a procuradora a e a empregada

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  • 8/3/2019 A procuradora a e a Empregada

    1/1

    EEIEilH

    RutlrdeAquinoe diretora dasucursalde PocAno Rio de [email protected]

    mar recebe R$ 700 por ms, trabalhaem casa de famlia, tem um filho de 6anos e casada com Aurlio Ferreira dosSantos, porteiro, de 28 anos. Aurlio mecontou como Lucimarvive desde 10 dejaneiro, quando foi atropelada na cala'da ao sair do trabalho: "Minha mulheranda na rua completamente assustadae traumatizada. Estou tentando ver umpsiclogo, porque ela no dorme direi-to, acorda toda hora com dor. dlficilat para ela comer, porque os dentesentraram, a boca afundou. Estamos

    mr de &qunroAproeLtradorae en'ipregadaRA UMA NOITE DE SEGUNDA-FEIRA. H UM

    ms, a procuradora do Tiabalho Ana Luiza Faberofechou um nibus, entrou na contramo numarua de Ipanema, no Rio de |aneiro, atropelou e imprensounuma rvore a empregadadomstica Lucimar AndradeRibeiro, de27 anos. No socorreu a tima, no soprouno bafmetro. Apesar da claraembriaguez, no foiindiciada nem multada. Riu para as cmeras. Ilesa,ela est em licena mdica. A empregada) com costelasquebradas e dentes afundados, voltou afazer faxina.

    Na hora do atropelamento, Ana Luiza tinha uma pagando tudo do nosso bolso, particular mesmo, por-garcafade vinho dentro da bolsa. Em vez de sair do que no hospital pblico tem muita fila".Zurro, urrleruuucada rez mais, imprensando Lucimar. Lucimar quebrou duas costelas, o joelho ficou bastanteUma testemunha precisou abrir o-carro para que Ana machucado, o rosto ficou "todo deformado e inchado",Luiza sasse, trpega, como mostro, o id.o d. ,r- segundo o marido. Ela tirou uma licena mdica de deznegrafista amadoi. dias, mas foi insciente. Recomeou a trabalhar h duasRiirdo,Ana Luiza disse, para justificar abarbeiragem: semanas, ainda com mtas dores."Tenho 0 g.u.r, de miopia, no enxergo nada'l E, sem O encontro entre a procuradora e a empregada noo, tentu tirar os dos do rostoe um rapaz. A uma fbula de nossa sociedade desigual. A histriadoutorafezcarasebocasnade- sumiu logo da imprensa' AslegaciadoLeblon.Fezginstica

    -enchentes dejaneiro na serra

    tambm, curvando..rg";; I fluminense flzetam submer-a coluna. Dali, saiu livr cam- A atfOpelada, tfaUmaZada, gir esse caso particular e es-baleante para sua casa, usando nem-pfOCUfOU adVOgadO. cabroso' Um ms seria tempoum pri.,iJegio presto em lei: --:-:--:--;;,;;;;;?;; sufrciente para Ana Luiza Fa-um procurador no n# Acha que nunca ganharia bero ao .,rr,o, telefonar paraindiciado em inqurito policial. uma ao contra a doutora a moa que at-ropelou, descul-Noprecisadepor.Naopodeser pando-se e oferecendo ajuda'p..r .* flugnt delito. Nao tem de pagar fiana. A Nada. Alm de falta de juizo; ela demonstroufrieza-..-u lei ge, porm, de procuradrei um "com- e egosmo. Vive na certeza da impunidade.portamento eiemplar" na vida. Se Ana Luiza dirigia "Som-os um pas de senhoritos, no carregamo nemLbadu, p...isa seiafastada. Se estava sbria, tambm, mala", diz o antroplogo Roberto DaMatta, autor do li-pela falt de decoro. vro F em Deus epna tbua. DaMatta associa avioln-Foi aberta uma investigao disciplinar e penal contra cia no trnsito brasileiro a nossa desigualdade. Usamosela em Braslia, no Minlstrio Pblico Federal. Levar o carro como instrumento de poder e dominao social,cerca de 120 dias. Enquanto seus colegas juzes a jul- um smbolo do "sabe com quem voc est falando?".gam, Ana Luiza Faber est em "frrias premiadas" no "Dirigirumcarronaverdadeumaconcessoespecial,iero carioca. Ela no respondeu a viios e-mails e a porque a rua do pedestrdl diz DaMatta. Mas ns des-assessoria de imprensa da Procuradoria informou que respeitamos o espao pblico. "No caso da procuradorao procurador-cefe no falaria nada sobre o assunto e da empregada, juntamos uma Pessoa annima comporque "o processo est em Braslia". uma impunvel'] afirma. O Estado usado para fortalecer^ Lcimai es l traumatzada, com medo de se expor, o personalismo, a lenincia e para isentar as pessoas deporque a atropeladoratempoder. No procurou um ad- responsabilidde ffsica.Em sociedades como anossa, ondeoguao. Nur..u na Paraba e acha que nunca vai ganhar uns poucos tm muitos direitos e a grande massa mtosuma ao contra uma procuradoia do Trabalho. Luci- deveres, Lucimar nem sabe que pode e deve lutar. a

    ssisaao vdeo daprocuradora emepoca.com.br122 ) Poca, l4 de fevereiro de 2o1]