a polÍtica educacional para pessoa com deficiÊncia … · globais do desenvolvimento no ensino...
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Eixo: Política Educacional
A POLÍTICA EDUCACIONAL PARA PESSOA COM
DEFICIÊNCIA (1980-2015)
Ana Paula Santi (Unioeste)1
Paulino José Orso (Unioeste)2
Resumo: Este trabalho tem por objetivo apresentar alguns aspectos acerca da pesquisa
que se encontra em desenvolvimento, cuja finalidade é analisar as teorias pedagógicas
relacionadas à implantação da Política Nacional para Educação Inclusiva nos Sistemas de
Ensino da região Oeste do Paraná, a partir da década de 1980. À luz da Pedagogia
Histórico-Crítica pretende-se explicitar as propostas de educabilidade para Pessoa com
Deficiência (PCD). Para tanto, são utilizadas referências bibliográficos que abordam as
questões relacionadas ao currículo e os documentos norteadores das Políticas
Educacionais dos diferentes Sistemas de Ensino, aos quais as instituições escolares que
atendem à escolarização da Pessoa com Deficiência estão vinculadas. Também
abordaremos conceitos tais como: Estado, Políticas Sociais, Políticas Educacionais,
Currículo e Concepção de Desenvolvimento Humano, partindo do pressuposto de que as
teorias não são neutras e podem expressar concepções diferentes e até mesmo
antagônicas. O escopo de tal investigação é referenciar, conceituar e provocar discussões
que subsidiem os profissionais que atuam na Educação Especial, os gestores das
instituições de ensino, os membros dos Conselhos Municipais da Educação e os Fóruns
Municipais da Educação, com vista à defesa de uma pedagogia que tenha como fim a
emancipação dos alunos com e sem Deficiência das redes públicas de ensino.
Palavras-chave: Deficiência; Diversidade; Políticas Educacionais; Democratização e
Pedagogia Histórico-Crítica.
1 Ana Paula Santi, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, Paraná, Brasil. E-mail:
[email protected]. 2 Paulino José Orso, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, Paraná, Brasil. E-mail:
Introdução
Na região Oeste do Paraná coexiste o Sistema Estadual e os Sistemas Municipais
de Ensino que aderiram, de forma diferenciada a “Política Nacional de Educação
Especial, na Perspectiva da Educação Inclusiva”, no ano de 2007.
Tal adesão implica na inclusão dos alunos com Deficiência e Transtornos
Globais do Desenvolvimento no Ensino Comum e a implantação do serviço de apoio
Atendimento Educacional Especializado, através das Salas de Recursos Multifuncionais
e outros serviços de apoio especializados, no contraturno e outros serviços no turno do
Ensino Comum.
Paralelo a este processo de inclusão da Pessoa com Deficiência e/ou Transtornos
Globais de Desenvolvimento, mantêm-se, no Oeste do Estado do Paraná, escolas
exclusivas para o atendimento à PCD, com seus Projetos Políticos Pedagógicos próprios.
Estas são instituições de direito privado, que prestam serviços educacionais, clínicos e
assistenciais, e possuem convênios com o Estado.
Da mesma forma, as escolas do Ensino Comum, tanto públicas como privadas,
apresentam seus Projetos Políticos Pedagógicos próprios, adequando-se a adesão dos seus
respectivos Sistemas de Ensino à Política Nacional de Educação Especial, na perspectiva
da Educação Inclusiva.
No entanto, o processo de escolarização da PCD, seja nas escolas inclusivas
como nas exclusivas, podem estar instaurando somente novos elementos a uma
problemática já recorrente no cotidiano escolar, tanto brasileira como regional, como
também de nível global, que se refere à exclusão de uma parcela significativa dos alunos,
nos processos educativos formais, dos conhecimentos culturais, em seus níveis mais
desenvolvidos.
Tais apropriações culturais lhes permitiriam apropriar-se e constituir-se
enquanto indivíduos conscientes da sua história, participativos e produtivos de uma
história possível para si e para humanidade. Portanto a necessidade de estudo sobre como
se constitui este Estado que gestiona a política pública para educação formal da PCD.
Salientamos que o slogan do Estado como “democrático” e “descentralizador”,
a partir da década de 1980, incentiva ações de constituição de diversos “Conselhos”, que
podem ser de natureza consultiva, fiscalizadora, deliberativa e, também, de
normatizadora3. Na área da Educação tem-se, por exemplo: Conselhos de Classe,
Conselhos Escolares, Conselhos Municipais de Educação, Fóruns Municipais
Permanentes de Educação, dentre outros, que se estendem pelas diferentes esferas
regionais, estatuais e nacionais.
Os membros dos Conselhos de nível “municipal”, constituem-se paritariamente,
via de regra, entre ocupantes de cargos governamentais e não governamentais, por
representatividade de indicação ou de eleição. Esses podem decidir e normatizar sobre
pautas que, por sua vez, podem direcionar (com determinado limite) condições para a
materialização da proposta teórico-metodológica educacional, anunciada pela Rede
Municipal de Ensino e/ou pelo Sistema de Ensino do qual está vinculado.
Tais sujeitos, podem não ter clareza ou mesmo referências históricas que lhes
permitam tomar, com maior propriedade, decisões deveras importantes quando à
educabilidade dos alunos, com ou sem deficiência, uma vez que há lacunas a respeito de
pesquisas que contemplem a explicitação das tendências pedagógicas nos documentos
curriculares, ou mesmo da própria história da educação daquela comunidade, ou de
determinada modalidade de ensino naquela comunidade, que se diferencia ou não da
generalidade, e que faz diferença no processo decisório.
Estas lacunas são reconhecidas no campo da Educação Especial e tornam o
campo da atuação dos profissionais, que trabalham nesta modalidade, ou de seus gestores
ou conselheiros, nos últimos anos, um tanto “nebulosa” ou mesmo “frágil”.
Ainda pode afirmar que os sujeitos que atuam na área, como professores ou
como responsáveis pela formação continuada destes professores, e mesmo os que atuam
na proposição de Políticas Públicas, ficam como que “a mercê” ou “reféns” de projetos,
de programas ou de “sujeitos” que podem não ter como propósito a formação escolar
promotora do desenvolvimento omnilateral.
Explicitar as perspectivas de formação escolar históricas, porém vigentes nos
Sistemas de Ensino, que podem ser diferentes e até mesmo antagônicas, e que estão em
3 Para a função institucional normatizadora de Conselho Municipal de Educação, faz-se necessário que esse esteja atrelado a instituição de um Sistema de Ensino
próprio, todos “subjugados” ao poder executivo público municipal. No caso de Toledo (PR), a criação do Sistema próprio de Educação é de 2003 e o de Cascavel
(PR) é instituído no ano de 2010. Tratam-se dos únicos Sistemas municipais de Ensino, da Região Oeste do Paraná.
disputa, amplia as possibilidades dos próprios educadores, no limite do sistema
organizacional de ensino próprio, de propor uma prática docente mais coerente em relação
às demandas da “escolarização para todos”.
