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XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1 1 A PISCICULTURA EM RONDÔNIA: UM AGRONEGÓCIO EM FORMAÇÃO THEOPHILO SOUZA FILHO; MARCELO BATISTA OLIVEIRA; DEGSON FERREIRA. UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA, PORTO VELHO, RO, BRASIL. [email protected] APRESENTAÇÃO ORAL ADMINISTRAÇÃO RURAL E GESTÃO DO AGRONEGÓCIO A PISCICULTURA EM RONDÔNIA: UM AGRONEGÓCIO EM FORMAÇÃO Grupo de Pesquisa: Administração Rural e Gestão do Agronegócio Resumo O presente artigo é resultado da realização de um estudo acerca do agronegócio em processo de formação em um Estado Brasileiro. Orientando-se em documentos oficiais e em expoentes literários que tem assegurado que a contribuição da piscicultura é necessária, somado ao fato de que as estatísticas mostram que a produção nacional (peixe de água doce e salgada) passou das 660 mil toneladas obtidas em 1979 para 850 mil toneladas em 1989, mesmo assim registrando-se um pequeno crescimento em 10 anos. Desse total, a pesca de água doce representa apenas 3% (25 mil toneladas) e a proveniente da piscicultura é ainda uma quantidade insignificante e não quantificada, como é o caso no Estado de Rondônia, porém há de considerar que o Diagnóstico Situacional para o apontamento da realidade local rondoniense desencadeado em parceria SEAPES/EMATER e SEBRAE/RO, iniciado em 2003. O qual teve por objetivo apontar a situação econômico-financeira, os problemas enfrentados na piscicultura, a disponibilidade de mão-de-obra, a situação social e econômica da propriedade, o potencial da propriedade e do produtor, o Sistema de Produção da Piscicultura, o Tipo de Solo e o Potencial de Área para a Piscicultura, se configuram, ainda, em lacunas a serem preenchidas com futuros estudos de campo. Palavras-chaves: Agronegócio. Piscicultura. Evolução. Rondônia. Abstract The present article is resulted of a study about the agribusiness in development in Brasil. The work it was oriented in official documents and literary exponents that it has been support that contribution of the fish farming is necessary, moreover to the fact the statistics proof that the national production (freshwater fish and marine fish) it increase from the 660 thousand tons

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XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro"

Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

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A PISCICULTURA EM RONDÔNIA: UM AGRONEGÓCIO EM FORMA ÇÃO

THEOPHILO SOUZA FILHO; MARCELO BATISTA OLIVEIRA; DE GSON FERREIRA.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA, PORTO VELHO, RO, BRASIL.

[email protected]

APRESENTAÇÃO ORAL

ADMINISTRAÇÃO RURAL E GESTÃO DO AGRONEGÓCIO

A PISCICULTURA EM RONDÔNIA: UM AGRONEGÓCIO EM FORMA ÇÃO

Grupo de Pesquisa: Administração Rural e Gestão do Agronegócio

Resumo O presente artigo é resultado da realização de um estudo acerca do agronegócio em processo de formação em um Estado Brasileiro. Orientando-se em documentos oficiais e em expoentes literários que tem assegurado que a contribuição da piscicultura é necessária, somado ao fato de que as estatísticas mostram que a produção nacional (peixe de água doce e salgada) passou das 660 mil toneladas obtidas em 1979 para 850 mil toneladas em 1989, mesmo assim registrando-se um pequeno crescimento em 10 anos. Desse total, a pesca de água doce representa apenas 3% (25 mil toneladas) e a proveniente da piscicultura é ainda uma quantidade insignificante e não quantificada, como é o caso no Estado de Rondônia, porém há de considerar que o Diagnóstico Situacional para o apontamento da realidade local rondoniense desencadeado em parceria SEAPES/EMATER e SEBRAE/RO, iniciado em 2003. O qual teve por objetivo apontar a situação econômico-financeira, os problemas enfrentados na piscicultura, a disponibilidade de mão-de-obra, a situação social e econômica da propriedade, o potencial da propriedade e do produtor, o Sistema de Produção da Piscicultura, o Tipo de Solo e o Potencial de Área para a Piscicultura, se configuram, ainda, em lacunas a serem preenchidas com futuros estudos de campo. Palavras-chaves: Agronegócio. Piscicultura. Evolução. Rondônia. Abstract The present article is resulted of a study about the agribusiness in development in Brasil. The work it was oriented in official documents and literary exponents that it has been support that contribution of the fish farming is necessary, moreover to the fact the statistics proof that the national production (freshwater fish and marine fish) it increase from the 660 thousand tons

