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Central de Produção Capítulo 01 A OUTRA Novela de ROBSON AUGUSTO Escrita por ROBSON AUGUSTO Direção ****** Direção Geral ****** Núcleo ****** Personagens deste capítulo BRUNO RAUL SANTIAGO AFONSO LÍDIA RENATO SUZANA CRISTIANO RAQUEL STELA OTACÍLIO MAGALHÃES MATOS DIANA Participação Bandidos, Policiais,Motorista,Curiosos e Atropelada

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Central de Produção

Capítulo 01A OUTRA

Novela deROBSON AUGUSTO

Escrita porROBSON AUGUSTO

Direção******

Direção Geral******

Núcleo******

Personagens deste capítulo

BRUNORAUL

SANTIAGOAFONSOLÍDIA

RENATOSUZANA

CRISTIANORAQUELSTELA

OTACÍLIOMAGALHÃES

MATOSDIANA

ParticipaçãoBandidos, Policiais,Motorista,Curiosos e Atropelada

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A OUTRA Capítulo 1 Pag.:1 

LETREIRO – SÃO PAULO

CENA 01. SÃO PAULO(RUA DO CENTRO). IMAGENS GERAIS. EXTERIOR.DIA  Vistas aéreas de São Paulo, ouvindo­se sirenes de políciacortando a cidade. A partir de um determinado momento, aCAM começa a seguir o carro policial. Há um corre­corre,uma perseguição de policiais, supostos ladrões de banco emfuga   buscando   um   carro   ou   apoio   de   comparsas,   pessoasgritando   e   procurando   refúgio   em   estabelecimentoscomerciais. Entre essas pessoas aparece Bruno, carregandosua mochila, apático à situação.Todos os envolvidos estão tensos, pessoas com medo, masBruno observa tudo com atenção e até se diverte com toda asituação.   Alguns   tiros,   prisões,   gritos,   fugas.   Um   dosbandidos vai em direção a Bruno r tromba com ele. O caraaponta uma arma pra Bruno que chuta a arma e o bandidoacaba preso. NO TIROTEIO, OUTRO BANDIDO É BALEADO.

Enfim: Uma cena banal, típica das ruas de cidades como SãoPaulo e Rio. Bruno fala para si mesmo.

BRUNO —   Dez   anos   fora   e   a   cidade   continua   amesma. Parece que o único que não mudoufui eu... 

Corta para:CENA 02. IBIRAPUERA. EXTERIOR. DIA.  LIDIA E RENATO ANDAM DESCONTRAÍDAMENTE PELO PARQUE.ELE AVISTA UMA ROSA EM MEIO AO GRAMADO E A ENTREGA ALÍDIA CARINHOSAMENTE.

RENATO  —  (ENTREGANDO A ROSA PARA LÍDIA): Umarosa, para outra uma rosa...

ELA   SE   DELICIA   COM   O   PERFUME   SUAVE   D   FLOR   RECÉMCOLHIDA. LÍDIA VOLTA SEUS BELOS OLHOS PARA OS OLHOS DERENATO. 

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A OUTRA Capítulo 1 Pag.:2 

LÍDIA ­  (SENTINDO O PERFUME DELICADO DA FLOR)Ásvezes penso que sem você minha vidanão faria sentido... Eu te amo... Emuito.

RENATO — Se existe sorte, acho que a minha évocê... Te amo demais também, penso emvocê 24 horas por dia... 

LÍDIA — Não sei o que eu fiz pra merecer umhomem   tão   maravilhoso   como   você   naminha vida.

RENATO ­ (OLHANDO PARA SUA AMADA):  Eu quero tefazer um pedido... me casar com você...Aceita   esse   pedido   do   homem   maisapaixonado do Rio de janeiro? 

RENATO — (PEGA NA MÃO DELA) Lídia, você aceitase casar comigo?

LÍDIA — Claro que eu aceito meu amor...

OS DOIS SE BEIJAM APAIXONADAMENTE. CAM ABRE A IMAGEM ESOBE  COMO SE  ESTIVESSE  EM UMA GRUA  SE AFASTANDO  EMOSTRANDO O CASAL DE LONGE. 

