a presenÇa da marinha do brasil na fronteira oeste

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JUCEMIR RAMOS DE MACÊDO SZOCHALEWICZ A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE fator de desenvolvimento e segurança Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientador: Prof. Dr. Antonio Carlos Alonso Del Negro. Rio de Janeiro 2014

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Page 1: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

JUCEMIR RAMOS DE MACÊDO SZOCHALEWICZ

A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL

NA FRONTEIRA OESTE

fator de desenvolvimento e segurança

Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia.

Orientador: Prof. Dr. Antonio Carlos Alonso

Del Negro.

Rio de Janeiro 2014

Page 2: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

C2014 ESG

Este trabalho, nos termos de legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitida a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG _________________________________

Assinatura do autor

Biblioteca General Cordeiro de Farias

Szochalewicz, Jucemir Ramos de Macêdo. A Presença da Marinha do Brasil na Fronteira Oeste: fator de desenvolvimento e segurança / CMG (IM) Jucemir Ramos de Macêdo Szochalewicz - Rio de Janeiro : ESG, 2014.

81 f.: 2 il.

Orientador: Prof. Dr. Antonio Carlos Alonso Del Negro.

Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2014.

1. Presença naval . 2. Fronteira oeste. 3.Pantanal. 4.Hidrovia

Paraguai-Paraná.I.Título.

Page 3: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

A todos da família que, durante o meu

período de formação, contribuíram com

apoio e incentivos. A minha gratidão ao

filho Alexandre e, em especial, à minha

esposa Ivana e minha filha Sarah Regina

pelos exemplos de coragem, força e fé

na superação de desafios para garantir a

plena saúde.

Page 4: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

AGRADECIMENTOS

Aos meus professores de todas as épocas, por terem sido responsáveis por

parte considerável da minha formação e do meu aprendizado.

Aos estagiários da melhor Turma do CAEPE/2014, pelo convívio harmonioso

de todas as horas.

Ao Corpo Permanente da ESG, pelos ensinamentos e orientações que me

fizeram refletir, cada vez mais, sobre a importância de se estudar o Brasil, com a

responsabilidade implícita de ter que melhorar.

Page 5: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

RESUMO

Esta monografia aborda a presença da Marinha do Brasil na fronteira oeste do

Brasil, traçando a evolução histórica e contextualizando o ambiente geográfico

peculiar e a importância econômica dos rios do Pantanal. A apresentação da

estrutura existente e das múltiplas atividades, nas dimensões da segurança, defesa,

social, desenvolvimento e nas relações internacionais, realizadas nos anos 2013 e

2014, mostram realisticamente como se manifesta a presença naval nos rios

navegáveis que deságuam na Hidrovia Paraguai-Paraná, fator geográfico relevante

de integração do continente sul americano. Em paralelo, o estudo destaca aspectos

da legislação e planejamentos que envolvem a segurança, defesa e

desenvolvimento na Região Oeste, identificando algumas dificuldades para

consecução das políticas governamentais, em que pese a Marinha do Brasil

continuar sua própria expansão de estruturas e meios operativos a fim de ampliar

sua presença com adensamento militar na fronteira e adaptando-se, cada vez mais,

para exercer ações subsidiárias e sem comprometer a principal, de defesa,

independente dos rumos progressista ou de estagnação econômica do oeste

brasileiro.

Palavras chave: Presença naval. Fronteira oeste. Pantanal. Hidrovia Paraguai-

Paraná.

Page 6: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

ABSTRACT

This monograph addresses the presence of the Brazilian Navy along its western

border, discussing the region’s historical development, its geographically uniqueness

and the economic importance of the Pantanal river area. A presentation discussing

the existing structure and the various activities from 2013 and 2014 in the areas of

defense, social, development and international relations shows how the naval

presence in the navigable waterways of the Paraguay-Parana river basin remains a

relevant factor in the integration of South American. In conjunction with this analysis,

the study highlights the legislative and planning aspects of security, defense and

development in the western region. In an environment where achieving a clear

government policy on the region is difficult, the Brazilian Navy continues its

expansion of structures and operating methods to increase its presence and unit

density along the border to carry out its subsidiary missions without compromising its

defense mission. Whether the region is progressing or stagnating, the Navy

continues to conduct its mission in western Brazil

Keywords: Naval Presence. Western Border. Pantanal Region. Paraguay-Parana

River Basin.

Page 7: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

QUADRO 1 Distribuição da Hidrovia do Paraguai....................................................14

FIGURA 1 Esquema com início e fim da hidrovia, de Cáceres a Nueva Palmira..15

FIGURA 2 Expansão da Hidrovia do Paraguai.......................................................16

QUADRO 2 Atividades da Capitania Fluvial do Pantanal.........................................33

QUADRO 3 Meios Navais e Aeronavais do 6º DN no PAED....................................49

Page 8: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

Com60DN Comando do 60 Distrito Naval

FA Forças Armadas

HPP Hidrovia Paraguai-Paraná

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Page 9: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 9

2 GEOGRAFIA E HISTÓRIA .......................................................................... 13

2.1 HIDROVIA DO PARAGUAI .......................................................................... 13

2.2 HISTÓRIA .................................................................................................... 20

2.2.1 História Naval .............................................................................................. 23

3 ESTRUTURA E ATIVIDADES DO COM6ºDN ............................................. 24

3.1 ESTRUTURA ................................................................................................ 24

3.2 ATIVIDADES ................................................................................................ 28

3.2.1 Militar e Segurança..................................................................................... 28

3.2.2 Social ........................................................................................................... 29

3.2.3 Desenvolvimento ........................................................................................ 31

3.2.4 Relações Internacionais ........................................................................... 34

4 LEIS, PLANOS E REALIDADES NA FRONTEIRA OESTE ........................ 36

4.1 SEGURANÇA E DEFESA ............................................................................ 36

4.2 DESENVOLVIMENTO .................................................................................. 43

4.3 AMEAÇAS .................................................................................................... 46

5 PERSPECTIVAS .......................................................................................... 48

6 CONCLUSÃO............................................................................................... 50

REFERÊNCIAS ............................................................................................ 52

ANEXO A – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PRESENÇA NAVAL ................ 55

ANEXO B – QUESTIONÁRIO DO COM6ºDN .............................................. 56

ANEXO C - COMISSÕES DO U-28 ............................................................. 64

ANEXO D - LOCALIDADES E PESSOAS ATENDIDAS PELO U-28 ......... 66

ANEXO E – DIAS NAVEGADOS PELOS NAVIOS DO COMFLOTMT ....... 73

ANEXO F - QUESTIONÁRIO DA BFLa ....................................................... 74

ANEXO G - QUESTIONÁRIO DO HNLa ...................................................... 76

ANEXO H - QUESTIONÁRIO DO CeIMLa .................................................. 77

ANEXO I – QUESTIONÁRIO DA AGÊNCIA DE PORTO MURTINHO ........ 78

Page 10: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

9

1 INTRODUÇÃO

O emblemático Pórtico da Marinha do Brasil, localizado no Complexo Naval

de Ladário, réplica do Arco do Triunfo, do Champs Elisées, representa a

consolidação da conquista da fronteira oeste brasileira, construída após violentas

disputas territoriais, tanto na vigência do Tratado de Tordesilhas como após a

Independência do Brasil. As Forças Armadas, no Império e na República, garantiram

a integridade política, ocupando, defendendo e recuperando territórios invadidos.

Em Cuiabá, atual capital de Mato Grosso, a Marinha inicia formalmente suas

atividades em 19/02/1827 com a criação do Arsenal de Marinha da província de

Mato Grosso e, em 15/11/1829, dispõe de seu primeiro Comando de Força Naval

composto por canhoneiras. No entanto, os primórdios da Força Naval remontam à

Flotilha de Canoas Artilhadas, embarcações de troncos inteiros esculpidos sob

técnica indígena, fundamentais para cumprir os objetivos do colonialismo português

com fundações de povoamentos e fortificações, nas margens opostas dos rios

Paraguai e Guaporé e que negavam o uso dos rios e margens aos jesuítas e

espanhóis. Em 1825, sob os auspícios do Brasil livre e independente, o Governo

Imperial resolve construir seis barcas canhoneiras, resultando na criação do citado

Arsenal (COSTA, 2013).

Decorrente da Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870), verifica-se a

necessidade de reforçar a defesa a jusante do Rio Paraguai; soma-se a essa

realidade a enchente que afetou o funcionamento do Arsenal e a carência de

material, em Cuiabá. A partir de 1873, a Marinha transfere o Trem Naval de Mato

Grosso (Arsenal, canhoneiras e Companhia de Imperiais Marinheiros) para Ladário,

ocupando posição estratégica na Hidrovia e podendo desfrutar do intenso comércio

em Corumbá, que já existia antes mesmo da Guerra do Paraguai (CAMPESTRINI,

2002). Desde então, a Marinha cria raízes no Pantanal Matogrossense, atraindo

prosperidade econômica para o porto de Corumbá, cristalizando os limites

fronteiriços e ampliando os investimentos na estrutura militar no oeste Brasileiro.

Pode-se dizer que o trecho de fronteira do Pantanal foi construído sob o trinômio

Defesa, Segurança e Desenvolvimento, sob concepção política da segunda metade

do Século XIX.

Page 11: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

10

Estudar a presença da Marinha do Brasil na fronteira com a Bolívia e o

Paraguai, em especial na faixa do Rio Paraguai, que se estende de Cáceres a Porto

Murtinho, sob perspectiva geopolítica, exige posicionamento intelectual

aparentemente paradoxal, na medida em que se deve considerar a abordagem

antropológica de que a fronteira geográfica de uma nação carrega as noções de

fronteira cultural, étnica, social e econômica, sem limites perfeitamente precisos -

fronteira feita por pessoas - e, simultaneamente, deve-se defender a fronteira política

com o conceito imanente da rigidez espacial que delimita o poder do Estado

exercendo a soberania plena (COSTA,2013). Acrescenta-se, também, que o

conceito de fronteira torna-se menos perceptível com o rotineiro, dinâmico e

constante trânsito de pessoas e bens, peculiar às cidades gêmeas, acentuado com

os efeitos da rapidez de comunicação das modernas tecnologias de informação e da

globalização da economia, como ocorre entre as cidades de Corumbá, do Brasil, e

Puerto Soarez, da Bolívia. Como pano de fundo, ressalta-se que os países da

América do Sul têm buscado construir e afirmar suas soberanias promovendo os

desenvolvimentos econômico e social, sob um consenso de que é necessária a

mútua cooperação.

No âmbito interno à fronteira brasileira, torna-se fundamental que os

municípios brasileiros situados na faixa de fronteira estejam com considerável grau

de integração à nação brasileira; neste sentido o ordenamento jurídico e órgãos do

atual aparelhamento estatal cumprem o papel de afirmação de cidadania e

nacionalidade que, outrora, fora essencialmente desempenhado pelos militares. Tais

circunstâncias revelam a importância da faixa de fronteira como lugar que exige

políticas específicas que cuidem das pessoas que nela vivem e proteja as riquezas

nacionais.

No que se refere à defesa, a fronteira tem tratamento diferenciado desde a

Lei Imperial no 601/1850 que proibia a venda de terras na faixa de 10 léguas da

fronteira. A importância da faixa de fronteira, com largura de 150km, foi

recepcionada na Constituição Federal de 1988, considerando-a bem da União,

indispensável à segurança do território nacional, e mantendo as regulações

conferidas por meio da Lei no 6.634/79 e regulamentações do Decreto no

85.064/80. Com relação ao aparelhamento militar, merece destaque o marco legal

da Estratégia Nacional de Defesa (END), Decreto nº 6.703, de 18/12/2008, ratificado

pelo Decreto Legislativo nº 373/2013 que estabelece diretrizes para organizar as

Page 12: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

11

Forças Armadas (FA) devendo haver adensamento da presença de unidades das FA

nas fronteiras com adequado monitoramento, controle e mobilidade das unidades.

No que tange à segurança, o Plano Estratégico de Fronteiras, Decreto no

7.496/2011, sob a égide da previsão constitucional de Garantia da Lei e da Ordem

(GLO), estabelece, como objetivo, a execução de ações conjuntas entre os órgãos

de segurança pública, federais e estaduais, as FA e a Secretaria da Receita Federal.

A policialização das FA na fronteira, que consiste no uso das FA para realizarem

atividade de polícia, constrói marco legal significativo, na medida em que busca

inseri-las na execução de ações de segurança de forma perene e resgata a histórica

vocação das mesmas como atores ativos nas diversas Políticas de Estado,

articulando-as com as entidades governamentais mobilizadas para integrar a

fronteira à nação.

Com relação ao desenvolvimento, observa-se que os planos e programas de

desenvolvimento da faixa de fronteira, nos níveis Federal e Estadual, apresentam

mapeamento das atividades econômicas existentes, basicamente do setor primário

da economia, com estímulos ao financiamento privado, ações sociais e obras

estruturantes. Destaca-se a formatação participativa desses planos e programas ao

buscarem envolver diversos setores da administração pública. Tal metodologia cria a

oportunidade para as FA contribuírem efetivamente com o desenvolvimento regional.

O presente estudo busca avaliar a importância estratégica da Marinha do

Brasil na fronteira oeste do Brasil, em especial a atuação do Comando do 6º Distrito

Naval (Com60DN) como expressão militar que contribui nas estratégias de

segurança e de desenvolvimento nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do

Sul, em especial a região do Pantanal.

Considerando a atual base legal e normativa como principal fonte teórica,

complementada com estudos acadêmicos e questionários com agentes públicos, o

presente estudo, inicialmente, abordará como está a estrutura de meios e

capacidades do Com6ºDN, após retrospecto histórico e dimensionamento

geográfico/econômico da área de atuação. Neste tópico, serão identificadas as

principais ações de segurança, defesa e social que são concretamente realizadas

com o intuito de mostrar com fatos como se concretiza a presença naval.

Em seguida, serão colecionados os principais planejamentos

governamentais, procurando identificar as ações associadas ao desenvolvimento

econômico e segurança, mormente aquelas que consideram a Marinha do Brasil

Page 13: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

12

como partícipe, confrontando com as ações efetivamente realizadas que

incrementam a interoperabilidade entre os órgãos governamentais.

Na abordagem das relações internacionais, busca-se identificar ações ou

intenções que envolvam os países fronteiriços, traçando alguns aspectos das

realidades desses países relacionadas à segurança e desenvolvimento na região.

Em continuidade, serão traçadas algumas perspectivas para ampliar a

importância da Marinha do Brasil na Fronteira Oeste, como provedor de segurança e

facilitador da política de desenvolvimento da fronteira.

A reflexão do tema possui relevância acadêmica, na medida em que busca

trazer à discussão a importância da Marinha do Brasil como instituição que contribui,

secular e diretamente, para a defesa, a segurança e o desenvolvimento do Brasil,

atuando em águas interiores da faixa de fronteira caracterizada por vazios de

demografia, de oportunidades e de presença do Estado. No sentido pessoal do

autor, corumbaense, que conseguiu sair do mundo fronteiriço com a Bolívia e se

tornar Oficial Intendente da Marinha do Brasil, visa clarificar a inquietude na qual o

pantaneiro está tão longe e tão perto do Brasil.

Page 14: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

13

2 GEOGRAFIA E HISTÓRIA

Para compreender a presença da Marinha do Brasil no Pantanal, faz-se

necessário avaliar as condicionantes geográfica e econômica da Hidrovia do

Paraguai e a contextualização histórica da região.

2.1 HIDROVIA DO PARAGUAI

O Pantanal é uma das maiores extensões úmidas contínuas do mundo. A

vegetação predominante é a Savana Arborizada (Cerrado) e a Savana Florestada

(Cerradão). A região é habitada por cerca de 1,9 milhões de pessoas, equivalente a

1% da população brasileira, e os principais centros populacionais são Cuiabá (MT),

Várzea Grande (MT), Rondonópolis (MT), Corumbá (MS) e Cáceres (MT)

(AGÊNCIA,2013).

Economicamente, os rios possuem relevância, em que pesem as tradicionais

atividades de pesca e transporte de produtos regionais e de pessoas, quando

gerenciados como estrutura de Hidrovia.

O Plano Nacional de Integração Hidroviária considera, para efeito de

estudos e planejamento, que a Bacia do Paraguai possui os seguintes pólos de

atração de desenvolvimento inseridos em 3 microrregiões:

a) Cuiabá (MT), capital de Mato Grosso, localizado às margens do rio

Cuiabá, na microrregião de Cuiabá;

b) Cáceres (MT), na microrregião do Alto Pantanal, onde fica a nascente do

Rio Paraguai;

c) Corumbá (MS), constituída pelo extenso município de Corumbá, que tem

encravado na sua área o município de Ladário(MS), localizados na porção

norte da microrregião do Baixo Pantanal ;

d) Porto Murtinho (MS), na porção sul da microrregião do Baixo Pantanal.

Segundo Relatório Executivo da ANTAQ sobre a Bacia do Paraguai,

considera-se que a Hidrovia do Paraguai é formada, essencialmente, pelos rios

Cuiabá com seu prolongamento rio São Lourenço, com 980 km de extensão, desde

Rosário do Oeste (MT) até desembocar no rio Paraguai, e este que se estende por

Page 15: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

14

890 km, desde Cáceres (MT) até Porto Murtinho (MS). Ressalta-se que o Rio Cuiabá

é navegável desde o Rio Paraguai até Porto Jofre (MT), cerca de 435 km a jusante

de Cuiabá (MT) devido à perda de navegabilidade com os assoreamentos

resultantes da destruição das matas ciliares. Atualmente, embarcações de maior

calado (até 2 metros), incluindo os navios do Com6ºDN chegam a Cuiabá apenas na

época das cheias e somente pequenas embarcações trafegam até Rosário do

Oeste, a montante de Cuiabá.

O rio Paraguai assume o perfil de águas compartilhadas, por ser fronteira

natural no percurso em 48 km com a Bolívia e de 332 km com o Paraguai. Após

atravessar o Paraguai, o rio Paraguai, ao passar na Argentina, encontra o rio Paraná

que formará a Bacia do Prata, até alcançar a cidade de Nueva Palmira, no Uruguai

totalizando 3.442 km navegáveis desde Cáceres.

De acordo com a Administração da Hidrovia do Paraguai (AHIPAR),

responsável pela gestão da Bacia do Paraguai, a Hidrovia possui o seguinte

dimensionamento geográfico (ADMINISTRAÇÃO,2014):

Distribuição da Hidrovia

Mato Grosso: 485 km

Mato Grosso do Sul: 787 km

Brasil / Bolívia: 48 km

Brasil / Paraguai: 332 km

Paraguai: 557 km

Paraguai / Argentina: 375 km

Argentina: 1.240 km

Quadro 1 - Distribuição da Hidrovia do Paraguai

Fonte: Fórum da Integração Mercosul

A Hidrovia do Paraguai apresenta largura média de 700 metros e declividade

média de 3,2 centímetros por km. O regime hidrológico resume-se a um período de

águas altas (dezembro a abril) e de águas baixas (julho a novembro), soma-se ao

regime das águas as cheias e vazantes das lagoas do Pantanal que regulam o

ecossistema e o volume de água no Rio Paraguai. Cerca de 500 embarcações

Page 16: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

15

transitam por mês para transporte comercial, especialmente os comboios compostos

por barcaças e empurradores.

