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A PLENITUDE

DO MEDIADORJohn Gill

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Traduzido do original em Inglês

The Fullness Of The Mediator

By John Gill

Via: PBMinistries.org

(Providence Baptist Ministries)

Tradução por Camila Almeida

Revisão e Capa por William Teixeira

1ª Edição: Janeiro de 2015

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida

Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, com a devida

permissão do ministério Providence Baptist Ministries, sob a licença Creative Commons Attribution-

NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.

Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato,

desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdo

nem o utilize para quaisquer fins comerciais.

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A Plenitude do MediadorUm sermão por John Gill

Pregado em 15 de Junho de 1736, à Sociedade que apoia

a tarde de leitura do Dia do Senhor. Próximo de Devonshire-Square.

“Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nEle habitasse . ”

(Colossenses 1:19)

O apóstolo, após sua habitual saudação à igreja de Colossos, com uma grande dose de

deleite, toma conhecimento da fé deles em Cristo, e amor a todos os santos, eleva várias

petições em sua consideração, para um crescimento do conhecimento espiritual, santidade,

fecundidade, paciência e força; agradece por algumas bênçãos especiais da graça que Ele

e eles foram participantes; tais como alcançar o Céu; a libertação do poder das trevas; a

ida para o reino de Cristo; a redenção, pelo Seu sangue; e o perdão dos pecados, e em

seguida, toma uma ocasião para expressar as glórias e grandezas da pessoa de Cristo;

que, segundo ele (v. 15), é a imagem do Deus invisível, a original, essencial, eterna, não-

criada, perfeita e expressa imagem da Pessoa de Seu Pai, a quem nenhum dos homens

viu, em qualquer momento. E o primogênito de toda criação, não que Ele foi a primeira cria-

tura que Deusfez, o que não concordará como raciocínio do apóstolo no versículo seguinte,

pois nEle foram criadas todas as coisas; e será passível por essa contradição manifesta,

que Ele foi o criador de Si mesmo; mas o significado é: que tanto Ele é o unigênito do Pai

desde toda a eternidade, sendo o Filho natural e eterno de Deus, Quem, como tal, já existia

antes de que qualquer criatura fosse trazida à existência; ou que Ele é o primeiro pai, ou

gerador de cada criatura, como a palavra porta-se para ser compreendida, se ao invés de

prwtótokoV, lemos prwtotokóV, que nada mais é do que mudar o lugar do acento, e pode

ser mui facilmente se aventurado, vendo que os acentos foram todos adicionados desde os

dias do apóstolo, e, especialmente, visto que isso faz que seu raciocínio nos seguintes ver-

sículos apareçam com muito mais beleza, resistência e força; Ele é o primeiro pai de toda

criatura: “Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e

invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi

criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por

ele” [Colossenses 1:16 -17].

Em seguida o apóstolo prossegue a considerar Cristo em Sua relação de ofício, e capacida-

de de mediação, e Ele é a cabeça do corpo, da igreja; mesmo da assembleia geral e da

Igreja, o primogênito, dos que estão inscritos no Céu, todos os eleitos de Deus, sobre os

quais Ele é uma cabeça de domínio e poder, e para quem Ele é uma cabeça de influência

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e suporte; Ele acrescenta: é o princípio, tanto da velha quanto da nova criação, o primo-

gênito dentre os mortos, aquele que primeiro ressuscitou dos mortos pelo Seu próprio poder

para uma vida eterna, está sentado à direita de Deus, tem todo o julgamento entregue a

Ele, para que em tudo tenha a preeminência; pelo que Ele é abundantemente qualificado,

uma vez que aprouve a Deus que nEle habitasse toda a plenitude. O método que tomarei

ao considerar esta passagem da Escritura será este:

I. Examinar que plenitude de Cristo é aqui intencionada.

II. Fazer algumas considerações sobre a natureza e as propriedades dela.

III. Mostrar em que sentido pode-se dizer que ela habita em Cristo.

IV. Fazer notório, que a sua habitação em Cristo é devido à boa vontade e agrado do Pai.

Examinarei em que sentido a plenitude de Cristo é aqui referida, uma vez que as Escrituras

falam de mais de uma:

I. Em primeiro lugar, esta é a plenitude pessoal de Cristo, ou a plenitude da Divindade, a

qual é dita pelo nosso apóstolo (Colossenses 2:9) nesta mesma epístola: “Porque nele

habita corporalmente toda a plenitude da d ivindade”. Não há perfeição essencial à Divinda-

de, a não ser a que está nEle; nem há algo que o Pai tenha, senão o que Ele também tem.

A eternidade é peculiar à Divindade: Cristo não foi apenas antes de Abraão, mas anterior à

Adão, sim, antes de existir qualquer criatura; Ele é o alfa e o ômega, o primeiro e o derradei-

ro, o princípio e o fim, o que é, e que era, e que há de vir (Apocalipse 1:8); Ele é de eternida-

de a eternidade. A onipotência, ou um poder de fazer todasas coisas, só pode ser predicado

de Deus.

As obras da criação, providência, redenção e a ressurreição dos mortos, juntamente com

outras coisas, nas quais Cristo foi envolvido, proclamam em voz alta que Ele é o todo-pode-

roso. Onisciência, outra perfeição da Divindade, o meu ser facilmente observou em Jesus

Cristo: “E não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque Ele bem sabia o

que havia no homem” (João 2:25). Aquele que é a Palavra Viva de Deus, que é “apto para

discernir os pensamentos e intenções do coração. E não há criatura alguma encoberta

diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem

temos de tratar” [Hebreus 4:12-13]; quem em um breve tempo fará todas as igrejas, sim,

todo o mundo conhecer, que Ele é que esquadrinha rins e corações.

