a primeira conferência brasileira de proteção à natureza e a questão da identidade nacional

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  • 7/26/2019 A Primeira Conferncia Brasileira de Proteo Natureza e a Questo Da Identidade Nacional

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    A Primeira Conferncia Brasileira de Proteo Natureza e a questo da Identidade

    Nacional

    Jos Luiz de Andrade Franco Doutor em Histria Social e das Idias pela

    Universidade de Braslia (UnB)

    Tcnico especializado da Diretoria de reas Protegidas, da Secretaria de Biodiversidade

    e Florestas, do Ministrio do Meio Ambiente

    Obs: Texto publicado na Revista Varia Histria, Belo Horizonte, v. 26, p. 77-96, 2002.

    Resumo O presente artigo procura expor e fazer uma anlise do pensamento e das

    propostas que foram formuladas durante a Primeira Conferncia Brasileira de Proteo

    Natureza, realizada em 1934, no Rio de Janeiro. Os vnculos entre propostas

    especficas relacionadas questo da proteo da natureza e uma idia mais ampla de

    construo da nacionalidade so destacados, da mesma maneira que a crena na cincia

    como guia para as polticas a serem adotadas para a conservao do patrimnio natural

    brasileiro e na necessidade de um Estado forte como seu executor.

    Abstract This article reviews and analyses the ideas and proposals formulated during

    the First Brazilian Conference on the Protection of Nature (held in1934, in Rio de

    Janeiro), the first event of its kind ever held in Brazil. Relations between specific

    proposals and the more encompassing notion of nation-building deserve special

    attention. There is an emphasis also on the shared beliefs in the role of science as a basis

    for Brazilian conservation policies and in the need of a strong State to implement such

    policies.

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    A Primeira Conferncia Brasileira de Proteo Natureza e a questo da

    Identidade Nacional

    O ambiente poltico-intelectual brasileiro nas dcadas de 1930-1940 definia-se

    por um intenso nacionalismo aliado ao desejo de modernizao da sociedade e das

    instituies do Estado. Diversos temas foram objeto de debate nesse perodo: o trabalho,

    a indstria, a educao, a sade, o arcabouo jurdico-institucional, as manifestaes

    culturais, o patrimnio histrico, e tambm, a proteo natureza. Setores significativos

    da sociedade mobilizaram-se em torno destas questes 1.

    No caso da proteo natureza, havia um grupo razoavelmente organizado,

    constitudo em sua maioria por cientistas, intelectuais e funcionrios pblicos, que

    pretendeu garantir que polticas relacionadas conservao do patrimnio natural

    brasileiro fossem implementadas pelo Estado. A maneira como esse grupo se inseriu no

    contexto poltico-intelectual da poca e o seu relativo sucesso estiveram associados ao

    fato de ter relacionado as suas preocupaes com a proteo da natureza com a questo

    da identidade nacional, o que implicou na apropriao e elaborao de tradies de

    pensamento que envolviam um conhecimento cientfico do mundo natural e a idia de

    que ele devia ser conservado por motivos econmicos e estticos 2.

    A Primeira Conferncia Brasileira de Proteo Natureza, realizada entre 8 e 15

    de abril de 1934, no Rio de Janeiro, refletiu a mobilizao e o tipo de pensamento

    presentes nas organizaes da sociedade civil e instituies pblicas preocupadas com a

    conservao da natureza. Organizada pela Sociedade dos Amigos das rvores, contou

    1O presente artigo baseia-se na pesquisa desenvolvida para a minha tese de doutoramento, Proteo Natureza e Identidade Nacional: 1930-1940, apresentada na Universidade de Braslia em 2002, erealizada com o apoio de bolsa de pesquisa concedida pela Capes.2 Cf. sobre o desenvolvimento do conhecimento cientfico relacionado ao mundo natural e de umapreocupao com a sua conservao na modernidade os trabalhos de Keith Thomas. O Homem e o MundoNatural. John McCormick.Rumo ao Paraso: A Histria do Movimento Ambientalista. Donald Worster.Natures Economy: A History of Ecological Ideas. Roderick Frazier Nash. The Rights of Nature: A

    History of Environmental Ethics. Jos Augusto Pdua. A Degradao do Bero Esplndido:Um Estudosobre a Tradio Original da Ecologia Poltica Brasileira. Pascal Acot. Histria da Ecologia. P.Alphandry, P. Bitoun e Y. Dupont. O Equvoco Ecolgico: Riscos Polticos.

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    com forte apoio e infra-estrutura do Museu Nacional, sendo Alberto Jos Sampaio,

    botnico e professor desta instituio, o seu relator. Estavam tambm representados a

    Associao Brasileira de Educao, a Federao Brasileira pelo Progresso Feminino, a

    Liga Brasileira de Higiene Mental, a Associao Brasileira de Farmacuticos, a

    Academia Brasileira de Cincias, o Instituto Histrico de Ouro Preto, o Instituto

    Histrico e Geogrfico do Brasil, a Sociedade de Amigos de Alberto Torres, o Tijuca

    Tennis-Club, o Instituto Nacional de Msica, a Associao dos Empregados no

    Comrcio do Rio de Janeiro, e a Sociedade Fluminense de Medicina Cirrgica. Vale

    notar, que a Conferncia contou ainda com o patrocnio do Chefe do Governo

    Provisrio, Getlio Vargas 3.

    A realizao da Conferncia indicava a existncia de uma maior veiculao da

    questo da proteo natureza entre a opinio pblica, que por meio da atuao de uma

    srie de entidades da sociedade civil, pressionava no sentido de uma poltica mais

    efetiva por parte do governo. Presses que foram, em certa medida, bem vindas e

    assumidas naquele momento. Cabe-nos, portanto, discutir o contedo da idia de

    proteo natureza nesse contexto, e o que motivou a sua defesa por setores da

    sociedade e do governo 4.

