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Revista Brasileira de Orientação Profissional, 2004, 5 (2), pp. 31 - 52 31 A Orientação Profissional no contexto da Educação e Trabalho 1 Endereço para correspondência: Departamento de Psicologia e Educação, FFCLRP-USP. Avenida Bandeirantes, 3900, 14040-901, Ribeirão Preto, SP. E-mail: [email protected] Lucy Leal Melo-Silva 1 Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto Maria Célia Pacheco Lassance Universidade Federal do Rio Grande Sul, Porto Alegre Dulce Helena Penna Soares Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis RESUMO Este estudo, de natureza teórica e descritiva, objetiva refletir criticamente sobre algumas práticas instituídas em Orientação Profissional no Brasil, as trajetórias e os principais construtos teóricos que fundamentam os procedimentos de intervenção e que influenciam e são influenciados por políticas públicas – ou a ausência delas – nos processos educacionais e de produção. As informações foram obtidas por meio de publicações nacionais e de sites governamentais. A análise foi realizada a partir de cinco eixos temáticos: (1) marcos históricos da orientação profissional; (2) populações, temas e problemas recorrentes; (3) serviços de orientação profissional: organização, referenciais teórico-metodológicos e equipe técnica; (4) educação profissional, desenvolvimento da carreira, emprego e geração de renda; (5) tendências de evolução e necessidades. A sistematização de informações e as reflexões sobre os diferentes contextos e cenários de ações relativas a decisões sobre estudos e/ou o trabalho podem contribuir para a elaboração de políticas públicas. Palavras-chave: orientação profissional; educação e trabalho; carreira; orientação vocacional; orientação educacional. ABSTRACT: Vocational Guidance Concerning Education and Work The aim of this theoretical study is to discuss some practices in Vocational Guidance in Brazil and how they influence and are influenced by public policies – or their absence – in the educational and production process. Data were collected from national publications and governmental sites. The analysis was guided by five themes: (1) historical land marks of vocational guidance; (2) populations and recurring issues and problems; (3) professional education, career development, job and income generation; and (5) evolution trends and needs. The systematization of information and the reflections about the different settings of actions concerning decisions about education and/ or work can contribute to the definition of public policies aiming at the implementation of a national net of professional guidance services that articulate with the education and job supply. Keywords: professional guidance; education and job; career; vocational guidance; educational guidance.

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Revista Brasileira de Orientação Profissional, 2004, 5 (2), pp. 31 - 52 31

A Orientação Profissional no contexto da Educação eTrabalho

1 Endereço para correspondência: Departamento de Psicologia e Educação, FFCLRP-USP. Avenida Bandeirantes, 3900, 14040-901,Ribeirão Preto, SP. E-mail: [email protected]

Lucy Leal Melo-Silva1

Universidade de São Paulo, Ribeirão PretoMaria Célia Pacheco Lassance

Universidade Federal do Rio Grande Sul, Porto AlegreDulce Helena Penna Soares

Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis

RESUMOEste estudo, de natureza teórica e descritiva, objetiva refletir criticamente sobre algumas práticas instituídasem Orientação Profissional no Brasil, as trajetórias e os principais construtos teóricos que fundamentamos procedimentos de intervenção e que influenciam e são influenciados por políticas públicas – ou aausência delas – nos processos educacionais e de produção. As informações foram obtidas por meio depublicações nacionais e de sites governamentais. A análise foi realizada a partir de cinco eixos temáticos:(1) marcos históricos da orientação profissional; (2) populações, temas e problemas recorrentes; (3)serviços de orientação profissional: organização, referenciais teórico-metodológicos e equipe técnica; (4)educação profissional, desenvolvimento da carreira, emprego e geração de renda; (5) tendências deevolução e necessidades. A sistematização de informações e as reflexões sobre os diferentes contextose cenários de ações relativas a decisões sobre estudos e/ou o trabalho podem contribuir para a elaboraçãode políticas públicas.Palavras-chave: orientação profissional; educação e trabalho; carreira; orientação vocacional; orientaçãoeducacional.

ABSTRACT: Vocational Guidance Concerning Education and WorkThe aim of this theoretical study is to discuss some practices in Vocational Guidance in Brazil and howthey influence and are influenced by public policies – or their absence – in the educational and productionprocess. Data were collected from national publications and governmental sites. The analysis was guidedby five themes: (1) historical land marks of vocational guidance; (2) populations and recurring issues andproblems; (3) professional education, career development, job and income generation; and (5) evolutiontrends and needs. The systematization of information and the reflections about the different settings ofactions concerning decisions about education and/ or work can contribute to the definition of public policiesaiming at the implementation of a national net of professional guidance services that articulate with theeducation and job supply.Keywords: professional guidance; education and job; career; vocational guidance; educational guidance.

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RESUMEN - Orientación Profesional en el Contexto de la Educación y TrabajoEste estudio, de naturaleza teórica y descriptiva, busca reflexionar críticamente sobre algunas prácticasen Orientación Profesional en Brasil y como ellas influyen y son influenciadas por las políticas públicas –o la ausencia de ellas – en los procesos educativos y de producción. Los datos fueron obtenidos por mediode publicaciones nacionales y de sitios gubernamentales. El análisis fue realizado a partir de cinco ejestemáticos: (1) algunos marcos históricos de la orientación profesional; (2) poblaciones, temas y problemasrecurrentes; (3) servicios de orientación profesional; (4) educación profesional y desarrollo de carrera,empleo y generación de renta (lucro); (5) tendencia de evolución y necesidades. La sistematización dedatos y las reflexiones sobre los diferentes entornos y escenarios de acciones relativas a decisiones sobreestudios y/o trabajos pueden contribuir para la elaboración de políticas públicas, buscando la implementaciónde una red nacional de servicios en orientación profesional.Palabras claves: orientación profesional; educación y trabajo; orientación vocacional; carrera.

Descrever e analisar criticamente o estado-da-arte em Orientação Profissional no Brasil é uma ta-refa desafiadora dada a dimensão territorial, a va-riedade e complexidade de serviços, a ausência deestudos sistematizados que retratem a realidade dopaís como um todo, as divergências nos conceitosutilizados para descrever os fazeres da OrientaçãoProfissional desenvolvidos no âmbito da Educaçãoe Trabalho sob a perspectiva da Psicologia e, so-bretudo, porque a primeira revista científica brasilei-ra específica nesse domínio foi publicada apenas em1997. Considerando tal desafio como relevante parao avanço na produção do conhecimento científico,os autores decidiram reunir suas idéias e comparti-lhar com os pares as reflexões. Com este estudopretende-se desencadear debates sobre a naturezados serviços realizados em Orientação Profissionale seus construtos teóricos. Além disso, pretende-sefocalizar as interfaces com outras áreas e, ao mesmotempo, identificar espaços nos quais a presença doorientador se faz necessária.

A Orientação Profissional, como uma práticamajoritariamente voltada para estudantes que aspi-ram à carreira universitária, ou o “teste vocacional”no senso comum, está consolidada. Como o acessoà universidade e à orientação profissional não é am-plamente democrático, nesse cenário há necessida-de de ampliação do atendimento nas redes daEducação e Trabalho e de avaliação e aperfeiçoa-mento das práticas instituídas. Em outros cenários econtextos, inúmeros projetos foram e estão sendodesenvolvidos em nosso país com populações eobjetivos específicos e, devido à natureza particular

de suas ações educativas, muitas vezes, tais práticasnão são vistas como sendo do domínio da Orienta-ção Profissional. Os autores reconhecem o valor dediversas ações governamentais e não governamen-tais implementadas no país no âmbito da educaçãopara e/ou pelo trabalho.

Inicialmente cumpre rever alguns conceitos bá-sicos. O que significa orientação? Na língua portu-guesa, genericamente, encontra-se que orientaçãoconsiste em “ato ou arte de orientar(-se)” (Ferreira,1986, p. 1232). A definição sugere a possibilidadede a pessoa ser orientada por profissionais qualifi-cados e também a possibilidade, mais comum emnosso contexto, da própria pessoa se orientar, ou seja,“reconhecer a situação do lugar onde se acha, paraguiar-se no caminho” (p. 1233). Assim, enfatiza-seque as pessoas tomam decisões por si mesmas semnecessariamente a ajuda de algum especialista emOrientação Profissional. Portanto, a orientação podeser necessária para indivíduos em determinados mo-mentos de sua carreira. Na perspectiva dos orienta-dores, quanto mais pessoas puderem beneficiar-secom Serviços de Orientação qualificados e desen-volvidos por técnicos competentes e credenciados,melhor será para o desenvolvimento da carreira pes-soal e profissional dos cidadãos e para o país.

“Geralmente as expressões ligadas à orientaçãosão: vocacional, profissional e educacional, para nosrestringirmos ao campo do comportamento voca-cional” (Martins, 1978, p. 13). Mais recentementeobserva-se o uso também da expressão ocupacio-nal. E como cada uma dessas expressões é definidana língua portuguesa?

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O conceito vocacional tem sido entendido comoreferente à vocação. Vocação, do latim vocatione,significa ato de chamar, escolha, chamamento, pre-destinação, tendência, disposição, talento, aptidão. Oconceito profissional é definido “como respeitanteou pertencente à profissão, ou a certa profissão”; “queexerce uma atividade por profissão ou ofício”. O con-ceito orientação profissional, na perspectiva psico-lógica significa a ajuda prestada a uma pessoa comvistas à solução de problemas relativos à escolha deuma profissão ou ao progresso profissional, tomandoem consideração as características do interessado e arelação entre essas características e as possibilidadesno mercado de emprego” (Brasil, s/d). O conceitoorientação profissional tem sido utilizado para de-nominar muitas disciplinas e estágios dos cursos dePsicologia e Pedagogia (Melo-Silva, 2003), na legis-lação que criou a profissão do psicólogo e na Reco-mendação (87) da Organização Internacional doTrabalho (OIT) (Brasil, 1949). No senso comum, aterminologia mais utilizada é orientação vocacional,sobretudo nas intervenções no campo da Psicologia.Muitos autores fazem uso dos dois conceitos comosinônimos enquanto outros definem o vocacional comomais amplo, ou seja, o sentido que se atribui à vidaque inclui o profissional, relativo ao exercício de umaprofissão, de uma ocupação. O conceito orientaçãoeducacional consiste em um “processo intencional emetódico destinado a acompanhar, segundo técnicasespecíficas, o desenvolvimento intelectual e a perso-nalidade integral dos estudantes, sobretudo os ado-lescentes, orientação escolar” (Ferreira, 1986, p.1232).

