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Ajuricaba à espera do Mercosul: Revisitando os Direitos Humanos por uma Literatura Humanista Amazônica Dra. Patrícia Helena dos Santos Carneiro Dr. Júlio César Barreto Rocha Pesquisadora Fernanda Ellen Klein Nordt RESUMO: Em 1974, Márcio Souza imortalizou a história de Ajuricaba, na obra A Paixão de Ajuricaba, mantendo-o como símbolo da resistência indígena ao processo de colonização e de submissão imposto pelos portugueses. A ávida exploração da terra e a substituição cultural assumem a lógica colonial comum a toda a América Latina. Ao longo do século XX, os povos indígenas viriam a instituir importante pauta no contexto da Organização das Nações Unidas e da comunidade internacional, procurando-se organizar contra a desapropriação das suas terras e riquezas, ao mesmo tempo em que recuperavam a dignificação dos povos autóctones do Continente. A Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho é fruto de lutas e de debates contra o processo de exploração de povos indígenas em todo o Mundo. No contexto brasileiro, o reconhecimento constitucional das suas características coletivas permite o chamado Direito à Diferença, cujo Direito à Língua e Direito à Terra, além do reconhecimento dos processos próprios de aprendizagem, recolocaram na pauta do País a sua História e a sua luta. Em 2019, o Brasil assumiu a presidência do Mercosul, cujo representante, contudo, ostenta discurso pouco comprometido com os direitos indígenas ou com os direitos humanos, estando mais alinhado com a exploração econômica da Amazônia, havendo mesmo um clima de ameaça aos direitos conquistados e ainda em fase de consolidação. O Mercosul, que possui ideal integracionista, precisa assumir a defesa dos direitos indígenas como uma das suas bandeiras, porque faz parte da busca de reequilíbrio social, em toda a América Latina. Neste A primeira autora, docente da Universidade Federal de Rondônia, lotada no Campus de Guajará-Mirim, na fronteira boliviana com a cidade gêmea de Guayaramerín, é doutora em Direito Internacional Público (Universidade de Santiago de Compostela, revalidado na UERJ) e coordena o Projeto Direito e Literatura da Amazônia: O olhar do Literário sobre os Direitos Humanos. Vice-líder do Grupo de Pesquisa Filologia & Modernidades, o seu contacto é [email protected] O segundo autor, docente na Universidade Federal de Rondônia, Campus de Porto Velho, lotado no Departamento de Letras Vernáculas, é doutor em Filologia Portuguesa (Universidade de Santiago de Compostela, revalidado como Doutorado em Línguas Neolatinas na UFRJ) e líder do Grupo de Pesquisa Filologia & Modernidades. Participa do Projeto Direito e Literatura da Amazônia: O olhar do Literário sobre os Direitos Humanos. [email protected] A terceira autora é discente de Letras Língua Inglesa, na Universidade Federal de Rondônia, bolsista do PIBIC/CNPQ/UNIR, no ciclo 2019-2020, vinculada ao Projeto Direito e Literatura da Amazônia: O olhar do Literário sobre os Direitos Humanos. Membro do Grupo de Pesquisa Filologia & Modernidades. [email protected]

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Page 1: A Paixão de Ajuricaba - congresso2019.fomerco.com.br€¦ · histórico de artefatos da Literatura (no caso, empregando o personagem mítico Ajuricaba, de textos de Márcio Souza)

