a modernização - w3.ualg.ptw3.ualg.pt/~aalmeida/modernizacao.pdf · o que se convencionou chamar...

14

Click here to load reader

Upload: lamcong

Post on 27-Jan-2019

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: A Modernização - w3.ualg.ptw3.ualg.pt/~aalmeida/modernizacao.pdf · O que se convencionou chamar por “ciclo virtuoso do fordismo”, consistia nos aumentos simultâneos da produção

1

A Modernização

António Fragoso

[ESCRITO PARA OS ESTUDANTES – NÃO CITAR]

O paradigma da modernização ganhou força a seguir à Segunda Guerra Mundial,

manteve-se com uma hegemonia confortável até finais dos anos 60 e, mesmo debaixo

de críticas variadas e no seguimento de uma crise intensa, só nos anos 80 acabou por ser

«substituído» pelo neo-liberalismo. As teorias da modernização basearam-se na

racionalidade keynesiana, que por sua vez encontrou espaço de expansão depois da

brutal crise internacional de 1929. Então se legitimou uma intensa intervenção do

Estado nas economias, razão pela qual o keynesianismo também ficou conhecido pelo

modelo do intervencionismo estatal (ou ainda da redefinição do capitalismo). E para o

nosso estudo talvez convenha apenas recordar um ou dois princípios básicos da

racionalidade keynesiana, segundo Pimenta (1996): i) na economia capitalista não

existem mecanismos espontâneos que permitam a obtenção do pleno emprego; ii) deve

existir uma acção do Estado na economia não só para atender às funções específicas

exigidas pelo mercado, mas também para contrariar as tendências espontâneas. Torna-se

assim central para o keynesianismo combater as crises económicas atingindo-se maiores

níveis de equilíbrio que aqueles naturalmente permitidos pelo capitalismo, sendo

igualmente central uma protecção estatal ao emprego.

Os teóricos da modernização retiveram estes princípios básicos, mas a sua acção

e ideologia foi muito mais além. Fundamentalmente, viam as economias «atrasadas»

dos países mais pobres dominadas por uma agricultura de subsistência; caracterizadas

por baixas taxas de acumulação de capital e investimento; por um sector de comércio

externo diminuto; por uma baixíssima produtividade apesar do seu potencial de trabalho

abundante e, finalmente, caracterizadas por um baixo índice de crescimento económico.

Seria precisamente contra estas tendências que se haveria de desenvolver a estratégia

económica da modernização (Youngman, 2000), o que implicaria a criação de um

terceiro sector muito forte, baseado na industrialização e na agricultura comercial. Neste

sentido, seria inevitável a movimentação do trabalho agrícola excedente para os

restantes sectores e muito em particular para os serviços. Acreditava-se nesta

«movimentação» como se fosse algo muito evidente, uma simples transferência de

trabalhadores do sector primário que não teria consequências de maior, na medida em

que o crescimento do terciário absorveria o trabalho excedente – quando em muitos

Page 2: A Modernização - w3.ualg.ptw3.ualg.pt/~aalmeida/modernizacao.pdf · O que se convencionou chamar por “ciclo virtuoso do fordismo”, consistia nos aumentos simultâneos da produção

2

países a realidade foi antes marcada por falências dos agricultores incapazes de

acompanhar as exigências de mecanização e comercialização internacional da produção,

e pelo desemprego crescente, até porque a mecanização crescente acabou por criar

dificuldades também no terciário. No Terceiro Mundo, por exemplo, o processo da

modernização dependia do deslocamento de um sector tradicional (agrícola) por um

sector moderno (industrial), dado que o primeiro não era dinâmico. Como sublinha

Brohman (1996), esse sector tradicional nunca foi visto como uma fonte de

desenvolvimento, mas apenas como uma mera reserva a partir da qual foi possível

extrair trabalho e outros serviços.

O desenvolvimento é visto essencialmente como crescimento económico, ou

seja, como a produção que se vai aumentando devido à expansão desse sector moderno

e devido à exportação de produtos primários – que será tanto maior quanto mais eficaz

for a integração de novos países no sistema económico e financeiro do capitalismo

internacional. Daqui se compreende a necessidade da implantação de medidas políticas

e económicas que promovam, ou mesmo forcem esta integração de cada vez mais

países, o que paralelamente constituirá uma medida de luta contra os do «bloco

soviético».