Nesse caso, poderá beneficiar também a escolarização das PCD, em instituições
exclusivas, reconhecendo que maior conhecimento sobre a política pública permite mais
coerência nas ações dos gestores e professores destas instituições, que podem promover
o desenvolvimento das Funções Psicológicas Superiores dos alunos com deficiência.
Faz-se urgente conhecer as categorias históricas que envolvem o campo da
Educação Especial. Suas determinações permitem realizar uma discussão fundamentada,
instrumentalizada e coerente para visualizar os limites e possibilidades, quando estão
sendo construídas, implantadas e implementadas Políticas Públicas específicas de
formação escolar.
A pesquisa apresentada está em fase inicial de desenvolvimento e, portanto,
neste momento serão destacados os conceitos principais em relação ao tema, tais como:
Política Pública de Educação Inclusiva, Currículo e Teorias Pedagógicas, compreendendo
que podem subsidiar os Projetos Políticos Pedagógicos Escolares do Oeste do Paraná, que
serão posteriormente analisados.
Ensinar para todos: uma política social e uma proposta curricular para a
diversidade
O anúncio político de “Ensinar para todos” ou da “escolarização da Pessoa com
Deficiência, na ótica da Educação Inclusiva”, foi empregada pela adesão do Estado
Nacional, aos documentos internacionais a partir da Constituição Federal - CF de 1988,
sobretudo pelo adendo à Constituição Federal, apresentado pelo Decreto Legislativo nº
1864, de 2008.
A partir desta adesão há implantações, por meio das Políticas Públicas nacionais,
atreladas a programas, projetos e financiamentos próprios, pelos Sistemas Públicos de
4 Aprova o texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova Iorque, em 30 de março de 2007.
Ensino5, regulamentados pelo regime de colaboração entre os entes federados e suas
instituições colegiadas. Esta proposta indica a necessidade de uma “Revolução
Educacional” para os Sistemas de Ensino.
A maior parte dos entes federados e Sistemas de Ensino aderiram à “Política
Nacional de Educação Especial, na Perspectiva da Educação Inclusiva”, de modo geral,
em todas as suas prerrogativas.
Entretanto, o Estado do Paraná e seu Sistema de Ensino, apresentam algumas
peculiaridades em relação ao tema6, ao mesmo passo que os Sistemas de ensino, deste
Estado, entre eles, o Sistema de Ensino próprio de Toledo (PR) e o de Cascavel (PR),
expressam diferenças, que merecem atenção, em relação à implementação da Política
Nacional, aderida pelo Sistema Estadual até a atualidade e que serão analisadas mais
adiante.
Para este momento, cabe a exposição dos conceitos de currículo, política
educacional como política pública (de Estado), e de Educação Formal7 para o
desenvolvimento da Pessoa com Deficiência.
O Currículo pode expressar questões fundamentais, das quais os profissionais da
educação precisam estar cientes, ou seja, aptos a identificar para que, de forma
substancial, possam agir ou reagirem às propostas educacionais em curso. Nesse sentido,
pautados em Sacristan (1998), cabe indagar,
Que objetivos, no nível de que se trate, o ensino deve perseguir? O que
ensinar, ou que valores, atitudes e conhecimentos estão implicados nos
objetivos? Quem está autorizado a participar nas decisões do conteúdo
da escolaridade? Por que ensinar o que se ensina, deixando de lado
muitas outras coisas? Trata-se da justificativa do conteúdo. Todos esses
objetivos devem ser para todos os alunos/as ou somente para alguns
deles? Quem tem melhor acesso às formas legítimas de conhecimento?
Esses conhecimentos servem a quais interesses? Que processos incidem
e transformam as decisões tomadas até que se tornem prática real?
Como se transmite a cultura escolar nas aulas e como deveria se fazer?
[Já que a forma de ensinar não é neutra quanto ao conteúdo do
ensinado]. Como inter-relacionar os conteúdos selecionados
oferecendo um conjunto coerente para os alunos/as? Com que recursos
5 As prerrogativas legais e gerais sobre os sistemas de ensino estão dispostas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei nº 9.394 de 1996.
6 A este estudo referenda-se o texto “Reflexões sobre a Política de Educação Especial Nacional e no Estado do Paraná”, das autoras Evelcy Monteiro Machado e
Maria da Glória Lima Pereira Vernick, publicado no ano de 2013, cujo material encontra-se disponível em meio eletrônico.
7 A respeito da relação da Educação formal e do Estado, pelo viés da Luta de Classes, indica-se a obra “Educação e Luta de Classes”, organizado por Paulino José
Orso, et al, publicado no ano de 2008.
metodológicos, ou com que materiais ensinar? Que organização de
grupos, professores/as, tempo e espaço convém adotar? Quem deve
definir e controlar o que é êxito e o que é fracasso no ensino? Como
saber se houve êxito ou não no ensino e quais consequências têm sobre
o mesmo as formas de avaliação dominantes? Como podem se mudar
as práticas escolares relacionadas com esses temas? (SACRISTAN,
1998, p. 124-125)
Essa citação expressa o que se pode denominar como imediato, o que está
acessível aos órgãos do sentido, dos profissionais da educação, mesmo porque tais
sujeitos, em tese, são os que, em grande medida produzem o currículo escolar. Entretanto,
o currículo escolar, ou sua sistematização não se limitam ao Projeto Político Pedagógico
das instituições escolares. Há, portanto, outras instâncias curriculares, que precisam ser
analisadas, conforme o mesmo autor destaca:
(...) o currículo como processo se expressa em diversos âmbitos de
decisões e realizações, intimamente relacionados e interdependentes,
quais sejam: o âmbito das decisões políticas e administrativas: o
currículo prescrito e regulamentado; b) o das práticas de
desenvolvimento, modelos em materiais, guias: o currículo planejado
para professores e alunos; c) o das práticas organizativas: o currículo
organizado no contexto de uma escola; d) o da reelaboração da prática
– transformações no pensamento e no plano dos professores/as, e nas
tarefas escolares: o currículo em ação; e) o das práticas de controle
internas e externas: o currículo avaliado. (SAVIANI, 2002; apud.
SACRISTAN, 1998, p. 139)
Segundo estudos recentes, a respeito das tendências pedagógicas mais presentes
na história dos currículos nacionais, atreladas intimamente a própria história da educação
brasileira e suas influências externas, Malanchen (2014), por meio de autores, tais como
Silva (2009), apresenta a centralidade das tendências em três grandes campos teóricos:
Tradicional, Crítica e Pós-crítica, das quais serão listadas algumas tendências
pedagógicas8.
