a população negra se encontra à margem de diversos espaços socialmente representativos

2
A população negra se encontra à margem de diversos espaços socialmente representativos. Esse post tem por objetivo tratar brevemente apenas de dois importantes âmbitos onde a ausência de negros e negras se faz presente, tal como no ensino superior e no segmento audiovisual. No que concerne à ausência de negros na área acadêmica, vemos que apesar dos avanços em decorrência de programas de inclusão implementados em diversas regiões do país, durante os últimos anos, tal como o Prouni e SISU as diferenças étnicas ainda se tratam de uma questão alarmante na esfera universitária. Essa discrepância fora evidenciada a partir de um estudo realizado por um aluno do curso de geografia, Hugo Nicolau, intitulado: “Onde estão os negros da USP?” O autor da pesquisa analisou a composição racial da Universidade de São Paulo (USP) com base em dados advindos do vestibular da Fuvest, da Prefeitura de São Paulo e do IBGE. Segundo o diagnóstico, dos alunos que ingressaram na universidade em 2010 fora constatado que 77% dos alunos eram brancos, 10% pardos, 10% asiáticos e apenas 2% eram negros. A situação se agrava quando analisamos a invisibilidade de negros no segmento audiovisual brasileiro pois são raros os casos em que negros são protagonistas, tratando desde obras da teledramaturgia à comerciais. Joel Zito Araújo, cineasta, diretor e roteirista de TV, além de doutor em ciências da comunicação pela ECA-USP em seu livro “A negação do Brasil” evidencia que na maioria dos papéis de produções televisivas os negros, ou mulatos, representam personagens ditos como malandros que demonstram ginga e samba no pé, fato este que transmite uma imagem de negligência, falta de responsabilidade ou até mesmo marginalidade. Desta forma, estereótipos acabam sendo perpetuados entre a população. Uma das medidas protelatórias que, sem dúvida, contribuirão muito para a inclusão de negros e negras no âmbito audiovisual se trata da plataforma independente chamada Afroflix. O site em questão visa questionar a exclusão de negros no audiovisual brasileiro e reúne produções que contam com a participação de ao menos uma pessoa negra em alguma área de atuação, tanto técnica como artística. Vale ressaltar que o

Upload: vitorhugomartins

Post on 09-Jul-2016

215 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

Chamada

TRANSCRIPT

Page 1: A População Negra Se Encontra à Margem de Diversos Espaços Socialmente Representativos

A população negra se encontra à margem de diversos espaços socialmente representativos.

Esse post tem por objetivo tratar brevemente apenas de dois importantes âmbitos onde a ausência de negros e negras se faz presente, tal como no ensino superior e no segmento audiovisual.

No que concerne à ausência de negros na área acadêmica, vemos que apesar dos avanços em decorrência de programas de inclusão implementados em diversas regiões do país, durante os últimos anos, tal como o Prouni e SISU as diferenças étnicas ainda se tratam de uma questão alarmante na esfera universitária.

Essa discrepância fora evidenciada a partir de um estudo realizado por um aluno do curso de geografia, Hugo Nicolau, intitulado: “Onde estão os negros da USP?”

O autor da pesquisa analisou a composição racial da Universidade de São Paulo (USP) com base em dados advindos do vestibular da Fuvest, da Prefeitura de São Paulo e do IBGE. Segundo o diagnóstico, dos alunos que ingressaram na universidade em 2010 fora constatado que 77% dos alunos eram brancos, 10% pardos, 10% asiáticos e apenas 2% eram negros.

A situação se agrava quando analisamos a invisibilidade de negros no segmento audiovisual brasileiro pois são raros os casos em que negros são protagonistas, tratando desde obras da teledramaturgia à comerciais.

Joel Zito Araújo, cineasta, diretor e roteirista de TV, além de doutor em ciências da comunicação pela ECA-USP em seu livro “A negação do Brasil” evidencia que na maioria dos papéis de produções televisivas os negros, ou mulatos, representam personagens ditos como malandros que demonstram ginga e samba no pé, fato este que transmite uma imagem de negligência, falta de responsabilidade ou até mesmo marginalidade. Desta forma, estereótipos acabam sendo perpetuados entre a população.

Uma das medidas protelatórias que, sem dúvida, contribuirão muito para a inclusão de negros e negras no âmbito audiovisual se trata da plataforma independente chamada Afroflix.

O site em questão visa questionar a exclusão de negros no audiovisual brasileiro e reúne produções que contam com a participação de ao menos uma pessoa negra em alguma área de atuação, tanto técnica como artística. Vale ressaltar que o acesso do público aos conteúdos é livre. Basta acessar: http://www.afroflix.com.br/

Os questionamentos acerca da questão avançam quando nos referimos à um escopo global, basta analisarmos que a ausência de negros em papéis de destaque se fez refletir durante dois anos consecutivos na maior premiação da sétima arte; o Oscar.

É fato que as condições sociais no país em que vivemos não são iguais, por conta disso argumentos meritocráticos devem ser desconsiderados quando tratamos de questões relacionadas à cotas em universidades. Deve haver maior resistência na luta por políticas de permanência no âmbito acadêmico para as camadas mais abastadas da sociedade que, em sua maioria, são compostas por negros e pobres.

Nesse sentido, é necessário afinco por parte de todxs que lutam por essa causa e tanto a criação do projeto Afroflix quanto a frequente divulgação sobre a problemática em questão nas universidades, se constituem como um primeiro passo para que possamos viver em uma sociedade menos preconceituosa, mais igualitária e inclusiva.