Como já dissemos anteriormente, as teorias da modernização são apenas

baseadas na racionalidade keynesiana. Quer isto dizer que ao longo dos anos foram

surgindo diversos modelos que imprimiram outros matizes à interpretação

macroeconómica de Keynes. É o caso do conhecido modelo de Harrod e Domar1, que

lhe oferece uma perspectiva de longo prazo (Riddel, 1988), e segundo o qual o único

obstáculo ao crescimento económico seria a escassez de capital. Para aumentar as taxas

de crescimento económico seria necessário estimular o investimento, para que uma dada

economia pudesse atingir o take-off, a partir do qual o crescimento se tornaria

hipoteticamente auto-sustentado.

As concepções fordistas foram igualmente determinantes em relação à sua

capacidade para guiar o crescimento, ou o crescimento como sinónimo de

desenvolvimento. Já há muitos anos atrás que a Ford Motor Company havia inventado a

montagem em cadeia, literalmente criando um paradigma ideológico que, aplicado às

organizações económicas, tem sido recentemente designado por fordismo. Como

1 O modelo de Harrod (1948) e Domar (1957) é um modelo de poupança e investimento. Também se poderiam mencionar outros como o dos estádios de crescimento de Rostow (1956), ou o das externalidades de Scitovsky (1954), para referir apenas alguns.

Page 3: A Modernização - w3.ualg.ptw3.ualg.pt/~aalmeida/modernizacao.pdf · O que se convencionou chamar por “ciclo virtuoso do fordismo”, consistia nos aumentos simultâneos da produção

3

organização da produção, a concepção fordista baseava-se na produção perfeitamente

normalizada para consumo de massas, visando a diminuição do custo por unidade

produzida. O que se convencionou chamar por “ciclo virtuoso do fordismo”, consistia

nos aumentos simultâneos da produção industrializada e dos salários dos trabalhadores,

o que resultaria no aumento do consumo, que por sua vez teria efeitos retroactivos na

produção e, em consequência, no emprego e nos salários. Durante muitos anos, este

pareceu um ciclo sem falhas. Estão já normalizadas as análises que dizem que o

fordismo deve o seu êxito fundamentalmente aos mecanismos políticos e sociais que

implica, representando um meio extraordinariamente eficaz de controlo dos processos

do trabalho. Em suma e utilizando uma formulação bem conhecida, o fordismo

transformou os trabalhadores em trabalhadores instrumentais (Waters, 1999). É claro

que o próprio fordismo se apoiou com sucesso no taylorismo, que resolve algumas

questões deixadas «pendentes» pelo primeiro, especificando por exemplo a separação

radical entre as funções de gestão e as laborais.

Mas esta associação entre paradigmas que se complementam serve sobretudo

para ilustrar uma questão que está profundamente relacionada com a modernização e

que nos parece fundamental: é que o projecto da modernização nunca teria conhecido

uma expansão e uma amplitude tão amplas, se não fora pela sua capacidade de

promover ideais ou mitos que nada têm que ver com a esfera económica! As grandes

preocupações em torno do crescimento económico acabam por atrair conjuntos de ideias

e conceitos de muitos outros campos de conhecimento. A concepção de que a área

económica determina as escolhas de grupos e de sociedades, e que outras dimensões da

vida social se comportam à sua imagem, constituiu-se por conseguinte num dos

pressupostos fortes da modernização (Sousa, 1991). Mais do que impulsionar mudanças

de índole económica, o desenvolvimento sempre necessitou de promover o

aparecimento de novos valores, normas, instituições e organizações que têm de facto

sido introduzidas visando a transformação da ordem social (Brohman, 1996), e seria

uma quase ingenuidade pensar o contrário. A pergunta a colocar poderia formular-se da

seguinte forma: quais são, assim, algumas das bases culturais, educativas, psicológicas

ou até sociológicas que contribuem para a formação do homem moderno, dotado de

uma nova racionalidade moderna? – Posto que só o «novo homem moderno» poderia

adequadamente participar numa modernização que implica o afastamento radical em

relação à tradição e aos valores por ela implicados. As nossas respostas são

necessariamente curtas, mas teremos espaço para pelo menos balizarmos algumas

Page 4: A Modernização - w3.ualg.ptw3.ualg.pt/~aalmeida/modernizacao.pdf · O que se convencionou chamar por “ciclo virtuoso do fordismo”, consistia nos aumentos simultâneos da produção