Destacamos que, para Malanchen (2014), as primeiras preocupações com a
organização e sistematização curricular ocorreram no Brasil a partir de 1920, sob um viés
idealista-racionalista, próprio das áreas da administração, dado a compreensão da escola
como formadora das demandas econômicas de reprodução social, para o mercado, na
8 Reconhecendo, desde já o limite para a exposição da constituição das Tendências Pedagógicas, referenda-se a obra “História das ideias pedagógicas no Brasil”, do
autor Demerval Saviani.
égide desenvolvimentista-industrial9. O Brasil importa, basicamente, ideias norte-
americanas, também pelos acordos que o Brasil firma com os organismos multilaterais,
em prol, na época, do “progresso”.
Nesse contexto, no Brasil, ascendem as teorias consideradas tradicionais, das
quais se destacam as seguintes: Liberal Renovadora, Liberal Renovadora não-diretiva e
Liberal Tecnicista. Tais tendências correspondem a conjunturas políticas específicas, que
influenciaram, de forma singular, na implementação das mesmas. Portanto, não foram
concretizadas de forma cronológica-linear10.
Já em meados da década de 1970, o currículo escolar passa a ser criticado. Vários
autores apresentaram propostas de desconstrução das teorias tradicionais e de construção,
sobretudo, das seguintes teorias: Teorias Pedagógicas Libertadoras e Libertárias, Crítico
Social dos Conteúdos e Pedagogia Histórico-Crítica11.
Apesar de considerar a “abertura” política da década de 1980, e as possibilidades
que se travam, pela luta dos movimentos sociais a partir desta época, tem-se também, por
outro lado a implantação de ideologias educacionais, por meio das adesões, do Estado
brasileiro aos acordos internacionais desta época, que “garantem acesso aos direitos para
todos” e “pela paz”, acrescenta-se também pelo associativismo e empreendedorismo.
Nesse contexto, apresentam-se as teorias pedagógicas, consideradas “pós-
críticas”, que apregoam, segundo Duarte (2010), o relativismo cultural e epistemológico,
dentre os quais, destacam-se as tendências pedagógicas de “currículo em rede”, “currículo
plural” e “currículo multicultural”. O autor ainda denomina tais tendências pedagógicas,
ou ideias pedagógicas, como pedagogias do “aprender a aprender”, referenciando o
documento da UNESCO, relatório sistematizado por Jacques Delors, “Educação: Um
tesouro a descobrir” sobre os quatro pilares para Educação do século XXI”.
Ainda, nessa perspectiva, encontram-se as Políticas Educacionais e curriculares
para a diversidade em seus aspectos raciais, de identidade e de alteridade e, no enfoque
9 Para aprofundar o tema e o período histórico indicado, referenda-se a obra “Currículos e programas no Brasil” do autor Antônio Flávio Barbosa Moreira, indicado
no referencial bibliográfico.
10 A título de exemplo, o que ocorreu com a tendência pedagógica “Liberal Renovadora”, cujo projeto de reforma educacional, direcionado no início da década de
1930, por Anísio Teixeira (na época ocupante de cargos executivos na área da educação), quando se defronta à conjuntura política brasileira ditatorial do “Estado
Novo” (1937-1945) e as reformas educacionais, que, de fato, são implementadas no país, por Gustavo Capanema.
11 Referenda-se a obra “Pedagogia Histórico-Crítica: Primeiras Aproximações”, do autor Demerval Saviani.
deste estudo, as políticas que tratam das diferenças em relação às condições de deficiência
física-sensorial ou mental.
Na contraposição das abordagens que tratam com superficialidade as condições
objetivas de existência e de desenvolvimento da Pessoa com Deficiência, destaca-se como
referencial, a Psicologia “Histórico-Cultural” ou “Sócio-Psicológica”, em combinação
com a Teoria Pedagógica, conhecida como “Pedagogia Histórico-Crítica”, que seguem,
de forma breve, nesta apresentação.
Na concepção de desenvolvimento psicológico, o ser humano apresenta “Planos
de Desenvolvimento”, que o diferenciam dos demais animais, a saber: Filogênese,
Ontogênese, Sociogênese e Microgênese, sendo esses mais influenciados pelas interações
sociais do que pré-dispostos ou limitações, por questões biológicas. Inclusive, pode-se
afirmar que os sujeitos da interação são capazes de perceber, responder, generalizar e
alterar suas próprias percepções (sentidos, significados), reorganizar-se enquanto
estruturas psíquicas, a ponto de poder ultrapassar barreiras socialmente impostas, de
acordo com o surgimento de novos conhecimentos ou também conhecido como
“Aprendizagem Especial”.
Nesse sentido, o homem não nasce pronto, ele é constituído na relação social ou
pelas interações sociais mediadas (signos e instrumentos), que são apropriações culturais
regidas por meio dos processos de ensino-aprendizagem.
O homem, portanto, interage tanto como objeto do conhecimento como com os
sujeitos a sua volta, dependendo de como os vê, ou seja, subsidiados com valores social
e historicamente determinados, que, por sua vez configuram um contexto social também
determinado.
De acordo com o autor soviético Luria, quando trata da passagem do pensamento
concreto imediato, ao pensamento teórico lógico-verbal, considerando as questões de
“problema do pensamento”, originado nos estudos sobre os “Fundamentos da
Defectologia”, investigados pelos seus precursores e companheiros de estudo Vigotski e
Leotiev, expressa que:
O enfoque científico do problema do pensamento é impossível sem
partir de uma investigação detalhada das formas de vida social que
caracterizam uma e outra etapa do desenvolvimento histórico e sem se
vincular as modificações na estrutura dos processos intelectuais com as
transformações de novos tipos de pensamento. (LURIA, 1986, p. 209)
Ora, as peculiaridades da forma superior de vida do homem, segundo Luria
(1986), devem ser analisadas, portanto, na forma histórico-social de atividade, que está
relacionada com o trabalho social, com o emprego de instrumentos de trabalho e com o
surgimento da própria linguagem, como resultantes de dadas necessidades, do
desenvolvimento das forças produtivas.
Essa teoria da aprendizagem, que reconhece os sujeitos do processo ensino-
aprendizagem como possuidores ou incorporadores de saberes oriundos de determinadas
intenções, ideias a respeito do que é ensinado, considera também os signos, significados
e significantes oriundos das suas formas de vida social.
