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1 A MODIFICAÇÃO DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS PELA SUPERVENIÊNCIA DE FATOS IMPREVISÍVEIS OU PREVISÍVEIS DE CONSEQUÊNCIAS INCALCULÁVEIS: RECOMPOSIÇÃO DO EQUILÍBRIO ECONÔMICO-FINANCEIRO CONTRATUAL Gustavo Choairy Coelho Resumo: A execução dos contratos administrativos é complexa e não é possível antever todos os fatos que atuarão sobre ela. A modificação dos contratos administrativos pela teoria da imprevisão e por outros institutos análogos assegura a equivalência material e atende ao interesse público na medida em que viabilizam a manutenção da equação econômico-financeira original fazendo justiça às partes. Palavras-chave: Modificação dos contratos administrativos; equilíbrio econômico-financeiro contratual; teoria da imprevisão; onerosidade excessiva; boa-fé objetiva; método comparativo entre o contrato original e o efetivamente executado; aferição da extensão do desequilíbrio para sua

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A MODIFICAÇÃO DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS PELA

SUPERVENIÊNCIA DE FATOS IMPREVISÍVEIS OU PREVISÍVEIS DE

CONSEQUÊNCIAS INCALCULÁVEIS: RECOMPOSIÇÃO DO EQUILÍBRIO

ECONÔMICO-FINANCEIRO CONTRATUAL

Gustavo Choairy Coelho

Resumo:

A execução dos contratos administrativos é complexa e não é possível antever todos

os fatos que atuarão sobre ela. A modificação dos contratos administrativos pela teoria

da imprevisão e por outros institutos análogos assegura a equivalência material e

atende ao interesse público na medida em que viabilizam a manutenção da equação

econômico-financeira original fazendo justiça às partes.

Palavras-chave:

Modificação dos contratos administrativos; equilíbrio econômico-financeiro

contratual; teoria da imprevisão; onerosidade excessiva; boa-fé objetiva; método

comparativo entre o contrato original e o efetivamente executado; aferição da extensão

do desequilíbrio para sua justa recomposição; equivalência material, justiça contratual;

função social do contrato.

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1 INTRODUÇÃO

O presente artigo trata da modificação dos contratos administrativos em razão da

superveniência de fatos imprevisíveis ou previsíveis de consequências incalculáveis

ocorridos durante a sua execução. O estudo passa pela análise dos fatos supervenientes

e sua forma de incidência sobre o equilíbrio contratual. Trata ainda da aplicação das

normas e princípios como forma de resgatar as condições originalmente pactuadas,

evitando-se prejuízos e enriquecimento sem causa.

Após a análise dos fatos e de suas consequências, aponta-se a metodologia

comparativa, entre o contrato original e o efetivamente executado, como forma de se

apurar o verdadeiro desequilíbrio, viabilizando a justa recomposição.

Como fundamentos para o resgate do equilíbrio contratual são analisados:

Lei 8.666/93 – Artigos 57, 58 e 69;

Constituição da República – Artigo 37;

Código Civil Brasileiro – Artigos 478 e 479;

Teoria da Imprevisão;

Princípios pacta sunt servanda X rebus sic stantibus;

Doutrina e jurisprudência.

2 MATERIAL E MÉTODO

O presente artigo foi desenvolvido a partir do estudo das normas vigentes, dos

princípios de Direito aplicáveis e da experiência em casos em que ocorreu o

desequilíbrio dos contratos administrativos ensejando a recomposição da equação

inicial.

Foi abordado o método comparativo, entre o contrato originalmente pactuado e aquele

transformado pelos fatos supervenientes, ou seja, comparando-se o previsto com o

realizado, de modo a possibilitar a justa aferição do desequilíbrio, base para o resgate

do sinalagma contratual.

3 RESULTADOS

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Os resultados obtidos com o presente artigo e com a metodologia proposta são a possibilidade de verificação da ocorrência do desequilíbrio econômico-financeiro dos contratos administrativos, bem como a sua verdadeira extensão.

Permite-se ao leitor concluir que a aplicação dos institutos de resgate do equilíbrio original possuem fundamentos jurídicos e matemáticos capazes de aferir a justa retribuição pelos serviços prestados à Administração.

A descrição minuciosa dos fatos supervenientes, seu enquadramento na teoria da imprevisão e demais institutos jurídicos, permitem aos técnicos da área de Engenharia de Custos calcularem os valores correspondentes ao desequilíbrio, assegurando a justa recomposição da equação original.

Desse modo, o presente trabalho permite um melhor entendimento do tema e, por consequência, a realização da justiça às partes, quando aplicados os institutos aqui estudados.

4 DESENVOLVIMENTO

É comum ocorrerem fatos alheios à vontade das partes na execução de qualquer

contrato. O mesmo se aplica, com destaques, aos contratos administrativos. Esses fatos

possuem previsão legal, e ensejam o resgate do equilíbrio econômico-financeiro

inicialmente pactuado.

4.1 A Teoria da Imprevisão

Os fatos ocorridos na execução dos contratos administrativos, alheios à vontade das

partes, encontram respaldo no Ordenamento Jurídico pátrio, sobretudo no Artigo 65,

da Lei 8.666/93, ou seja, na legislação específica de contratos administrativos e

licitações.

Sobre a disposição do Artigo 65 da Lei 8.666/93, escreve Marçal Justen Filho:

A ocorrência de fatos supervenientes e imprevistos (álea econômica)

Durante a execução de contratos, em especial daqueles de longa duração, podem ocorrer alterações econômicas imprevisíveis, tornando inviável ao particular executar o contrato nas condições originalmente previstas.