4

tendências gerais determinantes. Talvez que em primeiro lugar seja de referir a escola

de sociologia dominante nos Estados Unidos durante os anos 50, a do funcionalismo

estrutural de Talcott Parsons, que considerava a mudança social como um processo de

evolução do simples ao complexo: desde as sociedades tradicionais até às sociedades

industriais modernas (perspectiva que aparece de forma esmiuçada e transformada no

famoso modelo de Walt Rostow que mais adiante mencionaremos). Parece-nos claro

que é esta teoria sociológica que enquadra uma perspectiva simplista de um único trilho

para o desenvolvimento, e para as possibilidades de interpretação das situações

particulares de cada país / zonas do globo em torno desta evolução demasiado linear.

Mas associada a esta perspectiva foram aparecendo teorias psicológicas que também

nos extremos da evolução moderna postulam uma «personalidade moderna», que inclui

inequivocamente termos como a motivação, o sucesso ou uma determinada

racionalidade. Como refere Youngman (2000), a associação destas dimensões,

explanadas à volta de uma dicotomia tradição / modernidade, tem como resultado a

ideia que haveria que moldar os comportamentos humanos modernos, condição

primordial para conseguir o funcionamento pleno das instituições económicas e

políticas modernas. E como parece óbvio, a educação representaria um instrumento

central para conseguir as mudanças necessárias e assim produzir a nova individualidade

moderna.

Cremos ser o momento ideal para sintetizarmos duas das premissas fulcrais da

modernização.

1. Existiria um único processo de evolução social, sendo o seu estádio de

desenvolvimento mais avançado aquele que foi atingido pelos Estados

Unidos na década de 50.

2. O crescimento económico é eleito como uma grande finalidade do

desenvolvimento, posto que se acreditava que os rendimentos obtidos através

dos aumentos da produção haveriam de beneficiar de forma relativamente

igualitária as pessoas das mais diferentes sociedades.

Tentaremos em seguida conduzir uma pequena discussão sobre estas duas

premissas. Se o desenvolvimento é, para o modernização, uma espécie de trilho único

em que os da frente querem ajudar os últimos a recuperar, deveremos analisar os

instrumentos criados pelos países ocidentais para atingir essa finalidade louvável. Trata-

se de fazer uma pequena síntese acerca do complicado sistema de ajuda internacional,

nascido durante os anos 40.

Page 5: A Modernização - w3.ualg.ptw3.ualg.pt/~aalmeida/modernizacao.pdf · O que se convencionou chamar por “ciclo virtuoso do fordismo”, consistia nos aumentos simultâneos da produção

5

Em Julho de 1944 já se divisava o final da guerra; Mussolini havia sido

derrotado, e os aliados tinham já desembarcado na Normandia, ainda que só dez meses

mais tarde se consumasse a queda final de Hitler. Foi nesse momento histórico de

viragem que se realizou a Conferência Monetária e Financeira das Nações Unidas2, no

hotel de Bretton Woods, que assim veria o seu nome ligado a acontecimentos históricos

de vulto. Os líderes económicos que aí se reuniram olhavam para além do final da

guerra com todos os sonhos de um novo mundo unido pela paz e pelo progresso – e a

sua finalidade específica era a de criar as instituições que pudessem sustentar essa visão.

As reuniões desembocaram na criação do Banco Mundial (BM), do Fundo

Monetário Internacional (FMI), do Banco Internacional para a Reconstrução e

Desenvolvimento (BIRD), e ainda nos fundamentos para o que mais tarde viria a ser o

Acordo Geral para as Tarifas e Comércio (AGTC, mais conhecido pelas siglas inglesas

GATT). O FMI deveria permitir a estabilidade monetária internacional, o BIRD

fornecer o capital para investimentos e o AGTC regulamentar o comércio internacional

e iniciar, ainda que progressivamente, programas para a liberalização do comércio

internacional através da redução dos «obstáculos» à circulação de produtos e serviços.

O FMI e o BIRD centraram-se numa primeira fase na ajuda à reconstrução da Europa –

o Plano Marshall pode ser visto como um grande ensaio para a futura estabilização de

todo um sistema – e só um pouco mais tarde se viraram para a ajuda aos países do

Terceiro Mundo.