Aos termos vocacional ocupacional, profissio-nal e educacional pode-se acrescentar referente àocupação, trabalho, ofício. De acordo com a Clas-sificação Brasileira de Ocupações (CBO), “define-se a ocupação como um conjunto de postos detrabalho substancialmente iguais quanto à sua natu-reza e às qualificações exigidas”. ...“Pode-se aindaconceituar a ocupação como conjunto articulado defunções, tarefas e operações destinadas à obtençãode produtos ou serviços” (Brasil, 1994, p.13).

Tais conceitos são brevemente enunciados como fim de explicitar quais serão empregados, nesteestudo. Soares (2002) e Melo-Silva (2003) discuti-

ram como tais conceitos são usualmente utilizadosno contexto brasileiro. Cumpre destacar que não seobserva polêmica em relação à terminologia utiliza-da em diversos países (Soares, 2002).

Este estudo objetiva descrever e sistematizarpráticas e teorias da Orientação Profissional no con-texto da Educação e Trabalho, analisando a históriapassada e recente, tendo em vista a elaboração depolíticas públicas necessárias para auxiliar o cida-dão na construção do seu projeto de vida pessoal ecoletivo. O estudo visa ainda a descrever e proble-matizar as questões em diferentes contextos e cená-rios, cujo foco são o trabalho e as decisões relativasao desenvolvimento do potencial do trabalhador efuturo trabalhador, bem como estimular a avaliaçãodas ações desenvolvidas e a implementação de no-vos projetos de intervenção.

Trata-se de um estudo de natureza teórica edescritiva, desenvolvido a partir de publicações na-cionais de ampla circulação, em sites do governobrasileiro e a partir da experiência dos autores. Ques-tões conceituais, teóricas e práticas no âmbito daOrientação Educacional, Vocacional e Profissional,da Educação Profissional, do Desenvolvimento deCarreira e da Colocação e Geração de Renda sãotratadas ao longo do texto.

A fim de proceder ao referido estudo, foram defi-nidos os seguintes eixos temáticos: (1) marcos históri-cos da orientação profissional no Brasil; (2) populações,temas e problemas recorrentes; (3) serviços de orien-tação profissional: organização, referenciais teórico-metodológicos e equipe técnica; (4) educaçãoprofissional, desenvolvimento de carreira, colocação egeração de renda; (5) tendências de evolução e neces-sidades. Neste estudo, os eixos temáticos são apre-sentados e discutidos tendo como diretriz norteadoraas inter-relações da Orientação Profissional com a Edu-cação e o Trabalho a partir dos filtros perceptuais dosautores. Portanto, trata-se de uma análise representati-va e não exaustiva da realidade brasileira.

1. Alguns marcos históricos da Orientação Pro-fissional

O presente estudo focaliza a Orientação Profis-sional inserida em um contexto mais abrangente,

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como um campo de atividades que, além de auxiliarpessoas a tomar decisões no âmbito do trabalho e/ou estudos dispondo de estratégias de Orientaçãoconsagradas, pode contribuir ainda com a Educa-ção Profissional e a transição da escola para o mundodo trabalho de maneira mais intensa. Para fins desteestudo, utilizar-se-á a expressão Orientação Pro-fissional para designar a natureza de intervenção queé usualmente reconhecida em nosso país, ou seja,atendimento a pessoas em processo de escolha dacarreira, assim como para designar um amplo cam-po de atividades em diferentes contextos e cenários.Outros conceitos também serão utilizados visando aintegrar procedimentos de intervenção em suas in-terfaces.

Cumpre destacar alguns marcos históricos signi-ficativos para a compreensão do estado atual.

Um dos primeiros registros que se tem sobreOrientação Profissional refere-se à criação do Liceude Artes e Ofícios de São Paulo, cujo trabalho foiimplementado em 1924 pelo engenheiro suíço Ro-berto Mange. Em 1931, o primeiro serviço públicoestadual de Orientação Profissional foi criado porLourenço Filho em São Paulo (Carvalho, 1995). Em1942, a legislação brasileira instituiu a obrigatorie-dade da Orientação Educacional como um serviçoda escola, incluindo o Aconselhamento Vocacional(Bruns, 1992; Pimenta, 1981). Posteriormente, aOrientação passou a ser desenvolvida pelo ServiçoNacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), cria-do em 1942, e pelo Serviço Nacional de Aprendi-zagem Comercial (SENAC), criado em 1946. EmSão Paulo, a Colméia, uma organização não gover-namental, realiza Orientação Profissional desde 1942.

Com a fundação, em 1947, do Instituto Nacio-nal de Seleção e Orientação Profissional (ISOP), noEstado do Rio de Janeiro, então capital do País, re-gistra-se o importante papel do referido Instituto parao desenvolvimento da Psicologia Aplicada à Educa-ção e à Organização do Trabalho, notadamente naárea da Psicometria, com a publicação da revistaArquivos Brasileiros de Psicotécnica. O ISOP este-ve sob a direção de Mira y López, médico e psicó-logo espanhol, por 17 anos. Mira y López viveu noBrasil 19 anos (de 1945 a 1964, quando veio a fale-cer), época na qual a prática psicológica ocorria em

escassos pontos do país. Em sua chegada, o climafoi receptivo pois o Governo e as empresas se inte-ressavam pela seleção. Acreditava-se, ingenuamen-te, que o emprego de técnicas psicológicas emprocesso seletivo garantiria a igualdade de acessoao mundo do trabalho. Veio a convite da Universi-dade de São Paulo (USP), do Ministério da Educa-ção, do Instituto de Organização Racional doTrabalho (IDORT), do SENAI e da Divisão de En-sino e Seleção da Estrada de Ferro Sorocabana.Teve uma carreira brilhante e profunda iniciada naEspanha e, no Brasil, foi personagem de destaquena promoção da Psicologia Aplicada (Rosas, 1995).Publicou o Manual de Orientación Profisional(Myra y López, 1947), o qual resume seu trabalhode investigação psicotécnica e sua vasta experiênciaem laboratórios, fábricas, clínicas e serviços de ori-entação profissional na Europa e na América Latina.Em 1981 o ISOP passou a ser denominado InstitutoSuperior de Estudos Avançados, sendo extinto em1990 (Carvalho 1995; Melo-Silva & Jacquemin,2001; Rosas, 1995; Santos, 1980; Sparta, 2003).

Historicamente, a Orientação Profissional estevevinculada inicialmente à área da Educação, como ativi-dade no campo da Orientação Educacional, conformeConstituição Federal de 1937 e Leis Orgânicas insti-tuídas em 1942, 1943 e 1946 (Grinspun, 2002), e des-tinada às classes menos favorecidas que freqüentavamas escolas profissionais, enquanto os filhos da elite es-tudavam em escolas secundárias. Desenvolveu-se tam-bém, no âmbito da Psicologia, em três domínios: (1) daPsicologia do Trabalho, vinculada à Seleção de Pes-soal, cujas intervenções centraram-se na modalidadeestatística; (2) da Psicologia Educacional, centrando-se na questão da passagem de um ciclo educativo aoutro; e (3) do Aconselhamento, focalizando determi-nadas crises evolutivas no ciclo vital.

Com a criação da profissão de psicólogo noBrasil em 1962 e sua regulamentação em 1964, oscursos de Psicologia, por meio de seus serviços deextensão à comunidade, passaram a oferecer Ori-entação Vocacional e Profissional na abordagem clí-nica. Dessa forma, as intervenções foramfundamentadas principalmente em teorias psicológi-cas, na oferta de serviços gratuitos oferecidos peloscursos de Psicologia como estágio profissionalizante,

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ou em consultórios psicológicos privados (Lehman,1988). Quando comparada a outras áreas da Psi-cologia no Brasil, a orientação desenvolveu-se pou-co e baseada em práticas e paradigmas empíricos,não submetidos a testes científicos. Algumas hipóte-ses podem ser apontadas: (1) falta de clareza nadefinição de competências do orientador profissio-nal e educacional no âmbito das carreiras de Peda-gogia e Psicologia; (2) ausência de políticas públicaseficazes que levassem à efetiva implementação deserviços destinados à maioria da população; (3) au-sência de programas de formação profissionalizanteem Orientação Profissional e (4) insuficiência de pes-quisas de natureza avaliativa sobre os procedimen-tos de intervenção e seus resultados.

Com as velozes mudanças ocorrendo nos ce-nários nacional e mundial, sobretudo na década de1990, em decorrência das crises no mercado de tra-balho, do uso de novas tecnologias e do aumentosignificativo no índice de desemprego e subemprego(Forrester, 1997), a Orientação Profissional passa ase constituir em foco de interesse de profissionais dediferentes carreiras universitárias. Assim, em 1993,foi criada a Associação Brasileira de OrientadoresProfissionais (ABOP), filiada à International Asso-ciation Educational and Vocational Guidance(IAEVG), com o objetivo de congregar profissio-nais e pesquisadores preocupados com a oferta deserviços qualificados no país e com a necessidadede influir em políticas públicas para implantação,monitoramento e avaliação de programas e servi-ços (ABOP, 1994; Melo-Silva, 2003). A ABOP rea-liza simpósios bienalmente, apóia eventos e cursosna área e, em 1997, iniciou a publicação da revistacientífica que em 2003 foi substituída pela presenteRevista Brasileira de Orientação Profissional. Taisações se configuram como espaço apropriado, reu-nindo orientadores de diferentes regiões do País inte-ressados no debate plural e interdisciplinar sobre osmétodos, os serviços, a população-alvo, os temas eos problemas recorrentes.

