a multifuncionalidade do twitter sob a perspectiva da análise crítica do discurso

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  • 7/25/2019 A Multifuncionalidade Do Twitter Sob a Perspectiva Da Anlise Crtica Do Discurso

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    Linguagens e Dilogos, v. 2, n. 1, p. 1-30, 20111

    A multifuncionalidade do Twittersob a perspectiva daAnlise Crtica do Discurso: uma anlise de tweets sobre a

    profisso-perigo professor

    The Multifunctionality of Twitter under the perspective ofCritical Discourse Analysis: an analysis about the

    profession-danger teacher

    Carla Cristina de Souza1(UERJ)

    Marcela da Silva Amaral2(UERJ)

    Silvia Adlia Henrique Guimares3(UERJ)

    Resumo: Este trabalho tem como objetivo analisar os discursos sobre a profisso professor nognero digital Twitter,a fim de investigar se existem formaes ideolgicas e hegemnicas e comoelas so representadas nesse microblogging. Procuramos, assim, contribuir teoricamente com osestudos sobre a nova ferramenta digital. Para tanto, buscamos apoio terico em Fairclough (1997,2001, 2003), focando nos trs tipos de significado que correspondem aos modos de interao entrediscurso e prtica social. Considerando o Twitterum gnero, perguntamos primeiramente como ele

    pode ser identificado, e se h regras e prescries para esse gnero. Perguntamos ainda como otuiteiro negocia a sua relao com seu leitor e que imagem de si ele projeta em seu tweet. Partindo deuma notcia muito difundida na mdia sobre a agresso a uma professora em Porto Alegre,selecionamos noventa e um tweetspara a anlise. Os resultados sugerem uma crena de cristalizaoda violncia contra o professor, visto que os recortes discursivos mostraram indignao contra a ao

    do aluno, que se contradiz ao longo dos tweets: o que propicia fomentao de reflexes sobre o tema.Ademais, o twitter revela-se um gnero que incorpora uma mescla de outros gneros, como a notciae a propaganda, e que, na assertividade dos comentrios, incorpora e reproduz valores ideolgicostambm difundidos nesses gneros, o que convida para o prosseguimento de estudos dos temas.

    Palavras-chave: Anlise Crtica do Discurso; Violncia contra o professor; Twitter.

    Abstract:The goal of this paper is to analyze the discourses about the teachers profession in thedigital genre Twitter, in order to investigate whether there are ideological and hegemonic formationsand how they are represented in this microblogging. For this purpose, we are seeking to contributewith theoretical studies on the new digital tool. To this end, we seek theoretical support in Fairclough(1997, 2001, 2003), focusing on three kinds of meaning that correspond to the modes of interaction

    between discourse and social practice. Considering Twitter as a genre, we asked ourselves firstly howit can be identified, and if there are rules and prescriptions to this genre. We also asked how twitterernegotiates his/her relationship with his/her reader and what image he/she projects in his/her tweet.From broadcasting news in the media about the attack on a teacher in Porto Alegre, we selectedninety-one tweets to analyze. The overall outcomes suggest a crystallization of violence against theteacher, since the discursive cuttingsexpressed outrage against the students action, who contradictshimself over the tweets, which provides fostering reflections on the theme. Furthermore, twitter

    proves to be a genre which incorporates a mix of other genres, such as the news and the ads, and inthe assertiveness of the comments, it also incorporates and reproduces ideological values which arewidespread in those genres that call for a continuation of studies of the themes.

    Keywords:Critical Discourse Analysis; Violence against the teacher; Twitter.

    1

    [email protected]@gmail.com

    [email protected]

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    1. Introduo

    Este trabalho nasceu de outras trs pesquisas independentes, que se entrecruzam pela

    busca dos aspectos identitrios na construo do discurso. Uma concentra-se na anlise do

    Twitter enquanto ferramenta digital e sua genericidade; outra, na proposio de novas

    ferramentas pedaggicas a partir da multimodalidade; e a terceira, na anlise do discurso do

    professor-orientador4. Assim, as reas redes sociais e prtica pedaggica somaram nossos

    interesses, redundando na presente proposta.

    Alm disso, interessou-nos a busca pela aplicao do referencial terico e pela

    experimentao das categorias analticas da Anlise Crtica do Discurso (ACD). Isto

    contribuiu no apenas para o objetivo inicial de estudar o gnero digital twitter e a

    identificao de seus usurios, mas tambm para localizar confirmaes e/ou possveis

    controvrsias tericas, ao contrastarmos teoria e prtica, resultando em uma atualizao do

    aporte terico - conforme sugere Alvez-Mazzotti (2006, p 30).

    Para cumprir nosso objetivo, selecionamos noventa e um tweets que abordassem o

    tema agresso contra o professor. Isto a partir de duas perspectivas: a) a notcia veiculada

    pelos meios tradicionais, como TV, rdio, e at mesmo os gneros virtuais mais estveise-

    mails, jornais on-line etc. sobre a agresso contra uma professora no Sul do Brasil; b) o

    Twitter como meio de veiculao de saberes compartilhados e representaes identitrias,

    como gnero5 em mutao e no mais como gnero que revela o estado de esprito do

    tuiteiro6.

    O Twitter uma rede social e um servio de microbloggingem que usurios publicam

    e trocam mensagens de at cento e quarenta caracteres (tamanho mdio de uma mensagem de

    celular). Inicialmente, os usurios do Twitter se limitavam a registros do cotidiano ou

    descries de estado de esprito, como no exemplo criado: acordei irritado hoje.Apesar de

    esse estilo permanecer, bastante comum os usurios trocarem ideias entre si, expressaropinies sobre diversos temas, divulgar notcias da cidade, propagandas, falar sobre seus

    prprios interesses e atividades, contar histrias etc.

    4Optamos por no identificar os pesquisadores nesta nota de rodap para cumprir a exigncia do anonimato.Identificaremos os pesquisadores aps parecer final.5 No desconsideramos a polmica que ainda limita a constituio desses meios como gneros, j que hdefensores, como Marcuschi (2002, 2005), de que os mesmos sejam aporte. Optamos por nome-los gnero pelautilizao mais corrente que temos encontrado .6

    Os termos/expresses tuite, tuiteiro, retuitar, dar uma retuitada so amplamente difundidos pelos usurios dessaferramenta digital. Consideramos assim a sua aportuguesao, como em deletar, e poderemos utilizar essasexpresses em seu modo usual ao longo deste trabalho.

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    No presente trabalho, buscamos avaliar as representaes ideolgicas dos tweets que

    faziam referncia ao caso da professora agredida por um aluno adulto em uma escola

    particular no Rio Grande do Sul, no final de 2010. Focando os trs tipos de significado que

    correspondem aos modos de interao entre discurso e prtica social, e considerando o twitter

    um gnero, delimitamos a abrangncia e as possibilidades do tema e perguntamos como este

    gnero pode ser formalmente identificado enquanto tal. Perguntamos ainda como o tuiteiro

    negocia a sua relao com seu leitor e que imagem de si ele projeta em seus tweets.

    Para cumprimento do propsito comunicativo de um artigo, organizamos este texto em

    quatro partes, a partir da apresentao: uma reviso terica dos principais conceitos

    relacionados ACD e que pudessem atender satisfatoriamente aos achados do corpus. Isso

    levou-nos a focar nos trs tipos de significado que correspondem aos modos de interao

    entre discurso e prtica social de Fairclough (1997, 2001, 2003): os significados acional,

    identificacional e representacional. A segunda parte do artigo composta pelos referenciais

    metodolgicos de uma pesquisa interpretativa; a terceira mostra as anlises e interpretaes

    possveis dos dados, tambm decorrentes dos significados mencionados anteriormente,

    gerando a quarta e ltima parte do trabalho: as consideraes finais.

    Os principais achados desta pesquisa sugerem a) a ACD enquanto um referencial

    satisfatrio, j que abarca o dilogo entre as relaes sociais tanto de nvel micro quanto de

    nvel macro, e tambm como essas relaes e representaes identitrias/ideolgicas esto

    representadas no texto; b) o gnero Twitter, se confirmado como um gnero, revela-se um

    gnero hbrido, que acopla em si mais do que apenas as formas dos gneros que a ele se soma,

    mas tambm as representaes ideolgicas desses gneros a ele acoplados.

    Conscientes de que esta uma pesquisa ainda incipiente, salientamos que outros

    estudos sero realizados sobre este tema, e com a experimentao de outros referenciais

    terico-metodolgicos. Provocamos tambm nossos pares ampliao do tema, dada a

    relevncia social do mesmo, aplicvel a prticas sociais diversas.

    2. Aporte terico

    Hoje j consenso que a linguagem tem papel central na modernidade, refletindo e

    construindo relaes de poder e hegemonia. Nesse quadro, a Anlise Crtica do Discurso,

    doravante ACD, configura-se como um campo de estudos desenvolvido por pesquisadores

    interessados em descrever e explicar tal envolvimento da linguagem no funcionamento dasociedade atual.

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    Direcionada ao estudo das dimenses discursivas da mudana social, a ACD

    apresenta uma concepo de linguagem e suporte de anlise para a investigao dos modos

    como a relao discurso/sociedade se concretiza na prtica social. Assim, para trabalhar com

    o discurso, Fairclough (2001) apresenta uma concepo tridimensional, apontando que

    qualquer evento discursivo pode ser considerado, ao mesmo tempo, um texto, uma prtica

    discursiva e uma prtica social. Todos esses processos so sociais e exigem que ambientes

    particulares em que o discurso foi gerado sejam explicitados.

    O texto uma dimenso que aborda os aspectos lingusticos (estrutura social, coeso,

    gramtica e lxico) e se estabelece como uma anlise bem prxima aos significados literais do

    mesmo. O exame dessa primeira dimenso sobretudo descritiva e tem como objetivo fazer o

    levantamento de aspectos relevantes que sero usados como base textual para a interpretao

    (segunda dimenso) e explicao (terceira dimenso).

    A prtica discursiva pode se apresentar de vrias formas dependendo do contexto

    social, e trata da produo, distribuio e consumo de textos. Leva em conta o que as pessoas

    aprendem e reproduzem na troca de experincias. Assim, devem ser considerados os aspetos

    sociais e institucionais envolvidos na leitura e interpretao dos textos. Para tanto, devem-se

    responder principalmente as seguintes perguntas: Como se constitui a coerncia do texto? Que

    aspectos intertextuais e interdiscursivos integram o texto? Quais so as intenes implcitas

    no texto?

    A prticasocial, terceira dimenso da concepo de Fairclough, trata do que as

    pessoas efetivamente fazem e pode englobar orientaes econmicas, polticas, culturais e

    ideolgicas, sendo a essa ltima que Fairclough mais se dedica. O discurso como prtica

    ideolgica estabelece, consolida, sustenta, alimenta e transforma os significados do mundo

    nas relaes de poder. O exame de prticas sociais estabelece um ponto de partida coerente e

    eficaz tanto do ponto de vista terico quanto do metodolgico. porque ele une a anlise da

    interao social anlise das estruturas sociais. Conseqentemente, cabe a ns, linguistas,analisar como as estruturas sociais moldam e determinam os textos e como os textos atuam

    sobre as estruturas sociais (MEURER, 2005, p. 83).