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Executar a prestação nos exatos termos inicialmente previstos acarretaria sua ruína, com o enriquecimento correspondente da outra parte. A aplicação da teoria da imprevisão deriva da conjugação dos seguintes requisitos: Imprevisibilidade do evento; Inimputabilidade do evento às partes; Grave modificação das condições do Contrato; Ausência de impedimento absoluto.1

O conceito da imprevisibilidade também pode ser utilizado para indicar a ausência de

participação da parte interessada na produção do evento danoso. No Brasil, o artigo

65, II, “d”, da Lei 8.666/93, ampliou a abrangência da teoria da imprevisão para nela

fazer incluir os fatos de consequências incalculáveis.

Ocorre a Teoria da Imprevisão quando, no curso do contrato, sobrevêm eventos

excepcionais e imprevisíveis que subvertem a equação econômico-financeira do pacto.

O instituto se funda no princípio rebus sic stantibus, segundo o qual o contrato deve

ser cumprido, desde que estejam mantidas as mesmas condições presentes no

momento da contratação.

Dessa forma, a álea tem forte influência sobre o instituto, porquanto os contratantes

jamais disporão de meios de prever o futuro, de modo que, invariavelmente, estarão

sujeitos à limitação de não poderem estabelecer condições verdadeiramente imutáveis

até a conclusão da avença.

Notadamente nos contratos de obras públicas, a verificação da ocorrência da Teoria da

Imprevisão, dependerá, então, da comparação entre o Contrato Original, ou seja, do

Contrato Licitado, face ao Contrato efetivamente executado ou transformado pelos

fatos, conforme as modificações das condições originalmente estabelecidas tenham

sido transformadas.

A ocorrência de fatos imprevisíveis, anormais, alheios à ação dos contraentes, e que

tornam o contrato ruinoso para uma das partes, acarreta situação que não pode ser

suportada unicamente pelo prejudicado.

1 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos. 11. ed. São Paulo: Dialética, 2008.

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Por esse motivo, a Teoria da Imprevisão se traduz em um instrumento de

recomposição do equilíbrio estabelecido, o que, no fundo, nada mais representa senão

prestigiar o significado real do consensus expressado no contrato, pela restauração dos

termos da equivalência inicial, ou seja, de sua normalidade substancial.

O contrato administrativo tem como essência sua onerosidade, razão pela qual não se

poderá vulnerar a equação econômico-financeira original, sob pena de impor ônus

excessivos e não contemplados originalmente.

A própria Lei 8.666/93 assegura expressamente a manutenção do equilíbrio contratual,

no Art. 65, d e § 6º. Trata-se de cláusula exorbitante do Contrato Administrativo,

posto que excede àquelas ordinariamente aplicáveis aos contratos em geral.

Tais normas decorrem da natureza pública do contrato administrativo celebrado entre

o particular e a Administração.

A matéria encontra amplo respaldo na Doutrina. Vejamos:

A Lei 8666/93 admite, por sua vez, o aditamento do contrato para manutenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial quando houver alteração de encargos e tributos (Art. 65, II, d e § 6º). Não se trata de um gracioso privilégio concedido aos que contratam com o Poder Público, mas, sim, de uma justa compensação pela alteração unilateral do contrato administrativo, nas condições ou circunstâncias que afetem a parte financeira do ajuste e as pressões da Empresa quanto aos seus encargos econômicos e lucros normais do empreendimento.2

Aplica-se, desta forma, a teoria denominada rebus sic stantibus, segundo a qual as

obrigações decorrentes do Contrato devem ser interpretadas sob o prisma das

circunstâncias e fatos nas quais foram celebradas.

Nesse sentido, a Doutrina também se posiciona:

[...] as obrigações contratuais hão de ser entendidas em correlação com o estado de coisas ao tempo em que se contratou. Em consequência, a mudança acentuada dos pressupostos de fato em que se embasaram implica alterações que o Direito não pode desconhecer. É que as vontades se ligaram em vista de certa situação, e na expectativa de determinados efeitos

2 MEIRELLES, Hely Lopes. Licitações e Contratos Administrativos. 12 ed. São Paulo: Malheiros, 1999, p. 166.

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totalmente diversos, surgidos à margem do comportamento dos contratantes.3

Além disso, têm decidido os Tribunais, formando jurisprudência acerca do tema:

CONTRATO ADMINISTRATIVO. EQUAÇÃO ECONÔMICO- FINANCEIRA DO VÍNCULO.DESVALORIZAÇÃO DO REAL. JANEIRO DE 1999. ALTERAÇÃO DE CLÁUSULA REFERENTE AO PREÇO. APLICAÇÃO DA TEORIA DA IMPREVISÃO E FATO DO PRÍNCIPE.1. A novel cultura acerca do contrato administrativo encarta, como nuclear no regime do vínculo, a proteção do equilíbrio econômico-financeiro do negócio jurídico de direito público, assertiva que se infere do disposto na legislação infralegal específica (arts. 57, § 1º, 58, §§ 1º e 2º, 65, II, d, 88 § 5º e 6º, da Lei 8.666/93.Deveras, a Constituição Federal ao insculpir os princípios intransponíveis do art. 37 que iluminam a atividade da administração à luz da cláusula mater da moralidade, torna clara a necessidade de manter-se esse equilíbrio, ao realçar as "condições efetivas da proposta".2. O episódio ocorrido em janeiro de 1999, consubstanciado na súbita desvalorização da moeda nacional (real) frente ao dólar norte-americano, configurou causa excepcional de mutabilidade dos contratos administrativos, com vistas à manutenção do equilíbrio econômico-financeiro das partes.3. Rompimento abrupto da equação econômico-financeira do contrato.Impossibilidade de início da execução com a prevenção de danos maiores. (ad impossiblia memo tenetur).4. Prevendo a lei a possibilidade de suspensão do cumprimento do contrato pela verificação da exceptio non adimplet contractus imputável à administração, a fortiori, implica admitir sustar-se o "início da execução", quando desde logo verificável a incidência da "imprevisão" ocorrente no interregno em que a administração postergou os trabalhos. Sanção injustamente aplicável ao contratado, removida pelo provimento do recurso.5. Recurso Ordinário provido.4

Entendimento este asseverado pela Doutrina:

Equilíbrio econômico-financeiro (ou equação econômico-financeira) é a relação de igualdade formada, de um lado, pelas obrigações assumidas pelo contratante no momento do ajuste e, de outro lado, pela compensação econômico-financeira que lhe corresponderá.