Corta para:

CENA 03. MANSÃO DE RAUL. BANHEIRO. INTERIOR. DIARAUL SE PREPARA PARA A INAUGURAÇÃO PENSATIVO. RAUL DÁ O NÓNA GRAVATA E SE OLHA NO ESPELHO

RAUL   ­ (PENSA)   Transformar   um   simples   hospitalparticular em uma referência internacionalnos   mais   variados   tratamentos   e   nareprodução   humana   e   transplante   deórgãos...   Um   centro   de   referência   com   amelhor   medicina   do   país,   operandopolíticos,   artistas,   gente   poderosa,   algoinimaginável à dez anos atrás.(FALA) Hoje éo seu dia de glória, Dr. Raul Venturini.

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A OUTRA Capítulo 1 Pag.:3 

Corta Para:

CENA 04. RESTAURANTE. INTERIOR. DIA.   RENATO E LÍDIA ESTÃO SENTADOS À MESA ESPERANDO POR SUZANA.OS DOIS SE ENTREOLHAM COM PAIXÃO A TODO MOMENTO.

LÍDIA — Será que ela vai gostar da noticia amor?

 

RENATO — Que pergunta Lidia! Mas, é claro que elavai adorar a noticia... Afinal de contas,a Suzana é como se fosse sua irmã. Qual omotivo para ela não Eu não gostar? É asua felicidade meu amor.

CAM FECHA EM SUZANA QUE ENTRA NO RESTAURANTE.

LÍDIA — (AVISTANDO SUZANA) Falando nela olha láquem acaba de chegar.  (SORRI ACENANDOPARA SUZANA) 

SUZANA AVISTA O CASAL E SE DIRIGE ATÉ A MESA.

SUZANA  —   (ALEGREMENTE)  Olha   só!   O   casalapaixonado e feliz me esperando.  

LÍDIA — Que bom que você aceitou o meu convitepara almoçar com a gente. (ABRAÇA SUZANA)

SUZANA — Como eu poderia não aceitar um pedido seuminha querida? 

RENATO — Eu também fico feliz por ter aceitado.Garçom,   uma   garrafa   de   “Moet”   porgentileza.

 

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A OUTRA Capítulo 1 Pag.:4 

SUZANA — Moet? Qual é o motivo especial pra serbrindado com champanhe francês? 

 

RENATO — Um motivo bem mais importante do que vocêimagina. 

LÍDIA — (OLHANDO CARINHOSAMENTE PARA RENATO) Essemotivo   irá   mudar   o   rumo   das   nossas

vidas...

 

SUZANA — (CURIOSA)  Minha nossa, então digam, quemotivo é esse?

Corta para:

1o INTERVALO COMERCIAL

CENA 5 – HOSPITAL SAMPA D'OR. SAGUÃO. INTERIOR. DIA

TAKE RÁPIDO: MÃO CORTANDO UMA FITA VERMELHA EM QUADRO E INAUGURANDO A NOVA ALA DO HOSPITAL. CÂMERA ABRE MARCANDO RAUL. SOM DOS APLAUSOS. Corte rápido para:

CENA 5-A — ENTRADA DO HOSPITAL. INTERIOR. DIA

RAUL SOBE ATÉ A TRIBUNA E PEGA O MICROFONE. RAUL TEM UMA ANOTAÇÃO NAS MÃOS. CÂMERA EXPLORA O GESTO CALMO DELER A ANOTAÇÃO. REPÓRTERES ANOTAM SUAS PALAVRAS, OUTROS FILMAM OU GRAVAM.

RAUL — O Grupo Santoro tem mais uma visão defuturo e como é dono das instalaçõesdo   Sampa   D'or,   fechamos   essa   ótimaparceria de olho no bem estar de seuspacientes.   Com   isso,   estamosinaugurando uma nova ala no hospital

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A OUTRA Capítulo 1 Pag.:5 

visando   não   apenas   a   classe   A   mastambém   as   classes   B   e   C.   Uminvestimento   alto   que   irá   elevar   onível   dos   serviços   em  saúde   dohospital. Está inaugurado a partir dehoje   a   ampliação   do   Pronto   Socorro,UTI Neo Natal e ala de queimados doHospital Sampa D'or.