    A ACD tambm usa como base a Lingstica Sistmico-Funcional (LSF) para a

    compreenso das implicaes no relacionamento entre linguagem e sociedade. Nesse sentido,

    Fairclough amplia o dilogo entre a ACD e essa teoria da linguagem ao seguir a proposta

    funcionalista de Halliday (1978) para propor seu enquadre terico. De acordo com a LSF, as

    condies de produo, o contexto de produo e a interao dos participantes no eventocomunicativo influenciam na construo de significados dos textos. Para estudar os sistemas

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    internos da linguagem sob o foco das funes sociais, Halliday descreve trs metafunes da

    linguagem: ideacional (representao de experincias e do o mundo), interpessoal (interao

    dos participantes no discurso) e textual (une partes de um texto em um todo coerente,

    constituindo e ligando esse texto a contextos situacionais).

    Atravs da metafuno ideacional expressamos como percebemos o mundo. O

    significado da orao como representao se expressa pelo sistema de transitividade da

    lngua, que organiza a experincia em Processos, Participantes e Circunstncias. J a

    metafuno interpessoal permite ao falante participar do evento comunicativo fazendo com

    que ele crie e mantenha relaes sociais. Esta funo formada pelo sistema lexicogramatical

    de Modo, pela Modalidade e pela Valorao7. A metafuno interpessoal mostra que relaes

    sociais so estabelecidas entre escritor/falante e seu leitor/interlocutor e como essas relaes

    so sustentadas ou confrontadas. Finalmente, a metafuno textual se ocupa do uso da

    linguagem na organizao do texto e permite distinguir na orao uma mensagem. Ela se

    articula em Tema e Rema, elementos que estruturam as outras funes de forma coesa e

    coerente, dando ao conjunto o carter de texto.

    Visando uma abrangncia maior s funes hallidayanas, Fairclough (2003) prope

    enfocar as maneiras pelas quais o discurso configura-se como parte da prtica social. Ele

    retoma as macrofunes de Halliday, bem como os conceitos de gnero, discurso e estilo.

    Entretanto, Fairclough prefere conceituar as macrofunes como diferentes significados que

    os textos criam, e no como tendo funes exercidas pelos textos, como Halliday. Para tanto,

    prope trs categorias avaliativas que interagem na construo do texto, que envolvem trs

    tipos de significado: acional (gneros), representacional (discursos) e identificacional

    (estilos).

    O significado acional relaciona-se aos gneros (modos de agir), que so determinados

    pelas prticas sociais com que se relacionam e pela maneira que elas so articuladas. O

    significado representacional associado ao conceito de discurso como modos derepresentao do mundo e o significado identificacional se relaciona ao conceito de estilo e

    est ligado identificao dos atores sociais. Nas subsees que seguem, ampliamos esses

    conceitos, falando, separadamente, de cada tipo de significado.

    2.1 O significado acional

    7Baseada na Lingustica Sistmico-Funcional de Halliday, a teoria da Valorao (MARTIN & WHITE, 2005),

    uma ramificao da metafuno interpessoal inserida por pesquisadores australianos na dcada de noventa,procura investigar e explicar o modo como os falantes usam a lngua para se posicionar em relao ao mundo.

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    Os significados acional, representacional e identificacional esto associados aos trs

    grandes eixos da obra de Foucault (1994): o eixo do poder, do saber e da tica. A partir disso,

    entendemos que o significado acional est diretamente ligado ao eixo do poder, o que nos leva

    a compreender a razo de o gnero ser entendido como maneiras de agir e de se relacionar

    discursivamente em prticas sociais, implicando no somente relaes com os outros, mas

    tambm ao sobre os outrosrelaes de poder (RAMALHO & SILVA, 2008).

    Para Chouliaraki & Fairclough (1999, apud SILVA & RAMALHO, 2008), os gneros

    discursivos deveriam ser conceituados como a faceta regulatria do discurso, j que os

    mesmos so considerados um mecanismo articulatrio controlador do que poder ser usado e

    em que ordem e no como algo que estruturado e apresentado por tipos fixos de discurso.

    Os autores veem no gnero uma ao social que possibilitada no s por conta do seu uso,

    mas tambm controlada, regulada e que pode moldar maneiras especficas de interagir em

    cada situao.

    Nessa discusso sobre gneros, Fairclough (2003) destaca dois sentidos que a palavra

    discurso assume: o primeiro, o de um substantivo mais abstrato, para significar a linguagem e

    outros tipos de semiose. O segundo, o de um substantivo mais concreto, para significar modos

    particulares de representar parte do mundo. V, alm disso, a importncia de se considerar

    diferentes nveis de abstrao em gneros, bem como diferentes organizaes hierrquicas de

    gneros em textos: so os pr-gneros e os gneros situados.

    O primeiro surge a partir do termo de Swales, (apudSILVA & RAMALHO, 2008),

    que Bakhtin (1997) chamou de gneros primrios/simples e que Marcuschi (2005) classificou

    como tipos textuais. Os pr-gneros ocorrem em circunstncias de comunicao menos

    complexas.

    Para Marcuschi (2005), os pr-gneros se diferem dos gneros textuais. Segundo ele, o

    primeiro designa uma espcie de sequncia teoricamente definida pela natureza lingustica de

    sua composio, como aspectos lexicais, sintticos, tempos verbais e relaes lgicas. Para oautor, pode-se, inclusive, haver mistura desses tipos, a que ele chama de heterogeneidade

    tipolgica. J os gneros textuais, designam relaes lingusticas concretas definidas por

    propriedades scio-comunicativas. Diferem-se dos tipos textuais por serem inmeros e nem

    todos terem nomes estabelecidos, como os j conhecidos carta pessoal, bilhete, telefonema,

    aulas virtuais, bulas de remdio, horscopo etc.

    Os gneros textuais tambm podem apresentar uma mistura, que definida como

    intergenericidade, a qual faz com que um gnero assuma a funo de outro - uma bula, porexemplo, assumindo a funo de um anncio publicitrio. Os gneros textuais correspondem

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    categoria dos gneros situados de Fairclough e aos gneros secundrios/complexos de

    Bahktin (1997).

    Em se tratando de organizaes hierrquicas de gneros em textos, Fairclough (2003)

    afirma que os textos podem apresentar hibridismos de gneros de forma hierrquica, e nesse

    caso, haver um que ser o gnero principal e outro configurando um papel secundrio, ou

    subgnero, como classificado por ele. Os anncios publicitrios intercalados em programas de

    auditrio servem de exemplo ao que seria o gnero principal: programa de auditrio e

    anncios publicitrios como subgnero a que Fairclough (2003) chama de

    interdiscursividade. Nessa mistura de gneros, discursos e estilos, no somente questes

    lingusticas prevalecem, mas h por traz disso, uma questo relacionada ao poder e a

    ideologia, por isso que nesse sentido, tais gneros podem assumir um fim ideolgico, como

    afirmam Chouliaraki & Fairclough (1999).

    Fairclough (2003) aponta uma proposta para se fazer uma anlise textual sob o ponto

    de vista do significado acional: uma macroanlise de gneros e uma microanlise de

    significados e formas acionais em textos. Para a macroanlise de gneros, destacam-se trs

    fatores que envolvem o gnero de forma direta, so eles: atividade, pessoas e linguagem.

    Assim, Fairclough (2003) prope que sejam exploradas a atividade, as relaes sociais e as

    tecnologias de comunicao ligadas ao gnero em questo. Em outras palavras, explorar o que

    as pessoas esto fazendo, como elas estabelecem a relao social entre elas e a tecnologia de

    comunicao de que a atividade pode depender.

    Na perspectiva do significado acional, a anlise das trs dimenses pode ser assim

    compreendida:

    Gneros envolvem atividades especificas, com propsitos especficos, de acordo com

    Bakhtin (1997), ento como uma primeira forma de aproximao de um gnero situado,

    Fairclough (2003) afirma que caberia questionar o que as pessoas esto fazendo

    discursivamente e qual o propsito de tal atividade. Alm de sinalizar a importncia de seponderar esse questionamento para que ele no se torne mais um tipo de trivializao dos

    gneros. A segunda dimenso aponta para as relaes sociais entre as pessoas envolvidas nas

    atividades discursivas. E por fim, a terceira dimenso, refere-se s tecnologias de

    comunicao de que a atividade pode depender.

    Para a microanlise de significados acionais em textos, Fairclough (2001) aponta

    como uma possvel categoria de anlise, a intertextualidade proveniente dos estudos de

    Bakhtin (1997) e que segundo Ramalho & Silva (2008) constituem traos de texto ou aspectosda organizao textual que so moldadas por gneros.

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    Quando se fala em intertextualidade preciso ressaltar a questo das vozes que so

    includas ou excludas e que podem ganhar certa relevncia na anlise. J que essa relao

    entre vozes includas e excludas podem denotar uma questo de poder. Para Ramalho &

    Resende,

    Analisar em textos quais vozes so representadas em discurso direto, quais so representadasem discurso indireto e quais as consequncias disso para a valorizao ou depreciao do quefoi dito e daqueles (as) que pronunciaram os discursos relatados no texto pode lanar luz sobrequestes de poder no uso da linguagem (2006, p.67).

    Tais reflexes nos levam a pensar no segundo significado proposto por Fairclough, o

    identificacional, separado deste apenas para fins didticos, j que todos se interpenetram.

    2.2 O significado identificacional

    O significado identificacional corresponde ao conceito de estilo, ou seja, construo

    de identidades no discurso. Essas identidades no tm um carter fixo, mas esto em

    constante reformulao, adaptando-se s diferentes restries sociais e expectativas sobre

    como devemos nos apresentar em certo contexto. Para Hall (1998, p. 10-13), o sujeito est

    sempre em processo de construo, uma constituio que nunca cessa e que ao mesmo

    tempo heterognea posto que o mesmo sujeito posiciona-se de forma mltipla dependendo do

    lugar que ocupa nas prticas discursivas.

    A ACD tem como um dos focos de anlise a dimenso lingstico-discursiva dos

    processos de identificao, que se subdivide em duas: a subjetividade e a identidade social. A

    subjetividade compreende uma dimenso particular do eu, sendo uma categoria psicolgica.

    J a identidade social ou cultural compreende uma dimenso de pertencimento a um grupo

    social e abrange identidades profissionais, por faixa etria, que se referem nacionalidade,

    identidades de gnero, entre vrias outras, representando uma caracterstica sociolgica.

    Assim, o analista que se baseia na ACD pode depreender o sujeito do discurso de um

    texto/discurso atravs de marcas lingstico-discursivas de sua subjetividade e identidade

    social.