Ajuricaba à espera do Mercosul: Revisitando os Direitos Humanos por uma

Literatura Humanista Amazônica

Dra. Patrícia Helena dos Santos Carneiro

Dr. Júlio César Barreto Rocha

Pesquisadora Fernanda Ellen Klein Nordt

RESUMO: Em 1974, Márcio Souza imortalizou a história de Ajuricaba, na obra

A Paixão de Ajuricaba, mantendo-o como símbolo da resistência indígena ao

processo de colonização e de submissão imposto pelos portugueses. A ávida

exploração da terra e a substituição cultural assumem a lógica colonial comum

a toda a América Latina. Ao longo do século XX, os povos indígenas viriam a

instituir importante pauta no contexto da Organização das Nações Unidas e da

comunidade internacional, procurando-se organizar contra a desapropriação

das suas terras e riquezas, ao mesmo tempo em que recuperavam a

dignificação dos povos autóctones do Continente. A Convenção 169 da

Organização Internacional do Trabalho é fruto de lutas e de debates contra o

processo de exploração de povos indígenas em todo o Mundo. No contexto

brasileiro, o reconhecimento constitucional das suas características coletivas

permite o chamado Direito à Diferença, cujo Direito à Língua e Direito à Terra,

além do reconhecimento dos processos próprios de aprendizagem,

recolocaram na pauta do País a sua História e a sua luta. Em 2019, o Brasil

assumiu a presidência do Mercosul, cujo representante, contudo, ostenta

discurso pouco comprometido com os direitos indígenas ou com os direitos

humanos, estando mais alinhado com a exploração econômica da Amazônia,

havendo mesmo um clima de ameaça aos direitos conquistados e ainda em

fase de consolidação. O Mercosul, que possui ideal integracionista, precisa

assumir a defesa dos direitos indígenas como uma das suas bandeiras, porque

faz parte da busca de reequilíbrio social, em toda a América Latina. Neste

A primeira autora, docente da Universidade Federal de Rondônia, lotada no Campus de

Guajará-Mirim, na fronteira boliviana com a cidade gêmea de Guayaramerín, é doutora em

Direito Internacional Público (Universidade de Santiago de Compostela, revalidado na UERJ) e

coordena o Projeto Direito e Literatura da Amazônia: O olhar do Literário sobre os Direitos

Humanos. Vice-líder do Grupo de Pesquisa Filologia & Modernidades, o seu contacto é

[email protected]

O segundo autor, docente na Universidade Federal de Rondônia, Campus de Porto Velho,

lotado no Departamento de Letras Vernáculas, é doutor em Filologia Portuguesa (Universidade

de Santiago de Compostela, revalidado como Doutorado em Línguas Neolatinas na UFRJ) e

líder do Grupo de Pesquisa Filologia & Modernidades. Participa do Projeto Direito e Literatura

da Amazônia: O olhar do Literário sobre os Direitos Humanos. [email protected]

A terceira autora é discente de Letras Língua Inglesa, na Universidade Federal de Rondônia,

bolsista do PIBIC/CNPQ/UNIR, no ciclo 2019-2020, vinculada ao Projeto Direito e Literatura da

Amazônia: O olhar do Literário sobre os Direitos Humanos. Membro do Grupo de Pesquisa

Filologia & Modernidades. [email protected]

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momento, o Brasil amazônico indígena teme a possibilidade da reedição do

processo de colonização, com a presença de “investidores” norte-americanos,

agora com maior abertura dos espaços amazônicos para a exploração nas

terras indígenas. Por isso, Ajuricaba e Inhambu voltam como símbolos de uma

resistência reeditada, esperam ouvir a volta da voz de um Mercosul Humanista.

É sempre bom lembrar que qualquer ameaça à paz é um atentado também à

Comunidade Internacional.

Palavras-chave: MERCOSUL. Amazônia. Povos Indígenas. Filologia Política.

INTRODUÇÃO

É sempre assim que acaba a história dos heróis

brasileiros: presos, torturados e mortos.

(Márcio Souza, em Ajuricaba, p. 12.)

Iniciamos a nossa jornada pelo interdisciplinar processo de cruzamento

histórico de artefatos da Literatura (no caso, empregando o personagem mítico

Ajuricaba, de textos de Márcio Souza) com as nossas realidades hodiernas, no

compromisso de mantermos as Humanidades gerando um mote em favor da

defesa de Direitos Humanos, no processo de ampliação principiológica da

integração mercosulina.

Com efeito, em 1974, Márcio Souza imortalizou a história de Ajuricaba,

na obra A Paixão de Ajuricaba, mantendo-o como símbolo da resistência

indígena ao processo de colonização e de submissão imposto pelos

portugueses. Assim, esta ideia de um “Ajuricaba à espera do Mercosul”, em

que se faz uma retomada de Direitos Humanos pela leitura da Literatura

Amazônica é mais que nada uma volta a um elo antigo e produtivo, entre

Literatura e Direito, no qual Ajuricaba é símbolo e a Amazônia indígena é a

realidade agredida.