É característica essencial do contrato administrativo o equilíbrio econômico-financeiro. Segundo ele afirmou esta característica contrapõe-se às prerrogativas da Administração. As cláusulas econômico-financeiras não podem ser elididas.5

3 SUNDFELD, Carlos Ari. Licitação e Contrato Administrativo. 2. ed., São Paulo: Malheiros, 1995, p. 238.4 RMS 15154 / PE RECURSO ORDINARIO EM MANDADO DE SEGURANÇA 2002/0089807-4 Relator(a) Ministro LUIZ FUX (1122). Órgão Julgador T1 - PRIMEIRA TURMA. Data do Julgamento 19/11/2002. Data da Publicação/Fonte DJ 02/12/2002 p. 222 RSTJ vol. 174 p. 133.5 BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo, 14ª ed. São Paulo: Malheiros, 2001, p. 619-620.

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Reconhece-se, portanto, a aplicabilidade dos princípios e dispositivos legais já

consagrados em nosso sistema normativo para manutenção do equilíbrio contratual.

Assim, a aplicação da Teoria da Imprevisão, é imprescindível para se analisar os fatos

ocorridos na execução dos contratos administrativos.

O fundamento está em valorizar o equilíbrio contratual, ou seja, o equilíbrio

estabelecido, em comum acordo entre as partes e que deve ser preservado até a

conclusão integral da avença. A esse respeito, preleciona o culto Professor Miguel

Maria de Serpa Lopes:

[...] a imprevisão consiste, assim, no desequilíbrio das prestações sucessivas ou diferidas, em consequência de acontecimentos ulteriores à formação do contrato, independentemente da vontade das partes, de tal forma extraordinários e anormais que impossível se tornava prevê-los razoável e antecedentemente.São acontecimentos supervenientes que alteram profundamente a economia do contrato, por tal forma perturbando o seu equilíbrio, como inicialmente estava fixado, que se torna certo que as partes jamais contratariam se pudessem ter podido antes antever esses fatos. Se, em tais circunstâncias, o contrato fosse mantido, redundaria num enriquecimento anormal, em benefício do credor, determinando um empobrecimento da mesma natureza, em relação ao devedor. Consequentemente, a imprevisão tende a alterar ou excluir a força obrigatória dos contrato.6

Se assim não fosse, estariam as partes contratantes à deriva, sujeitos aos riscos da

Onerosidade Excessiva, instituto previsto no Código Civil Brasileiro e aplicável de

forma subsidiária aos contratos administrativos, conforme previsão do Artigo 54 da

Lei de Licitações.

4.2 A Onerosidade Excessiva

O instituto de direito civil se aplica também aos contratos administrativos uma vez que

a própria Lei 8.666/93 prevê:

Art. 54. Os contratos administrativos de que trata esta Lei regulam-se pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito público, aplicando-se-lhes, supletivamente, os princípios da teoria geral dos contratos e as disposições de direito privado.7

6 SERPA LOPES, Miguel Maria de. Curso de Direito Civil, Vol. III. 5. 6d. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 20017 BRASIL. LEI Nº 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências.

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Desse modo a previsão da Lei Civil se aplica aos contratos administrativos, mesmo

por que, tem caráter principiológico em seu conteúdo:

Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.8

O dispositivo em questão também reflete a Teoria da Imprevisão, uma vez que

recomenda sejam revistas as obrigações e o valor da prestação estipulada, acaso

afigure-se manifestamente desproporcional no momento de sua execução.

Essa conclusão decorre ainda da aplicação de diversos princípios de Direito, tais como

o da Boa-fé Objetiva, que encontra previsão nos artigos 113 e 422 do Código Civil

Brasileiro e se caracteriza pela fidelidade na execução do contrato, ou seja:

[...] uma atuação ‘refletida’, uma atuação refletindo, pensando no outro, no parceiro contratual, respeitando-o, respeitando seus interesses legítimos, suas expectativas razoáveis, seus direitos, agindo com lealdade, sem abuso, sem obstrução, sem causar lesão ou desvantagem excessiva, cooperando para atingir o bom fim das obrigações: o cumprimento contratual e a realização dos interesses das partes.9

Por certo, diante da execução de contrato público, incide ainda o princípio geral da

Vedação ao Enriquecimento sem Causa, dada a sua importância e seu alcance.

Nesse sentido, leciona a melhor doutrina:

[...] o enriquecimento sem causa – que é um princípio geral do Direito – supedaneia, em casos tais, o direito do particular indenizar-se pela atividade que proveitosamente dispensou em prol da coletividade...Tem-se, portanto que a regra geral, de que o princípio reitor na matéria é – e não poderia deixar de ser – o da radical vedação ao enriquecimento sem causa.10

No mesmo sentido:

8 BRASIL. LEI N o 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. Institui o Código Civil.9 MARQUES, Cláudia Lima. Contratos no código de defesa do consumidor. 4.ª ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. p. 181-182.10 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. O Princípio do Enriquecimento sem Causa em Direito Administrativo. Revista Eletrônica de Direito Administrativo Econômico, Salvador, Instituto de Direito Público da Bahia, nº 5, fev/mar/abr de 2006. Disponível na Internet: www.direitodoestado.com.br. Acesso em 10/10/2008.