A intenção proclamada do Plano Marshall é ainda hoje bem conhecida: estaria

em causa a reconstrução da Europa devastada pela guerra, bem como a sua estabilidade

política e, evidentemente, o combate à possibilidade de expansão do socialismo

soviético. Para alguns autores como Wood (1986), no entanto, a contribuição para a

recuperação económica era menos significativa que o facto de através do plano se poder

firmar um sistema de finanças externas concessionais, que representavam na verdade

um elemento chave para um novo domínio dos Estados Unidos num ordem mundial a

reconstruir. Visto desta forma, o Plano Marshall é um acto político subtil de perfeita

realização, sobretudo porque foi apresentado tanto para a população dos Estados Unidos

como para as populações receptoras da ajuda, como um acto generoso no seu sentido

literal. Também Gronemeyer (1999) realça que os Estados Unidos obtiveram grandes

vantagens práticas através do Plano Marshall: por um lado, a ajuda foi fundamental para

2As Nações Unidas foram criadas em 1943.

Page 6: A Modernização - w3.ualg.ptw3.ualg.pt/~aalmeida/modernizacao.pdf · O que se convencionou chamar por “ciclo virtuoso do fordismo”, consistia nos aumentos simultâneos da produção

6

a economia norte-americana que se encontrava em modo de pausa, tentando reorientar-

se para uma produção em tempos de paz. Neste sentido, apenas uma Europa recuperada

em termos industriais e portanto económicos poderia criar o mercado para os produtos e

serviços saídos dos Estados Unidos. Por outro lado, não restam dúvidas de que o

programa de ajuda confirmou a posição dos Estados Unidos como a nação líder do

«mundo livre». Finalmente, Brohman (1996) afirma que a experiência do Plano

Marshall veio a legitimar a ideia de que a intervenção planificada, desde que

racionalmente concebida e cientificamente gerida, podia efectivamente estimular um

rápido desenvolvimento. Por outras palavras, depois da recuperação exemplar da

Europa seria a vez de fornecer assistência ao Terceiro Mundo. Como sabemos, neste

caso a história desenrolou-se de forma completamente diferente, sendo necessário juntar

mais elementos ao nosso cenário para entender a questão de forma mais completa.

A ajuda é uma parte integrante das relações internacionais, e surge como um

instrumento privilegiado da política externa das antigas potências coloniais no contexto

geopolítico da guerra-fria (Alves, 1996). A ajuda é canalizada para os países receptores

através de uma ampla diversidade de organizações, que se podem agrupar em três tipos

distintos (Browne, 1990):

1. Bilateral. As agências bilaterais são estatais e canalizam a ajuda directamente

do país dador para o receptor, reflectindo interesses políticos internacionais dos

respectivos governos. Os países dadores capitalistas estão agrupados na comissão de

assistência ao desenvolvimento da Organização para a Cooperação Económica e

Desenvolvimento (OCED).

2. Multilateral. Existe um primeiro tipo de organizações multilaterais inseridas

no sistema das Nações Unidas. Os membros governamentais têm direito a votos iguais

no contexto destas organizações, permitindo que os países receptores tenham, pelo

menos em teoria, o direito a ser escutados. O segundo tipo é formado pelos bancos

multilaterais (o principal será o BM), entidades controladas por corpos governativos em

que todos os países estão representados. No entanto, os direitos de voto têm um peso

ajustado à participação de cada país, exactamente como acontece com os accionistas de

qualquer empresa. Não espanta por isso que os Estados Unidos sejam o maior accionista

do BM, e que conjuntamente com o Japão, Reino Unido, França e Alemanha detenham

cerca de 44% dos direitos de voto. A possibilidade de se ser membro do BM está

condicionada à pertença ao FMI, instituição que geralmente não se considera de ajuda,

porque apenas concede empréstimos a países com problemas na balança de pagamentos,

Page 7: A Modernização - w3.ualg.ptw3.ualg.pt/~aalmeida/modernizacao.pdf · O que se convencionou chamar por “ciclo virtuoso do fordismo”, consistia nos aumentos simultâneos da produção

7

sendo que parte dos seus adiantamentos financeiros não são concessionais. Mas para

que os países tenham direito a fontes de financiamento, é necessária a aprovação do

FMI no que diz respeito às políticas económicas domésticas. Assim, o FMI pode

impedir, limitar ou favorecer a ajuda e, em nossa opinião, está por isso de facto

integrado no sistema de ajuda.