Portanto, as diferenças ou desigualdades, quanto a valores sociais relativos ao
nível de aprendizagem e traços comportamentais entre o homem está vinculado, conforme
o autor Leontiev (1978), não as suas diferenças biológicas naturais, mas as suas
desigualdades econômicas, sendo esse o foco mais expressivo da realidade histórica da
humanidade. A respeito do tema expressa:
Se um ser inteligente, vindo de outro planeta visitasse e descrevesse
aptidões físicas, mentais e estéticas, as qualidades morais e os traços de
comportamento de homens pertencentes às classes e camadas sociais
diferentes ou habitando regiões ou países diferentes, dificilmente, se
admitiria tratar-se de representantes da mesma espécie. Mas essa
desigualdade não provém de suas diferenças biológicas naturais. Ela é
produto das desigualdades econômicas, da desigualdade de classes e da
diversidade consecutiva e suas relações com as aquisições que
encarnam todas as aptidões e faculdades da natureza humana, formadas
no decurso de um processo sócio-histórico (LEONTIEV, 1978, p. 274).
Quanto à Pedagogia-Histórico-Crítica, tendo em conta o limite do texto,
apresenta-se a necessidade de, por meio da escolarização, desenvolver em cada sujeito
singular, por meio da apropriação dos conteúdos curriculares, o máximo de
desenvolvimento cultural, construído coletivamente pela humanidade, esse é o conteúdo
e compromisso da Escola.
A forma de ensinar12 está condicionada pelos sujeitos, que são históricos e
determinados, em grande medida, pelas condições sociais de existência em que estão
inseridos, e que se refere aos instrumentos mediadores disponíveis, ou seja, pelo
desenvolvimento histórico das forças produtivas e pela classe social que pertencem, de
modo geral, no caso deste estudo, referindo-se aos sujeitos do processo de ensino-
aprendizagem das escolas públicas de ensino.
Assim, o trabalho pedagógico é um trabalho de condições, de escolhas, de
compromisso e de interesse ético e político, pois a lógica empregada relaciona
dialeticamente a Educação Formal e as possibilidades de desenvolvimento do psiquismo
humano13.
A constituição da consciência “de si” e “para si” é social e mediada, vê-se como
cada vez mais necessária em tempos, cujas contradições sociais tornam-se distantes entre
os que podem ter mais e, por outro lado, os que têm menos condições de apropriações dos
conhecimentos científicos.
Tais questões são compreendidas como condicionantes para ações coletivas e
individuais, em diferentes espaços, para o trabalho e a luta pela qualidade da educação,
que promova desenvolvimento integral dos sujeitos da educação formal, sejam eles com
ou sem deficiência.
Não basta termos os alunos com deficiência entre nós (mesmo reconhecendo que
seja condição primária), é preciso que esses e todos os outros tenham aprendizado, tenham
desenvolvimento. É preciso que o próprio professor e professora sejam desenvolvidos no
processo de ensino, preferencialmente com seus pares nos estudos coletivos direcionados.
Para Santi (2006), em se tratando das Políticas Educacionais para Educação
Inclusiva, apresenta a seguinte premissa:
A analogia entre a teorização e a prática do atendimento às pessoas com
deficiência é clara. É preciso discutir sobre as bases que fundamentam
as diferenças, a exclusão e marginalização do ser humano na sociedade
moderna. Entendemos que esta discussão é apriorística e fundamental
à discussão dos limites e possibilidades da educação inclusiva do nosso
século. (SANTI, et al, Edunioeste, 2006, p. 93)
12 A respeito da história da unidade ou divergências dos conteúdos e formas de ensinar (didática), referenda-se a obra “Saber escolar, currículo e Didática: problemas
da unidade conteúdo/método no processo pedagógico”, da autora Nereide Saviani.
13 A esse tema referenda-se a obra “O desenvolvimento do psiquismo e a educação escolar: contribuições à luz da psicologia histórico-cultural e da pedagogia
histórico-crítica”, da autora Lígia Márcia Martins, publicado em 2013.
Assim, como muitos pesquisadores, entre eles Franco (2003), parte do princípio
de que a ideia de que um objeto de pesquisa interativo14 deriva de substâncias materiais
da vida dos sujeitos, bem como possibilita desenvolver estratégias de interferência na
práxis pedagógica.
Segundo Franco,
Uma ação pedagógica passível de alguma alteração na práxis dos
sujeitos é possível, à medida que o pesquisador interage com o objeto
de pesquisa também através de “[...] atitudes problematizadoras e
contextualizadoras das circunstâncias da prática; dentro de uma
perspectiva crítica sobre as ideologias presentes na prática, tendo por
objetivos a emancipação e a formação dos sujeitos da prática.
(FRANCO, 2003, p. 88)
Ora, o que de fato condiciona a vida dos sujeitos, suas ações e suas abstrações ou
representações conceituais sobre as questões permeiam o seu cotidiano? O que, de fato
determinam os seus processos educacionais formais? Entende-se que os elementos que
condicionam a vida dos sujeitos, suas ações e suas ideias resultam da relação a que este
sujeito está condicionado na produção da sua existência. Por meio do trabalho, portanto,
que é “ontológico do ser social15”, nesse sentido, as relações sociais que o homem
estabelece a partir das relações materiais de existência, são explicitadas por Marx (1976),
A forma como os indivíduos manifestam sua vida reflete muito
exatamente aquilo que são. O que são coincide, portanto com a sua
produção, isto é, tanto como aquilo que produzem como a forma cotizo
produzem. Aquilo que os indivíduos são depende, portanto, das
condições materiais de sua produção. Esta produção só aparece com o
aumento da população e pressupõe a existência de relações entre os
indivíduos. A forma dessas relações é por sua vez condicionada pela
produção (MARX, 1976, p. 18).
14 No sentido de que o pesquisador interagindo com o objeto de pesquisa, tenha que ser este último próprio do seu cotidiano para que haja maior possibilidade de
produtividade no sentido de transformação do objeto social analisado, para beneficio da classe trabalhadora. No objeto há o ganho imediato no que tange a maior
possibilidade da revelação aproximada da sua “essência” (relações a que está condicionado) e do pesquisador o ganho no sentido de um maior enriquecimento teórico
em relação ao objeto por meio do exercício da conceituação.
15 Este termo anunciado refere-se aos estudos realizados por Sergio Lessa (2012), que tratam das categorias que Georg Lukács (Filósofo Húngaro influenciado por
Emanuel Kant, Friederich Engels e Karl Marx). Lessa traduz estes estudos na obra “Mundo dos Homens - trabalho e ser social”. Referimo-nos, principalmente a
“Ontologia do ser social”. Lessa apresenta didaticamente como o desenvolvimento das forças produtivas condicionam, em grande medida, as relações sociais.