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Não é a lei que, direta ou indiretamente, faz surgir a obrigação de restituir. Não é a vontade do enriquecido que a produz. O fato condicionante é o locupletamento injusto. Evidentemente, o locupletamento dá lugar ao dever de restituir, porque a lei assegura ao prejudicado o direito de exigir a restituição, sendo, portanto, a causa eficiente da obrigação do enriquecimento, mas assim é para todas as obrigações que se dizem legais.11

Nesse sentido, conforme já demonstrado acerca dos fatos imprevistos, nota-se relação

direta dos mesmos com a previsão legal, com a doutrina e a jurisprudência, ensejando

e fundamentando o reequilíbrio contratual, sempre que necessário.

Portanto, verifica-se que a ocorrência de fatos não previsíveis e, portanto,

estreitamente relacionados à Teoria da Imprevisão e associados a outros princípios de

Direito, ensejam a alteração do contrato administrativo, sob o prisma da supracitada

Teoria e ainda, da Onerosidade Excessiva, institutos amplamente aplicados no direito

pátrio, por serem medidas de Justiça.

4.3 A Equivalência Material e da Função do Contrato

Feitas as considerações acerca dos princípios do contrato, torna-se possível a análise

sob a ótica do direito, em sua acepção mais ampla, que é a função do contrato, ou seja,

a essência que lhe confere existência e lhe permite reconhecimento pela sociedade e

pelo Estado.

A moderna concepção de Contrato impõe o dever de examiná-lo sob a ótica de sua

função social, considerando sua importância dentro do contexto social onde é

avençado, e não sob o império exclusivo do pacta sunt servanda da outrora teoria

clássica.

Leciona o Professor Lucas Abreu Barroso:

Há muito que o relativo à função social logra relevância na seara jurídica, por envolver a questão aspectos políticos, econômicos e sociais, notadamente no que concerne à propriedade. As desigualdades latentes no convívio em sociedade ao longo da história passaram a requerer soluções que fossem capazes de reduzir o quadro de injustiças existentes em cada

11 GOMES, Orlando. Obrigações. Rio de Janeiro: Forense, 1996.

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época, principalmente em virtude da distância entre o que preceituava a lei e o que se verificava na realidade social.12

No mesmo sentido leciona Cláudia Lima Marques:

A nova concepção de contrato destaca, ao contrário, o papel da lei. É a lei que reserva um espaço para a autonomia da vontade, para a auto-regulamentação dos interesses privados. Logo, é ela que vai legitimar o vínculo contratual e protegê-lo. A vontade continua essencial à formação dos negócios jurídicos, mas sua importância e força diminuíram, levando à relativização da noção de força obrigatória e intangibilidade do conteúdo do contrato.13

Da mesma forma e, ainda segundo preleção do Artigo 54 da Lei de Licitações, o

Código Civil Brasileiro estabeleceu, no Artigo 421, o Princípio da Função Social do

Contrato, ao dizer que "a liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites

da função social do contrato", manifestando o professor Miguel Reale, na qualidade de

supervisor dos trabalhos e o Ministro Armando Falcão, na exposição de motivos que:

Por outro lado, firme consciência ética da realidade socioeconômica norteia a revisão das regras gerais sobre a formação dos contratos e a garantia de sua execução equitativa, bem como as regras sobre resolução dos negócios jurídicos em virtude de ONEROSIDADE EXCESSIVA, as quais vários dispositivos expressamente se reportam, dando a medida do propósito de conferir aos contratos estrutura e finalidade sociais. É um dos tantos exemplos e atendimento da 'socialidade' do direito... Nesse contexto, bastará, por conseguinte, lembrar alguns outros pontos fundamentais, a saber: ...c) tornar explícito, como princípio condicionador de todo o processo hermenêutico, que a liberdade de contratar só pode ser exercida em consonância com os fins sociais do contrato, implicando os valores primordiais da boa fé e da probidade. Trata-se de preceito fundamental, dispensável talvez, sob o enfoque de uma estreita compreensão positivista do direito, mas essencial à adequação das normas particulares à concreção ética da experiência jurídica.14

Nesse passo, o parágrafo único do art. 2.035 do Código Civil Brasileiro, in verbis:

Art. 2.035. (Omissis).Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos.15

12 BARROSO, Lucas. O contrato de seguro e o direito das relações de consumo. Disponível em: http://www.professorsimao.com.br/Artigo%20-%20direito%20civil%20-%20site%20do%20Sim%C3%A3o.pdf Acesso em: 26 fev. 2012.13 MARQUES, Cláudia Lima. Op.cit. p. 181-182.14 Brasil. Código civil (2002). Novo código civil : exposição de motivos e texto sancionado. 2. ed. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas. Data de publicação: 2005. Direito civil, legislação, Brasil. Disponível em http://www2.senado.gov.br/bdsf/item/id/70319. Acesso em: 26 fev. 2012.15 BRASIL. LEI N o 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. . Institui o Código Civil.

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O Princípio do Equilíbrio ou Equidade contratual impõe ao pacto a busca da justiça

contratual e, consequentemente, o seu equilíbrio, trazendo desta forma, a proibição de

desvantagem exagerada ou desarrazoada para qualquer das partes, além de sancionar a

Onerosidade Excessiva, tornando real e atribuindo importância a comutatividade das

prestações, reprimindo excessos e determinando a aplicação dos princípios da

proporcionalidade e da razoabilidade de direitos e deveres.