A Bacia do Paraguai, em conjunto com a Bacia do Rio Paraná, formam a

Hidrovia Paraguai-Paraná (HPP), que interliga Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai,

membros do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) e um de seus associados -

Bolívia. A Hidrovia foi criada em 1969, pelo Tratado da Bacia do Prata. Em 1989, foi

criado o Comitê Intergovernamental da Hidrovia do Paraguai (CIH), com sede em

Buenos Aires, que tem por finalidade realizar projetos pontuais; priorizar obras e

compatibilizar as leis aplicáveis a hidrovias para países da Bacia do Prata. No Brasil,

a AHIPAR é o órgão brasileiro responsável por acompanhar e executar as atividades

de manutenção, estudos, obras, serviços e exploração dos rios e portos na Bacia do

Paraguai. Tal Hidrovia, além de conferir elevado potencial de integração entre os

países, provê vantagem logística para o transporte de cargas em modal aquaviário,

reconhecidamente mais econômico e competitivo no mercado global.

Figura 1 - Esquema com início e fim da hidrovia, de Cáceres a Nueva Palmira

Fonte: LabTrans/UFSC

A diferença de distâncias assinaladas pela AHIPAR em Mato Grosso e o

estudo supramencionado da ANTAQ é uma questão de referencial. O estudo da

Page 17: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

16

ANTAQ já considera a navegabilidade e extensão da Hidrovia até cidade Rosário do

Oeste. Tornar navegável o rio Cuiabá é um dos projetos de desenvolvimento de

fortalecimento da Hidrovia, principalmente para o escoamento do agronegócio de

Mato Grosso. Tal opção logística é fator estrutural de flexibilidade, por ser solução

de contingência, caso os níveis dos rios da Bacia do Paraná-Tietê sofram perda de

volume de água, por falta de chuvas ou diante da necessidade de garantir o

fornecimento de energia para o sistema nacional de energia elétrica.

Figura 2 - Expansão da Hidrovia do Paraguai

Fonte: LabTrans/UFSC

Quanto à navegabilidade da Hidrovia do Paraguai, com viabilidade

econômica para a logística do agronegócio e de minério, está estabelecida a

seguinte configuração por trecho para uso de barcaças:

a) Trecho Cáceres-Corumbá (Tramo Norte) - Trafegam comboios de 2x3

barcaças. O canal possui 45m de largura e 1,80m de profundidade, com

calado médio de 6 pés durante 70% do ano. Nos outros 30%, o calado se

reduz para 5 pés, devido à formação de banco de areia, num trecho de 150

km próximo a cidade de Cáceres-MT;

b) Trecho Corumbá-Assunção (Tramo Sul) - Trafegam comboios de 4x4

barcaças, com chatas tipo jumbo, medindo 60 metros de comprimento e 12

Page 18: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

17

metros de largura, com capacidade para 20.000 a 25.000 toneladas, tendo

um calado médio de 10 pés durante 80% do ano;

c) Assunção a Santa Fé na Argentina - Comporta comboios de 4x5

barcaças, com calado de 3,2m e capacidade de até 36.000t; e

d) Santa Fé a Nueva Palmira no Uruguai - Trecho fluvial e marítimo,

comporta comboios com formação de 5x5 barcaças.

O cumprimento das configurações dos comboios das composições das

barcaças é essencial para garantir navegabilidade com segurança nas sinuosidades

dos rios, inclusive à noite. As montagens e desmontagens dos comboios resultam

em custos logísticos pela perda de tempo nos ajustes das composições, de acordo

com o trecho navegado. Portanto, à medida que o rio está mais ao sul, oferece

maior vantagem econômica, por redução de custo no transporte e transbordo de

cargas de minério e do agronegócio.

Os principais portos e terminais portuários instalados na Hidrovia do

Paraguai e respectivos produtos transportados são:

Porto de Cáceres - Localizado à margem esquerda do Rio Paraguai, na

região do Pantanal, no município de Cáceres (MT). Possui acessos

rodoviários para Cuiabá (MT), Rondônia e Bolívia, favorecendo a

multimodalidade. Escoa 58% da produção de soja e 69% da produção de

milho de Mato Grosso. A AHIPAR projeta a construção do Porto de

Morrinhos, a 80 km de Cáceres com ampliação de um ramal da ferrovia

Senador Vicente Vuolo (FERRONORTE) para suportar a expansão do

agronegócio, que estima produção, em 2022, de 39 milhões de toneladas de

carga ao ano (ADMINISTRAÇÃO,2014a);

Porto Aguirre (Bolívia) - Localizado no Canal do Tamengo, com acesso

rodoviário e ferroviário, em território boliviano. Conta com armazéns para até

40.000 toneladas de grãos de soja e capacidade de descarga de 200

toneladas por hora e de carga nas barcaças de 450 toneladas por hora. O

canal do Tamengo 1 é o acesso boliviano à hidrovia, junto à cidade de

Corumbá com restrições de navegabilidade;

1 O Canal do Tamengo é importante tema de discussão entre a Bolívia e o Brasil, por ser o principal acesso da Bolívia à HPP

e, consequentemente, ao Oceano Atlântico. Destacam-se as limitações estabelecidas pela Marinha do Brasil, quanto às

dimensões dos comboios em prol da segurança da navegação em face das reduzidas dimensões do Canal e da existência de

obstáculos naturais e artificiais na região. A Bolívia alega prejuízos com tais restrições e recorrentemente solicita revisões

dos critérios (MELO, 2004).

Page 19: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

18

Porto Gravetal (Bolívia) - Localizado no Canal do Tamengo, com acesso

rodoviário, em território boliviano. A indústria Gravetal Bolívia S/A possui

capacidade instalada de 180.000 toneladas para processar grãos de soja,

extraindo óleo, farinha e casca peletizada principalmente aos países da

Comunidade Andina de Nações (CAN), bloco econômico sul-americano

formado por Bolívia, Peru, Equador e Colômbia;

Porto de Corumbá - Localizado à margem direita do Rio Paraguai. É o

maior porto da região Centro-oeste e um dos maiores portos fluviais do

Brasil. Criado, em 1853, por meio de Decreto Imperial, contribui para fixar o

domínio na fronteira e romper com o isolamento. Em 1914, era o 3º maior

porto da América Latina. Atualmente, em que pese a estrutura existente,

opera essencialmente para apoiar o turismo (PORTO,2014);

Porto de Ladário - Localizado à margem direita do Rio Paraguai e distante

6km de Corumbá. A instalação de Ladário (MS) conta com dois berços

distintos: um para sacaria e outro para graneis sólidos, com armazém e pátio

externo, movimenta minério de ferro, trigo, farelo de soja e soja em grãos. O

porto tem acessos pela antiga Ferrovia Noroeste S/A e pela BR-262, que o

ligam à Campo Grande (MS). A Ferrovia Noroeste S/A, hoje, pertence à

América Latina Logística (ALL), Malha Oeste, liga até Bauru (SP) e está em

operação. A estrutura de intermodalidade conta com a existência do

aeroporto internacional em Corumbá;

TUP Sociedade Brasileira de Mineração Ltda (SOBRAMIL) - Localizado à

margem direita do Rio Paraguai, em Corumbá (MS), possui armazém com

capacidade de 20.000 toneladas e tem uma taxa diária de embarque de

10.000 toneladas por dia, de minério extraído do maciço do Urucum. O

acesso é feito pela antiga estrada do Urucum, que liga Corumbá (MS) a

Ladário (MS);

TUP Cimento Itaú Portland S/A (Grupo Votorantin) – Inaugurada em 1957

a fábrica de cimento está localizada na margem direita do Rio Paraguai, em

Corumbá (MS). Possui pequeno cais para exportação de cimento, descarga

de gesso e coque para utilização de sua fábrica e pátio para estocagem;

TUP Granel Química - Localizado no Rio Paraguai, em Ladário (MS),

possui armazéns com capacidade para 48.000 toneladas de grãos, área de

Page 20: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

19

45.000m2, sendo utilizada para minérios em estado bruto, e 06 tanques com

capacidade de 8.000 metros cúbicos, para movimentar derivados de

petróleo, álcool e óleos vegetais, por meio caminhões, barcaças fluviais e

vagões, com conexões ferroviárias para Santos (SP) e Santa Cruz de La

Sierra, na Bolívia;

TUP Gregório Curvo (VALE) - Localizado à margem esquerda do Rio

Paraguai, no distrito de Porto Esperança (MS), pertencente à Corumbá (MS).

É o principal porto da VALE para escoar a extração do Maciço do Urucum e

possui um pátio com capacidade de 250.000 toneladas. Possui acesso à

ferrovia da ALL e fica ao lado da ponte Barão do Rio Branco, importante

obra ferroviária que liga São Paulo à Bolívia, e tombada como patrimônio

histórico brasileiro em 2011. Esta e outras pontes transversais à hidrovia são

obstáculos que retardam o deslocamento dos comboios em face da

necessidade de montagem e desmontagem dos comboios; e

TUP Porto Murtinho - Localizado à margem esquerda do Rio Paraguai, no

quilômetro 996, no município de Porto Murtinho (MS), possui um armazém

com capacidade de 23.000 toneladas e cinta transportadora de 180

toneladas por hora, compatível com o agronegócio. O acesso ao terminal é

feito pela rodovia BR-267. A cidade de Porto Murtinho teve por origem a

criação do Porto Fluvial de Murtinho que apoiou a produção de erva-mate na

região.

Em 2013 foram transportadas 5,9 milhões de TON de carga, sendo 95%

referente a minério de ferro e manganês. Observa-se, no Anuário 2013 da ANTAQ,

que não há registro do transporte de soja e derivados, o que pode suscitar

vulnerabilidade na fiscalização tributária ou insuficiência na metodologia para

acompanhar a movimentação de carga e exploração econômica na Hidrovia do

Paraguai (AGÊNCIA,2014).

A projeção de movimentação de carga, de acordo com o Relatório Executivo

da ANTAQ, elaborado para subsidiar o Plano Nacional de Integração Hidroviária,

estima crescimento de carga movimentada, passando de 8,0 milhões TON em 2015,

para 22,9 milhões de TON em 2020; 31,7 milhões de TON em 2025 e 39,5 milhões

de TON em 2030, sem considerar transporte de petróleo, estimado em 29,1 milhões

de TON na região em 2030, por não vir a ser realizado na Hidrovia

(AGÊNCIA,2013).

Page 21: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

20

Considerando a área mais ampla de influência contígua à Hidrovia, o Plano

Nacional de Logística de Transporte projeta a demanda por transporte de 85,4

milhões de TON e que envolve a intermodalidade de meio de transporte com opção

de uso da Hidrovia.

Diante do exposto, pode-se afirmar que a Hidrovia do Paraguai reúne

condições para ser relevante alternativa logística para exportação de minério de

ferro com elevado potencial para escoamento da produção do agronegócio do Mato

Grosso do Sul e Mato Grosso. A sua consolidação, contudo, depende de

investimentos públicos e/ou privados para estender até Rosário do Oeste, tornando

a Hidrovia navegável, incluindo os 980 km do rio Cuiabá e compatível com os meios

de transporte fluvial de carga.

2.2 HISTÓRIA

Dos 04 municípios brasileiros localizados na faixa de fronteira e na Hidrovia

do Paraguai (Cáceres (MT), Corumbá/Ladário (MS) e Porto Murtinho (MS), merece

destaque a cidade de Corumbá que é o principal núcleo urbano na fronteira oeste,

cidade gêmea da cidade boliviana de Porto Suarez e cidade irmã de Ladário, sede

do Com6ºDN.

Corumbá, que significa lugar distante, em tupi-guarani, justifica

historicamente sua importância estratégica e política na região.

A partir de 1524, inicia a penetração portuguesa no Pantanal, com Aleixo

Garcia, que se dirigiu às minas do Peru, atravessando o Pantanal e sendo morto

pelos índios Paiaguás, no retorno da expedição. Ao final do Século XVI, o território,

hoje sul-matogrossense, já era todo conhecido, principalmente pelos espanhóis. Em

08/04/1719, nascia o arraial de Forquilha, origem de Cuiabá (MT), devido à corrida

do ouro. A robustez da ocupação e da máquina estatal ocorre em 1726, com

transporte de 3.000 pessoas, em 300 canoas, viajando durante 5 meses de São

Paulo até o arraial (CAMPESTRINI, 2002).

Tudo acontecia por causa do ouro fácil, sem haver preocupação de fixação

no território, servindo-se deste apenas como caminho para as minas. Assim,

priorizando a defesa oeste, para impedir os avanços dos espanhóis em busca do

mineral precioso, foram fundados Forte de Coimbra (1775) em ponto estratégico do

Rio Paraguai, atualmente a jusante de Corumbá; o Forte Príncipe da Beira (1776)

Page 22: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

21

em Rondônia; a Vila Maria do Paraguai (1778) atual Cáceres e a povoação de

Albuquerque (1778) hoje Corumbá.

Com a livre navegação no Rio Paraguai (1856) e chegada de comerciantes

estrangeiros, Corumbá progride rapidamente como porto de entreposto para as

mercadorias que seguiam para Cuiabá.

Independentes, Bolívia e Paraguai passam a reivindicar territórios ocupados

por brasileiros. Neste contexto, é deflagrada a Guerra do Paraguai (1864-1870), em

que pesem os esforços diplomáticos de negociação de limites territoriais e de uso do

rio Paraguai. Quando presidente Carlos Antônio Lopez, pai de Solano Lopez, o

alertara para tratar as questões com o Brasil sem o uso da força; contudo; o novo

presidente, confiante na capacidade militar, capaz de construir armamentos, navios,

pólvoras e dispondo de corpo técnico de médicos, engenheiros e de exército

superior a 70 mil homens treinados e disciplinados, preparou e executou guerra

contra o Império, concretizando a ocupação das terras do atual Mato Grosso do Sul

utilizando da assimetria de poder militar que dispunha na região.

A invasão paraguaia pelo Pantanal buscava tomar o Forte de Coimbra,

Albuquerque e Corumbá e explorar as circunvizinhanças, em especial, a apreensão

da intensa criação de gado do Barão de Vila Maria, para suprir suas tropas.

Pretendia-se, posteriormente, estender a invasão até Cuiabá. A 29/12/1864 os

invasores ocupam Forte de Coimbra; dia 01/01/1865 aportam em Albuquerque, já

abandonada, e chegaram à Vila de Corumbá em 04/01/1865, colocando os

brasileiros em dramática retirada para Cuiabá que, em linha reta, dista 430 km de

Corumbá.

A retomada de Corumbá, sob o comando do Tenente-Coronel Antônio Maria

Coelho, partiu de Cuiabá com 400 homens em 20 canoas, acampou no Morro do

Rabicho (atual Área de Adestramento do GptFNLa) e se pôs em marcha para

surpreender os paraguaios pela retaguarda. Em 13/06/1865, ocorre a retomada,

sendo mortos 160 dos 400 paraguaios, 27 aprisionados e os demais postos em fuga.

O Tenente-Coronel Antônio Maria Coelho contou com informação relevante de

Mariquinha, boa amiga do comandante paraguaio, confirmando que as trincheiras

paraguaias estavam voltadas para o rio, faltando informar que boa parte da tropa

paraguaia estava em enfermaria, sendo tratados da epidemia de varíola

(CAMPESTRINI, 2002).

Page 23: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

22

Com a retomada, Corumbá retorna ao período de progresso, principalmente

pela isenção tributária integral de exportação e importação, decretada pelo Governo

Imperial, em 1869, para o período de 10 anos. Em 1876, havia 03 linhas de navios a

vapor que partiam de Corumbá e percorriam o sistema do Rio da Prata, com linhas

regulares para o Rio de Janeiro, levando passageiros semanalmente ou

quinzenalmente para Assunção e Montevidéu. O porto fluvial de Corumbá tornou-se

um dos mais importantes do país até 1930 e Corumbá era o principal pólo comercial

do Estado de Mato Grosso.

Em 1872, era fundado o Arsenal de Marinha, em Ladário, e o censo, desse

mesmo ano registrava 3.361 habitantes em Corumbá, havendo 275 escravos e 647

estrangeiros, incluindo 225 paraguaios. O Brasil possuía 10 milhões de habitantes.

Em 1890, havia, em Corumbá, 8.414 habitantes, sendo 244 estrangeiros, incluindo

os de origem européia e libaneses, com população de 25,4% alfabetizados. Em

2.000, a população de Corumbá era de 95.704, sendo 9.551 na zona rural; em

Ladário era de 15.302, sendo 1.832 na zona rural e em Porto Murtinho era de

13.230, sendo 4.920 na zona rural.

Em 17/09/1903, o Brasil e Bolívia assinam o Tratado de Petrópolis, pondo

fim à questão do Acre. Em contrapartida, o Brasil pagou 2.000.000 de libras

esterlinas, construiu a estrada de Ferro Madeira-Mamoré e cedeu terras do Pantanal

e outras áreas do Mato Grosso do Sul, permitindo acesso da Bolívia à navegação do

Rio Paraguai. Registra-se que, dentre as negociações da Guerra do Chaco, entre

Bolívia e Paraguai, ficou estabelecida a construção de estrada de ferro conectando a

Bolívia ao Brasil. Medidas de consolidação da fronteira que afetaram quem vivia na

fronteira do Pantanal.

Com a construção da estrada de ferro Noroeste do Brasil, Corumbá perdeu a

importância política e econômica. Em 1914, Campo Grande inicia seu protagonismo

na região, com a chegada da via férrea, que só foi atingir Corumbá em 1953. O

lapso temporal de quase 40 anos, para integrar Corumbá à logística da produção

nacional, foi decisivo para interromper o processo desenvolvimentista que havia na

fronteira oeste. A ferrovia levou o progresso de Corumbá.

Politicamente, a importância de Corumbá torna-se ainda mais periférica com

a criação do estado de Mato Grosso do Sul, em 24/08/1977, diante das prioridades e

interesses das lideranças políticas de Campo Grande. Registra-se que a ponte

rodoviária sobre o Rio Paraguai somente foi construída ao final do Século XX por

Page 24: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

23

haver interesse em dispor de mais uma rota para o oceano pacífico (CAMPESTRINI,

2002).

Com o deslocamento do eixo comercial para Campo Grande, os grandes

comerciantes locais mudaram-se e Corumbá passou a priorizar a exploração

mineral, a partir da década de 40, com o calcáreo para produção de cimento, e

continuou com a agropecuária. No fim dos anos 70, o turismo passou a ser

explorado, revelando nova infraestrutura e viabilizando a restauração das

construções históricas (CORUMBÁ,2014).

2.2.1 História Naval

Além da evolução histórica da estrutura que a Marinha do Brasil instalou na

fronteira oeste, anexo A, registra-se os meios navais que defenderam e defendem a

fronteira oeste:

a) Em 1876, ano de criação da Flotilha :

I - Navios armados: Encouraçado "Tamandaré"; Canhoneira mista "Forte de

Coimbra"; e Canhoneiras de rodas "Fernandes Vieira" e "Taquari".