OUTRA SALVA DE PALMAS. Corta para:

CENA   06.   MANSÃO   DOS   VENTURINI.   QUARTO   DE   CRISTIANO   .INTERIOR. DIA.  Cristiano   está   deitado   em   sua   cama   pensativo,   pelaporta da sacada ele observa a noite lá fora. Raquel,entra no quarto sem bater. 

RAQUEL — Então você está aí...

CRISTIANO — Oh Raquel, sabia que uma das maioresinvenções da humanidade foi uma coisacriada para atravessar paredes e quepor isso é preciso bater para que issoaconteça e o nome disso é porta! 

CALMAMENTE   RAQUEL   SENTA­SE   AO   LADO   DE   CRISTIANO   NACAMA.

RAQUEL  — O que aconteceu hein mon amour? Vocênunca   me   trata   assim...   Com   esse“carinho”   todo.   Está   com   algumproblema?  

CRISTIANO RESPIRA FUNDO. 

CRISTIANO —  (DESVIANDO O ASSUNTO)  Não aconteceunada! Desculpe se fui grosso com você.

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A OUTRA Capítulo 1 Pag.:6 

Eu só quero minha privacidade, posso?(um pouco irritado)

RAQUEL   —  (ACARICIA OS CABELOS DE CRISTIANO) Éclaro   que   pode.   Mas,   antes   vocêpoderia me dizer o que aconteceu pravocê estar assim, tão estressado?

 

CRISTIANO —  (livrando­se do carinho) Raquel, eujá disse que não aconteceu nada ok?Na­da!...(levanta­se e abre a porta doquarto)   Agora   me   dê   licença,   porfavor. Outra se der a gente se falatudo bem? Hoje não é um bom dia praficar de papo  (RÍSPIDO) Sai.

 

RAQUEL VOLTA E TENTA SEDUZIR CRISTIANO.   

RAQUEL —  (perto dos lábios de Cristiano) Vocênão   quer   que   eu   vá   embora...   Quer?Aposto que comigo aqui seu dia podeser bem mais animado mon amour.  

CRISTIANO —   Tem   alguma   dúvida?  Quero   sim!   (AEMPURRA PARA FORA DO QUARTO E BATE APORTA)

RAQUEL BATE NA PORTA INCIVISA E COM RAIVA. 

RAQUEL —  Cristiano!   Cristiano   Venturini   abreessa   porta   por   favor!   (AOS   BERROS)Você   não   pode   me   tratar   como   umaqualquer! (PAUSA) Pois bem! Outra horaeu   volto.   Daí   a   gente   vai   terminaresse papo e eu descubro o que é queestá te incomodando... 

RAQUEL VAI EMBORA.Corta Para: 

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A OUTRA Capítulo 1 Pag.:7 

C ENA 07. HOSPITAL SAMPA D'OR.ESTACIONAMENTO.EXTERIOR.DIA  O   CARRO   DO   JORNAL   CIDADE   DE   SÃO   PAULO   ESTACIONA.AFONSO DESCE COM O FOTÓGRAFO SANTIAGO. OS DOIS SEGUEMATÉ O SAGUÃO PARA COBRIR A INAUGURAÇÃO DA AMPLIAÇÃO DOHOSPITAL.

AFONSO — (JUNTANDO SUAS COISAS) Anda Santiago,essa cobertura não pode ficar sem umavírgula escrita. 

SANTIAGO  — Vai lá o quê? Tá mexendo em casa demarimbondo, aquela reportagem sobre asloterias pegou pesado.  E depois essacobertura nem entrou na pauta.

 

AFONSO —   Santiago,   o   grupo   Santoro   além   degerir   as   loterias   no   país   compremiações   suspeitas   é   dono   docomplexo   onde   está   o   Hospital   SampaD'or e se eu acho que tem maracutaianas loterias e você também concordoucomigo   não   vai   ser   aqui   pagando   desanto que ele irá me fazer esquecerdisso. 