Onipresença e imensidão são apropriadas a Deus, e encontrados em Jesus Cristo, que

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está no Céu, ao mesmo tempo em que Ele esteve aqui na terra; o que Ele não poderia es-

tar, se Ele não fosse o Deus onipresente; mais do que Ele poderia realizar as promessas

que Ele fez, que Ele estará com o Seu povo quando eles se encontram em Seu nome, e

com Seus ministros até o fim do mundo, nem Ele poderia estar presente com as igrejas em

todos os lugares, como Ele certamente está; nem preencher todas as coisas, como Ele

certamente o faz.

A imutabilidade pertence apenas a Deus: Cristo é o mesmo ontem, hoje e para sempre

(Hebreus 13:8). Em suma, a existência independente e necessária, que são essenciais à

Divindade, devem ser atribuídas a Ele, porque Ele é Deus de Si mesmo. Embora como

homem e mediador, Ele teve uma vida que lhe foi comunicada pelo Pai; contudo como

Deus, Ele não deve Sua existência a ninguém; esta não é derivada de outro, Ele é sobre

todos, Deus bendito eternamente, e deve, portanto, ser o verdadeiro Deus e a vida eterna.

Se alguma perfeição da Divindade estivesse ausente nEle, a plenitude, toda a plenitude dE-

le não poderia ser dita habitar nEle, nem ser dito dEle, como Ele é, ser igual a Deus. Agora,

alguns pensam que esta é a plenitude projetada em nosso texto, e o leem, a plenitude da

Divindade, o que parece ser transcrito de outra passagem nesta epístola já mencionada; e

supõem que isto se adapte bem à intenção do apóstolo de provar a primazia e preeminência

de Cristo sobre todas as coisas. Mas deve ser observado que a plenitude da Divindade

possuída pelo Filho de Deus, não depende da vontade e agrado do Pai; não é o que, como

tal, Ele natural e necessariamente goza por uma participação da mesma natureza indivisível

e essência do Pai e do Espírito e, portanto, não pode ser a plenitude aqui intencionada.

Em segundo lugar, há uma plenitude relativa, que pertence a Cristo, e não é diferente do

Seu corpo, a Igreja, da qual Ele é o Cabeça, que é chamada a plenitude daquele que cum-

pre tudo em todos (Efésios 1:23) e por esta razão que ela está preenchida por Ele. Quando

todos os eleitos são reunidos, a plenitude dos gentios trazidos, e todo o Israel salvo, quando

estes são preenchidos com todos os dons e graça de Deus, designadas para eles, e são

cultivados até sua justa proporção no corpo, e tenham atingido a medida da estatura da

plenitude de Cristo; então, eles serão rigorosamente, e poderão ser verdadeiramente, deno-

minados assim. Alguns intérpretes são de opinião, que esta é a plenitude aqui significada.

Mas, embora a Igreja habite em Cristo, e Ele nela, e isto através da boa vontade e prazer

do Pai; e embora ela seja completa em Cristo, e é dita ser a Sua plenitude; ainda assim,

propriamente falando, ela não é assim ainda, pelo menos nesse sentido, como ela será;

nem ela é alguma vez dita ser toda a plenitude, como no texto, e, portanto, não pode ser

aqui pretendida.

Em terceiro lugar, há uma plenitude de aptidão e habilidades em Cristo para cumprir a Sua

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obra e ofício como mediador, que grandiosamente repousa em Seu ser tanto Deus e Ho-

mem, ou na união das duas naturezas, Divina e humana, em uma Pessoa. Nisto Ele se

torna abundantemente qualificado para ser o árbitro entre nós, capaz de pôr a mão sobre

nós ambos, ou em outras palavras, para ser o mediador entre Deus e o homem, para ser

tanto um sumo sacerdote misericordioso e fiel, naquilo que é de Deus, e para fazer

propiciação pelos pecados do povo (Jó 9:33; 1 Timóteo 2:5; Hebreus 2:17).

Por ser homem, Ele tinha pouco a oferecer em sacrifício a Deus, e foi assim capaz de fazer

satisfação naquela natureza a qual pecou, o que a Lei e a justiça de Deus pareciam ter exi-

gido, e também de transmitir as bênçãos da graça adquiridas por Ele para eleger os ho-

mens; motivo pelo qual, Ele não tomou sobre si a natureza dos anjos, mas a descendência

de Abraão.

A santidade da natureza humana de Cristo grandemente o habilitou a ser um sumo sacer-

dote, advogado e intercessor, e muitas vezes a ênfase é colocada sobre isso nos escritos

sagrados, como quando dEle é dito (João 3:5; Hebreus 9:14; 1 Pedro 1:10) tirar o pecado,

e nEle não há pecado, para oferecer-se a si mesmo imaculado a Deus, e nós somos ditos

ser redimidos pelo sangue de Cristo, como de um Cordeiro imaculado ou incontaminado.

E, de fato, tal Redentor é adequado para nós, tal advogado nos convém, que é Jesus Cristo,

o justo, tal sumo sacerdote tornou-se-nos, é de toda forma apropriado para nós, aquele que

é santo, inocente, imaculado, e separado dos pecadores.

Sendo Deus bem como homem, há uma virtude suficiente em todas as Suas ações e sofri-

mentos para atender ao que eles foram designados: em Seu sangue para limpar de todo o

pecado, em Sua justiça para justificar deste, e em Seu sacrifício para expiar e redimir dEle.