Esse é o espírito da Lei vigente, quando estabelece a onerosidade excessiva como

causa da resolução dos contratos.

Dessa forma a Lei consagra o Princípio da Equivalência Material que busca realizar e

preservar o equilíbrio real de direitos e deveres no contrato, antes, durante e após sua

execução, para harmonização dos interesses.

Esse princípio preserva a equação e o justo equilíbrio contratual, seja para manter a

proporcionalidade inicial dos direitos e obrigações, seja para corrigir os desequilíbrios

supervenientes. O que interessa não é mais a exigência cega de cumprimento do

contrato, da forma como foi assinado ou celebrado, mas se sua execução não acarreta

vantagem excessiva para uma das partes e desvantagem excessiva para outra, aferível

objetivamente, segundo as regras da experiência ordinária e das ciências específicas,

tais como a Engenharia de Custos.

O princípio clássico, como já visto, passou a ser entendido no sentido de que o

contrato obriga as partes contratantes, mas nos limites do equilíbrio dos direitos e

deveres entre elas consolidado no pacto inicial.

Neste contexto leciona Humberto Teodoro Junior sobre a relatividade do princípio da

força obrigatória do contrato, em face dos demais princípios e normas do ordenamento

jurídico. Lembra o jurista que Nunca se isolou o pacta sunt servanda como único e

absoluto princípio informativo do direito contratual. Em que pese a sua força

obrigatória, o contrato curva-se diante do ideal de justiça, que está implícito em

qualquer ordenamento jurídico do mundo civilizado.

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Observada a legítima formação do contrato, instala-se, por sua força jurídica, o vínculo obrigatório e presumidamente justo entre os contratantes. Contudo, a obrigatoriedade contratual está indissoluvelmente ligada à comutatividade ou ao equilíbrio entre as prestações das partes. Se eventos posteriores por elas não previstos afetam esta comutatividade e, consequentemente, a justiça contida na equação econômico-financeira inicialmente avençada, a aplicação do “pacta sunt servanda” se torna flexível, com vistas ao restabelecimento do equilíbrio das prestações.16

O aspecto objetivo considera o real desequilíbrio de direitos e deveres contratuais que

pode estar presente na celebração do contrato ou na eventual mudança do equilíbrio

em virtude de circunstâncias supervenientes que levem a onerosidade excessiva para

uma das partes.

O Legislador, expressamente reconheceu a possibilidade de revisão dos contratos,

como única forma de assegurar a continuidade dos direitos das partes envolvidas,

elevando os princípios àqueles de ordem Constitucional:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:(...)XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.17

E ainda a Lei Específica:

Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários, exceto quanto aos relativos:§ 1º Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão e de entrega admitem prorrogação, mantidas as demais cláusulas do contrato e assegurada a manutenção de seu equilíbrio econômico-financeiro, desde que ocorra algum dos seguintes motivos, devidamente autuados em processo:I - alteração do projeto ou especificações, pela Administração;

16 THEODORO JUNIOR, Humberto. O contrato e seus princípios. Rio de Janeiro: Aide, 1993.17 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.

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II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estranho à vontade das partes, que altere fundamentalmente as condições de execução do contrato;III - interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo de trabalho por ordem e no interesse da Administração;IV - aumento das quantidades inicialmente previstas no contrato, nos limites permitidos por esta Lei;V - impedimento de execução do contrato por fato ou ato de terceiro reconhecido pela Administração em documento contemporâneo à sua ocorrência;VI - omissão ou atraso de providências a cargo da Administração, inclusive quanto aos pagamentos previstos de que resulte, diretamente, impedimento ou retardamento na execução do contrato, sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos responsáveis.Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a prerrogativa de:I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse público, respeitados os direitos do contratado;I - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no inciso I do art. 79 desta Lei;III - fiscalizar-lhes a execução;IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste;V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato, na hipótese da necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado, bem como na hipótese de rescisão do contrato administrativo.§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos contratos administrativos não poderão ser alteradas sem prévia concordância do contratado.§ 2º Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusulas econômico-financeiras do contrato deverão ser revistas para que se mantenha o equilíbrio contratual.Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes casos:I - unilateralmente pela Administração:a) quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica aos seus objetivos;b) quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei;II - por acordo das partes:a) quando conveniente a substituição da garantia de execução;b) quando necessária a modificação do regime de execução da obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais originários;c) quando necessária a modificação da forma de pagamento, por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com relação ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente contraprestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço;d) para restabelecer a relação que as parte pactuaram inicialmente entre os encargos do contratado e a retribuição da Administração para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento, objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato, na hipótese de sobreviverem fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de consequências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ouainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econômica extraordinária e extracontratual.18

18 BRASIL. LEI Nº 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências.

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Não há dúvidas, o Administrador sempre buscará prever as condições de execução dos

contratos em sua integralidade, ou seja, definir todos os gastos e condições que

permitiriam a execução do contrato como um todo, atendendo, também na totalidade,

ao interesse público, conforme regra do Artigo 8º da Lei 8.666/93.

Contudo, em que pese o esforço do Administrador e, por que não dizer dos

particulares, ocorrem fatos posteriores à contratação, que são imprevisíveis ainda no

momento da licitação e, exatamente por serem fatos desconhecidos das partes quando

da avença original, merecem tratamento diferenciado, ensejando o reequilíbrio do

contrato.