    Um tema importante para a ACD , portanto, como se d o choque discursivo entre

    identidades. Ao contrrio do que afirma Althusser (1985), que se refere ao sujeito como

    determinado estruturalmente e pr-posicionado nas interaes sociais, Fairclough afirma

    haver uma liberdade relativa do sujeito. O sujeito de certa forma controlado, mas no

    totalmente passivo, posto que ele capaz de promover mudanas e criar novos rumos, sendo

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    portanto tambm agente. Seguindo Archer, Fairclough distingue dois conceitos de

    agenciamento. De acordo com o autor, as pessoas so posicionadas involuntariamente como

    agentes primrios por causa do que so ao nascer, situao na qual o indivduo no tem

    escolha (FAIRCLOUGH, 2003), mas tal situao no imutvel. Os sujeitos podem

    transformar suas posies, o que vai depender de sua capacidade em tornarem-se agentes

    incorporados, o que torna possvel que eles coletivamente promovam mudana social.

    Agentes sociais, ao tecerem seus textos, tm determinada liberdade na escolha dos

    elementos que devem configurar neles e nas relaes entre esses elementos dentro do texto.

    Segundo Fairclough (2003), a identificao na linguagem tanto uma questo individual

    como coletiva e a anlise de estilos em textos envolve a observao de uma srie de aspectos

    lingsticos, dentre os quais esto a avaliao e a modalidade, categorias que usaremos para a

    anlise do nosso corpus.

    A avaliaoconsiste das afirmaes com verbos de processo mental afetivo(marcadas

    pela subjetividade) afirmaes avaliativas (que exprimem juzo de valor) e presunes

    valorativas(avaliao implcita). As declaraes com verbos de processo mental afetivoso,

    geralmente, avaliaes de carter pessoal, mostrando explicitamente como o autor se sente.

    Normalmente, apresentam estruturas como eu no suporto isso, eu odeio isso, eu gosto

    disso ou eu amo isso e podem partir de um menor at um maior grau de afinidade.

    Entretanto, elas tambm podem se apresentar como processos relacionais em que o atributo

    afetivo, como no exemplo: atitudes como essa so revoltantes ao invs de atitudes como

    essa me revoltam.

    As afirmaes avaliativasreferem-se a algo que desejado ou no e so engatilhadas

    por marcadores como um sinal de exclamao, um atributo (um adjetivo - como timo ou

    pssimo - ou um sintagma nominal), um verbo (por exemplo, ao invs de dizer ele era um

    medroso, diz-se ele se amedrontou) ou um advrbio (como em ela se apresentou

    brilhantemente). Assim como as afirmaes de processo mental afetivo, as afirmaesavaliativas tambm esto sujeitas gradao de menor maior intensidade.

    J aspresunes valorativasreferem-se aos casos em que os marcadores de avaliao

    no aparecem explicitamente. A construo de significados encontra-se numa esfera mais

    profunda do texto e, mesmo no estando claramente transcritos, tais significados reforam

    ideologias de forma muito eficiente. Exigem, portanto, uma anlise mais detalhada para se

    identificar o no dito, mas que pode ser presumido.

    Quanto modalidade, faz-se necessrio discutir essa categoria em dois momentos.Primeiramente, Halliday (apud RAMALHO & RESENDE, 2008, p. 80-82) define a

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    modalidade como a forma do falante julgar o que provvel ou obrigatrio, o que estaria

    sempre em uma escala gradual entre dois plos, um positivo e outro negativo. Segundo esse

    autor, so quatro os tipos de modalidade: probabilidade (possvel, provvel, certo), freqncia

    (nunca, s vezes, com freqncia, sempre), obrigao (proibido, permitido, exigido) e

    inclinao (desejo, ansiedade). Probabilidade e freqncia formam o grupo da trocas de

    informao, o qual Halliday denominou modalidade. J as formas de expressar obrigao e

    inclinao foram agrupadas como trocas de bens e serviossob a designao de modulao.

    Em um segundo momento, Fairclough rev a teoria de Halliday e modifica-a,

    acabando com a distino entre modalidadee modulao, j que os dois grupos se referem s

    escolhas lexicais que as pessoas fazem dependendo de seu comprometimento. Contudo,

    apesar de unificar afirmaes, perguntas, demandas e ofertas sob a mesma denominao

    (modalidade), as trocas de informaoe de bens e serviosainda esto em dois subgrupos: a

    primeira foi designada como trocas de conhecimento (modalidade epistmica) e a segunda

    formou o subgrupo trocas de atividade(modalidade dentica).

    Outra alterao empreendida por Fairclough na teoria de Halliday quanto

    modalidade se refere aos plos positivo e negativo, no considerados por Halliday. Fairclough

    sugere uma modalidade categrica, que inclui a afirmao e a negao absolutas, alm dos

    pontos intermedirios. A essa mudana Fairclough ainda acrescentou a modalidade objetivae

    a modalidade subjetiva para dar conta dos pontos de vista privilegiados na linguagem. Na

    modalidade objetiva, o falante no expressa sua opinio diretamente, mas a camufla como

    consenso. Assim, no fica claro de quem certo ponto de vista e parece que o falante no tem

    controle sobre o argumento, pois ele parece ser apenas a o veculo para mostrar a opinio de

    outros. Na modalidadesubjetiva o falante admite ser sua a proposio (o fundamento

    subjetivo para o grau de afinidade explicitado).

    As escolhas de modalidade tm relao direta com a hegemonia e so significativas

    no s na identificao, mas tambm na ao e na representao. Pode-se obter, por exemplo,a impresso de que uma proposio a nica verdade possvel pelo uso de modalidades

    categricas e objetivas, o que faz com que certa perspectiva parea universal, ao invs de

    particular.

    Passemos agora discusso sobre os discursos, que tm importncia nas

    representaes do mundo material, mental e social (significado representacional), fechando

    assim o ciclo dos trs significados propostos por Fairclough, que so articulados nos textos de

    forma dialtica.

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    2.3 O significado representacional

    O significado representacional o significado das representaes do mundo, ou das

    experincias nesse mundo, refletidas na lngua. Nessa perspectiva, os enunciados so tratados

    pelo contedo ideacional, presente nas expresses lingsticas (Figueiredo e Moritz, 2008).

    Concordamos com o conceito de discurso como forma de representar aspectos do

    mundo material, mental e social; seja em seus processos, relaes ou estruturas. Nesse

    sentido, diferentes discursos so perspectivas diferentes do mundo, o que significa que

    aspectos particulares desse mundo podem ser representados de formas distintas, postos a

    partir das relaes diversas que as pessoas tm com ele, que dependem, dentre outras coisas,

    a) de suas posies; b) de suas identidades social e pessoal; c) das relaes estabelecidas com

    outras pessoas (FAIRCLOUGH, 2003, p. 124).

    Assim, o discurso no uma representao do mundo tal como ele , ou como deveria

    ser: ele tambm projeta, imagina, representa possibilidades, um vir a ser, de um mundo

    diferente - pode, portanto, segregar, complementar, competir ou dominar -, carregado de

    ideologias.

    O termo ideologia8no conceituado na ACD de forma definitiva. Para esta vertente

    de anlise do discurso, as situaes e contextos podem revelar ideologias, j que so tambm

    representaes dos aspectos desse mundo. Nesse sentido, as ideologias contribuem para o

    estabelecimento e a manuteno das relaes de poder, dominao e explorao

    (FAIRCLOUGH, 2001, 2003).

    Interessa-nos aqui o conceito de hegemonia, visto que na perspectiva aqui defendida, a

    ideologia hegemnica. Esta cumpre o propsito de sustentar relaes assimtricas de poder,

    reproduzindo a ordem social dos grupos dominantes e os indivduos que a eles pertencem.

    Esse poder estabelecido e/ou reproduzido, no pelo uso da fora, mas pelo consenso,

    mediante concesses ou meios ideolgicos para ganhar seu consentimento (IDEM, 2001, p.122).

    Ao postular sobre as diferentes formas que o sentido das formas simblicas pode

    servir para manter as relaes de dominao em condies scio-histricas especficas,

    Thompson (2009) distingue cinco modos gerais pelos quais a ideologia pode operar

    8Eagleton discute amplamente as vrias concepes do termo Ideologia. Ver EAGLETON, Terry. Ideologia.

    Uma introduo. So Paulo: Boitempo, 1997.4 Eagleton tambm discute este assunto no captulo 2, intitulado estratgias ideolgicas, na fonte referendadana nota anterior

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    estabelecendo e sustentando relaes de poder9. Apesar de serem suscetveis de aparecerem

    sobrepostas, e de haver outras formas de manifestao, ele lista a (a) legitimaoforma pela

    qual se representam as relaes como legtimas e pode operar atravs de estratgias como a

    Racionalizao, a Universalizao e a Narrativizao; (b) dissimulaoas relaes de poder

    so negadas, obscurecidas ou ocultadas, que pode operar atravs do deslocamento, da

    eufemizao e do tropo; (c) unificao as relaes assimtricas de poder so mantidas

    atravs da construo de identidades coletivas, que interligam os indivduos ignorando suas

    diferenas, e opera atravs estandardizao e simbolizao da unidade; (d) fragmentao -

    mantm a segmentao dos indivduos capazes de tornar-se uma possibilidade de ameaa aos

    grupos dominantes, a qual operacionalizada atravs da estratgia de diferenciao ou do

    expurgo do outro; (e) reificao - retrata uma situao histrica e transitria como permanente

    e natural, que opera atravs da naturalizao, eternalizao e nominalizao/passivizao.

    Esta hegemonia, entretanto, no tem valor final e acabado, apesar de emergir da

    naturalizao dos valores dominantes. Ocorre em constante disputa sobre os pontos de maior

    instabilidade entre classes e blocos, mas pode enfrentar resistncia, visto que os atores,

    principalmente representantes das instituies da sociedade civil, podem discursivamente

    desnaturalizar esses pontos de dominao (FAIRCLOUGH, 2001, p. 122).

    Tendo em vista a concepo de que os atores sociais no so completamente livres

    (por serem socialmente constrangidos) e que no so completamente determinados , a

    construo de um discurso estaria sempre em nveis de coautoria com os fatores

    extralingusticos. Por esta relao dialtica que sugere Foucault (2009), para Fairclough, a

    anlise de um discurso deve ser linguisticamente orientada, sem perder de vista a sua relao

    com o social, com os eventos externos (RAMALHO & RESENDE, 2008, p. 48).