3. Privada. Constituída por organizações privadas sem fins lucrativos (como as

ONG’s) e fundações também privadas mas de naturezas variadas. Este tipo de ajuda tem

crescido ao longo do tempo (já no início da década de 90 existiam cerca de duas mil

ONG’s direccionadas para o desenvolvimento, apenas nos países industrializados),

assumindo-se como fontes de ajuda muito significativas.

Depois deste pequeno parêntesis, há que dizer que se um sistema financeiro é

efectivamente de ajuda há duas condições que têm que ser verificadas: i) a transferência

de recursos financeiros, seja qual for a fonte, tem que ser efectuada a condições mais

favoráveis que as do mercado; ii) a finalidade da concessão tem que ser o

desenvolvimento do país receptor.

Quanto à primeira condição, o dinheiro era cedido aos países do Terceiro Mundo

por um maior período de tempo e a taxas de juro mais baixas que o mercado. Mas há

aqui uma questão subtil que faz com que o branco seja preto e o preto branco: os

acordos assinados quase por norma obrigam os países receptores a comprar os bens e

serviços necessários aos dadores. Ou seja, o dinheiro em si custa menos mas, sobretudo

nos acordos bilaterais, toda a tecnologia e os serviços que implicam custam geralmente

mais que os preços do mercado, consequentemente diminuindo-se o valor da ajuda em

causa. Por exemplo, os projectos de desenvolvimento rural na Guiné-Bissau financiados

pela Suécia obrigavam a que todos os técnicos fossem suecos, bem como as máquinas,

apesar de muitas delas serem de adequação duvidosa às condições no terreno, e

independentemente de o seu preço ser mais baixo se compradas a outro país (Afonso,

1995). Nestas condições ajudar é um negócio excelente… para os países ocidentais e

por motivos básicos: a ajuda ligada possibilita a exportação dos seus produtos

manufacturados, tecnologia e serviços, ao mesmo tempo que o fluxo de capitais se dá

no sentido totalmente oposto ao pretendido, isto é, do sul para o norte. A ajuda acabou

por ser uma forma de promover as economias e o crescimento económico dos países

ricos, e em pouco ou nada melhorou as condições estruturais dos países pobres. Em toda

esta questão nem a semântica abona a favor de ninguém: falamos de países dadores que

efectivamente não dão nada e recebem mais do que emprestam, de países receptores que

Page 8: A Modernização - w3.ualg.ptw3.ualg.pt/~aalmeida/modernizacao.pdf · O que se convencionou chamar por “ciclo virtuoso do fordismo”, consistia nos aumentos simultâneos da produção

8

pagam mais do que aquilo que pedem emprestado, e de um sistema de ajuda que acaba

por não ajudar ao desenvolvimento dos mais pobres, mas pelo contrário impulsiona o

crescimento económico dos mais ricos.

Há ainda uma outra dimensão no sistema de ajuda internacional que merece a

pena referir, e que é a da política externa. Neste campo, restam poucas dúvidas em

reconhecer que a ajuda não foi cedida para o desenvolvimento dos países necessitados,

mas sim para o desenvolvimento dos países que seguiam as políticas que interessavam,

em sentido estratégico, às grandes potências do ocidente (Afonso, 1995). O facto torna-

se extremamente nítido na dimensão da política externa dos Estados Unidos

(Youngman, 2000), que cedeu ajuda para apoiar os seus aliados (como no Vietname do

Sul nos anos 60), enquanto que a negava aos países que seguiam políticas opostas

(Chile em 1970-73, Zimbabwé em 1983). Mas seria uma enorme hipocrisia não referir

que também a ajuda dos restantes países, provavelmente com destaque para a França ou

Reino Unido, reflectia e reflecte os respectivos alinhamentos políticos, particularmente

evidentes quando se trata de países que constituíram antigas colónias. Mais, não

devemos esquecer que as grandes potências ocidentais cedo aprenderam a utilizar a

violência «legítima» para atingir os seus fins. O desenvolvimento justificou quase desde

sempre uma quantidade significativa de actos atrozes. A nova realidade do

desenvolvimento planificado apenas veio pôr nesta equação novas instituições, e

portanto novos nomes, mas não faltam exemplos para demonstrar que nem o prestígio

que as ditas instituições pareciam deter junto a alguns sectores as faziam recuar nas suas

intenções, muitas vezes diferentes das proclamadas:

