a plica coes da term odin a mica

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  • 7/31/2019 A Plica Coes Da Term Odin a Mica

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    ESCOLA POLITCNICA DA USPDEPTO. DE ENGENHARIA MECNICA

    SISEA LAB. DE SISTEMAS ENERGTICOS ALTERNATIVOS

    www.pme.poli.usp.br/sisea

    TPICOS SELECIONADOS DE APLICAES DA

    TERMODINMICA

    Prof. Dr. Jos R Simes Moreira

    1o semestre/2011

    verso 1

  • 7/31/2019 A Plica Coes Da Term Odin a Mica

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    Tpicos Selecionados de Aplicaes da TermodinmicaProf. Jos R. Simes Moreira, [email protected] - www.pme.poli.usp.br/sisea

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    SUMRIO

    MDULO DE ABERTURA............................ ERRO! INDICADOR NO DEFINIDO.APRESENTAO ....................................................................................................... 5OBJETIVOS E CONTEDOS .................................................................................... 5BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 7...................................................................................................................................... 9PROFESSOR-AUTOR ................................................................................................. 9

    MDULO 1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE ENGENHARIA TERMODINMICA ... 10APRESENTAO ..................................................................................................... 10UNIDADE 1 Propriedades Termodinmicas .......................................................... 10

    1.1 Temperatura e Escalas de Temperatura ......................................................... 101.2 Presso ........................................................................................................... 111.3 Volume Especfico e Densidade .................................................................... 121.4 Energia Interna e Entalpia ............................................................................. 13

    UNIDADE 2 Substncia Pura e Diagramas Termodinmicos ................................ 132.1 Propriedades e Tabelas Termodinmicas ...................................................... 142.2 Sistema e Volume de Controle ...................................................................... 162.3 Trabalho e Calor ............................................................................................ 162.4 Equao de Estado, Gs Perfeito ................................................................... 172.5 Calores Especficos........................................................................................ 192.6 Lei da Conservao de Massa ou da Continuidade ....................................... 212.7 Lei da Conservao da Energia ou Primeira Lei da Termodinmica ............ 222.8 - Exemplo de Conservao de energia em regime permanente ........................ 24

    UNIDADE 3 Segunda Lei da Termodinmica ........................................................ 26UNIDADE 4 Processos Termodinmicos ............................................................... 28

    4.1 Variao da Entropia em um Gs Perfeito .................................................... 294.2 Processo Politrpico Reversvel para um Gs Perfeito ................................. 31

    MDULO 2 CICLOS DE POTNCIA - RANKINE ............................................... 36APRESENTAO ..................................................................................................... 36UNIDADE 1 Ciclo de Carnot .................................................................................. 38UNIDADE 2 Ciclos de Rankine .............................................................................. 45

    2.1 Ciclo de Rankine Simples ............................................................................. 452.2 Ciclo de Rankine com Superaquecimento ..................................................... 492.3 Ciclo de Rankine com Reaquecimento .......................................................... 522.4 Ciclo de Rankine Regenerativo ..................................................................... 552.5 Perdas no Ciclo de Rankine ........................................................................... 59

    UNIDADE 3 Tipos de Turbinas a gs ..................................................................... 643.1 - Turbinas Industriais - Caractersticas ............................................................. 643.2 - Turbinas Aeroderivativas ............................................................................... 653.3 - Caractersticas gerais ...................................................................................... 673.4 - Componentes principais ................................................................................. 67

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    3.5 - Outros Componentes ...................................................................................... 683.6 - Sistemas auxiliares ......................................................................................... 69

    UNIDADE 4 O Ciclo de Brayton Simples .............................................................. 704.1 Balano trmico dos equipamentos ............................................................... 704.2 Diagramas importantes .................................................................................. 714.3 - Eficincia ou rendimento trmico, trmico...................................................... 714.4 O Ciclo Brayton Simples com ineficincias .................................................. 744.5 O Ciclo BRAYTON com Regenerador ou Recuperador de Calor ................ 764.6 Parmetros de Especificao e de Desempenho ............................................ 794.7 Parmetros que Afetam o Desempenho......................................................... 824.8 Emisses ........................................................................................................ 834.9 Melhorando o Desempenho das Turbinas ..................................................... 85

    UNIDADE 5 Ciclo combinado Brayton-Rankine ................................................... 875.1 A Eficincia trmica do Ciclo ....................................................................... 885.2 - Ciclo combinado - configuraes ................................................................... 895.3 - Ciclo combinado Caldeira de Recuperao ................................................ 90

    MDULO 3 MOTORES DE COMBUSTO INTERNA ........................................... 93APRESENTAO ..................................................................................................... 93UNIDADE 1 Motores de Combusto Interna MCI a Pisto de MovimentoAlternativo .................................................................................................................. 93

    1.1 - Motor de Ciclo Otto (ignio por centelha) ................................................... 941.2 - Motor de Ciclo Diesel (ignio por compresso ou espontnea) ................... 941.3 - Fenmenos Principais que Ocorrem em um MCI .......................................... 95

    UNIDADE 2 Motores de Combusto Interna MCI x Mquina Trmica ............. 952.1 - Anlise pelo Ciclo Padro a Ar ...................................................................... 952.2 - Ciclo Otto x Motor de Combusto Interna ..................................................... 962.3 - Ciclo Mecnico do motor de 4 tempos, ignio por centelha e processostermodinmicos ...................................................................................................... 972.3.1 - Parmetros Geomtricos do Cilindro .......................................................... 972.3.2 - Definies de desempenho e testes ............................................................. 982.4 - As quatro fases do Motor de Combusto Interna ........................................... 992.5 - Relao ou Razo Combustvel-Ar, (F) ....................................................... 100

    UNIDADE 3 Anlise Termodinmica do Ciclo Otto ............................................ 1023.1 - Rendimento Trmico do Ciclo Otto ............................................................. 1033.2 - Eficincia Trmica x Razo de Compresso para um Ciclo Otto ................ 1053.3 - Aspectos principais em que o ciclo a ar Otto se afasta do motor real .......... 106UNIDADE 4 - O Ciclo Diesel .................................................................................. 1084.1 - Funcionamento do Ciclo Diesel ................................................................... 1084.2 Anlise do Ciclo Diesel ............................................................................... 1094.3 - Rendimento Trmico do ciclo Diesel ........................................................... 110

    UNIDADE 5 - O Ciclo Otto x Ciclo Diesel ............................................................. 113MDULO 4 CICLOS DE REFRIGERAO ..................................................... 114

    APRESENTAO ................................................................................................... 114UNIDADE 1 Ciclo de compresso mecnica a vapor ........................................... 114

    1.1 Ciclo padro de compresso mecnica a vapor ........................................... 1151.1.1 Definies ................................................................................................ 1161.2 Ciclo real de compresso mecnica a vapor ................................................ 121

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    UNIDADE 2 Ciclos de absoro de calor ............................................................. 1222.1 Principio de funcionamento ......................................................................... 1222.2 O coeficiente de eficcia.............................................................................. 1222.3 Caractersticas do par refrigerante-absorvente ............................................ 1232.3.1 Propriedades da concentrao LiBr-gua ................................................ 1242.3.2 Melhorando o ciclo com um Trocador de Calor....................................... 127

    MDULO 5 PSICROMETRIA E EQUIPAMENTOS DE TRANSFERNCIA DE CALOR EMAR MIDO ...................................................................................... 130

    APRESENTAO ................................................................................................... 130UNIDADE 1 Parmetros e Processos Psicromtricos ........................................... 130

    1.1 Umidade Absoluta ....................................................................................... 1301.2 Umidade Relativa ........................................................................................ 1311.3 Volume Especfico ...................................................................................... 1321.4 Entalpia e Entalpia Especfica ..................................................................... 1331.5 Temperatura de Bulbo Seco ........................................................................ 1341.6 Temperatura de Orvalho .............................................................................. 1341.7 - Processo de Saturao Adiabtica ................................................................ 1371.8 - Psicrmetro e Temperatura de Bulbo mido ............................................... 1391.9 - TBU Temperatura de Bulbo mido Termodinmica ............................... 141

    UNIDADE 2 Diagrama Psicromtrico .................................................................. 141UNIDADE 3 Processos elementares ..................................................................... 145

    3.1 Desumidificao por resfriamento .............................................................. 1453.2 Mistura adiabtica de dois fluxos de ar mido ............................................ 1463.3 Umidificao adiabtica do Ar mido ......................................................... 1493.4 Torres de Resfriamento ............................................................................... 150

    3.5 Torres de resfriamento de fluxo de contra-corrente .................................... 152 3.6 Torres de resfriamento de fluxo cruzado ..................................................... 155

    MDULO 6 NOES DE COMBUSTO ........................................................ 157APRESENTAO ................................................................................................... 157UNIDADE 1 Princpios de Combusto ................................................................. 157

    1.1 - Tipos de Combusto ..................................................................................... 1581.2 - Estequiometria .............................................................................................. 158

    UNIDADE 2 Propriedades dos combustveis - Conceitos bsicos dos combustveise sua combusto ........................................................................................................ 163

    2.1 - Poder Calorfico ........................................................................................... 164

    2.2 - Limites de Inflamabilidade........................................................................... 1652.3 - Velocidade de Chama................................................................................... 1662.4 - Temperatura Adiabtica de Chama .............................................................. 1672.5 - Temperatura mnima de Auto-Ignio ......................................................... 1682.6 - Temperatura de fulgor .................................................................................. 168

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    APRESENTAO

    Conhecer a teoria que rege as mquinas de gerao termeltricas, os diversos

    processos termodinmicos e a anlise dos equipamentos auxiliares so importantes

    no contexto do engenheiro mecnico.