    A Primeira Conferncia Brasileira de Proteo Natureza iniciou-se com um

    discurso proferido por Lencio Corra, presidente da Sociedade dos Amigos das

    rvores, que pretendeu explicar o objetivo dessa agremiao:

    Promovida a realizao desta Conferncia pela Sociedade dos Amigos

    das rvores, cujo escopo precpuo, a soluo racional inteligente do

    3Cf. Alberto Jos Sampaio (relator). Relatrio Geral da Primeira Conferncia Brasileira de Proteo Natureza, In: Boletim do Museu Nacional, vol. XI, n 1, maro de 1935.4 Vale lembrar que uma nova conferncia sobre proteo natureza s ir ocorrer nos anos 1960,realizada pela FBCN (Fundao Brasileira para a Conservao da Natureza). Conferir a esse respeito Jos

    Candido de Melo Carvalho, A Conservao da Natureza e Recursos Naturais no Mundo e no Brasil,InSimpsio sobre conservao da natureza: Suplemento dos Anais da Academia Brasileira de Cincias,vol. 41, 1969, Rio de Janeiro.

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    problema florestal, fica desde logo explicada a razo de ser dessa

    mesma Sociedade, destinada a colaborar com os poderes pblicos em

    tudo que entenda com o importante assunto, que neste instante, a

    preocupao suprema dos pases civilizados do mundo 5.

    Segundo Lencio Corra, a Sociedade dos Amigos das rvores foi fundada por

    patriotas e intencionava ser a sentinela vigilante do nosso ameaado patrimnio

    florestal 6. Para ele, a necessidade dos poderes pblicos serem assistidos por uma

    agremiao como essa era das mais evidentes, pois entendia que a devastao das matas

    em todos ou quase todos os pontos do territrio nacional prosseguia num ritmo intenso.

    Nesse seu discurso na sesso inaugural da Conferncia, Lencio Corra

    constatava os processos que estavam levando devastao do patrimnio florestal

    brasileiro e defendia a necessidade de se acertar o passo com as naes civilizadas do

    mundo em matria de proteo natureza. Assinalava, nesse sentido, que:

    O decreto do Cdigo Florestal, um dos mais relevantes e assinalados

    servios do Governo Provisrio ao futuro do Brasil, demonstra de

    modo expressivo a compreenso que tm os dirigentes do alto problema

    econmico sintetizado na frmula j expressa, de Proteo

    Natureza o que abrange todos os problemas atinentes ao solo e sub-

    solo, que necessitam, nestes dias de civilizao irreverente utilitria, doamparo carinhoso e da proteo decisiva dos poderes pblicos 7.

    No bastava, contudo, a elaborao de leis, era essencial que elas fossem

    cumpridas e severamente punidos aqueles que as desrespeitassem. Era fundamental que

    5Cf. Alberto Jos Sampaio (relator). Relatrio Geral da Primeira Conferncia Brasileira de Proteo

    Natureza, In: Boletim do Museu Nacional, vol. XI, n 1, maro de 1935, pp. 9-10.6Idem, ibidem, p. 10.7Idem, ibidem, pp. 15-16.

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    se lanasse uma campanha educacional no sentido de despertar nas crianas, desde a

    mais tenra idade, o amor s rvores e aos animais, e a criao de uma Escola Florestal

    nos moldes existentes na Itlia e nos Estados Unidos. A esse respeito esclarecia que:

    O problema florestal , ao mesmo tempo, um problema social, de

    higiene, de riqueza, de importncia capital e de relevante

    transcendncia. Da, o empenho da Sociedade dos Amigos das rvores

    em proclamar a necessidade da cadeira de Silvicultura nas escolas

    primrias e secundrias do pas 8.

    Por fim, conclua que:

    O culto e proteo, j o dissemos, a defesa do patrimnio florestal,

    escopo supremo da nossa Sociedade, representa a parte bsica do

    grande problema que se impe modernamente ao mundo civilizado sob

    a frmula da Proteo Natureza problema transcendente que

    abrange no s a proteo da flora e da fauna, na sua quase totalidade

    ameaadas de aniquilamento em todas as regies do globo, como,

    tambm, como complemento e conseqncia, a proteo das paisagens,

    o resguardo dos stios pitorescos, convindo no esquecer que o

    tentamen visar, alm da defesa dos patrimnios biolgicos

    subsistentes, tanto quanto possvel, a sua reconstituio 9.

    Eram duas as linhas de argumentao desenvolvidas por Corra para justificar a

    proteo da natureza: em uma delas, o mundo natural era valorizado como recurso

    econmico a ser usufrudo racionalmente, enquanto que, na outra, era objeto de culto e

    8Idem, ibidem, p.15.9Idem, ibidem, p. 15.

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    fruio esttica. Essas formas diferenciadas de perceber a natureza permearam o

    ambiente da Confernciae convergiram na elaborao de um projeto comum de feio

    nacionalista e cientificista.

    importante lembrar, porm, que as preocupaes com o mundo natural tinham

    uma dimenso que ultrapassava as fronteiras nacionais. O prprio Lencio Corra

    chamava a ateno para a necessidade de que o Brasil acompanhasse as iniciativas no

    campo da proteo natureza que vinham sendo implementadas em outros pases. As

    idias e prticas circulavam pelo mundo, adquirindo contornos particulares na medida

    em que se encaixavam em contextos regionais diferenciados. Os argumentos que

    objetivavam justificar um cuidado maior com o mundo natural, como em Corra,

    oscilaram entre uma perspectiva mais pragmtica, voltada para a conservao dos

    recursos naturais, e outra de carter mais esttico, voltada para a preservao de reas

    valorizadas pela sua beleza selvagem.

    Na Amrica do Norte, havia um debate entre concepes conservacionistas e

    preservacionistas. As primeiras se preocupavam sobretudo com a racionalidade na

    utilizao dos recursos naturais, e as outras encontravam-se mais interessadas na fruio

    esttica e na transcendncia espiritual proporcionada pelos aspectos sublimes da

    natureza selvagem. A exposio do contexto dessa polmica se faz importante, na

    medida em que as concepes e prticas representadas por ambos os lados contriburam

    com a elaborao de estratgias de cuidado com a natureza no mundo inteiro, inclusive

    no Brasil 10.

    A idia de constituio de parques nacionais, cara aos preservacionistas, se

    disseminou pelo mundo de maneira ampla, servindo de parmetro no que se refere s

    iniciativas de proteo da natureza. O Yellowstone, primeiro deles, foi criado em 1o. de

    maro de 1872, pelo Congresso dos EUA, que determinou, a partir daquela data, que

    10Cf. sobre a polmica entre preservacionistas e conservacionistas americanos e suas repercusses JohnMcCormick, op. cit.