Pode-se dizer que tanto o pensamento como as ações são aspectos imanentes e
dialógicos, originados na “práxis”, ou seja, o homem abstrai (ideia) daquilo que o
movimento do real (material) lhe permite captar, sendo que esta captação do real é
aprendida por nós de forma singular, e essa singularidade tem haver, em gande medida,
com o acesso ou não de cada sujeito aos bens mateiais e culturais produzidos pela
humanidade.
O que permite teorizar nosso cotidiano, buscando o que é regular, o que é
essencial, numa proposta de pesquisa transformadora da realidade, são ferramentas
conhecidas, por essa lógica de compreender a realidade objetiva, como “conceitos” e
“generalização” ou algo que do fenômeno é “substancial16”, em determinadas
contradições históricas.
Nesse sentido, compreende-se que os fundamentos dos documentos curriculares
podem estar presentes de forma alinhada ou desarticulada das múltiplas determinações
das Políticas Públicas do Estado, sendo que se faz necessário a teorização da definição do
Estado como natureza, funcionamento e limites de ações promovidas e promotoras de
materialidade (condições materiais) e ideologias.
Enquanto política social-educacional, pode-se destacar dois conceitos de Estado,
a primeira refere-se à citação do autor Friedrich Engels (2002), com um panorama
explícito da natureza e dos limites desta organização, mesmo que considerando o sufrágio
universal, e o segundo autor Faleiros (2009), com a compreensão de possibilidades de
intervenção social deste aparelho.
Segundo Engels,
O Estado não é, pois, de modo algum, um poder que se impôs à
sociedade de fora para dentro; tampouco é "a realidade da idéia moral",
nem "a imagem e a realidade da razão", como afirma Hegel. É antes um
produto da sociedade, quando esta chega a um determinado grau de
desenvolvimento; é a confissão de que essa sociedade se enredou numa
irremediável contradição com ela própria e está dividida por
antagonismos irreconciliáveis que não consegue conjurar. Mas, para
que esses antagonismos, essas classes com interesses econômicos
colidentes não se devorem e não consumam a sociedade numa luta
estéril, faz-se necessário um poder colocado aparentemente por cima da
16 Lukács, in Lessa (2012) expressa a substancialidade dos fenômenos no seu âmbito processual indicando que “...a substancialidade (...) não é uma relação estático-
estacionária de autoconservação que se contraponha em termos rígidos e excludentes ao processo do devir, ela ao invés se conserva em sua essência, mas
processualmente...” (p. 45).
sociedade, chamado a amortecer o choque e a mantê-lo dentro dos
limites da "ordem". Este poder, nascido da sociedade, mas posto acima
dela se distanciando cada vez mais, é o Estado (ENGELS, 2002, p. 191).
Faleiros (2009), por sua vez, destaca que o Estado promove as condições para
reprodução do capital em detrimento da exploração da classe trabalhadora, com o
conjunto de organizações e instituições da superestrutura, de categorias, tais como a do
individualismo17 (cada um deve valer por si mesmo, ou do direito civil individual,
subjetivo), o que também desfavorece a união entre grupos que possam reivindicar
direitos sociais ao Estado18.
Segundo o autor, as Políticas Sociais no capitalismo, devem ser concebidas a partir
da luta de classes que, ao mesmo passo, reproduzem a manutenção das classes sociais.
Contudo, precisam conceder determinados “benefícios” a ambas as classes, conforme se
apresentam os resultados de acirramento entre estas antagônicas e irreconciliáveis classes
sociais. Por essa contradição, inerente à natureza das instituições da Superestrutura no
Estado Capitalista, o papel das ideologias humanistas, sejam progressistas ou liberais (a
serviço da classe burguesa), escamoteiam as relações de exploração, em última instância,
à classe trabalhadora.
Para que haja o equilíbrio necessário, o aparelho do Estado deve gerenciar (medir,
analisar e intervir) sobre os seguintes elementos: as forças produtivas, o mercado (oferta
e procura), relações de forças, dentro de um mesmo Poder, sob interesses de diferentes
grupos da classe dominante, na ordem também política.
O slogan ideológico comumente reconhecido, por parte do Estado liberal, é
“igualdade social de melhoramento do bem-estar e o de igualdade de oportunidades”
(Faleiros, 2009, p. 46) para os cidadãos. Essa “bandeira” liberal, em todas as suas
17 É interessante perceber que, no Brasil, a partir da Lei 13.146 de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), que altera, inclusive o Código Civil brasileiro, a
Pessoa com Deficiência não é mais considerada “incapaz”, Entretanto, por essa premissa também deixa de ser assegurado, para a maioria dos casos, o seu provimento
básico (benefícios sociais específicos). Ou seja, deixa de ser compreendido como “desgraçado” místico ou “desfavorecido” social e historicamente, logo, pela lógica
liberal do direito passa a ser somente “responsável pelo seu fracasso”, com mérito ou demérito individual, ou seja, um legítimo “cidadão”.
18 A título de exemplo, a “institucionalização dos conflitos”, por meio das legislações que regulamentam inclusive o “direito” à greve. Assim também
individualmente os pais dos alunos com deficiência previsão requerer seus direitos, em processos de instâncias jurídicas determinadas, quando estes direitos lhes são
negados materialmente.
atualizações vem, ao longo dos anos, sob o apoio da “tolerância religiosa19”,
reorganizando a superestrutura, por meio também de concessões às diferentes e
antagônicas classes sociais, sob o viés de determinadas Políticas Públicas.
De acordo com o autor, o Estado capitalista intervém, por meio da Política
Pública, para garantir renda mínima (auxílio social) ou “o mínimo” para que se mantenha
o trabalhador vivo para o trabalho (no molde de organização do trabalho capitalista), para
que seja garantido o consumo, e, por vezes, são aceitáveis financiamentos públicos para
o incremento a determinados setores da indústria, do comércio e dos serviços privados.
Isso “faz a roda da economia girar”, ou seja, tem-se a reprodução da sociedade, com
condições divergentes, equitativamente díspares de condições objetivas de existência e
de desenvolvimento.
Contraditoriamente, é preciso reconhecer que as Políticas Sociais possibilitam o
trabalhador “estar vivo para fazer história”, ou seja, as Políticas Sociais representam uma
redistribuição da riqueza, mesmo que se reconheça como desproporcional.
Assim, como o salário corresponde à força de trabalho vendido, mas o salário não
é suficiente para o provimento, garantido pelo direito de Estado burguês. Por essas
questões primárias de existência humana, a classe trabalhadora vem lutando pelo aumento
do salário mínimo, como ordem, e por políticas públicas mínimas de “cotas”, como
visualização de possibilidades únicas, em função do que conseguem perceber como
condições objetivas para a ação.