    Analisar um texto do ponto de vista representacional , portanto, levar em conta quais

    elementos so includos ou excludos no evento, quais recebem ou no destaque quando

    aparecem. Esses eventos sociais trazem juntos vrios elementos, que, de forma resumida,podem incluir: a) tipos de atividade; b) pessoas em suas crenas, desejos e valores e suas

    histrias de vida; relaes sociais; c) significados; d) tempo e espao; e) lngua e outras

    formas de semiose; e tem valores representativos porque no evento discursivo, da palavra

    enquanto ao, normas podem ser confirmadas, mas podem ser tambm questionadas e/ou

    modificadas, na possibilidade de aes transformadoras ou reprodutivas. (FAIRCLOUGH,

    2003, p. 136)

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    Os elementos suscitados dos eventos sociais so pistas importantes para observarmos

    se determinado discurso tem valor ideolgico, que grupos representam na luta hegemnica e

    que papel desempenham: o da naturalizao dos valores ou o da criticidade. Assim,

    importante observar que elementos do evento esto presentes ou ausentes, predominam ou se

    apagam naquele discurso; o grau de abstrao dos eventos concretos; como os eventos esto

    ordenados; o que foi adicionado na representao dos eventos como se d a explanao e

    legitimao - razes, causas, propsitos e avaliaes presentes.

    A representao dos atores sociais tambm de suma importncia para a anlise do

    significado representacional. Van Leuween (1997) apresenta um estudo detalhado sobre a

    representao dos atores sociais, que pode ocorrer em um texto pela excluso ou incluso dos

    mesmos. Segundo o autor, a excluso pode acontecer pelo apagamento desses atores em

    determinado evento: ali eles simplesmente no so mencionados; ou, ainda pela supresso dos

    termos que representam esses atores, cabendo ao leitor/ouvinte, valer-se da inferncia para

    localiz-lo no texto.

    Ainda para Van Leuween, a incluso dos atores sociais pode ocorrer atravs de

    diversas estratgias. subdividida em a) ativao e passivao dos atores; b) na participao,

    circunstancializao e possessivao dos mesmos; e ainda c) atravs da personalizao e

    impersonalizao dos mesmos. Em outras palavras, este quadro responde se o ator est

    representado por um pronome ou um nome; se atravs das escolhas gramaticais ele foi agente

    ou paciente da ao; se a voz foi ativa ou passiva; se os participantes so referidos de forma

    pessoal ou impessoal; se o ator foi nomeado ou classificado; se foi representado de forma

    especfica10ou genrica (1997, p. 219).

    Um outro nvel de anlise que contribui para a anlise dos significados

    representacionais a lexicalizao do texto. As escolhas lexicais trazem representaes nos

    significados das palavras a partir da concepo de que o significado das palavras no

    transhistrico. Pode ocorrer, em certas situaes, contextos e momentos histricos, umarelexicalizao dos domnios da experincia como parte de lutas sociais e polticas.

    (Fairclough, 2001, p. 102). A variao semntica de um lxico pode ser vista, portanto, como

    um fator de conflito ideolgico e uma forma de luta hegemnica.

    O que os atores conhecem do mundo e como esse mundo o restringe, limitando-lhe,

    portanto, todas as demais significaes, importante nessa anlise. Jogando luz sobre a

    10Neste ltimo sentido, Rajagopalan sustenta que o processo de nomeao um ato eminentemente

    poltico, o que comea pelo ato de designao (2003, p. 82).

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    necessidade de estabelecer relaes claras entre linguagem e contexto, Meurer (2004) defende

    a necessidade de aprofundamento de anlise no que diz respeito a contexto de cultura. Nesse

    sentido, a representao , em si, uma forma de recontextualizao, em que o ator ressignifica

    um outro evento do mundo.

    H ainda outras possibilidades lingusticas utilizadas como mtodo para a anlise dos

    significados representacionais, como o sistema de transitividade que Fairclough agrega da

    Lingustica Sistmico-Funcional. Tendo em vista os propsitos comunicativos deste gnero,

    concentramo-nos, aqui, nas representaes dos atores e dos eventos sociais; nas escolhas

    lexicais e estratgias de relexicalizao; nas formas de operao da ideologia; e na

    recontextualizao dos eventos, baseados em Fairclough (2003), Thompson (2009) e Van

    Leuween (1997).

    2. Princpios metodolgicos

    A natureza qualitativa deste trabalho justifica-se na verificao dos resultados a partir

    da anlise dos dados, e no a partir de uma hiptese pr-estabelecida (ALVEZ-MAZZOTTI,

    1999). Entendemos o mesmo como uma pesquisa interpretativa e, mesmo que tenhamos

    adentrado em uma situao de contexto especfico, o ambiente virtual Twiter, que tem

    caractersticas e regras especficas de um mundo prprio, cujos sujeitos deixam emergir, de

    certa forma, sua identificao (HALL, 1998) atravs dos registros lingsticos.

    Os dados no necessitaram de autorizao ou procedimentos junto a comisses de

    tica, visto que so considerados de domnio pblico, tanto porque foram resgatados da

    Grande Rede, quanto porque no h que se pedir autorizao para seguir algum no Twitter.

    Assim, existe a opo de digitarmos uma palavra-chave e, dela aparecerem as ltimas

    postagens sobre o assuntolembrando que as primeiras se perdem, quando aparecem as mais

    recentes. Assim sendo, copiamos e salvamos em arquivos pessoais tais postagens, no tendocomo, atualmente, resgat-las no Twitter.

    Na primeira busca, apareceram cento e um resultados, dos quais, aproveitamos

    noventa e um, j que os outros se referiam a outros tipos de agresso e a outros professores, e

    at mesmo contra alunos. Os tweets foram analisados de acordo com as macrofunes de

    Fairclough (2003) e, s ento, pensados teoricamente, visto que as representaes identitrias

    ali referendadas foram feitas a partir dos achados que emergiram dos prprios dados.

    Apesar do procedimento terico da ACD acreditar em estudos que vislumbrem algumtipo de ao que leve a algum tipo de transformao, minimamente pela desnaturalizao das

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    crenas, neste caso, seria invivel discuti-los com os tuiteiros, principalmente pelo carter

    assimtrico do gnero Twitter. Por outro lado, consideramos que divulgar este estudo e ao

    menos promover discusso do tema, inicialmente entre pesquisadores, pode provocar a

    desnaturalizao do tema tanto para questes tericas quanto para questes metodolgicas.

    3. Anlise e discusso dos dados

    3.1 A macroanlise de gneros e a microanlise de significados acionais nos

    tweets

    Os gneros envolvem diretamente atividade, pessoas e linguagem. Assim, ligam-se ao

    que as pessoas esto fazendo, como essas pessoas relacionam-se uma com as outras e por fim,

    como e quais so as tecnologias de comunicao de que tais atividades dependem11.

    Na perspectiva da primeira dimenso, os tweets coletados mostram, de uma forma

    geral, que as pessoas esto expressando suas opinies sobre o assunto que virou noticia no

    pas, referente ao aluno que agrediu uma professora no estado do Rio Grande do Sul. Esse

    expressar de opinies, se d de trs maneiras: a primeira quando o tuiteiro apenas lana um

    site com a informao sobre uma matria online veiculada nos principais jornais da cidade, ou

    em sites conhecidos; a segunda tambm a divulgao de uma matria online, mas seguida de

    um comentrio do tuiteiro e a terceira quando o tuiteiro apenas expressa sua opinio sobre o

    fato ocorrido, como nos recortes abaixo.

    (2)

    Imagens do dia - Professorade curso tcnico agredidapor aluno de enfermagemhttp://uol.com/bpkcp#UOL (Divulgar/compartilhar a matria online)(4) Imagens do dia - Professoraagredidapor seu "aluninho de 25 anos no RS"!!!!

    http://uol.com/bpkcp#UOL (comentar + divulgar/compartilhar a matria online)(9)E esta professora agredida por aluno? Que absurdo, que absurdo! (comentar/expressar opinio)

    De um modo geral, as pessoas recorreram rede com o propsito de expor suas

    opinies. Mesmo os que no teceram um comentrio, apenas divulgando a notcia, de certa

    forma, participaram no sentindo de disseminar a informao aos que poderiam estar alheios a

    ela.

    11 A que chamamos aqui, respectivamente, de primeira dimenso, segunda dimenso e terceira

    dimenso.

    http://uol.com/bpkcphttp://twitter.com/#%21/search?q=%23UOLhttp://uol.com/bpkcphttp://twitter.com/#%21/search?q=%23UOLhttp://twitter.com/#%21/search?q=%23UOLhttp://uol.com/bpkcphttp://twitter.com/#%21/search?q=%23UOLhttp://uol.com/bpkcp
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    Uma das questes a ser considerada que nessa nova forma de comunicao, no

    sabemos quem exatamente nos ouve, apesar disso no parecer afetar muito os que usam a

    rede com certa frequncia. Alm disso, vimos claramente que as pessoas expressam suas

    opinies, mas no h qualquer tipo de discusso que leve o assunto mais frente.

    Na segunda dimenso, apontaremos como as pessoas se relacionam umas com as

    outras a partir da dinmica do Twitter. Uma questo importante a ser levantada aqui como

    funciona a lgica de seguir e ser seguido no Twitter. O funcionamento e a dinmica do

    Twitter podem ser entendidos da seguinte forma: preciso ter uma conta no Twitter para

    poder fazer parte dessa rede de comunicaes atravs do sitewww.twitter.com.Para isso, faz-

    se necessria apenas uma conta de e-mailativada. Aps o cadastro, o usurio comea a buscar

    amigos que j faam parte dessa rede, existindo, para tal, um mecanismo de busca na pgina.

    Quando o novo tuiteiro encontra a pessoa desejada, passa a segui-la, caso a mesma aprove a

    solicitao. possvel seguir pessoas famosas ou desconhecidas, ou selecionar empresas a

    partir dos diversos estilos apresentados, como: arte e design, livros, negcios, moda, sade,

    msica, esportes, entre muitos outros, que j fazem parte do twitter.A relao encontrada

    nessa ferramenta, no daquelas entre indivduos face-a-face. Nesta rede social como um

    todo, encontramos relaes distncia entre organizaes, instituies, grupos e indivduos.

    Olhando o corpuscomo um todo, possvel notar que h uma distncia tanto no que

    diz respeito a tempo quanto ao espao, j que os comentrios so postados online. Na maior

    parte dos tuites, h uma distncia no sentido em que essas pessoas no mantm

    necessariamente uma interao umas com as outras12, elas apenas deixam as suas mensagens.

    Nessa perspectiva, uma relao de distncia e poder poder ser estabelecida.

    (14)

    @rodpenna VC VIU? Professora agredida por aluno e tem os dois braosquebrados em Porto Alegre - O Globohttp://t.co/yF8lXcZ via @AddThis

    (15)

    Para entender um pouco do exemplo acima, precisamos esclarecer alguns aspectos que

    fazem parte da rede social. O caractere @rodpenna quer dizer que JuremaOliveira, tuitou para

    @rodpenna.Ele compartilha um link sobre a notcia que saiu no O Globo e lana pergunta

    ao possvel amigo ou conhecido: VC VIU?

    (53) RicardoMartinsM Ricardo Martins @reginasviechPerdo! q considero seucomentrio importante, alm de sempre equilibrado e pertinente! Soube da professoraagredidaem POA?

