a organografia ou morfologia externa é a área da botânica que estuda os órgãos externos dos...

13
Síntese da primeira aula de Morfologia de Fanerógamas Discente: Rafaela Cabral Belém – PA, 2012

Upload: rafaela-da-trindade

Post on 29-Jul-2015

203 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: A organografia ou morfologia externa é a área da botânica que estuda os órgãos externos dos vegetais

Síntese da primeira aula de Morfologia de Fanerógamas

Discente: Rafaela Cabral

Belém – PA, 2012

Page 2: A organografia ou morfologia externa é a área da botânica que estuda os órgãos externos dos vegetais

A organografia ou morfologia externa é a área da botânica que estuda os órgãos externos dos vegetais, as

análises desta ciência são feitas tanto nos órgãos vegetativos, quanto nos reprodutivos. Conhecer a morfologia

externa é um dos subsídios básicos para qualquer trabalho com vegetal, já que apenas através da descrição das

estruturas vegetais é possível identificar uma planta. Atualmente na taxonomia e sistemática filogenética são

utilizados diversos métodos para identificação botânica, tais como anatômicos e moleculares, entretanto a

organografia ainda é imprescindível neste aspecto.

Morfologia externa de uma raiz

A primeira estrutura a surgir da semente em germinação é a raiz. Isto reflete as duas principais funções deste

órgão, fixação e absorção. Outras funções secundárias inerentes à raiz são condução e armazenamento.

Na maioria das plantas a raiz é um órgão subterrâneo e, portanto, não facilmente visível, crescendo em

sentido oposto ao do caule. Possui, geralmente, geotropismo positivo e fototropismo negativo, ou seja, cresce em

sentido do solo, contrário à luz.

A raiz apresenta, uma série de características como ausência de folhas e gemas, sem segmentos de nós e

entre-nós; em geral são aclorofiladas (excetos as aéreas como as das orquídeas). Apresenta coifa e pêlos

radiculares, além de um crescimento subterminal, ou seja, as células meristemáticas, que promovem o crescimento

longitudinal da raiz, estão envolvidas por mais uma camada de células, chamada coifa, que protegem contra a

transpiração excessiva e o atrito com o solo.

A raiz possui quatro regiões. A zona suberosa, também chamada de zona de ramificação, onde ocorrem as

ramificações da raiz primária; a zona pilífera ou de absorção, que tem a função de absorver água e sais e apresenta

inúmeros pelos absorventes, daí o seu nome; a zona lisa ou de alongamento, como o nome já diz, tem a função de

promover o crescimento da raiz, que é subterminal; é onde encontramos as células meristemáticas; e a coifa, também

chamada de caliptra, tem a forma de um dedal e protege contra o atrito e transpiração excessiva, sobretudo a região

meristemática na zona lisa. A região que fica entre a raiz e o caule é conhecida como colo ou coleto.

A raiz primária da planta tem origem no embrião da semente, mas há raízes que se originam, posteriormente,

de diversas partes do caule, sendo chamadas de adventícias.

- Classificação dos sistemas radiculares quanto ao hábitat

Page 3: A organografia ou morfologia externa é a área da botânica que estuda os órgãos externos dos vegetais

1. Raízes aéreas

1.1. Grampiformes: São raízes adventícias, que fixam a planta em substratos como muros, paredes ou

mesmo outras plantas.

1.2. Estranguladora ou cintura: Conhecidas como matapau, essas raízes adventícias se desenvolvem ao

redor de outra planta, que lhe serve como suporte ou substrato inicial, sufocando-a e matando-a.

1.3. Respiratórias ou pneumatóforos: São raízes adventícias, que crescem em sentido contrário, ou seja,

apresentam geotropismo negativo; elas apresentam pequenos orifícios chamados pneumatódios (lenticelas), com a

função de fornecer oxigênio às partes submersas, geralmente em plantas de mangues.

1.4. Haustórios ou sugadoras: São adventícias, apresentam órgãos de contato chamado apressórios,

dentro dos quais encontramos os haustórios, que são raízes finas que penetram em outro vegetal para parasitá-lo.

1.5. Suportes ou escoras: São adventícias partindo de diversos pontos do caule e se fixam no solo,

auxiliando na sustentação do vegetal como o milho.

1.6. Tabulares: Atingem um desenvolvimento espetacular, tomando o aspecto de enormes tábuas ou

pranchas perpendiculares ao solo, com a função de aumentar a estabilidade do vegetal, já que são, em geral, árvores

gigantescas como as figueiras.

Fonte: http://space.cinet.it/cinetclub/Emmegi/Botanica/caule.htm

2. Raízes Subterrâneas

As raízes subterrâneas são a maioria que conhecemos e, obviamente, seu habitat é sob o solo.

2.1. Raiz axial ou pivotante

Este tipo de raiz é típica de eudicotiledôneas, como a maioria das árvores, e, devido ao seu porte, precisam

de um suporte maior do que as gramíneas, por exemplo. Assim sendo, suas raízes são, em geral, axiais,

apresentando uma raiz principal bem desenvolvida, cheia de ramificações secundárias.