A correlação de forças entre as diferentes frações da burguesia e das classes
subordinadas exigem do Estado20 determinadas concessões para manter a reprodução das
classes, ou seja, há concessões também aos diferentes movimentos sociais da classe
trabalhadora, na medida da organização e visibilidade destas. Mas, em última instância,
as mudanças evidenciadas em relação a “Políticas Sociais”, ocorrem na história, dentro
19 Menção a obra de John Locke “A carta sobre a tolerância”, que foi originalmente publicada em 1689. Segundo o autor James H. Tully, o texto foi produzido com
a intenção de ser uma carta a um sujeito de pseudônimo “Sr. Honrado”, em um contexto que o catolicismo avançava sobre a Inglaterra e, que se não fossem tomadas
devidas precauções, ou seja “tolerância religiosa” ela poderia corresponder a um “problema” entre as forças superestruturais do “Estado”.
20 A respeito da origem e função do Estado no Capitalismo referenda-se do capítulo I “As Classes Sociais e O Estado” da obra “O Estado e a Revolução” do autor
Vladimir Ilitch Lenine (ou Lênin), escrito em 1917, quando discute sobre os limites do Estado no Capital, com o que o autor chamava de “sociais-patriotas” ou
“oportunistas”. Lenine estava resgata, para tanto, os escritos Marxianos de Engels na obra “A Origem da família, da propriedade privada e do Estado”, sobretudo do
subtítulo “Barbárie e Civilização” cuja primeira publicação foi no ano de 1884.
dos limites do conservadorismo. Nesse sentido, não se nega a força dos movimentos das
classes subordinadas, mas resgata-se a arraia dessas Políticas Sociais.
Nesse ensejo, as Políticas de Acessibilidade, por exemplo, engendram-se mais no
plano ideológico do que promotora da universalização dos direitos universais. Os direitos
sociais limitam-se, no caso da PCD para “quebrar barreiras” de aspectos: urbanísticos,
arquitetônicos, de transportes, das comunicações e das informações, atitudinais e
tecnológicas, como se, fossem suficientes, tais questões, para o pleno desenvolvimento
humano e da efetiva apropriação dos bens, culturalmente construídos socialmente, e em
seus níveis mais desenvolvidos, tanto para as pessoas com deficiência, como para
qualquer trabalhador.
Ressalta-se que, ao aplicar a possibilidade de benefícios sociais a cada vez mais
escassa população de “incompetentes sociais”, dado que a liberdade e oportunidades de
adquirir propriedade são iguais para todos. O próprio Estado, sob determinada anuência
da maioria dos trabalhadores, instituem a desigualdade em relação aos rendimentos,
possibilidade de acesso aos bens culturais sociais, à justiça, entre outros.
Porque, a garantia da política social deve ser de “o mínimo”, como “cobertura dos
riscos sociais”, individuais e de determinados grupos, principalmente, neste caso, os
sujeitos à vulnerabilidade de “interrupção ou perda de renda”, sendo estes resultantes da
forma de organização da produção social e da forma de distribuição dos seus bens.
Considerando que ao tratar de “mínimo” nesta lógica, estamos também tratando
como “máximo”, mesmo porque, as Políticas Sociais tendem a não beneficiar a
possibilidade de acúmulo de benefícios.
Sem que haja um entendimento puramente maquiavélico21 ou fatídico do Estado,
enquanto “árbitro justaposto a serviço da burguesia”, destaca-se, segundo Faleiros (2009)
outro aspecto de compreensão do Estado capitalista.
O Estado não é um árbitro neutro, nem um juiz de bem-estar dos
cidadãos. Nem é um instrumento, uma ferramenta nas mãos das classes
dominantes, para realizar seus interesses. O Estado é uma relação
social. Neste sentido é um campo de batalha, onde as diferentes
frações da burguesia e certos interesses do grupo no poder se defrontam
e se conciliam com certos interesses das classes dominadas.
21 Referência a Nicolau Maquiavel (1469- 1527) e sua obra mais conhecida “O príncipe”, escrita em 1513, e que, ao analisar os diferentes líderes políticos na
história, apresenta um ideal liberal, para sua época de “Estado” e de “governo/governabilidade”, sob o prisma de centralidade política.
Se não se considera o Estado como o resultado de um consenso social
para evitar a “guerra de todos contra todos”, então é preciso situá-lo no
contexto global da sociedade. O Estado é, ao mesmo tempo, lugar do
poder político, um aparelho coercitivo e de integração, uma organização
burocrática, uma instância de mediação para a práxis social capaz de
organizar o que aparece num determinado território como o interesse
geral (FALEIROS, 2009, p. 52 – grifos nossos).
Ora, se há a compreensão de que a natureza do Estado é contraditória, compondo
a relação das organizações estruturais e superestruturais de engrenagem íntima, sistêmica
e dialética, o Estado pode apresentar “autonomia relativa”.
Segundo Faleiros (2009), “O Estado resume, condensa e mediatiza as relações
sociais, segundo as correlações de força da Sociedade Civil Organizada. O aparelho
estatal não está somente em função dos interesses da classe dominante (...) o Estado é
hegemonia e dominação”, (p. 52)
Nesse contexto epistemológico, o Estado Liberal democrático é apresentado como
o que dependendo da força ou fraqueza das organizações da sociedade civil, irá reagir de
forma violenta (ou ditatorial), pela “segurança nacional” ou “resolução de conflitos”
(assegurando a propriedade privada). Ou pode manter uma coalisão política, por meio do
que se conhece como “coligações partidárias22”, como exemplo, mas que não se resume
ou restringe a este aspecto.
Segundo o autor,
Para se legitimar junto às classes dominadas, num sistema liberal
eletivo, o grupo do poder deve afastar a ameaça de perder o controle do
Estado perante um movimento ou partido concorrente das classes
dominadas e ao mesmo tempo procurar a lealdade destas classes para
obter o apoio popular à sua política. (FALEIROS, 2009, p. 53)
Essas balizas permitem o avanço na compreensão e intervenção mais consciente
dos instrumentos, que podem ser de luta da classe trabalhadora, independentemente das
suas modalidades de representação, no caso da defesa por direito à educação da Pessoa
com Deficiência.
22 As coligações partidárias são legitimadas jurisprudencialmente, mas não se limitam às condições de maior possibilidade de eleger determinados partidos políticos,
isso vai muito além da aparência, em grade parte do que se conhece como representantes políticos. No Brasil, enquanto contexto nacional, por exemplo, os
representantes com maior número de votos para o senado, podem ser concebidas como “figuras folclóricas” ou “figuras populares de habilidades específicas”, que
não, necessariamente, ligadas ao conhecimento sistematizado. Também é possível presumir que não são, necessariamente, tais figuras que propõe e votam projetos
políticos sociais, formalmente conferidos aos cargos eleitos. Já o que podem ser considerados como das “classes trabalhadoras” e com “consciência de classe”, no
sistema imposto precisam “negociar” espaços e condições materiais para participar do “poder político”.