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    uma rea de 800 mil hectares no Wyoming seria reservada e proibida de ser colonizada,

    ocupada ou vendida. Estaria destinada para benefcio e desfrute do povo. A inteno era

    preservar reas dotadas de grande beleza natural em seu estado selvagem para a

    posteridade.

    Nos Estados Unidos, a criao de parques nacionais fortalecia as concepes de

    autores como George Catlin, Henry Thoreau e George Marsh, motivadas por um

    fascnio pelas novas descobertas da biologia e por uma filosofia inspirada no

    romantismo. Valorizava-se a natureza a partir de uma noo de pertencimento e tambm

    pelo prazer da contemplao esttica. Tais concepes foram representadas e defendidas

    por John Muir e pelo movimento preservacionista. As primeiras lutas estiveram

    relacionadas criao do Parque Nacional de Yosemite, em 1890. Incentivado por esse

    sucesso, Muir ajudou a fundar, em 1892, o Sierra Club, que contribuiu para tornar as

    regies montanhosas da costa do Pacfico acessveis queles que buscavam usufruir as

    reas virgens. O clube tornou-se um centro de aglutinao da causa dos

    preservacionistas, que agiam motivados por um sentimento de que a civilizao havia

    distorcido o sentido humano da relao com as outras coisas abrir.

    Se Muir e os preservacionistas, ao pensarem em alternativas de proteo

    natureza, excluam as reas consideradas virgens de qualquer ocupao humana mais

    efetiva, destinando-as quase que exclusivamente ao lazer, a outra corrente, dos

    conservacionistas, acreditava na possibilidade de uma explorao racional de recursos

    como o solo, as florestas e a gua. Estes, prximos da tradio de manejo florestal

    desenvolvida na Alemanha, tinham como principal expoente Gifford Pinchot, que

    sintetizava os objetivos do movimento em trs princpios bsicos: desenvolvimento (o

    uso dos recursos existentes pela gerao presente), a preveno do desperdcio, e o

    desenvolvimento dos recursos naturais para muitos, e no para poucos. Portadores de

    uma perspectiva mais instrumental da relao do homem com a natureza, o que estava

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    em questo para os conservacionistas era o uso dos recursos naturais de maneira

    adequada e criteriosa, garantindo, ao mesmo tempo, a sua existncia para as prximas

    geraes e uma melhor distribuio pela totalidade da populao.

    A polmica entre Muir e Pinchot cindiu as preocupaes com relao natureza

    nos Estados Unidos em dois campos: preservacionistas e conservacionistas. No incio

    do sculo XX, ambas as correntes ganhavam espao entre as polticas de Estado.

    Theodore Roosevelt, eleito presidente em 1901, era admirador da filosofia utilitarista de

    Pinchot, e nomeou-o secretrio de Estado para a conservao, introduzindo na poltica

    pblica a administrao dos recursos naturais. Muir e as reivindicaes dos

    preservacionistas foram, tambm, ouvidas por Roosevelt: a incorporao de mais terras

    ao Parque Nacional de Yosemite, a criao de 53 reservas naturais, 16 monumentos

    nacionais e cinco novos parques nacionais, vinham contemplar as expectativas do

    grupo.

    A experincia americana repercutiu internacionalmente. Roosevelt e Pinchot

    trabalharam na organizao de duas conferncias internacionais sobre conservao da

    natureza. A primeira, realizada em 1909, reuniu delegados dos Estados Unidos, Mxico

    e Canad. A segunda, que deveria ter o carter de frum mundial, seria realizada em

    1910, em Haia, mas, foi cancelada por Taft, que sucedeu Roosevelt na presidncia dos

    E.U.A. Os parques nacionais, por seu turno, acabaram por se disseminar pelo mundo

    como modelo de preservao do ambiente natural. O Canad criou o seu primeiro

    parque nacional em 1885, a Nova Zelndia em 1894, a frica do Sul e a Austrlia em

    1898. Na Amrica Latina, os primeiros parques surgiram, no Mxico em 1894, na

    Argentina em 1903, no Chile em 1926, com objetivos semelhantes aos de Yellowstone,

    ou seja, proteger reas consideradas virgens e de grande beleza cnica para o deleite

    dos visitantes.

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    A experincia conservacionista norte-americana era conhecida pelos brasileiros,

    principalmente no campo da silvicultura, enquanto que a idia do estabelecimento de

    parques nacionais tambm ganhava adeptos. As duas concepes estiveram presentes

    nas formulaes e estratgias delineadas na Primeira Conferncia Brasileira de

    Proteo Natureza, se fundindo numa viso nica do que deveria representar esse

    conceito de proteo natureza.

    No Brasil dos anos 1930-1940, os conceitos de proteo, conservao e

    preservao eram, portanto, intercambiveis, ambos apontando, ao mesmo tempo, para

    as noes de que a natureza deveria ser, enquanto conjunto de recursos econmicos,

    explorada racionalmente no interesse das geraes futuras, e que enquanto diversidade

    biolgica, objeto de cincia e contemplao esttica, deveria ser protegida.

    Na Conferncia, nomes como os de Jos Bonifcio, Joaquim Nabuco, Andr

    Rebouas, Freire Alemo, Euclides da Cunha, Alberto Torres e Manoel Bonfim foram

    referncias constantes, apropriados em funo das crticas que fizeram s devastaes a

    que a natureza vinha sendo submetida no Brasil. Por outro lado, uma srie de

    Congressos Internacionais e leis de outros pases, que objetivavam a proteo da

    natureza, era citada como exemplo. Foi ao passado e tambm s iniciativas que estavam

    ocorrendo em outras regies do mundo, que se recorreu para uma maior fundamentao

    dos argumentos a favor da proteo natureza.

    Ainda na seo de abertura da Conferncia, foram lidas as poesias de Alberto de

    Oliveira, da Academia Brasileira de Letras, A rvore,e de Lencio Corra, Orao s

    rvores, reforando o sentido de culto natureza.