SANTIAGO —   Puro   “achismo”,   você   fez   areportagem, acusou o cara sem provas.Tomou   um   esporro   do  Magalhães   econtinua   se   metendo   nessa   história.Mas eu desisto, você deve saber ondeestá se metendo.

AFONSO —   (IRÔNICO)   Muito   obrigado   pelaconfiança...

OS DOIS VÃO RAPIDAMENTE ATÉ O SAGUÃO DO HOSPITAL. CORTA PARA: 

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A OUTRA Capítulo 1 Pag.:8 

CENA 08. HOSPITAL SAMPA D'OR. CORREDORES. INTERIOR. DIATAKE RÁPIDO EM OFF: RAUL MOSTRA PARA A IMPRENSA E TODOS OS PRESENTES AS NOVAS INSTALAÇÕES DO HOSPITAL. FUSÃO PARA:

CENA 08­A NOVA ALA DA MATERNIDADE. INTERIOR. DIARAUL TERMINA A APRESENTAÇÃO DAS INSTALAÇÕES.MURILO SE APROXIMA DO TIO E OS DOIS COXIXAM ALGO. NO MEIO DOS PRESENTES RAUL VÊ SANTIAGO E AFONSO E SE IRRITA. 

MURILO Belo discurso tio.

RAUL Babaquice, você sabe muito bem queeu não tenho como tirar o hospitaldesse prédio. Só faço isso por queos clientes dos nossos planos desaúde   são   atendidos   aqui.(VÊ   OSREPÓRTERES)Mas acho que esse é omenor de nossos problemas Murilo,olha que está aí, o Cidade de SãoPaulo. Não basta querer me tirardas loterias agora me seguem feitoabutres!   Vamos   sair   logo   daquiantes que eu perca a cabeça comesse jornaleco de quinta.

Corta para:

CENA 09 — RUA QUALQUER. CARRO DE BRUNO. DIAABRE   NO   CARRO   DE   BRUNO   COMO   CAPÔ   ABERTO   SOTANDOFUMAÇA. CARROS PASSAM E BUZINAM O FATO DELE ESTAR COMO CARRO NO MEIO DO CAMINHO. SEM SABER O QUE FAZER, ELEEMPURRA O CARRO PARA A GUIA IRRITADO DISCUTINDO COM OSOUTROS MOTORISTAS. 

BRUNO Porcaria de carro! Alugar um carroseria pra se locomover e não ficarparado! (CHUTA A LATERAL DO CARRO)

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A OUTRA Capítulo 1 Pag.:1 

 Pra piorar ainda tenho que tirar essa jossa docaminho.

MOTORISTA (BUZINA INSISTENTEMENTE) Sai logodaí folgado! Comprou a rua? 

BRUNO Está nervosinho é? Eu tô  tentandosair   da   rua   não   tá   vendo?   Oproblema   é   que   esse   modelo   nãoveio equipado com asas! 

MOTORISTA Tá   tirando?   E   continua   aíatravancando o trânsito por quê?

BRUNO Por   que   eu   chamei   sua   mãe   praajudar e ela não chegou ainda! Nemsei se o tipo dela voa. 

CÂMARA SE AFASTA DANDO UM PLANO GERAL DA RUA. NESSEAFASTAR, VEMOS O TRÂNSITO TODO PARADO E TONICO AINDADISCUTINDO,MAS EM OFF ENQUANTO EMPURRA O CARRO PARA OMEIO FIO.  Corta Para:

CENA 10 — SAGUÃO DO SAMPA D'OR. INTERIOR. DIACÂMERA   SE   APROXIMA   COMO   SE   TIVESSE   ENTRANDO   PELAPORTA. NESSE “ENTRAR”, VEMOS O SAGUÃO AINDA CHEIO DEPESSOAS E NO MEIO DELAS RAUL ANDANDO AS PRESSAS COMAFONSO ATRÁS DELE. RAUL PERDE A PACIÊNCIA E DISCUTECOM O JORNALISTA. 