    12No corpus de 91 tuites, apenas dois deles mostram que h uma interao.

    http://www.twitter.com/http://twitter.com/rodpennahttp://t.co/yF8lXcZhttp://twitter.com/AddThishttp://twitter.com/rodpennahttp://twitter.com/rodpennahttp://twitter.com/#%21/RicardoMartinsMhttp://twitter.com/#%21/RicardoMartinsMhttp://twitter.com/rodpennahttp://twitter.com/rodpennahttp://twitter.com/AddThishttp://t.co/yF8lXcZhttp://twitter.com/rodpennahttp://www.twitter.com/
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    Nesse outro exemplo, Ricardo Martins tuitou para reginasviech. possvel notar

    que j houve um contato anterior pelo estilo de conversa estabelecida, logo h uma interao

    entre ambos.

    Nos exemplos citados abaixo, h uma possvel interao com o leitor, quando alguns

    tuiteiro lanam perguntas:

    (20) Gente que ABSURDO!! >>http://bit.ly/aGpCwJ

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    J na microanlise de significados acionais, a intertextualidade, no twitter, aparece a

    partir de um recurso disponvel na rede chamado retweet, ou retuitar. Nesse caso, se o tuiteiro

    gostou ou quer ressaltar o que foi dito por outro tuiteiro, basta utilizar o recurso disponvel na

    rede, que essa mensagem ser distribuda para todos os seguidores. A intertextualidade a

    propriedade que tm os textos de ser cheios de fragmentos de outros textos (Fairclough,

    2001:114 apud Ramalho & Silva, 2008). Alm desse recurso, a divulgao da notcia atravs

    do endereo online disponibilizado nos tuites, tambm podem ser formas de intertextualidade.

    Vejamos os exemplos dos tuites que utilizaram os retuites, e isso reconhecido pela sigla RT,

    e os que utilizaram sites em suas prprias tuitadas respectivamente:

    (17)Putz... RT @EduardoKiefer:Aluno no gosta de nota baixa e quebra os dois braos

    de professoraem Porto Alegre.http://ow.ly/38Gk0(18)RT @EduardoKiefer: Aluno no gosta de nota baixa e quebra os dois braos deprofessora.http://ow.ly/38Gk0 -- Aquele centurio reencarnou?

    (23)Professora agredida por causa de uma nota baixa. http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2010/11/professora-e-agredida-dentro-da-sala-de-a

    Dos 91 tuites coletados, 25 deles fizeram uso do recurso retuitar (RT) e 66

    adicionaram um site sobre a notcia em seus tuites.

    Vejamos a questo das vozes no corpus. Segundo Ramalho & Resende (2006) essas

    vozes podem se dar de forma direta ou indireta. O que chamado de discurso direto umacitao fiel do que foi dito com marcas de citao, ou seja, aspas ou travesso. Considerando

    o corpus do trabalho, essa citao fiel do que foi dito existe sob a forma de retuitar como

    mencionado anteriormente, entretanto, essa marca de citao no existe, na verdade,

    possvel dizer que ela foi substituda pela sigla RT, que significa retuitar. J o discurso

    indireto que parafrasear ou resumir o que foi dito, com outras palavras, sem marcas de

    citao, no aparece no corpus e de um modo geral, no aparece na rede. Consideramos que

    esse discurso indireto poderia ser uma retuitada seguida de um comentrio. Porm, o fato que esse comentrio nem sempre resume o que foi dito ou parafraseia e sim aparece como

    uma forma de reforar, ressaltar ou concordar, discordar do contedo.

    3.2 A construo das identidades e relaes no discurso dos tuiteiros

    Na anlise dos tweets sobre a agresso professora no Rio Grande do Sul, procuramos

    responder quais identidades ou qual imagem que o tuiteiro projeta no discurso (cumplicidade,

    autoridade, superioridade, proximidade, entre outras) e como ele negocia a sua relao com o

    http://twitter.com/EduardoKieferhttp://ow.ly/38Gk0http://twitter.com/EduardoKieferhttp://ow.ly/38Gk0http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2010/11/professora-e-agredida-dentro-da-sala-de-ahttp://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2010/11/professora-e-agredida-dentro-da-sala-de-ahttp://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2010/11/professora-e-agredida-dentro-da-sala-de-ahttp://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2010/11/professora-e-agredida-dentro-da-sala-de-ahttp://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2010/11/professora-e-agredida-dentro-da-sala-de-ahttp://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2010/11/professora-e-agredida-dentro-da-sala-de-ahttp://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2010/11/professora-e-agredida-dentro-da-sala-de-ahttp://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2010/11/professora-e-agredida-dentro-da-sala-de-ahttp://ow.ly/38Gk0http://twitter.com/EduardoKieferhttp://ow.ly/38Gk0http://twitter.com/EduardoKiefer
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    leitor. Tomemos primeiramente a categoria de avaliao, que aparece em quase todo o corpus

    e representa uma caracterstica do twitter: as pessoas tm espao para expressar suas opinies

    abertamente (julgando o que desejvel ou no, bom ou ruim) e usam amplamente essa

    possibilidade.

    Afirmaes avaliativas so as que mais aparecem, principalmente pelo uso de atributos

    que apresentam juzo de valor e por pontos de exclamao, normalmente utilizados no corpus

    para expressar indignao, como pode ser visto nos exemplos a seguir:

    (9) E esta professora agredida por aluno? Que absurdo, que absurdo!(42) Isso um absurdo!!!(45) Professora agredida dentro da sala de aula em Porto Alegre Queabsurdo!!

    (63) que tragdia! uma professora foi agredida por um aluno no Sul, por pouconum chegou a morte! me revolto vendo essas coisas...(78) Marginal!! RT @JornalOGlobo : Aluno no gosta de nota baixa e quebra osdois braos de professora em Porto Alegre.

    Outros exemplos que exprimem a avaliao pessoal dos tuiteiros so as marcas de

    espanto como Putz! (17), Nossa! (55), Caramba (68), Cruzes! (69) eWow! (76), bem

    como as palavras grifadas em maisculas, que aumentam a fora da mensagem escrita, como

    se um ponto de exclamao tivesse sido usado (como em A QUE PONTO CHEGAMOS,

    (66). Alm disso, alguns tuiteiros enfatizam o que aconteceu usando os advrbios

    violentamente (15) e brutalmente (56), (58) e (68), o que contribui para dar um ar mais

    pessoal notcia.

    Da mesma forma, os tuiteiros avaliam a violncia contra a professora como um

    absurdo(5), (9), (20), (27), (28), (41), (42) e (45), inaceitvel (28), feio(12), o cmulo do

    ignorncia (40), algo lamentvel(49), uma crueldade absurda(58), uma loucura total

    (59) ,uma tragdia(63) e algo ridculo (70). J o aluno agressor xingado (46) e (83) e

    chamado de marginal, em (15) e (78), psicopata e burro(73). Podemos perceber por esses

    exemplos que os tuiteiros marcam suas opinies com muita veemncia e no parece haver

    nenhuma limitao quanto ao contedo postado, como nos casos em que eles xingam o rapaz

    que agrediu a professora. Eles escrevem abertamente o que pensam, como em uma conversa

    ntima, com algum conhecido/prximo.

    A informalidade tambm pode ser notada quando os tuiteiros expressam seus

    sentimentos, dizendo estarem chocados (20) e (80), estarrecidos (49) e revoltados (63). Uma

    outra forma usada para esse fim o uso de smbolos como em (34), (68) e (87), que resumem

    http://twitter.com/JornalOGlobohttp://twitter.com/JornalOGlobo
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    a reao dos autores, que compartilhada com seus leitores. Portanto, podemos perceber que

    os tuiteiros se comprometem claramente com o que , no caso do nosso corpus, indesejvel e

    errado (a agresso professora) e julgam negativamente o caso usando um grau de

    intensidade muito alto.

    Quanto modalidade, observamos que em quase todos os tweets transcreve-se uma

    notcia como no jornal, que acompanhada ou complementada por comentrios. Essa forma

    de falar sobre algo que aconteceu usando o tempo no presente ou futuro presente (metfora

    temporal) como em professora agredida e tem os dois braos quebrados(35), aluno no

    gosta de nota baixa e quebra os dois braos de professora em Porto Alegre (71) e Aluno

    teria se revoltado por... (31) reduz o engajamento e uma forma de materializar a

    modalizao.

    Por outro lado, muitas vezes os tuiteiros s se valem do presente histrico como base

    para os seus comentrios e incrementam a notcia, chamando o leitor para se espantar,

    indignar ou debater o caso com ele como nos exemplos abaixo:

    (1) Imagens da semana http://uol.com/bdkgy #UOL vale dar uma olhada,principalmente na professoraagredida, q mundo esse?(14) @rodpenna VC VIU? Professora agredidapor aluno e tem os dois braosquebrados em Porto Alegre - O Globohttp://t.co/yF8lXcZ via @AddThis

    (87) CARAI vei.... a professorada minha escola foi agredidapor um aluno! *O*(43) Quem no acredita? Eu acredito! @g1 Professora agredida dentro dasala de aula em Porto Alegrehttp://tinyurl.com/2eyh6v6

    Alm disso, alguns tweets mostram uma relao de cumplicidade entre leitor/autor.

    No tweet 18, por exemplo, o tuiteiro pergunta Aquele centurio reencarnou?, informao

    que parece s poder ser entendida se os interlocutores souberem do que se trata. O mesmo

    acontece em (75), em que a meno POIS TALITA direciona a mensagem para um leitor

    ou leitores especfico(s), capazes de distinguir o porqu deste comentrio. Essa intimidadecom o leitor tambm percebida nas vezes em que os autores descrevem uma situao que os

    envolve, sendo em alguns tweets claro o envolvimento do eu (tuiteiro) como nos exemplos

    a seguir:

    (8) Professora agredida por aluno presta queixa. \\ e tem gente que queria queeu investisse na rea! queriam que eu morresse n? s pode!(25) O pior que vi uma imagem da professora agredida e ela ficou igual medo Edward Mos-de-Tesoura.