2. Populações, temas e problemas recorrentes

A quem os serviços de Orientação Profissionalse destinam? Quem procura mais ajuda: estudantes

de escolas pública ou privada, rapazes ou moças,jovens ou adultos?

Em muitos Serviços de Orientação Profissionalobserva-se que a procura de jovens é maior. Quan-to à procedência escolar, alunos do ensino médiopúblico e particular buscam de maneira relativamen-te equilibrada. Quanto ao sexo, a busca é maior porparte das moças, sendo mais recente o aumento daprocura por parte do sexo masculino. A demandatorna-se mais equilibrada quando o atendimento édestinado a populações adultas. Homens e mulheresacabam tendo contato com a Orientação Profissio-nal quando procuram serviços para seus filhos. Al-gumas pessoas na faixa etária entre 40 e 50 anos,etapa do ciclo vital na qual atualizam seus conflitosvocacionais, percebem que também podem ser be-neficiados com ajuda profissional para lidar comquestões do mundo do trabalho e outras demandasemocionais, como apontam relatórios internos dosServiços como o Serviço de Orientação Profissio-nal da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras deRibeirão Preto (SOP/FFCLRP/USP), o Centro deAvaliação Psicológica, Seleção e Orientação Pro-fissional da Universidade Federal do Rio Grande doSul (CAP-SOP/UFRGS) e o Laboratório de Infor-mação e Orientação Profissional da UniversidadeFederal de Santa Catarina (LIOP da UFSC).

Em geral, os serviços e programas brasileirosde Orientação Profissional visam a auxiliar pessoasa tomarem decisões acerca do estudo, formação etrabalho. Tradicionalmente, tais programas forame são destinados, predominantemente, a jovens emdúvida sobre a escolha da carreira universitária. Émais recente o crescimento da demanda de adultosem Orientação Profissional.

Adolescente em opção profissionalO desenvolvimento de estratégias de interven-

ção destinadas a jovens que aspiram à EducaçãoSuperior decorre do sistema brasileiro de acesso àuniversidade, que se dá por meio do exame vestibu-lar, existente há várias décadas. O exame vestibularpor si só é altamente estressante. Cumpre refletirsobre o significado do termo “vestibular” na línguaportuguesa. A palavra vestibular é relativa a “vestí-bulo”, ou seja, “espaço entre a rua e a entrada de

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um edifício”; “porta principal” ou “designação ge-nérica de espaço situado à entrada de canal”. Diz-se do “exame de admissão a um curso superior,aberto aos candidatos que houveram concluído oensino médio, e designado a avaliar o preparo detais candidatos e sua aptidão intelectual”, “examevestibular” (Ferreira, 1986, p. 1771). Assim, aOrientação Profissional no Brasil desenvolveu-seprincipalmente destinada a estudantes do ensinomédio – sobretudo o privado – e de cursos prepa-ratórios para o vestibular, que aspiram ao acesso àuniversidade.

A procura de estudantes brasileiros por univer-sidades públicas é muito grande, pois além do fatoreconômico que leva a essa busca, a qualidade é re-conhecida nacional e internacionalmente. A universi-dade constitui-se em espaço de manutenção dostatus da classe média alta e, por outro lado, empossibilidade de ascensão social de pessoas da classemédia baixa que conseguem romper as barreiras ri-tualizadas do vestibular (Teixeira, 1981). Aquelescujas famílias podem custear os estudos, possuemgraus maiores de “liberdade de escolha” de uma car-reira universitária ou tecnológica. Outros precisamtrabalhar para a própria manutenção, nesses casos,os graus de “liberdade de escolha” de uma carreirauniversitária ou tecnológica diminuem, como mos-tram estudos sobre o perfil do aluno de cursos no-turnos ou de carreiras cuja relação candidato/vaga émenor. “Grau de liberdade de escolha”, maior oumenor, consiste em um conceito utilizado com muitapropriedade por Ferretti (1992). Em algumas situa-ções, em decorrência de escolhas limitadas por fa-tores educacionais e socioeconômicos, observam-seproblemas de escolha e adaptação ao curso (Almeida& Soares, 2003).

O exame vestibular tem sido realizado na gran-de maioria de universidades brasileiras nos últimos30 anos, objetivando selecionar os alunos que apre-sentam os melhores escores nas provas. Em média,nas universidades públicas (cerca de 30% de vagasda Educação Superior no Brasil), onde estão as car-reiras mais disputadas, concorrem em média 10 can-didatos para cada vaga disponível. Isso significa quemais de 90% dos jovens são impedidos de ingressarna universidade pública a cada ano.

Em outros países, o sistema de ingresso na uni-versidade difere do sistema brasileiro. Nos EstadosUnidos da América (EUA), por exemplo, o sistemade entrada na Universidade é realizado por meio deum Exame Nacional (Scholastic Assessment Test -SAT), análise do histórico escolar do ensino secun-dário, do currículum vitae, cartas de recomenda-ção de professores e de orientadores educacionaise redações de temas determinados em cada univer-sidade. O aluno escolhe as universidades para asquais enviará toda a documentação e a universidadeseleciona com base na documentação apresentada.É comum a participação ativa dos pais nesse pro-cesso de ingresso na Universidade. A escolha dacarreira pode se dar durante o curso universitário,em um trabalho conjunto com os orientadores edu-cacionais da instituição universitária. Uma das des-vantagens em relação ao sistema brasileiro é que auniversidade não é profissionalizante. No sistemanorte-americano o aluno só se profissionaliza em umaárea específica na pós-graduação. Assim, alonga operíodo de formação e dificulta a possibilidade depessoas de baixa renda continuarem no sistema deeducação superior, permanecendo com a formaçãogenérica. Uma das vantagens desse sistema consistena valorização de um conjunto de elementos utiliza-dos para avaliar os candidatos às vagas, pois levaem consideração as atividades extracurriculares, porexemplo, atividades na comunidade, estágios, parti-cipação em times esportivos da escola, entre outras.Nesse sentido, difere consideravelmente do sistemabrasileiro que gera elevado nível de ansiedade e de-pressão em jovens que precisam definir a carreiraantes de prestar o exame vestibular, que ainda é alta-mente competitivo em carreiras de maior prestígio.

O sistema de exame vestibular no Brasil diferetambém do Bacalauréat (BAC), o sistema francês.Enquanto o referido exame é realizado na saída doensino médio e habilita o jovem a ingressar no mer-cado do trabalho ou em qualquer curso superior(para a área na qual ele foi aprovado no BAC), noBrasil o vestibular é um exame de entrada no ciclosuperior, para um determinado curso em uma uni-versidade para o qual o exame específico foi realiza-do. A aprovação no vestibular não tem nenhumsignificado para o ingresso no mundo do trabalho.

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No Brasil ,foi criado o Exame Nacional de En-sino Médio (ENEM), que tem as mesmas caracte-rísticas do BAC, cuja nota pode ser utilizada comoum dos critérios para acesso ao ensino superior. Al-gumas universidades oferecem 20% a 30% de suasvagas para os alunos aprovados no ENEM. Outrasuniversidades utilizam as notas no ENEM como umcritério de avaliação, adicionando pontos à nota dovestibular. Há universidades que ainda dispõem deprocessos seletivos de admissão.

O exame de acesso tipo vestibular está em pau-ta na sociedade brasileira. Governo, legisladores esociedade civil discutem o sistema de cotas para alu-nos provenientes do ensino médio público, afrodes-cendentes e índios. Implantado ou em implantaçãoem algumas Universidades Federais, Estaduais eMunicipais, o sistema de cotas tem gerado polêmicana mídia, na comunidade e nos meios acadêmicos.Há opiniões fortemente favoráveis que defendem aestratégia como sendo uma ação afirmativa, portan-to, de política compensatória, que visa a inclusãosocial de parcelas da sociedade brasileira historica-mente excluídas. Para Ianni (2004), a definição e aobrigação de cotas para negros aparecem num pri-meiro momento como conquistas sociais do movi-mento negro, mas também podem ser vistas comoconcessões dos donos do poder.

“Numa primeira avaliação, o estabeleci-mento de cotas aparece como conquistapositiva; mas, simultaneamente, é a reite-ração de uma sociedade injusta, fundadano preconceito. Ela é tão evidentementefundada no preconceito que é preciso esta-belecer espaços bem determinados e limi-tados para que eles tenham a possibilidadede participação” (Ianni, 2004, p. 16).

Há, ainda, posições que defendem a implemen-tação de ações corretivas para sanar a situação dedesigualdade adotando políticas públicas compensa-tórias de ação afirmativa.

Pena e Bortolini (2004) contribuem para o de-bate discutindo se a genética contribui para definirquem pode beneficiar-se das cotas universitárias edemais ações afirmativas. Os autores lembram que

“apenas 5% de variação genômica huma-na ocorre entre as chamadas ‘raças’. Ade-

mais, somente 0,01% do genoma humanovaria entre dois indivíduos. Em outras pa-lavras, toda a discussão racial gravita emtorno de 0,0005% do genoma humano! Poroutro lado, mesmo não tendo o conceitode raças pertinência biológica alguma, elecontinua a ser utilizado, qua construçãosocial e cultural, como um instrumento deexclusão e opressão. Independentementedos clamores da genética moderna de quea cor do indivíduo é estabelecida por ape-nas um punhado de genes totalmente des-providos de influência sobre a inteligência,talento artístico ou habilidades sociais, apigmentação da pele ainda parece ser umelemento predominante da avaliação socialdo indivíduo e talvez a principal fonte de pre-conceito” (Pena & Bortolini, 2004, p. 46).

Portanto, raças humanas não existem do pontode vista genético ou biológico; desigualdades raciaissão produtos de circunstâncias sociais, históricas econtemporâneas e de conjunturas econômicas, edu-cacionais e políticas.