Acreditamos ser possível ao Mercosul persistir como modelo de

processo integrador se houver a manutenção da sua valorização humanista e

em proteção de florestas e dos seus viventes dotados de direitos pré-

constitucionais.

O reforço do compromisso com a Democracia acompanha os Direitos

Indígenas, uma vez que a ninguém interessa a fragilização dos Direitos

Humanos, podendo-se dizer que a maior garantia de sobrevivência do

Mercosul como processo econômico viável passa pela defesa da dignidade da

pessoa humana como motor de evolução social, primeiro que tudo, até porque

insculpido na principiologia constitucional, na base.

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A ávida exploração da terra e a substituição cultural assumem a lógica

colonial comum a toda a América Latina. Ao longo do século XX, os povos

indígenas viriam a instituir importante pauta no contexto da Organização das

Nações Unidas e da comunidade internacional, procurando-se organizar contra

a desapropriação das suas terras e riquezas, ao mesmo tempo em que

recuperavam a dignificação dos povos autóctones do Continente.

Lembremos que quando se criou o “Mercado Comum do Sul”, havia o

imperativo categórico de evitar a concepção de que se trataria somente de um

acordo comercial, um privilegiamento ao mercado. Para contornar isso, foram

tomadas diversas iniciativas de ampliar o Tratado a uma verdadeira proposta

de integração de pessoas.

1. Os Ajuricaba, a Amazônia e o processo de integração do Mercosul

Se, na perspectiva humanística internacional, o ano de 2019 começou

como o Ano Internacional das Línguas Indígenas, segundo assentamento pela

UNESCO, como momento de reflexão para a valorização e chamamento à

comunidade internacional para a necessidade de preservação, revitalização e

promoção das referidas línguas em todo o mundo, no Brasil, este mesmo ano

tomou ares de período de alerta, dada a possibilidade de desconstrução de

direitos, principalmente os direitos indígenas.

Após a eleição de outubro de 2018 para presidente do Brasil, ficou

evidente que a vitória do candidato Bolsonaro traria ao poder executivo um

deputado federal cujo discurso seria o menos receptivo aos direitos humanos,

dado que o seu perfil comportou historicamente lugares-comuns repletos de

frases de efeito e de discursos de ódio, então bem vistas por um público

insuflado pela mídia para ser hostil “ao sistema”. O seu pronunciamento, ainda

de 1998, na Câmara dos Deputados, já dava a nota da sua tendência agressiva

com relação aos Povos Indígenas, segundo registrou artigo de Fiona Watson,

no jornal El País: “Competente, sim, foi a cavalaria norte-americana, que

dizimou seus índios, afirmou Bolsonaro, em pronunciamento na Câmara dos

Deputados em 1998”.

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Neste contexto, a vitória do atual presidente surgiu como prenúncio de

uma possível utilização da máquina institucional do Estado brasileiro contra

direitos assegurados na própria Constituição Federal, no caso, especialmente o

conteúdo dos artigos 231 e 232. Após a posse do presidente, em 1.º de janeiro

deste ano de 2019, houve o registro pela imprensa do aumento de ações

violentas praticadas contra indígenas, além do que passou a haver contra

mulheres e homossexuais. Voltava a ser válido o velho dístico em que não se

deve recear os líderes, mas sim as atitudes “do guarda da esquina”, pessoas

que fazem as vezes no emprego de violência, replicando na prática a

agressividade verbal.

O assassinato do líder indígena da aldeia Mariry, da etnia Wajãpi, hoje

ainda em fase de investigação, no Amapá, morto a facadas, neste mês de julho

de 2019, pode ser visto como um exemplo a mais da forte animosidade geral

que passou a ser praticada contra indígenas, similar à agressividade contra

outras minorias sociais e contra valores já consagrados na norma pela razão

civilizada.