Por sua vez os Conselhos populares congêneres à defesa dos direitos sociais, são
constituídos operacionalmente por atividades de níveis diferentes (comissões e
inquéritos) que são, em última instância, gerenciadores de conflitos sociais, cujo
propósito máximo, por parte do Estado, ao constituí-lo e organizá-los é de manter o
controle, ou seja, anuência da população às Políticas Públicas, sobretudo às Políticas
Sociais.
Sabedores dessas questões, os sujeitos que fazem parte destas instituições podem
intervir educacionalmente entre seus pares e sobre as Políticas Públicas, mesmo que,
contraditoriamente, podem tencionar as relações entre as classes por meio da luta, pela
garantia dos direitos reservados pelo próprio “Estado de Direito”.
O que é insuficiente para os objetivos de se propõe a classe trabalhadora
consciente, mas é caminho para evidenciar e socializar os limites desta forma de
organização da produção da vida, da cultura e da distribuição dos seus resultados.
Pelos instrumentos do próprio Estado é possível revelar as causas dos fenômenos
sociais aparentes do que realmente fundamenta às diferenças que promovem
subalternidade ou “menos valia” dos sujeitos, na história da comunidade local às
comunidades globais.
Não se trata, no entanto, apenas de “minorias” em quantificação, dado que seja
maioria da população, sob o aspecto quantitativo, menos ainda atrelar a um racionalismo
idealista, a questões metafísicas ou ainda místicas, mas sim, pelo viés da materialidade e
contradições, das relações que produzem socialmente as condições de vida e
desenvolvimento humano, na história passada e na história atual.
Ou seja, a divisão social do trabalho, no modo de produção capitalista reproduz
extremos dicotômicos que vão desde a extrema miséria (como possibilidade para a
maioria - na sua condição de mobilidade social), em detrimento da extrema abundância
ou riqueza, para uma minoria concentrada e historicamente hegemônica.
E sendo essa condição, promotora de todas as outras, é aceitável que também se
reproduzam, em polos dicotômicos e até maniqueístas, nos sujeitos históricos, na sua
condição de vida e de desenvolvimento do pensamento, da forma como pode se conceber
a si mesmo e conceber e interagir ou não com o outro.
Nesse sentido, é possível produzir a barbárie e a bondade, a cura e a doença, a luz
e a escuridão, o saber sistematizado e o saber cotidiano (na educação formal), a opressão
e a libertinagem, a segurança e a violência. Essas se tornam como que condições
necessárias para a manutenção do status quo, e que, portanto, pleiteia-se a sua
“naturalização”.
A partir destas questões se destacam alguns pontos fundamentais da análise sobre
os documentos referenciais da Política Pública atual para o Atendimento Educacional da
PCD.
Breve análise dos referenciais curriculares
O Plano Decenal Educação – PNE - (2014-2024) estabelece, na Meta nº 4, a
premissa de universalização do atendimento educacional à população (de quatro a
dezessete anos de idade) com Deficiência, Transtornos Globais do Desenvolvimento e
Altas Habilidades ou Superdotação. O Atendimento Educacional é compreendido como
forma de acesso ao sistema educacional inclusivo pelos serviços de apoio educacional.
O Plano objetiva manter a preferência, mas não exclusividade, desses alunos, na
rede regular de ensino, porque propõe a continuidade e, de certo modo, a ampliação das
instituições, de direito privado, conveniadas (sobretudo às instituições filantrópicas23).
O PNE garante o direito do acesso ao Sistema Inclusivo, trata dos espaços, dos
materiais dos serviços de apoio, sobretudo de contraturno escolar, como complementar
ou suplementar, da necessidade de ampliação do número e Formação Continuada para
profissionais da educação, do Sistema Inclusivo. Para a Formação Continuada dos
profissionais da educação e demais Políticas Públicas locais, apresenta uma série de
modalidades de parceiras, que vão desde as instituições públicas às privadas-conveniadas,
até a “participação incisiva” da comunidade escolar.
O documento “Política Nacional para Educação Especial, na perspectiva da
Educação Inclusiva”, do ano de 2008, foi apresentado com um conjunto de legislação,
23 Constituindo-se como um elemento de destaque o apresentado, na estratégia nº 4.8, (ratificada, no ano de 2015, pela Lei nº 13.146/2015 - Estatuto da Pessoa com
Deficiência) quando garante o direito da PCD a oferta de educação inclusiva, vedando a exclusão do ensino regular, sob a alegação de deficiência.
normatizações e acervo literário técnico, além de um “pacote” inicial de Formação
Continuada para professores, que trabalhariam na função de professores das Salas de
Recursos Multifuncional.
Tal proposta de formação foi implantada e implementada, via parceria do
Ministério da Educação com algumas Universidades públicas, com a contratação
específica de professores para os cursos, com maior ênfase nos anos de 2010 a 2013. Após
esse período, os cursos foram oferecidos em menor carga horária e com menos conteúdo
teórico e, muitas vezes, no formato a distância.
Importante ressaltar que, a relação entre quadros estatísticos apresentados no
documento, sobre o número anunciado e a projeção de crescimento em relação ao número
de alunos matriculados nas instituições de ensino públicas regulares, revelam que à oferta
de cursos de Formação Continuada, do provimento de profissionais e dos materiais que
efetivamente foram encaminhados às Salas de Recursos Multifuncionais, são
contraditoriamente díspares à proposta curricular. Tais estudos são importantes e
demandaria apresentação específica sobre a matéria.
O documento Programa “Educação Inclusiva: Direito à Diversidade24”, do ano de
2006, anuncia-se no portal do Ministério da Educação como sendo uma expressão popular
dos profissionais que fazem a inclusão educacional, de que já é possível “a Educação
Inclusiva”, mesmo antes da Política Pública específica, ocorrendo por iniciativas
individuais, locais.
De fato, trata-se de um conjunto de textos que apresentam experiências de
inclusão educacional, sendo o propósito motivacional, mais do que estruturante quanto às
condições para a materialização do desenvolvimento dos alunos com deficiência. Ou seja,
configura a lógica do “aprender fazendo25”, quase que num empirismo desqualificado e
imediatista. No que se refere à prática docente, focaliza-se na resolução de problemas do
cotidiano escolar, principalmente relacionados a “preconceitos”.
Tais elementos situacionais do cotidiano escolar fazem parte das atividades dos
profissionais da educação, mas a qualidade da inclusão educacional dos alunos com
24 Para aprofundar os estudos sobre o Programa referenda-se a dissertação de mestrado da autora Neide da Silveira Duarte de Matos, pela UNIOESTE, campus de
Cascavel, do ano de 2011.