“Claro que quando um governo não favorável aos interesses ocidentais consiga de alguma forma alcançar o poder, os governos ocidentais utilizarão todos os meios para eliminá-los da sua função. Assim em 1954 os Estados Unidos organizaram o derrube militar do governo da Guatemala que havia nacionalizado as plantações de banana possuídas pelos Estados Unidos, e fizeram o mesmo ao governo de José Goulart no Brasil nos anos 60. Goulart queria impor um limite à quantidade de dinheiro que as corporações estrangeiras podiam retirar do país. Ainda mais grave, iniciou um programa de reforma de terras que devolveria o controlo dos recursos minerais ao país, retirando-o das corporações transnacionais ocidentais. Também deu aos trabalhadores um aumento de salário, consequentemente aumentando os custos do trabalho às empresas transnacionais, desafiando as instruções do FMI. Como resultado das acções de Goulart, a ajuda foi imediatamente cortada, e uma aliança da CIA, investidores dos Estados Unidos, e elites de proprietários brasileiros engendraram um golpe de estado que levou uma junta militar ao poder. Os militares anularam as reformas de Goulart e reintroduziram aquelas que melhor satisfaziam os interesses comerciais dos Estados Unidos” (Goldsmith, 1996: 258).

Page 9: A Modernização - w3.ualg.ptw3.ualg.pt/~aalmeida/modernizacao.pdf · O que se convencionou chamar por “ciclo virtuoso do fordismo”, consistia nos aumentos simultâneos da produção

9

Tentaremos então concluir esta questão da ajuda internacional. A ideia inicial

seria a de transferir para os países mais pobres aquilo que lhes faltava para o seu

desenvolvimento, na visão da modernização: o capital, mas também a tecnologia e os

serviços especializados necessários para aumentar a produção. Estando presentes estas

condições, restava esperar o crescimento, de forma que se esperava que a ajuda pudesse

ir diminuindo com o tempo. Já vimos que os resultados foram diametralmente opostos.

Através dos vários tipos de ajuda foram transferidos biliões de dólares para projectos

dispendiosos de infra-estruturas e para a importação de altas tecnologias, capital-

intensivas. Mas para financiar a importação das tecnologias modernas, os países do

Terceiro Mundo viram-se obrigados a exportar os bens primários que possuíam,

principalmente recursos como a madeira, o petróleo, minerais ou colheitas de

exportação que modificavam as suas próprias colheitas e alteravam as lógicas dos

mercados internos, às vezes com consequências dramáticas (Khor, 1996). Assim, para

conseguir pagar a ajuda os países desfavorecidos aumentaram a sua dependência em

relação à ajuda! Ironicamente, começaram a aparecer muitas situações em que a única

forma de garantir os pagamentos das dívidas acumuladas aos países mais ricos, seria a

concessão adicional de financiamentos. Este ciclo vai empobrecendo os que já eram

pobres, ao mesmo tempo que enriquece os mais ricos.

Os governantes dos países do Terceiro Mundo aperceberam-se dos riscos

imensos que corriam. Talvez por isso, nos finais dos anos 50 pediram, através das

Nações Unidas, a criação de uma instituição para fornecer capital e assistência – mas

uma instituição que pudessem controlar, ao contrário do que acontecia por exemplo com

o BIRD. E neste momento já não deve parecer estranho nem inocente que tal pedido

haja sido veementemente negado.