Chamou a nossa atenção o teor das manifestações do atual mandatário

presidencial, neste agosto de 2019, conforme ficou registrado pelo semanário

Carta Capital:

O presidente Jair Bolsonaro voltou a se pronunciar sobre demarcação de terras indígenas. Em entrevista na manhã desta sexta-feira 16, o pesselista deixou claro que enquanto for presidente, não haverá nenhuma ação do governo sobre o tema. “Tem locais aqui que para produzir alguma coisa, você não consegue, porque não pode seguir em uma linha reta para exportar ou vender, porque precisa desviar de algum quilombola ou terra indígena. Se eu fosse fazendeiro, não vou falar o que eu faria não, mas eu deixaria de ter dor de cabeça”, justificou. (Carta Capital, 16 de agosto de 2019.)

Tais palavras soaram, como se poderia esperar, como verdadeira

ameaça ao plano de direitos, anteriormente conquistados, especialmente

desde a Constituição Federal de 1988, e se tornam crescentemente uma

ameaça também aos direitos já consagrados pela consciência da Comunidade

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Internacional, presentes a partir da sua difusão por deliberações da

Organização das Nações Unidas, especialmente a consagrada Convenção 169

da Organização Internacional do Trabalho, fruto de lutas e de debates contra o

processo de exploração de povos indígenas em todo o Mundo.

Em vista disto, rememoramos a História da Amazônia, palco de luta

entre indígenas e colonizadores portugueses e brasileiros, tal como Márcio

Souza soube retratar em duas obras, A Paixão de Ajuricaba (1974) e Ajuricaba,

o caudilho das selvas (2006), resgatando a memória de uma resistência

indígena simbolizada no personagem Ajuricaba, que investiu contra o poder

então estrangeiro, que submeteu os indígenas a um período de subalternidade,

à imposição cultural, à proibição de falar línguas indígenas, à submissão de

mulheres e crianças superexploradas, inclusive sexualmente, e à

desapropriação de terras, antes dominadas naturalmente pelas nações

indígenas.

Estas duas obras do amazonense Márcio Souza, quando abordadas

pelo viés dos estudos de “Direito e Literatura”, em perspectiva culturalista, nos

conduzem a perceber elementos do Direito, especificamente de Direitos

Humanos, que nos permitem uma atualização dos assuntos de exploração do

indígena, e, quando conectadas a documentos internacionais, favorecem uma

recuperação de princípios já caídos no esquecimento, mas que é importante

rememorar, para reativar as defesas do Humanismo como um todo.

Como se sabe, a chamada “Convenção 169” foi exarada pela

Organização Internacional do Trabalho, versando fundamentalmente sobre

Povos Indígenas (1989); foi ratificada pelo Brasil e internalizada no seu

Ordenamento Jurídico mediante o Decreto n.º 5.051, em 19 de abril de 2004.

As suas normas trazem luz, ainda, à Declaração das Nações Unidas sobre

Povos Indígenas (2007), dentre outros documentos internacionais importantes

à área dos Direitos Humanos.

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Tal como já citamos, acima e em outros trabalhos, diversas obras

literárias possibilitam um diálogo qualificado com o Direito, ou mesmo com

outras disciplinas culturalistas, como indica Eagleton (2006), ao escrever que:

Se é certo que muitas obras estudadas como literatura, nas instituições acadêmicas, foram ‘construídas’ para serem lidas como literatura, também é certo que muitas não o foram. Um segmento de texto pode começar sua existência como história ou filosofia, e depois passar a ser classificado como literatura; ou pode começar como literatura e passar a ser valorizado por seu significado arqueológico. Alguns textos nascem literários, e a outros tal condição é imposta. Sob esse aspecto, a produção do texto é muito mais importante do que o seu nascimento. O que importa pode não ser a origem do texto, mas o modo pelo qual as pessoas o consideram. Se elas decidirem que se trata de literatura, então, ao que parece, o texto será literatura, a despeito do que o seu autor tenha pensado. (EAGLETON, 2006, p. 13.)