25 A respeito da contraposição de Formação de professores, de modo geral, referenda-se na obra “Formação de professores: limites contemporâneos e alternativas
necessárias”, que condensa textos diversos sobre o tema, organizados por Newton Duarte e Lígia Marcia Martins, publicado no ano de 2010.
deficiência não se limita a resolução de problemas situacionais, ou a este aspecto de
militância, como a única ou mais privilegiada forma de promoção da apropriação dos
conhecimentos, culturalmente constituídos pela humanidade.
Aliás, a ação docente, menos endossada teoricamente, tem contribuído para a
promoção do que alguns autores, tais como Facci e Tuleski (2012), sob o título “exclusão
dos incluídos”, ao marginaliza-los dos processos de aprendizagem referentes aos
conteúdos curriculares, a patologização e a medicalização, de um quantitativo cada vez
maior de alunos nas escolas, tanto público, como da iniciativa privada, conveniadas para
o atendimento à Educação, dita inclusiva.
Esse é o reflexo de projeto educacional que prima pela formação unilateral, de um
projeto de condição social e formação humana e de sociedade, dado pelo resultado da
correlação de forças da sociedade, e não é resultado oriundo da “vontade” dos alunos ou
das famílias, dos professores, muito menos, fruto de questões puramente biológicas,
conforme os autores pontam:
Se as circunstâncias em que este indivíduo evoluiu só lhe permitem um
desenvolvimento unilateral, de uma qualidade em detrimento de outras,
se estas circunstâncias apenas lhe fornecem os elementos materiais e o
tempo propícios ao desenvolvimento desta única qualidade, este
indivíduo só conseguirá alcançar um desenvolvimento unilateral e
mutilado (MARX; ENGELS, 1992, p. 28)
Evidencia-se, nesse sentido, que a proposta de Política Educacional para a
Diversidade não se propõe à identificação da natureza do fenômeno da exclusão social ou
educacional, por um método que possibilite, com mais propriedade apreender a realidade
em seus elementos contraditórios, pelo contrário, mais tende pelo escamoteamento destas
múltiplas e históricas relações sociais presentes nos pré-conceitos e na exclusão da pessoa
com deficiência26.
Ou seja, a inclusão da PCD está apregoada numa dependência significativa da
“boa vontade”, do interesse, do direito individual, de múltiplos esforços individuais dos
sujeitos envolvidos nos processos e situações locais.
26 A respeito do tema, referendam-se os estudos de Alfredo Roberto de Carvalho (2009) e os estudos deste autor em conjunto com Jomar Vieira da Rocha e Vera
Lúcia Ruiz Rodrigues da Silva (2006).
Portanto, a proposta de educabilidade para a PCD, segundo a Política Pública de
Educação Inclusiva, condiciona a sua realização, quase que exclusivamente, na ação do
professor, não sendo garantidas as condições de trabalho adequadas, muito menos as
condições de desenvolvimento pleno dos alunos com deficiência, que, aliás, não se
limitam ao Atendimento Educacional inclusivo.
Contraditoriamente, a legislação assegura no plano ideal, os serviços múltiplos
para o desenvolvimento integral da PCD, ao mesmo tempo em que favorece o
atendimento preferencial nas instituições públicas inclusivas. Cabe, nesse aspecto, a luta
pela exposição das condições objetivas existentes para materialização dos Dispositivos
Legais e a provocação pela sua execução, tanto nas instâncias públicas como privadas de
serviço, conveniadas ao poder público, que atendem a Pessoa com Deficiência.
Algumas considerações
O resgate conceitual foi realizado neste trabalho de forma não furtuita, opõe-se ao
“recuo da teoria” ou à “naturalização” dos fenômenos sociais como proposição do estudo
dos fenômenos, por si mesmo, ou em si mesmo, ou no máximo das relações entre os
fenômenos, sem o estudo sintético de suas múltiplas causas e consequências.
A apresentação sobre a natureza e função do Estado republicano, democrático e
representativo, no recorte realizado sobre os Conselhos, Sistemas “próprios”, as Políticas
Sociais-Educacionais e de Currículo Educacional, não tem como propósito desqualificar
a luta dos movimentos sociais, de causas específicas ou de sujeitos sociais específicos.
As questões basilares apresentadas, quando trata de concessões, em função da sua
condição de resultado da Luta de Classes, por meio de determinadas Políticas Sociais
(focalizadas e restritivas) objetiva-se não tratar as relações sociais com o Estado, em um
dado contexto histórico, pelo viés da superficialidade. Compreendendo as concessões
negociadas como “para” e “até” que garanta, em última instância, o “clima social
necessário” à propriedade privada e a acumulação do capital.
Nesse contexto são apresentadas as Políticas Sociais-Educacionais, desta
sistematização de estudos preliminares, em destaque as Políticas Educacionais de
eliminação de discriminação social, pelo acesso à escolarização, do que se tipifica como
“minorias27”, no caso, do acesso da Pessoa com Deficiência na Escola Comum.
Entretanto, é preciso reconhecer o perigo da divisão das organizações sociais em
“aspectos” ou “temas”, como forma de esvaziar substancialmente a possiblidade de
consciência e de organização, a partir da “classe trabalhadora. Ou seja, a possibilidade de
fracionar, deliberadamente, a Luta da Classe, que será mais prolífica, quanto mais
identificada a razão fundamental que não permite a universalização dos direitos
fundamentais.
Pelo exposto, se reconhece da importância dos movimentos sociais, mesmo que
seja pelo viés da Política Pública para Educação Inclusiva (no caso), pelo seu potencial
de instrumento reivindicatório, provocativo de ampliação universal aos bens culturais,
calcados, pela condição de conhecimento teórico-metodológico. Também, pela
identificação do que une os sujeitos sociais marginalizados dos bens culturais, às
possiblidades de melhoria da qualidade da educação e desenvolvimento humano, não
somente para a Pessoa com Deficiência, mas para todos os trabalhadores, trabalhadoras e
seus filhos e filhas.
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27 Compreende-se por minorias, além das Pessoas com Deficiência e outros atrelados à condição física ou psíquica; os afrodescendentes e os povos indígenas
(étnicas), os mais pobres, minorias religiosas, minorias de identidade sexual diferenciada (gênero), idosos e de crianças (idade), entre outros que possam estar em
condição de inferioridade numérica e situação de subordinação social e econômica, política ou cultural, em relação a grupos hegemônicos, de modelo referencial.
Sendo que o posicionamento declarado é que todas as minorias devem estar na escola pública, gratuita, como condição primária, para a apropriação da cultura
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