    Em seguida, uma nota de Alberto Jos Sampaio, citava 51 congressos realizados

    pelo mundo inteiro, entre 1884 e 1933, o que confirmava sua preocupao em buscar

    referncias que viessem definir e legitimar o conceito de proteo natureza. Esse

    conjunto de eventos podia ser dividido em trs tipos: congressos especificamente

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    relacionados com a questo da proteo natureza, congressos cientficos, e congressos

    de silvicultura. A nfase recai sobre os congressos do primeiro tipo, por meio dos quais

    Sampaio nos indica a configurao de um movimento internacional de proteo

    natureza, que teria sua culminncia na atuao do Oficio Internacional de Proteo

    Natureza.Fundado em 1928, pelo preservacionista holands P. G. van Tienhoven, para

    ser um escritrio de coordenao 11, desde 1930, o Ofcio vinha se destacando pela

    publicao daRevue Internationele de Lesgislation pour la Protecion de la Nature, em

    fascculos (12 por ano), divulgando a legislao de cada pas, sobre proteo

    natureza12.

    Um artigo de Paulo Roquette-Pinto, na poca diretor do Museu Nacional,

    publicado, pouco antes da Conferncia, na Revista Nacional de Educao, chamava a

    ateno para o fato de que a idia de proteger a natureza vinha se impondo cada vez

    mais a todos que votam o valor imenso, para o homem, das belezas naturais e da

    maravilhosa multiplicidade das espcies vegetais e animais 13. No era possvel ver,

    sem se comover, a diminuio rpida e mesmo o desaparecimento da fauna variada, da

    flora magnfica, dos stios pitorescos e vivos que so os mais belos ornamentos do nosso

    globo. Eles oferecem, alm disso, incansvel curiosidade cientfica, um campo de

    pesquisas de uma riqueza incomparvel 14.

    Alm da preocupao em proteger as belezas que o mundo natural proporciona,

    pode-se notar a valorizao da natureza como objeto de pesquisa a ser preservado. Esta

    segunda preocupao foi manifestada com freqncia crescente nos congressos

    cientficos, motivo pelo qual so citados por Sampaio em sua nota, legitimando um tipo

    11Cf. sobre a criao do Ofcio Internacional para a Proteo da Natureza (OIPN), John McCormick, op.cit.12Cf. Alberto Jos Sampaio (relator).Relatrio Geral da Primeira Conferncia Brasileira de Proteo Natureza. In: Boletim do Museu Nacional, vol. XI, n 1, Maro de 1935, p. 27.13Cf. Paulo Roqutte-Pinto. Proteo Natureza,In: Revista Brasileira de Educao, n 16-17, jan./fev.de 1934, p.60.14Idem, ibidem, pp. 60-61.

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    de postura cara aos cientistas do Museu Nacional. Este seria um outro argumento

    utilizado em favor da proteo natureza.

    O artigo de Roquette-Pinto seguia a mesma linha de argumentao presente na

    Conferncia e centrava-se, sobretudo, na descrio das ameaas de devastao da

    natureza na contemporaneidade e, por outro lado, das iniciativas crescentes no sentido

    da sua proteo. Traava um histrico da difuso de reas de reserva natural, como os

    parques nacionais, pelo mundo, e defendia a necessidade de uma cooperao

    internacional no que se refere s questes relacionadas proteo da natureza. A esse

    respeito, apontava como pontos fundamentais, as conferncias e convenes

    internacionais, assinadas por diversos pases, e a atuao do Oficio Internacional.

    Destacava-se, portanto, da relao de conferncias internacionais sobre proteo

    natureza e dos congressos cientficos, majoritariamente, a idia de criao de reservas

    naturais destinadas fruio dos sentidos e pesquisa cientfica. Por outro lado, a

    referncia aos congressos de silvicultura, apontava no sentido de uma natureza a ser

    manejada ou mesmo melhorada, visando garantia de recursos naturais para o futuro.

    Novamente, esttica e utilidade encontravam-se muito prximas quando se pretendia

    justificar e dar sentido ao conceito de proteo natureza.

    No que segue, o relatrio da Primeira Conferncia Brasileira de Proteo

    Naturezadivide-se em trs partes. A primeira, Notas e Comunicaes, a parte mais

    substanciosa, contendo resumos de cada um dos trabalhos apresentados, subdividindo-

    se ela mesma em sete sees:I. Educao, II. Proteo Natureza em geral, III. Solo e

    Sub-solo, IV. Flora, V. Fauna, VI. Antropologia e Biogeografia, VII. Legislao e

    Mtodos. A segunda parte,Respostas ao Questionrio, trata efetivamente das respostas

    ao questionrio, previamente distribudo pela Sociedade dos Amigos das rvores, s

    diversas municipalidades, visando obter relatos da situao do meio natural nas diversas

    regies do Brasil. A terceira parte se compe dos Votos, Apelos e Protestosaprovados.

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    A primeira parte inicia-se com a citao de extenso fragmento da obra Natureza,

    de Goethe, que indica a percepo esttica do mundo natural presente entre essa gerao

    da Primeira Conferncia, ou seja, a influncia do Romantismo 15. A idia de uma

    natureza orgnica, a qual se pertence, pela qual estamos envolvidos. Amvel quando a

    tratamos com cuidado e amor:

    Ela tudo. A si mesma recompensa. Castiga-se, alegra-se, atormenta-

    se. spera e terna; amvel e terrvel; impotente e todo-poderosa.

    Tudo est sempre nela. No conhece nem o passado nem o futuro. O

    presente a sua eternidade. benvola. Louvores a ela e a todas as

    suas criaturas! sbia e silenciosa. Nada se lhe arranca do corpo,

    nenhuma ddiva se obtm, que no seja concesso da sua boa vontade.

    astuciosa para o bem e o melhor no reparar na sua astcia 16.

    uma natureza que deve no apenas ser admirada, mas tambm, cuidada, em

    muitos casos transformada em jardim. A possibilidade de um uso econmico nunca est

    descartada, no entanto, sempre lembrada a necessidade de reposio dos recursos

    utilizados. Mas, nesse sentido, alm de jardim, podia ser encarada como indstria

    (alguns dos protetores da natureza sugeriam a possibilidade de hortos florestais que

    fossem ao mesmo tempo jardins e reas voltadas para a produo de madeira em larga

    escala). De todo modo, a apreciao esttica e os sentimentos pela natureza esto

    sempre presentes no conjunto dasNotas e Comunicaes.

    Os temas tratados se entrelaam. Educao e Proteo Natureza aparecem

    intimamente relacionadas, sendo forte a noo de que a natureza s poderia ser

    protegida na medida em que o seu culto fosse algo difundido na sociedade brasileira.