Page 4: A organografia ou morfologia externa é a área da botânica que estuda os órgãos externos dos vegetais

2.2. Raízes fasciculadas

Nas monocotiledôneas, a raiz primaria geralmente tem vida curta. Assim o sistema radicular da planta é

formado por raízes adventícias, as quais se formam a partir do caule. Estas raízes adventícias e suas laterais dão

origem ao sistema radicular fasciculado, neste caso nenhuma raiz é mais proeminente que a outra, possui aspecto de

“cabeleira”.

2.3. Raízes ramificadas

Nestes sistemas radiculares ocorre a presença de raiz primária e secundária, porém as secundárias se

desenvolvem mais do que as primárias.

As raízes de reserva são comuns em plantas que crescem em regiões secas ou que apresentam invernos

rigorosos, reservando água e alimento para a planta por longos períodos.

2.4. Raízes axiais tuberosas

São raízes que acumulam reservas, porém nestas a raiz principal se desenvolve mais do que as secundárias.

2.5. Raízes secundárias tuberosas

Nestes sistemas as raízes secundárias são as que se desenvolvem mais em detrimento da principal, devido

ao acúmulo de reservas.

2.6. Raízes adventícias tuberosas

São raízes que se desenvolvem a partir do caule ou das folhas e acumulam reservas.

Raízes axial, fasciculada e ramificada respectivamente.

Page 5: A organografia ou morfologia externa é a área da botânica que estuda os órgãos externos dos vegetais

2.6. Raízes aquáticas

Raízes que se formam em plantas aquáticas e destacam-se pela abundância em aerênquima, um tecido com

um grande volume de espaços internos, que auxiliam a planta na flutuação e na respiração. A exemplo as l odosas,

que são raízes fixas no substrato, nos pântanos e no fundo de rios e lagos. Exemplo: vitória-régia (Victoria amazônica

- Nymphaeaceae). E as natantes, que flutuam livremente na água, a exemplo o aguapé (Eichhornia crassipes,

Pontederiaceae).

2.7. Modificações radiculares

Algumas espécies apresentam raízes onde as modificações são mais acentuadas para atender a funções

especiais:

Gavinhas: As raízes transformam-se em estruturas de fixação semelhantes a uma mola. Enrolam-se ao tocar

em um suporte porque são sensíveis ao estímulo do contato. Exemplo: (Vanilla sp. - Orchidaceae).

Page 6: A organografia ou morfologia externa é a área da botânica que estuda os órgãos externos dos vegetais

Espinhos: Em algumas buritiranas (Arecaceae) as raízes podem transformar-se em espinhos. O espinho é

uma estrutura complexa, um órgão modificado (raiz, caule ou folha) e que, portanto, apresenta tecido de

revestimento, sustentação e até mesmo vascularização própria, enquanto o acúleo das roseiras é apenas uma

formação epidérmica.

3. Morfologia externa do caule

É um eixo que cresce em direção contrária ao solo, apresentando geotropismo negativo e fototropismo

positivo, ou seja, crescendo em direção à luz, e que se ramifica. Tem a importante função de sustentar folhas, flores,

frutos e sementes, além de conduzir substâncias alimentares, crescimento e propagação vegetativa; mas raramente

fazem a fotossíntese e reservam alimentos. Também é importante para o homem, porque é utilizado no alimento, na

indústria, comercialmente e até medicina, como o gengibre.

O caule apresenta como características mais importantes: o corpo dividido em nós e entre-nós; em geral,

presença de folhas e botões vegetativos geralmente aclorofilados (exceto os herbáceos) e aéreos (excetos bulbos,

rizomas etc.). O meristema apical do sistema caulinar é uma estrutura dinâmica que, além de adicionar células ao

corpo primário da planta, produz repetitivamente primórdios foliares e primórdios de gemas, resultando em uma

sucessão de unidades repetidas denominadas fitômeros. O caule tem origem endógena na gêmula do caulículo do

embrião da semente e exógena, nas gemas caulinares.

O caule é composto por nó que é região geralmente dilatada onde saem as folhas. Entrenó região entre dois

nós. Gema terminal no ápice, com escamas, ponto vegetativo e primórdios foliares, pode produzir ramo folioso ou flor

e promove crescimento, há gemas nuas. E gema lateral semelhante à anterior produz ramo folioso ou flor nas axilas

das folhas, muitas vezes, permanece dormente.

Fonte: Vidal e Vidal, 2003.

- Classificação dos sistemas caulinares quanto ao hábitat

3. Caules Aéreos

São os que se desenvolvem acima do solo, podendo ser eretos quando se desenvolvem perpendiculares ao

solo, ou seja, em sentido vertical (ereto); rastejantes que se desenvolvem paralelos ao solo e sobre ele; e os

trepadores, que crescem sobre outro suporte.