Ao longo do século XX, os povos indígenas constituíram importante

pauta, seja no contexto da Organização das Nações Unidas ou no seio da

comunidade internacional em geral, procurando-se organizar um

aproveitamento das riquezas do seu território ao mesmo tempo em que se

buscava incorporá-lo à sociedade envolvente, embora uma face da Sociedade

obtinha aos poucos a recuperação da dignificação dos povos autóctones, por

meio da sua própria resistência.

A Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho é fruto de

lutas e de debates contra o processo de exploração e de assassinato de povos

indígenas. No contexto brasileiro, o reconhecimento constitucional, presente no

artigo 231 da Constituição Federal, permite o chamado “Direito à Diferença”,

com o Direito à Língua e o Direito à Terra de modo mais evidente, para além do

reconhecimento dos processos próprios de aprendizagem do indígena.

2. O Mercosul como valorização humanista e processo de integração

Em 2019, o Brasil assumiu a presidência do Mercosul, cuja

representação, contudo, ostenta discurso pouco comprometido com os direitos

indígenas ou com os direitos humanos, estando mais alinhada com a face que

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se interessa pela exploração extensiva da Amazônia, radicalizando o clima de

ameaça aos direitos conquistados e descartando sumariamente aquelas

reivindicações ainda em fase de consolidação.

O Mercosul, que possui ideal integracionista, precisaria, pela maioria dos

seus representantes, assumir a defesa dos direitos indígenas como uma das

suas bandeiras mais valorosas. Em 2019, o Brasil assumiu a presidência do

Mercosul, cujo representante, contudo, ostenta discurso pouco comprometido

com os direitos indígenas ou com os direitos humanos, estando mais alinhado

com a exploração econômica da Amazônia, havendo mesmo um clima de

ameaça aos direitos conquistados e ainda em fase de consolidação. O

Mercosul, que possui ideal integracionista, precisaria assumir a defesa dos

direitos indígenas como uma das suas bandeiras, porque faz parte da busca de

reequilíbrio social, em toda a América Latina.

Neste momento, ao contrário, o Brasil amazônico indígena teme a

possibilidade de novo processo de colonização, agora manejada pelo

autoimperialismo, com anseios de submissão absoluta da sociedade

envolvente sobre as minorias, impondo-se por intermédio do capital

internacional, que sempre esperou por maior abertura dos espaços amazônicos

para a exploração (sobretudo mineral) nas terras indígenas. Neste momento, o

Brasil amazônico indígena teme a possibilidade da reedição do processo de

colonização, com a presença de “investidores” norte-americanos, agora com

maior abertura dos espaços amazônicos para a exploração nas terras

indígenas. Por isso, Ajuricaba e Inhambu voltam como símbolos de uma

resistência reeditada, esperam ouvir a volta da voz de um Mercosul Humanista,

na defesa da reconstituição dos direitos pré-constitucionais e na proteção das

pessoas que vivem na sua territorialidade da floresta, uma razão de per si para

impedir a destruição dos espaços cuja “monstruosidade territorial” já deu a

impressão de impossibilidade de abarcar toda a sua riqueza, falsamente

ilimitada. É sempre bom lembrar que qualquer ameaça à paz e à Humanidade

é um atentado também à Comunidade Internacional.

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Este novo capítulo da História do Brasil exige a retomada da consciência

quanto ao valor dos direitos humanos e da necessidade de haver um

posicionamento dos países do Mercosul, que são também membros da ONU, e

devem fazer valer os objetivos e princípios presentes na sua Carta das Nações

Unidas.

3. O compromisso com a Democracia e os Direitos Humanos

O Protocolo de Assunção sobre “Compromisso com a Promoção e a

Proteção dos Direitos Humanos do Mercosul”, assinado em Assunção, em 20

de junho de 2005, pela República Argentina, pela República Federativa do

Brasil, pela República do Paraguai e pela República Oriental do Uruguai,

Estados Partes do MERCOSUL, determina, em seu Artigo 1 que:

A plena vigência das instituições democráticas e o respeito dos direitos humanos e das liberdades fundamentais são condições essenciais para a vigência e evolução do processo de integração entre as Partes.

