a prática do tiro ao alvo em associações esportivas ...³ria/70557...rio grande do sul: um tiro...
TRANSCRIPT
X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009
X Salão de Iniciação Científica PUCRS
A prática do tiro ao alvo em associações esportivas “alemãs” no
Rio Grande do Sul: um tiro certo na história do esporte gaúcho
Alice Beatriz Assmann1, Cecília Kilpp
2, Janice Zarpellon Mazo
1 (orientador)
1Universidade do Rio Grande do Sul,
2 Escola de Educação Física, Programa de Educação Tutorial
Resumo
Introdução
A prática do Tiro ao Alvo no Estado do Rio Grande do Sul é datada de meados do
século XIX, quando foram fundadas as sociedades de tiro, principalmente pelos imigrantes
alemães e seus descendentes (teuto-brasileiros). As associações esportivas foram espaços de
sociabilidade e lazer para os imigrantes e seus descendentes. Regidas por regras e normas que
delimitavam seus objetivos e valores, tais associações eram, em sua grande maioria, lugares
de discussão de questões políticas, culturais e econômicas referentes ao Brasil e a Alemanha.
Para, além disso, estas associações, em geral, foram locais de identificação e diferenciação
étnica. Este estudo tem por objetivo analisar como ocorreu a constituição da prática do tiro ao
alvo nas associações esportivas do Estado do Rio Grande do Sul, descrevendo o contexto
social, político e cultural da época em que foram fundadas as primeiras associações de
atiradores e identificando como ocorreu a participação das mulheres na prática do tiro ao alvo.
Apesar da relevância histórica, são poucos os estudos que tratam, especificamente das
sociedades de tiro ao alvo.
Metodologia
Esta pesquisa de cunho histórico utiliza fontes impressas e documentais, como
documentos das associações, obras comemorativas, atlas do esporte, almanaques, fotos, livros
e artigos sobre história da imigração e colonização alemã no Rio Grande do Sul.
Resultados Parciais
A prática do tiro ao alvo em associações esportivas “alemãs” no Rio Grande do Sul
emergiu na metade século XIX, destacando-se o ano de 1880, quando se verifica a fundação
1689
X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009
de, pelo menos, uma sociedade de atiradores por ano. Nesta época percebe-se uma
significativa ascensão econômica dos imigrantes alemães, o que permitiu maior preocupação
com o lazer e com a afirmação do grupo perante a sociedade rio-grandense. A primeira
referência sobre a prática do tiro ao alvo no estado é datada de 1852. A sociedade mais antiga
é a Shutzengilde, fundada no princípio do ano de 1863 na cidade de Santa Cruz do Sul.
Os Tiros de Guerra, com finalidade de instruir militares e civis para formar reservistas,
tem suas origens nas sociedades de tiro ao alvo. Esta instituição teria sua origem em uma
sociedade de tiro ao alvo com objetivos militares formada na cidade de Rio Grande em 1902.
O primeiro Tiro de Guerra do Estado foi fundado em 1905, com o nome de Tiro Brasileiro n°
4, na cidade de Porto Alegre, a partir da Sociedade Alemã de Tiro de Porto Alegre.
Durante o início do século XX, destaca-se a formação das sociedades femininas,
como, por exemplo, a Sociedade de Damas Harmonia de Ponte Rio Pardinho (Santa Cruz do
Sul) fundada em 1904 e o Clube de Atiradoras Progresso de Sinimbu, em Sinimbu, em 1902.
Com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), muitas sociedades de tiro foram
fechadas ou enfrentaram diversos problemas para se manter. A Segunda Grande Guerra
(1939-1945) foi ainda mais problemática para o associativismo teuto-brasileiro. O sentimento
de afirmação da identidade nacional brasileira e, consequentemente, de oposição a toda e
qualquer manifestação identidária “inimiga”, fechou as portas de inúmeras sociedades de
atiradores no Estado. Com o fim da guerra, algumas associações conseguiram se reerguer,
outras permaneceram com as portas fechadas e outras ainda, voltaram a atuar com
dificuldades. Além disso, muito se perdeu sobre a história das sociedades de atiradores, com a
queima de documentos e desapropriação de sedes.
Referências
MAZO, J. Emergência e a Expansão do Associativismo Desportivo em Porto Alegre
(1867-1945): espaço de representação da identidade cultural teuto-brasileira. Tese
Doutorado. Faculdade de Educação Física e Ciências do Desporto, Universidade do Porto,
Portugal, 2003.
KILPP, C. KRIEGERVEREIN: a constituição da Sociedade de Guerreiros e das
primeiras associações esportivas de Teutônia/Estrela (1874-1950). Monografia
(Licenciatura em Educação Física) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
Porto Alegre, 2008.
LIMA, S. O papel da mulher nas sociedades de Damas. Monografia (Pós-Graduação em
História Regional) – Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul, 2001.
1690
X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009
RAMOS, E. O teatro da sociabilidade: um estudo dos clubes sociais como espaços de
representação das elites urbanas alemãs e teuto-brasileiras: S. Leopoldo. 1850/1930. Tese Doutorado. Curso de Pós-Graduação em História do Instituto de Filosofia e Ciências
Humanas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2000.
ROCHE, J. A Colonização Alemã e o Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Globo, 1969.
SILVA, H. Entre o amor ao Brasil e ao modo de ser alemão: a história de uma liderança
étnica (1868-1950). São Leopoldo: Oikos, 2006.
RAMBO, A. Cem Anos de Germanidade no Rio Grande do Sul 1824-1924. São Leopoldo:
Unisinos, 1999. Original por Verband Deutscher Vereine, 1924.
PETRY, S.M.V. Os clubes de caça e tiro na região de Blumenau: 1859-1981. Blumenau:
Fundação Casa Dr. Blumenau, 1982.
SEYFERTH, G. A colonização alemã no vale do Itajaí-Mirim: um estudo de
desenvolvimento econômico. Porto Alegre: Movimento, 1974.
MULLER, T. Colônia Alemã: história e memórias. Caxias do Sul: EST, 1978.
OLIVEIRA, P. Esportes trazidos pela imigração. In: FISCHER, L.A. e GERTZ, R.E. (coord)
Nós os teuto-gaúchos. Porto Alegre: UFRGS, 1996.
VOGT, O. Abrindo o Baú de Memórias: o Museu de Venâncio Aires conta a história do
município. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2004.
GRUTZMANN, I., DREHER, M.; FELDENS, J. Imigração Alemã no Rio Grande do Sul:
recortes. São Leopoldo: Oikos, 2008.
FERREIRA, E. A História do Tiro ao alvo. Porto Alegre: Pallotti, 1986.
LAZZAROTTO, D. História do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Sulinas, 1982.
1691