    15Cf. sobre o Romantismo e sua viso de natureza Georges Gurdorf.Le Savoir Romantique de La Nature.

    Paris: Payot, 1985.16Cf. Alberto Jos Sampaio (relator).Relatrio Geral da Primeira Conferncia Brasileira de Proteo Natureza. In: Boletim do Museu Nacional, vol. XI, n 1, Maro de 1935, p. 32.

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    Iniciativas como a criao de Clubes Escolares de Amigos da Natureza, por parte da

    Diretoria de Instruo Municipal do Distrito Federal, so encaradas como uma forma

    relevante de inculcar o amor pelas plantas e animais nas crianas das cidades,

    incentivando-as, por exemplo, por meio do plantio de mudas. As festas das rvores e de

    soltura de pssaros tambm so citadas. No campo, so mencionados os Clubes

    Agrcolas Escolares, que teriam a funo de ensinar uma maneira mais produtiva de

    lidar com a terra; evitando, por exemplo, as queimadas; e de desenvolver a conscincia

    da importncia de preservar ou replantar uma parcela (40%) da rea de florestas em

    torno das produes agrcolas. Assim, a Proteo Naturezaera encarada como forma

    de viabilizar uma alternativa de progresso econmico e de preservao das florestas.

    A idia de silvicultura tambm aparece em vrias referncias. Alm das prticas

    de reflorestamento com eucaliptos, so propostos reflorestamentos com essncias

    nativas. O reflorestamento de morros na capital e da margem das estradas, o problema

    das secas no nordeste e o da reposio de madeiras (para dormentes, mveis, construo

    civil, carvo), seriam questes a serem resolvidas atravs do plantio de rvores. A

    criao de hortos florestais e jardins botnicos nos principais municpios do pas

    encarada na perspectiva do desenvolvimento da silvicultura como conhecimento

    cientfico, mas tambm, como prtica econmica.

    importante notar que, naquele momento, depositava-se uma forte confiana nas

    possibilidades de um manejo florestal por meio do plantio de florestas homogneas,

    fossem elas de essncias nacionais ou exticas. A idia de paisagismo aparecia,

    tambm, com freqncia, reforando a perspectiva de uma natureza jardim. Por outro

    lado, ganhava nfase a percepo de que determinadas reas deveriam ser mantidas

    como reservas, sem interveno humana, alm da que estivesse relacionada ao culto

    esttico, pesquisa cientfica, e ao prprio cuidado. Havia a valorizao da idia de uma

    natureza selvagem.

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    As notas relacionadas criao de Reservas Naturaisrefletiam estas perspectivas

    diferenciadas, que se justapem sem que se gere uma discusso maior, ou que se aponte

    os possveis aspectos contraditrios. Um projeto mais amplo, que via no mundo natural

    a principal fonte da nacionalidade, englobava todos estes aspectos, conferindo-lhes

    coerncia.

    Trs notas sobre parques nacionais ilustravam as perspectivas em questo. Na

    primeira, o relator resumia o artigo de Roquette-Pinto, Parques Nacionais, que fazia

    referncia ao projeto de Andr Rebouas, de 1876, cujo objetivo era instituir dois

    parques nacionais - um na ilha do Bananal e outro na regio do Guara (PR) - nos

    moldes do Yellowstone. Alm da proteo ao mundo natural, o projeto propunha

    desenvolver o turismo como fonte de recursos econmicos. Os parques, pelas suas

    belezas, poderiam atrair muitos turistas estrangeiros ricos que deixariam aqui o seu

    dinheiro. Apesar do projeto de Rebouas no ter sido efetivado, Roquette-Pinto

    chamava a ateno para o fato de terem sido criadas duas reas de reservas

    administradas, uma pelo Museu Paulista, o pequeno parque florestal no Alto da Serra do

    Cubato, e outra pelo Jardim Botnico do Rio de Janeiro, a estao biolgica do Itatiaia

    que, se no eram exatamente parques nacionais, representavam boas sementes daquela

    idia. O artigo recomendava ao governo, a criao de parques nacionais, ressaltando a

    sua importncia como centros de pesquisa cientfica e proteo da flora e fauna, alm

    das suas funes educativas, culturais e como atraes tursticas, e conclua alertando:

    De 1876 a 1933 havia tempo de se haver feito algo. A interrogao de

    Rebouas continua. H, porm, uma diferena. Em 1876 era uma voz, a

    primeira, j em 1933 um coro que brada pela urgncia de no

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    continuarem os brasileiros a serem homens que fazem ou alargam

    desertos 17.

    O modelo a ser seguido, nesse caso, era o dos parques nacionais americanos, e a

    opo econmica o turismo. A natureza, como objeto de conhecimento cientfico, era

    valorizada. Havia, tambm, a conscincia de se viver um momento de mobilizao em

    torno da questo da proteo natureza.

    A segunda nota, resumo do artigo da professora Alda Pereira da Fonseca,

    intitulado Parque Nacional, sugeria a criao de unidades desse tipo no Rio de Janeiro e

    em outras cidades do pas. Nesse artigo, o parque nacional era entendido como obra

    artstica, onde no s se promoveria a proteo da natureza, como se buscaria agrupar as

    rvores das diferentes regies do pas. A experincia contribuiria para os estudos no

    campo da silvicultura e do paisagismo, alm de garantir o reflorestamento. A criao de

    aves, peixes e outros animais, bem como, o estabelecimento de viveiros de plantas, e o

    turismo, poderiam proporcionar uma renda. Tratava-se, ento, de uma natureza

    melhorada pelo homem, objeto de ajardinamento.

    A terceira nota referia-se notcia, publicada pelo professor Auguste Chvalier,

    do Museu de Histria Natural de Paris, no suplemento da revistaLAfrique Franaise,

    em 1934, sobre a Conferncia Internacional para a Proteo da Fauna e Flora,

    realizada em Londres, em 1933. Nela, havia a proposta de, por meio da nova cincia

    da Proteo Natureza, se conservar a fauna e a flora, no somente com o objetivo

    utilitrio, mas tambm, no interesse esttico e cientfico:

    Os protetores da natureza querem impedir sua destruio e conserv-la

    por sua grande beleza, seu interesse cientfico, a riqueza e a variedade

    17Idem, ibidem, p. 57.

