB. Relatório anual de 2002. Valente, 2003. pp 9-16.

ASSOCIAÇÃO DOS PEQUENOS PRODUTORES DO MUNICÍPIO DE VALENTE, BAHIA – PAEB. Relatório Anual . 2002

BAHIA, Censo Cultural [on line] Salvador, 2004. Disponível em> www. Várzea Nova%nova%20-%20-%20estatísitca. htm.[acesso em 6/9/04]

BAHIA, Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia – SEJ/GERENCIAS DE RECURUSOS NATURAIS – GERN. Arquivo Limite

Intermunicipais, Salvador, 2003.

BRANCO, S. M. Caatinga: a paisagem e o homem sertanejo. São Paulo. Moderna, 1998.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Educação Ambiental. Curso Básico á Distância. (Documentos e Legislação Ambiental) 2 ed. Brasília, 2001.

_______________________________Educação Ambiental. Curso Básico á Distância. (Questões Ambientais: conceitos, história, problemas e alternativas). Brasília, 2001.

Page 36: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

CASTRO, S. E. O Mito da Necessidade: discurso e prática do Regionalismo Nordestino. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1992.

CSTRO, Iná Elias de.Imaginário e Realidade Econômica, o “Marketing” da seca Nordestina.Nova Economia, Belo Horizonte, v.2, n.2, nov. 1991.

DIAS, Genebaldo Freire. Educação ambiental: princípios e práticas. 4 ed. São Paulo, Gaia. 1992.___________________. Atividades Interdisciplinares de Educação Ambiental. Manual do Professor. São Paulo, Gaia. 1994.

EMPRESA BAIANA DE DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA. Sistema de Produção de Sisal. Comunicado Técnico nº12.1995.

FERREIRA, Jacson Almeida. Cultura – Sisal [on line]. Conceição de Coité: Portal Coité. Maço de 2004. disponível em <http:/www. sisal%20 em %

20Conceicaos % 20 do coité. Arquivos\sisal pesquisas. htm [acesso em 31/03/04]

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Cidades [on line] Rio de Janeiro: 9 nov 2004.Disponível em <ttp:/www.csv.php?.tabela=universo&banco=cidadesat&codmun=2933/5&nomemun=v%Elrzea%20nova.html> [acesso em 10 nov 2004]

MÁQUINA elimina mutilações. Folha do Sisal. Valente, maio de 2002. p. 4.

NETO, João Cabral de Melo. Morte e Vida Severina. In: obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1999. p. 172.

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO – OIT. Combate ao trabalho Infantil. Programa Internacional para Eliminação do Trabalho

Infantil – IPEC. 1999

PNUD/IPEA/FJP/IBGE. Desenvolvimento Humano e condições de Vida. Indicadores Brasileiros. Brasília, 1998.

PORTELA, F., ANDRADE, J. C. Secas no Nordeste. São Paulo. Ática, 1998.

RAMOS, Graciliano.Vidas secas. 71 ed. Rio de Janeiro: Record, 1996. pp 125-6.

SEBRAE/PRODER. Plano de Desenvolvimento Municipal. Número 53. Salvador,1999.

SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DO ESTADO DA BAHIA. Plano de Desenvolvimento Municipal nº 53.- Salvador, 1999.

SILVA, Odilon Reny Ribeiro Ferreira da. BELTRAO, Esberard de Macedo. O Agronegócio do sisal no Brasil. Campina Grande, Embrapa – CNPA, 199.

Page 37: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

UNICEF/MOC/DIACONIA/ANA/GOVERNO FEDERAL. Semi-árido, aprendendo a conviver.Feira de Santana, 2002.

VÁRZEA NOVA, Prefeitura Municipal. Secretaria de Obras e Agricultura. Poços Artesianos Funcionando no município de Várzea Nova Ba. Várzea

Nova, 2004.

Page 38: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

QUESTIONÁRIO SÓCIO ECONÔMICO APLICÁVEL AOS TRABALHADORES DOS CAMPOS DE SISAL.

LOCALIDADE:................................................................................................................

1- Quantas pessoas trabalham no campo?