    (37) esta histria da professora agredida me fez pensar... podia ter sido a minhame. dava aula na vila at 4 meses atrs.se aposentou, ainda bem.

    http://uol.com/bdkgyhttp://twitter.com/#%21/search?q=%23UOLhttp://twitter.com/rodpennahttp://t.co/yF8lXcZhttp://twitter.com/AddThishttp://twitter.com/g1http://tinyurl.com/2eyh6v6http://tinyurl.com/2eyh6v6http://tinyurl.com/2eyh6v6http://twitter.com/g1http://twitter.com/AddThishttp://t.co/yF8lXcZhttp://twitter.com/rodpennahttp://twitter.com/#%21/search?q=%23UOLhttp://uol.com/bdkgy
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    (44) Por isso eu desisti dessa vida! RT @g1 Professora agredida dentro dasala de aula em Porto Alegre

    Todavia, por vezes os argumentos dos tuiteiros so apresentados como verdades

    absolutas, como se todos soubessem o que acontececomo em Professores so agredidos

    constantemente por maus alunos (62) e Professor: uma profisso que aluno no respeitamais (72). O grau de certeza tambm evidenciado por afirmaes categricas do tipo o

    cmulo da ignorncia (40), tom que permeia a maior parte dos tweets. Vale ressaltar que os

    tuiteiros s se referem diretamente ao aluno agressor duas vezes e usam a modalidade

    categrica para tal fim, mostrando-se como autoridades, superiores ao aluno agressor:

    (26)Professora agredida dentro da sala de aula em PortoAlegre.http://twixar.com/GiT4 Rafael de Souza Ferreira vc merece serespancado.

    (29) "Profess. agredida dentro da sala de aula em POA"http://tinyurl.com/3xrdcf7 Gosta tanto de bater em prof., devia aprender aapanhar tambm

    Portanto, podemos concluir da anlise que no twitter os autores tm a possibilidade de

    mostrar vrias identidades/modos de ser. Ao mesmo tempo em que mantm a cumplicidade e

    proximidade com outros tuiteiros (como em uma conversa informal), eles podem julgar e

    condenar os atos dos outros como se estivem falando de terceiros ou se direcionando prpria

    pessoa com autoridade e superioridade. Percebemos tambm que o twitter ainda traz um

    pouco do carter de dirio, com comentrios que do a impresso de intimidade. Mesmo

    quando a agresso professora reportada como uma notcia, muitas vezes percebemos o

    acompanhamento de comentrios, advrbios e detalhes que do maior importncia ao que

    aconteceu e que promovem o engajamento do leitor.

    3.3 Representaes ideolgicas no discurso dos tuiteiros

    Em um primeiro olhar, poderamos dizer que dos noventa e um tweets selecionados

    para este estudo, apenas cerca de sessenta emitem algum tipo de representao ideolgica. Os

    outros trinta e dois teriam servido somente para noticiar um fato, como em (1):

    (1)

    imagens dos dia professora de curso tcnico agredida por aluno de

    enfermagem http://uol.com/bpkcp#UOL

    Mas o fato de terem noticiado este acontecimento, em detrimento de tantos outros que

    poderiam figurar suas pginas pessoais , em si, um sinalizador. Alm disso, para a Anlise

    Crtica do Discurso (ACD), as escolhas lexicais tambm so uma forma de manifestar

    http://twitter.com/g1http://tinyurl.com/3xrdcf7http://tinyurl.com/3xrdcf7http://twitter.com/g1
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    representaes ideolgicas. Das diversas possibilidades lxico-gramaticais para informarem

    sobre a agresso contra a professora, os tuiteiros optaram por selecionar:

    (16) Professora agredida dentro da sala de aula em Porto Alegre #G1http://migre.me/2aoH3

    (19) Aluno no gosta de nota baixa e quebra os dois braos de professora em PortoAlegre.http://ow.ly/38Gk0(33) "Evoluo" do investimento em "educao"...@g1Professora agredida dentroda sala de aula em Porto Alegrehttp://tinyurl.com/2eyh6v6(81) O Globo: Professora agredida por aluno e tem os dois braos quebrados emPorto Alegrehttp://bit.ly/ayNVM6(89) Professora que foi agredida fisicamente por um aluno dentro da escola terindenizao..http://tinyurl.com/2amt76n

    Estas escolhas revelam que alguns tuiteiros optaram por priorizar o local em que

    aconteceu a agresso, como em (16). Tal escolha pode sugerir tanto a relevncia do fato, aagresso em si, como tambm a chegada da violncia a um local socialmente entendido como

    espao de proteo. Em (81), a construo discursiva enfatiza os detalhes das conseqncias

    da agresso: os dois braos quebrados, que sugere a gravidade da violncia. J em (19),

    aparece a motivao do aluno para cometer a agresso, sugerindo uma circulao da crena de

    que nota baixa seria considerada mais um motivo, alm dos tantos que justificam a

    violncia no Brasil; e, ainda, a concepo da ampliao dos direitos dos alunos, bastante

    difundida ultimamente e, dentre eles, seria natural que possa puniro professor. (89) joga luz,em suas escolhas lxico-gramaticais, aos reparos materiais da violncia: ter indenizao, o

    que pode sugerir em seu discurso a presena de outros atores sociais, como as autoridades

    pblicas na forma da lei como forma de proteo e justia, ainda que seja apenas aps o

    acontecimento. A presena de outros atores sociais tambm est inferida em (33) nas escolhas

    vocabulares. No recurso de nominalizao Evoluo" do investimento em "educao", o

    tuiteiro insere os valores educacionais em nvel conceitual, sugerindo que esses conceitos

    esto estagnados, gerando esse tipo de ocorrncia negativa.No s as escolhas vocabulares, mas tambm o significado atribudo s palavras em

    determinado contexto e em determinada poca pode ser tambm uma estratgia discursiva

    para representar ideologia, como nos recortes:

    A presena de valores socialmente compartilhados tambm se revela nos recortes

    abaixo. As escolhas lxico-gramaticais lamentvel, onde vamos parar? eu diria que a

    sociedade no respeita, mostram que a sociedade enquanto um grupo no parece aceitar este

    tipo de violncia como normal.

    http://twitter.com/#%21/search?q=%23G1http://migre.me/2aoH3http://ow.ly/38Gk0http://twitter.com/g1http://tinyurl.com/2eyh6v6http://bit.ly/ayNVM6http://tinyurl.com/2amt76nhttp://tinyurl.com/2amt76nhttp://tinyurl.com/2amt76nhttp://bit.ly/ayNVM6http://tinyurl.com/2eyh6v6http://twitter.com/g1http://ow.ly/38Gk0http://migre.me/2aoH3http://twitter.com/#%21/search?q=%23G1
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    (49) Lamentvel, vi no JH e fiquei estarrecida RT @g1Professora agredida dentroda sala de aula em Porto Alegrehttp://tinyurl.com/2eyh6v6(57) Onde vamos parar? RT @JornalOGloboAluno no gosta de nota baixa e quebraos dois braos de professora em Porto Alegre.http://ow.ly/38Gk0(72) @mollima:Eu diria q a sociedade respeita!

    A representao dos atores sociais pode ser vista em vrios tweets de forma bastante

    variada. Como observamos em nosso corpus, a concepo da profisso professor parece estar

    sendo ressignificada. Vejamos os tweets(8) e (44), que revelam a profisso, de modo geral,

    negativizada atravs da estratgia de reificao, retratando um fato histrico e isolado como

    permanente e natural.

    (8) Professora agredida por aluno presta queixa. \\ e tem gente que queria que euinvestisse na rea! queriam que eu morresse n? s pode!

    (44) Por isso eu desisti dessa vida! RT @g1Professora agredida dentro da sala deaula em Porto Alegre

    Esta representao ideolgica negativa da profisso professor tambm materializada

    atravs da estratgia de unificao. Em (62), apesar de aparecerem outros atores sociais, como

    escolas (diretores) e pais, o tweet concentra-se na estratgia de legitimao: professores

    so agredidos constantemente por maus alunos.

    (62) Professores so agredidos constantemente por maus alunos. Em que as escolas(diretores) pecam? Ou so os pais?http://bit.ly/b8ZijY

    Esta crena do professor vitimizado, merc, ora da sociedade, ora do sistema,

    destoada apenas duas vezes, quando aprofessora recebe agncia. Em (6), ela presta queixa

    da agresso.

    (6) Professora agredida por aluno presta queixa

    O ator social mais destacado nos comentrios foi o agressor, representado de vrias

    formas, fosse como M-A-R-G-I-N-A-L, como Psicopata e burro, como aluno, ou,ainda, pelo seu nome completo: Rafael de Souza Ferreira. J a professora tem tanto sua

    agncia ofuscada, representada quase sempre atravs da voz passiva, como em (26), sendo

    representada, em todos os tweetes selecionados, como professora, que remete estratgia

    de categorizao.

    (15) M-A-R-G-I-N-A-L (bem explicadinho) agride professoraviolentamente em escolatcnica particular de Porto Alegrehttp://bit.ly/b9BLZw(73) Psicopata e burro. RT @JornalOGloboAluno no gosta de nota baixa e quebra

    os dois braos de professora em Porto Alegre.http://ow.ly/38Gk0

    http://twitter.com/g1http://tinyurl.com/2eyh6v6http://twitter.com/JornalOGlobohttp://ow.ly/38Gk0http://twitter.com/mollimahttp://twitter.com/g1http://bit.ly/b8ZijYhttp://bit.ly/b9BLZwhttp://twitter.com/JornalOGlobohttp://ow.ly/38Gk0http://ow.ly/38Gk0http://twitter.com/JornalOGlobohttp://bit.ly/b9BLZwhttp://bit.ly/b8ZijYhttp://twitter.com/g1http://twitter.com/mollimahttp://ow.ly/38Gk0http://twitter.com/JornalOGlobohttp://tinyurl.com/2eyh6v6http://twitter.com/g1
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    (26) Professora agredida dentro da sala de aula em PortoAlegre.http://twixar.com/GiT4 Rafael de Souza Ferreira vc merece ser espancado.

    Em (15), dar a localizao do evento, escola particular, pode ser uma pista

    lingustica para estabelecer que violncia desse tipo mais esperada nas escolas pblicas.Alm disso, o comentrio faz referncia concepo de ensino-aprendizagem que deve estar

    presente no contexto escolar (bem explicadinho), levando-nos ao contexto de

    interdiscursividade entre o evento e o prprio comentrio sobre o evento.

    Absurdo, chocado e inaceitvel so demonstraes de indignao bastante

    recorrentes nos recortes, o que sugere que no isso que a sociedade quer ou aprova. Por

    outro lado, so construes discursivas que parecem sinalizar para um conformismo sobre a

    situao, algo de se esperar, como em (43) Quem no acredita? Eu acredito! @g1 Professora agredida dentro da sala de aula em Porto Alegrehttp://tinyurl.com/2eyh6v6.

    Merece destaque, dessas formas de representaes do evento, o grau de abstrao nas

    representaes. Os eventos podem ser representados de formas concretas e mais abstratas.

    Essa representao mais concreta quando so mencionados os eventos em si; mais abstrata

    quando transcende aos nveis sociais: representam prticas sociais ou as estruturas sociais

    (FAIRCLOUGH, 2003). Podemos ver este tipo de representao nos tweets quando o tuiteiro

    comenta a agresso em si formas concretas; e quando remetem o fato a questes mais

    amplas: as agresses aos professores de forma geral; e a agresso como parte de um problema

    social no Brasil, ou se referem situao da educao no Brasil.