Sendo o poder de Deus, Ele poderia viajar na plenitude da Sua força, achegar-se a Deus

por nós, oferecer-se a Deus, carregar os nossos pecados, e toda a punição devida a eles,

sem falhar ou ser desencorajado; Seu próprio braço sozinho foi capaz de levar a Salvação

para Si mesmo e para nós; não há nenhuma carência nEle, para torná-lO um salvador com-

pleto do corpo e cabeça da Igreja. Agora, isso pode ser tomado no sentido de nosso texto,

mas não é todo ele; pois,

Em quarto lugar, há plenitude dispensatória, comunicativa, a qual é da boa vontade e agra-

do do Pai, colocada nas mãos de Cristo, para ser distribuída aos outros: E isso é principal-

mente concebido aqui, e é,

A plenitude da natureza. Cristo é o cabeça de todo homem, e o cabeça sobre todas as

coisas para a igreja; Deus o constituiu herdeiro de todas as coisas, mesmo na natureza: A

luz da natureza é nEle e dEle, e Ele é a verdadeira luz que ilumina todo o homem que vem

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ao mundo (João 1:9). As coisas da natureza estão todas nEle, e à Sua disposição, a terra

é do Senhor, e a Sua plenitude (Salmos 24:1); e Ele a dá ao Seu povo escolhido e especial

de uma forma peculiar. As bênçãos da natureza são bênçãos da mão esquerda da sabe-

doria, como as da graça são as suas prediletas da mão direita. O mundo e os que nEle

habitam, são Seus, até mesmo os homens do mundo; a parte ímpia do mundo é, em algum

sentido, dada a Ele para ser subserviente aos fins do Seu reino mediador e glória. Pede-me,

diz o Pai, para Ele (Salmos 2:8-9), e eu te darei os gentios por herança, e os fins da terra

por tua possessão. Tu os esmigalharás com uma vara de ferro; tu os despedaçarás como

a um vaso de oleiro.

A plenitude da graça. Cristo é dito ser cheio de graça e de verdade (João 1:14, 16) e é desta

plenitude que o crente recebe, e graça sobre graça; uma espécie de plenitude a partir

dessa, todo o tipo de graça, cada medida, e toda a provisão dela.

(1) Há uma plenitude do Espírito da graça e dos dons do Espírito em Cristo; pois Ele é o

Cordeiro no meio do trono, tendo sete pontas e sete olhos, que são os sete espíritos de

Deus (Apocalipse 5:6) não sete distintas subsistências pessoais; mas a frase designa o

bendito Espírito de Deus, e a perfeição de Seus dons e graça, representados pelo número

sete, que, no sentido mais ampliado, habita em Cristo; o espírito de sabedoria e de

entendimento, espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor

do Senhor (Isaías 11:2) repousa sobre Ele. Ele é ungido com o óleo da alegria, do Espírito

Santo, mais do que a seus companheiros, qualquer dos filhos dos homens, que são feitos

participantes de sua graça e glória; porque não lhe dá Deus o Espírito por medida (Salmo

45:7). Todos esses dons extraordinários do Espírito Santo, com o qual os apóstolos foram

cheios no dia de Pentecostes, foram dados a partir de Cristo, como a Cabeça da Igreja;

que, quando Ele ascendeu ao Céu para preencher todas as coisas, recebeu dons para os

homens, e deu-lhes a eles, para qualificá-los para trabalho e serviço extraordinário. E Ele

tem, em todos os tempos, mais ou menos, concedido dons aos homens, para capacitá-los

para a obra do ministério e para a edificação de Seu corpo, a Igreja, e lhe sobejava espírito.

(2) Há uma plenitude das bênçãos da graça em Cristo. O Pacto da Graça é ordenado em

todas as coisas, assim como é seguro, Ele é pleno de todas as bênçãos espirituais. Agora,

esta Aliança é feita com Cristo, está em Suas mãos, sim, Ele é a própria Aliança; todas as

bênçãos dEle estão sobre Sua cabeça, e nas mãos de nosso antitípico José, mesmo com

a coroa sobre o alto da cabeça daquele que foi separado de seus irmãos; e, portanto, se

alguém é abençoado com estas bênçãos, são abençoados com elas nos lugares celestiais

em Cristo; e de fato, de uma forma muito peculiar e surpreendente elas vem dEle para nós,

até mesmo através de Seu ser feito maldição por nós; pois Ele foi feito maldição por nós,

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para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios por meio dEle. A particularidade: há

em Cristo a plenitude da justificação, perdão, adoção e graça santificadora.

Há uma plenitude de graça justificadora nEle. Uma parte de Sua obra e ofício, como Media-

dor, era trazer a justiça eterna; uma justiça que pode atender à todas as exigências da Lei

e da justiça, a qual deve responder por Seu povo em um tempo futuro, e dura para sempre:

tal justiça que Ele operou e trouxe, pela qual a justiça é satisfeita, a Lei é magnificada e

feita honrosa, e com o qual Deus se agrada, pelo que Ele é verdadeiramente chamado, o

Senhor nossa justiça e o Sol de justiça e força (Jeremias 23:6; Malaquias 4:2), somente de

Quem obtemos a nossa justiça.

Agora esta justiça operada pelo Filho de Deus, é nEle, e com Ele, como o autor e o sujeito

da mesma; e para Ele as almas sensibilizadas são dirigidas, para Ele olham, e para Ele

elas solicitam por isso; e cada uma delas mesmas diz enquanto sua fé cresce: certamente,

no Senhor há justiça e força; dEle elas recebem este dom da justiça, e com ela uma abun-

dância da graça, enquanto flui, um transbordar dela. Como foi operada livremente para eles,

é livremente imputada a eles, e concedida a eles, sem qualquer consideração das suas

obras; e é tão plena e ampla, que é suficiente para a justificação de todos os eleitos, e isto

de todas as coisas, das quais não poderiam ser justificados de nenhuma outra maneira.