    OBJETIVOS E CONTEDOS

    O presente material representa uma pequena coletnea de aplicaes da

    termodinmica. Primeira, os conceitos fundamentais da termodinmica clssica com

    o foco na abordagem de engenharia so revistos.

    Sob este foco, o material foi estruturado em seis mdulos, que contm os seguintes

    contedos:

    Mdulo 1 Conceitos fundamentais de Engenharia Termodinmica

    Neste mdulo estudaremos os principais conceitos da termodinmica com a

    finalidade de propiciar ao interessado uma base de conhecimentos necessrios aos

    estudos dos ciclos de potncia, de refrigerao e processos de manipulao do ar.

    Mdulo 2 Ciclos de Potncia Rankine

    Neste mdulo apresentaremos a teoria das mquinas trmicas, ou ciclos trmicos

    de transformao de calor em trabalho. Seus limites ditados pela segunda lei da

    termodinmica sero revistos. Na sequncia, sero estudados o ciclo de Rankine e

    suas diversas varincias, bem como o Ciclo de Brayton e suas variantes, e faremos

    uma anlise do efeito do afastamento de um ciclo real para um ciclo ideal. O Ciclo

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    de Brayton o modelo termodinmico ideal para representar as turbinas a gs

    simples. Ao final sero apresentados os conceitos de ciclo combinado Rankine-

    Brayton e as anlises comparativas entre os ciclos reais e ideais bem como as

    modificaes feitas para aumentar os rendimentos dos ciclos.

    Mdulo 3 Motores de Combusto Interna

    Neste mdulo estudaremos o princpio de funcionamento dos motores de

    combusto interna e suas formulaes termodinmicas, quais sejam, os ciclos Otto

    e Diesel. Anlises sero feitas com relao a aproximaes feitas para formulaes

    de ciclos ideais.

    Mdulo 4 Ciclos de Refrigerao

    Neste mdulo estudaremos o princpio de funcionamento dos ciclos de compresso

    a vapor e suas partes principais.

    Mdulo 5 Psicrometria e Equipamentos de Transferncia de Calor em ar mido

    Neste mdulo estudaremos os parmetros psicromtricos e sua aplicao na anlise

    e entendimento dos processos de manipulao do ar mido. Os diagramaspsicromtricos e o problema de transferncia de calor em equipamentos

    evaporativos tambm sero abordados, tais como as torres de resfriamento.

    Mdulo 6 Noes de Combusto

    Neste mdulo estudaremos os princpios da combusto, os conceitos fundamentais

    associados combusto bem como os tipos de combusto e propriedades dos

    combustveis e suas aplicaes.

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    BIBLIOGRAFIA

    BLACK e VEATCH, Power Plant Engineering, Editora Chapman & Hall, EUA, 1996.O livro enfoca, de uma forma geral, diversos tipos de anlises de processos de

    engenharia. Ele cobre de forma ampla aspectos econmicos e de

    dimensionamento de vrios processos de gerao de energia e dos seus

    componentes. Inclui tambm aplicaes prticas das plantas de gerao de

    energia.

    GARCIA, O.; BRUNETTI, F., Motores de Combusto Interna, Apostila, 2 Ed., Escola

    Politcnica da USP, So Paulo: 1992.A apostila enfoca os conceitos bsicos sobre motores de combusto interna de

    forma clara e didtica. A apostila pretende dar uma viso ampla e fundamental

    dos motores de combusto interna trazendo diversos exemplos didticos.

    HEYWOOD, J. B., Internal Combustion Engine Fundamentals, McGraw-Hill

    Publishing Co., 1988.

    O livro um clssico que aborda de forma introdutria e compreensiva os

    fundamentos e desenvolvimentos dos motores de combusto interna, alm de

    focar os aspectos associados aos motores de combusto com exemplos e

    propostas de exerccios.

    HODGE, B. K.,Analysis and Design of Energy Systems, Prentice-Hall Inc. Ed., 1990.

    O livro aborda os conceitos de mecnica dos fluidos, transferncia de calor e

    termodinmica necessrios para o dimensionamento e anlise de diversos

    sistemas de energia com diversos exemplos de aplicao prtica.

    HUANG, F. F., Engineering Thermodynamics, Fundamentals and Applications,Macmillan Publishing Co., 1976.

    O livro enfoca os fundamentos da termodinmica bem como sua aplicao na

    engenharia. Tambm d uma viso bsica da aplicao dos conceitos da

    termodinmica em dimensionamento de processos. Seus exemplos com base

    em aplicaes prticas da engenharia, o diferencia dos demais livros.

    JONES, J.W. e STOECKER, W.F., Refrigerao e Ar Condicionado So Paulo:

    Makron, 1985.

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    Este um livro clssico da rea de refrigerao e ar condicionado. Embora um

    pouco antigo, apresenta os conceitos fundamentais e aplicaes desses

    sistemas.

    KEHLHOFER, R. H.; WARNER, J.; NIELSEN, H. e BACHMANN, R., Combined-Cycle

    Gs & Steam Turbine Power Plant, 2nd Edition, PennWell Publishing Co., EUA, 1999.

    O livro enfoca aspectos tcnicos e econmicos de ciclos combinados aplicados

    cogerao de energia. Traz exemplos prticos de aplicaes de ciclos

    combinados, como estudos de caso, esquemas de processos, alm de sistemas

    de controle e outros temas correlatos.

    REID, R. C.; PRAUSNITZ, J. M. e POLING, B. E., The Properties of Gases and

    Liquids, 4th Ed., McGraw-Hill Co., 1987.

    O livro mostra os principais mtodos e tcnicas para se estimar propriedades

    fsicas e termodinmicas de diversas substncias. O livro traz propriedades de

    diversas substncias em forma de tabelas e faz crticas e comparaes dos

    mtodos utilizados para se estimar suas propriedades.

    SIMES MOREIRA, J. R., Fundamentos e Aplicaes da Psicrometria So Paulo:

    Editorial, 1999.

    O livro enfoca de forma clara e sequencial os conceitos fundamentais de

    psicrometria, sempre ilustrando a teoria com exemplos de aplicao. Embora o

    livro tenha sido concebido tendo em mente o profissional atuante nas reas de

    Refrigerao e Ar Condicionado, o material apresentado abrangente o

    suficiente para cobrir outras reas onde a psicrometria se faa presente.

    VAN WYLEN, G. J.; Sonntag, R. E. e Borgnakke, C., Fundamentos da

    Termodinmica. Traduo da 6 Edio Americana, E.J. Zerbini, So Paulo: Editora

    Edigard Blucher Ltda, 2003.

    O livro enfoca os fundamentos da termodinmica para o ensino de engenharia.

    O texto traz os fundamentos bsicos da termodinmica clssica de uma forma

    ampla e didtica com exemplos e exerccios propostos. O livro tem como

    objetivo principal preparar o estudante para uma correta e criativa utilizao da

    termodinmica na prtica da engenharia.

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    PROFESSOR-AUTOR

    JOS ROBERTO SIMES MOREIRA

    Graduado em em Engenharia Mecnica pela Escola Politcnica da USP (1983),Mestrado em Engenharia Mecnica pela mesma instituio (1989), Doutoradoem Engenharia Mecnica - Rensselaer Polytechnic Institute (1994) e Ps-Doutorado em Engenharia Mecnica na Universidade de Illinois em Urbana-Champaign (1999). Atualmente Professor Associado da Escola Politcnica daUSP, professor do programa de ps-graduao interinstitucional do Instituto de

    Eletrotcnica e Energia (IEE-USP), professor de ps-graduao do programa deps-graduao em Engenharia Mecnica da EPUSP, pesquisador do CNPq -nvel 2, consultor ad hoc da CAPES, CNPq, FAPESP, entre outros, Foi secretriode comit tcnico da Associao Brasileira de Cincias e Engenharia Mecnica,Avaliador in loco do Ministrio da Educao. Tem experincia na rea deEngenharia Trmica, atuando principalmente nos seguintes temas: mudana defase lquido-vapor, uso e processamento de gs natural, refrigerao porabsoro, tubos de vrtices, sensores bifsicos e sistemas alternativos detransformao da energia. Tem atuado como revisor tcnico de vrioscongressos, simpsios e revistas cientficas nacionais e internacionais.MInistra(ou) cursos de Termodinmica, Transferncia de Calor, EscoamentoCompressvel, Transitrios em Sistemas Termofluidos e Sistemas deCogerao, Refrigerao e Uso da Energia e Mquinas e Processos deConverso de Energia. Coordenou cursos de especializao e extenso na reade Refrigerao e Ar Condicionado, Cogerao e Refrigerao com Uso de GsNatural, termeltricas, bem como dois cursos do PROMINP. Coordenaatualmente um curso de especializao intitulado Energias Renovveis,Gerao Distribuda e Eficincia Energtica por meio do PECE da Poli(www.pecepoli.org.br). Tem sido professor de cursos de extenso universitriapara profissionais da rea de termeltricas, vlvulas e tubulaes indstriais, arcondicionado, tecnologia metroferroviria e energia. Tem participado deprojetos de pesquisa de agncias governamentais e empresas, destacando:Fapesp, Finep, Cnpq, Eletropaulo, Vale, Comgas e Petrobras. Foi agraciado em2006 com a medalha Amigo da Marinha`. Foi professor visitante na UFPB em2000 - Joo Pessoa e na UNI - Universitat Nacional de Ingenieria em 2002(Lima - Peru). Foi cientista visitante em Setembro/2007 na Ecole PolytechniqueFederale de Lausanne (Suia) dentro do programa ERCOFTAC - European