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obtained in 1979 for 850 thousand tons in 1989, even so recording a small growth in 10 years. All of these total, the fishing of fresh water only represents 3% (25 thousand tons) and the fish farming source is still insignificant and no quantified amount, like the case in Rondônia, however it must consider that the present diagnosis of the local reality it was unchained in 2003 through a partnership with SEAPES/EMATER and SEBRAE/RO. They would have for objectives the describing of the economical-financial situation, the problems faced in the fish farming, the labor availability, the social and economical situation property, the property and producer potential, the fish farming system production, the type of the soil and the potential area for the fish farming, there are gaps that will be able to filled out over the futures field works. Key-words: Agribusiness. Fish farming. Evolution. Rondônia. 1. Introdução

Com a globalização de mercados, o sucesso de uma empresa, principalmente no

agronegócio, depende cada vez mais da inter-relação entre fornecedores, produtores de matéria-prima, processadores e distribuidores. A divisão tradicional entre indústria, serviço e agricultura são inadequados. O conceito de agronegócio representa, portanto, o enfoque moderno que considera todas as empresas que produzem, processam, e distribuem produtos agropecuários.

Dentro do agronegócio e como objeto deste artigo, a piscicultura tem se apresentado como uma alternativa viável para a agropecuária. Sob a ótica da gestão do agronegócio e sustentabilidade econômica, social e ambiental; a piscicultura operacionalizada em Rondônia, proporcionará orientações para uma política municipal e regional de incentivo à mesma, pois em Rondônia a piscicultura tem um vasto potencial para o desenvolvimento sustentável, dada as condições ambientais, a necessidade local e regional por pescado e a condição estratégica do Estado para o escoamento de seus produtos, através de sua malha rodoviária e a hidrovia do Madeira, além de iminentes projetos de integração com rede ferroviária nacional e a construção da carreteira ligando a região aos Andes e aos portos do pacífico.

Nessa perspectiva, o objetivo básico deste artigo é apresentar uma primeira reflexão de um estudo sobre a piscicultura no Estado de Rondônia como um agronegócio que vem se configurando como viável e vantajoso, tanto na perspectiva econômica, social como ambiental. 2. Contextualizando as atividades agrícolas Um breve histórico das atividades agrícolas e ascensão do agronegócio brasileiro que sobremaneira vem contribuindo para a economia nacional é descrito nesse estudo. Enfatiza que a história registra contínuos avanços nas atividades agrícolas e nos níveis de produção que vem surgindo em agronegócio estão tornando atividades agrícolas em negócios vantajosos, embora muito ainda deva ser feito em termos de regulamentação do uso do solo e da água, translocamento e introdução de espécies de culturas agrícolas. 2.1. As atividades agrícolas: Um breve histórico

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A agricultura foi e continuará sendo essencial para a humanidade. Outrora, a maioria da população dedicava-se a essa atividade como alternativa de sobrevivência. Mas a história mudou e assim continuará mudando.

Ao longo da História, o camponês chegou a ser, desde um simples trabalhador que lutava só com sua família para sobreviver, a utilizar grande parte de seus rendimentos para o pagamento de tributos até a chamada época do “patriciado camponês”, onde o mesmo possuía prestígio social, e grandes propriedades de terras e criação de gado, vendendo os excedentes de produção nas feiras locais.

A respeito do desenvolvimento agrícola na África do Norte sobre a influência romana, pode-se deparar com o termo Circunceliões, que era utilizado para identificar as pessoas do chamado “erro africano”, ou seja, aquelas pessoas que abandonavam os campos e ficavam rondando os celeiros das fazendas para encontrar o que comer, e que muitas vezes cometiam barbaridades como o assassinato de pessoas, promovendo o terror à população local.

Vários autores têm visões diferentes sobre o trabalhador agrícola. Deste modo, caracterizam este termo ao seu fato histórico, dimensionando-o em seus vários momentos de evolução da sociedade. Todavia, Chevitarese (2002) define uma estrutura camponesa assim:

O campesinato considera o acesso estável a terra em forma de propriedade, contemplando o trabalho predominantemente familiar de forma a ter uma economia fundamentalmente de subsistência e certo grau de autonomia na gestão das atividades agrícolas.

Em qualquer sociedade complexa em que existam trabalhadores rurais independentes,

o vínculo entre cidade e campo como noções, é central e necessário, sendo impossível definir uma delas sem supor a outra. Spengler (apud CHEVITARESE, 2002, p. 56) registra que “O camponês carece de história, uma vez que a aldeia ergue-se fora da evolução do mundo. O camponês é um homem eterno, independente de toda a cultura que se abriga nas cidades, pois o mesmo as precede”.

Kautsky (1980, p.72) que fez uma análise de desenvolvimento histórico da agricultura, abordando conceitos como renda da terra, renda absoluta, renda diferencial, preço do solo, formas de exploração do solo, entre outros, examina as diferenças entre a grande e a pequena exploração, afirmando “que a pequena produção seria um estágio a ser superado e a expropriação do pequeno produtor e a sua transformação em trabalhador rural assalariado seria, portanto, não apenas um processo inevitável como também positivo”.