Há também uma plenitude de graça perdoadora em Cristo. O Pacto da Graça tem ampla e

plenamente provido o perdão dos pecados de todo o povo do Senhor. Um ramo conside-

rável disto é (Hebreus 8:12), Porque serei misericordioso para com suas iniquidades, E de

seus pecados e de suas prevaricações não me lembrarei mais. Em consequência dessa

Aliança, e dos compromissos de Cristo nela, Seu sangue foi derramado por muitos, para a

remissão dos pecados. A questão é que nEle temos a Redenção, pelo Seu sangue, a remis-

são dospecados,segundoa riqueza da Sua graça (Mateus 24:28; Efésios 1:7), aqual, como

é inteiramente livre, as riquezas, a glória da graça e misericórdia são eminentemente exibi-

das nEle, por isso é grande e abundante, plena e completa; pois Deus, de acordo com o

Pacto da Sua graça, e olhando para o precioso sangue de Seu Filho, perdoa todas as trans-

gressões de Seu povo, passadas, presentes e futuras.

Há uma plenitude de toda a graça em Cristo, para suprir todas as nossas necessidades,

apoiar as nossas pessoas, e para nos conduzir com segurança e conforto através deste

deserto. Há uma plenitude de luz e vida, de sabedoria e conhecimento, força e habilidade,

alegria, paz e consolo nEle; toda a luz espiritual está nEle, e dEle. Enquanto toda esta luz

foi disseminada por toda a criação, foi no quarto dia reunida, e saiu para o grande luminar,

o sol; de modo que toda a plenitude da luz espiritual habita em Cristo, o sol da justiça, de

quem recebemos tudo o que temos; que aos poucos cresce, aumenta, e brilha mais e mais

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até ser dia perfeito. Toda a vida espiritual é nEle, com Ele está a fonte dela; dEle temos o

princípio vivo da graça, e por Ele, ela é mantida em nós até a vida eterna. NEle estão escon-

didos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento e, a partir dEle esses são comuni-

cados para nós. Como nEle está a justiça paranosjustificar, assim nEle está a força que nos

permite opor cada corrupção, suportar todos os inimigos, exercitar toda a graça, e executar

cada dever.

Embora nós não possamos fazer qualquer coisa de nós mesmos, e sem Ele nada podemos

fazer; ainda por meio dEle que nos fortalece, podemos fazer todas as coisas. Em uma

palavra, há uma fonte completa, e um fundamento sólido de toda a paz espiritual, alegria e

consolo em Cristo; se há algum consolo para ser tido em qualquer lugar, é em Cristo; isso

surge a partir e é fundamentado sobre a Sua pessoa, sangue, justiça e sacrifício; em uma

visão do qual um crente é, às vezes, preenchido com alegria indizível e cheia de glória. Por-

que, assim como as aflições de Cristo, aquelas que nós sofremos por Cristo, são abundan-

tes em nós, assim também a nossa consolação abunda por meio de Cristo (2 Coríntios 1:5).

Há uma graça suficiente em Cristo para nos carregar sob, e nos conduzir em meio a todas

as tribulações, exercícios e aflições da vida; para nos fazer frutificar em toda a boa obra, e

para nos fazer continuar e resistir até o fim. Há uma plenitude de graça de frutificação e

preservação em Cristo.

(3) Há uma plenitude da promessa da graça em Jesus. Há muitas diversas promessas mui

grandes e preciosas, apropriadas aos diversos casos e circunstâncias dos filhos de Deus.

Nunca houve um caso de um crente que tenha sido desde a criação do mundo, e eu arrisco

a dizer, nunca haverá um até o fim de tudo, senão o que tenha uma promessa concedida

apropriada a ele. A Aliança da Graça é plena dessas promessas; por isso, elas são transcri-

tas para o Evangelho, e estão espalhadas por toda a Bíblia; e o que é o melhor de tudo:

todas as promessas de Deus são em Cristo sim, e por Ele o amém, para glória de Deus por

nós (2 Coríntios 1:20); todos elas são colocadas em Suas mãos para o nosso uso, e são

todas seguras e protegidas por Ele, que velará por isso, para que elas sejam real e

plenamente cumpridas, não somente a grande promessa de vida, mesmo da vida eterna, a

qual Deus, que não pode mentir, prometeu antes da fundação do mundo, está em Cristo

Jesus; mas todas as outras promessas estão nEle também. Assim, quaisquer que são

participantes delas, são participantes delas nEle, por meio do Evangelho.

Além da plenitude da natureza e da graça, que está em Cristo, há também a plenitude da

glória e da vida eterna e felicidade. Deus não apenas possui a graça de Seu povo, mas

também a Sua glória nas mãos de Cristo. Sua porção, a Sua herança, é reservada para

eles com Ele; onde está são e salvo. Eles são herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo;

de modo que sua herança é segura para eles. Como a sua vida de graça, assim a vida de

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glória deles, está escondida com Cristo em Deus; e quando Cristo, que é a sua vida se

manifestar, então aparecerão com Ele em glória; o que grandemente consistirá em ser

como Cristo, e vê-lO como Ele é. Os santos serão semelhantes a Cristo, tanto em corpo e

alma. Seus corpos, que são redimidos pelo Seu sangue, e são membros dEle, serão trans-

formados como o Seu corpo glorioso, na espiritualidade, imortalidade, incorruptibilidade,

poder e glória; e brilharão como o sol, com esplendor e brilho, no reino de Seu Pai.