    Research Community On Flow, Turbulence And Combustion`. Foi professorvisitante no INSA - Institut National des Sciences Appliques em Lyon (Frana)em junho e julho de 2009. Tem desenvolvido projetos de cunho tecnolgicocom apoio da indstria (Comgas,Eletropaulo, Petrobras e Vale). Possui umapatente com aplicao na rea automobilstica. autor de mais de 90 artigostcnico-cientficos, alm de ser autor de um livro intitulado Fundamentos eAplicaes da Psicrometria`. Finalmente, coordena o laboratrio e grupo depesquisa da EPUSP de nome SISEA - Lab. de Sistemas Energticos Alternativos(www.pme.poli.usp.br/sisea)

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    MDULO 1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE ENGENHARIA

    TERMODINMICA

    APRESENTAO

    Neste mdulo estudaremos os principais conceitos da termodinmica com a

    finalidade de propiciar ao interessado uma base de conhecimentos necessrios aos

    estudos dos ciclos de potncia, de refrigerao e processos de manipulao do ar.

    UNIDADE 1 Propriedades Termodinmicas

    1.1 Temperatura e Escalas de Temperatura

    A temperatura um tipo de conceito que difcil de ser definido com rigor, apesar

    de todos possuirmos um conceito primitivo do seu significado. Para isso, as noes

    elementares de quente e frio podem auxiliar no seu entendimento. A

    quantificao da temperatura realizada com o emprego de escalas de

    temperaturas, sendo que as escalas utilizadas com maior frequncia so a escala

    Fahrenheit, F, e a Celsius, C. Os fatores de converso de uma escala para outra

    so:

    ( ),32F9

    5C = e 32.+C

    5

    9F = (1) e (2)

    As duas escalas acima definidas so relativas, pois dependem de valores do

    estabelecimento de temperaturas de referncia, tais como o ponto triplo da gua.

    tambm possvel que se defina uma escala absolutade temperatura, para o qual

    existe um zero absoluto. A escala absoluta de temperatura associada com a escala

    Fahrenheit a Rankine, enquanto que a escala absoluta associada com a Celsius

    a Kelvin. Os fatores de converso so:

    ,69,459FR += e .15,273CK += (3) e (4)

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    Note que na escala Kelvin o smbolo de grau dispensado. (LC_01 Tabela de

    Converso de unidade de diversos sistemas para o SI).

    1.2 Presso

    Presso a componente normal da fora por unidade de rea que age em um fluido

    em repouso e igual em todas as direes em torno de um ponto do meio fluido.

    O grfico esquemtico da Figura 1 ilustra as diversas formas de apresentar a

    presso de um sistema, as quais podem ser uma presso absoluta ou pressorelativa. Os adjetivos absoluta e relativa ou manomtricos que acompanham o

    termopresso dependem do instrumento que foi utilizado para medir o seu valor.

    Estes instrumentos esto indicados entre parnteses na Figura 1.

    Fig. 1 - Definies das diversas formas de apresentar a propriedade presso

    Uma atmosfera padro vale 760 mmHg (milmetros de coluna de mercrio) e em

    outras unidades ela vale:

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    1 atmosfera padro = 760 mmHg (milmetros de coluna de mercrio a 0 C),

    = 29,92 inHg (polegadas de coluna de mercrio a 0 C),

    = 1,01325 105

    N/m2

    (Newton por metro quadrado),

    = 101,325 kPa(quilopascal),

    = 1,01325 bar (bar),

    = 14,696 lbf/in2 ou psig (libra-fora por polegada

    quadrada),

    = 760 Torr (Torricelli).

    No sistema internacional 1 bar vale 105 N/m2, sendo que a unidade N/m2 recebe o

    nome depascalou, abreviadamente, Pa. Nesse texto, ser usado preferencialmente

    um mltiplo da unidade pascal, qual seja o quilopascal, ou, kPa (103 N/m2 = 1

    kPa). Alternativamente, a unidade bartambm poder estar presente. A vantagem

    de se utilizar a unidade bar que 1 bar vale aproximadamente 1 atmosfera padro.

    1.3 Volume Especfico e Densidade

    O volume especfico a razo entre o volume, V, ocupado por uma dada substncia

    e a sua massa, m. A densidade o inverso do volume especfico. s vezes o que

    este texto chama de densidade, em outros lugares conhecido por massa

    especfica. Entretanto, face grande difuso e uso corrente do termo densidade, o

    mesmo ser adotado preferencialmente.

    Os smbolos gregos ve sero usados para designarem o volume especfico e a

    densidade, na ordem. No sistema internacional, a unidade do volume especfico

    m3/kg, e a unidade da densidade o seu recproco. Resultando em:

    .1

    ==

    m

    Vv (5)

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    1.4 Energia Interna e Entalpia

    A energia interna, U, a forma de energia acumulada pela substncia devido aoseu movimento ou agitao molecular e s foras de interao moleculares. A

    energia interna especfica, u, definida como a energia interna de uma substncia

    por unidade de massa. As unidades da energia interna e da energia interna

    especfica no sistema internacional de unidades - SI, so J (joule) e J/kg (joule por

    quilograma), respectivamente.

    A entalpia, H, a propriedade que combina as propriedades energia interna,

    presso e volume. Esta propriedade aparece em associao com anlises que

    envolvem volume de controle e fluxos mssicos, tais como ocorrem nas mquinas

    trmicas. Analogamente energia interna, pode-se definir a entalpia especfica, h,

    ou seja, a entalpia por unidade de massa da substncia. A relao entre entalpia

    especfica e as outras propriedades dada por:

    .Pvuh += (6)

    As unidades de entalpia e entalpia especfica no sistema internacional de unidades

    SI, so J e J/kg.

    UNIDADE 2 Substncia Pura e Diagramas Termodinmicos

    Uma substncia pura definida como aquela que tem composio qumicainvarivel e homognea. Esta noo auto-explicativa, pois, por exemplo, quando

    se diz que uma determinada substncia formada por gua, espera-se que se

    esteja referindo apenas substncia composta de molculas de H2O. No entanto,

    amplamente sabido que na forma em que a gua se encontra para fins de utilizao

    domstica e industrial, diversos outros componentes qumicos esto presentes, tais

    como sais minerais e gases dissolvidos.

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    14

    Para ser mais preciso, nas futuras citaes da substncia pura gua ser

    subentendido que ela constituda apenas das molculas H2O. Note que a

    substncia pura pode estar presente em uma de suas fases isoladamente ou em

    sua combinao.

    2.1 Propriedades e Tabelas Termodinmicas

    A gua, como as demais substncias puras, podem existir e coexistir nas trs fases

    slida, lquida e vapor ou em suas combinaes, tais como mistura lquido-vapor.

    Uma projeo da regio de equilbrio entre as fases lquidas e vapor est ilustrada

    no diagrama Temperatura-volume especfico da Figura 2.

    A fase lquida da substncia compreende o ramo esquerdo e toda a regio sua

    esquerda (tambm chamado de lquido comprimido), enquanto que do ramo direito

    da curva e para a direita a substncia encontra-se na fase vapor (tambm chamado

    de vapor superaquecido).

    Os dois ramos se encontram em um ponto singular chamado de ponto crtico, a

    partir do qual no se faz mais distino entre as fases. Valores crticos para

    algumas substncias encontram-se na Tabela 13 (LC_13 Tabela de Saturao

    para gua e Vapor).

    A regio interna representa a regio bifsica onde as fases lquidas e vapor

    coexistem em equilbrio trmico, mecnico e qumico. Essa regio tambm

    chamada de regio de saturao. Alguns estados notveis esto assinalados erepresentam fisicamente os estados da substncia ilustrados nos esquemas

    cilindro-mbolo que se encontram ao lado do diagrama.

    A linha ilustrada no diagrama (1, 2, 3 e 4) tambm uma linha de presso

    constante ou, simplesmente, uma isobrica. Uma linha horizontal neste diagrama,

    que representa um processo de temperatura constante, chamada de isotrmica,

    enquanto que uma linha vertical, processo de volume constante, uma isocrica.