Ainda, o autor acreditava que quando os limites da exploração capitalista viessem à tona, ela seria substituída pela grande empresa agrária onde a terra e os meios de nela produzir seriam socializados.

A visão marxista clássica e ortodoxa sobre a questão agrária e camponesa também afetou os países do “Terceiro Mundo”, tanto que no VI Congresso da III Internacional em 1928 foi determinada uma estratégia para esses países onde, para se realizar uma revolução socialista seria necessário atingir primeiro a condição de capitalistas.

O russo Chayanov (1930) analisa o modo de produção camponês não como capitalista, mas sendo um modo de auto-subsistência da família, sendo comercialização somente os produtos excedentes. Observa ainda que o camponês quando integrado a uma formação capitalista é despojado da propriedade real do solo, ficando apenas com a propriedade formal, perdendo, deste modo, o direito de escolher o que produzir e o que vender.

Nas décadas de 1960 e 1970 do século XX, houve no Brasil e na América Latina um rompimento com a visão evolutiva do capitalismo, entendendo que o capitalismo teria outro avanço, diferente do ocorrido na Europa.

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A revolução chinesa também contribuiu para o debate sobre a questão do trabalhador rural no interior da esquerda marxista. O maoísmo influenciou organizações e intelectuais da esquerda ocidental, como a guerrilha do Araguaia implementada pelo Partido Comunista do Brasil (PC do B).

A visão marxista clássica sobre a questão camponesa foi “implodida” por teóricos do Terceiro Mundo. Desse modo, os caminhos ficaram abertos para que a questão agrária e camponesa fosse analisada por vários vieses. Pois, para Marx e Engels, as classes sociais deveriam ter uma base social definida com a participação de todos na divisão dos frutos do trabalho social. Atentava-se para o caráter antieconômico da pequena produção camponesa, como uma forma decadente que prejudica o pleno desenvolvimento do capitalismo em geral.

É interessante observar a importância da questão agrária. Todavia, pode-se observar sua complexidade quando analisada toda uma evolução de humanidade, em diferentes locais e realidades concomitantes com problemas vivenciados pelo campesinato. Prova disto são as diferentes correntes de pensamento, ou até mesmo as divergências ocorridas em uma mesma teoria – como é o caso da teoria marxista clássica. Há, contudo, quem acredite que o meio rural não é apenas agricultura, indústria e comércio. Ele é a manutenção ambiental das regiões interioranas e a imensa capacidade de organização para fazer destes atributos as bases da geração de ocupação e renda. É o caso da defesa do sociólogo Abramovay (2003, p.38), quando afirma que:

A ruralidade é um valor ao qual o mundo contemporâneo atribui crescente significado na preservação da biodiversidade e no estilo de vida cada vez mais procurado pelos habitantes dos grandes centros. Nos países mais ricos do mundo, um em cada quatro habitantes vive em regiões rurais. São profissionais que nem sempre desempenham atividades agrícolas.

E, ao se observar na atualidade, a questão agrária, tendo como modelo o Brasil, por exemplo, constata-se que na realidade, os problemas e a organização são completamente diferentes da época do campesinato. Houve uma evolução. Hoje, fala-se em agronegócio e para fortalecer as vantagens competitivas, tornando o agronegócio um investimento ainda mais atrativo, o governo brasileiro tem modernizado a Política Agrícola. A espinha dorsal desse processo é o seguro rural, fator indispensável à garantia de renda do produtor, ele também é essencial à geração de empregos no campo, ao avanço tecnológico e à efetiva incorporação do setor ao mercado de capitais.

Outros modernos instrumentos de Política Agrícola, como o Fundo de Investimento do Agronegócio (FIA), o Certificado de Depósito Agropecuário e o Warrant Agropecuário, têm sido desenvolvidos e aperfeiçoados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Com isso, o governo busca atrair parte do patrimônio de mais de US$ 165 bilhões dos fundos de investimentos ao financiamento das atividades agropecuárias para impulsionar ainda mais o setor por meio do crédito rural.

O governo acaba de modernizar os contratos de opção de venda, trazendo a iniciativa privada para dentro das políticas públicas do setor. Dessa forma, aumenta o potencial de alavancagem dos recursos públicos aplicados na agropecuária e garante ainda mais liberdade ao setor privado. Essas mudanças certamente impulsionarão ainda mais o agronegócio, responsável pela totalidade do superávit da balança comercial brasileira nos últimos anos.