II - Navios auxiliares: Monitores "Piauí", "Ceará", "Pará" e "Santa Catarina";

Vapores de rodas "Corumbá" e "Antônio João"; 8 lanchas a vapor; 3 pontões; 2

pequenos vapores sendo 1 a hélice; 3 chatas; 1 chalana e 1 lancha a remos.

b) Em 1905, a Flotilha possuía a seguinte composição: Encouraçado

"Bahia"; Canhoneiras "Carioca" e "Iniciadora"; e Aviso "Fernandes Vieira".

c) Em 1914: Aviso "Fernades Vieira"; Aviso "Vidal de Negreiros"; Aviso

"Oiapoque"; Caça-torpedeiro "Gustavo Sampaio"; e Monitor "Pernambuco".

d) Incorporou-se à Flotilha, em 1937, como capitânea, o Monitor "Parnaíba"

e, em 1938, chegaram o navio tanque "Potengi" e o Monitor "Paraguaçu".

e) Atualmente, são os seguintes os meios subordinados com o respectivo

ano de incorporação à Flotilha: U-17 - Monitor Parnaíba (1937); G–17 - Navio de

Apoio Logístico Fluvial Potengi (1938); G-15 - Navio-Transporte Fluvial Paraguassu

(1972); U-29 - Aviso Transporte Fluvial Piraim (1982); do Grupo de Embarcações de

Patrulha e Desembarque (1985); P-15 - Navio Patrulha Poti (1993); P-11 - Navio

Patrulha Pirajá (1995); P–14 - Navio Patrulha Penedo (1999); P-10 - Navio Patrulha

Piratini (1999); U-28 - Navio de Assistência Hospitalar Tenente Maximiano (2009); G-

16 - Navio-Transporte Fluvial Almirante Leverger (2014).

Page 25: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

24

3 ESTRUTURA E ATIVIDADES DO COM6ºDN

Diante da contextualização histórica, geográfica e econômica, a Marinha do

Brasil afirma sua identidade institucional na fronteira oeste, cumprindo políticas

públicas de variadas magnitudes e intensidades.

A atual narrativa da presença naval é compreendida por meio da crescente

estruturação das Organizações Militares para cumprir as tarefas regimentalmente

estabelecidas e, principalmente, da análise das ações permanentemente

empreendidas que traduzem, de acordo com o tipo de ação, a pluralidade e

comprometimento da estrutura militar, ora defendendo o país, ora contribuindo com

o desenvolvimento e segurança do país.

3.1 ESTRUTURA

A Marinha do Brasil está presente na fronteira oeste com a efetiva atuação

do Com6ºDN e suas Organizações Militares subordinadas, que se concentram no

Complexo Naval em Ladário, com exceção da Capitania Fluvial do Pantanal, em

Corumbá, da Delegacia Fluvial de Cuiabá e Agências da Capitania dos Portos em

Cáceres e Porto Murtinho.

Para o cumprimento de sua missão, o Com6ºDN tem 24 (vinte e quatro)

tarefas estabelecidas regimentalmente, destacando-se aquelas relacionadas à

segurança e ao desenvolvimento:

a) Executar operações navais, aeronavais, de fuzileiros navais e terrestres

de caráter naval;

b) Contribuir para a segurança do tráfego aquaviário, no que se refere à

salvaguarda da vida humana e à segurança da navegação;

c) Implementar e fiscalizar o cumprimento de leis e regulamentos, atuando,

quando necessário, em coordenação com outros órgãos públicos;

d) Coordenar e controlar as atividades de patrulha naval, inspeção naval e

socorro e salvamento;

e) Acompanhar o tráfego fluvial e controlar a movimentação de meios navais

nacionais e estrangeiros;

f) Cooperar com o desenvolvimento nacional e a de defesa civil

g) Atuar, por meio de ações preventivas e repressivas, na faixa de fronteira

terrestre, independentemente da posse, da propriedade, da finalidade ou qualquer

Page 26: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

25

gravame, contra delitos transfonteiriços e ambientais, isoladamente ou em

coordenação com ouros órgãos do Poder Executivo, executando, dentre outras

ações - patrulhamento; revista de pessoas/ veículos/ embarcações e aeronaves;

prisões em flagrante delito;

h) Supervisionar as atividades de assistência cívico-social (ACISO) às

populações ribeirinhas; e

i) Exercer as atribuições relativas ao representante da Autoridade Marítima.

O Com60DN realiza diretamente, dentre outras, atividades a comunicação

social, que inclui o funcionamento da Rádio Marinha FM, na frequência 105,9 MHz,

transmitindo mensagens, informações de utilidade pública e auxiliando no

recrutamento com disseminação dos diversos processos seletivos da Marinha do

Brasil e, ao nível distrital, da contratação anual, em caráter temporário, de

aproximadamente 130 jovens para o Serviço Militar Obrigatório e de 50 profissionais

com níveis médio e superior de ensino.

As seguintes OM são subordinadas ao Com6ºDN (COSENZA,2014):

a) Base Fluvial de Ladário (BFLa) - O aviso ministerial de 07/01/1873 criou o

Arsenal de Marinha de Ladário, que recepcionou o pessoal e material do extinto

Arsenal de Marinha da Província de Mato-Grosso, em Cuiabá, e do Arsenal de

Reparações da Ilha de Cerrito, que apoiava as operações da esquadra no Rio da

Prata. Em 18/10/1955 passa a denominar-se Base Fluvial de Ladário. A OM dispõe

de cais, oficinas, carreira e dique, além de pessoal continuamente qualificado para

realizar diretamente ou fiscalizar contratação terceirizada para suportar a reparação

dos meios navais da Marinha do Brasil e de terceiros incluindo grandes reparos

estruturais. É uma das principais estruturas industriais para manutenção de navios e

embarcações na HPP.

b) Comando da Flotilha de Mato Grosso (ComFlotMT) - Possui 10 (dez)

navios subordinados e tem por missão executar operações ribeirinhas, exercer a

patrulha naval, cooperar em ações de inspeção naval, efetuar busca, socorro e

salvamento fluvial e prestar ACISO às populações ribeirinhas. Desde 1998, o poder

naval foi substancialmente incrementado com a modernização do Monitor Parnaíba,

navio mais antigo da Marinha do Brasil e em atividade há 76 anos, que incluiu a

construção de convôo para operar helicóptero; a conversão do Navio-Tanque

Potengi em Navio de Apoio Logístico Fluvial conferindo maior capacidade logística

Page 27: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

26

móvel com estrutura para suprir óleo diesel, lubrificante, querosene de aviação, água

potável, munição, sobressalentes, gêneros secos e frigorificados aos meios

operativos, além de transportar tropa; aquisição de navio com subsequente

adaptação e conversão em Navio de Assistência Hospitalar Tenente Maximiano e,

em 01/11/2013, aquisição do navio Albatroz, utilizado por empresa de turismo da

região, a ser adaptado para Navio de Transporte Fluvial Leverger. A atual

quantidade de meios navais do Comando da Flotilha se equipara, numericamente,

ao que existia quando de sua ativação em 1876.

c) Grupamento de Fuzileiros Navais de Ladário (GptFNLa) - A extinta

Primeira Companhia Regional de Fuzileiros Navais, chegou em Ladário a

05/01/1933. Em 1942, passou a ocupar o prédio que fora da Aviação Naval, onde

atualmente permanece. Em 1995, a Marinha do Brasil adquiriu a fazenda de 11

glebas que corresponde à Área de Adestramento do Rabicho possibilitando

incremento significativo nas operações ribeirinhas. A OM está estruturada como

unidade de combate para emprego em operações ribeirinhas e que pode ser

reforçada por destacamentos da Força de Fuzileiros da Esquadra.

d) 4º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (EsqdHU-4) - Antes da

criação do Esquadrão, em 06/06/1995, a aviação naval esteve presente no Pantanal

com a Primeira Divisão de Esclarecimento e Bombardeio em 1932. No dia

11/11/2013, o EsqdHU-4 completou 12.000 horas de vôo, operando as aeronaves

(esquilo) UH-12 de 1995 a 2004, IH-6B de 2004 a 2011 e novamente UH-12 desde o

ano de 2012. O Esquadrão HU-4 cumpre tarefas de esclarecimento, busca e

salvamento, evacuação aeromédica e transporte de pessoal e material, além das

missões operativas.

e) Capitania Fluvial do Pantanal (CFPN) / Delegacia Fluvial de Cuiabá e

Agências da Capitania dos Portos em Cáceres e Porto Murtinho - A distribuição

espacial no território justifica-se pela natureza de suas atividades. Tais OM integram

o Sistema de Segurança do Tráfego Aquaviário (SSTA) orientando e fiscalizando as

águas jurisdicionais, mormente na aplicação das normas emanadas pela Autoridade

Marítima, que é a Marinha do Brasil, em prol da salvaguarda da vida humana nas

águas, prevenção da poluição hídrica e segurança do tráfego aquaviário nos rios e

lagoas do pantanal e demais águas interiores da jurisdição do 6° Distrito Naval.

f) Serviço de Sinalização Náutica do Oeste (SSN-6) - Criado em 1955,

contribui com a segurança da navegação implementando, operando, mantendo,

Page 28: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

27

instalando ou desativando sinais de auxílio à navegação, propondo modificações

nos sinais, de acordo com o levantamento batimétrico, bem como fiscaliza e controla

o estabelecimento e funcionamento de sinais operados por outros órgãos públicos

ou privados. Realiza continuamente levantamento hidrográfico, a fim de subsidiar

atualizações de cartas náuticas processadas pelo Centro de Hidrografia da Marinha.

O trabalho do SSN-6 é fundamental para o desenvolvimento econômico da região na

medida em que define o caminho seguro na Hidrovia para garantir o tráfego das

balsas, bem como na geração de subsídios para os necessários investimentos de

ampliação da Hidrovia ou demais atividades econômicas que venham a se

estabelecer nos rios da região.

g) Hospital Naval de Ladário (HNLa) - Ocupando prédio que fora do Quartel

de Marinheiros, com algumas adaptações, foi instalado, em 1943, o Hospital

Regional de Ladário, passando à atual denominação em 1955. Sob a subordinação

técnica e administrativa da Diretoria de Saúde da Marinha realiza atividades de

medicina assistencial, de medicina operativa e parcela de medicina pericial na área

distrital. Os profissionais da saúde embarcam nos navios do ComFlotMT para

prestar ACISO às populações ribeirinhas.

h) Centro de Intendência da Marinha em Ladário (CeIMLa) - Criado em

1995, foi OM protótipo que ratificou a adoção, para os demais Distritos Navais, de

moderna e enxuta estrutura de gestão que centraliza o processo pagamento do

pessoal; as atividades de licitação, contratação e execução financeira do orçamento

da União das OM do 6º DN (exceto a Base Fluvial de Ladário e Hospital de Naval de

Ladário), bem como suprir os materiais de diversas categorias (gêneros,

combustível, lubrificante, munição, sobressalente, uniformes, material de expediente

e outros) catalogados na linha de fornecimento do Sistema de Abastecimento da

Marinha.

O Centro de Intendência da Marinha em Ladário, juntamente com a Base

Fluvial de Ladário e Hospital Naval de Ladário compõem a estrutura logística fixa

que oferece suporte para que as demais OM se dediquem às ações executivas,

invariavelmente, a longas distâncias e de vazios demográficos habitados por

brasileiros.

Page 29: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

28

3.2 ATIVIDADES

As atividades desenvolvidas pelo Com60DN são continuamente divulgadas

na mídia local e, internamente, nos meios de comunicação da Marinha do Brasil.

O presente levantamento das atividades tem como fonte as matérias

encaminhadas pela Assessoria de Comunicação Social do Com6ºDN para o

periódico NOMAR, do Centro de Comunicação Social da Marinha do Brasil, no

período de 2013 e 2014, e os questionários (anexos de B, F a I) respondidos pelas

Organizações Militares.

Conhecer, ainda que parcialmente, as variadas atuações da Marinha do

Brasil busca construir uma noção da natureza do trabalho de forma isolada ou na

interoperabilidade com outros órgãos governamentais. A apresentação realista das

atividades desenvolvidas constitui a essência do presente estudo, que visa mostrar

como se realiza a presença naval na fronteira oeste.

3.2.1 Militar e Segurança

a) Como parte da Operação “Ágata 7”, em 2013, 02 militares da Força

Nacional, 01 agente da Polícia Federal e 03 militares da Marinha do Brasil

realizaram Inspeção Naval no Rio Paraguai, em busca de entorpecentes, a bordo de

embarcações. O Com6°DN participou com 600 militares, 04 navios, 16 lanchas, 01

companhia do GptFNLa e 01 aeronave UH-12. Foi utilizado cão farejador da Força

Nacional para buscar entorpecentes a bordo de embarcações inspecionadas. Sobre

a “Ágata 7" o Comandante do 6°DN, Contra-Almirante Edervaldo Teixeira de Abreu

Filho, declarou que a missão era conduzir operações militares repressivas em

coordenação com outros Órgão de Segurança Pública dos Estados de MS e MT

para combater os ilícitos de roubo de gado, contrabando e descaminho, tráfico de

drogas e armas, roubo de cargas e veículos roubados;

b) Realizados, em 2013, os exercícios operativos RIBEIREX, Aspirantex,

NINFA, Platina, ACRUX, BRASBOL, Quebracho e Cáceres. Destaca-se a Operação

RIBEIREX, que tem por propósito adestrar os meios subordinados na realização de

Operações Ribeirinhas com ações de desembarque por superfície, tomada de

pontos estratégicos em terra, defesa de base de combate flutuante, controle do

tráfego fluvial e, como tarefa principal, evacuação de brasileiros não combatentes

em uma região hostil de países onde exista uma ameaça à sua segurança ou uma

Page 30: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

29

situação de calamidade, além de militares brasileiros impossibilitados de prover

adequadamente sua autodefesa ;

c) Realizado, em AGO/2013, exercício INTERPORTEX OESTE, com a

finalidade de garantir a segurança dos Portos ou TUP na área de Corumbá e Ladário

simulando a proteção do patrimônio portuário nacional na área de jurisdição do 6°

DN;

d) Aquisição do navio “Albatroz” que, após algumas modificações, passou a

ser o Navio de Transporte Fluvial Leverger, com a capacidade de transportar 130

militares. Segundo o Contra-Almirante Edervaldo Teixeira de Abreu Filho isto foi um

excelente negócio realizado pela Marinha do Brasil, contribuindo para dissuasão e

incrementando a projeção de Poder; e

e) Recebimento, em 2013, de ampla área para a construção das edificações

do Batalhão de Operações Ribeirinhas de Ladário (BtlOpRibLa). A transformação do

GPTFNLa em BtlOpRib denota a preocupação da Marinha com a presença nas

calhas fluviais da fronteira Oeste, ampliando a capacidade na realização de

Operações Ribeirinhas e controle das principais áreas focais da HPP,

compreendendo as cidades de Corumbá/Ladário e Foz do Iguaçu. Também

aumentará a segurança nas fronteiras, com vistas à dissuasão da concentração de

forças hostis nos limites terrestres e contribuirá para a proteção do meio ambiente

na Área de Proteção Ambiental “Baia Negra".

3.2.2 Social

a) O Navio de Assistência Hospitalar “Tenente Maximiano” (U-28) realiza

ACISO nas cidades e fazendas da região, atracando ou abarrancando em alguma

comunidade ou por meio de deslocamento de equipe, por lanchas, até as

habitações, ainda que vazias, localizadas nas margens das lagoas e rios. Desde

2009, o U-28 realizou 41 comissões, visitando 252 localidades, prestando

assistência médico-hospitalar, odontológica e sanitária, com aplicação de vacinas e

distribuição gratuita de medicamentos, conforme consta no anexo C. As localidades

e quantitativo de pessoas atendidas nos tramos norte, de Cáceres e Cuiabá, e sul

estão consolidados no anexo D conforme informações prestadas pelo Navio.

Percebe-se, no anexo D, como se apresenta a distribuição da população no vazio

demográfico e que, apesar disso, a Marinha do Brasil atende qualquer morador do

Page 31: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

30

Pantanal, superando os desafios da acessibilidade. O U-28 navegou, em 2012, 158

dias e, em 2013, 150,5 dias apoiando a população ribeirinha, sem contabilizar os

dias quando atracado nos portos dos municípios, conforme consta no anexo E, que

também apresenta dias navegados dos demais meios navais no período de 2001 a

2014;

b) Durante as Operações Militares e em ações pontuais o Com6ºDN realiza

reformas em escolas, logradouros públicos e outras instalações de uso público, tais

como:

i - Durante a Operação "Ágata 7" foram reformadas 03 escolas municipais,

em Porto Murtinho, em parceria com o Exército e a Força Aérea;

ii - Reforma da Creche Rosa Pedrossian em Ladário-MS e a Escola

Municipal Delcídio do Amaral na cidade de Corumbá-MS em maio/2013;

iii - No dia 07/06/2013, o Com6°DN entregou a obra realizada na Casa de

Acolhimento Infantil de Ladário-MS, como parte das comemorações alusivas a Data

Magna da Marinha - Batalha Naval do Riachuelo;

iv - No dia 04/10/2013 a Embarcação de Apoio Fluvial LEVERGER, do

ComFlotMT, reparou gerador de emergência do Hospital Municipal Oscar Ramires

Pereira, em Porto Murtinho-MS, que estava inoperante a mais de 01 ano;

v - No período de 09 a 30/09/2013 foram reformadas 04 salas de aula

destinadas a 180 alunos da Banda Municipal Manoel Florêncio, em parceria com a

Prefeitura Municipal de Corumbá, que forneceu o material;

vi - Revitalização da Locomotiva “Pérola do Pantanal” e da praça Almirante

“Gastão Brasil”(ex comandante do 6ºDN – 1965 a 1966). A Locomotiva “Pérola do

Pantanal” foi utilizada, a partir da década de 40, para apoiar o ComFlotMT;

vii - Realização de obras de reforma, em 2013 e 2014, em Ladário, da

Escola Municipal Nelson Mangabeira, que atende 290 alunos, e do Posto de Saúde

Dr. João Fernandes e, em Corumbá, da Escola Municipal Fernando de Barros, do

Centro de Educação Infantil Maria Candelária Pereira de Leite, beneficiando 1200

alunos, e do Estabelecimento Penal Feminino Carlos Alberto Jonas Giordano; e

viii - Atendendo pedido de ajuda dos professores, o Com6ºDN reformou, no

período de 08 a 22/02/2014, a Escola Rural Pólo Porto Esperança, localizada na

Fazenda Santa Mônica na região do Pantanal do Paiaguás. A Escola, no dia

28/01/2014, foi atingida por um vendaval que arrancou totalmente os telhados,

Page 32: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

31

ficando parcialmente destruída. Os Fuzileiros Navais foram levados até a localidade

pelo U-28, que já navegava na proximidade por ocasião da Operação Amazônia

Azul/2014. A escola abriga, em tempo integral e internato, 40 crianças do Ensino

Fundamental do 1º ao 5º ano e que moram na redondeza, em torno de 100km

dentro do Pantanal. Muitos dos alunos necessitam de 6 horas de viagem em trator

para chegar à escola.

c) O Programa Segundo Tempo – Forças no Esporte (PST-PROFESP) é

desenvolvido pelo GptFNLa, em cumprimento ao convênio entre o Ministério da

Defesa, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e Ministério do

Esporte. Regionalmente, o programa conta com o apoio das prefeituras, a fim de

atender 200 crianças e adolescentes das cidades de Corumbá e de Ladário, com o

propósito de democratizar o acesso à prática esportiva, bem como reforçar

atividades educacionais. Estas atividades são realizadas no contra-turno escolar,

contribuindo para a colocação social, bem estar físico, promoção da saúde e

desenvolvimento de crianças e adolescentes que se encontrem em situação de

vulnerabilidade social; e

d) A disponibilidade de helicópteros confere recurso fundamental para salvar

vidas em situação de urgência, por meio de Evacuação Aeromédica (EVAM), nas

áreas de difícil acessibilidade no Pantanal. Até OUT/2013, foram 05 EVAM como por

exemplo o caso do Sr. Eusébio Barbosa, de 50 anos, picado por jararaca e que

andou 5 horas até uma fazenda para realizar contato telefônico e pedir ajuda no dia

30/10/2013, em Porto Junqueira, próximo ao Rio Taquari, a cerca de 120km de

Corumbá.