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    das suas formas, que quando desaparecem ficam extintas para sempre,

    as geraes futuras no as podendo observar seno nos museus 18.

    A reserva natural era definida como aquela que:

    ... tem por fim a conservao absoluta em seu estado natural, no

    somente da fauna, mas tambm, da flora endmica. A proteo to

    intensa que se probe mesmo a naroduo de espcies indgenas e a

    circulao ou trnsito sem autorizao especial 19.

    A idia de reserva natural oscilava, portanto, entre a noo de parques

    organizados, ou pelo menos melhorados, pelo artifcio humano, e a de reas a serem

    mantidas virgens, apenas controladas pela vigilncia humana. O conhecimento de

    como as florestas tropicais poderiam ser manejadas era ainda incipiente, alm do que,

    tradies diversas e muitas vezes antagnicas de cuidado com a natureza eram

    apropriadas sem uma reflexo maior sobre os seus paradigmas. Era o caso do

    conservacionismo de Guifford Pinchot e do preservacionismo ligado criao de

    parques nacionais. De todo modo, isto no significa que a concepo de proteo

    natureza no Brasil fosse desprovida de coerncia. Ela era justificada por um projeto

    mais amplo de sociedade, fundado na percepo das riquezas naturais (tanto estticas

    quanto econmicas) como fontes da nacionalidade.

    Neste projeto, a natureza era compreendida como um todo orgnico, e a sociedade

    como sua extenso. O Brasil era percebido como um pas novo, que precisava se

    conscientizar da relao fundamental entre natureza e sociedade, para que o seu

    progresso tivesse por base um aproveitamento racional das riquezas naturais. A

    imprevidncia e o esquecimento do vnculo entre o homem e o mundo natural vinha, ou

    18Idem, ibidem, p. 97.19Idem, ibidem, p. 97.

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    poderia vir, a se constituir em fator de gerao de pobreza e incapacidade de utilizao

    de recursos naturais pela seqncia das geraes de brasileiros.

    A natureza era tambm relacionada com a questo da identidade nacional, uma

    vez que, por sua riqueza, diversidade e beleza, proporcionava o estabelecimento de

    laos afetivos entre o indivduo e seu solo natal. Defendia-se a necessidade de um

    Estado que interviesse no sentido de garantir o equilbrio entre progresso e manuteno

    do patrimnio natural do pas, o que seria conseguido por meio do estabelecimento de

    leis, da vigilncia e punio dos que as infringissem, e, principalmente, pela promoo

    de uma educao que garantisse uma conscientizao ampla da importncia da proteo

    natureza. Cobrava-se do Estado que fosse o principal sujeito na manuteno de um

    vnculo orgnico e harmnico entre natureza e sociedade, que representasse e catalisasse

    o processo de tomada de conscincia da nacionalidade. Essa perspectiva relacionava-se

    de maneira intensa com o pensamento de Alberto Torres, que influenciou decisivamente

    o grupo identificado com a questo da proteo natureza.

    Ainda na seo sobre Proteo Natureza, havia artigos que procuravam

    descrever os modelos e experincias vigentes em outros pases. Sobre a Alemanha,

    eram destacados o fator educacional e a conscientizao da populao, bem como, a

    tradio de manejo florestal no plantio de bosques e na reposio de florestas

    econmicas. Sobre os Estados Unidos, era evidenciada a experincia dos parques

    nacionais. Quanto Holanda, o papel das associaes privadas na manuteno de

    reservas naturais. Sobre a Frana, a cooperao entre o Touring-Club e um servio

    oficial, a Administrao de guas e Florestas, no sentido de gerar conhecimentos e

    administrar a questo da proteo natureza. Sobre a Itlia, a atuao da guarda

    florestal na garantia da segurana das florestas e da aplicao da lei.

    Alberto Jos Sampaio noticiava a existncia de um volume ilustrado, de 584

    pginas, editado logo aps o 2 Congresso Internacional para a Proteo Natureza,

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    realizado em Paris, em 1931, que continha informaes precisas a respeito das

    iniciativas e experincias internacionais. Os votos aprovados pelo Congresso e

    publicados no volume em questo, eram relativos documentao, cooperao e

    propaganda, fauna e flora, e proteo natureza em geral.

    As questes debatidas no 2 Congresso Internacional para a Proteo

    Natureza aproximavam-se das preocupaes demonstradas pelos preservacionistas

    norte-americanos. A idia de reservar espaos separados, nos quais acidentes geolgicos

    tidos como monumentos naturais, flora e fauna, pudessem ser preservados em estado

    natural, ganhava cada vez mais aceitao e compreenso entre os brasileiros. Nesse

    contexto, revestiam-se de sentido as sees do relatrio da Primeira Conferncia

    Brasileira de Proteo Natureza relacionadas aos estudos do Solo e Sub-solo, da

    Florae da Fauna. Era preciso saber o que preservar, para ento, cogitar das estratgias

    a serem delineadas. medida que a preservao de reas naturais ia se impondo como

    legtima, a discusso de quais deveriam ser essas reas, de quais os animais e plantas

    estavam ameaados, de quais os passos a serem seguidos para garantir esses espaos e

    a sobrevivncia da vida contida neles, passou a ser um dos elementos fundamentais em

    torno dos quais a questo do cuidado da natureza iria se articular.

    A seo sobre Solo e Sub-solo bastante resumida e trata basicamente da

    necessidade de se estudar e preservar grutas. J a que trata da Flora, bem mais extensa,

    alm de chamar a ateno para a importncia de se estabelecer catlogos de plantas e

    destacar as plantas raras, defende os jardins botnicos como espaos de pesquisa

    cientfica para um melhor conhecimento da flora, inclusive aquela com valor medicinal.

    Focaliza, tambm, os problemas gerados pelas devastaes de florestas, principalmente

    no que se refere conteno das torrentes e ao clima. Por fim, o plantio de rvores e a

    silvicultura, aparecem como opo econmica para a reposio de florestas teis. A

    seo sobre a Fauna trata de estabelecer a necessidade de preservar espcies que

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    comeavam a se tornar raras, criando para este fim reas de reserva. Refere-se aos

    jardins zoolgicos e ao seu papel no campo da pesquisa e da educao relacionados

    proteo da natureza (possibilitavam o estudo e a reproduo de espcies em cativeiro,

    bem como, pela visitao e proximidade, o estabelecimento de laos afetivos entre as

    crianas e a fauna silvestre). Alm disso, chamava a ateno para a urgncia de se

    regulamentar e controlar as atividades de caa e pesca. Segundo A. J. Sampaio:

    Na proteo fauna temos, pois, a considerar grandes e pequenas

    caadas, pesca em grande e pequena escala, caa e pesca organizada,

    pequenos caadores e pequenos pescadores.