Page 7: A organografia ou morfologia externa é a área da botânica que estuda os órgãos externos dos vegetais

Eretos - Crescem verticalmente.

3.1.Tronco- de grande dimensão, lenhoso, resistente, ramificado. Ex: árvores e arbustos.

3.2. Haste - Herbáceo, verde, pouco lenhoso e desenvolvido, às vezes com entrenós muito curtos. Ex.: ervas

e subarbustos.

3.3. Estipe - Lenhoso, resistente, sem ramificação, com folhas no ápice. Ex.: palmeiras, mamão.

3.4. Colmo - Silicoso, com nós e entrenós bem marcados, com folhas invaginantes. Podem ser cheios como

na cana-de-açúcar, ocos ou fistuloso, como na espécie de bambu.

3.5. Escapo - O que sai do rizoma ou bulbo, afilo, não ramificado e sustenta flores na extremidade. Ex.:

Margarida.

Fonte: http://space.cinet.it/cinetclub/Emmegi/Botanica/caule.htm

Rastejantes ou Prostrados

São paralelos ao solo, incapazes de permanecer ereto, com ou sem raízes de trechos em trechos. Ex.:

Aboboreira e melancia.

Trepadores

São os que sobem em um suporte com ou sem elementos de fixação. Ex: hera, chuchu (gavinhas). São

chamados volúveis quando apenas se enroscam, sem órgãos de fixação. Ex: enrola-semana. São chamados

escandentes quando apresentam órgão de fixação como gavinhas ou raízes como verificado em videira e chuchu.

Subterrâneos

De um modo geral, os caules são aéreos, mas há os que se desenvolvem de forma diferente, como os

subterrâneos, que se desenvolvem sob o solo e apresentam alguns tipos bem distintos:

3.6. Rizoma - Caule horizontal, emitindo brotos aéreos de pontos em pontos, com nós e entrenós, gemas e

escamas como na espada-de-são-jorge e na bananeira. Nesta última planta o “caule aéreo” é um pseudocaule,

formado pelas bainhas das folhas que se originam do rizoma.

3.7. Tubérculo - Com reservas nutritivas, tem aspecto hipertrofiado, formato arredondado ou ovóide. Pode

apresentar folhas reduzidas escamiformes e gemas laterais. Verifica-se na batata-inglesa.

Page 8: A organografia ou morfologia externa é a área da botânica que estuda os órgãos externos dos vegetais

3.8. Bulbo – É um eixo cônico que constitui o caule, chamado também de prato, do qual se originam folhas

também subterrâneas. Pode se subdividir em quatro tipos: bulbo tunicado – com folhas largas e grossas, umas

recobrindo as outras mais internas, e com função de reserva, como na cebola; bulbo sólido - prato mais

desenvolvido, com reservas nutritivas, com folhas reduzidas e escamiformes, como no açafrão; bulbo escamoso -

folhas mais desenvolvidas que o prato, imbricadas, rodeando-o. Ex: lírio; e bulbo composto - um grande número de

pequenos bulbos. Ex: alho, trevo.

Fonte: http://space.cinet.it/cinetclub/Emmegi/Botanica/caule.htm

Aquáticos

São os que se desenvolvem na água. Exemplo: plantas aquáticas.

Podemos classificar o caule também quanto ao seu desenvolvimento, assim temos: as ervas, que são pouco

desenvolvidas, e de pequena consistência, como o botão-de-ouro; os subarbustos, que crescem até 1 metro de

altura, têm base lenhosa e restante herbáceo; os arbustos, com até 5 metros aproximadamente, base lenhosa, tenro

superior, sem tronco. Já as árvores atingem altura superior a 5 metros, com tronco. A parte ramificada forma copa

(parte das folhas); As lianas são os que conhecemos como cipó; trata-se de um trepador sarmentoso, com vários

metros de comprimento, como cipó-de-sãojoão.

De acordo com a ramificação que apresentam, existem os Indivisos (sem ramificação) e os Ramificados

(que são os que se ramificam).

Fonte: Esquemas modificados de Strasburger (1994).

Podemos classificar o caule quanto à consistência, encontrando caule:

Herbáceo - não lenhificado, com aspecto de erva (botão de ouro);

Page 9: A organografia ou morfologia externa é a área da botânica que estuda os órgãos externos dos vegetais

Sublenhoso - base lenhificada e ápice tenro (cristade- galo);

Lenhoso - resistente, consistente, lenhificado (árvores).

Adaptações do Caule

São modificações dos caules normais, como consequência das funções que exercem ou pela influência do

meio. Podemos observar alguns tipos:

Cladódio ou filocládio - caule carnoso, verde, achatado, lembrando folhas que estão ausentes ou

rudimentares. Ex: cactos, Homalocladium.

Gavinhas - ramos filamentosos, axilares, aptos a trepar, enrolando-se em hélice em suportes. Ex: maracujá.

Espinhos caulinares - órgãos endurecidos e pontiagudos. Ex: limão.

Fonte: space.cinet.it/cinetclub/Emmegi/Botanica/caule.htm