Com uma população superior a 170 milhões, o Brasil tem um grande mercado consumidor. Hoje, cerca de 80% da produção brasileira de alimentos é consumida internamente e apenas 20% são exportados para mais de 209 países. Em 2003, o Brasil vendeu mais de 1.800 diferentes produtos para mercados estrangeiros. Além dos importadores

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tradicionais, como Europa, Estados Unidos e os países do Mercosul (Argentina, Uruguai e Paraguai), o Brasil tem ampliado as vendas dos produtos do seu agronegócio aos mercados da Ásia, Oriente Médio e África.

O desempenho da agropecuária brasileira é incomparável. Nenhum outro país do mundo teve um crescimento tão expressivo na agropecuária quanto o Brasil nos últimos anos. A safra de grãos, por exemplo, saltou de 57,8 milhões de toneladas para 123,2 milhões de toneladas entre as safras 1990/1991 e 2002/2003. Nesse período, a evolução da pecuária também foi invejável, com destaque para a avicultura, cuja produção aumentou 234%, ou incríveis 16,7% ao ano, passando de 2,3 milhões para 7,8 milhões de toneladas.

Não é por acaso, portanto, que o setor, dono de uma alta produtividade, excelente nível sanitário e alta tecnologia, têm atraído cada vez mais investimentos internacionais nos últimos anos.

De 1990 para cá, a produção de grãos no Brasil cresceu 131%. Nesse período, a área plantada ampliou-se apenas 16,1%, passando de 36,8 milhões para 43,9 milhões de hectares. A abundância foi obtida, portanto, graças ao aumento de 85,5% no índice de produtividade nessas últimas 13 safras. O rendimento das principais culturas agrícolas saltou de 1,5 toneladas para 2,8 toneladas por hectare. Por trás desse avanço, encontram-se as digitais da pesquisa agropecuária, responsável pelo desenvolvimento de 529 novos cultivares adaptados especificamente a cada clima e solo nas principais regiões produtoras do Brasil. Pesaram também o emprego de técnicas mais avançadas e ambientalmente corretas, como o plantio direto na palha, e o trabalho de correção de solos e recuperação de áreas degradadas de pastagens e outras culturas.

Com pelo menos 90 milhões de hectares de terras agricultáveis ainda não utilizadas, o Brasil pode aumentar em, no mínimo, três vezes sua atual produção de grãos, saltando dos atuais 123,2 milhões para 367,2 milhões de toneladas. Esse volume, porém, poderá ser ainda maior, considerando-se que 30% dos 220 milhões de hectares hoje ocupados por pastagens devem ser incorporados à produção agrícola em função do expressivo aumento da produtividade na pecuária. O país tem condições de chegar facilmente a uma área plantada de 140 milhões de hectares, com a expansão da fronteira agrícola no Centro-Oeste e no Nordeste. Tudo isso sem causar qualquer impacto à Amazônia e em total sintonia e respeito à legislação ambiental. 2.2. Agronegócio: A locomotiva da economia brasileira

O agronegócio brasileiro é responsável por cerca de 1/3 do Produto Interno Bruto do Brasil, empregando 38% da mão de obra e sendo responsável por 36% importações nacionais. É o setor mais importante da economia brasileira.

A esse respeito, Abramovay (2003, p.39) assegura que: 1/3 do valor da produção de toda a agricultura brasileira é proveniente das agriculturas familiares. Elas são estratégicas para o desenvolvimento do país. A agricultura familiar conseguiu se afirmar em setores extremamente modernos: na produção de aves, suínos, fumo, produtos ligados a mercados internacionais.

Assim, caracterizado como: moderno, eficiente e competitivo, o agronegócio brasileiro é uma atividade próspera, segura e rentável. Com um clima diversificado, chuvas regulares, energia solar abundante e quase 13% de toda a água doce disponível no planeta, o Brasil tem 388 milhões de hectares de terras agricultáveis férteis e de alta produtividade, dos quais 90 milhões ainda não foram explorados. Esses fatores fazem do país um lugar de vocação natural

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para a agropecuária e todos os negócios relacionados às suas cadeias produtivas. O agronegócio é hoje a principal locomotiva da economia brasileira e responde por um em cada três reais gerados no país.

E, segundo dados do IBGE de 1996, o agronegócio é responsável por 33% do Produto Interno Bruto (PIB), 42% das exportações totais e 37% dos empregos brasileiros. Estimou-se que o PIB do setor chegasse a US$ 180,2 bilhões em 2004, contra US$ 165,5 bilhões alcançados em 2003. E entre 1998 e 2003, a taxa de crescimento do PIB agropecuário foi de 4,67% ao ano. Em 2002, as vendas externas de produtos agropecuários renderam ao Brasil US$ 36 bilhões, com superávit de US$ 25,8 bilhões.