3.2.3 Desenvolvimento

a) De forma direta, a Marinha do Brasil tem importância econômica para as

cidades de Corumbá e Ladário, com os recursos injetados mensalmente na

economia local, bem como para as cidades Bolivianas de Porto Quijarro e Porto

Suarez, com pagamento dos soldos e salários ao pessoal, militar e civil, além das

contratações de compras e serviços governamentais que geram empregos na

atividade privada.

Conforme consta nos questionários da BFLa, CeIMLa e HNLa, Unidades

Gestoras Executantes do orçamento público federal, a manutenção e investimento

Page 33: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

32

da Marinha do Brasil na área do 6°DN, em 2013, resultaram no montante

aproximado de R$ 46,2 milhões. Parte dos recursos públicos circula na economia

local, cita-se o pagamento de mais de 50% de despesas de saúde com clínicas

credenciadas em Corumbá. No entanto, considerável parcela desses recursos é

direcionada para fora dos municípios de Ladário e Corumbá, por se tratar de

despesas de concessionárias públicas ou por incapacidade do mercado local de

atender as demandas da Marinha do Brasil.

Com relação aos gastos dos militares, da ativa e inativos, e servidores civis,

o montante gira em torno de R$ 20 millhões mensais o que é significativo para

movimentar a economia local, ainda que a carga de endividamento pessoal

comprometa a maior disponibilidade desses recursos para o consumo local;

b) A estrutura de indústria naval da BFLa a torna referência na região

realizando reparo de navios e estruturas navais que trafegam no rio Paraguai

nacionais ou estrangeiras. Em 23/10/2013 BFLa realizou recuperação da

embarcação TAQUARI da 3ª Companhia de Fronteira de Forte Coimbra (3ª Cia

Fron/FC) do Exército Brasileiro (EB);

c) Em 2014 a BFLa firmou parceria com Instituto Federal de Mato Grosso do

Sul franqueando acesso às oficinas para cumprir grade curricular dos alunos do

Instituto e, em contrapartida, a instituição de ensino oferece cursos do interesse da

BFLa como soldagem, mecânica naval, caldeiraria, elétrica predial e naval;

d) Em 2009, o então Depósito Naval de Ladário, dirigido pelo autor, realizou

03 cursos de capacitação de fornecedores para licitações em Corumbá/Ladário, a

fim de ampliar a participação de empresas locais (Corumbá/ Ladário, Cáceres e

Porto Murtinho) nos processos de aquisição e contratações de serviço. Foram 43

representantes capacitados, dos quais 03 venceram certames licitatórios após o

curso. No mesmo sentido, a BFLa, em 2013, realizou palestras a agentes da

administração pública e aos fornecedores locais abordando as compras

governamentais efetivadas por meio do Sistema de Registro de Preços. Observou-

se modesto incremento de participações de empresas locais em processos

licitatórios publicados no segundo semestre de 2013 e primeiro trimestre de 2014;

e) Anualmente, são admitidos Oficiais da Reserva de 2ª Classe da Marinha

(RM2), cumprindo as normas de Serviço Militar Voluntário, de permanência de até

08 anos no Serviço Militar. Dessa forma, há retenção de mão-de-obra existente e

atrai para a região profissionais de nível superior de áreas como Medicina,

Page 34: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

33

Engenharia Mecânica, Engenharia Ambiental, Engenharia Cartográfica, Engenharia

de Produção, Engenharia Civil, Engenharia Elétrica, Informática, Letras, Direito,

Ciências Contábeis, Nutrição e Educação Física. Ademais, são admitidos,

anualmente, cerca de 130 Marinheiros Recrutas (MN-RC), em cumprimento ao

Serviço Militar Obrigatório, permitindo aos jovens da região a tradicional

oportunidade do primeiro emprego e vivenciando os valores militares;

f) As OM do SSTA ministram cursos de formação de aquaviários para

capacitar cidadãos em diversos municípios, a fim de comporem tripulações de

embarcações empregadas na região nas competências exigidas de Marinheiro

Fluvial Auxiliar de Convés, Nível 1 e do Marinheiro Fluvial Auxiliar de Máquinas,

qualificando-os para que, durante um ano de embarque, consolidem o conhecimento

e a proficiência necessários para exercício da função de Patrão de embarcações

com Arqueação Bruta até 10 TON e potência propulsora até 170 kW. Destaca-se a

formação de 23 alunos em Barão de Melgaço (MT), 23 alunos em Santo Antonio de

Leveger (MT), 20 alunos em Alta Floresta (MT) em área de influência do

planejamento da ANTAQ para expandir a Hidrovia do Paraguai.

Ainda na vertente de qualificar pessoal, as OM do SSTA ministram Curso

Especial para Tripulação de Embarcações de Estado no Serviço Público (ETSP)

para os órgãos públicos nos municípios de MT e MS a fim de operarem

embarcações, de acordo com a normatização da Autoridade Marítima. Esta

atividade estabelece importante vínculo institucional com os demais órgãos da

administração pública das 3 esferas de poder.

Compete, também, às OM do SSTA a concessão de Carteira de Habilitação

de Amador (CHA).

A CFPN, no período de 2011 a JUN/2014 realizou:

ATIVIDADE 2011 2012 2013 JUN/2014

ALUNOS

CAPACITADOS

315 533 450 300

CONCESSÃO

DE CHA

908 1456 948 296

Atividades da CFPN

Fonte: Questionário do Com6ºDN

Page 35: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

34

g) Anualmente, realiza-se, juntamente com a Armada do Paraguai, a

comissão SONDOPE, com a finalidade de atualizar os dados hidrográficos do Rio

Paraguai, a partir da foz do Rio Apa. Em 2014, foram sondados 175km do Rio

Paraguai e verificadas as condições de navegabilidade em 22 trechos que oferecem

maiores riscos, devido aos bancos de areia e canais estreitos de navegação. Na

SONDOPE 2014, foram aplicadas novas tecnologias, com o teste de navegação das

cartas náuticas eletrônicas IENC (Inland Eletronic Navigation Chart) e a coleta de

dados, a partir da tecnologia SideScan que é um sistema sonar utilizado para busca

e detecção de objetos no leito do rio Paraguai;

h) No período de 09 a 23/MAI/2014, o SSN-6 realizou a comissão de

balizamento Tramo Norte III, no Rio Paraguai entre as cidades de Corumbá-MS e

Cáceres-MT e cumpriu a agenda de inspeção anual do balizamento prevista no

TERMO DE COOPERAÇÃO nº 370/2009-DAQ-DNIT, celebrado entre o

Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e a Marinha do

Brasil (MB); e

i) A Marinha do Brasil adquiriu a embarcação “Sereia do Pantanal” da

Empresa Drefhi Turismo LTDA - ME, que, após adaptações para ser Aviso

Hidrográfico Fluvial, será o primeiro navio subordinado ao SSN-6, e que executará

as tarefas principais de cartografia e manutenção e instalação de sinalização

náutica, contribuindo assim para elevar o nível de segurança do tráfego aquaviário

na região.

3.2.4 Relações Internacionais

a) Os navios e militares do Com60DN realizam, anualmente, a Comissão

“Platina”. Desde 1950, a Comissão tem o propósito de estreitar os laços de amizade

entre Brasil e Paraguai, representando a Marinha do Brasil nas comemorações

alusivas à Independência da República do Paraguai. Nos últimos 4 anos o Com6ºDN

realizou reformas na escola “Republica Del Brasil”, como evento da comemoração;

b) Por ocasião do regresso da Operação Multinacional ACRUX VI, os navios

do ComFlotMT participaram dos festejos alusivos ao Dia da Bandeira Argentina

realizados na cidade de Rosário em 20/06/2013. Os navios atracaram, pela primeira

vez, no cais do “Puerto Nuevo”, recebendo aproximadamente 5.000 visitantes;

Page 36: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

35

c) A Armada Boliviana recebe apoio da Marinha do Brasil, por meio de

manutenção de Lancha Patrulha, Curso de Combate a Incêndio e Controle de

Avarias. Em 2013, foram doadas 3 balsas salva-vidas para a Armada Boliviana. O

bom relacionamento é fundamental para criar o ambiente de cooperação, em

especial na gestão de acesso à Hidrovia do Paraguai por meio do canal do

Tamengo;

d) Bianualmente, é realizada a Operação NINFA, para familiarização dos

meios operativos da Marinha do Brasil e a Armada do Paraguai e, anualmente, é

realizada a Operação Combinada BRASBOL a fim de estabelecer ação de presença

no exterior e estreitar os laços de confiança; e

e) Bianualmente, é realizada Reunião de Distritos Navais Fronteiriços,

entre o Com6ºDN e o Comando do 5º Distrito Naval “Santa Cruz” da Armada

Boliviana. As Reuniões ocorrem desde 1999 e os acordos firmados têm contribuído

para fomentar a confiança mútua, o intercâmbio de conhecimentos, coordenar as

ações e permitir o apoio entre os respectivos Comandos de Área.

Page 37: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

36

4 LEIS, PLANOS E REALIDADES NA FRONTEIRA OESTE

As políticas públicas são consubstanciadas por meio das leis e planos

estratégicos para alcançar os Objetivos Fundamentais da nação.

Na fronteira oeste, na área de jurisdição do Com6ºDN, as políticas públicas

atinentes à segurança/defesa e desenvolvimento buscam, basicamente, integrar a

região fronteiriça à nação brasileira e também induzir à maior integração com os

países vizinhos.

4.1 SEGURANÇA E DEFESA

A instituição Marinha do Brasil, conforme definido no artigo 142 da Constituição

Federal, destina-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por

iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem (BRASIL, 2012). Somam-se ao

preceito constitucional, as normas gerais para a organização, o preparo e o emprego

das Forças Armadas, acordo Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999,

alterada pela Lei Complementar nº 117, de 2 de setembro de 2004, que estabelece

as seguintes atribuições subsidiárias:

Art. 17. Cabe à Marinha, como atribuições subsidiárias particulares:

I - orientar e controlar a Marinha Mercante e suas atividades

correlatas, no que interessa à defesa nacional;

II - prover a segurança da navegação aquaviária;

III - contribuir para a formulação e condução de políticas nacionais

que digam

respeito ao mar;

IV - implementar e fiscalizar o cumprimento de leis e regulamentos,

no mar e nas águas interiores, em coordenação com outros órgãos

do Poder Executivo, federal ou estadual, quando se fizer necessária,

em razão de competências específicas.

Parágrafo único. Pela especificidade dessas atribuições, é da

competência do Comandante da Marinha o trato dos assuntos

dispostos neste artigo, ficando designado como "Autoridade

Marítima", para esse fim.

V – cooperar com os órgãos federais, quando se fizer necessário, na

repressão aos delitos de repercussão nacional ou internacional,

quanto ao uso do mar, águas interiores e de áreas portuárias, na

Page 38: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

37

forma de apoio logístico, de inteligência, de comunicações e de

instrução. (BRASIL,1999).

Com base no regramento Constitucional e legal, as ações das Forças

Armadas assumiram caráter sinérgico e mais objetivo com o advento da Política

Nacional de Defesa (PND) e da Estratégia Nacional de Defesa (END) (BRASIL,

2013) que definiram quais os efeitos desejados do cumprimento das missões e que

tipo de Forças Armadas o Brasil precisa para garantia da soberania, do patrimônio

nacional e da integridade territorial.

Da PND, os seguintes aspectos afetam a fronteira oeste:

3.4. [...] Países detentores de grande biodiversidade, enormes

reservas de recursos naturais e imensas áreas para serem

incorporadas ao sistema produtivo podem tornar-se objeto de

interesse internacional.

4.4. A segurança de um país é afetada pelo grau de estabilidade da

região onde ele está inserido. Assim, é desejável que ocorram o

consenso, a harmonia política e a convergência de ações entre os

países vizinhos para reduzir os delitos transnacionais e alcançar

melhores condições de desenvolvimento econômico e social,

tornando a região mais coesa e mais forte.

4.5. A existência de zonas de instabilidade e de ilícitos transnacionais

pode provocar o transbordamento de conflitos para outros países da

América do Sul. [...].

4.6. Como consequência de sua situação geopolítica, é importante

para o Brasil que se aprofunde o processo de desenvolvimento

integrado e harmônico da América do Sul, que se estende,

naturalmente, à área de defesa e segurança regionais.

7.21. O Brasil deverá buscar a contínua interação da atual PND com

as demais políticas governamentais, visando a fortalecer a

infraestrutura de valor estratégico para a Defesa Nacional,

particularmente a de transporte, a de energia e a de comunicações.

(BRASIL, 2013).

A PND reconhece que desenvolvimento e segurança regional são faces de

uma mesma moeda, que assume o devido valor na medida em que uma dimensão

se torna plataforma para outra e vice-versa. Cabe à END definir ações específicas

para que tal meta seja alcançada.

Page 39: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

38

Cabe ressaltar que a PND confere tratamento específico à Região

Amazônica, que, por similaridade de vazio demográfico e grandes distâncias, torna-

se aplicável à Região do Pantanal:

5.4. A Amazônia brasileira, com seu grande potencial de riquezas

minerais e de biodiversidade, é foco da atenção internacional. A

garantia da presença do Estado e a vivificação da faixa de fronteira

são dificultadas, entre outros fatores, pela baixa densidade

demográfica e pelas longas distâncias. A vivificação das fronteiras, a

proteção do meio ambiente e o uso sustentável dos recursos naturais

são aspectos essenciais para o desenvolvimento e a integração da

região. O adensamento da presença do Estado, e em particular das

Forças Armadas, ao longo das nossas fronteiras é condição relevante

para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. (BRASIL, 2013).

A defesa em prol do desenvolvimento sustentável da PND revela o tipo de

caráter integracionista que se pretende da região de fronteira em relação ao Brasil e

o alinhamento com políticas governamentais de outros órgãos do Estado. A PND

também destaca a vulnerabilidade da cobiça internacional em áreas de preservação

que se estendem entre os países lindeiros, conforme ocorre com o Pantanal, que é

espalhado entre Brasil e Bolívia.

A END tem por base o reconhecimento de sua inseparabilidade da

Estratégia Nacional de Desenvolvimento, pautada, esta, nos princípios de

independência nacional, efetivada pela mobilização dos recursos nacionais, sem

depender de investimentos estrangeiros; alcançada pela capacitação tecnológica

autônoma e assegurada pela democratização de oportunidades educativas,

econômica e de participação popular.

Dentre as diretrizes da END, destacam-se as relacionadas com a fronteira

oeste:

1. Dissuadir a concentração de forças hostis nas fronteiras terrestres

e nos limites das águas jurisdicionais brasileiras, e impedir-lhes o uso

do espaço aéreo nacional.

4. Desenvolver, lastreada na capacidade de monitorar/controlar, a

capacidade de responder prontamente a qualquer ameaça ou

agressão: a mobilidade estratégica. [...]

8. Reposicionar os efetivos das três Forças.Sem desconsiderar a

necessidade de defender as maiores concentrações demográficas e

os maiores centros industriais do País, a Marinha deverá estar mais

Page 40: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

39

presente na região da foz do Rio Amazonas e nas grandes bacias

fluviais do Amazonas e do Paraguai-Paraná.

9. Adensar a presença de unidades da Marinha, do Exército e da

Força Aérea nas fronteiras. Deve-se ter claro que, dadas as

dimensões continentais do território nacional, presença não pode

significar onipresença. A presença ganha efetividade graças à sua

relação com monitoramento/controle e com mobilidade [...] (BRASIL,

2013).

A END orienta a estruturação da força naval, inserida no Plano de

Articulação e de Equipamento da Defesa (PAED), com instalações, meios navais,

aeronavais e de Fuzileiros Navais, compatíveis para a região. O adensamento da

Marinha do Brasil nas vias navegáveis da Bacia Paraguai-Paraná deve empregar

navios-patrulha e navios-transporte, ambos guarnecidos com helicópteros adaptados

ao ambiente.

O adensamento da Marinha do Brasil na fronteira oeste está em andamento

com as aquisições dos meios navais, recebimento de imóveis e planejamentos

factíveis de realização conforme perspectivas apresentadas no item 5, que

contribuem para as atividades subsidiárias e fortalecem a capacidade dissuasória.

As recentes aquisições do Navio de Transporte Fluvial Almirante Leverger e do

Aviso Hidrográfico Fluvial são metas realizadas em 2013 e compatíveis com a END.

Destaca-se o aspecto dissonante na END em função da ausência de

previsão da Hidrovia Paraguai-Paraná, conforme planejado pela ANTAQ (subitem

2.1). Consta na END (BRASIL, 2013):

A presença da Marinha nas bacias fluviais será facilitada pela

dedicação do País à inauguração de um paradigma multimodal de

transporte. Esse paradigma contemplará a construção das hidrovias

do Paraná-Tietê, do Madeira, do Tocantins-Araguaia e do Tapajós-

Teles Pires. As barragens serão, quando possível, providas de

eclusas, de modo a assegurar franca navegabilidade às hidrovias.

Com relação ao emprego da Força em prol da GLO, observa-se que a END

atribui o caráter episódico, estando com aparente antinomia em relação ao Decreto

nº 7.496, de 08/06/2011 que estabelece, no Plano Estratégico de Fronteiras (PEF)

(BRASIL, 2011), o poder de polícia das FA de forma contínua, para o fortalecimento

Page 41: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

40

da prevenção, controle, fiscalização e repressão dos delitos transfronteiriços e dos

delitos praticados na faixa de fronteira brasileira. O PEF busca integrar as ações de

segurança entre a União, estado e município; incrementar a cooperação com países

vizinhos e fortalecer a presença estatal na região de fronteira. As ações do PEF são

implementadas continuamente por meio dos Gabinetes de Gestão Integrada de

Fronteira (GGIF), constituído por ato de Governo do Estado, com a participação de

representantes da União e do Município, e episodicamente por meio do Centro de

Operações Conjuntas (COC) sob coordenação do Ministério da Defesa que respalda

as operações conjuntas, como a ÁGATA, com os demais órgãos públicos .

Na prática, conforme consta nos questionários do Com6ºDN e da Agência de

Porto Murtinho, os núcleos do GGIF realizam reuniões periodicamente e traçam

medidas para tratar assuntos ligados ao combate da criminalidade nos polos de

Corumbá/Ladário(MS) e de Jardim(MS). As atas das reuniões são encaminhadas

para Secretaria Estadual de Segurança (anexos B e I).