    A anlise destes recortes contribui para a verificao da materializao das crenas no

    uso corrente da linguagem, em situaes reais de uso, como no Twitter, em que pessoas das

    mais variadas idades, regies, formaes, personalidades, demonstram, em discursos

    diferentes sobre o mesmo tema, como se do as representaes ideolgicas de um grupo, os

    brasileiros, sobre um assunto de alguma forma comum a todos: a profisso professor.

    4. Algumas consideraes

    A partir da identificao do Twitter enquanto um gnero, buscamos responder neste

    trabalho como ele poderia ser identificado, a partir do hibridismo genrico. E se essa (nova)

    forma prescrita e inflexvel, ou em progressiva negociao. Nas anlises em questo,

    percebemos uma predominncia das caractersticas do gnero notcia, com o propsito

    comunicativo de informar e opinar sobre determinado evento. No podemos generalizar tal

    http://twitter.com/g1http://tinyurl.com/2eyh6v6http://tinyurl.com/2eyh6v6http://twitter.com/g1
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    Linguagens e Dilogos, v. 2, n. 1, p. 1-30, 201125

    achado, j que nosso corpusabrangia um tema especfico, a agresso contra uma professora

    no Rio Grande do Sul. Localizar outros temas e realizar um estudo contrastivo, portanto, seria

    uma opo interessante de encaminhamento para a questo.

    O objetivo primeiro, alcanado por esta pesquisa foi a verificao do aporte terico da

    ACD de Fairclough, aplicado em contexto cujos estudos ainda so bastante incipientes: o

    twitter. Consequentemente, outros objetivos tericos tambm foram alcanados, como o

    desafio essencial de Fairclough, de desnaturalizar as prticas discursivas para a propiciao da

    mudana das prticas sociais. Aqui, sugerida aos nossos pares, e no aos tuiteiros com uma

    devolutiva do estudo.

    No corpusem anlise, verificamos, a partir da opinio do tuiteiro, como ele negocia a

    sua relao com seu leitor e que imagem de si ele projeta em seu tweet. Os recortes

    discursivos sugerem uma naturalizao da identificao do professor enquanto refm dos

    valores ideolgicos difundidos na sociedade brasileiraj que os tuiteiros eram das diversas

    regies do pas. Percebemos tambm o aluno-sujeito-social destacado e empoderado nas falas

    dos tuiteiros.

    Apesar da indignao observada nos recortes discursivos, os mesmos parecem tambm

    no demonstrar alguma conscincia de sua palavra enquanto ao, sugerindo um discurso da

    reproduo da violncia contra o professor. Exemplo disso que nas escolhas semiticas, os

    atores deste estudo no optaram, por exemplo, por um abaixo-assinado para uma ao das

    autoridades polticas, ou um comunicado de que este pudesse ser um fato isolado, uma

    fatalidade. S para citar exemplos.

    Alm disto, o corpus sugere que o twitter, ao se revelar um gnero hbrido em sua

    composio (incorporando neste caso caractersticas de gneros como a notcia e a

    propaganda), na assertividade dos comentrios, agrega e reproduz tambm os valores

    ideolgicos difundidos nesses gneros primrios.

    Algumas foram as limitaes do trabalho, como a prpria constituio do twitter,ainda indefinida, j que a ferramenta enquanto gnero est em constante mudana, e a

    impossibilidade de devoluo da anlise aos participantes, como sugere a ACD. Entretanto,

    podemos citar algumas caractersticas encontradas durante a elaborao deste trabalho. So

    elas:

    1) as condies necessrias para se escrever um comentrio no twitter: fazer parte da

    rede social e estar logado rede e conectado Internet para escrever o comentrio

    (tweet);

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    2) controle do nmero de palavras: voc s pode postar um tweet com o nmero

    exato de 140 caracteres e com essa regra, os tuiteiros acabam sendo bastante

    econmicos em seus comentrios e/ou fazem uso dos recursos oferecidos pela

    prpria rede, como o recurso de retuitar (RT);

    3) No h um controle sobre a maneira como se portar no Twitter, como h nos

    jornais, TV ou propagandas, por exemplo. No no sentido de comedir as palavras

    de baixo calo, como so comuns aos comentrios postados no Twitter de modo

    geral, bem como neste corpus coletado para o artigo;

    4) O Twitterd voz a qualquer pessoa que se conectar e fizer parte da rede social, no

    h restries;

    5) H diversos espaos abertos pela rede social para que os tuiteiros expressem as

    suas opinies sobre diversos assuntos, alm do mesmo possuir o seu prprio canal,

    seu prprio espao para expor opinies e comentrios com os seus seguidores.

    Contudo, so limitaes que podem ser consideradas um desafio, para que trabalhos

    futuros consigam verificar estes achados e ampli-los, aplicando-os a outros contextos de

    interao, at que o tema seja satisfatoriamente trabalhado.

    Referncias

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    ______.Discurso e mudana social. Braslia: UnB, 2001. 316 p.

    FIGUEIREDO, Dbora de Carvalho; MORITZ, Maria Ester Wollstein. Discurso e Sociedade:a perspectiva da Anlise Crtica do Discurso e da Lingstica Sistmico-Funcional. IN: Braga,

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    HALL, Stuart. A identidade cultural na ps-modernidade. 2 ed. Rio de Janeiro: DP&Aeditora, 1998. 102 p.LEEUWEN, Theo Van. A representao dos atores sociais. IN: PEDRO, Emlia Ribeiro (org)

    Anlise Crtica do Discurso uma perspectiva sociopoltica e Funcional.Lisboa: EditorialCaminho, 1997. p. 169- 222.MARTIN, J. R. & WHITE, P. R. R. The Language of EvaluationAppraisal in English.NewYork: Palgrave, Macmillan, 2005.MEURER, Jos Lus. Ampliando a noo de contexto na lingstica sistmico-funcional e naanlise crtica do discurso. Linguagem em (dis)curso - lemd, Tubaro, v. 4, n.esp, p. 133-157,2004.

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    Gneros, teorias, mtodos, debates.So Paulo: Parbola editorial, 2005. p. 81-106.MOITA LOPES, Luiz Paulo. Lingustica Aplicada e Vida Contempornea. In: MOITALOPES, Luiz Paulo (org).Por uma lingustica indisciplinar. 2 ed. So Paulo: Parbola, 2008.

    p. 85-107RAMALHO, Viviane; RESENDE, Viviane. Anlise do Discurso Crtica. So Paulo:Contexto, 2009. 158 p.SILVA, T. T. A produo social da identidade e da diferena. In: SILVA, T.T.(org.).

    Identidade e diferena. Petrpolis: Vozes, 2000. p.73-102SILVA, D..G. da & RAMALHO, V. Reflexes para uma abordagem crtica dos gnerosdiscursivos. Revista Latinoamericana de Estudios del Discurso, v.8 (1), p. 19 - 40, 2008THOMPSON, John. B. O conceito de Ideologia. In: Ideologia e Cultura Moderna. 8 ed.Petrpolis: Vozes, 2009. p. 44-99.

    Anexo 1:corpusdo trabalho

    (1)Imagens da semanahttp://uol.com/bdkgy#UOL vale dar uma olhada, principalmentena professoraagredida, q mundo esse?

    (2)Imagens do dia - Professora de curso tcnico agredida por aluno de enfermagemhttp://uol.com/bpkcp#UOL

    (3)Uma professora foi agredida por um aluno depois de receber uma nota baixa em

    Porto Alegre(4)

    Imagens do dia - Professora agredida por seu "aluninho de 25 anos no RS"!!!!http://uol.com/bpkcp#UOL

    (5)http://tiny.cc/6z748 - Professoraagredidapor aluno de 25 anos !#absurdo(6)"Professoraagredidapor aluno presta queixa"(7)http://extra.globo.com/pais/plantao/2010/11/12/professora-agredida-por-aluno-tem-

    os-dois-bracos-quebrados-em-porto-alegre-923011162.asp VAI(8)Professora agredida por aluno presta queixa. \\ e tem gente que queria que eu

    investisse na rea! queriam que eu morresse n? s pode!(9)E esta professoraagredidapor aluno? Que absurdo, que absurdo!

    (10)

    professora agredidae tem os 2 braos quebrados por alubo em Porto Alegre -http://bit.ly/dcQ0g5

    http://uol.com/bdkgyhttp://twitter.com/#%21/search?q=%23UOLhttp://uol.com/bpkcphttp://twitter.com/#%21/search?q=%23UOLhttp://uol.com/bpkcphttp://twitter.com/#%21/search?q=%23UOLhttp://tiny.cc/6z748http://tiny.cc/6z748http://twitter.com/#%21/search?q=%23absurdohttp://extra.globo.com/pais/plantao/2010/11/12/professora-agredida-por-aluno-tem-os-dois-bracos-quebrados-em-porto-alegre-923011162.asphttp://extra.globo.com/pais/plantao/2010/11/12/professora-agredida-por-aluno-tem-os-dois-bracos-quebrados-em-porto-alegre-923011162.asphttp://extra.globo.com/pais/plantao/2010/11/12/professora-agredida-por-aluno-tem-os-dois-bracos-quebrados-em-porto-alegre-923011162.asphttp://extra.globo.com/pais/plantao/2010/11/12/professora-agredida-por-aluno-tem-os-dois-bracos-quebrados-em-porto-alegre-923011162.asphttp://extra.globo.com/pais/plantao/2010/11/12/professora-agredida-por-aluno-tem-os-dois-bracos-quebrados-em-porto-alegre-923011162.asphttp://extra.globo.com/pais/plantao/2010/11/12/professora-agredida-por-aluno-tem-os-dois-bracos-quebrados-em-porto-alegre-923011162.asphttp://extra.globo.com/pais/plantao/2010/11/12/professora-agredida-por-aluno-tem-os-dois-bracos-quebrados-em-porto-alegre-923011162.asphttp://extra.globo.com/pais/plantao/2010/11/12/professora-agredida-por-aluno-tem-os-dois-bracos-quebrados-em-porto-alegre-923011162.asphttp://bit.ly/dcQ0g5http://bit.ly/dcQ0g5http://extra.globo.com/pais/plantao/2010/11/12/professora-agredida-por-aluno-tem-os-dois-bracos-quebrados-em-porto-alegre-923011162.asphttp://extra.globo.com/pais/plantao/2010/11/12/professora-agredida-por-aluno-tem-os-dois-bracos-quebrados-em-porto-alegre-923011162.asphttp://twitter.com/#%21/search?q=%23absurdohttp://tiny.cc/6z748http://twitter.com/#%21/search?q=%23UOLhttp://uol.com/bpkcphttp://twitter.com/#%21/search?q=%23UOLhttp://uol.com/bpkcphttp://twitter.com/#%21/search?q=%23UOLhttp://uol.com/bdkgy
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    Linguagens e Dilogos, v. 2, n. 1, p. 1-30, 201128

    (11)Amigos, estarei hoje no programa Bibo Nunes Show da TV Ulbra, comentando sobeo caso da professoraagredidapelo aluno de enfermagem.