Suas almas serão feitas como Cristo no conhecimento e santidade, tanto quanto as criatu-

ras são capazes. Eles irão, então, vê-lO como Ele é; contemplar a Sua glória mediadora,

vê-lo-ão por si mesmos, e não outro; será indescritível o deleite com as excelências dEle,

e sempre continuam com Ele, e estarão na presença dAquele, em cuja presença há plenitu-

de de alegria, e em cuja mão direita há delícias perpetuamente. Ora, tudo isso é garantido

em Cristo para os santos; tudo do que eles podem esperar; nisto eles podem confiar; pois

o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho (1 João

5:11). Assim, toda a plenitude da natureza, graça e glória, estão em Cristo Jesus nosso

Senhor. Eu prossigo,

II. Para oferecer algum relato da natureza e das propriedades desta plenitude; particular-

mente a plenitude da graça:

Esta é muito antiga. Não devemos supor que essa plenitude foi primeiro colocada nas mãos

de Cristo sobre a Sua ascensão ao Céu, e o assentar-se à mão direita de Deus; por que

Ele é, então, dito ter recebido dons para homens, e os dá a eles, porque havia, então, uma

distribuição extraordinária dos dons e graça do Espírito para os apóstolos, ainda assim,

Deus havia dado o Espírito a Cristo sem medida muito antes. Os discípulos, nos dias de

Sua carne, em Seu estado de humilhação, quando o Verbo se fez carne, e habitou entre

nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade

(João1:14),emuitoantes deles, Isaías viu este aspecto da Sua glória, Seu manto enchendo

o templo. Todos os santos do Antigo Testamento olharam para Ele, creram nEle, e depen-

diam dEle, como seu Redentor vivo; todos e cada um disseram: Certamente no Senhor há

justiça e força (Isaías 14:24). Eles foram supridos com ambas desta plenitude: eles tiraram

água com alegria das fontes da salvação em Cristo; e foram salvos pela graça do Senhor

Jesus, assim como nós fomos.

Sim, esta questão deve ser levada ainda mais adiante, não apenas para os tempos do

Antigo Testamento, ou para antes da fundação do mundo, porém mesmo dentro da eterni-

dade em si. Pois tão cedo quanto os eleitos foram dados a Cristo, tão cedo foi a graça dada

a eles nEle; que era antes do começo do mundo; tão cedo quanto a escolha deles nEle, o

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que foi antes da fundação do mundo, tão cedo eles foram abençoados com todas as bên-

çãos espirituais nEle; tão logo Cristo foi o mediador da Aliança, e isso foi tão cedo quanto

o próprio Pacto, que foi desde a eternidade; tão logo essa plenitude da graça foi depositada

com Ele. O Senhor me possuía, diz a sabedoria ou Cristo, isto é, com toda esta plenitude

da graça, no início de seus caminhos de graça — Ele iniciou com isso, antes de suas obras

mais antigas, da criação e da providência — “Desde a eternidade fui ungida, desde o

princípio, ant es do começo da terra” (Provérbios 8:22-23), como o mediador da Aliança,

encarregado de todas as bênçãos e promessas da mesma. Agora isso serve grandemente

para expor a eternidade da Pessoa de Cristo, a antiguidade de Seu ofício, e a remota estima

que Jeová tinha pelo Seu povo escolhido; o que expressa fortemente o Seu amor maravi-

lhoso, e graça distintiva por eles.

Esta é uma plenitude mui rica, e enriquecedora. É uma plenitude da verdade, bem como da

graça; pois Cristo é cheio de graça e de verdade, o que o Evangelho amplamente desvela

para nós; toda a verdade deste é uma pérola de grande valor, e todos juntos compõem um

tesouro inestimável, mais valioso do que todas as riquezas das Índias. Agora em Cristo

estão depositados e escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência (Colossenses

2:3) Que rico e enriquecedor depósito, fundamento e plenitude de verdade, há em Jesus

Cristo!

As promessas da graça são preciosas a todos aqueles que viram a graça que há nelas, a

quem elas tenham sido desveladas pelo Espírito Santo da promessa, e tenham sido por

Ele, adequada e sazonalmente aplicadas; para os tais, elas são muitíssimo preciosas de

fato, elas são como maças de ouro em salvas de prata, alegram mais do que um grande

despojo, e preferíveis são a todas as riquezas do mundo; e essas, como já foi observado,

estão todas em Cristo. Não há somente riquezas da graça, mas riquezas da glória em

Cristo, mesmo insondáveis riquezas, as quais nunca podem ser descritas ou contadas; as

quais são sólidas e substanciais, satisfatórias, eternas e duráveis.

Através da pobreza de Cristo nós somos enriquecidos com aquelas riquezas aqui e no futu-

ro; e isso serve tanto para aumentar a glória, excelência, gratuidade e plenitude de Sua

graça: “Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, por amor

de vós se fez pobre; para que pela sua pobreza enriquecêsseis” (2 Coríntios 8:9).

Esta plenitude é completamente livre, no que diz respeito à nascente e fonte dela, à distri-

buição da mesma, às pessoas envolvidas na mesma, e a maneira pela qual elas recebem

dela. A fonte e origem dela é a soberana boa vontade e prazer, graça e amor de Deus.

Aprouve ao Pai colocá-la em Cristo: Ele não foi induzido a isso por qualquer coisa em Seu

povo, ou obras deles; pois isso foi colocado em Cristo antes de terem feito o bem ou o mal.

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Ele não poderia ser influenciado por Sua fé e santidade para fazê-lo; uma vez que estas

são recebidas de fora: Pois da Sua plenitude todos nós recebemos, e graça sobre graça;

(João 1:14), uma graça, assim como a outra, toda a espécie de graça, fé e santidade entre

as demais; Ele não podia ser movido a eles por Suas boas obras; vendo que estes são fru-

tos dessa graça que é derivada dEle. Isto é realmente dito para aqueles que O temem, e

confiam nEle; mas estas frases são apenas descritivas das pessoas que receberam dEle,

e são feitas assim por Ele; não que o temor e a fé foram as causas ou condições do mesmo:

pois, então, a bondade de Deus não seria tão amplamente demonstrada nEle, como o sal-

mista (Salmos 31:19) lembra; quando diz: Oh! quão grande é a Tua bondade, que guardaste

para os que Te temem, a qual operaste para aqueles que em Ti confiam na presença dos

filhos dos homens!