Para Odete Medauar, o chamado equilíbrio econômico-financeiro, também conhecido

como equação financeira do contrato:

[...] significa a proporção entre os encargos do contratado e a sua remuneração, proporção esta fixada no momento da celebração do contrato; diz respeito às chamadas cláusulas contratuais, terminologia redundante, classicamente usada para designar as cláusulas referentes sobretudo à remuneração do contratado.19

Finalmente, na precisa lição de Marçal Justen Filho:

A garantia constitucional se reporta à relação original entre encargos e vantagens. O equilíbrio exigido envolve essa contraposição entre encargos e vantagens, tal como fixada por ocasião da contratação. O equilíbrio de que se cogita é puramente estipulativo. As partes reputam que os encargos equivalem às vantagens, o que não significa que, efetivamente, haja um equilíbrio econômico real, material, de conteúdo.20

Desta feita, vê-se que a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro nada mais é

do que a preservação das condições originais do pacto, tais como foram de comum

acordo, estabelecidas.

19 MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. São Paulo: Revista dos Tribunais, 8. ed., 2004, p. 25420 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos. São Paulo: Dialética, 10ª edição, 2004, p. 528..

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Portanto, conforme acima elucidado, os termos iniciais da avença devem ser

respeitados e, ao longo de toda a execução do contrato, a contraprestação pelos

encargos suportados pelo Contratado deve se ajustar à sua expectativa quanto às

despesas e aos lucros normais do empreendimento, razão pela qual merece ser

ressarcido pelos prejuízos que sofrer ao longo da execução do Contrato.

4.4 Do Equilíbrio Econômico-financeiro Contratual Original: O momento da

Definição da Equação Econômico-financeira

A equação econômico-financeira do contrato celebrado entre as partes se estabelece,

inicialmente, com a publicação do ato convocatório (Edital), que tem força vinculante,

e a definição ocorre no momento da aceitação da proposta pela Administração, que

contrata o particular para execução dos serviços ou fornecimento de insumos.

Para elaboração dos orçamentos o particular utiliza-se das premissas que são

conhecidas na fase licitatória, inclusive no que se refere à questão fundamental

relacionada aos prazos de execução.

Há, portanto, uma vinculação entre as etapas e determinados prazos para que a

execução ocorra uniformemente, possibilitando a manutenção do planejamento e,

consequentemente o ritmo originalmente planejado.

A metodologia de execução dos serviços de empreitada é definida a partir dos fatos

que embasaram a formulação e apresentação da Proposta, ou seja, é elaborada com

base nos escopo original e nas informações disponibilizadas pelo Contratante.

Nesse sentido, o escopo original estabelece quais serão as condições inicialmente

pactuadas, de forma a definir as premissas para a manutenção do equilíbrio

econômico-financeiro do Contrato durante toda a sua execução.

Portanto, havendo qualquer modificação, quer seja de escopo, quer seja de

metodologia, prazos, condições mercadológicas, climáticas, entre outros, que alterem

os parâmetros inicialmente contratados, cabe às partes promoverem medidas que

sejam suficientes e hábeis ao restabelecimento do equilíbrio contratual.

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Normalmente, a Contratada, após calcular os custos diretos das obras, com os preços

dos insumos, praticados na época da apresentação da Proposta, aplica sobre os

mesmos o multiplicador denominado BDI (Bonificação e Despesas Indiretas) parcela

composta pelos custos indiretos + lucro + impostos.

Em seu dimensionamento, o BDI leva em consideração, dentre outras variáveis, o

prazo de execução das obras. Quando este prazo é aumentado, as despesas indiretas

também aumentam e, por consequência, o preço final é onerado, causando o

desequilíbrio econômico-financeiro do contrato.

Em seu livro “Equilíbrio Econômico-Financeiro Contratual” a Advogada Renata Faria

Silva Lima descreve, de forma clara, os conceitos relacionados aos custos indiretos,

BDI e reequilíbrio econômico financeiro, conforme extrato do texto apresentado a

seguir:

BDI e reequilíbrioNa elaboração de um orçamento para a apresentação de uma proposta, dois itens são levados em conta para a verificação do preço de execução do objeto a ser contratado: a) os custos diretos;b) a bonificação (ou lucro) e, ainda, as despesas indiretas. Este segundo item, constituído pela bonificação e pelas despesas indiretas, é normalmente denominado BDI.Os custos diretos são calculados a partir das especificações dos materiais, dos memoriais descritivos, do caderno de encargos ou das especificações técnicas do projeto básico, integrantes do instrumento convocatório. Para o cômputo do custo final dosserviços contratados, deve-se aplicar sobre o valor dos custos diretos o percentual atinente à bonificação e as despesas indiretas (BDI), com vistas a contemplar justamente as despesas indiretas e o lucro do contratado. Assim, os preços contratados são resultadode uma composição entre custos diretos, despesas indiretas e lucro.Ao contrário dos custos diretos, que são proporcionais à produção dos serviços, só ocorrendo caso essa produção seja efetuada, as despesas indiretas, em regra, independem do volume de produção, sendo fixas e diretamente proporcionais ao tempo de duração do contrato ou, ainda, a outros parâmetros, tais como os tributos incidentes sobre o faturamento. Referem-se eles, como já dito, às despesas que ocorrem em função do tempo, e não em função da atividade produtiva. Ou seja, incorre-se em tais custos indiretos durante um tempo preestabelecido, mesmo que pouca ou nenhuma atividade de produção tenha sido realizada. Ocorrem pelo simples fato de os recursos que produzem esses serviços indiretos acharem-se disponíveis durante determinado tempo.Exemplos desses custos indiretos ou fixos, verificados mês a mês, em função do tempo de disponibilidade dos recursos, e não da produção dos bens ou trabalhos, são, em um contrato de obra, os custos com o pagamento