No entanto, há de se registrar que nos últimos anos, poucos países tiveram um crescimento tão expressivo no comércio internacional do agronegócio quanto o Brasil. Os números comprovam que em 1993, as exportações do setor eram de US$ 15,94 bilhões, com um superávit de US$ 11,7 bilhões. Em dez anos, o país dobrou o faturamento com as vendas externas de produtos agropecuários e teve um crescimento superior a 100% no saldo comercial. Esses resultados levaram a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) a prever que o país será o maior produtor mundial de alimentos na próxima década.

O Brasil é um dos líderes mundiais na produção e exportação de vários produtos agropecuários. É o primeiro produtor e exportador de café, açúcar, álcool e sucos de frutas. Além disso, lidera o ranking das vendas externas de soja, carne bovina, carne de frango, tabaco, couro e calçados de couro. As projeções indicam que o país também será, em pouco tempo, o principal pólo mundial de produção de algodão e biocombustíveis, feitos a partir de cana-de-açúcar e óleos vegetais, milho, arroz, frutas frescas, cacau, castanhas, nozes; além de suínos e pescados, são destaques no agronegócio brasileiro, que emprega atualmente 17,7 milhões de trabalhadores somente no campo.

O bom desempenho das exportações do setor e a oferta crescente de empregos na cadeia produtiva não podem ser atribuídos apenas à vocação agropecuária brasileira. O desenvolvimento científico-tecnológico e a modernização da atividade rural, obtidos por intermédio de pesquisas e da expansão da indústria de máquinas e implementos, contribuíram igualmente para transformar o país numa das mais respeitáveis plataformas mundiais do agronegócio. A adoção de programas de sanidade animal e vegetal, garantindo a produção de alimentos saudáveis, também ajudou o país a alcançar essa condição.

É evidente, entretanto, que o clima privilegiado, o solo fértil, a disponibilidade de água e a inigualável biodiversidade, além da mão-de-obra qualificada, dão ao Brasil uma condição singular para o desenvolvimento da agropecuária e de todas as demais atividades relacionadas ao agronegócio. O país é um dos poucos do mundo onde é possível plantar e criar animais em áreas temperadas e tropicais. Favorecida pela natureza, a agricultura brasileira pode obter até duas safras anuais de grãos, enquanto a pecuária se estende dos campos do Sul ao Pantanal de Mato Grosso - a maior planície inundável do planeta.

Assim com todo o potencial de água doce, conforme se observa na Tabela 1, a produção de pescado, estimada em 2004, aponta cerca de 1.015.914,0 toneladas contra 990.272,0 do ano de 2003. Produção essa muito pequena se comparada a dos demais produtos do agronegócio brasileiro. Como se observa na tabela a seguir:

Tabela 1: Produção do pescado nacional – 2003/2004.

Produção (t) 2003 2004 Crescimento

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relativo (%) Pesca extrativa marinha Pesca extrativista continental Maricultura Aqüicultura continental

484.592,5 227.551,0 101.003,0 177.125,5

500.116,0 246.100,5 88.967,0 180.730,5

+ 3,2 + 8,2

(-)11,9 + 2,0

Total 990.272,0 1.015.914,0 + 2,6 Fonte: IBAMA, 2005.

Observa-se um acréscimo na produção total, na ordem de 2,6%, determinado, principalmente, pelos desempenhos da pesca extrativa marinha e continental que apresentaram um crescimento de 3,2% e 8,2%, respectivamente. A aqüicultura continental, também, apresentou um crescimento de 2% em 2004.

A pesca extrativa em 2004 apresentou uma pequena recuperação alcançando uma participação relativa na produção de pescado de 73,5%, contra 71,9% registrada em 2003. No período de 1998-2003, a participação relativa da pesca extrativa apresentou um comportamento de declínio. A aqüicultura em 2004, apresentou decréscimo 1,6% na participação relativa da produção de pescado atingindo 26,5%, contra 28,1% obtido em 2003. No período compreendido entre 1998-2003, a participação relativa da aqüicultura apresentou um comportamento de crescimento que pode ser observado na Tabela 2.

Tabela 2: Produção total (t) participação relativa (%) da pesca extrativa e da aqüicultura em águas marinhas e continentais, 1998 - 2004.

ANO PESCA EXTRATIVA AQUICULTURA

TOTAL (t) MARINHA CONTINENTAL TOTAL (t) % MARINHA CONTINENTAL TOTAL (t) %

1998 432.599,0 174.190,0 606.789,0 85,4 15.349,0 88.565,5 103.914,5 14,6 710.703,5 1999 418.470,0 185.471,5 603.941,5 81,1 26.513,5 114.142,5 140.656,0 18,9 744.597,5 2000 467.687,0 199.159,0 666.846,0 79,1 38.374,5 138.156,0 176.530,5 20,9 843.376,5 2001 509.946,0 220.431,5 730.377,5 77,7 52.846,5 156.532,0 209.378,5 22,3 939.756,0 2002 516.166,5 239.415,5 755.582,0 75,0 71.114,0 180.173,0 251.287,0 25,0 1.006.869,0 2003 484.592,5 227.551,0 712.143,5 71,9 101.003,0 177.125,5 278.128,5 28,1 990.272,0 2004 500.116,0 246.100,5 746.216,5 73,5 88.967,0 180.730,5 269.697,5 26,5 1.015.914,0

Fonte: IBAMA/DIFAP/CGREP, 2005.