E, como ela foi livremente depositada, é livremente distribuída. Nosso Senhor a dá liberal-

mente e não lança em rosto; Ele dá esta água viva a todos os que Lhe pedem, sim, para

aqueles que não a pedem; Ele dá maior graça, grandes medidas, novos suprimentos dela,

aos Seus santos humildes, pronta e alegremente, enquanto eles estão em necessidade

dela; Ele não retém nenhuma coisa boa àqueles que andam em retidão.

As pessoas a quem é dada são muito indignas, e ainda cordialmente bem-vindas. Quem

tem sede, e tem vontade de vir, pode vir e tomar a água da vida, este convite também é

válido para quem não tem dinheiro, nem nada que seja de uma retribuição, que não têm

nem a pena, nem a dignidade própria, podem vir e comprar vinho e leite, sem dinheiro e

sem preço. E esta plenitude de Cristo, este bem de graça é profundo, e não temos nada a

tirar, a fé, o balde de fé é dado gratuitamente. A graça, pela qual recebemos dEle, não é de

nós mesmos, é dom de Deus; e, com ela tiramos água com alegria das fontes da salvação

completa, que estão em Cristo Jesus.

Esta plenitude é inesgotável. Como toda a família no céu e na terra toma o nome de Cristo,

assim eles são sustentados por Ele. Se pela família no Céu entendemos os anjos, como

era de costume dos judeus chamá-los de uma família, e a família acima; que grandes medi-

das de graça de confirmação os anjos eleitos têm recebido de Cristo! Pois Ele é a cabeça

da graça para eles, assim como para nós: nós somos perfeitos nEle, que é a cabeça de

todo principado e poder (Colossenses 2:10). Ou, se pela família no Céu, entende-se os san-

tos que já se foram para a glória; que vasta medida de graça tem sido dispendida desta

plenitude para leva-los para lá!

A graça de nosso Senhor tem sido abundante, superabundante; ela flui e transborda; tem

sido um pleonasmo, uma redundância dela no casodeumúnico crente.Oh, que abundância

dela deve ter havido em todos os santos em todas as eras, tempos e lugares, desde a

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fundação do mundo! E ainda há o suficiente para a família na terra, ainda atrás. Cristo ainda

é a fonte de todos os Seus jardins, as igrejas, um poço de água viva, que lhes fornece tudo;

e as correntes do Líbano, que docemente os refrescam e deleitam. Sua graça ainda é o

suficiente para eles; Ele é o mesmo hoje, ontem e para sempre. Eu prossigo,

III. Para mostrar em que sentido essa plenitude pode ser dita habitar em Cristo, e o que

esta frase implica, E

Isso expressa o ser (a existência) dela nEle. Não é apenas em intenção, em desígnio e

propósito, mas está realmente e de fato nEle; ela é concedida a Ele, colocada em Suas

mãos, e repousa nEle. E, por isso, ela vem a ser comunicada aos santos; porque está nEle,

eles recebem dela, e graça sobre graça.

Ele é a cabeça em quem ela habita, estes são membros dEle, e assim ela deriva dEle. Ele

é deles, e eles são Seus, e assim tudo o que Ele tem pertence a eles. Sua pessoa é deles,

em quem eles são aceitos por Deus; o Seu sangue é deles, para purificá-los de todo pe-

cado; a Sua justiça é deles, para justificá-los a partir dEle; Seu sacrifício é deles para expiá-

los; e Sua plenitude é deles, para suprir todas as suas necessidades; e por isso eles são

tão cheios, como são ditos serem cheios do Espírito Santo, cheios de fé, de bondade (Atos

6:3, 8; Romanos 15:14), não que eles sejam assim de tal sentido como Cristo é; pois essa

plenitude está nEle sem medida, neles em medida; está nEle como uma fonte transbor-

dante, mas neles como correntes fluindo dEle.

Esta plenitude encontra-se em Cristo, e não em outro. As fontes da salvação estão apenas

nEle, não há salvação em nenhum outro; é em vão o esperar isso de qualquer outra parte;

nenhum nível de luz e vida espiritual, graça e santidade, paz, alegria e consolo, deve ser

obtido em outro lugar. Tais, portanto, que negligenciam, omitem ou abandonam esse ma-

nancial de águas vivas, cavam cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas (Jeremias

2:13). Portanto, convém a todos os que têm algum conhecimento de si mesmos, qualquer

senso de seus desejos, e visões da plenitude de Cristo, o requererem dEle; pois, para aon-

de deve ir alguém, senão para Aquele que tem as palavras de vida eterna?

Isto implica na continuidade dela com Ele. É uma plenitude permanente, e produz um supri-

mento diário, contínuo; os crentes podem ir todos os dias até Ele, e receber dela; a graça

que há nEle sempre será suficiente para eles, até o fim de seus dias. E a esta natureza

permanente dela, a morada eterna dela em Cristo é devida a perseverança final dos santos;

pois, porque vive Aquele que é tão pleno de graça e de verdade, eles vivem e viverão tam-

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bém. Grande razão têm os crentes de se fortificarem na graça que há em Cristo Jesus (2

Timóteo 2:1).

Esta plenitude irá permanecer em Cristo até o fim dos tempos, até que todos os eleitos

estejam reunidos, e eles estejam cheios de graça, e levados à glória. Haverá tanta graça,

e tão ampla suficiência dela para o último crente que for nascido no mundo, assim como

para o primeiro. Além disso, há uma plenitude de glória em Cristo, que permanecerá nEle

por toda a eternidade; a partir do qual os santos estarão continuamente recebendo glória

sobre glória, bem como aqui, graça sobre graça; eles terão toda a Sua glória de e a partir

de Cristo, então, como eles têm agora toda a sua graça dEle, e por meio dEle.