“A definição sobre quem deve se benefi-ciar das cotas universitárias e das açõesafirmativas no Brasil deverá ser resolvidana esfera política, levando em conta a his-tória do país, o sofrimento de seus váriossegmentos e análises de custo e benefício”(Pena & Bortolini, 2004, p. 47).

Atualmente, apenas 9% dos jovens brasileirosentre 18 e 24 anos está cursando o ensino superior,enquanto na Argentina são 32%, nos Estados Uni-dos 50% e no Canadá 62%. Em um cenário queexige mudança, está em discussão, em sua versãopreliminar, o Anteprojeto de Lei para a EducaçãoSuperior (Brasil, 2004). O referido Anteprojetobaseia-se na concepção de universidade como umprojeto de nação e inicia a construção de marcosregulatórios para o ensino superior nos setores esta-tal e privado. Outros pontos da reforma universitáriamerecem destaque: um sistema de proteção aos alu-nos de baixa renda, que reserva 50% das vagas dasinstituições federais para alunos de escolas públicas,com prioridade para índios e negros, e o primeiroemprego acadêmico. Centra-se em quatro caracte-

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rísticas: refinanciamento, expansão, qualidade e re-gulamentação das instituições públicas e privadas.Define como uma meta alcançar o percentual de 40%de vagas no Ensino Superior até 2011, para assimgarantir a igualdade de oportunidades educacionaise a aplicação de políticas e ações afirmativas comvista à inclusão social. No bojo da implementaçãode políticas públicas está sendo desenvolvido umprograma de concessão de bolsas de estudos inte-grais e parciais para cursos de graduação e seqüen-ciais de formação específica em instituições de EnsinoSuperior com ou sem fins lucrativos – o ProgramaUniversidade para Todos (ProUni). Ele é destinadoa estudantes de baixa renda que tenham participadodo ENEM e com renda familiar per capita de atétrês salários mínimos (www.mec.gov.br/prouni). Parao exercício de 2005, 116 mil vagas foram abertas.Trata-se de uma conquista da comunidade, repre-sentada pelo Movimento dos Sem Universidade(MSU), e de uma resposta do Governo com umamedida compensatória de ação afirmativa.

A Orientação Profissional realizada no Brasilcircunstanciou-se, principalmente, no atendimento dejovens do ensino médio, desenvolvendo temas comoescolha (graus de liberdade, influências), autoconhe-cimento, informação sobre as profissões e vestibu-lar, entre outros emergentes. Atualmente, a questãodo sistema de cotas também emerge como mais umavariável para aumentar a ansiedade em quem julgaque poderá ter prejuízo com tal medida. Contudo,cria esperanças e gera possibilidades para inúmeraspessoas cujo sonho da carreira universitária era pra-ticamente impossível de ser vivido. Sistemas de co-tas e de bolsas de estudos consistem em temasrelevantes e atuais, na ordem do dia, pois objetivamo acesso mais democrático à universidade. A edu-cação é um bem público e cabe ao Estado exercersua função reguladora, preservar a qualidade e pro-mover a inclusão social.

O cenário atual é de mudanças, por isso é pre-ciso informações fidedignas sobre os projetos de leie a compreensão do significado das ações afirmati-vas, a fim de subsidiar o mais amplo debate na so-ciedade, com as pessoas de diferentes faixas etáriase classes sociais. O Orientador Profissional não podeausentar-se desses debates e deixar de avaliar as pos-

síveis conseqüências das mudanças na vida de jo-vens e adultos.

Adultos em definição de carreira ou processo dereopção

A procura de atendimento em Orientação Pro-fissional por parte de adultos tem-se acentuado noBrasil na última década. Acredita-se que em decor-rência da situação de instabilidade no trabalho, em-prego precário e desemprego. São pessoas emprocesso de planejamento de carreira, reorientaçãoe redefinição do projeto de vida, algumas delas apo-sentadas ou em processo de aposentadoria. Muitasvezes, são pessoas que apresentam questões psico-lógicas que acentuam as dificuldades de resoluçãoda escolha da carreira, inserção e permanência notrabalho. Tais pessoas apresentam dificuldades noreconhecimento (consciente ou inconsciente) da ne-cessidade de ajuda psicológica, entretanto, se per-mitem buscar auxílio de orientadores profissionais.Nesses casos, a intervenção em Orientação Profis-sional tem uma convergência importante com o pa-radigma clínico, uma vez que o aconselhamento nãoconsiste em prática difundida entre os psicólogosbrasileiros. No Brasil tenta-se diferenciar Orienta-ção Profissional de Psicoterapia, embora seja con-senso entre os profissionais que em inúmerassituações atuam na interface entre uma intervençãofocal, no caso, a tomada de decisão sobre estudose/ou trabalho, e um atendimento psicológico que re-quer atenção a sentimentos, emoções e vínculos in-terpessoais.

A questão do limiar entre aconselhamento pes-soal e profissional, conceitos internacionalmente uti-lizados, é complexa. Diversos estudos apontam quediferenciar aconselhamento profissional de aconse-lhamento pessoal consiste em uma posição simplistademais e que tal dicotomia pode existir nas per-cepções de educadores e alunos, mas na prática,ela desaparece (Fouad, 1994). No Brasil, Magalhães(1999), por exemplo, questiona sobre a fronteiraentre orientação vocacional/ocupacional e psicote-rapia, e argumenta com base em Super (1993) que

“os melhores profissionais de aconselha-mento são aqueles que transitam o foco detrabalho com o cliente, atendendo as ne-

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cessidades deste; ou seja, o orientador écapaz de ajudá-lo a lidar com quaisquercombinações de problemas evolutivos pre-sentes e de ajustamento que apresente”(Magalhães, 1999, p. 174).

Para Carvalho (1995), a Orientação Profissio-nal tem sido a porta de entrada dos atendimentospsicológicos em Clínicas-Escola. Outros autoresconsideram a Orientação Vocacional/ Ocupacionalcomo um atendimento que pode ser definido comoPsicoterapia Breve Focal (Levenfus, 1997), e quese caracteriza pela técnica e não pelo tempo deduração. A técnica, nesse caso, é baseada na tría-de: atividade, planejamento e foco. O foco na Orien-tação Profissional é o trabalho, via inserção imediataou por meio de estudos profissionalizantes em dife-rentes níveis.

Muitos adultos procuram ajuda e são atendi-dos em Clínicas-Escola ou Serviços de ExtensãoUniversitária oferecidos por cursos de Psicolo-gia, em consultórios psicológicos privados e insti-tuições que atuam no campo da assessoria,consultoria e colocação em emprego – tanto emagências públicas quanto privadas. A demanda porOrientação Profissional, portanto, existe e é cres-cente. Acredita-se que tal procura seja decorren-te das acentuadas transformações no mundo dotrabalho, como registrado anteriormente, mas tam-bém, devido a mudanças nos paradigmas que sus-tentam as práticas de intervenção pedagógicas epsicológicas. A Orientação Profissional, portan-to, como campo do conhecimento científico e prá-tico, tem como intervir em diferentes etapas datrajetória ocupacional de pessoas e grupos emcontextos específicos.

Uma das questões fundamentais nesse domí-nio tem sido a formação e a capacitação dos orien-tadores profissionais. Assim sendo, a ABOPconclamou os orientadores a escreverem sobre aformação profissionalizante e em 1999 publicouuma edição especial da Revista da ABOP. Os tra-balhos submetidos e publicados mostram a forma-ção em disciplinas e estágios oferecidos nos cursosde graduação em Psicologia, conforme descritoanteriormente, ou especializações em cursos livres.Contribuíram para essa edição sobre a formação

do orientador profissional no Brasil docentes e pes-quisadores como: Soares (1999), Soares & Kra-wulski (1999), Lima (1999), Lisboa (1999),Lassance (1999a), Oliveira (1999), Sarriera (1999),Luna (1999), Barros (1999), Melo-Silva (1999a,1999b), Silva (1999), Magalhães (1999). E com aformação do orientador vocacional na Argentinacontribuíram: Müller (1999), Rascovan & Del Com-pare (1999).

Outra questão relevante refere-se à existênciade poucos serviços de orientação para atender àdemanda e até a inexistência de serviços em diver-sos municípios e regiões. A oferta dos serviços deveser concomitante a um sistema de capacitação deprofissionais de diferentes áreas para atuar em equi-pes interdisciplinares em diferentes cenários e con-textos e em processo de educação continuada.Necessidade esta apontada nos estudos descritosna próxima seção.

3. Serviços de Orientação: organização, referen-ciais teórico-metodológicos e equipe técnica

Objetivando diagnosticar a situação da Orien-tação Profissional e Informação Profissional no Bra-sil, Pimenta & Kawashita (1986) sistematizaramdados sobre 34 instituições de diferentes regiõesbrasileiras. Os autores concluíram que existiam ins-tituições de natureza: (1) assistencial: destinadas àclientela heterogênea e de baixa renda; (2) de for-mação escolar: voltadas para a assistência ao alu-no do ensino fundamental, médio e educação dejovens e adultos (que não tiveram acesso aos estu-dos na idade própria), visando ao prosseguimentonos estudos e/ou a uma profissão; (3) de formaçãoprofissional: destinadas à clientela que busca quali-ficação profissional; (4) intermediação de empre-go: que visam à informação profissional parapessoas acima de 14 anos que procuram emprego.Observou-se que os objetivos dos programas eramimprecisos, difusos e pouco operacionalizados.Quanto ao conteúdo, os autores destacaram a con-cepção fragmentada da relação homem-trabalho.As questões relativas aos condicionantes da esco-lha, quando tratadas, o eram de forma genérica emuitas vezes distorcida. Atuavam nos programas

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trabalhadores com diferentes formações, por exem-plo, pedagogos com habilitação em orientação edu-cacional, instrutores, monitores, psicólogos,assistentes sociais, sociólogos, administradores,economistas, comunicólogos e estagiários de dife-rentes carreiras. A atuação não era em complemen-taridade, como seria desejável. Além disso,observavam-se profissionais de níveis diversifica-dos, muitos sem formação em educação ou aconse-lhamento de carreira, sugerindo certo “amadorismo”nas práticas. O estudo revelou que os serviços, nadécada de 1980, consistiam em programas assis-tenciais ou de formação profissionalizante e que osprofissionais que atuavam não possuíam formaçãoespecializada na área da orientação.