Os fundamentos de tal Protocolo foram gerados pela necessidade de

controlar a perda humana e humanística que sempre acompanhou os grandes

conglomerados econômicos; e estão presentes no Preâmbulo deste Protocolo

com a finalidade de manter alerta os dirigentes para evitar perdas humanas e

destruições culturais que ponham em risco a própria sobrevivência daqueles

que eventualmente sobreviverem a uma exploração sem rédeas.

Os princípios e os objetos do Tratado de Assunção e do Protocolo de

Outro Preto são reafirmados pelos seus países todos, que consideram a

Decisão CMC n.º 40/2004 como municiadora maior da Reunião de Altas

Autoridades sobre Direitos Humanos do MERCOSUL. Ademais disto, há uma

reiteração do conteúdo manifestado na Declaração Presidencial de Las Leñas,

de 27 de junho de 1992, “no sentido de que a plena vigência das instituições

democráticas é condição indispensável para a existência e o desenvolvimento

do MERCOSUL”, reafirmando-se assim a Declaração Presidencial sobre

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Compromisso Democrático no MERCOSUL. Neste contexto, há a ratificação da

plena vigência do Protocolo de Ushuaia sobre Compromisso Democrático no

MERCOSUL, também pela República da Bolívia e pela República do Chile,

países associados.

Neste contexto, reafirmam-se os princípios e as normas contidos tanto

na Declaração Americana de Direitos e deveres do Homem, como na

Convenção Americana sobre Direitos Humanos e ainda em outros instrumentos

regionais de Direitos Humanos, tal como na Carta Democrática Interamericana.

A vinculação do marco mercosulino e latino-americano ao plano da normativa

internacional da Organização das Nações Unidas pode ser vista nos seguintes

destaques, por exemplo:

RESSALTANDO o expressado na Declaração e no Programa de Ação da Conferência Mundial de Direitos Humanos de 1993, que a democracia, o desenvolvimento e o respeito aos direitos humanos e liberdades fundamentais são conceitos interdependentes que se reforçam mutuamente.

SUBLINHANDO o expressado em distintas resoluções da Assembleia Geral e da Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas, que o respeito aos direitos humanos e das liberdades fundamentais são elementos essenciais da democracia.

Neste mesmo Preâmbulo do Protocolo, se reconhece a historicidade que

se torna subsidiária de outros critérios de proteção: “a universalidade, a

indivisibilidade, a interdependência e inter-relação de todos os direitos

humanos, sejam direitos econômicos, sociais, culturais, civis ou políticos”. Isto

lembra ainda a Carta de Direitos Humanos, composta pela Declaração

Universal dos Direitos Humanos (1948), pelo Pacto Internacional de Direitos

Civis e Políticos (1966) e Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e

Culturais (1966).

Segundo Piovesan, “a partir da elaboração desses pactos se forma a

Carta Internacional de Direitos Humanos, International Bill of Rights, integrada

pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e pelos dois pactos

internacionais de 1966.” (PIOVESAN, 2007, p. 158.)

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Reitera-se a Declaração Presidencial de Porto Iguaçu, de 8 de julho de

2004, relembrando que “os Presidentes dos Estados Partes do MERCOSUL

destacaram a alta prioridade atribuída à proteção, promoção e garantia dos

direitos humanos e as liberdades fundamentais de todas as pessoas que

habitam o MERCOSUL”. Finalmente, reafirma-se ainda que

a vigência da ordem democrática constitui uma garantia indispensável para o exercício efetivo dos direitos humanos e liberdades fundamentais, e que toda ruptura ou ameaça ao normal desenvolvimento do processo democrático em uma das Partes põe em risco o gozo efetivo dos direitos humanos.

O princípio da cooperação nucleia o compromisso assumido no Artigo 2

deste Protocolo, que prevê: “As Partes cooperarão mutuamente para a

promoção e proteção efetiva dos direitos humanos e liberdades fundamentais

através dos mecanismos institucionais estabelecidos no MERCOSUL”. Daí a

possibilidade de inferir que os países do Bloco devem cooperar mediante os

mecanismos institucionais do Mercosul, ou seja, fomentar e proteger os direitos

humanos e liberdades fundamentais nos países participantes deste processo

de integração.