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    15

    Existe uma relao funcional entre a presso e a temperatura que recebe o nome

    de curva de presso de vapor. A curva de presso de vapor pode ser fornecida nas

    formas grfica, analtica e tabelada.

    A tabela 13 (LC_13 Tabela de Saturao para gua e Vapor) fornece valores

    precisos da presso de vapor e outras propriedades relevantes para a gua na

    saturao.

    Fig. 2 - Diagrama Temperatura-volume especfico para a gua. Os processos 14

    esto ilustrados no esquema pisto-mbolo ao lado

    Quando uma substncia est na regio de mudana de fase, define-se o ttulo como

    sendo a razo entre a massa de vapor presente e a massa total da substncia. Isto

    :

    T

    v

    m

    mx =

    (7a)

    Propriedades mdias como volume especfico, energia interna especfica e entalpia

    especfica da mistura lquido-vapor saturada so obtidas a partir do ttulo. Isto :

    LV

    LV

    LV

    hxxhh

    uxxuu

    vxxvv

    )1(

    )1(

    )1(

    +=

    +=

    +=

    (7b)

    onde, os ndices L e V indicam lquido saturado e vapor saturado,

    respectivamente. So dados obtidos das tabelas de vapor saturadas.

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    2.2 Sistema e Volume de Controle

    Um sistema termodinmico definido como uma quantidade fixa de massa. Tudo oque for externo ao sistema o meio ambiente e a regio de separao entre o meio

    e o sistema chamada de fronteira. Um conceito mais til em anlises que sistema

    o volume de controle, VC.

    O volume de controle um volume hipottico ou real que engloba uma

    determinada regio do espao que nos interessa para conduzirmos uma anlise ou

    estudo. Normalmente, o volume de controle engloba uma mquina ou partes de

    uma instalao qualquer e ele separado do meio atravs de uma superfcie de

    controle, SC. Os conceitos de volume de controle e sistema sero melhor

    entendidos quando se estudar as leis de conservao adiante.

    2.3 Trabalho e Calor

    O trabalho, W, a forma de interao de energia que um sistema ou volume de

    controle realiza ou sofre em relao ao meio que o circunda e que pode ser

    traduzido pela ao de uma fora agindo sobre uma distncia. A potncia, &W, a

    taxa temporal na qual o trabalho realizado. O trabalho de um sistema simples

    compressvel (reversvel) na forma diferencial dado por:

    PdVW = (7)

    onde o smbolo indica que o trabalho depende do processo executado. Claro que o

    trabalho total ser a integral dessa expresso:

    =2

    121

    V

    VPdVW (8)

    Analisando o grfico da Figura 3, pode-se claramente perceber que diversos valores

    de trabalho 21W podem ser obtidos entre os estados 1 e 2, dependendo do processo

    percorrido (caminho). Como o trabalho depende do processo, indicado pela

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    equao (8), o processo C na figura (maior rea sob a curva) o que produzir

    maior trabalho dentre os trs processos A, B e C. O processo A o que produzir

    menor trabalho.

    C

    B

    A

    1

    2

    P

    V Fig. 3 A, B e C produzem trabalhos diferentes entre os estados 1 e 2

    Calor, Q, a forma de energia que transferida atravs da fronteira do sistema ou

    superfcie do volume de controle devido exclusivamente a uma diferena de

    temperatura entre o sistema ou volume de controle e o meio ambiente. O fluxo decalor, &Q, a taxa temporal na qual o calor transferido.

    A unidade de trabalho e calor J no SI, enquanto que a potncia e o fluxo de calor

    recebem a unidade de W (watts).

    2.4 Equao de Estado, Gs Perfeito

    As propriedades termodinmicas esto relacionadas entre si por meio de equaes

    de estado. As equaes de estado podem ser estabelecidas por meios

    experimentais ou analticos e esto disponveis na forma de tabelas, grficos ou

    equaes algbricas. As equaes de estado mais comuns so relaes

    matemticas que envolvem trs propriedades, quais sejam a presso, a

    temperatura e o volume especfico. So equaes do tipo P-v-T e podem ser

    escritas de uma forma genrica como:

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    .0),,( =TvPf (9)

    Uma equao de estado pode ser apresentada de uma forma muito complexa,contendo dezenas de coeficientes e termos. Contudo, uma caracterstica comum

    que todas elas tendem para um mesmo limite para valores baixos de presso. Este

    limite de baixa presso dado pela seguinte expresso elementar:

    ,RTPv = (10)

    onde R a constante particular do gs ou vapor em questo e se relaciona com a

    chamada constante universal dos gases perfeitos, , por intermdio de:

    ,/MR = (11)

    sendo que M a massa molecular. Alguns valores de so:

    = 8,314 kJ/kgmol.K,

    = 1,987 kcal/kgmol.K,

    = 847,7 kgf.m/kgmol.K.

    Valores de constante particular de alguns gases selecionados podem ser vistos na

    Tabela 2. (LC_02 Tabela de Propriedades termodinmicas para vrios gases e

    vapores).

    A Equao (10) a chamada lei dos gases ideais ou perfeitos. Todos os gases e

    vapores tendem para o comportamento de gs perfeito a baixas presses,independentemente da sua temperatura.

    Uma regra prtica para se saber se o comportamento ideal vlido ou no numa

    dada situao consiste em comparar a presso a que o gs est submetido com sua

    presso crtica. Se a presso for muito menor, isto , menor que cerca de 5% da

    presso crtica, ento razovel usar a abordagem simplificada e a Equao (11)

    pode ser empregada. Outra situao em que o comportamento ideal possvel

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    19

    ocorre quando a temperatura absoluta da substncia vale em torno do dobro da

    temperatura crtica.

    2.5 Calores Especficos

    O calor especfico de uma substncia uma propriedade termodinmica muito

    importante, a qual permite obter as demais propriedades trmicas como energia

    interna e entalpia. Distinguem-se dois tipos de calores especficos. O calor

    especfico a presso constante, Cp, dado por:

    .ThC

    Pp

    =

    (12)

    J o calor especfico a volume constante, Cv, dado por:

    .v

    v T

    uC

    =

    (13)

    Como se v, as definies dos calores especficos envolvem derivadas parciais.

    Contudo, verifica-se que para gases perfeitos, tanto a energia interna, como a

    entalpia so funes exclusivas da temperatura. Nesse sentido, as derivadas

    parciais acima se transformam em derivadas comuns. Dos dois calores especficos,

    o calor especfico a presso constante o que mais interessa para as anlises

    subseqentes.

    Verifica-se que normalmente o valor de Cp (e tambm Cv) permanece constantepara uma razovel faixa de temperatura (para um gs perfeito Cp e Cv so

    constantes por definio). Sob tais circunstncias, a propriedade entalpia pode ser

    rapidamente calculada a partir da integrao da Equao (12), o que resulta em:

    ( ),00 TTChh p += (14)

    onde o ndice 0 indica uma condio de referncia para a qual a propriedade

    conhecida. Arbitrariamente, pode-se estabelecer que a entalpia h0 vale 0 J/kg para

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    20

    T0 = 0 C e ento se obtm a bem conhecida forma h = CpT, o que deve

    permanecer vlido desde que no haja mudana de fase.

    Se uma substncia mudar de fase durante um processo, ento se deve levar em

    considerao o valor correspondente da entalpia associada com o processo de

    condensao ou vaporizao, conforme o caso. A unidade dos calores especficos no

    SI J/kg C.

    Para gases perfeitos existe uma relao muito til entre os calores especficos e a

    constante do gs dada por:

    .RCC vp = (15)

    Certos problemas ocorrem quando se est trabalhando em alta temperatura

    associados com o fato de que os calores especficos no so mais constantes, mas

    dependem da temperatura, como ocorre com os produtos de combusto. Assim, se

    variaes muito grandes de temperatura estiverem envolvidas, deve-se proceder a

    um clculo mais acurado do calor especfico, por exemplo, usando o calor especfico

    mdio a presso constante na faixa de temperatura de interesse. Essa ltima

    grandeza simplesmente dada pela definio de mdia, ou seja:

    .1 2

    112=

    T

    Tpp dTCTT

    C (16)

    Os calores especficos podem ser aproximados por polinmios. Reid (1987)

    apresenta os calores especficos de diversas substncias aproximados por um

    polinmio do terceiro grau, genericamente dado pela equao:

    [ ],KkJ/kmol32 dTcTbTaCp +++= (17)

    onde, a temperatura T dada em kelvin e as constantes a at d so dadas na

    Tabela 3 para alguns gases de interesse. (LC_03 Tabela de Coeficientes para o

    clculo do calor especfico a presso constante).

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    21

    A unidade do calor especfico est dada em kJ/kmol K. Normalmente, prefere-se

    utilizar a unidade especfica na massa, para isso basta dividir Cp em kJ/Kmol K pela

    massa molecular do gs para se obter o Cp na unidade de kJ/kg K. Note que, em

    termos prticos, indiferente escrever kJ/kg K ou kJ/kg C.

    2.6 Lei da Conservao de Massa ou da Continuidade

    A maioria dos processos de interesse envolvem fluxos mssicos para dentro ou fora

    de um equipamento ou instalao como, por exemplo, fluxos de ar e gua atravs

    de uma torre de resfriamento, ou fluxos de ar e de combustvel atravs de

    mquinas trmicas (turbinas e motores).