Um estudo sobre serviços de orientação, ca-pacitação e colocação profissional foi desenvolvi-do em uma cidade de porte médio do Estado deSão Paulo (Melo-Silva & Dias, 1996,1997), re-sultando em um guia. Foram investigadas 37 insti-tuições que atuavam no campo da OrientaçãoProfissional e preparação para o trabalho, em pro-gramas públicos, centros de serviços e instituiçõeseducacionais, sociais e profissionalizantes, commaior abrangência no município no período de 1993a 1996. Os serviços foram categorizados em seissubconjuntos: orientação profissional, formaçãoprofissional, ensino profissionalizante, reabilitaçãoe colocação profissional. São serviços que atuamno campo da orientação para e/ou pelo trabalho,no entanto, verifica-se a inexistência de uma redearticulada e integrada, o que dificulta o atendimen-to universal, a realização de encaminhamentos e aanálise da demanda e a avaliação da qualidade dasintervenções desenvolvidas.

Objetivando sistematizar dados sobre serviçosclaramente denominados de Orientação Profissio-nal, treze programas foram analisados por Melo-Silva& Jacquemin (2001). O critério de seleção de taisserviços consistiu na existência de publicações. Oitodeles são oferecidos em universidades por meio decursos de Psicologia, os demais são oferecidos emescolas e consultórios privados e destinados princi-palmente a alunos do ensino médio de escolas pri-vadas e, em número menor, alunos de escolaspúblicas. Na maioria deles a intervenção é baseada

em referenciais psicodinâmicos, com forte influênciados argentinos Rodolfo Bohoslavsky e Enrique Pi-chon-Rivière. Muitos serviços são fundamentadosnas teorias cognitivo-evolutivas de Donald Super eno modelo de ativação do desenvolvimento voca-cional Denis Pelletier.

Em relação à intervenção, cumpre destacar apolêmica sobre o uso, ou não, de técnicas de ava-liação psicológica no contexto da orientação educa-cional e vocacional, no Brasil. As técnicas de avaliaçãopsicológica, e entre elas as de diagnóstico vocacio-nal, sofreram críticas devido à ausência de padroni-zação dos instrumentos para a realidade brasileira, àfalta de estudos sistemáticos de parâmetros e ao usoinadequado dos testes (Draime & Jacquemin, 1989).Em decorrência dessas críticas às teorias psicome-tristas, muitos orientadores deixaram de considerara importância de uma boa avaliação. As críticas fo-ram e são pertinentes, no sentido de alertar para opsicologismo que predominou em muitas práticasde Orientação Profissional.

Bohoslavsky (1971/1991), psicólogo argentino,já havia destacado com muita propriedade as des-vantagens da intervenção fundamentada exclusivamen-te na modalidade estatística, em contraste com amodalidade clínica. Na primeira modalidade – esta-tística – o adolescente é visto como elemento passivono processo de orientação, numa perspectiva inatistadas aptidões, que pressupõe uma relação estável epermanente entre características pessoais em traços efatores e as características exigidas para o desempe-nho de uma ocupação. O psicólogo é o elemento ati-vo nessa estratégia, quem descortina ao orientandoseus interesses e oferece as opções. Em contraparti-da, Bohoslavsky aborda a modalidade clínica, no ou-tro extremo do continuum, na qual o adolescente évisto como parte ativa no seu processo, conhecedorde seus interesses e capaz de fazer escolhas desdeque possa trabalhar as ansiedades recorrentes. Trataa escolha como processo temporal, isto é, pressupõemutabilidade do indivíduo e do mercado de trabalhoe que carreiras admitem potencialidades que podemser desenvolvidas. Na modalidade clínica, o psicólo-go desempenha o papel de facilitador.

“Consideramos ilusória a suposição deque sempre se pode prescindir de instru-

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mentos psicométricos ou projetivos na ela-boração de diagnóstico em orientaçãovocacional” (Bohoslavsky, 1991, p. 112).

Assim testes podem ser utilizados desde quese conheçam seus fundamentos teóricos e sua ca-racterística de validade e fidedignidade.

A despeito da grande contribuição de Bohosla-vsky sobre o uso adequado de testes, mesmo emmodalidades clínicas de intervenção, inúmeras práti-cas foram e são desenvolvidas, no Brasil, sem a uti-lização de instrumentos qualificados de avaliação,educativa ou psicológica e do método de interven-ção. Cumpre destacar a importância da avaliaçãoem processos de Orientação Profissional. Comoaponta Savickas (2004), é a avaliação vocacionalque proporciona aos psicólogos dados mais objeti-vos sobre a dinâmica dos clientes e seus problemas.

“A avaliação da pessoa centra-se nos tra-ços e características, tais como aptidões einteresses, que podem ser utilizados paradescrever um indivíduo e para o compararcom as outras pessoas. A avaliação do pro-blema centra-se nas preocupações de car-reira tais como as tomadas de decisãovocacional e lidar com as tarefas de de-senvolvimento” (Savickas, 2004, p. 21).

Realizar diagnóstico consiste em uma das com-petências especializadas do orientador, conformedocumento aprovado pela Assembléia Geral daAIOSP em 2001, que pode ser requerida dependodo contexto, dos clientes e da formação do orienta-dor. Em determinadas situações é preciso proceder à

“análise das características e das necessi-dades dos indivíduos ou grupos para osquais o programa é dirigido, e também doscontextos nos quais elas estão inseridas,incluindo todos os agentes envolvidos. Oobjetivo é integrar e avaliar dados de in-ventários, testes, entrevistas, escalas e ou-tras técnicas que medem capacidades,aptidões, percepção de barreiras, papéisde vida, interesses, personalidade, valores,atitudes, realizações educacionais e habili-dades de um indivíduo, bem como outrasinformações relevantes. Essa especializa-ção inclui as competências relacionadas,

porém distintas da interpretação de testes,isto é, explicar para o cliente os resultadosde uma avaliação e suas implicações”(www.iaevg.org) (www.uned.es/aeop).

É mais recente no país a existência de instru-mentos de diagnóstico desenvolvidos no contextobrasileiro para o âmbito da Orientação Profissional.Um exemplo consiste na Escala para a Maturidadeda Escolha Profissional (EMEP) de Neiva (1999).O Teste de Fotos de Profissões (Berufsbilder Test- BBT-Br) de Martin Achtnich (1991), um instru-mento de diagnóstico de interesses, foi padronizadopara o contexto brasileiro (Jacquemin, 2000) na ver-são masculina e a versão feminina estará disponívelem 2005. Ambos foram aprovados pelo Sistema deAvaliação Psicológica do Conselho Federal de Psi-cologia (SATEPSI), que regulamenta o uso de ins-trumentos psicólogicos no país. Estudos estão sendodesenvolvidos com estes e outros instrumentos deavaliação psicológica.

No contexto brasileiro, a Orientação Profissio-nal é compreendida como a ajuda para a tomada dedecisão em momentos específicos, tais como: a pas-sagem de um ciclo educativo a outro; a transiçãodos estudos ao mundo do trabalho; mudança de ocu-pação ou emprego ou preparação e adaptação paraa aposentadoria. A intervenção ocorre, portanto, emmomentos críticos da trajetória profissional de pes-soas e grupos.

O atendimento público e gratuito normalmentetem sido oferecido por Clínicas-Escola de cursos dePsicologia, objetivando o desenvolvimento das com-petências centrais do orientador/psicólogo e as com-petências especializadas requeridas para a realizaçãode diagnóstico, entrevista clínica e aconselhamento,orientação educativa e profissional. Assim, os modelosde intervenção foram e são predominantemente funda-mentados em teorias psicológicas de escolha da carrei-ra. Assim, grandes pensadores como Freud, Rogers eMoreno influenciaram o desenvolvimento da Psicolo-gia e, conseqüentemente, da Orientação Profissionalno Brasil, na segunda metade do século passado.

Os modelos de intervenção implementados fo-ram e são, também, influenciados pela estratégia clí-nica de Bohoslavsky, fundamentada na psicanálisefreudiana e kleiniana. Para o referido autor

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“a estratégia clínica pode ser aplicada parase conhecer, investigar, compreender, mo-dificar o comportamento dos seres huma-nos, agindo tanto no âmbito psicossocial(individual) como sociodinâmico (grupal),institucional ou comunitário” (Bohoslavsky,1991, p. 37).

O caráter ideológico da orientação destinada àselites foi criticado pelo próprio autor em outra publi-cação de 1975 traduzida para a língua portuguesaem 1983.

A maioria dos profissionais tem realizado inter-venção na modalidade individual ou em pequenosgrupos e centrada na escolha como um ato do indi-víduo, considerando as influências sociais e econô-micas. No âmbito das teorias de escolha, ascognitivo-evolutivas de Donald Super e Denis Pel-letier, foram e ainda são de grande influência nos pro-gramas implementados.

Críticas às teorias psicológicas foram formula-das desde 1980, no Brasil, por educadores, entreeles: Pimenta (1981); Bock (1986, 1995, 2001) eFerretti, (1992) por seu caráter ideológico que, navisão dos críticos, naturaliza as desigualdades so-ciais levando os jovens a se sentirem responsáveispelo fato de não conseguirem ingressar na universi-dade. Para os referidos autores, as teorias psicoló-gicas não esgotam o problema da escolha. Bock(1986, 2001) propõe o referencial sócio-históricocomo a única alternativa ao modelo denominado “tra-dicional”. Ferretti (1988), por sua vez, destaca quepara a maioria da população economicamente ativa a“opção” é trabalho, pois os graus de liberdade de es-colha são menores, uma vez que um grande contin-gente de trabalhadores necessita de inserção maisimediata no trabalho. Em 1992, Ferretti contribuisignificativamente com o avanço nas práticas do orien-tador ao publicar uma nova proposta de orientaçãoprofissional para escolas, com ênfase na discussão so-bre o significado do trabalho no modo de produçãocapitalista. Por sua vez, Lehman (1995) também ques-tionou o papel da Orientação Profissional perantenovas demandas e possibilidades de reais inovaçõesna Orientação Profissional.