As informações operacionais com os órgãos de segurança são

compartilhadas por meio do canal técnico do Sistema Brasileiro de Inteligência,

quando na realização de determinada operação e, rotineiramente, por meio das

Redes INFOSEG (Rede de Informação de Segurança) da Secretaria Nacional de

Segurança Pública e SIGO (Sistema Integrado de Gestão Operacional) da

Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso do Sul. No que tange ao

relacionamento com as Polícias Civil e Militar há restrições na troca de informações,

devido ao risco envolvido pela existência de pessoas, nessas corporações, que não

possuem o devido credenciamento para manusear tais informações.

Com relação à Polícia Federal a situação é crítica, pela inexistência ou baixa

presença de agentes na região de fronteira. Em Porto Murtinho, região sensível por

estar próxima da Bolívia e do Paraguai, não há representação da Polícia Federal e,

raramente, aparece em eventos específicos, como em eleições municipais (anexo I).

Tal situação se deve às limitações estruturais da Polícia Federal.

Em matéria veiculada pelo Sindicato dos Policiais Federais do Rio de

Janeiro em vinte de fevereiro de 2012, foi retratado a falta de

condições de trabalho da instituição, onde se menciona a falta de

meios e pessoal e no qual se critica a efetividade do Plano

Estratégico de Fronteiras. O plano teria sido lançado pelo Governo

Page 42: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

41

Federal em junho de 2011 com anúncio de investimento de R$ 37

milhões, mas não demonstrava nenhuma efetividade. (AMORIM,

2012).

A interação do Com6ºDN e a Polícia Federal ocorre, basicamente, por meio

de cooperação técnica em que a Marinha do Brasil presta apoio logístico, de

inteligência, de comunicações e instrução na prevenção de delitos.

A participação da Bolívia nas ações cooperativas é inexistente. As

autoridades de segurança bolivianas, embora convidadas pelo GGIF, não

comparecem às reuniões. A leis bolivianas nº 100 de Desarrollo y Seguridad de Las

Fronteras e nº 264 Del Sistema Nacional de Seguridad Ciudadana, dispõem sobre

a estrutura dos órgãos de segurança da Bolívia que contêm colegiado, semelhante

ao GGIF, e prioriza a proteção rigorosa dos derivados de petróleo como patrimônio

nacional e viabilizador das mudanças sociais. Não há menção de crimes

transfonteiriços, muito menos de narcotráfico e suas milícias, como fatores de

insegurança do país. Há expectativa que o processo cooperativo avance com o

recente convite aos agentes de segurança do Brasil para participarem das reuniões

da Bolívia.

Com relação ao Paraguai, observa-se baixíssima cooperação nas ações de

fiscalização realizadas pela Marinha do Brasil. Em que pese o bom relacionamento

com a Armada Paraguaia, a realidade de cooperação na área de Porto Murtinho é

comprometida com a corrupção no Paraguai. As embarcações paraguaias que

transitam de forma irregular na jurisdição do 6ºDN são encaminhadas para a Armada

Paraguaia, em cumprimento ao acordo internacional de uso da Hidrovia, porém

sabe-se que, no Paraguai, são aplicadas multas arbitrárias e que os valores

arrecadados ficam com os próprios agentes (anexo I).

No que tange as ações do COC, o Com6ºDN atua de forma a garantir a

segurança do tráfego aquaviário; combater os ilícitos na calha do Rio Paraguai por

meio de Inspeções Navais e Patrulhas Navais e reprimir os crimes transfronteiriços

durante as Operações Ágata e em outras em que haja a presença de agentes da

segurança pública regular para efetivamente exercerem o poder de polícia.

O Com6ºDN não tem atuado de forma isolada na aplicação do poder de

polícia, tendo em vista a insegurança jurídica que permeia o assunto, em que pese

Page 43: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

42

haver previsão legal da Lei Complementar nº 97/99, principal fonte legal do poder

polícia das Forças Armadas, alteradas pelas leis nº 117/04 e nº136/10:

Art. 16-A. Cabe às Forças Armadas, além de outras ações

pertinentes, também como atribuições subsidiárias, preservadas as

competências exclusivas das polícias judiciárias, atuar, por meio de

ações preventivas e repressivas, na faixa de fronteira terrestre, no

mar e nas águas interiores, independentemente da posse, da

propriedade, da finalidade ou de qualquer gravame que sobre ela

recaia, contra delitos transfronteiriços e ambientais, isoladamente ou

em coordenação com outros órgãos do Poder Executivo, executando,

dentre outras, as ações de: (Incluído pela Lei Complementar nº 136,

de 2010).

I - patrulhamento; (Incluído pela Lei Complementar nº 136, de 2010).

II - revista de pessoas, de veículos terrestres, de embarcações e de

aeronaves; e (Incluído pela Lei Complementar nº 136, de 2010).

III - prisões em flagrante delito. (Incluído pela Lei Complementar nº

136, de 2010). (BRASIL, 2010).

Cita-se, à guisa de ilustração, uma das divergências doutrinárias, defendida

pelo professor José Afonso da Silva em matéria constitucional:

A Constituição vigente abre as Forças Armadas [...] de tal sorte que

sua missão essencial é a defesa da Pátria e a garantia dos poderes

constitucionais, [...]. Só subsidiariamente e eventualmente lhes

incumbe a defesa da lei e da ordem, porque essa defesa é de

competência primária das forças de segurança pública, que

compreendem a polícia federal e as polícias civil e militar dos

Estados e do Distrito Federal. (SILVA, 1992).

A fim de integrar o aparelhamento estatal em torno dos assuntos de defesa,

a END considera as interações das Forças Armadas com planos coordenados por

outros Ministérios do Governo Federal que contribuam para seus objetivos, cabendo

as seguintes considerações:

a) No futuro, o sistema integrado de Comando e Controle de Defesa deverá

disponibilizar dados de interesse para o Sistema Nacional de Segurança Pública. Na

Marinha, está em desenvolvimento o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul

(SisGAAz) que abrangerá a região da Hidrovia do Paraguai, ampliando a capacidade

de vigilância sobre as atividades que ocorrem na calha e entorno dos rios da

Page 44: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

43

Hidrovia. No Exército, está em implantação o Sistema Integrado de Vigilância de

Fronteiras (SISFRON) que tem como primeiro local de implementação a região sul

do Mato Grosso do Sul, na fronteira com Paraguai e próximo à área de influência da

Agência de Porto Murtinho. Registra-se que, até o momento, as OM do Com6ºDN

não foram instadas a participarem dos citados sistemas estratégicos (anexo B);

b) O Ministério da Defesa e o Ministério das Relações Exteriores devem

incrementar as atividades para manutenção da estabilidade regional e de

cooperação na fronteira. Observa-se que não houve incremento nas atividades na

área do Com6ºDN de caráter internacional, pois os eventos de cunho diplomático-

militar supracitados são os mesmos de antes da edição da END;

c) O Ministério da Defesa apresenta ao Ministério do Transporte a

ordenação de suas prioridades a fim de serem incluídas no Plano Nacional de

Logística e Transportes (PNLT). Ressalta-se que a END não considera a Hidrovia do

Paraguai como prioritária. Identifica-se esta necessidade como oportunidade de

melhoria a ser inserida na próxima revisão da END, tendo em vista a necessidade

de garantir a presença naval no tramo norte do Rio Paraguai durante o ano todo; e

d) Cabe ao Ministério da Defesa, em conjunto com o Ministério da

Integração Nacional e a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência,

desenvolverem estudos para Promoção do Desenvolvimento da Faixa de Fronteira

(PDFF) (BRASIL, 2009) e do levantamento da viabilidade de estruturação de

Arranjos Produtivos Locais (APL). Nos questionários anexos, os militares do

Com6ºDN desconhecem a participação da Marinha do Brasil neste planejamento

econômico e social em vigência na área da fronteira oeste.

4.2 DESENVOLVIMENTO

O desenvolvimento da região oeste, historicamente, experimentou avanços e

retrocessos. Antes e logo após a Guerra do Paraguai o Rio Paraguai era efetivo

elemento geopolítico de integração econômica e de pessoas no Cone Sul. A

importância era tal que gerava, na região, sentimentos de busca por autonomia

política e alinhada ao contexto desenvolvimentista da revolução de 1932

capitaneada por São Paulo (CAMPESTRINI,2002).

Ao buscar integrar o Brasil, os governantes destruíram o que havia na

fronteira oeste. O governo federal investiu na construção da ferrovia Noroeste do

Page 45: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

44

Brasil, esvaziando a força econômica e desenvolvimentista de Corumbá, na medida

em que demorou a chegar a Corumbá e promoveu o desenvolvimento de Campo

Grande. Paradoxalmente, pode-se inferir que a riqueza e desenvolvimento que a

guerra deixou em Corumbá, a ferrovia dos governantes federal e estadual levou,

sem haver concretas perspectivas de retorno.

A Política Nacional de Desenvolvimento, institucionalizada por meio do

Decreto nº 6.047, de 22/02/2007, atribui ao Ministério da Integração Nacional a

coordenação do processo de articulação e promoção do desenvolvimento regional

por meio do estímulo à participação de atores regionais, sub-regionais, locais e até

internacionais.

No que tange à fronteira, conforme apresenta na Cartilha da Faixa de

Fronteira do Ministério de Integração Nacional, a Secretária de Programas

Regionais, Sra. Marcia Regina Sartori Damo, o principal e atual instrumento

integrador de políticas públicas de desenvolvimento é o PDFF que busca fortalecer

processos de mudança, em especial com acesso a crédito, a fim de estimular novos

eixos econômicos, aproveitar as potencialidades locais, buscar parcerias com

agentes locais e países vizinhos e sensibilizar parlamentares do Congresso Nacional

(BRASIL,2010a).

O governo de Mato Grosso do Sul, induzido pelo PDFF, criou o Plano de

Desenvolvimento da Faixa de Fronteira/MS em 2012, que, basicamente, consolida

os levantamentos das potencialidades e eixos econômicos existentes na região e

coleciona as demandas apresentadas pelas prefeituras (MATO, 2012). Desta forma,

o planejamento do futuro incentiva o que já tem sido feito sem inserir novos arranjos

produtivos ou investimentos de caráter transformador na atividade econômica da

fronteira. Visualiza-se que as vocações econômicas permanecerão as mesmas que

existem há 50 anos:

a) Corumbá - Pecuária Bovina, Agroindústria, Turismo de eventos, de

pesca, contemplativo e ecoturismo, Mineração, Porto de Corumbá, Siderúrgicas

direcionadas ao Minério de Ferro, Manganês e Calcário;

b) Ladário - Base da Marinha, Porto de Ladário e Mineração; e

c) Porto Murtinho - Pecuária Bovina, Agroindústria, Mineração, Turismo e

atividade portuária.

Ressalta-se que o plano de desenvolvimento do MS, assim como a END,

não contempla a Hidrovia do Paraguai como fator de força para promover o

Page 46: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

45

desenvolvimento, diferentemente da priorização que, também, confere à Hidrovia do

Paraná-Tietê. Traçando o paralelismo dos investimentos realizados na ferrovia que

prestigiou, primeiramente, o centro do MS chegando de forma tardia a Corumbá, na

primeira metade do Século XX, dessa vez, no Século XXI, os investimentos em

Hidrovia no Rio Paraguai também estão esquecidos nos planejamentos de defesa e

desenvolvimento, alijando, mais uma vez, o Pantanal de políticas concretas de

integração ao Brasil, apesar do reconhecido valor geopolítico, estratégico e da

elevada capacidade de alavancagem econômica e social.

O entendimento de que a Hidrovia do Rio Paraguai tem menor importância

para o Brasil do que para os países lindeiros, cria uma áurea de importância menor

e de atratividade para que outras atividades econômicas robustas possam se

instalar na Hidrovia do Paraguai e na Região do Pantanal, como, por exemplo, o

fortalecimento do turismo. Ademais, os principais produtos transportados no rio,

minério e agropecuária, não significam, necessariamente, transferência de renda

para a população ou de tributos para suportar os programas desenvolvimentista da

PDFF pois são atividades do setor primário cada vez mais intenso em tecnologia

com redução de empregabilidade.

Esta realidade é perversa para o desenvolvimento da região do Pantanal,

por um lado a Hidrovia do Paraguai não é prioritária nos planos governamentais e

por outro lado a riqueza do minério eleva a renda per capita ficticiamente da

população, sem haver distribuição de renda.

Dentre todos os países da Bacia do Prata, o Brasil é o que menos

depende da Hidrovia para o seu desenvolvimento. Em decorrência de

dificuldades de ordem ambiental e, principalmente, da disponibilidade

de outros meios de transporte, a Hidrovia Paraguai-Paraná assume

relativa importância como via de escoamento da produção do interior

do país. Entretanto, essa atuação como elo de ligação entre o centro

do país e o Oceano Atlântico, tão importante nos períodos colonial e

imperial, tende a desempenhar papel cada vez mais expressivo

naquela região que, apesar de elevado potencial agrícola, carece de

um sistema de transporte eficiente, o que impede a competitividade e

o aumento da produção. Ademais, sob o ponto de vista político, a

HPP reveste-se da maior relevância ao País, por constituir elemento

imprescindível ao processo de integração regional (MELO, 2009).

Page 47: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

46

4.3 AMEAÇAS

Apesar do bom relacionamento institucional entre a Marinha do Brasil e as

Marinhas da Bolívia e do Paraguai, deve-se manter a vigilância, no contexto das

relações internacionais, em face das vulnerabilidades que atravessam os poros das

fronteiras entre os países.

O narcotráfico, as migrações e a questão ambiental são ameaças reais e

ativas à segurança do Brasil na área de jurisdição do Com60DN, especialmente na

HPP. Dessa forma, a Marinha do Brasil, frente a esses desafios, assim como há nas

Marinhas de todo o mundo, tende a reduzir as atividades ligadas aos conflitos

armados em prol das atividades subsidiárias (SILVA, 2006) .

A Bolívia, segundo Palestra de René Mauricio Dorfler Ocampo, diplomata

boliviano, (Brasília, 2009) o assunto fronteira e recursos naturais deve levar em

consideração a realidade do povo indígena sob uma nova concepção de

propriedade desses espaços. Segundo a nova Constituição Boliviana, nos 50km de

faixa de fronteira, os estrangeiros podem trabalhar mediante permissões e licenças,

porém sem dispor da propriedade de terras e recursos de subsolo. Os governos do

Brasil e Bolívia trabalham continuamente para resolver problemas decorrentes da

presença de brasileiros no lado boliviano. Geopoliticamente a Bolívia desperta

opiniões antagônicas; para alguns é um país que facilita o processo de integração

devido a sua posição geográfica e, para outros, é vista como tapón (tampão) no

continente impossibilitando a construção de corredores interoceânicos entre o

Atlântico e o Pacífico (GABINETE,2009).

Outro aspecto sensível são os ressentimentos históricos e os discursos dos

governos populistas, que buscam atender aos anseios das classes mais

desfavorecidas, formadas por uma massa populacional disforme de origem rural ou

indígena, sem acesso a bens e serviços da sociedade. Observa-se que a Bolívia é

da linha mais radical, enquanto o Brasil e Argentina são da esquerda responsável ou

moderada. Esta assimetria ideológica precisa ser superada para que o pleno

desenvolvimento da variante econômica da UNASUL, ou Mercosul ampliado seja

vitorioso. Isso exige o convencimento do eixo radical da Bolívia de abdicar de

política estatizante ou restrições na faixa de fronteira e de quebra de contratos para

que esteja compatível com as diretrizes do Mercosul. (GONÇALVES, 2009)

Page 48: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

47

Com relação ao Paraguai, o sentimento antibrasileiro é acentuado pela

temática de "Itaipu", recorrentemente utilizado para acusar o Brasil como nação

imperialista sob a alegação de descumprimento contratual com relação ao preço

pago pelo Brasil sobre eletricidade excedente da usina, e pela questão de mais de

500 mil de brasileiros, denominados 'brasiguaios" que, durante 40 anos, adquiriram

terras para, principalmente, cultivarem soja, responsável por 30% da economia do

Paraguai. Cerca de somente 20% dos brasiguaios possuem situação legalizada

quanto à propriedade da terra e imigração. (ZAGO, 2008).

Page 49: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

48

5 PERSPECTIVAS

Em continuidade ao processo de adensamento da Marinha do Brasil na

fronteira, estão em andamento as seguintes ações para ampliar e/ou construir

instalações e dispor de meios operativos na fronteira a fim de compatibilizar a

presença naval às demandas sociais, enquadradas geralmente como atividades

subsidiárias, sem perder o foco nas ameaças atuais afetas à segurança e defesa

(Anexo B):

a) Transformação do Grupamento de Fuzileiros Navais de Ladário

(GptFNLa) em Batalhão de Operações Ribeirinhas de Ladário (BtlOpRibLa) a fim de

aumentar a presença ao longo das calhas fluviais para conduzir ações de

Operações Ribeirinhas e controlar as margens da Hidrovia do rio Paraguai;

b) Ampliação da Base Fluvial de Ladário (BFLa), do Centro de Intendência

de Ladário (CeIMLa) e do Esquadrão de Helicópteros de Ladário (HU-4) até 2030. A

meta compreende construção de cais e píeres; revitalização de dique/carreira;

modernização de oficinas. O CeIMLa necessita a ampliar em aproximadamente 20%

seu espaço atual, construir tanques de combustível, paiol de munição e dispor de

escritório de apoio logístico em Campo Grande (MS). O HU-4 necessita construir

hangar de aproximadamente 1.500 m2;

c) Obtenção de Próprios Nacionais Residenciais (PNR) para apoiar com

moradia os militares e dependentes, em função da expansão da Marinha do Brasil;

d) Criação das Agências Fluviais de Alta Floresta (MT), Juruena (MT) e

SINOP (MT), a fim de aumentar a presença da MB nas vias navegáveis, tendo em

vista o aumento do fluxo de embarcações de passageiros e cargas, bem como

atividades de pesca amadora e turística, entre os Rios Juruena e Arinos. O Rio

Juruena juntamente com o Rio Teles Pires, formam a Hidrovia Tapajós – Teles

Pires.

e) De acordo com os subsídios encaminhados para compor o PAED, os

seguintes meios navais e aeronavais dotam na área do 6ºDN :

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49

MEIOS NAVAIS E AERONAVAIS DO 6ºDN NO PAED Quantidade

Navio-Patrulha Fluvial Pequeno (NPaFlu) 4

Navio-Transporte Fluvial (NTrFlu) 2

Navio de Apoio Logístico Fluvial ( NApLogFlu) 1

Rebocador Fluvial (RbFlu) 1

Navios de Assistência Hospitalar (NAsH) 1

Aviso Hidroceanográfico Fluvial (AvHoFlu) 2

Helicóptero de Emprego Geral de médio porte (UHM) 3

Helicóptero de Emprego Geral de pequeno porte ( UHP) 4

Quadro 3 - Meios Navais e Aeronavais do 6ºDN no PAED

Fonte: Questionário do Com6ºDN

No que se refere ao atendimento de demandas sociais, o Com60DN

apresentou à Alta Administração Naval proposta de aquisição da embarcação

Millenium, de maior porte que o NAsH Tenente Maximiano, a fim de aumentar a

capacidade de atendimentos, por ocasião das ACiSo. Quando concretizada esta

aquisição, os procedimentos médico-odontológicos e distribuição de medicamentos,

poderão ser realizados com melhores condições de conforto, estrutura e espaço,

além de incrementar, significativamente, a qualidade dos atendimentos com uso de

raio-x clínico, raio-x odontológico, mamógrafo, sala de pequenas cirurgias, sendo

possível enviar imagens, via satélite, e realização de procedimentos de maior

complexidade a bordo do Navio.