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de engenheiros, supervisores, funcionários da vigilância, da seção de pessoal, da seção técnica e do almoxarifado, e, na matriz da construtora, os custos incorridos mensalmente com as equipes de coordenação de apoio técnico, administrativo, financeiro e contábil.De fato, se durante a execução de um contrato as atividades de produção vierem a ser drasticamente diminuídas, paralisadas ou postergadas, os custos de administração e apoio alocados às obras continuam a incidir mensalmente em sua totalidade. Os profissionais designados para as áreas de supervisão e apoio do empreendimento continuam a fazer jus aos seus salários, verbas trabalhistas, moradias, refeições, transporte e outros direitos correlatos. Por sua vez, os equipamentos alocados às construções continuam a gerar, mensalmente, custos de propriedade (depreciação e custos de capital) ou de aluguel.André Luiz Mendes e Patrícia Reis Leitão Mendes conceituaram BDI como "a taxa correspondente às despesas indiretas e ao lucro que, aplicada ao custo direto de um empreendimento (materiais, mão-de-obra, equipamentos) eleva-o a seu valor final”.Geralmente, o valor atinente a bonificação e as despesas indiretas (BDI) é "expresso em percentual, o qual, aplicado sobre os custos diretos orçados, resultará no custo final do objeto contratado.”“Para o cálculo do percentual de BDI, normalmente, consideram-se como despesas indiretas o seguinte:1. despesas financeiras (gastos com correção monetária e juros para financiar a defasagem entre a data do desembolso dos custos e a data do recebimento da receita correspondente);2. administração central (gastos relacionados à manutenção da sede da empresa que dá suporte técnico, administrativo e financeiro a todas as obras que estão sendo por ela executadas, tais como aluguel do escritório, compra de material para o escritório, custos com a diretoria e com os funcionários, despesas com água, luz, telefone, impostos, taxas);3. tributos (COFINS, PIS, ISS e CSSL);4. mobilização e desmobilização das equipes;5. seguros e garantias; e outros gastos indiretos.Já a bonificação (ou lucro esperado), sendo integrante do percentual de BDI, irá incidir sobre o custo direto dos serviços. Com efeito, a decomposição do percentual atinente abonificação e as despesas indiretas (BDI) em planilha, com enumeração dos itens que o compõem, permite aferir, em caso de ocorrência de eventos imprevistos, por exemplo, se os percentuais dedicados aos itens que o integram, considerados quando da elaboração da proposta, sofreram diminuição ou majoração, desequilibrando, assim, a equação econômico-financeira do ajuste.”6. administração local (engenheiros de produção, encarregados, despesas com escritório de obras, veículos de apoio, telefones, controles tecnológicos e outro);21

Dessa forma, fatos alheios à vontade das partes, imprevisíveis, são causadores de

custos adicionais, e ensejam o restabelecimento das condições inicialmente pactuadas.

Assim, a definição do escopo, bem como o prazo de execução, têm relação direta com

o equilíbrio contratual já que, sendo ele a medida de balizamento das partes no

21 LIMA, Renata Faria. Equilíbrio econômico-financeiro contratual: no direito administrativo e no direito civil. Renata Faria Lima. Belo Horizonte: Del Rey, 2007. p. 112 a 116.

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momento da contratação, não pode ser alterado sem que ocorram conjuntamente,

medidas que permitam a manutenção da equação justa a ser perseguida até a extinção

do contrato.

4.5 Da Análise Interdisciplinar – Engenharia de Custos

O resgate do equilíbrio contratual envolve conhecimentos específicos da área de

Engenharia de Custos de modo que a apuração dos valores devidos deverão ser

calculados por profissionais da área de conhecimento adequada.

Tal providência assegurará não só o melhor entendimento dos fatos e de suas

consequências para o contrato, mas a condução e apuração dos valores devidos por

profissionais isentos e da mais alta competência, sendo certo que, desta forma, a

Autoridade competente, seja ela administrativa ou judicial poderá proferir decisão

mais justa.

Segundo a publicação especializada no Livro “Claim e Perícias em Custos de Obras

Públicas”, do Engenheiro Edson Garcia Bernardes, os custos de produção possuem as

seguintes características a serem consideradas:

3.3. Formação dos custos de produção Conforme é de conhecimento e domínio técnico, os custos de produção na construção pesada e/ou civil são formados pela soma das parcelas dos CUSTOS DIRETOS + CUSTOS INDIRETOS + BONIFICAÇÃO.3.3.1 Custos diretos: São aqueles que dizem respeito aos insumos de materiais, mão-de-obra de produção, equipamentos de terraplenagem e pavimentação, asfalto, combustíveis, cimento, tijolos, agregados, tintas, ferragens, ferramentas e outros afins relacionados à produção da obra.3.3.2 Custos indiretos: São aqueles que dizem respeito aos custos com administração do escritório central, administração e direção no local da obra, custos financeiros e impostos, alojamentos e alimentação de funcionários, veículos de apoio administrativo, controles tecnológicos, despesas de viagens, taxas de CREA e PREFEITURA, e outros afins relacionados à administração da obra.3.3.3 Bonificação: É a parcela que prevê o Lucro relativo à empreitada, parcela legítima que pertence ao contratado. Normalmente após calculados os custos diretos aplica-se sobre o mesmo um fator multiplicador chamado BDI (BONIFICAÇÃO + DESPESAS INDIRETAS) para se obter o preço de venda dos serviços à serem prestados. Os custos administrativos compõem os preços unitários ou o preço global orçados, embora possam não estar especificamente discriminados. A planilha que acompanha o edital de licitação, via de regra, somente contempla materiais e serviços a