Isso indica a certeza e segurança da mesma. Cada coisa que está em Cristo é certa e segu-

ra. As pessoas da eleição de Deus, sendo nEle, estão em máxima segurança, ninguém

pode arrebatá-las das mãos dEle. A graça deles está ali, ela nunca pode ser perdida; a

glória deles está ali, eles nunca podem ser privados deste direito. Sua vida, tanto de graça

e glória, está escondida com Cristo em Deus, e por isso fora do alcance dos homens e

demônios. Cristo é o depósito e armazém de toda a graça e glória, e um bem fortificado;

Ele é uma rocha, uma torre forte, um lugar de defesa, tal como Alguém contra quem os

portões do inferno não prevalecerão. Apresso-me,

IV. Para fazer notório que a existência e habitação desta plenitude em Cristo são devidas

da boa vontade e prazer do Pai.

A frase, “O Pai”, não está de fato no texto original, mas é justamente fornecida pelos nossos

tradutores; desde que Ele é expressamente mencionado no contexto, e é falado como

Aquele que faz com que os santos sejam participantes da glória celeste, que livra do poder

e do domínio do pecado e de Satanás, e transporta para o reino do Seu Filho amado (vv.

12-13); e, como Aquele, que por Cristo, reconcilia todas as coisas conSigo mesmo, quer no

Céu quer na Terra, mesmo tais que foram alienados e inimigos dEle em suas mentes (vv.

20-21). Ora, É devido à boa vontade do Pai ao Seu Filho, que esta plenitude habita nEle.

Cristo sempre foi como mediador, como um que estava com Ele, e era Seu arquiteto; era

cada dia as Suas delícias, alegrando-me perante Ele em todo o tempo (Provérbios 8:30) e

assim Ele sempre continuou a ser; e como evidência e demonstração disso, Ele entesoura

toda a plenitude nEle. Isto parece ser a indicação das palavras de nosso Senhor, quando

Ele diz, o Pai ama o Filho, e todas as coisas entregou nas suas mãos (João 3:35), isto é,

Ele demostrou Seu amor a Ele, e deu uma prova plena disso, ao entregar todas as coisas

para Ele, para que estejam à Sua vontade e disposição. Este sentido das palavras bem

concorda com o contexto, o que representa Cristo em Sua capacidade de mediação, como

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exaltado pelo Pai, com este ponto de vista, para que em todas as coisas tenham a preemi-

nência.

É devido à boa vontade do Pai aos eleitos, que essa plenitude habita em Cristo; pois é por

causa deles, e sobre a sua consideração, que isto é colocado nas mãos de Cristo. Deus os

amou com um amor eterno; e, portanto, cuida eternamente deles, e faz provisão eterna

para eles. Eles eram os objetos de Seu amor e prazer desde a eternidade; e, portanto, Ele

estabeleceu a Cristo como mediador desde a eternidade, e dotou-Lhe com essa plenitude

para eles. Houve boa vontade no coração de Deus em relação a esses filhos dos homens;

e, portanto, lhe agradava dar um passo como este, e estabelecer uma oferta suficiente por

eles, tanto para o tempo quanto para a eternidade.

Aprouve a Deus que essa plenitude habitasse em Cristo; por considerá-lO como a Pessoa

mais adequada para confiar isso. É bom para nós, que não seja colocada em nossas mãos

de uma só vez, mas aos poucos, enquanto estamos em necessidade; não teria sido seguro

que esta plenitude estivesse sob nossa própria manutenção. É bom para nós, que não foi

colocada nas mãos de Adão, nosso primeiro pai, a nossa cabeça natural e federal, onde

ela poderia ter sido perdida. É bom para nós, que não foi colocada nas mãos dos anjos,

pois, como eles são criaturas, e assim impróprios para tal confiança, eram também em sua

criação, criaturas mutáveis, como a apostasia de muitos deles declara abundantemente. O

Pai viu que ninguém estava apto para essa confiança, senão o Seu Filho, e, portanto, lhe

aprouve entrega-la a Ele. É da vontade e agrado de Deus que toda a graça deva vir até nós

por meio de Cristo. Se Deus vai comungar conosco, isto deve ser a partir do propiciatório:

Cristo Jesus. Se tivermos alguma comunhão com o Pai, deve ser através do Mediador. Se

tivermos alguma graça dEle, que é o Deus de toda a graça, isso deve vir até nós desta

forma; pois somente Cristo é o caminho, e a verdade, e a vida (João 14:6), não apenas o

caminho de acesso a Deus, e aceitação dEle, mas do envio de toda a graça, de todas as

bênçãos da graça para nós.

Agora, na medida em que é o prazer do Pai que toda a plenitude da natureza, graça e glória

devam habitar em Cristo, o Mediador, isto estabelece a glória de Cristo. Um aspecto consi-

derável da glória de Cristo, como Mediador, encontra-se no fato dEle ser cheio de graça e

de verdade; o que as almas sensíveis de Seus próprios anelos, veem com prazer. É isso

que faz dEle o mais formoso dos filhos dos homens, por que a graça, a plenitude dela, é

derramada em seus lábios. É isso que faz com que Ele pareça ser branco e rosado, o pri-

meiro entre dez mil; e seja tão adorável, mesmo totalmente desejável, na opinião de todos

que O conhecem. É isso que o torna tão muitíssimo precioso, e tão valorizado e estimado

por, todos os que creem.

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Isso nos instrui para onde buscar por uma fonte. Os egípcios, nos sete anos de fome, quan-

do clamaram a Faraó por pão, este tendo estabelecido a José sobre seus depósitos, os

ordena a irem ter com ele, dizendo: Ide a José; o que Ele vos disser, fazei (Gênesis 41:55).