Com relação à economia, em Corumbá, merecem destaque as

possibilidades de ampliação do turismo que, atualmente, movimenta R$ 100 milhões

no período de 8 meses ao ano no segmento de pesca esportiva com os cruzeiros

fluviais e pólos da zona rural (PESQUE, 2014) e a Vale planeja ampliar a produção

para 10,5 milhões TON ao ano com previsão de iniciar as obras após 2014 (VALE,

2013). Para a região de Porto Murtinho há interesse de multinacional chinesa do

agronegócio, que assinou carta de intenção para implantar unidade de

processamento de milho, em Maracajau, com utilização do TUP Porto Murtinho para

escoar a produção. Há planejamento para investir US$ 320 milhões e empregar

cerca de 400 pessoas (RUIZ, 2014).

Page 51: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

50

6 CONCLUSÃO

Desde o estabelecimento da Marinha do Brasil na cidade de Ladário houve,

e ainda há, uma crescente expansão das atividades e das estruturas de

Organizações Militares nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Em que pese o retrocesso econômico e político vivenciado pelos

Corumbaenses e Ladarenses, desde a Década de 40, a Marinha do Brasil mantém

suas atividades na Região do Pantanal, por reconhecer a importância estratégica da

localidade, como fator de defesa e de integração regional.

O conjunto de atividades nas dimensões de defesa, segurança, social,

desenvolvimentista e de relações internacionais confere à Marinha do Brasil, na

fronteira oeste, um caráter único de ser ator reconhecidamente credenciado a

empreender ações das variadas políticas públicas em toda a região de influência da

Hidrovia Paraguai-Paraná, sem perder a capacidade de presença militar, por meio

da dissuasão, perante os paises lindeiros. A força está estruturada para agir de

acordo com as demandas sociais ou de defesa, de certa forma é o reconhecimento

de que as atividades principal e subsidiária possuem mesmo grau de importância de

acordo com as circunstâncias.

O Com60DN, sendo o único comando de área da Marinha do Brasil

localizado na faixa de fronteira, exerce forte influência sobre os demais entes

governamentais das 3 esferas de poder, agindo de forma cooperativa, em especial

no apoio logístico, treinamento e compartilhamento de informações operacionais. De

certa forma, a presença naval, devido à considerável movimentação dos meios

operativos e diante da carência dos demais órgãos governamentais, torna-se,

algumas vezes, o principal elo de cidadania aos poucos brasileiros que vivem em

áreas de vazio demográfico.

Com o advento da END e da policialização das Forças Armadas, novas

atribuições de política de segurança foram assumidas pelas Forças Armadas. Na

faixa de fronteira as ações de GLO são exercidas durante todo o ano, empregando o

poder de polícia, o que confere maior efetividade à punibilidade das irregularidades

detectadas durante as patrulhas e inspeções navais.

Pode-se concluir que há demanda social para que a Marinha do Brasil, in

fine, o Com6ºDN se envolva, cada vez mais, nas atividades subsidiárias, seja

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51

contribuindo com ações governamentais ou de forma isolada em regiões remotas do

Brasil.

As políticas públicas que promovem desenvolvimento na fronteira oeste

buscam apenas reforçar o que existe, incentivando continuar a fazer mais do mesmo

processo produtivo estabelecido. Dessa forma, as atuais vulnerabilidades e

ameaças tendem a permanecer ou mesmo se agravar, uma vez que o

desenvolvimento econômico planejado não dispõe de metas transformadoras da

realidade de quem vive na fronteira. Assim sendo, a presença da Marinha do Brasil,

como instituição partícipe das políticas públicas, é fundamental para manter a

condição de estabilidade da fronteira e, quando oportunamente, contribuir com as

medidas desenvolvimentistas. Ressalta-se a importância, na economia das cidades

de Ladário e Corumbá, devido ao consumo de bens e contratações de serviços

pelos militares e servidores civis da Marinha do Brasil.

As recentes aquisições de meios navais e as futuras instalações das

Organizações Militares reforçam o compromisso que a Marinha do Brasil tem

dispensado para cumprir o adensamento militar na faixa de fronteira e área de

influência da Hidrovia do Rio Paraguai. Dessa forma, a expectativa é que a maior

presença naval na fronteira oeste irá garantir a segurança, ainda que inexista órgãos

de segurança; a defesa, mesmo que imperceptível ameaça de ator estatal e o

desenvolvimento, a despeito dos planejamentos governamentais historicamente

repetitivos, inconsistentes ou de baixa aderência à vocação econômica da região.

A Marinha do Brasil protege nossas riquezas e cuida da nossa gente na

fronteira oeste.

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REFERÊNCIAS

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Page 54: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

53

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ANEXO A

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PRESENÇA NAVAL

Fonte Revista Viva Marinha! – Ano 1- Edição nº 1. Abril de 2014.

- A – 1/1 -

DATA EVENTO

19/02/1827 Criação do Arsenal de Marinha da Província de Mato Grosso, em Cuiabá.

15/11/1829 O Tenente Augusto Leverger assume o Comando da primeira Força Naval em

Mato Grosso (Canhoneiras).

06/05/1843 O conjunto Arsenal/Canhoneiras/Companhia de Imperiais Marinheiros passa a

denominar-se TREM NAVAL DE MATO GROSSO.

16/03/1861 Criação da Capitania dos Portos, em Ladário. Transferiu-se, em 1907, para

Corumbá, ocupando, a partir de 1945, as atuais instalações. As Agências

subordinadas, em Cuiabá, Cáceres e Porto Murtinho foram criadas em 1919.

14/03/1873 Início da construção do Arsenal de Marinha de Ladário. Em 18/05/1945 passa

a denominar-se Base Fluvial de Ladário.

20/10/1876 Criação da Flotilha do Mato Grosso.

13/10/1932 Criação da Primeira Companhia Regional de Fuzileiros Navais, que, a partir

de 1963, passou a denominar-se Grupamento de Fuzileiros Navais de

Ladário.

10/06/1933 Criação do Comando Naval de Mato Grosso. Em 19/11/1945 passa a

denominar-se Comando do 6º Distrito Naval (6º DN).

27/07/1951 Criação do Hospital Naval de Ladário, cuja origem remonta a 1881, com a

criação da primeira enfermaria do Arsenal de Marinha de Ladário.

18/03/1955 Criação do Serviço de Sinalização Náutica do Oeste.

10/05/1966 O Comando do 6ºDN é transferido para São Paulo.

13/08/1967 Criação do Comando Naval de Ladário, extinto em 18/11/1975.

02/10/1975 A sede do Comando do 6º Distrito Naval retorna a Ladário.

12/05/1995 Criação do Depósito Naval de Ladário, atual Centro de Intendência da

Marinha em Ladário.

06/06/1995 Criação do 4º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral, cuja origem

retoma a 1932, quando foi criada a Primeira Divisão de esclarecimento e

Bombardeio em Ladário.

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ANEXO B

QUESTIONÁRIO DO COM6ºDN

NOME: Capitão-de-Fragata Rudicley Cantarin

Função: Chefe-do-Estado-Maior do Com6ºDN

1 - SEGURANÇA

1.1 - Quais investimentos e valores estão previstos no PAEMB ou em algum outro programa de investimentos que contribuem para ampliar as instalações físicas das OM da Marinha do Brasil na fronteira oeste, em especial em Ladário, Cáceres e Porto Murtinho?

A meta de Criação do Batalhão de Operações Ribeirinhas de Ladário (BtlOpRibLa), nada mais é que a Transformação do Grupamento de Fuzileiros Navais de Ladário (GptFNLa). Esta ação tem como propósito presença permanente da Marinha na Amazônia e nas fronteiras. Posicionados ao longo das calhas fluviais, nos locais considerados mais importantes e sensíveis, sob o ponto de vista estratégico, os BtlOpRib terão papel preponderante na condução de operações ribeirinhas e no controle das margens, contribuindo também, de forma permanente, para o controle das hidrovias pela Marinha. Como emprego atender aos conceitos do trinômio “monitoramento/controle - mobilidade – presença”, descritos na END. Como justificativa para as operações ribeirinhas, a existência de um comando deste nível permitirá, com mínimo esforço, realizar operações coordenadas de maior envergadura, ao mesmo tempo em que permitirá maior integração e padronização de procedimentos no adestramento das diversas unidades de operações ribeirinhas.

A meta de ampliação da Base Fluvial de Ladário (BFLa), do Centro de Intendência de Ladário (CeIMLa) e do Esquadrão de Helicópteros de Ladário (HU-4). Esta ação tem como propósito decorrem da necessidade de capacitar essas instalações para atender aos meios previstos para o 6º DN, até 2030. Como emprego dentro da jurisdição do Com6ºDN, a BFLa será empregada nas atividades de estacionamento e na manutenção de 2º e 3º escalões dos meios navais do 6º DN. O CeIMLa que presta o apoio logístico de suprimentos e o HU-4 que provê estacionamento e manutenção de 1º escalão aos meios aeronavais, as duas OM serão ampliadas para atender aos novos meios previstos no PAEMB. Como justificativa de forma atender as ampliações e modernizações para prestar o apoio aos meios previstos para o 6º DN, a BFLa necessita de construção de cais e píeres, revitalização de dique/carreira modernização de suas oficinas e ampliação da infraestrutura de apoio de base. O CeIMLa necessita a ampliação de aproximadamente 200 m2 (17% do espaço atual), implantação do escritório logístico em Campo Grande-MS e construção de tanques para armazenamento de combustíveis. O HU-4 necessita a construção de um hangar de aproximadamente 1.500 m2.

A meta de Construção de paióis de munição do Centro de Intendência da Marinha em Ladário. Esta ação tem como propósito prover a condições necessárias para o armazenamento das munições que suprem as dotações dos meios e OM na área do Com6ºDN. Como emprego, os paióis destinam-se a armazenar as munições que compõem a dotação, o adestramento e a reserva de rede das Organizações Militares da MB subordinadas ao Com6ºDN. Como justificativa, o CeIMLa receberá um acréscimo de 270 m2 de área de armazenagem, com a construção de 2 paióis de padrão médio de 135 m2 cada. O dimensionamento, baseia-se nas dotações de bordo, na quota de adestramento e na Reserva de Rede das munições dos Meios e OM existentes e na projeção das dotações dos novos meios que serão criados pela MB, considerando-se aqueles sediados na Área do Com6ºDN.

A meta Obtenção de Próprios Nacionais Residenciais (PNR). Esta ação tem como propósito prover apoio de moradia aos militares da MB que guarnecerão os diversos meios e OM na Área do Com6ºDN. Como emprego, prover apoio de moradia aos militares da MB nas localidades fora da cidade do Rio de Janeiro – RJ. Como justificativa, para a execução do planejamento contido no Plano de Equipamento e de Articulação necessitará de um aumento de efetivo em decorrência do adensamento da MB em áreas estratégicas e da

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criação de novas Organizações Militares na área do Com6ºDN. Desta forma, foi levantada a necessidade de aumentar a disponibilidade de Próprios Nacionais Residenciais para o atendimento aos militares e seus dependentes nas diversas regiões do País, exceto na cidade do Rio de Janeiro.

A meta de Criação da Agência Fluvial de Juruena (MT). Esta ação tem como propósito, cumprir o estabelecido na END quanto à necessidade de uma maior presença da MB nas vias navegáveis das duas grandes bacias fluviais, a do Amazonas e a do Paraguai-Paraná, acrescido da busca da MB em tornar mais efetiva a execução das suas atribuições legais concernentes à segurança da navegação, à salvaguarda da vida humana e à prevenção da poluição hídrica, a presente distribuição das OM do Sistema de Segurança do Tráfego Aquaviário (SSTA) na Região Centro-Oeste do País precisa ser revista e ampliada. Como emprego, exercer as atividades de salvaguarda da vida humana, segurança do tráfego aquaviário e prevenção da poluição hídrica no do Rio Juruena. Como justificativa, a criação desta Agência Fluvial vem atender a uma necessidade de instalação de uma OM do SSTA, tendo em vista o aumento do fluxo de embarcações de passageiros e cargas, bem como atividades de pesca amadora e turística, entre os Rios Juruema e Arinos. O rio Juruema faz com o Rio Teles Pires, formando a hidrovia Tapajós – Teles Pires.

A meta de Criação da Agência Fluvial de SINOP (MT). Esta ação tem como propósito,o mesmo da Criação da Agência Fluvial de Juruena (MT). Como emprego, exercer as atividades de salvaguarda da vida humana, segurança do tráfego aquaviário e prevenção da poluição hídrica no do Rio Teles Pires. Como justificativa, a criação desta Agência Fluvial vem atender a uma necessidade de instalação de uma OM do SSTA, tendo em vista as grandes distâncias envolvidas e o aumento do fluxo de embarcações na área.

A meta de Criação da Agência Fluvial de Alta Floresta (MT). Esta ação tem como propósito, o mesmo da Criação das Agências Fluviais de Juruena e SINOP. Como emprego, exercer as atividades de salvaguarda da vida humana, segurança do tráfego aquaviário e prevenção da poluição hídrica. Como justificativa, a criação desta Agência Fluvial vem atender a uma necessidade de instalação de uma OM do SSTA na região, em função do incremento do modal aquaviário para escoamento de insumos.

A meta de Elevação da Agência de Cuiabá (MT) à Delegacia de 2ª Classe. Esta ação foi concluída em 18NOV/2009. DISTRIBUIÇÃO DOS MEIOS NAVAIS, AERONAVAIS E DE FUZILEIROS NAVAIS DE ACORDO COM PAEMB 1 – Meios Navais

Meio

6º DN

Navio-Patrulha Fluvial (NPaFlu) (pequeno) 4

Navio-Transporte Fluvial (NTrFlu) 2

Navio de Apoio Logístico Fluvial (NApLogFlu) 1

Rebocador Fluvial (RbFlu) 1

Navios de Assistência Hospitalar (NAsH) * 1

Aviso Hidroceanográfico Fluvial (AvHoFlu) 2

2 – Meios Aeronavais

Aeronaves

6º DN

Helicóptero de Emprego Geral de médio porte (UHM) 3

Helicóptero de Emprego Geral de pequeno porte (UHP) 4

Page 59: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

58

A estimativa, caso seja efetuada a aquisição da embarcação Millennium, é que seja possível aumentar a capacidade de atendimentos por ocasião das Ações Cívico-Sociais (ACiSo) realizadas. Os procedimentos médico-odontológicos e distribuição de medicamentos, por exemplo, seriam realizados com melhores condições de conforto, estrutura e espaço. Será possível, também, incrementar qualitativamente os atendimentos, em virtude da instalação de novos equipamentos, como raio-x clínico, raio-x odontológico, mamógrafo, sala de pequenas cirurgias e outros. Dentre os equipamentos possíveis de serem instalados, o mamógrafo será fundamental para a prevenção e o combate ao câncer de mama das mulheres da região, viabilizando, inclusive, a disponibilidade do envio de imagens para análise e diagnóstico em consultório médico fora do Navio, com a instalação de terminal satelital. Este diagnóstico, realizado em fase precoce da doença, aumenta as chances de cura e permite um tratamento menos agressivo para o controle do câncer em alguns casos. Será o primeiro “mamógrafo móvel” da Região do Pantanal, diagnosticando precocemente o câncer de mama, tipo mais comum da doença entre mulheres no Brasil. Outro aspecto relevante a ser ressaltado é quanto às instalações, que poderão ser incrementadas com centro cirúrgico, enfermaria com banheiro, consultório médico, sala de esterilização, sala de expurgo, câmara escura, farmácia e laboratório, possibilitando a realização de procedimentos de maior complexidade a bordo do Navio.

A aquisição da embarcação Millennium possibilitará a continuidade do desenvolvimento das ações básicas de saúde, além da realização de procedimentos clínicos, cirúrgicos e odontológicos, possíveis de serem ofertados, considerando a capacidade do meio para receber equipamentos mais sofisticados. Destarte, o novo Navio estará mais capacitado a prestar atendimento às populações ribeirinhas dos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, em especial as que vivem em áreas isoladas.

1.2- Quais ações planejadas ou em implementação para o Com6DN interagir com o Sistema

de Vigilância de Fronteira (SISFRON) do Exército Brasileiro (EB)?

Atualmente, encontra-se em estudo o SISGAAZ pela DSAM onde a arquitetura do

sistema pretende contemplar enlace dados ao SISFRON. Ainda não existem ações

planejadas para o Com6ºDN para a interação deste sistema.

1.3- Quais ações de defesa foram realizadas em conjunto com o (EB) e resultados

obtidos no período de 2009 a 2014? Quais ações de defesa estão programadas para 2014

e 2015? Os Exercícios/Operações executadas são os seguintes:

2009-CÁCERES/LAGUNA

2010 - CÁCERES / QUEBRACHO

2011 - CÁCERES / QUEBRACHO / ANHANDUÍ / ÁGATA-2 e ÁGATA-3 2012 - CÁCERES / QUEBRACHO / ÁGATA-5 / ÁGATA-6 2013 - CÁCERES / QUEBRACHO / ÁGATA-7 2014 – CÁCERES / QUEBRACHO e ÁGATA-8 2015 – CÁCERES/ QUEBRACHO

1.4- Os países da Bolívia e Paraguai apresentam alguma instabilidade institucional ou

intenções de ameaça à soberania Brasileira, ou seja, hipótese de emprego de ações de

defesa? Quais?

Não há registro .

1.5 - Como tem sido o relacionamento com as forças armadas da Bolívia e Paraguai no

período de 2009-2014? Existe alguma agenda de tratamento de assuntos de interesse em

comum ? Há perspectiva de se concretizar ações em conjunto com as forças?

O relacionamento é bastante harmonioso e os laços de amizade tem se estreitado

ainda mais com convites à ARBOL e ARPAR para oficiais participarem de Operações de

Page 60: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

59

cunho nacional, além das previstas que envolvem as Marinhas Amigas como a ACRUX,

BRASBOL e NINFA. Os oficiais estrangeiros tem participado das Operações AMAZÔNIA

AZUL e ÁGATA. Anualmente, existem encontros bilaterais entre Estados Maiores das

Marinhas em lide, onde são tratados assuntos que visam a cooperação entre OM,

intercâmbios, cursos, utilização de instalações para reparos, entre outros.

1.6 - Quais as dificuldades ou limitações para tratar assuntos de segurança que envolvem

crimes transfronteiriços com as autoridades militares da Bolívia e Paraguai? Há alguma

agenda para promover segurança coletiva na faixa de fronteira com as forças armadas ou

órgãos de segurança da Bolívia e Paraguai? Em que ações o Com6DN tem possibilidade de

atuar?