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serem aplicados e realizados. Mas, a cotação de cada um desses itens inclui, evidentemente, o custo dos engenheiros, administradores, de pessoal, equipamentos e materiais de escritório, de contabilidade, etc, alocados diretamente e indispensáveis à realização do empreendimento.Os preços cotados nas licitações também incluem o lucro do empreiteiro, por óbvio, pois não há como cogitar a realização dos serviços sem a obtenção da diferença entre o preço a ser pago pelo contratante e os custos efetivos incorridos (que podem variar em função de oportunidades de mercado, otimização ou tecnologia de execução, capacidade gerencial e outros fatores). O lucro é o objetivo de toda empresa comercial e o grande impulsionador da economia liberal e de mercado. Entretanto, o lucro não compõe os custos administrativos, sendo apenas o resultado financeiro final favorável e almejado. Os custos administrativos são permanentes da empresa e assim aportados ao orçamento apresentado na licitação no exato valor determinado pelo tempo de duração da obra. Fácil perceber, v. g., que, se uma obra de dez meses de duração requer a presença permanente de um engenheiro, cujo salário é de R$ 5.000,00 mensais, representará, este componente, um custo global de R$ 50.000,00, embutido nas cotações dos itens materiais ou de serviços a serem consumidos no empreendimento. Assim, a prorrogação do prazo impacta diretamente nestes custos, que passam a ser suportados exclusivamente pelo empreiteiro, já que não são previstos para o tempo adicional. A consequência direta é que o lucro inicialmente previsto também se dilui, passando o empreendimento, ao contrário, a ser gerador de prejuízo. Por outro lado, o próprio lucro estimado, que se contém na cotação dos preços unitários, poderá sofrer impactos determinados pela prorrogação dos trabalhos, já que o fator tempo é também um dos elementos que orientam a sua estimativa (pode ser estimado um lucro percentualmente mais baixo, num serviço mais rápido). Enfim, não há dúvidas quanto aos efeitos negativos da prorrogação de prazo sobre o chamado BDI. Os impostos, na verdade, são componentes também do BDI, pois representam custos indiretos, ligados ou não às receitas diretas auferidas nas obras. Ocorre que o custo acrescido em virtude das contingências acima tratadas, deve gerar também acréscimo no preço da obra; ou seja, o próprio pagamento deste acréscimo de preço repercutirá em novos impostos ou em elevação do custo inicialmente previsto para os impostos. Deste modo, é indispensável também a sua incorporação ao preço total, sob pena de prejuízo da contratada.3.4 O desequilíbrio dos custos de produção e sua consequência enfoque pericial. Os custos de produção podem se desequilibrar tanto pela parcela dos custos diretos quanto pela parcela dos custos indiretos.Em um ambiente de economia estável e moeda forte como o REAL, os custos diretos tendem a permanecer estáveis, não afetando o equilíbrio da formação dos custos durante o prazo de execução da obra - via de regra - salvo exceções. Contudo, a parcela dos custos indiretos é dimensionada para fazer frente à um prazo pré-determinado para a execução da empreitada. Quando este prazo se alonga exageradamente, e foge ao domínio do empreiteiro, traz consequências de aumento do custo de produção, diminuindo e às vezes suprimindo a parcela prevista para a BONIFICAÇÃO, transformando-a em PREJUÍZO: “ISTO É O DESEQUILÍBRIO ECONÔMICO FINANCEIRO DAS CONDIÇÕES ORIGINALMENTE CONTRATADAS, ENRIQUECENDO UMA DAS PARTES E EMPOBRECENDO A OUTRA”, que conforme preconizam os artigos 57,58 e 65 da LEI 8.666 DE 21 DE JUNHO DE 1.993 , FAZ-SE MISTER, e é de pleno direito do empreiteiro, o recebimento do QUANTUM necessário ao restabelecimento da BONIFICAÇÃO PREVISTA nas condições originais contratadas.22

22 BERNARDES, Edson. Claim e perícias em custos de obras públicas. Belo Horizonte: Leud, 2ª edição 2010, p. 50-58.

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Desse modo, o conhecimento dos fatos supervenientes, sua descrição e aferição,

constituem elementos essenciais para o cálculo do desequilíbrio contratual e, portanto,

para conhecimento dos valores necessários à recomposição da avença.

5 DISCUSSÃO

Como visto, a aplicação dos institutos jurídicos cabíveis, aliados à metodologia de

cálculo do desequilíbrio contratual são elementos de realização de Justiça. O Direito

Brasileiro encontra diversos fundamentos que amparam a justa retribuição nos

contratos, privilegiando sua função social e o princípio da boa-fé objetiva.

Desse modo, sem esgotar o tema, este artigo apontou um caminho para que os

contratos administrativos ofereçam segurança jurídica aos contratantes, inclusive

como forma de manter as boas relações comerciais entre as partes.

6 CONCLUSÃO

Da análise dos interesses das partes dos contratos, nota-se que a manutenção do

equilíbrio contratual é assunto de interesse recíproco e mesmo de interesse público, na

medida em que, assegurando-se a recomposição do equilíbrio contratual, asseguram-se

também que os preços ofertados pelos particulares sejam efetivamente compatíveis

com os valores dos produtos e serviços a serem fornecidos, afastando a possibilidade

de que as propostas sejam apresentadas em valores já superiores, na tentativa de

antever os fatos imprevisíveis.

Em outras palavras, a aplicação dos institutos em análise evita que os particulares

tentem antever situações agravadoras dos custos contratuais meramente potenciais,

diferindo a recomposição do equilíbrio contratual somente para os casos em que

realmente ocorra e somente na medida do que for devidamente apurado e calculado,

preservando o interesse público e do particular.

7 REFERÊNCIAS

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