MURILO Esse   imbecil   continua   atrás   dagente.

RAUL Por   que   eu   não   mandei   umrepresentante   para   essainauguração?   Deveria   tersuspeitado   que   essejornalistazinho   persistenteestaria aqui.

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A OUTRA Capítulo 1 Pag.:2 

AFONSO Uma palavra para a Cidade de SãoPaulo dr. Raul. 

RAUL   PERDE   A   PACIÊNCIA   COM   O   JORNALISTA   E   PARAREPENTINAMENTE.

RAUL Por   que   tanta   insistência   comminha   pessoa?   Eu   não   tenhoobrigação de dar entrevista a umjornaleco de quinta no meio de umcompromisso público. Ou você achaque eu esqueci da sua matéria ondeme   acusou   de   favorecimentoilícito? 

AFONSO (DESAFIADOR)   Uma   ótimaoportunidade de esclarecer algumascoisas, não acha? 

MURILO Calma tio. Não vai dar escândalo edar a esse pulha a munição qu eleprecisa. 

RAUL (FALA DEVAGAR EM TOM INTIMIDADOR)Eu vou sair daqui em meu carro enão   pretendo   olhar   pelo   espelhoretrovisor   e   vê­lo   atrás   de   mimainda entendeu bem? Caso contrárioeu não respondo pelo o que meusseguranças   podem   fazer   com   osenhor.  

AFONSO Estou entendendo bem ou o doutorestá me ameaçando? 

 RAUL Entenda como quiser. 

RAUL SAI DO PRÉDIO E AFONSO FICA MEIO QUE SEM AÇÃO.CORTE PARA:

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A OUTRA Capítulo 1 Pag.:3 

2o INTERVALO COMERCIAL

CENA 11.RESTAURANTE. INTERIOR. DIA.      SUZANA   ESTÁ   CURIOSA.   RENATO   E   LÍDIA   SE   OLHAM   ERESOLVEM ACABAR COM O MISTÉRIO.

SUZANA — Pelo amor de Deus, assim vão me matarde   curiosidade!   Afinal   qual   foi   omotivo tão especial para esse almoço? 

LÍDIA — Calma, você vai gostar. Falo eu oufala você Renato?  

RENATO — Diga você meu amor. A honra é todasua. 

LÍDIA — Suzana... Bom, nós a convidamos paraesse   almoço   por   que   gostaríamos   quevocê fosse a primeira a saber.

SUZANA —   Agradeço   a   honra,mas   a   primeira   asaber o quê? 

LÍDIA — Renato e eu vamos nos casar.

SUZANA FICA SEM EXPRESSÃO, TOTALMENTE PASMA. 

SUZANA —   (SURPRESA)   Casamento?   Como   assim,casamento?

LÍDIA — Casamento, união, matrimônio... Já vique você ficou um pouco surpresa. Masé ou não uma ótima notícia? 

SUZANA —   (SEM   GRAÇA)   Claro...   Excelentenotícia.   Apenas   acho   um   poucoprecipitado, vocês namoram há apenasdois anos... Renato, você não acha queainda é cedo demais para se casar? 

RENATO PERCEBE A REAÇÃO DE SURPRESA DE SUZANA.

RENATO —  De   maneira   alguma!   Dois   anos   denamoro   é   tempo   suficiente   para   duas

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A OUTRA Capítulo 1 Pag.:4 

pessoas   desejarem   se   unir.   E   digomais, é muito tempo! Hoje em dia oscasais   costumam   se   casar   com   muitomenos tempo de namoro, nem noivado sepratica mais! 

SUZANA — Bom... Eu acho que vocês estão agindopelo   entusiasmo.   (PARA   LÍDIA)   Lídiavocê mesma estava com planos de entrarpra faculdade... Isso vai atrapalharsua vida, sua carreira...

LÍDIA — Estava com planos, mas o Renato memostrou que por amor vale a pena jogartudo pro alto. 

OS DOIS SE BEIJAM APAIXONADAMENTE

SUZANA — Então um brinde ao casal. 