Em diversas escolas de ensino médio, em ge-ral privado, os serviços de Orientação Profissio-

nal oferecidos caracterizam-se pela oferta de in-formações sobre as profissões, por meio de pa-lestras, visitas a feiras de profissões e orientaçãorealizada em grandes grupos. No âmbito escolarprivado é o psicólogo e/ou pedagogo quem reali-za tal orientação.

Nas últimas décadas, é o psicólogo quem estáatuando mais em Orientação Profissional. Comoesse profissional raramente é contratado para atuarem escolas públicas, acredita-se ser essa uma dasdificuldades para a implementação da OrientaçãoVocacional e Profissional na rede educacional pú-blica. E quando há psicólogo escolar ou orientadorprofissional contratado, a comunidade escolar criaexpectativas de uma atuação no modelo clínico pararesolução de problemas emergenciais relativos adificuldades de aprendizagem, problemas compor-tamentais e até questões de natureza sexual ou so-cioeconômica. Com tantos problemas escolares, emum cenário de ausência de equipe interdisciplinar, aatividade de Orientação Profissional, que é relevan-te em termos de promoção da saúde e educaçãode qualidade, acaba recebendo tratamento secun-dário. Sabe-se que algumas Prefeituras Municipaisestão admitindo Psicólogos para intervir em orienta-ção profissional, escolar e sexual, através da criaçãode cargos para psicólogos em Programas específi-cos ou em Secretarias da Educação. Algumas fon-tes específicas de recursos têm sido utilizadas paraa contratação de pessoal, entretanto são iniciativaspontuais e sujeitas a interrupção nas mudanças degovernos. Uma das fontes de recursos tem sido oFundo de Manutenção e Desenvolvimento do En-sino Fundamental e Valorização do Magistério(FUNDEF), de existência transitória (1996-2006).O Programa de Educação do atual Governo Brasi-leiro prevê a criação de um novo fundo mais amploe de maior alcance, na configuração de um Fundode Manutenção e Desenvolvimento da EducaçãoBásica e de Valorização dos Profissionais da Edu-cação (FUNDEB). O FUNDEB vai além do ensi-no fundamental, para abranger todos os níveis deensino da educação básica (educação infantil, en-sino fundamental e ensino médio) e está sendo pro-posto como parte das disposições constitucionaispermanentes (Callegari, 2004). A inserção do psi-

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cólogo, especialista em orientação profissional nosistema de educação poderá ser via FUNDEB, comprofissionais de outras áreas, cada qual atuandoem suas competências como membros de equipesinterdisciplinares e multidisciplinares.

Os eixos temáticos abordados nos atendimen-tos em Orientação Profissional, em clínicas ou esco-las, são, de certa forma, similares, independentementedo referencial teórico-metodológico utilizado, são:autoconhecimento e conhecimento das profissões –na maioria delas –, sendo que outros serviços inclu-em o debate sobre as questões da escolha e seuscondicionantes, além das mutações no mundo do tra-balho. Quando enfatizam a questão do trabalho, au-tores brasileiros como Ferretti (1988) e Bock (1986)são os mais citados e, nesses casos, o referencial émarxista. Outros autores brasileiros influenciam aspráticas, como Hissa & Pinheiro (1997) que utili-zam o referencial psicopedagógico, Levenfus (1997),de orientação psicodinâmica, Soares (1993) é re-ferência no uso de técnicas psicodramáticas, Lima(1999) e Melo-Silva (1999a) no referencial clínico-operativo e Lassance (1999b) no referencial cogni-tivo-evolutivo. As intervenções são realizadas,geralmente, em pequenos grupos ou individual-mente, de forma similar ao que internacionalmen-te é definido como aconselhamento. Em média, onúmero de encontros é de oito sessões, mas o nú-mero total de horas do atendimento difere. A dura-ção do processo completo varia entre nove e trintahoras. Na média o processo completo é de quinzehoras.

Observou-se inexistência de justificativas sobreo porquê do número de sessões e o total de horasde atendimento. Assim, Melo-Silva & Jacquemin(2001) publicaram um estudo no qual são avaliadosos processos e resultados da intervenção realizadacom quatro grupos de adolescentes, do sexo femini-no, de Ensino Médio. Uma das variáveis de análiseconsistiu na duração do atendimento. Os resultadosmostraram que intervenções com nove sessões emgrupo operativo, totalizando 18 horas, alcançam re-sultados no desenvolvimento da maturidade profis-sional estatisticamente comprovados. Com 15sessões (30 horas) os resultados são favoráveisquantitativa e qualitativamente. Na análise qualitati-

va realizada um ano após a intervenção, as partici-pantes dos grupos de menor duração avaliaram quehavia necessidade ainda de maior aprofundamentono autoconhecimento e as participantes dos gruposde maior duração consideraram que os temas maisimportantes foram os relativos ao autoconhecimen-to. Portanto, se a meta é desenvolver a maturidadepara a escolha da carreira, nove sessões de duashoras em grupo são suficientes. Se o objetivo é quea pessoa desenvolva o autoconceito e aprenda a to-mar decisões ao longo da vida, são necessárias maisque nove sessões.

No Brasil, assim como em diversos países, aprática de avaliação dos inputs, processos e outputs,raramente é realizada. Há poucos registros de sis-temas de avaliação das práticas instituídas e menosainda de estudos longitudinais. Melo-Silva, Bon-fim, Esbrogeo & Soares (2003), em um estudo com84 orientadores profissionais, observou que a maio-ria dos profissionais em atuação, participantes doestudo, é do sexo feminino e é de psicólogas, se-guidas de pedagogas. Se a formação universitáriadas participantes é mais recente, aumenta o núme-ro de psicólogos intervindo na área e diminui aparticipação de pedagogos. Acredita-se que tal fe-nômeno decorre das mudanças na legislação bra-sileira no que concerne à educação e às diretrizescurriculares para os cursos de pedagogia. Os cur-sos mais recentes visam à preparação do profes-sor da educação básica.

A partir da última década do século passado, apreocupação no âmbito das escolas consiste em dis-cutir o tema trabalho e educação e as novas tecno-logias (Ferretti, Zibas, Madeira & Franco, 1994). Otema trabalho tem sido tratado como um dos con-teúdos transversais que perpassam diversas discipli-nas da grade curricular do sistema de educaçãobásica. A questão é: o educador está preparado paralidar com assuntos como trabalho, escolha da car-reira, sexualidade, religião, ética e outros?

Ainda são os cursos de Psicologia que mais ofe-recem disciplinas e estágios na área da OrientaçãoVocacional e Profissional, seguido dos cursos dePedagogia (Melo-Silva, 2003). Observa-se, portan-to, ausência de regulamentação ou de definição decritérios de qualificação do orientador na realidade

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brasileira. Cabe à Assembléia Geral da ABOP pro-por critérios, tendo como parâmetro as competên-cias internacionais aprovadas pela AIOSP. Dentreas competências especializadas, encontra-se a deadministrar informações, ou seja, coletar, organi-zar, manter e disseminar informações pertinentes àeducação, capacitação, ocupações e oportunidadesde emprego, a fim de preparar os clientes para o usoefetivo das mesmas (www.iaevg.org) (www.uned.es/aeop).

Nesse sentido, especialistas em Orientação Pro-fissional ou em Ciência da Informação provêm ser-viços on-line. Atualmente, em sintonia com as novastecnologias, existem inúmeros sites, de qualidadevariada e questionável, que dispõem de serviços deinformação e orientação profissional via Internet. Osserviços on-line de qualidade, em geral, estão sedia-dos em universidades e são vinculados a projetos depesquisa e programas de Pós-Graduação. Por exem-plo, os serviços realizados em Santa Catarina, noLaboratório de Informação e Orientação Profissio-nal (LIOP), site: www.liop.ufsc.br, da UniversidadeFederal de Santa Catarina (UFSC) e no site Qual-profissao- www.qualprofissao.com.br. Estes são re-alizados de acordo com as indicações do ConselhoFederal de Psicologia e objetivam avaliar a possibi-lidades de realização desse tipo de serviço on-line(Terêncio e Soares, 2003, Nogueira e Soares 2004).Há pesquisas realizadas no Programa de Pós-Gra-duação em Psicologia da UFSC e financiadas peloConselho Nacional de Pesquisa (CNPq). A Pontifí-cia Universidade Católica (PUC-SP), por meio daCogeae e do NPPI da Clínica Psicológica, ofereceum programa de orientação profissional on-line,destinado a grupos fechados. O site é: http://cogeae.dialdata.com.br/index2.php?ABREPAG=op&campopag=inicio.