    Dessa forma, deve-se estabelecer um procedimento de anlise para considerar e

    contabilizar tais fluxos de fluido. Considerando um volume de controle em torno do

    equipamento, Figura 4, a seguinte expresso do balano de massa ou material

    poder ser escrita para um dado instante de tempo te para uma dada substncia ou

    espcie qumica.

    (18)

    Cm&

    Sm&

    Fig. 4 - Esquema de um volume de controle envolvendo um equipamento e osfluxos mssicos que o cruzam atravs da superfcie de controle

    A formulao matemtica do balano representadao dada por:

    , =

    se

    VC

    mmdt

    dm&& (19)

    onde,

    .

    var

    tttcontrolevolume de

    deixam omassa que

    luxos desoma dos f

    controlevolume de

    entram nomassa que

    luxos desoma dos f

    controlede

    volumenocontida

    assaiao da m

    =

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    22

    VCdt

    dm

    - variao instantnea da massa contida no volume de controle,

    em

    &

    - somatria de todos os fluxos mssicos instantneos que entram no VC, e

    sm& - somatria de todos os fluxos mssicos instantneos que deixam o VC.

    Uma importante simplificao pode ser feita quando a massa contida no volume de

    controle permanece inalterada com o tempo, o que significa que a sua derivada

    com o tempo nula. Quando isto acontece, diz-se que o processo se encontra em

    regime permanente ou estacionrio. Os processos analisados neste mdulo sero

    todos processos em regime permanente, a menos que seja especificado em

    contrrio. Com a hiptese de regime permanente, a formulao acima se reduz a:

    . = se mm && (20)

    2.7 Lei da Conservao da Energia ou Primeira Lei da Termodinmica

    A lei da conservao da energia tambm conhecida como primeira lei daTermodinmica. De forma anloga ao caso anterior, esta lei se preocupa em

    contabilizar um determinado balano: o balano de energia.A lei estabelece que a

    energia no pode ser criada, nem destruda, mas permanece constante (exceto em

    situaes relativsticas em que transformaes entre massa e energia ocorrem).

    Note que a lei informa que a energia permanece inalterada, mas isto no

    significa que as formas de energia so imutveis. As formas de energia quenos interessam so: energia interna, energia potencial gravitacional, energia

    cintica, calor e trabalho.

    Outras formas (energia eltrica ou qumica, por exemplo) podem tambm ser

    includas no balano, mas no interessam no estudo aqui desenvolvido. Utilizando

    um esquema de balano semelhante ao de balano de massa, a lei da conservao

    da energia, para o volume de controle da Figura 5, pode ser escrita como:

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    23

    E

    E

    E

    E

    E

    h

    V

    T

    P

    m&

    VCW&

    S

    S

    S

    S

    S

    h

    V

    T

    P

    m&

    VCQ&

    Fig. 5 - Volume de controle envolvendo um equipamento ilustrando os fluxos de energia

    associados com os fluxos mssicos e interaes de calor e trabalho com o meio

    (21)

    O balano de energia expresso pela Equao (21) traduzido em termos

    matemticos pela seguinte equao:

    .+22

    22

    W-QZV

    hmZV

    hmdt

    dEs

    ssse

    eee

    VC

    &&&&

    ++

    ++=

    (22)

    A energia total, E, do volume de controle a soma das formas de energias interna,

    cintica e potencial gravitacional. Os dois primeiros termos do lado direito

    representam os fluxos de entalpia, h, energia cintica, V2/2, e potencial

    gravitacional, Z, associados com cada fluxo mssico de entrada ou sada para o

    volume de controle, conforme o caso. Q& o fluxo de calor que o volume de

    controle troca com o meio ambiente atravs da superfcie de controle e W& a

    potncia das foras que realizam trabalho na unidade de tempo sobre ou pelo

    volume de controle.

    Os sinais de WQ && e decorrem da seguinte conveno: So positivos o fluxo de calor

    para o volume de controle e o trabalho realizado pelo volume de controle.

    .

    cos

    cos

    var

    ttt sifluxos ms

    com osassociada

    controlevolume de

    e deixa oenergia qu

    sifluxos ms

    com osassociada

    controlevolume de

    e entra noenergia qu

    controledevolume

    nocontidatotal

    energiadaiao

    =

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    24

    Para processos em regime permanente, o termo da derivada temporal da energia

    total nulo e, portanto, a equao acima fica

    .+2

    =+2

    22

    WZVhmQZVhm sssseeee &&&&

    ++

    ++ (23)

    Um caso particular da equao (23) ocorre quando s existe um fluxo mssico

    atravs do equipamento. Da equao da conservao de massa, Equao (20),

    tem-se que mmm se &&& == e dividindo a equao acima por &m resulta em:

    ,+2=+2

    22

    wZ

    V

    hqZ

    V

    h ss

    se

    e

    e ++++ (24)

    onde, q e w so os fluxo de calor especfico e trabalho especfico, isto , por

    unidade de massa, de unidades J/kg.

    2.8 - Exemplo de Conservao de energia em regime permanente

    Num pequeno sistema de refrigerao operando com propano, R 290, o vapor entra

    a 10 C e 180 kPa no compressor e deixa o equipamento a 80 C e 900 kPa. Nessa

    situao, a vazo mssica do fluido refrigerante de 0,009 kg/s, enquanto que a

    potncia total fornecida ao compressor de 1,5 kW. Calcule o calor total perdido

    pelo compressor, bem como o calor perdido por unidade de massa (especfico).

    W&

    Fig. 6 Esquema de um compressor

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    25

    Entalpias do vapor de propano:

    Entrada: h1 = 471,7 kJ/kg Sada: h2 = 616,4 kJ/kg.

    Soluo:

    Admitindo o volume de controle em torno do compressor e utilizando a Equao

    (20), de forma que:

    (25)

    Agora, substituindo os valores conhecidos (tomando precaues com relao aos

    sinais), tem-se:

    (26)

    E por unidade de massa, obtm:

    (27)

    Na soluo deste problema ficou implcito a lei da conservao de massa em regime

    permanente, isto , .2 mmm &&& ======== O sinal negativo de calor e trabalho decorrem da

    conveno adotada.

    A primeira lei tambm pode ser escrita para processos termodinmicos na forma

    diferencial:

    WQdU = (28)

    note que apenas a forma de energia interna Ufoi contabilizada nessa expresso. O

    smbolo dindica uma diferencial exata, funo de estado, enquanto que smbolo

    vlido para processos quaisquer.

    .2211 WhmQhm &&&& ++++====++++

    (((( ))))

    .198,0

    ,5,17,4714,616009,012

    kWQ

    ouWhhmQ

    ====

    ====++++====

    &

    &&&

    kJ/kg.0,22009,0

    198,0===

    m

    Qq

    &

    &

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    26

    UNIDADE 3 Segunda Lei da Termodinmica

    A segunda lei da Termodinmica uma ferramenta poderosa que indica as direesem que os processos termodinmicos podem ocorrer, bem como estabelece limites

    tericos para os processos de converso de calor em trabalho, tal como ocorre nas

    mquinas trmicas que operam continuamente em ciclos termodinmicos.

    O conhecimento dos conceitos de processo reversvel e processo irreversvel

    relevante para se compreender a segunda lei. Processo reversvel aquele que,

    uma vez realizado, o mesmo pode ser completamente invertido sem deixar

    vestgios de que o mesmo tenha ocorrido. Com os processos irreversveis, isso j

    no possvel.

    Nossa realidade cercada de processos irreversveis que so causados por diversos

    fatores, tais como: atrito, trocas de calor com diferenas finitas de temperatura,

    mistura de componentes qumicos distintos, entre outros. Define-se entropia S

    como sendo:

    (29)

    onde, Q o calor trocado e Ta temperatura absoluta. A unidade da entropia J/K.

    Note que se define entropia na forma diferencial associada a um processo reversvel

    em que ocorre troca de calor a uma dada temperatura. No entanto, dados dois

    estados termodinmicos quaisquer a variao de entropia entre os dois estados

    ser sempre a mesma, independentemente do estado. Isto equivale dizer que a

    entropia uma funo de estado, ou seja, uma propriedade termodinmica.

    A desigualdade de Clausius estabelece que:

    (30)

    onde, a integral calculada sobre um processo cclico, isto , um processo que

    comea em dado estado termodinmico, realiza interaes de calor e trabalho e

    revT

    QdS

    0TQ

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    27

    termina no estado inicial. A igualdade vlida para um processo reversvel,

    enquanto que a desigualdade vlida para um processo irreversvel.

    A segunda lei da Termodinmica geralmente enunciada por meio dos enunciados

    de Kelvin-Planck e de Clausius.

    O primeiro informa que impossvel construir uma mquina trmica que opera

    segundo um ciclo termodinmico e recebe calor somente de uma fonte de calor, o

    que significa que no possvel transformar todo calor em trabalho.

    O enunciado de Clausius informa que impossvel construir uma mquina que

    opera segundo um ciclo termodinmico que retira calor de uma fonte fria e o

    transfere para uma fonte quente, sem o fornecimento de trabalho.