R: Em Corumbá e Ladário não há dificuldades em tratar de assuntos de segurança com a

Bolívia, pois as autoridades de segurança bolivianas são consideradas como membros

convidados do Gabinete de Gestão Integrada de Fronteira pólo Corumbá/Ladário (GGI-F).

Mensalmente são produzidas reuniões deste Gabinete para tratar de assuntos ligados

ao combate da criminalidade e redução do número de violência na região de fronteira Brasil

/ Bolívia. No entanto, os órgãos de segurança da Bolívia não tem comparecido as reuniões.

O Com6ºDN atua de forma a garantir a segurança do tráfego aquaviário; combater o

ilícitos na calha do Rio Paraguai por meio de Inspeções Navais e Patrulhas Navais e atuar

de forma repressiva aos crimes transfronteiriços durante as Operações Ágata.

1.7- O Com6DN participa de algum fórum interministerial, ou com as secretarias de

segurança dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul ou integra gabinete de gestão

de defesa do Ministério da Justiça destinados ao incremento da segurança na faixa de

fronteira? Qual a forma de participação e quais resultados?

R: Sim. O Com6ºDN participa como membro convidado do Gabinete de Gestão Integrada de

Fronteira (GGI-F). Este Gabinete foi instituído por meio do Decreto nº 7.496, de 8 de julho de

2011. Este Gabinete atua por meio de fóruns deliberativos e executivos que operam por

consenso, sem hierarquia e respeitando a autonomia das instituições que o compõem.

Segue três linhas mestras de ação:

I – O incremento da integração entre os órgãos do sistema de justiça criminal e defesa

social;

II- A implantação do planejamento estratégico como ferramenta gerencial das ações

empreendidas pelo sistema de justiça criminal e defesa social; e

III- A constituição da informação como principal ferramenta de ação em termos de

segurança pública.

Cabe ao GGI-F propor e coordenar a integração das ações; tornar ágil e eficaz a

comunicação entre seus órgãos; apoiar as secretarias e polícias estaduais, a polícia federal

e os órgãos de fiscalização municipais; analisar dados estatísticos e realizar estudos sobre

as infrações criminais administrativas; propor ações integradas de fiscalização e segurança

urbana no âmbito dos municípios situados na faixa de fronteira; incentivar a criação de

Gabinete de Gestão Integrada Municipal; e definir áreas prioritárias de atuação.

1.8 - O Ministério da Defesa ou o Comando de Operações Navais possuem diretrizes

específicas para o Com6DN atuar na faixa de fronteira? Quais diretrizes?

As diretrizes são disseminadas a cada Operação por meio do Plano estratégico de

Emprego Conjunto das Forças Armadas (PEECFA). Existe ainda a Lei Complementar n° 97

de 09JUN99, Diretriz Ministerial de Emprego de Defesa n° 7 de 28JUN2011 e a Diretriz de

Planejamento emitida a cada operação.

Page 61: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

60

1.9 - O Com6DN exerce plenamente o poder de polícia na faixa de fronteira quando não

está acompanhado de representantes dos órgãos de segurança? Quais as dificuldades ou

restrições para exercício do poder de polícia?

Afirmativo. Preferencialmente na forma de cooperação com os demais órgãos de

segurança.

1.10 -Quais ações de segurança foram realizadas em conjunto com o (EB) e órgãos de

segurança e resultados obtidos no período de 2009 a 2014? Quais ações de segurança

estão programadas para 2014 e 2015?

Somente as Operações ÁGATA planejadas pelo MD que vem sendo realizadas ano a

ano. Seguem os resultados:

ATIVIDADE EVENTO ÁGATA

2

ÁGATA

3

ÁGATA

5

ÁGATA

6

ÁGATA

7

ÁGATA

8

Inspeções,

Vistorias e

Revistas

Inspeção de

Embarcações

147 1.699 348 760 1056 1058

Embarcações

notificadas

10 31 8 65 55 90

Vistorias de

veículos leves

268 210

Vistorias de

motos

72 78

Vistorias de

caminhões

14 7

Patrulhas/

Reconhecimento

Fluviais 26 22 67 270

Apreensões Embarcações 3 7 03 0 2 0

Ação Cívico

Social (ACiSo)

AciSo singular 14 8 13 10 10 06

Distribuição de

medicamentos

68 8130 20.854 13.145 19.792 17.810

Procedimentos

diversos

médicos,

odontológicos

374 1323 821 682 1436 1160

Atendimentos

odontológicos

126 153 194 186 205

227

Atendimentos

médicos

149 504 358 215 265 445

Page 62: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

61

As ações conjuntas de segurança, na Área de Jurisdição do Com6ºDN, se deram por

meio das Operações ÁGATA. A Operação ÁGATA é uma ação conjunta da Marinha, do

Exército e da Aeronáutica coordenada pelo Ministério da Defesa, por meio do Estado-Maior

Conjunto das Forças Armadas, para combater delitos transfronteiriços, ambientais e

intensificar a presença pública federais, estaduais e municipais.Os últimos resultados

obtidos até a Operação ÁGATA 7 foram 319.635 veículos inspecionados, 11.801 quilos de

drogas apreendidas. (Fonte: <http://www.defesa.gov.br/operacao-agata/operacoes-

agata.html>, acesso em 19 de maio de 2014)

1.11 - Como se dá o compartilhamento de informações operacionais com os órgãos de

segurança? O Com6DN acessa algum sistema informatizado desses órgãos e a MB

disponibiliza algo semelhante? Há confiança entre os órgãos de segurança sobre o

compartilhamento das informações? R: Por meio das Redes INFOSEG (Rede de Informação

de Segurança) da Secretaria Nacional de Segurança Pública - SENASP e S.I.G.O (Sistema

Integrado de Gestão Operacional) Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso do Sul;

Sim acessa o INFOSEG e o SIGO; Não disponibiliza; e Sim.

1.12 - Quais ações são desenvolvidas com a Polícia Federal em Corumbá, Porto Murtinho e

em Cáceres? Quais resultados alcançados? R:Sempre que possível há o embarque de

agentes dos OSP nos meios para ações conjuntas. Existe um acordo de cooperação

técnica, objetivando estabelecer formas de apoio logístico, de inteligência, de comunicações

e de instrução, na prevenção e repressão aos delitos de repercussão nacional ou

internacional.

1.13 - O Grupo Especial de Fronteira GEFRON, é uma ação integrada da Secretaria de

Segurança Pública do Mato Grosso. Foi criado em 2002 com a missão de combater os

crimes transfronteiriços do Mato Grosso com a Bolívia, apoiando as ações das Forças

Armadas e da Polícia Federal, que constitucionalmente possuem atribuições de defesa e

segurança pública das fronteiras do Brasil. Quais interações o Com6DN realiza com o

GEFRON, em especial as OM em Cuiabá e Cáceres? R: Por meio do apoio logístico e de

inteligência. Atua de forma a garantir a segurança do tráfego aquaviário; combater o ilícitos

na calha do Rio Paraguai por meio de Inspeções Navais e Patrulhas Navais e atuar de

forma repressiva aos crimes transfronteiriços durante as Operações Ágata.

1.14 - Os militares, antes de serem movimentados para o Com6DN, são investigados sobre

eventual envolvimento com ilícitos na cidade de origem? São acompanhados após

desembarcarem do Com6DN? R: As movimentações estão a cargo da DPMM e do CPesFN.

Cabe ao Com6DN após o embarque de militares o monitoramento e, caso haja, algum

indício é efeito o acompanhamento.

3.0 - Sugestões para promover mais segurança e mais desenvolvimento na faixa de

fronteira. Como sugestão, apresento o CD com todas as matérias encaminhadas pela

Assessoria de Comunicação Social do Com6ºDN ao NOMAR reunindo as principais

atividades realizadas em 2013 e 2014. Encaminho, também, caso considere válido, o

quadro com os cursos realizados pela CPFN para capacitação de pessoal.

OBS: ESTA ENTREVISTA FOI ENVIADA POR EMAIL E RESTITUÍDA PELA

AUTORIDADE. TEM NATUREZA DIDÁTICA E SERÁ UTILIZADA TÃO SOMENTE PARA

EXECUÇÃO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO CAEPE/14.

Page 63: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

62

QUESTIONÁRIO DO COM6ºDN – CURSOS REALIZADOS PELA CAPITANIA FLUVIAL

DO PANTANAL DE 2011 A JUN/2014

CURSO QTD ALUNOS

DATA LOCAL PREPOM/

EXFD

CFAQ-E-01 25 25 A 29/04/2011 CFPN EXFD

CFAQ-E-02 46 18 A 22/07/11 CFPN EXFD

CFAQ-E-03 23 9/12/2011 COXIM EXFD

CFAQ-E-01 24 16/7/2011 MIRANDA PREPOM

CFAQ-E-02 24 19 A 23/09/2011 EMBRAPA/6ºDN PREPOM

CFAQ-E-03 24 7/10/2011 CFPN PREPOM

CFAQ-E-04 24 24 A 28/10/2011 CFPN PREPOM

CFAQ-II 01 35 6/6/2011 CFPN PREPOM

CFAQ-III F 35 12/8/2011 CFPN PREPOM

CFAQ-II 02 10

13/09 A 07/10/2011

CFPN PREPOM

CFAQ-III F 10 10/10 A 11/11/11 CFPN PREPOM

ESPE/01 35 22 A 25/08/11 CFPN PREPOM

ECIN/01 35 29/08 A 02/09/12 CFPN PREPOM

ECIA/01 18 05/09 A 12/09/12 CFPN PREPOM

ETSP-01 8 9/3/2012 FORTE COIMBRA OP

ETSP-02 13 13 A 17/02/2012 PF/EB OP

ECSP-01 9 10/3/2012 FORTE COIMBRA OP

CFAQ-I C/M

30

18/06 A 29/06/12 PASSO DO LONTRA

EXFD

CFAQ-E-F01 29 21/11 A 27/12/12 CFPN PREPOM

CFAQ-I C/M 30 18/06 A 29/06/12 CFPN PREPOM

EACF-01 14 27/08 A 12/12/12 CFPN PREPOM

CAAQ-II M 7 27/08 A 12/12/12 CFPN PREPOM

CAAQ-II C 9 27/08 A 12/12/12 CFPN PREPOM

CFAQ-II-III F 30 04/06 A 06/08/12 CFPN PREPOM

CFAQ-II-III F 35 15/10 A 18/12/12 CFPN PREPOM

ESPE-01 33 23/04 A 25/04/12 CFPN PREPOM

ECIN-01 21 07/05 A 11/05/12 CFPN PREPOM

ECIA-01 12 14/05 A 18/05/12 CFPN EXTRA

ESRS-01 35 28/05 A 31/05/12 CFPN PREPOM

EBPS-01 35 21/05 A 28/05/12 CFPN PREPOM

ETSP-01 13 13/02 A 17/02/12 PF/EB OP

ETSP-02 8 05/03 A 09/03/12 EB OP

ETSP-03 16 09/07 A 13/07/12 EB OP

ETSP-04 24 20/08 A 24/08/12 PM / PF / BM OP

ETSP-05 29 10/09 A 14/09/12 EB OP

ECSP-01 9 05/03 A 10/03/12 EB OP

ECSP-02 3 09/07 A 13/07/12 EB OP

ECSP-03 3 13/08 A 17/08/12 PM / PF OP

Page 64: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

63

ECSP-04 25 17/09 A 20/09/12 EB OP

CFAQ-II C/M 29 12/08 A 21/08/13 ALBUQUERQUE PREPOM

CFAQ-II C/M 26 11/11 A 19/11/13 CFPN PREPOM

CFAQ-II C/M 30 15/12 A 20/12/13 ALBUQUERQUE EXPR

ESPE-01 30 28/01 A 01/02/13 CFPN PREPOM

ESPE-02 15 25/06 A 27/06/13 CFPN PREPOM

ECIN-01 21 03/06 A 07/06/13 CFPN PREPOM

ECIN-02 21 03/06 A 07/06/13 CFPN PREPOM

ECIA-01 16 04/02 A 08/02/13 CFPN EXTRA

ESRS-01 29 12/06 A 14/06/13 CFPN PREPOM

EBPS-01 35 21/05 A 28/05/12 CFPN PREPOM

ETSP-01 21 16/01 A 21/01/13 FAB OP

ETSP-02 17 01/04 A 05/04/13 EB OP

ETSP-03 13 06/05 A 10/05/13 PF/FUNAI/IAGRO OP

ETSP-04 5 20/05 A 24/05/13 IHP OP

ETSP-05 23 22/07 A 26/07/13 EB / IBAMA OP

ETSP-06 29 20/09 A 24/09/13 PM(MT/MS), PF OP

ETSP-07 23 26/11 A 30/11/13 EB /BOMBEIROS OP

ECSP-01 21 21/01 A 25/01/13 FAB OP

ECSP-02 9 01/04 A 06/04/13 EB OP

ECSP-03 9 13/05 A 17/05/13 PF/FUNAI/IAGRO OP

ECSP-04 19 29/07 A 02/08/13 EB / IBAMA OP

ECSP-05 9 26/11 A 30/11/13 EB OP

CFAQ-II C/M 21 22/04 A 29/04/14 PORTO DA MANGA EXFD

CFAQ-II C N3 23 06/05 A 18/06/14 EPM PREPOM

CFAQ-II M N3 14 06/05 A 18/06/14 EPM EXPR

CAAQ CT/S 20 10/11 A 16/12/14 CFPN PREPOM

CFAQ-III C/M N1 30

03/11 A 10/12/14 CFPN PREPOM

EBCP/01 29 7/4/2014 CFPN PREPOM

EBCP/02 16 5/5/2014 CFPN PREPOM

EBCP/03 16 9/6/2014 CFPN PREPOM

EBCP/04 30 15/7/2014 CFPN PREPOM

EBCP/05 30 5/8/2014 CFPN PREPOM

ETSP-01 22 10/2 A 14/02/14

BOMBEIRO, IBAMA, ANTAQ, IAGRO, SMASC,

MAPA, ½ AMBIENTE, DCC

OP

ETSP-02 12 14/04 A 18/04/14 EB OP

ETSP-03 14 26/05 A 30/05/14 EB / IAGRO OP

ECSP-01

21

24/02 A 28/02/14 BOMBEIRO, IBAMA, ANTAQ, IAGRO, SMASC,

MAPA, ½ AMBIENTE, DCC

OP

ECSP-02 2 14/04 A 18/04/14 EB OP

Page 65: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

64

ANEXO C

COMISSÕES DO U-28

- C-1/2-

Page 66: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

65

ANEXO C

COMISSÕES DO U-28

FONTE: U-28 – Navio de Assistência Hospitalar Tenente Maximiano

- C-2/2-

Page 67: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

66

ANEXO D

LOCALIDADES E PESSOAS ATENDIDAS PELO U-28

Page 68: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

67

- D-2/7-

Page 69: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

68

ANEXO D

LOCALIDADES E PESSOAS ATENDIDAS PELO U-28

- D– 3/7-

Page 70: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

69

- D-4/7-

Page 71: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

70

ANEXO D

LOCALIDADES E PESSOAS ATENDIDAS PELO U-28

-D-5/7-

Page 72: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

71

- D-6/7-

Page 73: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

72

-D-7/7-

Page 74: A PRESENÇA DA MARINHA DO BRASIL NA FRONTEIRA OESTE

73

ANEXO E

DIAS NAVEGADOS PELOS NAVIOS DO COMFLOTMT

- E – 1/1 -

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Anexo F QUESTIONÁRIO – BASE FLUVIAL DE LADÁRIO

Nome: Capitão-de-Mar-e-Guerra Welliton Lopes dos Santos Função: Comandante

1 - SEGURANÇA 1.5 - Como tem sido o relacionamento com as forças armadas da Bolívia e Paraguai no período de 2009-2014? Existe alguma agenda de tratamento de assuntos de interesse em comum ? Há perspectiva de se concretizar ações em conjunto com as forças? Com a Armada Boliviana (AB) o relacionamento tem sido amistoso, bem como, existe um Memorando de assuntos que são tratados bilateralmente com a AB, cabendo a esta Base a realização de curso de soldagem a militares bolivianos e a manutenção da Lancha Patrulha 501 pertencente àquela força naval.Cabe ressaltar, ainda, que no tempo pretérito, a Base ministrou aos militares daquela Instituição Curso de Combate a Incêndio, além do Curso Elementar de Controle de Avarias. 2- DESENVOLVIMENTO 2.1 - Quais os valores das folhas de pagamento, de civis e militares, da ativa e da RRM residentes em Corumbá/Ladário , Cáceres e Porto Murtinho? Referente aos Servidores Civis, a folha de pagamento mensal gira em torno de R$ 85.000,00 (oitenta e cinco mil reais) por mês.No tocante ao Pessoal Militar da Base, os valores da Folha de Pagamento oscila em torno de R$ 1.100.000, 00 (Hum milhão e cem mil reais). 2.3 - Qual os valores de Execução Financeira realizadas de 2009 a 2013 em Corumbá/Ladário , Cáceres e Porto Murtinho? A BFLa, isoladamente, executou os seguintes valores de Execução Financeira: 2009: R$ 4.532.171,60; 2010: R$ 3.696.415,65; 2011: R$ 5.152.465,76; 2012: R$ 7.420.113,72; e 2013: R$ 7.734.261,18. 2.4 - Quais os percentuais de despesas compulsórias de 2009 a 2013 em Corumbá/Ladário , Cáceres e Porto Murtinho? Os percentuais de despesas compulsórias foram aproximadamente os seguintes:

2009: 22%; 2010: 24%; 2011: 20%; 2012: 16%; e 2013: 16%.