Já a Tabela 3 registra que a maior produção da pesca extrativa continental do Brasil em 2004 ocorreu na Região Norte com 140.962,5 t. A produção total da Região Norte em 2004 foi registrada em 252.361 t de pescado contra 245.058,0 t. em 2003, representando um crescimento de 5,7%, figurando o Estado de Rondônia com 7.894,5 t.

Tabela 3: Produção estimada por modalidade, segundo as regiões brasileiras e Rondônia – 2004.

Regiões e Rondônia

Total (t)

Pesca Extrativa Aquicultura Marinha Continental Marinha Continental

Brasil 1,015.914,0 500.116,0 246.100,5 88.967,0 180.730,5

Norte 252.361,0 93.625,0 140.962,5 242,0 17.531,5

Rondônia 7.894,5 0,0 3.853,5 0,0 4.041,0 Nordeste 323,269,5 145.654,5 67.776,0 70.695,5 39.153,5

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Sudeste 161.437,5 108.744,5 20.986,0 984,0 30.723,0

Sul 234.564,0 152.092,0 4.174,5 17.045,5 61.252,0

Centro-Oeste 44.282,0 0,0 12.211,5 0,0 32.070,5

Fonte: Adaptado do IBAMA – Estatística da Pesca, 2005. Quanto à produção estimada e a participação da pesca extrativa, industrial, artesanal e aquicultura no Brasil, a Tabela 4 registra que Rondônia apresenta um índice de 51,2% superando grande parte das regiões brasileiras, a exceção da Região Centro-Oeste. Tabela 4: Produção estimada e participação relativa da pesca extrativa industrial, artesanal e aquicultura por Região e Rondônia – 2004.

Regiões e Unidades da Federação

Pesca Extrativa Aquicultura Total

(t) Industrial % Artesanal % Total %

Brasil 240.961,5 23,7 505.255,0 49,7 269.697,5 26,5 1.015.914,0

Norte 19.647,0 7,8 214.940,5 85,2 17.773,5 7,0 252.361,0

Rondônia 0,0 0,0 3.853,5 48,8 4.041,0 51,2 7.894,5

Nordeste 9.616,5 3,0 203.804,0 63,0 109.849,0 34,0 323.269,5

Sudeste 76.020,5 47,1 53.710,0 33,3 31.707,0 19,6 161.437,5

Sul 135.677,5 57,8 20.589,0 8,8 78.297,5 33,4 234.564,0

Centro-Oeste 0,0 0,0 12.211,5 27,6 32.070,5 72,4 44.282,0 Fonte: Adaptado do IBAMA – Estatística da Pesca, 2005. A seguir, apresenta-se a piscicultura como um segmento do agronegócio em formação no Estado de Rondônia. 3. O agronegócio em Rondônia: A Piscicultura

O desenvolvimento da piscicultura no Estado de Rondônia teve início por volta de 1980, com um crescimento rápido e desordenado, embora tenha encontrado fatores que favoreceram seu crescimento e continuidade como os recursos hídricos, clima e solo. Surgiu como alternativa de renda para a população local. Uma atividade econômica a mais para melhorar as condições de vida de famílias de produtores rurais sem perspectivas no agronegócio.

Dados publicados em suplemento SEBRAE na revista Globo Rural, indicam que na região que abrange os municípios de Espigão do Oeste, Pimenta Bueno, Rolim de Moura, Nova Brasilândia e Alta Floresta, a piscicultura foi declarada atividade prioritária e consta da Gestão Estratégica Orientada para Resultados (GEOR), além dos municípios mencionados, nos municípios de Alto Alegre dos Parecis, Novo Horizonte do Oeste, Primavera de Rondônia, Santa Luzia do Oeste e São Felipe do Oeste. Em vários municípios rondonienses, o tambaqui também integra o cardápio da merenda escolar – altamente rico em proteínas como

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o Omega 3, com baixo índice de calorias e de gorduras. São parceiros no projeto o governo do Estado, a SEAPES e os bancos do Brasil e da Amazônia. Um pré-requisito para que os municípios fossem atendidos por um programa federal de desenvolvimento sustentável e tivessem acesso a financiamentos do Banco do Brasil.