Retomando as premissas centrais da modernização, há que dizer que a que

postula um único processo de evolução das sociedades foi propagada fundamentalmente

por Walt Rostow no seu livro The Stages of Economic Growth: A Non-Communist

Manifesto, publicado em 1960 – o subtítulo mostra bem, aliás, o quanto o clima da

guerra-fria influenciava os problemas do desenvolvimento. O livro, que conseguiu uma

projecção pública notável, delimitava historicamente os diversos estádios do

crescimento económico, desde as sociedades tradicionais até ao ponto máximo de

evolução, as sociedades de consumo de massas modernas. Rostow afirma sem

ambiguidades que “é possível identificar todas as sociedades, nas suas dimensões

Page 10: A Modernização - w3.ualg.ptw3.ualg.pt/~aalmeida/modernizacao.pdf · O que se convencionou chamar por “ciclo virtuoso do fordismo”, consistia nos aumentos simultâneos da produção

10

económicas, como estando em uma das cinco categorias seguintes: a sociedade

tradicional, as pré-condições para o take-off, o take-off, a maturidade, e a era de alto

consumo de massas” (2000 [1960]: 110). O manifesto de Rostow estava longe de

constituir uma análise económica estrita. Refutava a modelo de desenvolvimento

socialista, dizendo Rostow (2000 [1960]) que tinha a intenção de acabar de vez com o

marxismo e convidava os leitores a identificar, tanto as semelhanças como as diferenças

entre as análises marxistas e os seus estádios de crescimento.

O desafio foi aceite por Baran e por Hobsbawm, e se mencionamos o facto é por

dois motivos simples: primeiro, para ilustrar o clima intelectual em vigor durante a

guerra-fria e segundo, porque a Paul Baran se atribui muitas vezes a estatuto de pai das

teorias da dependência, apesar de serem outros autores que posteriormente as

conceptualizaram como tal. Baran & Hobsbawm (1969) publicaram então um artigo3 no

qual tentam combater as ideias de Rostow, assinalando que a teoria dos estádios reduz o

crescimento económico a um único padrão, como se fosse possível com esse ar de

generalidade aplicá-lo a todos as economias mundiais sem distinção, desde a URSS aos

Estados Unidos, da China ao Brasil. O rol das críticas e contra-ataques é longo, de tal

modo que chegam os autores a pedir desculpas aos leitores pela revisão demasiado

longa; dizendo ainda que não obstante a realizaram por considerar a obra de Rostow

como um importante documento: “demonstra de forma particularmente contundente o

baixo estado a que chegou o pensamento social Ocidental na presente era da Guerra

Fria” (Baran & Hobsbawm, 1969: 66).

Independentemente do que pensemos sobre a teoria de Rostow, a realidade é que

a ideia central do processo de evolução único para todas as sociedades se arraigou de

forma surpreendente, legitimando de maneira indiscutível a transferência dos modelos

de desenvolvimento criados no Primeiro Mundo para o Terceiro, o que a curto e médio

prazo penalizou este último. As condições existentes nos países mais pobres são

apresentadas como meros ciclos viciosos de pobreza e ignorância. Em consequência,

politicamente o Terceiro Mundo passa a significar um objecto técnico que tem que ser

normalizado e moldado através do planeamento ocidental, de forma a conseguir uma

modernização que faz tábua rasa da história e cultura daquelas sociedades (Escobar,

1999). Esta legitimação discursiva revelou-se eficaz; foram as próprias populações dos

países pobres e, ainda mais, as suas elites, que acolheram com entusiasmo o

3 Originalmente publicado em 1961.

Page 11: A Modernização - w3.ualg.ptw3.ualg.pt/~aalmeida/modernizacao.pdf · O que se convencionou chamar por “ciclo virtuoso do fordismo”, consistia nos aumentos simultâneos da produção

11

desenvolvimento, a ciência e a tecnologia ocidentais, acreditando que todos eles

estariam intimamente relacionados num ciclo que, vendo os seus elementos reforçarem-

se uns aos outros, haveria de conduzir ao desenvolvimento com dê grande e ao

progresso tão almejado.

Até agora só indirectamente falámos da segunda premissa da modernização, que

nos informa que o crescimento económico deveria beneficiar as populações por igual.

Mas na verdade gostaríamos de relacionar esta discussão com outras; efectivamente, a

partir do final dos anos 60 geram-se uma série de manifestações e críticas à

modernização e aos modelos políticos e sociais até então seguidos, que iniciaram um

longo período de crise da mesma.