    A segunda lei da termodinmica pode ser escrita para um volume de controle por

    meio da seguinte expresso:

    GVCn

    jss

    m

    iee

    VC ST

    Qsmsmdt

    dS &&&& ++= == 11

    (31)

    Onde:

    SVC a entropia total do volume de controle,

    em& um dos m-simos fluxos mssicos que entram no volume de controle e

    se a entropia especfica (por unidade de massa) associada a cada fluxo

    mssico de entrada;

    sm& um dos n-simos fluxos mssicos que deixam o volume de controle e

    ss a entropia especfica (por unidade de massa) associada a cada fluxo

    mssico deixa o volume de controle;

    VCQ& o fluxo de calor trocado pelo volume de controle e

    GS& a entropia gerada na unidade de tempo devido s irreversibilidades.

    uma grandeza sempre positiva ou nula quando o processo for reversvel.

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    28

    O caso de regime permanente simplificado para:

    GVC

    e

    m

    i

    e

    n

    j

    ss S

    T

    Qsmsm &

    &

    && ++= == 11

    (32)

    Se for em regime permanente e reversvel, temos:

    T

    Qsmsm VCe

    m

    ie

    n

    jss

    &

    && += == 11

    (33)

    Se for em regime permanente, reversvel e adiabtico, temos:

    e

    m

    ie

    n

    jss smsm

    ==

    =11

    && (34)

    Se for em regime permanente, reversvel, adiabtico e houver um fluxo mssico de

    entrada e um de sada:

    es

    ss = (35)

    Se for a regime permanente, irreversvel, adiabtico e houver um fluxo mssico de

    entrada e um de sada:

    es ss (36)

    UNIDADE 4 Processos Termodinmicos

    A relao fundamental da termodinmica, ou equao de Gibbs, uma combinao

    da primeira lei na forma diferencial e a segunda lei. Ou seja:

    PdvTdsdu = (37)

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    29

    onde, o calor foi substitudo pela definio de entropia e o trabalho pela sua

    definio. Note que embora essa relao seja definida a partir de processos

    reversveis, a mesma envolve somente propriedades termodinmicas e, portanto,

    sempre vlida.

    Substituindo a definio de entalpia, pode se obter a outra forma dessa equao:

    vdPTdsdh += (38)

    4.1 Variao da Entropia em um Gs Perfeito

    Os principais fluidos associados aos processos termodinmicos estudados nesse

    curso so o ar atmosfrico, o vapor de gua e os gases oriundos de uma reao de

    combusto.

    Com a finalidade de se simplificar as anlises feitas para cada caso em estudo, em

    diversas ocasies tais fluidos so considerados gases perfeitos ou gases ideais, ou

    seja, possuem comportamento idealizado considerando-se que ele est trabalhando

    em baixas presses, conforme j visto.

    A variao da entropia (s) de gases perfeitos em um determinado processo

    termodinmico (1-2), por exemplo, pode ser definida em termos de um processo

    reversvel qualquer, do tipo:

    = TdQ

    S(39)

    Para esse caso possvel obter as equaes que definem totalmente o processo

    reversvel de um gs perfeito ou gs ideal.

    A variao da entalpia para esse caso :

    PdvduTds += (40)

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    30

    Para um gs perfeito, temos

    dTcdu V= e vR

    T

    P

    = (41 e 42)

    Assim, por substituio direta, possvel escrever:

    v

    Rdv

    T

    dTcds V +=

    (43)

    Ou, integrando-se ao longo caminho que representa o processo 1-2, temos que:

    +=

    2

    1 1

    212 ln v

    vR

    T

    dTcss v

    (44)

    Ainda, com relao variao da entropia de um gs perfeito durante um processo

    termodinmico 1-2, pode-se escrever:

    vdPdhTds = (45)

    Sendo que, nesse caso

    dTcdh p= e PR

    T

    v=

    (46 e 47)

    Portanto, decorre que:

    +=

    2

    1 1

    212 ln

    P

    PR

    T

    dTcss p

    (48)

    Para que se possa fazer a integrao das equaes anteriores preciso que se

    conheam as relaes entre os calores especficos com a temperatura. A relao

    mais simples e mais adotada a hiptese de calor especfico constante. Assim

    pode-se escrever:

    =

    1

    2

    1

    212 lnln v

    vR

    T

    Tcss v

    , (49)

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    31

    e, analogamente,

    =

    1

    2

    1

    212 lnln

    P

    PR

    T

    Tcss p

    . (50)

    Existem outras duas possibilidades de se relacionar os calores especficos com a

    temperatura. Uma utilizar uma relao analtica (j conhecida) do calor especfico

    com a temperatura, como aquelas relaes da Tabela 3. (LC_03 Tabela de

    Coeficientes para o clculo do calor especfico a presso constante).

    4.2 Processo Politrpico Reversvel para um Gs Perfeito

    Para que se tenha uma noo do que seja um processo politrpico podemos utilizar,

    como exemplo clssico, o processo de expanso dos gases de combusto no

    interior do cilindro de um motor de combusto interna.

    Os processos politrpicos so aqueles em que um gs realiza um processo

    reversvel com transferncia de calor. Da mesma forma, o gs analisado

    considerado um gs perfeito, como j comentado.

    Como se pode ver na Figura 7, nos processos politrpicos para gases perfeitos

    existe uma relao do tipo Pvn = constante.

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    32

    Fig.7 Exemplo de um processo politrpico

    Se durante a expanso de um gs perfeito for possvel medir as presses e os

    volumes e coloc-los em um grfico na forma logartmica, tanto para a presso

    quanto para o volume, nota-se que essa relao uma linha reta, como podemos

    observar na Figura 7.

    Da podemos escrever:

    0lnlnln

    ln

    =+

    =

    vndPd

    nvd

    Pd

    (51)

    Como nesse caso a relao uma linha reta, ou seja, n uma constante, possvel

    integrar a equao obtendo-se:

    1se2211 === nvPvPctePv nnn (52)

    Assim, possvel extrair as seguintes relaes:

    ( )1

    2

    1

    1

    1

    2

    1

    2

    2

    1

    1

    2

    =

    =

    =

    nn

    n

    n

    v

    v

    P

    P

    T

    T

    v

    v

    P

    P

    (53)

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    33

    Fig. 8 Exemplo de diversos processos politrpicos

    A Figura 8 mostra o esquema de vrios processos politrpicos representados pelos

    diagramas p-v e T-s com n vlido para diversos processos conhecidos como:

    Processo isobrico (p = constante): n = 0;

    Processo isotrmico (T = constante): n = 1;

    Processo isoentrpico (s = constante): n = k;

    Processo isocrico (v = constante): n =

    No caso particular de processo isoentrpico, basta substituir o expoente n pelarazo entre calores especficos k para obter as seguintes expresses:

    ( )1

    2

    1

    1

    1

    2

    1

    2

    2

    1

    1

    2

    =

    =

    =

    kk

    k

    k

    v

    v

    P

    P

    T

    T

    v

    v

    P

    P

    (54)

    Alguns valores da razo entre calores especficos so apresentados na Tabela 4.

    (LC_04 - Tabela de Valores da razo entre calores especficos (300 K)).

    O trabalho de expanso, realizado na fronteira mvel de um sistema, na superfcie

    do pisto, dado por:

    =

    2

    121

    v

    v

    Pdvw (55)

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    mas como:

    nnn vPvPPv 2211 == (56)

    vem que, por substituio:

    { {

    ( )1211221

    1111222

    2

    1

    2

    1

    12

    1

    21

    111

    1

    1

    TTn

    R

    n

    vPvPvvPvvP

    n

    n

    vcte

    v

    dvctePdvw

    n

    cte

    nn

    cte

    n

    v

    v

    n

    n

    =

    =

    =

    =

    ===

    (57)

    A equao acima vlida para n 1. Para o caso em que n = 1 (processo

    isotrmico), temos:

    =

    =

    =

    =

    ===

    1

    2

    1

    2

    221

    2

    11

    2

    1 1

    2

    2

    1

    21

    ln

    lnln

    ln

    P

    PRT

    v

    vvP

    v

    vvP

    v

    vcte

    v

    dvctePdvw

    (58)

    O trabalho de expanso para um volume de controle dado por:

    =2

    121

    P

    PvdPw (59)

    mas como:

    nnn vPvPPv 2211 == (60)

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    35

    vem que, por substituio:

    [ ] ( )12111221

    2

    1/1

    2

    121

    TTn

    nRvPvP

    n

    n

    nP

    dPP

    P

    ctevdPw

    =

    =

    = ==

    (61)

    A equao acima vlida para n 1. Para o caso em que n = 1 (processo

    isotrmico), temos:

    =

    =

    ==

    1

    2

    1

    222

    2

    1 1

    21121

    lnln

    ln

    P

    PRT

    P

    PvP

    P

    PvP

    P

    dPw

    P

    P

    (62)

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    MDULO 2 CICLOS DE POTNCIA - RANKINE

    APRESENTAO

    A sociedade moderna consome grande quantidade de energia. Como consequncia,

    h a necessidade de fornecimento constante para satisfazer as necessidades dessas

    sociedades industriais.