ELES FAZEM UM BRINDE MAS SUZANA NÃO BEBE SUA TAÇA

LÍDIA — Estou muito feliz. 

SUZANA — Agora com licença que eu preciso irao   toalete   retocar   a   maquiagem.Momentos   como   esse   me   deixamemocionada.  

SUZANA SE LEVANTA E SAI.

CENA 12. RESTAURANTE/ BANHEIRO / INTERIOR/ DIA.  SUZANA SE OLHA EM FRENTE AO ESPELHO FALANDO CONSIGOMESMA.

SUZANA — Essa é a pior noticia que eu receberhoje. Meus planos... (PAUSA) Tudo porágua   a   baixo...   Quem   essa   vagabundapensa que é? (RAIVOSA) Maldita! Mas,podem   ficar   tranquilos.   Em   breve   euterei novos planos pra vocês. E você

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A OUTRA Capítulo 1 Pag.:5 

Renato,   me   aguarde   que   você   não   meescapa.. É só uma questão de tempo.

SUZANA   ARRUMA   OS   CABELOS   E   RETOQUE   A   MAQUIAGEM,PASSASEU   BATOM   VERMELHO   NOS   LÁBIOS   CARNUDOS   ESEENCARANO ESPELHO. 

SUZANA — Gostosa! Perigosa! 

SUZANA SAI DO TOALETE CHAMANDO A ATENÇÃO DO GARÇOM EDOS HOMENS

Corta para:

 

CENA 13. SAMPA D'OR/ ESTACIONAMENTO / EXTERIOR/ DIA.  RAUL E MURILO SEGUEM ATÉ O ESTACIONAMENTO. RAUL VÊ OCARRO SOZINHO E SE IRRITA. AFONSO E SANTIAGO OBSERVAMDE LONGE.

RAUL — Por que diabos o carro está sozinho?O imbecil desse motorista não deveriaestar apostos? 

MURILO — Vai ver ele estava apertado e foi aobanheiro tio. 

RAUL — (IRRITADO) Como é que é? Eu pago essemorto de fome pra dirigir e não pra irao   banheiro   quando   deveria   estarapostos à minha inteira disposição. 

O MOTORISTA VOLTA APRESSADO.

MOTORISTA — Desculpe a ausência Dr. Raul.

RAUL — Pode se saber onde o senhor estavaque não aqui à minha disposição?

MURILO — (FALA BAIXO) Pega leve tio. 

MOTORISTA — Desculpe de novo Dr. Raul, é que comoo   senhor   disse   que   ia   demorar   pelomenos uma hora eu aproveitei pra iraté a lotérica ali da esquina fazeruma fezinha. A Mega Sena acumulou denovo. 

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A OUTRA Capítulo 1 Pag.:6 

RAUL —   (PARA   MURILO)   Você   mandar   odepartamento pessoal fazer as contasdele ainda hoje. Manda pagar tudo oque ele tem direito. 

MOTORISTA —   (INTERVÉM)   Departamento   pessoal?Desculpe Dr. Raul, é que eu pensei quepodia/ 

RAUL — (INTERROMPE NERVOSO) Cala a sua boca!Desde quando você é pago pra pensar?Você acha que eu lhe pago pra pensar? 

MOTORISTA — Mas doutor/  

RAUL — (IGNORANDO­O) Mas será o possível quenão   se   consegue   encontrar   pessoasrealmente dispostas a trabalhar hojeem   dia?   O     senhor   passa   nodepartamento   pessoal   ,   acerta   suascontas e com o dinheiro do fundo degarantia   o   senhor   faz   um   bolão   comseus amigos, ganha o prêmio acumuladoda Mega Sena e sai d férias enquantoeu fico aqui feito um “dois de paus”esperando o senhor!

 MOTORISTA — Mas doutor/  

 MURILO  — Pega leve com ele tio, já o demitiu.

 RAUL   — Me dê as chaves do meu carro.

 MOTORISTA — Mas doutor vai dirigir?  