    O 1 Congresso Internacional para a Proteo Natureza, realizado

    em Paris em 1923, tendo em conta que nos grandes pases todos os

    caadores e pescadores so registrados em reparties competentes,

    tratou ainda dos vagabundos ou clandestinos e no que se refere a caa

    e criao de aves cuidou ainda de ces e gatos montados ou

    vagabundos.

    De fato a defesa da fauna tem de atender a todos esses itens.

    Nenhum pas precisa mais que o Brasil, defender a sua fauna e mesmo

    promover a multiplicao de suas espcies nobres, teis ou

    interessantes, pois a nossa fauna, embora rica, no a mais rica; bem

    mais ricas, principalmente em grandes espcies (leo, tigre, elefante,

    girafa, rinoceronte, hipoptamo, etc...), so a fauna africana e asitica,

    cada qual com sua faunstica.

    Se deixarmos extingirem-se os nossos primores faunsticos, claro

    que ficaremos apenas restritos a coisas banais, sem importncia 20.

    20Cf. Alberto Jos Sampaio (relator).Relatrio Geral da Primeira Conferncia Brasileira de Proteo Naturezain Boletim do Museu Nacional, vol. XI, n 2, Junho de 1935, p. 49.

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    Novamente observamos a referncia a um congresso internacional de proteo

    natureza. Tambm, a idia patritica de que precisaramos defender nossos primores

    faunsticos, fatores que incrementariam o sentimento de se pertencer a uma nao rica

    em belezas naturais, fontes da nacionalidade. A preservao de espcies e stios fazia

    parte de um projeto de nao que valorizava os vnculos entre o homem e a natureza.

    Essa questo abordada na sexta seo, sobre Antropogeografia e Biogeografia. O

    resumo da comunicaoA Natureza e os Monumentos Culturais, de Raimundo Lopes,

    ilustra bem essa relao que se estabelecia entre natureza e identidade cultural:

    Protege-se a natureza para bem da cultura; a proteo de aspectos da

    cultura reverte em proteo natureza 21.

    Tal percepo relacionava-se com a idia, oriunda do Romantismo, de que a

    nacionalidade fruto da convergncia entre a histria de um povo e o seu ambiente

    natural. Nossa nao era considerada jovem, provida de uma natureza rica e de um povo

    supostamente bom, sendo, no entanto, necessrio que este povo fosse no s instrudo,

    mas tambm, conhecido. Era preciso que se tornasse consciente das riquezas em meio

    as quais vivia, e da necessidade de preserv-las, bem como, das tecnologias mais

    modernas adequadas ao bom uso dos recursos disponveis. Por outro lado, precisava ser

    resgatado o conhecimento especfico das diversas populaes do pas, da forma como

    conseguem sobreviver na precariedade de recursos tcnicos e na adversidade das suas

    condies.

    Havia a inteno de articular os ideais romnticos de natureza e de nacionalidade

    (que atribuam ao povo um carter especfico, em conformidade com o seu meio

    natural), com uma abordagem racionalista (segundo a qual, tanto o mundo natural como

    o prprio povo poderiam ser melhorados, por meio do aprendizado de uma cincia21Idem, ibidem, p. 52.

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    universal e da comparao com outros povos mais adiantados). Essa era a base para a

    discusso presente na ltima seo das notas:Legislao e Mtodos.

    Segundo essa abordagem, era preciso seguir o que j vinha sendo feito em outros

    pases com o objetivo de proteger a natureza. No bastava, porm, somente a elaborao

    de uma legislao, era fundamental que esta fosse efetivamente colocada em vigncia.

    Havia, portanto, uma demanda pela fora do Estado, que devia providenciar os meios de

    fazer cumprir as leis.

    Eugenio dAlessandro, em seu artigo, Defesa da Natureza e a Legislao

    Florestal: consideraes e algumas oportunas sugestes, de 1933, reproduzido por

    inteiro no relatrio da Conferncia, defendia que a legislao deveria possuir um carter

    de conjunto:

    Por se tratar de Legislao florestal que rene, no uma srie de

    decretos, e sim um conjunto de disposies novas ou renovadas, que

    disciplinam, de uma forma geral, todas as possveis atividades dos

    homens na floresta, cujo excesso pode produzir um dano pblico,

    desordenando o curso das guas pluviais, alterando a consistncia do

    solo, ou prejudicando as condies higinicas, climticas e hdricas

    locais, penso ser acertado chamar, essa Legislao, simplesmente Lei

    florestal 22.

    A convico de que a lei se constitua em um instrumento legtimo de orientao

    das condutas humanas justificava o apelo por um Estado intervencionista que, por meio

    dela, fosse capaz de organizar a sociedade. Referindo-se ao exemplo italiano,

    dAlessandro chamava a ateno para o fato de que a legislao deveria ter a sua

    implementao garantida por uma milcia florestal, preparada para o uso da fora,

    22Idem, ibidem, pp. 69-70.

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    quando necessrio, mas tambm, bem instruda nos misteres da silvicultura, sendo

    importante a criao de escolas voltadas para o fim de formar a guarda florestal.

    A lei, neste caso, se justificava pela sua utilidade pblica, pelo fato de garantir que

    a vida da populao transcorresse dentro de um padro de normalidade:

    O legislador deve se preocupar do principal objetivo da Lei Florestal,

    que de assegurar a conservao e a produo da floresta a fim de

    regular o regime do curso das guas pluviais; manter inalteradas, tanto

    quanto possvel, as condies higinicas e climatricas locais...

    Isto posto, torna-se claro, que a existncia da floresta necessria para

    impedir que seja alterada a vida normal de uma povoao, por isso que

    ele representa um elemento insubstituvel de utilidade pblica 23.