    Os engenheiros e as pessoas envolvidas no processo de deciso das polticas

    energticas devem considerar alguns fatores antes de se decidirem por um ou

    outro tipo de modos de obteno dessa energia. Entre eles devem considerar:

    Fonte de Energia - Dentre as fontes de energia, podem ser citadas a energia

    qumica armazenada em carvo, madeira, leo e gs natural, entre outros, e a

    energia nuclear, bem como a energia potencial das guas, e usinas

    termeltricas. A radiao solar tambm consiste noutra fonte, tanto para

    converso direta como para aquecimento. Evidentemente, a deciso vai se

    basear na disponibilidade de tal fonte, os custos envolvidos e a poltica

    ambiental vigente. Nesse mdulo so considerados somente os ciclos trmicos

    que usam calor como forma de energia decorrente da queima de um

    combustvel fssil.

    Rejeitos Trmicos - Em virtude da segunda lei da termodinmica, parte do

    calor absorvido pelos ciclos de potncia para a produo de trabalho til deve

    ser rejeitado para o meio ambiente. Geralmente, esses absorvedouros de

    calor so formados por rios, lagos, o mar e a atmosfera, lembrando que o

    rejeito de calor para esses meios constitui a poluio trmica dos mesmos.

    Evidentemente, consideraes ambientais atuais esto cada vez mais exigentes

    com o que fazer com os rejeitos trmicos. Alm disso, no menos

    preocupante o problema do efeito estufa causado pelos gases resultantes do

    processo de combusto de combustveis fsseis, como o caso do CO2.

    Uma contnua obteno de energia til do tipo eltrica, por exemplo, pode ser

    obtida pela transformao de calor em trabalho. Nesse caso a mquina de

    transformao de calor em trabalho til chamada de mquina trmica. Muitas

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    37

    mquinas trmicas operam segundo um ciclo termodinmico, o qual formado por

    trs componentes principais:

    fonte ou reservatrio trmico de fornecimento de calor de alta temperatura,

    TH;

    absorvedouro ou reservatrio trmico de rejeio de calor de baixa

    temperatura, TL; e

    a prpria mquina de converso de calor em trabalho til ou lquido, Wliq.

    No caso de produo de energia eltrica, h ainda a necessidade de um conversor

    do trabalho til em energia eltrica. Esses elementos esto ilustrados na Figura 1.

    O transporte de energia entre os reservatrios trmicos e a mquina trmica deve

    ser feito por meio de um fluido de trabalho. O fluido mais usado nas centrais

    termeltricas e centrais nucleares a gua. Em algumas situaes especiais,

    metais lquidos podem ser usados em certas usinas nucleares e algumas

    termeltricas. Tambm, em outros tipos de usinas nucleares empregam-se o gs

    hlio.

    Como a converso de calor em trabalho ocorre de forma contnua, geralmente os

    ciclos de converso so tambm chamados de ciclos de potncia (potncia refere-

    se taxa de converso de energia na unidade de tempo, ou seja, joules/s, ou

    watts).

    O ciclo de potncia em que o fluido muda de fase (evaporao e condensao)

    chamado de ciclo a vapor de potncia. No caso em que o fluido de trabalhopermanece na fase gasosa, o ciclo recebe o nome de ciclo a gs de potncia.

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    38

    Fig. 1 Ciclo genrico de converso de calor em trabalho

    Finalmente, a seleo por um tipo especfico de ciclo vai depender de uma srie de

    fatores, entre eles: as temperaturas e presses envolvidas, os reservatrios

    trmicos e suas respectivas temperaturas disponveis, as potncias requeridas e os

    custos de implantao, manuteno e de operao envolvidos. Evidentemente, h a

    necessidade de uma anlise termoeconmica para cada caso em particular, antes

    que se decida por um ou outro tipo de ciclo.

    A seguir so apresentados alguns ciclos de potncia normalmente usados. Porm,

    primeiramente revisto o ciclo trmico de Carnot.

    UNIDADE 1 Ciclo de Carnot

    Suponha que, por um dado processo qualquer de combusto (fuso nuclear, ou

    outro meio de aquecimento) calor seja produzido e fique disponvel para ser usado

    a uma dada temperatura TH. Tambm, suponha que existe um reservatrio trmico

    de baixa temperatura TL para o qual calor possa ser rejeitado.

    Reservatrio debaixa

    temperatura, TL

    Conversorde calor em

    trabalho

    Gerador de

    energia

    Wliq

    QH

    QL

    Mquinatrmica

    Reservatrio de

    alta temperatura,TH

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    39

    A pergunta que naturalmente ocorre : Qual a mxima converso possvel do

    calor disponvel quela alta temperatura TH em trabalho til? Claro, considerando

    tambm que o rejeito de calor se d temperatura TL. Colocada essa questo de

    forma alternativa, deseja-se saber qual deve ser a mxima eficincia trmica

    terica do ciclo. Para responder a essa pergunta, primeiramente considere

    novamente a Figura 1 e a definio de eficincia trmica.

    Pela primeira lei da termodinmica, sabe-se que o trabalho til do ciclo (Figura 1)

    igual diferena entre os calores fornecidos, ou, em termos matemticos,

    LHliq QQW = . (1)

    til definirem-se as grandezas em termos de taxa temporal. Para isso, um

    ponto ser usado em cima da grandeza. De forma que a equao (1) pode ser

    reescrita, agora em termos de taxa temporal, como:

    LHliq QQW &&& = . (2)

    Onde liqW& a potncia de eixo lquida disponvel da mquina trmica para

    acionamento de, por exemplo, um gerador eltrico ou o acionamento de outra

    mquina em unidades de Watts; e

    HQ& o fluxo de calor proveniente do reservatrio trmico de alta temperatura e

    LQ& o fluxo de calor rejeitado para o reservatrio trmico de baixa temperatura.

    Define-se rendimento ou eficincia trmica T como sendo a razo entre o efeitodesejado e valor pago para produzir esse efeito. No presente caso, trata-se

    portanto,

    .Q

    Q

    Q

    QQ

    Q

    W

    H

    L

    H

    LH

    H

    liq&

    &

    &

    &&

    &

    &

    =

    == 1T(3)

    Para o ciclo de Carnot, ainda possvel mostrar que a razo entre os fluxos de calor

    que aparece na equao (3) dado pela razo entre as temperaturas absolutas dos

    reservatrios trmicos, ou seja:

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    .T

    T

    Q

    Q

    H

    L

    H

    L == 11T &

    &

    (4)

    Essa assertiva tem consequncias muito relevantes. Primeiramente, ela informa

    que a mxima eficincia trmica est associada to somente com a razo entre as

    temperaturas dos reservatrios trmicos. Em segundo lugar, a nica possibilidade

    de ter uma mquina trmica de eficincia de 100% se a mquina rejeitasse calor

    para um reservatrio que estivesse a zero grau absoluto.

    Tal reservatrio no existe naturalmente no planeta, de forma que somente

    mquinas com menos de 100% de eficincia de converso de calor em trabalho

    podem ser construdas (no entanto, no espao existe a possibilidade terica de se

    obter mquinas com eficincias trmicas bem maiores, visto que possvel usar o

    espao como reservatrio trmico de baixa temperatura, cuja temperatura

    equivalente est bem prxima de 0 K).

    Em geral, os reservatrios trmicos naturais mencionados acima (rios, lagos, mar e

    a atmosfera) tm uma temperatura em torno de 260 a 320 K, variantes ao longodo ano. Para efeitos ilustrativos, pode-se assumir um valor de 300 K. Dessa forma,

    a mxima eficincia trmica agora s limitada pela temperatura do reservatrio

    de temperatura mais elevada, como dado pela equao (4).

    O grfico da Figura 2 ilustra a eficincia trmica como funo da temperatura TH

    para TL = 300 K.

    Exemplificando, suponha que se pode atribuir uma temperatura de 600 C para um

    dado processo de combusto. Qual a mxima eficincia trmica possvel para um

    ciclo trmico operando entre essa temperatura e o meio ambiente (300 K)?

    Resposta:

    %.,,,

    64656564015273600

    3001T ==

    +=

    (5)

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    Fig. 2 Eficincia trmica do ciclo de Carnot para TL = 300 K

    Definida a eficincia trmica de um ciclo, a questo seguinte : Qual o ciclo que

    pode, em teoria, alcanar a mxima eficincia trmica, dadas as condies de

    reservatrio de temperaturas constantes? A resposta a essa questo deve ser

    respondida passo a passo.

    Em primeiro lugar, espera-se que esse ciclo no possua nenhuma forma de perda.

    Ou seja, no ocorre atrito quando o fluido est escoando por dentro da mquina enas tubulaes. Da mesma forma, a mquina trmica no cede calor para o meio

    durante o processo de realizao de trabalho ou seja, a mquina adiabtica.

    O fluido de trabalho recebe calor do reservatrio de alta temperatura de forma

    isotrmica. Igualmente, o fluido de trabalho cede calor para o reservatrio de baixa

    temperatura tambm de forma isotrmica.