É principalmente nas universidades que se efeti-vam a produção e difusão do conhecimento no campoda Orientação Profissional, por meio de núcleos depesquisa e oferta de serviços de extensão ofereci-dos à comunidade. Constituem destaques no cená-rio nacional: o Laboratório de Estudos sobre oTrabalho e Orientação Profissional (LABOR) do Ins-tituto de Psicologia da Universidade de São Paulo(USP- SP), que edita a revista Labor. O primeiro

curso de Psicologia no Brasil foi criado na USP-SPem 1958. No referido curso, a disciplina OrientaçãoProfissional foi de início desmembrada da Seleçãode Pessoal e um estágio em grupo foi implementadopor Maria Margarida M. Y. Carvalho. Constituemdestaques ainda: o Centro de Avaliação Psicológica,Seleção e Orientação Profissional (CAP-SOP), daUniversidade Federal do Rio Grande do Sul, emPorto Alegre - RS; o Laboratório de Informação eOrientação Profissional (LIOP), da UniversidadeFederal de Santa Catarina, em Florianópolis - SC; oCentro de Pesquisa em Psicodiagnóstico (CPP) e oServiço de Orientação Profissional (SOP) da Fa-culdade de Filosofia, Ciências e Letras de RibeirãoPreto da Universidade de São Paulo - SP, sede daRevista Brasileira de Orientação Profissional daABOP editada em parceria com a Vetor Editora; aPontifícia Universidade Católica de Minas Gerais(PUC-MG); a Universidade Federal de Minas Ge-rais (UFMG), sede da atual Diretoria da ABOP; oNúcleo de Orientação Vocacional da UNISINOS,em São Leopoldo – RS e a Universidade Federalda Paraíba, em João Pessoa - PB. No Rio Grandedo Sul, a Federação de Estabelecimentos de EnsinoSuperior em Novo Hamburgo (FEEVALE) e a Uni-versidade de Passo Fundo também dispõem de ser-viços. No Estado de São Paulo, a UniversidadeEstadual Paulista “Julio Mesquita Filho” (UNESP),campi de Araraquara, Bauru e Marília, por exem-plo, mantém serviços: o primeiro campus, na áreada Educação e o segundo e terceiro na área da Psi-cologia. Em São Paulo e outras cidades da regiãosul e sudeste, diversos cursos livres de formação eespecialização são oferecidos.

No Brasil, em alguns cursos de Pedagogia maisantigos, a Orientação Vocacional como disciplina éparte do conteúdo da habilitação Orientação Edu-cacional e existem ainda estágios nos quais se obser-va a influência das teorias psicológicas, na práticado pedagogo. Até a década de 1960, era principal-mente o pedagogo com habilitação em orientaçãoeducacional quem desenvolvia o aconselhamentovocacional nas escolas. São raras as escolas públi-cas de ensino fundamental e médio que dispõem deServiços de Orientação Profissional. Considerandoque há uma expansão no país de oferta de cursos

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preparatórios para o vestibular – comunitários oupopulares – observa-se uma crescente demanda porOrientação Profissional para os alunos de tais cur-sos que aspiram à universidade. Além disso, há ne-cessidade de serviços de apoio psicológico eeducacional aos alunos da graduação e pós-gradua-ção, pois a criação de serviços de AconselhamentoPsicológico na educação superior é recente noBrasil (Golfeto & Jacquemin, 1993) e não atende àdemanda.

No cenário nacional como um todo, observa-se insuficiência de atendimento e desarticulação deServiços de Orientação Educacional, Vocacional eProfissional no Sistema Educacional e do Trabalho emtodos os níveis. Os próprios profissionais da orienta-ção desconhecem a quantidade de iniciativas exis-tentes, exatamente pela inacessibilidade a redes deinformações sobre projetos, serviços e programasem um país de dimensão continental. Conhecer taisexperiências é relevante, pois o orientador pode atuarna educação regular e profissional, em todos os ní-veis, e pode intervir em programas de desenvolvi-mento de carreira, colocação e geração de renda.

4. Educação Profissional, Desenvolvimento deCarreira, Colocação e Geração de Renda

Considerando a carreira como a combinação eseqüência de papéis desempenhados por uma pes-soa durante o curso de sua vida, conforme descritopor Super (1980), incluindo os papéis de estudantee trabalhador, são várias as possibilidades de inter-venção ao longo da vida. Centrar-se-á, neste item,nos papéis específicos de estudante, visando à for-mação profissional, e no de trabalhador que busca acolocação e o progresso na carreira.

No âmbito da educação brasileira, o marco legalconsiste na nova Lei de Diretrizes e Bases da Educa-ção Nacional (Lei 9394, 20/12/1996), e o decreto2208 de 17/04/1997 que regulamenta os artigos quetratam da Educação Profissional, concebida comocomplementar à formação geral, estabelecendo aeducação continuada, como forma de atualizar, es-pecializar e aperfeiçoar jovens e adultos em seus co-nhecimentos tecnológicos em seus diversos níveis:tecnológico, técnico e básico (www.mec.gov.br/semtec/educprof/intprof. Disponível em 06/07/2004).

Para Saviani (1998), a questão é que o docu-mento legal não define instâncias, competências eresponsabilidades.

“A cargo de quem estará essa educaçãoprofissional? Da União, dos Estados, dosMunicípios, das empresas, da iniciativa pri-vada indistintamente? Localiza-se aí o cha-mado sistema Confederação Nacional daIndústria (CNI), isto é, o SENAI, o SESI?E também o SENAC, SESC etc.? Para aUnião o órgão responsável será o Ministé-rio da Educação ou o Ministério do Tra-balho? Ou ambos? A lei é omissa em relaçãoa questões desse tipo” (Saviani, 1998, p.216).

Desconhecendo-se a quem cabe a responsabi-lidade pela educação profissional, cumpre questio-nar a quem cobrar. E por que apontar tal problemaneste estudo? Porque este é um dos cenários nosquais o orientador tem como contribuir, por exemplo,por meio da inserção de disciplinas na grade curri-cular ou implementação de programas de Orienta-ção Profissional e/ou aconselhamento e de Educaçãode Carreira.

Para Guichard (2001), o aconselhamento é umaprática essencialmente psicológica, enquanto aEducação de Carreira é uma prática educativa.

“O objetivo do aconselhamento é capaci-tar indivíduos a lidar com um problema queé específico a eles. Isso basicamente im-plica ajudá-los a formular suas aspirações,a descobrir caminhos para soluções e esti-mulá-los a procurar aqueles que lhes pare-cem mais apropriados. A interação dialógicaé o coração do aconselhamento”... “Oobjetivo da educação de carreira é capa-citar indivíduos (usualmente em grupo) aconstruir um modelo representativo e ade-quado para lidar com as transições que elesenfrentam não apenas escolares e vocacio-nais, mas também pessoais. Como seunome sugere é educação, ou seja, apren-dizagem organizada em uma progressãodefinida tentando alcançar objetivos pré-determinados. Esses objetivos envolvem,por exemplo, aprender a compreender oselos que podem ser estabelecidos entre in-

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divíduos e ocupações, para descobrir afunção e a organização das instituiçõesempregadoras, objetivando criar estraté-gias de tomada de decisão que sejam ra-cionais, etc. Todas estas práticas sãopedagógicas.” (Guichard, 2001, p.157).

Oferecer Educação Profissional em nosso paísé muito importante, mas é relevante também prepa-rar os futuros trabalhadores para a transição da es-cola para o mundo do trabalho. Assim, uma propostade Educação de Carreira para o contexto brasileiro,consistiria em desenvolver, ao longo de toda a for-mação, um conjunto de habilidades que instrumen-talizem o indivíduo, em qualquer nível de ensino ouformação, a gerenciar sua própria carreira, trate-sede inserção ou progresso, trate-se de conhecimentodas possibilidades de formação ou treinamento es-pecíficos, requisitos das carreiras, práticas corren-tes de recrutamento e seleção. Práticas psicológicase pedagógicas utilizadas em complementaridade con-duzem a melhores resultados, como se observa em-piricamente.

Tratando-se da colocação no trabalho, as inter-venções em Desenvolvimento de Carreira, em geral,são oferecidas em agências privadas de consultoria,assessoria e recursos humanos. Existem inúmerossites que oferecem orientação de carreira e realizamcadastros de currículos, funcionado como balcão deemprego. Por meio da internet também é possívelacompanhar a abertura de concursos para institui-ções públicas. Algumas universidades oferecem ser-viços de atendimento à comunidade, em orientaçãode carreira, por meio de atendimentos mantidos porcursos de Psicologia e Administração. São diversasas iniciativas. Entretanto, falta maior articulação en-tre elas, de tal forma que possibilite analisar as inter-venções de qualidade no âmbito do desenvolvimentode carreiras para que o usuário dos serviços possaobter informações para eleger o serviço para o qualse encaminhará.

Didaticamente pode-se afirmar que, de ummodo geral, os caminhos para o mundo do traba-lho dão-se por meio de várias vias, pelas escolasou fora delas. Por meio das escolas, a aprendiza-gem se dá no (1) Sistema regular de ensino (bási-co, técnico, tecnológico e universitário) que gira em

torno do Ministério da Educação e no (2) Sistemade preparação de mão-de-obra, denominado Sis-tema S ou CNI: o Serviço Nacional da Indústria(SENAI), o do Comércio (SENAC), o Rural (SENAR)e o do Transporte (SENAT), vinculados ao Minis-tério do Trabalho e Emprego (www.mte.gov.br/Temas/SINE. Disponível em 06/07/2004) e con-trolados pelas Confederações da Indústria, Comér-cio, Agricultura e Transporte. Fora das escolasregulares, os trabalhadores aprendem por meio decursos de rápida duração, como aprendizes na ati-vidade ou por meio de iniciativas de natureza assis-tencial, governamentais ou não governamentais.Muitos sindicatos e empresas brasileiros estão as-sumindo a função de oferecer cursos de capacita-ção de trabalhadores. Existem diferentes iniciativasespalhadas pelo país, tanto de preparação comode orientação e educação para e pelo trabalho. Taisprogramas e serviços são destinados aos traba-lhadores em geral, desempregados, pessoas por-tadoras de deficiência, idosos, jovens em busca doprimeiro emprego, cujos graus de “liberdade de es-colha” são menores. Para estes, a “opção” é traba-lho (Ferretti, 1988), como apontado anteriormente,não há liberdade de escolha, há necessidade de so-brevivência e em tempos de restrição de vagas nomercado de trabalho qualquer emprego parece serútil mesmo a custo de sofrimento e adoecimento físi-co e mental.

Em 1976, foi criada em Bauru (SP), para aten-der pessoas com deficiência, uma organização nãogovernamental com o nome de Sociedade para aReabilitação e Reintegração do Incapacitado(SORRI) e a partir dela, em 1985, surgiu o SistemaSORRI-BRASIL. Atualmente, são cinco centros noEstado de São Paulo (Bauru, Campinas, LitoralNorte, São José dos Campos e Sorocaba), um noPará e outro na Bahia.