O fortalecimento das parcerias na região, uma das premissas do projeto, facilitou ainda o acesso dos produtores ao licenciamento ambiental exigido para exploração da atividade. Todavia, por ser uma atividade ainda muito nova nesta região, e mesmo assim demonstrando um enorme potencial, são de grande importância pesquisas e estudos para o desenvolvimento sustentável correto da piscicultura no Estado de Rondônia.

Segundo o Governo do Estado de Rondônia (GERO) e a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) do Ministério da Ciência e Tecnologia e o SEBRAE/RO, está assegurado que a atividade piscicultura reflete positivamente na economia do Estado, uma vez que se arrecada imposto (ICMS), gera emprego e alimento para a população do Estado. Outro fator positivo é de ser a piscicultura uma atividade de baixo impacto, quando comparada à bovinocultura e a agricultura, sendo colocada como atividade prioritária para o desenvolvimento econômico, social e ambiental da região, de acordo com a Política Estadual e Federal.

No que tange a infra-estrutura do mercado necessária para o desenvolvimento da piscicultura em Rondônia, o resultado de estudos asseguram que a produção de peixes na Região Centro-Sul de Rondônia é na sua maioria, formada por piscicultores familiares; sendo que o modelo representativo utilizado pela maioria em 90% é o monocultivo, ou seja, cria somente uma espécie, o tambaqui; 80% dos piscicultores utilizam rações comerciais que representam de 50% à 70% dos custo totais com elevação de preço constantes e os preços de vendado peixe têm se mantido sem variação, por isso cerca de 57% dos produtores paralisaram suas atividades (RONDÔNIA, 2002).

Diante das circunstâncias apresentadas o Governo do Estado de Rondônia manifestou o interesse de operacionalizar o Projeto de Desenvolvimento e Expansão da Piscicultura da Região Centro-Sul, cujo objetivo será a implantação de um plano de desenvolvimento, dentro do conceito de Arranjo Produtivo Local, com envolvimento de várias instituições e buscar, em piscicultura, de forma sustentável (RONDÔNIA, 2006).

Observa-se desta forma, que a piscicultura é uma atividade realmente que dá retorno ao empreendedor. Em Rondônia não pode ser diferente, pois outra vantagem desta atividade é que a piscicultura pode ser praticada em áreas impróprias para agricultura tradicional, como solos não agricultáveis, ou ainda conferir usos múltiplos a grandes coleções de água, como os reservatórios de hidrelétricas. É o caso deste Estado, pois em Rondônia dado às condições ambientais, a necessidade local e regional por pescado, a piscicultura tem um vasto potencial para o desenvolvimento sustentável. Logo, o percentual de pessoas diretamente ocupadas na cadeia produtiva da piscicultura em Rondônia cresceu 49% no último ano, passando de 268 para 400. A produção total de peixes da espécie Tambaqui aumentou em 11% chegando a 233 mil quilos no primeiro semestre de 2005. Os números traduzem o sucesso do projeto Piscicultura do Centro sul de Rondônia implantado, no ano de 2005, em 10 municípios do Estado.

4. Análise do cenário atual da piscicultura no Estado

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Com base em dados secundários, extraídos, sobretudo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), procura-se estabelecer uma análise comparativa do desempenho do setor pesqueiro nacional e estadual.

Após minuciosa análise dos dados que foram coletados apurou-se que a piscicultura vem sendo enfocada e tratada por alguns setores governamentais com pouca atenção. Pois, ao se observar o potencial deste agronegócio, o baixo nível de investimento neste setor e de serviços de extensão de boa qualidade e quantidade suficientes, aliada ao desconhecimento das técnicas de cultivo e não tradição local de consumo de peixes cultivados, condicionam um lento desenvolvimento da piscicultura comercial.

No entanto, apesar de inúmeros impactos sejam econômicos, sociais e ambientais que comprometem a sustentabilidade da piscicultura, há de se considerar que o meio rural brasileiro sempre mostrou interesse nesse ramo da criação de organismos aquáticos em condições controladas. Deve-se ainda, atentar-se para as qualidades nutritivas do pescado, o potencial de geração de empregos da indústria pesqueira, o baixo custo da produção de peixes em cativeiro, a redução de estoques naturais e o aumento da demanda de alimentos em função do crescimento populacional. Deste modo, a piscicultura tem se apresentado como uma alternativa altamente viável para a agropecuária.