 RAUL   — (IRÔNICO) Não, vou surfar! Está umdia ótimo pra surfar não está Murilo?Mas é claro que eu vou dirigir ou osenhor já se esqueceu que foi demitidoe não tenho mais motorista? 

UM DOS SEGURANÇAS SE APROXIMA.

MURILO — Mas o senhor não dirige tio.   

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A OUTRA Capítulo 1 Pag.:7 

RAUL — Não seja estúpido Murilo, eu apenasnão   tenho   o   hábito   de   dirigir   masdirijo muito bem, obrigado.  

SEGURANÇA — O doutor não prefere que eu dirijapro senhor? O Aderbal toma conta dosseguranças.  

RAUL — Não é necessário, apenas me acompanheaté o banco que eu tenho uma reuniãoimportante.

MURILO ENTRA EM SEU CARRO APRESSADO. RAUL TAMBÉMENTRA NO OUTRO CARRO.

MURILO — Isso ainda vai acabar mal.

RAUL ARRANCA COM O CARRO CANTANDO OS PNEUS DANDOMOSTRA QUE NÃO TEM CONDIÇÕES DE GUIAR O CARRO.AFONSO VAI ATRÁS.

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CENA 14.MANSÃO DOS VENTURINI/SALA DE ESTAR/INT/ DIA.

OTACÍLIO LÊ O JORNAL NO SOFÁ ENQUANTO STELA OBSERVAALGO PELA JANELA.

STELA —  Ouviu esse carro cantando os pneus?Era   a   Raquel.   Deve   ter   saído   pelosfundos. 

OTACÍLIO EM TOM DE REPROVAÇÃO.

OTACÍLIO —   Stela,   ficar   bisbilhotando   a   vidaalheia a esta  altura da vida é meiocafona não acha? 

STELA —   (SEM   DAR   BOLA   AO   MARIDO)  Elesbrigaram de novo, eu aposto! A Raquelnunca   saiu   daqui   cantando   pneu...Uma moça tão educada...

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A OUTRA Capítulo 1 Pag.:8 

OTACILIO — Stela, se eles brigaram, ou não, nãoé problema nosso não acha? O Cristianoé bem crescidinho pra cuidar dos seusproblemas. 

STELA TENTA DISFARÇAR SUA RAIVA, COMO SE QUISESSEDEMONSTRAR INSATISFAÇÃO.

    STELA —  Não   é   problema   nosso?!   Veja   só...!(irritada)   Mas,   é   claro   que   é!   OCristiano   é   nosso   filho...   Tudo   quediz respeito a ele, diz respeito a nóstambém...   Por   tanto   eu   vou   até   oquarto dele para saber o que houve.Essa moça saiu daqui desorientada.

STELA VAI SAINDO E OTACÍLIO NÃO TIRA OS OLHOS DOJORNAL EM TOM AUTORITÁRIO.

OTACÍLIO —  Stela!   Volte   aqui,   agora!   Você   nãovai   até   lá   coisíssima   nenhuma!   OCristiano já é um homem e precisa seportar como tal e depois ele tem quepor   a   cabeça   no   lugar,rever   suasatitudes, você só irá atrapalhar.

STELA VOLTA PRA TRÁS CURIOSA.

STELA — Cabeça no lugar? Atrapalhar? Então háalguma coisa errada... Eu sabia. O quefoi que houve? 

OTACILIO — Nada demais, foi só uma briga à toa,um desentendimento.

STELA —   Briga?   Desentendimento?   O   que   estáacontecendo nesta casa debaixo do meunariz   que   você   está   escondendoOtacílio? 

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CENA 15. POLÍCIA FEDERAL/ SALA DE MAGALHÃES/ INT./ DIA  A CENA COMEÇA COM MAGALHÃES NA SALA COM DIANA E MATOS.MAGALHÃES JOGA SOBRE A MESA UM DOSSIÊ E SURPREENDE OS

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A OUTRA Capítulo 1 Pag.:9 

 POLICIAIS. MAGALHÃES PEGA UM CAFÉ E COMEÇA A EXPLICARA RAZÃO DA REUNIÃO.