    Por fim, ao sugerir os aspectos que deveriam constar de uma Lei Florestal com

    finalidade hidrogeolgica, Eugnio dAlessandro ilustra bem o carter normativo e

    mesmo instituinte (organizativo) que se esperava de uma lei que viria:

    Impor o vnculo florestal, organizar o Cadastro das superfcies de

    terrenos cobertos de florestas;

    Promover a sistematizao dos montes e intensificar o reflorestamento

    dos mesmos;

    Providenciar para a instruo tcnica, alm dos laboratrios, tambm

    a instruo prtica, de silvicultura;

    Propagar o amor s rvores, e conceder prmios e assistncia tcnica

    aos proprietrios de terras, dispostos a reflorest-las;

    Organizar a administrao e utilizao das florestas de propriedade da

    Unio, com mtodo racional e cientfico;

    23Idem, ibidem, p. 72.

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    Unificar o Servio Florestal a fim de dar s florestas uma nica

    diretiva tcnica;

    Proibir as culturas agrrias nos cumes e declives dos montes, e

    concedendo a licena, quando forem efetuadas as obras necessrias;

    Regular a pastagem aos animais domsticos, e proibi-la, nos

    reflorestamentos, e nas recentes derribadas;

    Determinar que o corte das rvores deve ser feito, rente terra, com

    ferramentas apropriadas e bem afiadas, efetuar uma seco lisa e com

    superfcie inclinada;

    Cuidar da reproduo natural da floresta; Tratar dos meios

    preventivos contra os incndios e parasitas;

    Regulamentar as indstrias extrativas, e o respectivo asseio e

    transporte, vias de comunicaes, etc 24.

    Quando da realizao da Conferncia, o Cdigo Florestal havia sido decretado h

    pouco, bem como, o de Caa e Pesca e uma Lei de Expedies Cientficas. Na

    Constituio de 1934, fez-se constar um artigo relacionado com a defesa dos

    monumentos naturais. Logo aps, foi decretado o Cdigo de guas e de Minas. Havia,

    no entanto, uma preocupao no sentido de que essa legislao, efetivamente, tivesse

    um carter de conjunto, implicando no s o aspecto legal, mas tambm elementos

    ligados ao aspecto educacional e vigilncia. O grupo de protetores da natureza estava

    cobrando e atribuindo ao Estado a funo de demiurgo da nacionalidade 25, pois era a

    ele que caberia o papel de instituir e organizar em um corpo coeso os elementos

    fundadores da identidade nacional. Para tanto, o grupo se colocava a disposio para as

    tarefas emergentes.

    24Idem, ibidem, p.86.25Cf. a respeito da presena da idia do Estado como demiurgo da nao presente no imaginrio polticobrasileiro do perodo, as obras de Alcir Lenharo, Sacralizao da Poltica, e de Angela de Castro Gomes,A Inveno do Trabalhismo.

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    Tal perspectiva, ao reconhecer no Estado o principal agente poltico, ia ao

    encontro do projeto corporativista em curso naquele momento, e foi um dos fatores que

    contribuiu para a institucionalizao de algumas propostas relacionadas proteo da

    natureza.

    No relatrio da Confernciaconstavam, tambm, as respostas a um questionrio

    distribudo aos municpios, cujo objetivo era fazer um levantamento das belezas e dos

    recursos naturais em cada localidade, e das devastaes a que a natureza estava sendo

    submetida. De 1340 questionrios enviados, 130 obtiveram resposta. Alguns municpios

    como o de Madalena, no Rio de janeiro, se destacaram pelo envio de relatrios bastante

    completos a respeito de acidentes geolgicos, fauna, flora, e sobre o estado geral do

    ambiente natural. A Sociedade dos Amigos das rvores pretendia, por meio do

    questionrio, reunir informaes para posterior publicao de um Cadastro Geral das

    Belezas Naturais do Brasil.

    Havia, por fim, os votos apresentados e aprovados pela Conferncia, indicadores

    das preocupaes em voga, relacionadas, sobretudo, necessidade de: cooperao

    internacional no campo da proteo natureza; estudos que viessem a aumentar o grau

    de conhecimento das reas e dos elementos do mundo natural que deveriam ser objeto

    de proteo especial; iniciativas na rea de educao centradas na conscientizao da

    importncia da preservao das riquezas naturais (tanto pelo seu valor econmico,

    quanto pelo seu valor esttico e cientfico); um maior conhecimento tcnico-cientfico

    para utilizao mais eficiente dos recursos naturais; harmonizar o artifcio humano e as

    criaes da natureza (o que deveria ser realizado por meio de uma silvicultura que

    orientasse a confeco de jardins e paisagens, ao mesmo tempo belos e explorveis do

    ponto de vista econmico).

    A noo de proteo natureza, que perpassou os debates da Primeira

    Conferncia Brasileira de Proteo Natureza, envolvia tanto uma idia de

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    preservao das belezas naturais, quanto uma idia de melhoramento da natureza pelo

    homem. Os argumentos utilitrios coexistiam em harmonia com aqueles de ordem

    esttica. Enquanto na Amrica do Norte, estas perspectivas se opunham, gerando

    tenses entre rgos de governo, e entre correntes de pensamento diversas, no Brasil

    eram partes de um projeto maior que vinculava natureza e construo da nacionalidade.

    O interesse em contribuir para a realizao deste projeto se constituiu em

    importante elemento catalisador de idias e prticas sociais relacionadas questo da

    proteo natureza, uma aposta no futuro, na reconciliao entre natureza e nao.

    O pensamento elaborado pelos participantes da Primeira Conferncia Brasileira

    de Proteo Natureza vinculava preocupaes pontuais, como, por exemplo, o

    estabelecimento de reservas naturais, a um projeto mais amplo de construo da

    nacionalidade. Desse modo, foi capaz de mobilizar o sentimento de grupos e

    associaes cvicas, garantir espao junto s instncias deliberativas do governo Vargas

    e garantir a aprovao de uma srie de leis, decretos e regulamentos, visando a

    conservao da natureza, alm da criao dos primeiros parques nacionais, entre outras

    iniciativas de menor importncia.

    Mais tarde, contudo, na medida em que o carter predatrio do desenvolvimento

    econmico prosseguia, o sentimento de frustrao frente insuficincia das medidas

    adotadas gerou mgoa e ressentimento, bem como a impresso de que os imperativos da

    cincia no estavam sendo ouvidos.

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    junho de 1935.

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