A piscicultura no Estado de Rondônia vem passando por um crescimento rápido, porém desordenado. Entretanto, apresenta um potencial para o um desenvolvimento sustentável, dada às condições ambientais, a necessidade local e regional do pescado e a condição estratégica do Estado para o escoamento da sua produção. Salienta-se, entretanto, que a importância da atividade tem gerado inúmeras inquietudes relativas a seu crescimento sem um ordenamento maior. Com isso, vários são os aspectos a serem analisados para estabelecer mecanismos que possibilitem o reconhecimento e o inter-relacionamento das variadas interfaces econômicas, sociais e ambientais da Piscicultura no Estado. Para que seja possível a formatação e consolidação de uma organização e de uma gestão que agregue os piscicultores de forma efetiva e duradoura, faz-se necessário a formação de recursos humanos que é a condição primeira e essencial para se obter bons resultados no setor. Adicionado a isso, são necessários profissionais graduados em maior número para trabalharem com desenvolvimento tecnológico nessa área. 5. Considerações Finais

Ao fazer uma retomada histórica das atividades agropecuárias, além de distinguir o

agronegócio no Brasil como um setor de destaque e de grande importância para a economia do país, verificou-se que os fatos estão convencendo a sociedade de que um grande trunfo está à mão e pode ser mais e melhor utilizado. Para tanto, é necessário ser priorizado em termos de política econômica e de política externa. As oportunidades para aumentar o espaço ocupado pelo Brasil no mercado mundial de produtos de origem agropecuária são concretas, mas jamais serão oferecidas; terão que ser conquistadas.

Não é diferente na Piscicultura e em Rondônia, pois, no que tange a infra-estrutura do mercado necessária para o desenvolvimento desse segmento no Estado, o resultado de estudos asseguram que a produção de peixes, em especial na Região Centro-Sul de Rondônia, onde o Município de Pimenta Bueno, foco de pesquisas mais específicas sobre o assunto em futuros estudos é, na sua maioria, formada por piscicultores familiares e que já desponta como um potencial de crescimento desse mercado, sobretudo por considerar a piscicultura como uma ferramenta para a ascensão do meio rural. Daí, vislumbrar-se parcerias junto ao governo

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brasileiro que possam levar à sério esta iniciativa, para que se alcance à concretização deste empreendimento lucrativo.

Ainda, torna-se imprescindível a adoção de pesquisas e procedimentos gerenciais adequados, associados às estratégias de coordenação das atividades dos atores envolvidos na piscicultura, que possam viabilizar a sua inserção e consolidação de suas posições, na realidade rondoniense e brasileira. Referências ABRAMOVAY, Ricardo. Paradigmas do Capitalismo Agrário em Questão. Hucitec/Edunicamp/Anpocs - São Paulo, Campinas – 2. ed., 2003. CHAYANOV, Aleksander. “The organization and Development of Agricultutral Economics in Rússia”, Journal of Farm Economics, Vol. XII, 1930. CHEVITARESE. André Leonardo (Org.). O campesinato na História. Rio de Janeiro: Relume Dumará: FAPERJ, 2002. IBGE. Censo Agropecuário /1996, Rio de Janeiro – RJ. KAUTSKY, Karl. A Questão Agrária. Proposta editorial, São Paulo – 1980. RONDÔNIA. Potencialidades da Piscicultura na Amazônia: Oportunidades e limitações. Acesso site http://www.inpa.gov.br, em 15 de novembro de 2006. ______. Relatório de Gestão da Secretaria de Estado de Agricultura, Produção e do Desenvolvimento Econômico e Social. Porto Velho, 2003. ______. Projeto de Desenvolvimento e Expansão da Piscicultura da Região Centro-Sul de Rondônia, 2006. ______. Relatório de Gestão da SEAPES/RO. Porto Velho, 2005. ______. Seminário do Agronegócio da Piscicultura em Rondônia. Parceria SEAPES/EMATER/ Banco da Amazônia/Purina/Prefeitura de Pimenta Bueno/Lions Clube de Rondônia e Associação dos Piscicultores de Pimenta Bueno, 2004. ______. Estudo de Prospecção de Mercado para Piscicultura do Estado de Rondônia. Parceria: SEBRAE/RO, Governo do Estado de Rondônia e Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência e Tecnologia. Porto Velho: 2002. ROUBACH, Rodrigo. Potencialidades da Piscicultura na Amazônia: Oportunidades e Limitações. Acesso ao site: http://www.inpa.gov.br, em 15 de novembro de 2006. SEBRAE. Diagnóstico Sócio-Econômico do SEBRAE/RO, elaborado e publicado em abril de 1999. Porto Velho: 1999.

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______. Estudo de Prospecção de Mercado para Piscicultura do Estado de Rondônia. Parceria: SEBRAE/RO, Governo do Estado de Rondônia e Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência e Tecnologia. Porto Velho: 2002. http://www.criareplantar.com.br/aquicultura/piscicultura/zootecnia.php?tipoConteudo=texto&idConteudo=281. Acesso em 05/02/2007 http://www.ibama.gov.br/ceperg/. Acessado em 12/10/2006.