a monumental da ericeira

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Museu da Santa Casa de Misericórdia da Vila da Ericeira A “Monumental” da Ericeira Por João Pedro da Silva Henriques Gil Uma particularidade notável caracteriza a chamada comunidade banhista que regular e habitualmente escolhia a Ericeira para destino de veraneio desde meados do século XIX. Pertencente a uma nova aristocracia emergente ou a uma burguesia patrimonialmente importante, nada impedia a que, em todos os verões, todos se unissem em esforços com um objectivo comum e bem determinado: - a ajuda aos pobres e carenciados da vila. Juntos ao pároco ou a instituições de solidariedade social como a Santa Casa de Misericórdia, delineavam-se projectos, definiam-se estratégias colocando-se no terreno acções e eventos que conduziam á recolha dos fundos, desesperadamente, necessários. Para qualquer acção, por pequena que fosse, juntavam-se de imediato os nomes mais sonantes agregados nessa fantástica vontade tradicional de fazer o Bem.

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A Monumental da Ericeira

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Page 1: A Monumental da Ericeira

Museu da Santa Casa de Misericórdia da Vila da Ericeira

A “Monumental” da Ericeira

Por João Pedro da Silva Henriques Gil

Uma particularidade notável caracteriza a chamada comunidade banhista que regular e

habitualmente escolhia a Ericeira para destino de veraneio desde meados do século XIX.

Pertencente a uma nova aristocracia emergente ou a uma burguesia patrimonialmente

importante, nada impedia a que, em todos os verões, todos se unissem em esforços com um

objectivo comum e bem determinado: - a ajuda aos pobres e carenciados da vila. Juntos ao

pároco ou a instituições de solidariedade social como a Santa Casa de Misericórdia,

delineavam-se projectos, definiam-se estratégias colocando-se no terreno acções e eventos

que conduziam á recolha dos fundos, desesperadamente, necessários. Para qualquer acção,

por pequena que fosse, juntavam-se de imediato os nomes mais sonantes agregados nessa

fantástica vontade tradicional de fazer o Bem.

Page 2: A Monumental da Ericeira

Também a tradição tauromáquica da Ericeira foi durante décadas aproveitada para o mesmo

fim. Instalada em 1909 junto ao dito Parque das Águas de Santa Marta, a “monumental” praça

de touros da Vila ergueu-se em varedo, de madeira junto aos terrenos do Dr. João Henrique

Ulrich e da família Castro Pereira inaugurando-se numa corrida noturna na noite de 5 de

Setembro daquele ano. Várias se lhe seguiram, durante quase trinta anos, e todas para grande

alegria da “afición” e da generalidade do povo da Ericeira

Page 3: A Monumental da Ericeira

A intensa actividade e o contacto permanente com a maresia, ditaram-lhe obras de restauro

imposto pela Inspecção Geral dos Teatros, pela degradação atingida em 1925, e o seu

posterior encerramento, tornado definitivo no final da década de 40.

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Page 5: A Monumental da Ericeira

Pela mão do grande aficionado, cavaleiro e toureiro José Canas da Malveira, será construída

uma nova praça junto à Estrada Nacional no lugar dos Pocinhos que terá um dos seus pontos

mais altos a corrida em beneficência da Santa Casa de Misericórdia dirigida pelo senhor D.

António de Bragança.

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Assim era e se propagavam as obras de caridade social registadas desde 1890! Teatros, récitas,

saraus de poesia e musicais, corridas de touros, garraiadas e vacadas, filmes (1929) e as

celebérrimas Revistas da Ericeira dos anos 50 e 60.

Page 10: A Monumental da Ericeira

Muito se deve a muitos banhistas, mas há alguém que deles sobressai e se releva na

concepção na direcção, e no acompanhamento daqueles eventos. Presença constante,

simpatia permanente e contagiante, D. António José Manuel de Bragança (1895-1964) filho de

D. José Bernardino de Bragança e Ligne de Portugal e Castro Álvares Pereira de Melo e de D.

Sofia Ribeiro da Silva, foi casado com a Exmª Senhora D. Ana do Carmo Zarco da Câmara de

quem descende ilustre geração ainda e sempre presenta na Ericeira.

Santa Casa de Misericórdia da Vila da Ericeira, 30 de Setembro de 2012.