Cristo é por Seu Pai, constituído como o cabeça sobre todas as coisas da Igreja. Ele é o

nosso antitípico José, que tem todo o nosso estoque de graça na mão. Todos os tesouros

dela estão escondidos nEle; Ele tem toda a disposição da mesma, e, portanto, a Ele deve-

mos ir para tudo o quanto estivermos necessidade. E disso nós podemos ter a certeza: de

que não há nada que queremos, senão o que está nEle; e nada nEle é apropriado para

nós, senão o que Ele pronta e livremente nos comunica.

Isso nos direciona a dar toda a glória do que temos a Deus, por meio de Cristo, visto que

Ele é a via de transmissão de toda a graça a nós, “portanto, ofereçamos sempre por Ele a

Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome” (Hebreus

13:15). Isto é pela graça de Deus em Cristo; por meio dEle e para Ele, nós somos o que

somos; isso é o que nos fez ser diferentes de outros. Não temos nada, senão o que nós

temos de certa forma recebido, nada senão o que temos recebido a partir da plenitude de

Cristo; e, portanto, não devemos nos gloriar, como se não tivéssemos recebido: Mas se

qualquer um de nós se gloria, gloriemo-nos em Cristo “o qual para nós foi feito por Deus

sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1 Coríntios 1:30).

ORE PARA QUE O ESPÍRITO SANTO use este sermão para trazer muitosAo conhecimento salvador de JESUS CRISTO.

Sola Scriptura!

Sola Gratia!

Sola Fide!

Solus Christus!

Soli Deo Gloria!

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10 Sermões — R. M. M’CheyneAdoração — A. W. PinkAgonia de Cristo — J. EdwardsBatismo, O — John GillBatismo de Crentes por Imersão, Um DistintivoNeotestamentário e Batista — William R. DowningBênçãos do Pacto — C. H. SpurgeonBiografia de A. W. Pink, Uma — Erroll HulseCarta de George Whitefield a John Wesley Sobre aDoutrina da EleiçãoCessacionismo, Provando que os Dons CarismáticosCessaram — Peter MastersComo Saber se Sou um Eleito? ou A Percepção daEleição — A. W. PinkComo Ser uma Mulher de Deus? — Paul WasherComo Toda a Doutrina da Predestinação é corrompidapelos Arminianos — J. OwenConfissão de Fé Batista de 1689Conversão — John GillCristo É Tudo Em Todos — Jeremiah BurroughsCristo, Totalmente Desejável — John FlavelDefesa do Calvinismo, Uma — C. H. SpurgeonDeus Salva Quem Ele Quer! — J. EdwardsDiscipulado no T empo dos Puritanos, O — W. BevinsDoutrina da Eleição, A — A. W. PinkEleição & Vocação — R. M. M’CheyneEleição Particular — C. H. SpurgeonEspecial Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A —J. OwenEvangelismo Moderno — A. W. PinkExcelência de Cristo, A — J. EdwardsGloriosa Predestinação, A — C. H. SpurgeonGuia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. PinkIgrejas do Novo Testamento — A. W. PinkIn Memoriam, a Canção dos Suspiros — SusannahSpurgeonIncomparável Excelência e Santidade de Deus, A —Jeremiah BurroughsInfinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvaçãodos Pecadores, A — A. W. PinkJesus! – C. H. SpurgeonJustificação,PropiciaçãoeDeclaração—C.H.SpurgeonLivre Graça, A — C. H. SpurgeonMarcas de Uma Verdadeira Conversão — G. WhitefieldMito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. Chantry

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Natureza e a Necessidade da Nova Criatura, Sobre a —John Flavel

Necessário Vos é Nascer de Novo — Thomas Boston Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A — C. H.Spurgeon

Objeções à Soberania de Deus Respondidas — A. W.Pink

Oração — Thomas Watson Pacto da Graça, O — Mike Renihan Paixão de Cristo, A — Thomas Adams Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado — J. Edwards Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural —Thomas Boston

Plenitude do Mediador, A — John Gill Porção do Ímpios, A — J. Edwards Pregação Chocante — Paul Washer Prerrogativa Real, A — C. H. Spurgeon Queda, a Depravação Total do Homem em seu EstadoNatural..., A, Edição Comemorativa de Nº 200

Quem Deve Ser Batizado? — C. H. Spurgeon Quem São Os Eleitos? — C. H. Spurgeon Reformação Pessoal & na Oração Secreta — R. M.M'Cheyne

Regeneração ou Decisionismo? — Paul Washer Salvação Pertence Ao Senhor, A — C. H. Spurgeon Sangue, O — C. H. Spurgeon Semper Idem — Thomas Adams Sermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill,Owen e Charnock

Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça deDeus) — C. H. Spurgeon

Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A — J.Edwards

Sobre a Nossa Conversão a Deus e Como Essa Doutrinaé Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen

Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aosPropósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J.Owen

Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.Downing

Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo deClaraval

Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada TeológicaNatureza da Igreja Evangélica, A — John Gill no Batismo de Crentes — Fred Malone

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2 Coríntios 4

1

2Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;

Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem

falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,3

4

entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória5

Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus.6

Porque Deus,que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,

7

este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós.8

Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.9

Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;10

Trazendo sempre portoda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se

manifeste também nos nossos corpos;11

E assim nós, que vivemos, estamos sempreentregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na

nossa carne mortal.12

De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida.13

E temosportanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,

por isso também falamos.14

Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará

também por Jesus, e nos apresentará convosco.15

Porque tudo isto é por amor de vós, paraque a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de

Deus.16

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o

interior, contudo, se renova de dia em dia.17

Porque a nossa leve e momentânea tribulação

O veem; De as que

18

que se veem, mas nas que se nãoEstandarte porque Cristo.com se veem são temporais, e as que se 18não veem são eternas.