Tal compromisso relembra a Carta das Nações Unidas que também

determina aos países participantes diversas obrigações gerais:

Artigo 1. Os propósitos das Nações unidas são:

1. Manter a paz e a segurança internacionais e, para esse fim: tomar,

coletivamente, medidas efetivas para evitar ameaças à paz e reprimir

os atos de agressão ou outra qualquer ruptura da paz e chegar, por

meios pacíficos e de conformidade com os princípios da justiça e do

direito internacional, a um ajuste ou solução das controvérsias ou

situações que possam levar a uma perturbação da paz;

2. Desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no

respeito ao princípio de igualdade de direitos e de autodeterminação

dos povos, e tomar outras medidas apropriadas ao fortalecimento da

paz universal;

3. Conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas

internacionais de caráter econômico, social, cultural ou humanitário, e

para promover e estimular o respeito aos direitos humanos e às

liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo,

língua ou religião; e

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4. Ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a

consecução desses objetivos comuns.

A pergunta que podemos fazer é: Quando e como este Protocolo deve

ou pode ser utilizado? A resposta vem do artigo terceiro, que ordena:

ARTIGO 3 O presente Protocolo se aplicará em caso de que se registrem graves e sistemáticas violações dos direitos humanos e liberdades fundamentais em uma das Partes em situações de crise institucional ou durante a vigência de estados de exceção previstos nos ordenamentos constitucionais respectivos. A tal efeito, as demais Partes promoverão as consultas pertinentes entre si e com a Parte afetada.

Uma possível interpretação deste artigo 3.º é que este Protocolo se

aplicará quando:

a) Existirem “graves e sistemáticas violações dos direitos humanos e

liberdades fundamentais”;

b) O país mercosulino estiver “em situações de crise institucional ou”;

c) Houver a “vigência de estados de exceção previstos nos

ordenamentos constitucionais respectivos”.

A parte mais delicada, que nos remete a uma atitude mais política que

jurídica, é a previsão de que “as demais Partes promoverão as consultas

pertinentes entre si e com a Parte afetada”. Tal previsão possivelmente dialoga

com a ideia de abertura de um canal político que favoreça o retorno de uma

normalidade institucional em momentos de crise ou de estado de exceção em

algum país do Mercosul. Isto exigiria o recurso aos meios diplomáticos

tradicionais com vistas a proteger a estabilidade democrática do país afetado.

No contexto de “graves e sistemáticas violações dos direitos humanos e

liberdades fundamentais”, o Protocolo também poderá ser acionado. Esta

previsão, ligada à possibilidade de uma reunião que pressione o país violador a

cumprir os direitos humanos e a normativa mercosulina, pareceria, contudo,

inócua, pois possuiria mais um caráter de garante declaratório dos direitos

humanos, caso não se levasse em conta a previsão do artigo 4, que parece

mais contundente:

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ARTIGO 4

Quando as consultas mencionadas no artigo anterior resultarem

ineficazes, as demais Partes considerarão a natureza e o alcance das

medidas a aplicar, tendo em vista a gravidade da situação existente.

Tais medidas abarcarão desde a suspensão do direito a participar

deste processo de integração até a suspensão dos direitos e

obrigações emergentes do mesmo.

Fragiliza-se a possibilidade real de força do artigo 4.º com a previsão de

suspensão do país enquadrado no artigo 3.º, com a manutenção do “consenso

pelas Partes” ainda como forma de tomada de decisão no Mercosul, conforme

lemos no artigo 5.º do Protocolo, citamos:

ARTIGO 5 As medidas previstas no artigo 4 serão adotadas por consenso pelas Partes e comunicadas à Parte afetada, a qual não participará no processo decisório pertinente. Essas medidas entrarão em vigência na data em que se realize a comunicação respectiva à Parte afetada.

Por fim, a medida imposta ao país descumpridor poderá cessar desde

que cessadas as violações e ameaças à ordem democráticas. É o que se infere

do artigo 6:

ARTIGO 6 As medidas a que se refere o artigo 4 aplicadas à Parte afetada, cessarão a partir da data da comunicação a dita Parte de que as causas que as motivaram foram sanadas. Tal comunicação será transmitida pelas Partes que adotaram tais medidas.