    Atrito, trocas de calor a temperaturas finitas e expanso no-adiabtica so formas

    de perdas que do origem a irreversibilidades no ciclo, efeitos altamente

    indesejveis. Sem entrar em muitos detalhes, o ciclo terico que permite obter a

    mxima eficincia trmica o ciclo trmico de Carnot, o qual formado por quatro

    processos fundamentais:

    a) Troca de calor isotrmica reversvel temperatura elevada TH;

    b) Realizao de trabalho devido expanso do fluido de trabalho por um

    processo adiabtico e reversvel (isto , isoentrpico);

    c) Rejeito de calor isotrmico reversvel baixa temperatura TL; e

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    0 400 800 1200 1600 2000

    eficinciatrm

    ica

    (%)

    temperatura alta TH (K)

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    d) Compresso do fluido de trabalho por um processo adiabtico e reversvel

    (isoentrpico).

    Nos processos (2) e (4) acima, surgiu o conceito de processo adiabtico e

    reversvel. Tal processo recebe o nome de processo isoentrpico e refere-se ao

    processo sofrido pelo fluido de trabalho sem que a sua entropia seja alterada. Isso

    significa que o mximo trabalho extrado pela mquina trmica do fluido de

    trabalho.

    Fig. 3 Representao do ciclo de Carnot no diagrama T-s

    O ciclo de Carnot uma teorizao de um ciclo em que se poderia obter a mxima

    eficincia trmica, como j dito, e no est associado com qualquer mquina,

    equipamento ou propriedades do fluido de trabalho.

    No diagrama temperatura - entropia, o ciclo de Carnot representado por um

    retngulo, cujas arestas representam os processos 1 4, como ilustrado na Figura

    3:

    1-2 Processo isotrmico reversvel de fornecimento de calor TH

    2-3 Processo de expanso adiabtico e reversvel (isoentrpico)

    3-4 Processo isotrmico reversvel de rejeio de calor TL

    4-1 Processo de compresso adiabtico e reversvel (isoentrpico)

    rea = trabalho lquidoWliq = QH- QL

    QH

    QL

    34

    EntropiaS

    2= S

    3S

    1= S

    4

    TL

    TH

    Temperatura

    1

    2

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    Uma vez mais importante frisar que o ciclo de Carnot terico. Entretanto,

    percebe-se que possvel na prtica se aproximar desse ciclo, graas ao fato de

    que as substncias simples, como a gua, mantm a temperatura constante

    durante um processo de mudana de fase. Assim, utiliza-se essa propriedade para

    tentar reproduzir no mundo real as vantagens do ciclo de Carnot, isto , mxima

    converso de calor em trabalho, dados dois reservatrios trmicos.

    Acrescente s caractersticas de constncia de temperatura durante a mudana de

    fase, equipamentos trmicos tericos que permitem realizar os processos ideais

    indicados acima. Com isso, chega-se finalmente ao ciclo de Carnot, agora ilustrado

    no diagrama T-s de uma substncia como a gua e os equipamentos tericosnecessrios, tudo isso indicado na Figura 4.

    Fig. 4 (a) Representao do ciclo de Carnot no diagrama T-s de uma substncia

    simples como a gua.

    (b) Equipamentos necessrios para o ciclo de Carnot turbina, condensador,

    bomba e gerador de vapor

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    Referindo-se Figura 4, calor adicionado ao ciclo no processo 1-2 temperatura

    constante TH. Como bem sabido, presso e temperatura permanecem inalterados

    nesse processo em virtude da mudana de fase do fluido de trabalho. O

    equipamento empregado para isso o gerador de vapor.

    No processo 2 3 ocorre uma expanso adiabtica e reversvel (isoentrpica) com

    a realizao de trabalho numa turbina ideal. A rejeio de calor ocorre no

    condensador trazendo o fluido de trabalho do estado 3 para o estado 4 atravs da

    condensao do vapor. Esse processo ocorre a presso e temperatura constantes.

    Finalmente, uma bomba ideal elevaria a presso e temperatura da mistura bifsica

    do estado 4 para o estado 1 de forma adiabtica e reversvel, fechando o ciclo. Na

    prtica, existem dificuldades tecnolgicas de se obter o ciclo de Carnot, como sero

    vistas adiante. Por isso define-se o chamado ciclo de Rankine.

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    UNIDADE 2 Ciclos de Rankine

    O ciclo de Rankine contorna algumas dificuldades do ciclo de Carnot para a

    utilizao prtica em ciclos de potncia. H diversas varincias do ciclo, mas

    comearemos pelo ciclo de Rankine simples.

    2.1 Ciclo de Rankine Simples

    O ciclo de Rankine simples ou elementar uma simples modificao do ciclo de

    Carnot no que tange o processo de bombeamento 4 1 da Figura 4. Com efeito,

    dificuldades tecnolgicas impedem que uma bomba seja construda para fins

    prticos para bombear uma mistura bifsica de lquido e vapor, como o caso do

    estado 4. Assim, a modificao mais simples que se necessita introduzir no ciclo do

    Carnot a condensao completa do fluido de trabalho, trazendo o estado 4 para a

    curva de saturao como ilustrado na Figura 5.

    Nessa figura, o estado original 4 representado por 4. Ainda com referncia a essa

    figura, o estado final a fim do bombeamento do lquido o estado 5. Agora, a

    segunda modificao do ciclo introduzida, ou seja, o processo de adio de calor

    que no ciclo de Carnot era isotrmico, se torna isobrico (presso constante).

    Fig. 5 Ciclo de Rankine simples

    Entropia, s (kJ/kg)

    Temp

    eratura,

    T(k)

    1 2

    34'4

    5

    QL

    QH

    S4=S5 S2=S3

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    Esse processo ocorre no gerador de vapor, tendo o lquido de entrada no estado 5

    sofrido aquecimento at atingir a temperatura de saturao TH e deixando o

    Gerador de vapor na condio de vapor saturado seco no estado 2. Todos esses

    processos so a presso constante. Isso porque considera-se que a queda de

    presso na tubulao por atrito seja desprezvel.

    Em virtude da ocorrncia de uma reduo na temperatura mdia de adio de calor

    no ciclo de Rankine quando comparado com o ciclo de Carnot equivalente (Figura

    5), haver uma reduo da eficincia trmica do ciclo.

    Os equipamentos para a realizao do ciclo de Rankine, continuam ainda os

    mesmos que os de Carnot. O balano energtico de cada componente dado

    abaixo, desprezando a energia cintica e potencial:

    Gerador de vapor: ,52 hhqq eH == (6)

    Turbina: ,hhwT 23 = (7)

    Condensador: e34 ,hhqq sL == (8)

    Bomba: .hhwB 45 = (9)

    Onde, h refere-se s entalpias especficas, os ndices so os estados indicados no

    ciclo da Figura 5 e os ndices e, s significam entrada e sada, B bomba e T

    turbina. As trocas de calor e de trabalho indicadas nas expresses acima so

    especficas, isto , por unidade de vazo mssica. Assim, a potncia total da

    turbina, TW& dada pelo produto Twm & , sendo m& a vazo mssica do fluido de

    trabalho que percorre todo o ciclo.

    Convm ressaltar, que na bomba, o trabalho especfico ainda pode ser estimado de

    uma forma mais simples, j que o lquido praticamente incompressvel, isto , o

    volume especfico constante. Com isso, tem-se que na regio de lquido, um

    processo isoentrpico dado por

    ( ).PPvvdPhvdPdh

    P

    P 454

    5

    4 =

    = . (10)

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    Como, o trabalho especfico dado pela diferena de entalpias, ento, a equao

    (9) se transforma em

    Bomba: ( )454 PPvwB . (9a)

    Para o clculo das propriedades, ser empregada a Tabela 13 (LC_13 - Tabela de

    Saturao para gua e Vapor).

    Exemplo. Um ciclo de Rankine simples opera com gua ente os presses de 10 kPa

    e 15 MPa. Determine:

    a) a eficincia trmica do ciclo de Carnot equivalenteb) a eficincia trmica do Ciclo compare e comente

    c) a vazo mssica de gua necessria por unidade de potncia produzida

    (kg/KWs).

    Alguns dados da tabela:

    PV

    (KPa)

    T

    (oC)

    hL

    (kJ/kg)

    HV

    (kJ/kg)

    SL(kJ/kg.oC)

    SV

    (kJ/kg.oC)

    10 45,81 191,81 2.584,6 0,6492 8,1501

    15.000 342,24 1.610,5 2.610,5 3,6847 5,3097

    Resoluo:

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    (a)Clculo da eficincia trmica do ciclo de Carnot Equivalente:

    TL = 45,81 + 273,15 = 318,96 K

    TH= 342,24 + 273,15 = 615,39 K

    %17,484817,039,615

    96,31811 ====

    H

    LTCarnot T

    T

    (b)Clculo do trabalho lquido:

    Wliq = WT- WB

    BOMBA

    4

    5

    WB

    WB = v4(P5-P4) = 0,001.(1500-10) = 14,99 kJ/kg

    h5= h4 + WB = 191,81 + 14,99 = 206,8 kJ/kg

    WT= h2 h3

    De h2 para h3: processo isoentrpico

    S2 = S3 = (1-x