    (12)Que feio >>>> Professora agredida em Porto alegre por aluno de #enfermagemhttp://noticias.uol.com.br/album/101112_album.jhtm?abrefoto=43

    (13)Professora agredidadentro da sala de aula: Uma professora est com medo de

    voltar para a sala de aula. Ela f...http://bit.ly/dgLsKe(14)@rodpenna VC VIU? Professora agredida por aluno e tem os dois braosquebrados em Porto Alegre - O Globohttp://t.co/yF8lXcZ via @AddThis

    (15)M-A-R-G-I-N-A-L (bem explicadinho) agride professoraviolentamente em escolatcnica particular de Porto Alegrehttp://bit.ly/b9BLZw

    (16)Professora agredida dentro da sala de aula em Porto Alegre #G1http://migre.me/2aoH3

    (17)Putz... RT @EduardoKiefer:Aluno no gosta de nota baixa e quebra os dois braosde professoraem Porto Alegre.http://ow.ly/38Gk0

    (18)RT @EduardoKiefer: Aluno no gosta de nota baixa e quebra os dois braos deprofessora.http://ow.ly/38Gk0 -- Aquele centurio reencarnou?

    (19)

    Aluno no gosta de nota baixa e quebra os dois braos de professora em PortoAlegre.http://ow.ly/38Gk0

    (20)Gente que ABSURDO!! >> http://bit.ly/aGpCwJ

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    Linguagens e Dilogos, v. 2, n. 1, p. 1-30, 201129

    (35)Professora agredidapor aluno e tem os dois braos quebrados em Porto Alegre:SO PAULO - Uma professorafoi v...http://bit.ly/bue9ff

    (36)Professora agredida dentro da sala de aula em Porto Alegre >http://tinyurl.com/2eyh6v6 Professor = profisso de risco!

    (37)esta histria da professoraagredidame fez pensar... podia ter sido a minha me.

    dava aula na vila at 4 meses atrs.se aposentou,ainda bem(38)Professora agredida dentro da sala de aula em Porto Alegre #G1http://migre.me/2aoH3

    (39)RT @JornalOGlobo: Aluno no gosta de nota baixa e quebra os dois braos deprofessoraem Porto Alegre.http://ow.ly/38Gk0

    (40) o cmulo da Ignorncia - Professora agredida dentro da sala de aula em#PortoAlegrehttp://bit.ly/bhBliq

    (41)Que absurdo! RT @g1 Professora agredida dentro da sala de aula em PortoAlegrehttp://tinyurl.com/2eyh6v6

    (42) Isso um absurdo!!! http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2010/11/professora-e-agredida-dentro-da-sala-de-aula-em-porto-alegre.html

    (43)

    Quem no acredita? Eu acredito! @g1 Professora agredidadentro da sala de aulaem Porto Alegrehttp://tinyurl.com/2eyh6v6

    (44)Por isso eu desisti dessa vida! RT @g1 Professora agredidadentro da sala de aulaem Porto Alegre

    (45)RT @g1 Professora agredida dentro da sala de aula em Porto Alegrehttp://tinyurl.com/2eyh6v6 // Que absurdo!!

    (46)Que FDP! Cad o respeito, Brasil? RT @g1:Professora agredidadentro da salade aula em Porto Alegrehttp://tinyurl.com/2eyh6v6

    (47)Ainda bem q mudei de profisso a tempo... RT @g1 Professora agredidadentroda sala de aula em Porto Alegrehttp://tinyurl.com/2eyh6v6

    (48)Professora agredida dentro da sala de aula em Porto Alegrehttp://tinyurl.com/2eyh6v6

    (49)Lamentvel, vi no JH e fiquei estarrecida RT @g1 Professora agredidadentro dasala de aula em Porto Alegrehttp://tinyurl.com/2eyh6v6

    (50)Acho melhor incluir o treinamento do Bope Rt @g1 Professora agredidadentroda sala de aula em Porto Alegrehttp://tinyurl.com/2eyh6v6

    (51)RT @g1: Professora agredida dentro da sala de aula em Porto Alegrehttp://tinyurl.com/2eyh6v6 /#GauchoMelhorEmTudo

    (52)Professora agredida dentro da sala de aula em Porto Alegrehttp://tinyurl.com/2eyh6v6

    (53)@reginasviech Perdo! q considero seu comentrio importante, alm de sempre

    equilibrado e pertinente! Soube da professoraagredidaem POA?(54)

    "Professora agredidapor aluno e tem os dois braos quebrados em Porto Alegre".Que pas esse, heim?http://tinyurl.com/26tjt2m

    (55)NOSSA!!! o.O -http://bit.ly/9aLZG5(56)RT @RicardoMartinsM: Professora brutalmente agredida por aluno em Porto

    Alegre-RS!(57)Onde vamos parar? RT @JornalOGlobo Aluno no gosta de nota baixa e quebra os

    dois braos de professoraem Porto Alegre.http://ow.ly/38Gk0(58)Professorabrutalmente agredidapor aluno em Porto Alegre-RS! Teve seus braos

    quebrados, perda de dentes, enfim, uma crueldade absurda! O q(59)LOUCURA TOTAL => Aluno no gosta de nota baixa e quebra os dois braos de

    professoraem Porto Alegre.http://ow.ly/38Gk0

    http://bit.ly/bue9ffhttp://tinyurl.com/2eyh6v6http://twitter.com/#%21/search?q=%23G1http://migre.me/2aoH3http://twitter.com/JornalOGlobohttp://ow.ly/38Gk0http://twitter.com/#%21/search?q=%23PortoAlegrehttp://bit.ly/bhBliqhttp://twitter.com/g1http://tinyurl.com/2eyh6v6http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2010/11/professora-e-agredida-dentro-da-sala-de-aula-em-porto-alegre.htmlhttp://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2010/11/professora-e-agredida-dentro-da-sala-de-aula-em-porto-alegre.htmlhttp://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2010/11/professora-e-agredida-dentro-da-sala-de-aula-em-porto-alegre.htmlhttp://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2010/11/professora-e-agredida-dentro-da-sala-de-aula-em-porto-alegre.htmlhttp://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2010/11/professora-e-agredida-dentro-da-sala-de-aula-em-porto-alegre.htmlhttp://twitter.com/g1http://tinyurl.com/2eyh6v6http://twitter.com/g1http://twitter.com/g1http://tinyurl.com/2eyh6v6http://twitter.com/g1http://tinyurl.com/2eyh6v6http://twitter.com/g1http://tinyurl.com/2eyh6v6http://tinyurl.com/2eyh6v6http://twitter.com/g1http://tinyurl.com/2eyh6v6http://twitter.com/g1http://tinyurl.com/2eyh6v6http://twitter.com/g1http://tinyurl.com/2eyh6v6http://twitter.com/#%21/search?q=%23GauchoMelhorEmTudohttp://tinyurl.com/2eyh6v6http://twitter.com/reginasviechhttp://tinyurl.com/26tjt2mhttp://bit.ly/9aLZG5http://twitter.com/RicardoMartinsMhttp://twitter.com/JornalOGlobohttp://ow.ly/38Gk0http://ow.ly/38Gk0http://ow.ly/38Gk0http://ow.ly/38Gk0http://twitter.com/JornalOGlobohttp://twitter.com/RicardoMartinsMhttp://bit.ly/9aLZG5http://tinyurl.com/26tjt2mhttp://twitter.com/reginasviechhttp://tinyurl.com/2eyh6v6http://twitter.com/#%21/search?q=%23GauchoMelhorEmTudohttp://tinyurl.com/2eyh6v6http://twitter.com/g1http://tinyurl.com/2eyh6v6http://twitter.com/g1http://tinyurl.com/2eyh6v6http://twitter.com/g1http://tinyurl.com/2eyh6v6http://tinyurl.com/2eyh6v6http://twitter.com/g1http://tinyurl.com/2eyh6v6http://twitter.com/g1http://tinyurl.com/2eyh6v6http://twitter.com/g1http://twitter.com/g1http://tinyurl.com/2eyh6v6http://twitter.com/g1http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2010/11/professora-e-agredida-dentro-da-sala-de-aula-em-porto-alegre.htmlhttp://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2010/11/professora-e-agredida-dentro-da-sala-de-aula-em-porto-alegre.htmlhttp://tinyurl.com/2eyh6v6http://twitter.com/g1http://bit.ly/bhBliqhttp://twitter.com/#%21/search?q=%23PortoAlegrehttp://ow.ly/38Gk0http://twitter.com/JornalOGlobohttp://migre.me/2aoH3http://twitter.com/#%21/search?q=%23G1http://tinyurl.com/2eyh6v6http://bit.ly/bue9ff
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    Linguagens e Dilogos, v. 2, n. 1, p. 1-30, 201130

    (60) ''Professoraagredidaem colgio no rio grande do sul, por nota de aluno'' daleeeeegauchada, uuuhules

    (61)Professora agredidapor aluno e tem os dois braos quebrados em Porto Alegre -http://bit.ly/9aLZG5

    (62)Professores so agredidos constantemente por maus alunos. Em que as escolas

    (diretores) pecam? Ou so os pais?http://bit.ly/b8ZijY(63)que tragdia! uma professora foi agredida por um aluno no Sul, por pouco numchegou a morte! me revolto vendo essas coisas...

    (64)Aluno no gosta de nota baixa e quebra os dois braos de professora em PortoAlegre.http://ow.ly/38Gk0

    (65)Professora agredida por aluno e tem os dois braos quebradoshttp://bit.ly/bzKNWs

    (66)A QUE PONTO CHEGAMOS Professora agredida por aluno e tem os doisbraos quebrados em Porto Alegre-O Globohttp://t.co/qWngH8S va @AddThis

    (67)Hoje no Bom dia Brasil noticiaram o caso de uma professoraque deu nota C pra umaluno e depois foi agredidapelo garoto.

    (68)

    Caramba, uma professoradeu nota C pra um aluno, e foi brutalmente agredida. :O(69)CRUZES!!! RT: @fernandadeca:RT @JornalOGlobo:Aluno no gosta de nota baixa

    e quebra dois braos de professorahttp://ow.ly/38Gk0(70)Que ridculo... RT @JornalOGlobo Aluno no gosta de nota baixa e quebra os dois

    braos de professoraem Porto Alegre.http://ow.ly/38Gk0(71)Aluno no gosta de nota baixa e quebra os dois braos de professora em Porto

    Alegre.http://ow.ly/38Gk0(72)@mollima:Eu diria q a sociedade respeita! RT @leandromazzini Professor, uma

    profisso que aluno no respeita maishttp://bit.ly/9aLZG5 (73)Psicopata e burro. RT @JornalOGlobo Aluno no gosta de nota baixa e quebra os

    dois braos de professoraem Porto Alegre.http://ow.ly/38Gk0(74)RT @JornalOGlobo: Aluno no gosta de nota baixa e quebra os dois braos de