- F –1 / 2 -

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2.5 - Quais empresas de manutenção ou construção de embarcação/navios estão instaladas (legal ou ilegalmente) ao longo da calha do rio paraguai no trecho entre Cáceres e Porto Murtinho? Em Corumbá: Estaleiro Tamengo, Estaleiro Cinco Bacia e Estaleiro Miguéis. Em Ladário: Estaleiro do Brito. 2.7 - As embarcações/navios civis de Cáceres e Porto Murtinho quando necessitam de reparos mais complexos utilizam a estrutura da BFLa? É possível Sim e é possível, desde que, obedecendo as prioridades desta Base Fluvial. 2.8 - A BFLa possui capacidade ociosa que possa reparar embarcações/navios civis inclusive as existentes na Bolívia e Paraguai? Sim e isto já acontece. 2.9 - Qual a avaliação e perspectivas de incremento no relacionamento com o Instituto Federal na formação de mão-de-obra no sentido 'dual" na medida que esses futuros profissionais possam ingressar na Marinha do Brasil? Quais são os cursos realizados? Em 2014 a BFLa firmou parceria com IFMS, estando a BFLa em condições de oferecer estágios ao alunos daquele Instituto e, em contrapartida, a instituição de ensino oferecerá cursos de nosso interesse para os militares desta Base. O foco dos cursos são, na atividade principal (soldagem, mecânica naval, caldeiraria, elétrica predial e naval); e na atividade secundária (informática, padaria, almoxarifado, culinária). 2.10 - Em 2009, o Depósito Naval de Ladário realizou 03(três) cursos de capacitação de fornecedores para licitações em Corumbá/Ladário. Tem sido realizadas ações para incrementar a participação de empresas locais (Corumbá/ Ladário, Cáceres e Porto Murtinho ) nos processos de aquisição e contratações de serviço? Quais resultados alcançados? Em 2013 foram realizadas diversas palestras, ministradas por oficiais da BFLa, tanto direcionadas aos agentes da administração pública quanto aos fornecedores locais, abordando os mecanismos modernos de compras públicas como o Sistema de Registro de Preços e os procedimentos para cadastro e participação em processos dessa natureza. Houve um pequeno, porém ainda modesto, incremento de participações de empresas locais em processos licitatórios publicados no segundo semestre de 2013 e primeiro trimestre de 2014, gerenciados pela BFLa. OBS: ESTA ENTREVISTA FOI ENVIADA POR EMAIL E RESTITUÍDA PELA

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Anexo G QUESTIONÁRIO – HOSPITAL NAVAL DE LADÁRIO

Nome: Capitão-de-Fragata (IM) Carlos Fernandes da Silva Júnior Função: Chefe do Departamento de Administração

2- DESENVOLVIMENTO 2.3 - Qual os valores de Execução Financeira realizadas de 2009 a 2013 em Corumbá/Ladário , Cáceres e Porto Murtinho? Resposta : Os valores abaixo referem-se aos gastos do HNLa. 2009: R$ 4.430.871,58 2010: R$ 5.641.350,68 2011: R$ 5.648.049,26 2012: R$ 6.854.845,77 2013: R$ 9.340.046,03 2.4 - Quais os percentuais de despesas compulsórias de 2009 a 2013 em Corumbá/Ladário , Cáceres e Porto Murtinho? Resposta :

Clinicas Credenciadas

Cidade /Ano 2010 2011 2012 2013

Cáceres 0,60% 1% 0,60% 1,50%

Campo Grande 32,90% 36,50% 40,30% 29,70%

Corumbá 59,90% 58,30% 52,10% 64,10%

Cuiabá 6,60% 4,20% 7% 4,70%

Despesas Funcionamento – HNLA

2009 2010 2011 2012 2013

4,35% 3,49% 3,44% 3,38% 2,30%

2.14 - Quantos Bolivianos, Paraguaios e Brasileiros não beneficiário do Sistema de Saúde da Marinha (SSM) foram atendidos no Hospital Naval de Ladário no período de 2009 a 2013? Resposta : No HNLa, são atendidos somente usuários do SSM. Não há registros de atendimentos de outros usuários nos anos apresentados. OBS: ESTA ENTREVISTA FOI ENVIADA POR EMAIL E RESTITUÍDA PELA

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Anexo H

QUESTIONÁRIO – CENTRO DE INTENDÊNCIA DA MARINHA EM LADÁRIO Nome: Capitão-de-Corveta (IM) Evandro Paiva de Mesquita Função: Vice-Diretor 2.1 - Quais os valores das folhas de pagamento, de civis e militares, da ativa e da RRM residentes em Corumbá/Ladário, Cáceres e Porto Murtinho? R: Refere-se a todos os militares, civis, inativos que estão cadastrados sob área de jurisdição do Com6ºDN, inclusive Agência de Cuiabá. Em relação ao ano de 2014 até o processo de pagamento de Abril os dados são: - Gestoria de Pagamento Pessoal Militar da Ativa: R$ 48.493.172,22 - Gestoria de Pagamento do Pessoal Militar Inativo: R$ 4 26.161.763,75 - Gestoria de Pagamento do Pessoal Civil: R$ 988.291,26 2.2 - Qual a estimativa de endividamento médio do pessoal militar e civil, da ativa e da RRM?R: A OM não possui este controle que está sob responsabilidade do setor de consignação da PAPEM.

2.3 - Qual os valores de Execução Financeira realizadas de 2009 a 2013 em Corumbá/Ladário, Cáceres e Porto Murtinho?

2.4 - Quais os percentuais de despesas compulsórias de 2009 a 2013 em Corumbá/Ladário, Cáceres e Porto Murtinho?

2.10 - Em 2009, o Depósito Naval de Ladário realizou 03(três) cursos de capacitação de fornecedores para licitações em Corumbá/Ladário. Tem sido realizadas ações para incrementar a participação de empresas locais (Corumbá/ Ladário, Cáceres e Porto Murtinho) nos processos de aquisição e contratações de serviço? Quais resultados alcançados?R: O Centro de Intendência da Marinha em Ladário realizou, no período de 12 a 13 de janeiro de 2012, com carga horária de 08 (oito) horas e tendo como palestrante a 1T LUCINEY Miceno Papa, um Curso de Capacitação de Fornecedores. Todavia, a participação de empresas locais nas licitações continua exígua. OBS: ESTA ENTREVISTA FOI ENVIADA POR EMAIL E RESTITUÍDA PELA

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2009 2010 2011 2012 2013

16.312.034,70R$ 26.535.000,00R$ 11.634.000,00R$ 13.990.000,00R$ 29.062.000,00R$

150.582,43R$ 127.000,00R$ 129.000,00R$ 197.800,00R$ 102.000,00R$

145.822,31R$ 142.000,00R$ 117.000,00R$ 167.600,00R$ 71.000,00R$

16.608.439,44R$ 26.804.000,00R$ 11.880.000,00R$ 14.355.400,00R$ 29.235.000,00R$

CIDADES

EXECUÇÃO FINANCEIRA - VALORES EXECUTADOS

TOTAL

CORUMBÁ/ LADÁRIO

CÁCERES

PORTO MURTINHO

2009 2010 2011 2012 2013

12% 6% 23% 5% 5%

71% 66% 63% 37% 47%

68% 55% 64% 40% 63%

13% 6% 24% 6% 5%

CÁCERES

PORTO MURTINHO

TOTAL

CIDADES

CORUMBÁ/ LADÁRIO

EXECUÇÃO FINANCEIRA - PERCENTUAL DE DESPESAS COMPULSÓRIAS

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Anexo I QUESTIONÁRIO – AGÊNCIA DE PORTO MURTINHO

Nome: Capitão-Tenente (AA) Antônio Fernando Costa Função: Agente 1 - SEGURANÇA 1.1 - Quais investimentos e valores estão previstos no PAEMB ou em algum outro programa de investimentos que contribuem para ampliar as instalações físicas das OM da Marinha do Brasil na fronteira oeste, em especial em Ladário, Cáceres e Porto Murtinho? R – Em Porto Murtinho não há investimentos previstos. 1.2- Quais ações planejadas ou em implementação para o Com6DN interagir com o Sistema de Vigilância de Fronteira (SISFRON) do Exército Brasileiro (EB)? R - Não tenho conhecimento da existência de ações para a área de Porto Murtinho. 1.3- Quais ações de defesa foram realizadas em conjunto com o (EB) e resultados obtidos no período de 2009 a 2014? Quais ações de defesa estão programadas para 2014 e 2015? R - As únicas operações em conjunto com o EB recentes de que se tem registro, ocorreram durante as Operações Ágata. 1.4- Os países da Bolívia e Paraguai apresentam alguma instabilidade institucional ou intenções de ameaça à soberania Brasileira, ou seja, hipótese de emprego de ações de defesa? Quais? R - No caso de Porto Murtinho, o Paraguai, não há registro de fato dessa natureza. 1.5 - Como tem sido o relacionamento com as forças armadas da Bolívia e Paraguai no período de 2009-2014? Existe alguma agenda de tratamento de assuntos de interesse em comum ? Há perspectiva de se concretizar ações em conjunto com as forças? R - O relacionamento com a Armada Paraguaia é bom, contudo, aquela instituição, pelo menos aqui no trecho sob jurisdição desta Agência, não é atuante. Não fiscaliza, não contribui com a segurança da navegação. Eventualmente as embarcações paraguaias abordadas com problemas são encaminhadas para a Armada Paraguaia, apenas por questão de conveniência e sabe-se que, lá, há aplicação de multas arbitrárias e que os valores arrecadados ficam com os próprios agentes. 1.6 - Quais as dificuldades ou limitações para tratar assuntos de segurança que envolvem crimes transfronteiriços com as autoridades militares da Bolívia e Paraguai? Há alguma agenda para promover segurança coletiva na faixa de fronteira com as forças armadas ou órgãos de segurança da Bolívia e Paraguai? Em que ações o Com6DN tem possibilidade de atuar? R - As dificuldades com as autoridades paraguaias, é que não há atuação efetiva da parte deles, isso dificulta o trabalho de fiscalização nos rios. Não há agenda para eventual atuação em conjunto nesse sentido. Em havendo um acordo binacional, poderia haver um calendário anual de operações conjuntas, em que efetivamente houvesse a participação da Armada Paraguaia nas ações de Inspeção Naval. 1.7- O Com6DN participa de algum fórum interministerial, ou com as secretarias de segurança dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul ou integra gabinete de gestão de defesa do Ministério da Justiça destinados ao incremento da segurança na faixa de fronteira? Qual a forma de participação e quais resultados? R - Sim, mensalmente há reuniões do Gabinete de Gestão Integrada de Fronteira (GGIFRON), na cidade de Jardim-MS, sob a coordenação da Secretaria Estadual de Segurança Pública, ocasiões em que são planejadas operações conjuntas, mas sem

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hierarquia nem subordinação, cada órgão participa do modo que melhor lhe convir e no final envia os dados obtidos por meio de Relatório padrão àquela Secretaria. 1.8 - O Ministério da Defesa ou o Comando de Operações Navais possuem diretrizes específicas para o Com6DN atuar na faixa de fronteira? Quais diretrizes? R - Não tenho conhecimento, mas todo ano ocorre a Operação Ágata, que envolve toda a faixa de fronteira e todas as OM desta área participam efetivamente. 1.9 - O Com6DN exerce plenamente o poder de polícia na faixa de fronteira quando não está acompanhado de representantes dos órgãos de segurança? Quais as dificuldades ou restrições para exercício do poder de polícia? R - Não posso falar pelo Com6ºDN, mas a AgPMurtinho embora ainda não tenha se deparado com algum caso em que houvesse a efetiva necessidade, está preparada para exercê-lo, contudo, isso só acontecerá se estiver cercada de todas as precauções e devidamente apoiada pelos demais órgãos competentes e indispensáveis. 1.10 -Quais ações de segurança foram realizadas em conjunto com o (EB) e órgãos de segurança e resultados obtidos no período de 2009 a 2014? Quais ações de segurança estão programadas para 2014 e 2015? R - Só tenho registro de 2012 para cá, mas nesse período foram poucas vezes em que a MB operou em conjunto com o EB, isso ocorreu mais durante a Operação Ágata. Os resultados não foram muito diferentes dos de outras operações iloladas, apenas se teve a sensação maior de segurança durante a operação, pelo fato de se estar com um efetivo do EB armado fazendo cobertura à operação. 1.11 - Como se dá o compartilhamento de informações operacionais com os órgãos de segurança? O Com6DN acessa algum sistema informatizado desses órgãos e a MB disponibiliza algo semelhante? Há confiança entre os órgãos de segurança sobre o compartilhamento das informações? R - A troca de informações ocorre por meio do canal técnico do Sistema Brasileiro de Inteligência, e normalmente só há essa troca dentro de cada operação e apenas de aspectos coerentes e pertinentes. No que diz respeito às Polícias Civil e Militar, não há muita troca de informação, pois às vezes há indícios de que naquelas corporações há elementos que não possuem a devida credibilidade para manusear tais informações. 1.12 - Quais ações são desenvolvidas com a Polícia Federal em Corumbá, Porto Murtinho e em Cáceres? Quais resultados alcançados? R - Não tem ocorrido ações em conjunto com a PF em Porto Murtinho, até mesmo porque aqui não há representação daquela corporação. Nos últimos dois anos, a única vez que foi vista uma viatura da PF em Porto Murtinho foi na cobertura das eleições municipais. 1.13 - O Grupo Especial de Fronteira GEFRON, é uma ação integrada da Secretaria de Segurança Pública do Mato Grosso. Foi criado em 2002 com a missão de combater os crimes transfronteiriços do Mato Grosso com a Bolívia, apoiando as ações das Forças Armadas e da Polícia Federal, que constitucionalmente possuem atribuições de defesa e segurança pública das fronteiras do Brasil. Quais interações o Com6DN realiza com o GEFRON, em especial as OM em Cuiabá e Cáceres? R - No caso aqui em Porto Murtinho, o Gabinete de Gestão Integrada de Fronteira é quem tem essa atribuição, e mensalmente ocorrem reuniões para deliberar ações de segurança envolvendo os principais órgãos de Segurança Pública. 1.14 - Os militares, antes de serem movimentados para o Com6DN, são investigados sobre eventual envolvimento com ilícitos na cidade de origem? São

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acompanhados após desembarcarem do Com6DN? R - Não tenho certeza disso, mas creio que todos passam por uma análise, inclusive o prontuário de todos que são movimentados na MB é encaminhado para a OM de destino, a fim de servir de fonte de consulta e registro de eventuais condutas nocivas. 2- DESENVOLVIMENTO 2.1 - Quais os valores das folhas de pagamento, de civis e militares, da ativa e da RRM residentes em Corumbá/Ladário , Cáceres e Porto Murtinho? R - Em Porto Murtinho a Folha de Pagamento gira em torno de R$ 37.000,00. 2.2 - Qual a estimativa de endividamento médio do pessoal militar e civil, da ativa e da RRM? R - Da ativa e da reserva, em torno de 30%. 2.3 - Qual os valores de Execução Financeira realizadas de 2009 a 2013 em Corumbá/Ladário , Cáceres e Porto Murtinho? R - Esses dados não estão disponíveis nesta Agência, pois em sendo uma OM apoiada, recebe todo o material adquirido pela Capitania Fluvial do Pantanal, a quem cabe gerenciar os montantes e recursos envolvidos. 2.4 - Quais os percentuais de despesas compulsórias de 2009 a 2013 em Corumbá/Ladário , Cáceres e Porto Murtinho? R - Esses dados não estão disponíveis nesta Agência, visto ser uma OM apoiada e todas as faturas de despesas compulsórias serem encaminhadas pelas concessionárias diretamente à Capitania Fluvial do Pantanal (CFPN). 2.5 - Quais empresas de manutenção ou construção de embarcação/navios estão instaladas (legal ou ilegalmente) ao longo da calha do rio Paraguai no trecho entre Cáceres e Porto Murtinho? R - Na jurisdição de Porto Murtinho não há empresas estruturadas nesse segmento. Os reparos são feitos de forma improvisa por pequenos prestadores de serviço. 2.6 - Quantas embarcações/navios civis são cadastradas e ativas, separadamente, em Corumbá/ Ladário, Cáceres e Porto Murtinho? R - Em Porto Murtinho, cerca de 4.600 embarcações. 2.7 - As embarcações/navios civis de Cáceres e Porto Murtinho quando necessitam de reparos mais complexos utilizam a estrutura da BFLa? É possível R - Alguns, sim. Normalmente a BFLa tem limitações para atender a embarcações de órgãos extra-MB, havendo a necessidade de um agendamento prévio. 2.8 - A BFLa possui capacidade ociosa que possa reparar embarcações/navios civis inclusive as existentes na Bolívia e Paraguai? R - Não posso responder pela BFLa, mas creio que não. 2.9 - Qual a avaliação e perspectivas de incremento no relacionamento com o Instituto Federal na formação de mão-de-obra no sentido 'dual" na medida que esses futuros profissionais possam ingressar na Marinha do Brasil? Quais são os cursos realizados? R - Aqui em Porto Murtinho não há unidade do Instituto Federal. 2.10 - Em 2009, o Depósito Naval de Ladário realizou 03(três) cursos de capacitação de fornecedores para licitações em Corumbá/Ladário. Tem sido realizadas ações para incrementar a participação de empresas locais (Corumbá/ Ladário, Cáceres e Porto Murtinho ) nos processos de aquisição e contratações de serviço? Quais resultados alcançados? R - Em Porto Murtinho há poucas empresas (fornecedores e prestadores de

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serviços) devidamente legalizadas, e estas nem sempre demonstram interesse em participar de processos licitatórios, mesmo havendo convites e estímulos por parte desta Agência. 2.11 - O Com6DN participa de fóruns municipais, estaduais ou federais com vistas a promover o desenvolvimento econômico na faixa de fronteira tanto no sentido de garantir a navegação segura como indutor no processo de desenvolvimento econômico que está em curso? Com tem sido essas as participações e quais planejamentos que estão em andamento? R - Não tenho conhecimento. Em Porto Murtinho não há eventos nesse sentido. 2.12 - Quais ações sociais foram realizadas no período de 2009 a 2013? Quantas pessoas foram atendidas na faixa de fronteira compreendidas entre Cáceres e Porto Murtinho? R - Porto Murtinho sofreu em abril de 2013 uma grande enchente, a qual deixou centenas de pessoas desabrigadas, muitas vias intrafegáveis e muitos prejuízos. Em função desse fato, as Forças Armadas programaram e realizaram uma grande Ação Cívico Social nesta cidade, como parte da Operação Ágata, ocasião em que foram reformadas 5 (cinco) escolas públicas, recuperação de estradas, mutirão de saúde e serviços sociais, etc. 2.13 - Quantos Bolivianos e Paraguaios foram atendidos nas ações sociais referente à pergunta anterior? R - Não tenho esse dado. 2.14 - Quantos Bolivianos, Paraguaios e Brasileiros não beneficiário do Sistema de Saúde da Marinha foram atendidos no Hospital Naval de Ladário no período de 2009 a 2013?R - Não tenho conhecimento. Mas sei que em Porto Murtinho é comum o atendimento médico a paraguaios no Sistema de Saúde Municipal. 2.15 - Caso inexistisse restrição legal (lei de licitação entre outras) como poderia ser a atuação da Marinha do Brasil em prol do desenvolvimento e no sistema de educação na faixa de fronteira? R - No caso específico de Porto Murtinho, a MB já faz um trabalho de qualificação de Aquaviários. Todo ano esta Agência realiza cursos para profissionais desta área, além de também aplicar frequentemente provas para habilitação de Amadores. 2.16 – Em que medida a sinalização náutica contribui para o desenvolvimento da região? Há estimativa de riqueza transportada pelo rio Paraguai no trecho Cáceres a Porto Murtinho e se há projeção de ampliação de transporte com os atuais investimentos no desenvolvimento planejado pelos governos estaduais de mato grosso e mato grosso do sul?R - O balizamento de toda a calha do rio Paraguai sob jurisdição desta Agência é realizado pela Marinha do Brasil, e contribui substancialmente para a segurança da navegação. Por Porto Murtinho passam diariamente vários comboios formados por em média 20 balsas, todas carregadas de minério de ferro, soja, milho, e outros. 3.0 - Sugestões para promover mais segurança e mais desenvolvimento na faixa de fronteira.R - Buscar a integração entre os dois países, sobretudo dos órgãos de segurança pública na faixa de fronteira, por meio de tratados binacionais, com ou sem repasses, mas sobretudo, em que se consiga desenvolver a mentalidade e o sentimento de que uma fronteira só será efetivamente segura se houver o comprometimento dos dois lados. OBS: ESTA ENTREVISTA FOI ENVIADA POR EMAIL E RESTITUÍDA PELA

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