MAGALHÃES — Espero que os dois não tenham nenhumcompromisso pra hoje.

MATOS — Pra marcar uma reunião a essa horanem espero comer nada além que um hotdog como jantar. 

DIANA — Que papelada é essa aí?

 

MAGALHÃES — Espero que vocês gostem de ler. Issoaí  é  um dossiê para ser anexado  àsinvestigações sobre as loterias.

 

MATOS — Dossiê? Até ontem não haviam nada quepudesse   dar   poderes   pra   abrir   umainvestigação e agora temos um dossiê?Que parte do filme eu perdi?

 

DIANA — Essa bomba me surpreendeu também.

 

MAGALHÃES —   Por   enquanto   não   serve   como   prova,mas   já   dá   pra   gente   o   direito   desuspeita e abertura de investigação.Quem me forneceu isso é uma testemunhamuito   importante,   que   trabalhoudurante   anos   dentro   do   banco   Sul­América e vai nos ajudar a acabar comessa fraude.

 

 MATOS — E quem é o cara?

   

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A OUTRA Capítulo 1 Pag.:10 

MAGALHÃES — Nestor Prado. Ex­tesoureiro e gerentegeral do banco Sul­América e ganhadorda   Mega   Sena   560   vezes!   E   continuavivendo   de   sua   aposentadoria   em   suacasa de classe média na Casa Verde edirige um Fusca 1984.

 

MATOS —   Pra   um   cara   sortudo   desse,viver   deaposentadoria   e   dirigir   um   Fusca   84deve ser péssimo administrador. 

 

DIANA —   Acho   que   agora   o   jogo   ficou   maisdivertido... Tô louca pra ouvir o queesse Nestor tem pra contar além dessa“Bíblia” que você trouxe aí.

MAGALHÃES — Eu também Diana... Eu também... 

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CENA 16.PRÉDIO DE LÍDIA/ RUA / EXTERIOR/ DIA.  RENATO DEIXA LÍDIA NA PORTA DO PRÉDIO. LOGO DEPOISCHEGA SUZANA QUE NÃO DESCE DE SEU CARRO E OBSERVA DELONGE O CASAL. 

RENATO — Tá entregue... sã e salva.

LÍDIA —   Adorei   o   almoço,   ter   passado   essesmomentos com você.   

RENATO —  Não mais que eu, aposto. Amanhã eutenho uma reunião no Rio e eu penseiem aproveitar e irmos dar uma volta deiate em Angra. Um passeio romântico,sónós dois pela costa de Angra, que tal?

SUZANA CHEGA E ENCOSTA O CARRO 

LÍDIA — Renato, claro que eu topo o passeio.Eu tenho muita sorte de ter você aomeu   lado...   O   último   romântico   doplaneta!

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A OUTRA Capítulo 1 Pag.:11 

OS DOIS SE BEIJAM. SUZANA OBSERVA DE LONGE COMRAIVA   A   CENA   ROMÂNTICA   ATÉ   LÍDIA   ENTRAR   NOPRÉDIO. 

SUZANA — Que cena patética. O que esse imbecil viunessa mulherzinha 'sem sal' da  Lídia. Mas me aguarde Renato, eu vou virar esse jogo e você será meu... só  meu.  

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CENA 17/ RUA QUALQUER/ EXTERIOR/ DIA.  RAUL   VEM   COM   SEU   CARRO   EM   VELOCIDADE   MÉDIA.   ÀFRENTE   UM   CARRO   PARA   NO   SEMÁFORO   VERMELHO.PEDESTRES ATRAVESSAM NA FAIXA DE PEDRESTRE QUANDORAUL ENTRA NA RUA E AO VER O CARRO A FRNTE PARADONÃOCONSEGUE   FREAR   E   BATE   NA   TRASEIRA.   COM   OIMPACTO O CARRO DA FRENTE ATROPELA UMA PEDRESTREQUE ATRAVESSA NA FAIXA. BRUNO QUE ESTÁ COM SEUCARRO ENGUIÇADO ACOMPANHA TODA A CENA.Corta para:

FIM DO CAPÍTULO 01