M F TOTAL 2- Trabalham em média quantas horas por dia?_____________________________________________________________3- Qual do rendimento médio mensal por pessoas que trabalham na

colheita do sisal?a) < que ½ salário mínimo;b) ½ salário mínimo;c) > que meio salário mínimo;d) 1 salário mínimo;e) entre 1 e 2 salários mínimos;f) superior a dois salários mínimos.

4- Trabalham quantos jovens em idade inferior aos quatorze anos?_____________________________________________________________5- Quantos estudam?_____________________________________________________________6- Quantos acima de 5 anos não são alfabetizados?_____________________________________________________________7- Qual nível médio de escolaridade dos trabalhadores?

a- não alfabetizado ..................................................................b- ensino fundamental incompleto ........................................c- ensino fundamental completo.............................................d- ensino médio incompleto ...................................................e- ensino médio completo ......................................................

8- Quantos possuem casa própria?_________________________________________________________________9- Os trabalhadores já tiveram algum treinamento para desempenharem

suas funções?

sim não10-Os trabalhadores usam algum instrumento de segurança contra

acidentes no trabalho? sim, sempre; raramente; não, nunca;11-Quem faz a colheita do sisal? o dono do campo; um arrendatário.

Page 39: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

12-Se quem faz a colheita é um arrendatário, qual o preço do campo comprado?

_____________________________________________________________13-O sisal colhido,

a) é beneficiado pela própria comunidade que o colheu;b) é vendido a atravessadores, donos de batedeiras;c) é vendido às fábricas e artesãos;d) é exportado

14-Qual o preço da fibra de sisal seco?_________________________________________________________________15-Qual o sistema de remuneração dos trabalhadores que fazem a colheita

do sisal?a) ordenado semanal e fixo;b) ordenado mensal e fixo;c) pagamento semanal por produção;d) pagamento mensal por produção.

16-Quanto é pago aos trabalhadores de acordo com a sua função?

a) Cortador ...........................................................................................

b) O puxador (descorticador) .................................................................

c) O resideiro (auxiliar do descorticador) ..............................................

17-Para produzir um quilo de fibra seca precisa-se de quantos quilos de fibra úmida?

_____________________________________________________________18-Aproveita-se o resíduo da decorticação? sim não19-Se sim, como?_____________________________________________________________20-O campo de sisal é bem tratado, é “limpo” de arbustos, faz-se

substituição das plantas que morrem? sim não21-Os trabalhadores moram próximo ao campo ou se deslocam de outras

localidades, da zona urbana, por exemplo?_____________________________________________________________22-A quem pertence a máquina de decorticação?_____________________________________________________________

23-Produz quantos quilos de fibra seca/semana?_________________________________________________________________24-O sisal é cultivado só ou consorciado com outras culturas?

__________________________________________________________

Page 40: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

QUESTIONARIO DESTINADO AOS PROPRIETÁRIOS DE BATEDEIRAS NO MUNICIPIO DE VÁRZEA NOVA – BA:

QUESTÕES:

1- Qual preço do sisal comprado por esta batedeira?

2- O que é feito com a fibra nesta batedeira?

3- Quantos quilos de fibra seca entram nessa batedeira semanalmente?

4- Em que época do ano a produção de sisal é maior em nosso município?

A que se deve esse fato?

5- A batedeira trabalha com cerca de quantos funcionários?

6- Qual é a média salarial desses funcionários?

7- Os trabalhadores são registrados?

8- Para onde é vendido o sisal produzido pela batedeira? A que preço?

_____________________________________________________________

9- Há algum de contribuição social pago por esta batedeira?

_____________________________________________________________

10-Há quanto tempo compra fibra?

__________________________________________________________

11-Na sua opinião, por que Várzea Nova ainda não tem um centro de

beneficiamento de sisal?

Page 41: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

FOTOS

Ambiente interno e máquina da batedeira Situação de moradia precária dos

trabalhadores.

Page 42: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais

Estaleiro de fibras de sisal. Cortador de sisal em atividade.

Moradia de trabalhador do sisal

construída com os próprios caules da

planta.

Maquina de desfibramento, em

primeiro plano, e, ao fundo, ovinos

alimentando-se de resíduos do

desfibramento.

Page 43: A Produção de Sisal em Várzea Nova, Adailton Morais