Como se vê, a simples comunicação, e com isso a fixação de uma data

concreta, basta para sanear “causas” que refreiem “medidas” tomadas contra

membros desconfortáveis com a falta de pressão social interna, tal como

vivencia o Brasil contemporâneo.

4. O combate à fragilização dos Direitos Humanos para garantir o Mercosul

como processo viável

Se, como vimos, o Mercosul, precisa assumir a defesa dos direitos

indígenas, por outro lado precisa manter um equilíbrio interno que permita

superar as suas históricas fricções locais, fronteiriças, tornando a soberania um

baluarte intransponível mesmo a produtos de interesse mútuo de circulação,

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vez ou outra ameaçando a realidade da dureza das negociações históricas

sobrepor-se ao conjunto de normas (especialmente as humanistas) do Bloco.

Já sinalizou o professor Antônio Martínez Puñal, da Universidade de

Santiago de Compostela, quanto à aplicação das normas do Mercosul:

Es imprescindible aportar seguridad jurídica desde su inicio al proceso integrador. Para ello resultará de transcendental importancia el poder contar con un sistema de instituciones que se halle dotado tanto de un poder de decisión efectivo como de fuerza jurídico-política suficiente, al objeto de encauzar éstas su actividad por medio de um ordenamiento jurídico más integrado y eficaz, basado sobre todo en acuerdos que contemplen en algún momento de su vigencia algún tipo de transferencia del ejercicio de competencias de los Estados Partes a instituciones permanentes creadas especialmente, implicando ello derogaciones parciales del principio de soberanía absoluta de los Estados; aproximándonos, en definitiva, así a los parámetros más básicos que deben identificar cualquier fenómeno internacional de integración, es decir mediante, entre otras cosas, una operación de cesión de competencias de los Estados miembros a órganos comunes, la toma de decisiones en el marco de dichos órganos por mayoría y no por unanimidad, al tiempo que unas decisiones que en determinadas ocasiones se caractericen por su autoridad directa e inmediata en los órdenes jurídicos nacionales. (MARTINEZ PUNAL, 2004, p. 2004.)

Se por um lado cada país poderá agir como melhor lhe pareça no melhor

interesse de defender as suas prioridades e ideologias, por outro lado, trata-se

de obter por pressão econômica um necessário retorno a bases democráticas

humanísticas para garantir o Mercosul como processo viável de integração

porque vivencia uma necessidade de captação de todas as suas multivariadas

frações étnico-sociais, todas de fundamental importância para um processo de

aproveitamento equilibrado das capacidades espaciais e humanas dos

territórios da Latinoamérica.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A defesa dos Direitos Humanos e a defesa da Democracia constituem

hoje uma pauta unificada, dentre as principais do Mercosul. A ameaça aos

direitos indígenas, como se disse, parece vulnerar a determinação do artigo 1

do Protocolo de Assunção sobre Compromisso com a Promoção e a Proteção

dos Direitos Humanos do Mercosul: “a plena vigência das instituições

democráticas e o respeito dos direitos humanos e das liberdades fundamentais

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são condições essenciais para a vigência e evolução do processo de

integração entre as Partes” (Artigo 1).

Em 2019, o Brasil amazônico indígena teme a possibilidade de novo

processo de autocolonização autofágica, em moldes mais primitivos, ou de

neocolonização destrutiva, nos moldes antigos, e de mais severa consequente

submissão, imposta não mais pelos portugueses, mas pelo capital

internacional, que espera maior abertura dos espaços amazônicos para a

exploração (sobretudo mineral) nas terras indígenas.

Os personagens Ajuricaba e Inhambu, da obra A Paixão de Ajuricaba,

de Márcio Souza, parecem merecer recuperação, nos ambientes de

resistência, para informar, pelo exemplo, funcionando como símbolos, para

com isso ser possível retornar ao ansiado Mercosul Humanista, sabedores de

que, afinal, a organização internacional “Mercado Comum do Sul” não trata

somente de mercado.

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