Paralelamente aos serviços de caráter tópico elocalizado oferecidos em alguns municípios e esta-dos por meio de organizações governamentais, nãogovernamentais, universidades, sindicatos e empre-sas, existem serviços nacionais de preparação parao trabalho e colocação no emprego. Há um sistemapúblico que integra ações nos âmbitos nacional, es-tadual e municipal. Trata-se do Sistema Nacional de

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Emprego (SINE), que foi criado em 1977, visandoos trabalhadores de um modo geral. Como paísmembro da Organização Internacional do Trabalho(OIT) e, visando a atender a recomendação da Con-venção (88) sobre a organização do serviço de em-prego, o governo brasileiro criou o SINE, coordenadopelo Ministério do Trabalho e Emprego, que atual-mente objetiva implementar ações em articulaçãocomo os estados e municípios. As ações em planonacional podem ser resumidas em: seguro-desem-prego, intermediação de mão-de-obra e apoio aoPrograma de Geração de Emprego e Renda. Asações são desenvolvidas por meio de serviços eagências de colocação em emprego em todo o país(postos de atendimento). São programas e serviçosdestinados a milhares de trabalhadores que necessi-tam de inserção mais rápida na população economi-camente ativa. Tais programas podem constituir outrocenário de ações no âmbito da orientação, desen-volvimento de carreira, informação, qualificação eemprego. O tema principal nesse contexto é a ne-cessidade de sobrevivência, de conseguir um traba-lho, um emprego. Para isso são necessárias políticaspúblicas ousadas.

Para trabalhar é preciso também se qualificar.Nesse sentido, a Política Pública de Qualificação dogoverno brasileiro instituiu um Plano Plurianual - PPA2004-2007 (www.mte.gov.br/Temas/SINE. Dispo-nível em 06/07/2004), que se articula em torno detrês objetivos: (a) inclusão social e redução das de-sigualdades sociais; (b) crescimento com geração detrabalho, emprego e renda; (c) promoção e expan-são da cidadania e fortalecimento da democracia.Além disso, foi criado em 2004 a Secretaria Nacio-nal de Economia Solidária (SENAES), como frutoda mobilização e articulação do movimento da eco-nomia solidária existente no país, iniciado na décadade 80 do século passado e fortalecido nas ediçõesdo Fórum Social Mundial. A economia solidária cons-titui-se de outras formas de organização do traba-lho, decorrentes da necessidade dos trabalhadorese trabalhadoras de encontrar alternativas de gera-ção de renda. São iniciativas de Organizações NãoGovernamentais voltadas para projetos produtivoscoletivos, cooperativas populares, redes de produ-ção-consumo-comercialização, instituições finan-

ceiras voltadas para empreendimentos popularessolidários, empresas autogestionárias, cooperativasde agricultura familiar, cooperativas de prestação deserviços, entre outras.

Finalizando, surgem no Brasil, novos atores so-ciais e novos espaços institucionais no mundo do tra-balho e, conseqüentemente, possibilidades ampliadasde inserção do orientador profissional. Para tanto, épreciso desenvolver políticas públicas, implementa-ção e avaliação de programas e serviços, bem comocapacitação dos orientadores educacionais, vocacio-nais e profissionais, no âmbito da Educação, da Psi-cologia, Administração, Ciências Sociais, entre outrasáreas do conhecimento.

5. Tendências de evolução e necessidades

No contexto educacional, a tendência cada vezmais crescente tem sido a de focalizar o trabalho eas novas tecnologias. Realizam-se debates que dis-cutem as formas de flexibilização e modernização, esua coexistência com antigos modelos de produção.Questiona-se, por exemplo, se o que está ocor-rendo no Brasil e no mundo é, de fato, uma rees-truturação produtiva ou uma “desestruturação”.Como aliar competitividade e eqüidade? (Ferretti,Zibas, Madeira & Franco, 1994). Como o orienta-dor profissional pode auxiliar as pessoas a lidar coma concomitância entre as profundas mudanças nomundo do trabalho e o modelo ainda tradicional narelação homem-trabalho?

No estudo desenvolvido por Melo-Silva, Bonfim,Esbrogeo & Soares (2003), com 84 orientadores pro-fissionais brasileiros, psicólogos e pedagogos, a prin-cipal necessidade referida pelos participantes foirelativa à formação e capacitação do orientador pro-fissional para enfrentar os desafios atuais e futuros.Em seguida, foram destacadas: a necessidade de rea-lização de pesquisas, sobretudo longitudinais, e a am-pla divulgação dos resultados para os profissionais.Políticas públicas que tornem a orientação acessível aquem dela necessite foram mencionadas. Enfatizou-se também a necessidade de ampliação e universali-zação da Orientação Profissional nas escolas, visandoalém dos estudantes de ensino médio os demais níveisda educação, os trabalhadores e os desempregados.

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Como os governantes e empregadores podemjulgar que a Orientação Profissional é relevante seos próprios orientadores não mostram os resultadosde suas ações? Como mostrar a eficácia dos pro-cessos e resultados se pouca ou nenhuma avaliaçãoé realizada? No âmbito das escolas, principalmenteas públicas, (em todos os níveis), das empresas, dossindicatos, dos sistemas nacionais de emprego e eco-nomia solidária, o orientador profissional por meiode suas competências centrais e especializadas podecontribuir auxiliando estudantes, trabalhadores e fu-turos trabalhadores.

Há necessidade de formação do orientador pro-fissional no nível da graduação e da pós-graduaçãotendo em vista o desenvolvimento das competênciasinternacionais sugeridas como linhas norteadoras ouparâmetros e aprovados na Assembléia Geral daIAEVG em setembro de 2003. As competênciascentrais são necessárias a todos os profissionaisque atuam em Orientação Profissional e as especi-alizadas exigidas de acordo com o contexto e osobjetivos de programas específicos: (1) diagnósti-co; (2) orientação educacional; (3) desenvolvimentode carreira; (4) aconselhamento; (5) administraçãode informações; (6) consulta e coordenação; (7) pes-quisa e avaliação; (8) gestão de programas e servi-ços; (9) desenvolvimento comunitário e (10) colocação(www.iaevg.org) (Talavera, Liévano, Soto, Ferrer-Sama & Bryan, 2004).

Particularmente no Brasil, nenhuma carreira tec-nológica ou universitária capacita o profissional para

atuar com as competências – conjunto de conheci-mentos (saberes) enumerados anteriormente – comhabilidades (saber-fazer relacionado à prática do tra-balho, indo além da mera ação motora) e atitudes (sa-ber-ser). Tanto os cursos universitários quanto os cursosde especialização oferecidos na área da OrientaçãoProfissional, Educação e Desenvolvimento de Car-reira são insuficientes para capacitar os profissionaisem tantos saberes, o que requer equipes multidiscipli-nares e interdisciplinares (Melo-Silva, 2003) para odesenvolvimento das competências centrais e especí-ficas, visando cada contexto e cenário.

Além disso, há necessidade de políticas públi-cas de desenvolvimento da ocupação do orientadorprofissional. A ABOP, por meio de seus associados,pode liderar as discussões e propor ações nesse sen-tido, por exemplo via FUDEF/FUNDEB, SENAES,Sistema S, mencionados anteriormente, e outras ins-tituições e programas. Acredita-se que cumprindo ameta de universalização do ensino fundamental naidade própria, será possível aos governos (nos trêsníveis), progressivamente, investirem na universali-zação do ensino médio, instaurando-se assim umprocesso de contínua melhoria da educação básicanecessária para a preparação do estudante para omundo do trabalho em condições desejáveis, e emconsonância com as metas estratégicas de desen-volvimento econômico e social da nação. Nesse ce-nário, a Orientação Profissional poderá contribuircom a produção do conhecimento teórico e práticonesse domínio.

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Recebido: 15/01/051ª revisão: 19/04/05

Aceite: 29/04/05

Sobre os autoresLucy Leal Melo-Silva é professora doutora do Departamento de Psicologia e Educação da Faculdade deFilosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP). Responsávelpelas disciplinas e estágios da área da Orientação Profissional. Coordenadora do Programa Vita, do Serviçode Orientação Profissional (SOP), integrante do Centro de Pesquisas em Psicodiagnóstico (CPP), membrodo Conselho Diretor do Centro de Psicologia Aplicada (CPA), programas e órgãos da FFCLRP-USP.Membro da Associação Brasileira de Orientadores Profissionais (ABOP), da Sociedade Brasileira de Psi-

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52 Lucy Leal Melo-Silva, Maria Célia Pacheco Lassance, Dulce Helena Penna Soares

cologia (SBP) e da International Association Educational Vocacional Guidance (IAEVG). Editora daRevista Brasileira de Orientação Profissional. Doutora em Psicologia pela USP. Mestre em Educação Espe-cial pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Especialista em Reabilitação Profissional pelaFundação Educacional de Bauru (atual UNESP). Especialista em Grupo Operativo pelo Instituto de Psico-logia Social “Enrique Pichon-Rivière” de Ribeirão Preto.Maria Célia Pacheco Lassance é psicóloga, mestre em Aconselhamento Psicopedagógico pela PontifíciaUniversidade Católica do Rio Grande do Sul (Brasil) e professora adjunta do Departamento de Psicologiado desenvolvimento e da Personalidade da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Membroda equipe técnica do Centro de Avaliação, Seleção e Orientação Profissional da UFRGS. Foi presidente daAssociação Brasileira de Orientadores Profissionais (ABOP), em duas gestões: 1995-1997 e 2001-2003.Editora Associada da Revista Brasileira de Orientação Profissional.Dulce Helena Penna Soares é coordenadora do LIOP (Laboratório de Informação e Orientação Profis-sional – www.liop.ufsc.br), Professora do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-Graduaçãoem Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina. Doutora em Psicologia Clínica na França. Presi-dente da ABOP (Associação Brasileira de Orientadores Profissionais), na gestão 1997-1999. Editora Asso-ciada da Revista Brasileira de Orientação Profissional.