Talvez possamos começar por um movimento que veio de dentro dos próprios

teóricos da modernização. Passados alguns anos da implantação das suas políticas, era

evidente o fosso crescente entre os países do primeiro e Terceiro Mundos, e os fracassos

rotundos destes últimos, com destaque negativo para os países Africanos a Sul do

Sahara. Mais, um olhar directo para as grandes questões do desenvolvimento trazia uma

sensação que já não era de desconforto, mas tão-somente a verificação de que a pobreza,

o desemprego e a desigualdade, todos estavam a aumentar; e o resultado final destas

tendências não poderia ser chamado de desenvolvimento, ainda que o rendimento per

capita pudesse estar simultaneamente a aumentar. Foram sobretudo autores europeus,

como Dudley Seers, que vieram a constituir uma movimento de reforma à

modernização que procurou redefinir o significado do desenvolvimento, com a intenção

de incluir as tendências da pobreza, distribuição de rendimentos e emprego. Estes

autores mostraram uma preocupação especial na dimensão social, em particular

sugerindo uma ampliação da participação popular no processo do desenvolvimento.

Para além destes movimentos de renovação, outros acontecimentos houve de

grande projecção pública, que foram capazes de despertar uma consciência social

adormecida. Falamos dos acontecimentos do Maio de 68 em França, por exemplo. À

partida, estas manifestações não tiveram impacto concreto sobre o panorama

económico, inclusivamente porque os protestos populares foram diminuindo de

intensidade e frequência e nos finais dos anos 60 os Estados retomaram o controlo da

situação. No entanto, o futuro mostraria que a política dos movimentos sociais não

estava morta, antes tinha vindo para ficar. Como assinala Friedmann (1996), a única

coisa que mudou foi a natureza dos próprios movimentos. Os novos movimentos

sociais, ecologistas, pacifistas e feministas, embora menos espectaculares que a

Page 12: A Modernização - w3.ualg.ptw3.ualg.pt/~aalmeida/modernizacao.pdf · O que se convencionou chamar por “ciclo virtuoso do fordismo”, consistia nos aumentos simultâneos da produção

12

revolução cultural ou o black power, continuaram a exercerem as pressões dos

precedentes.

Para o descrédito crescente da modernização contribuíram ainda fenómenos de

índole mais económica. Um deles foi uma consequência não prevista da tendência para

a tercerização das economias, que fez crescer as necessidades intensivas em serviços.

Tal como nos explica Murteira (1986), começaram a aparecer sinais de dificuldades na

obtenção de crescimentos de produtividade, colocando-se demasiada pressão nas

finanças públicas, com o aumento dos custos públicos e deficits correntes do Estado.

Este e outros factores vêm mostrar que as políticas nacionais já não conseguem regular

de forma eficaz as suas próprias criações, até porque as grandes empresas transnacionais

ocupavam já uma posição de destaque no comércio internacional – realçar o facto é

importante, porque hoje em dia é moda falar do seu domínio como se fosse,

exclusivamente, um resultado de uma globalização recém-chegada (?), ignorando-se

que todos estes fenómenos são graduais, não nascendo de um dia para o outro.

A partir de determinada altura, a modernização encontrava-se num campo de

batalha complicado. Para além dos factos já mencionados, tinha que se confrontar com

fortes críticas que vinham de todos os sectores políticos. A direita neo-liberal criticava

fortemente o intervencionismo estatal, voltando-se a falar das noções de um hipotético

mercado livre. A crise económica que se começava a fazer sentir – e que seria

brutalmente agravada com a crise petrolífera de 73 – era explicada pela direita pelas

más políticas seguidas pela modernização. Por outro lado, também a esquerda fazia

ouvir as suas críticas, chamando a atenção para os efeitos perversos da ajuda, analisando

as desvirtudes do sistema criado através das enormes dependências a que o Terceiro

Mundo havia sido sujeito e que em nada o haviam ajudado.

Para último lugar deixámos a crise petrolífera de 1973 e não por acaso. A nossa

intenção é a de mostrar que foram múltiplos os factores que progressivamente vieram

desgastando a modernização e que seria quase ridículo afirmar que a crise petrolífera,

por si só, poderia exercer esse efeito. É no entanto inegável que a passagem de um

cenário de forte crescimento económico para outro de crescimento vacilante, com todas

as consequências que daí advieram, coincidiu com a crise de 73/74, quando o preço do

petróleo subiu quatro vezes de uma só vez. A medida correspondeu a uma tentativa que

alguns apelidarão de desesperada por parte dos cartéis organizados do Terceiro Mundo,

chamando a atenção para o facto de que também eles eram capazes de colocar engulhos

à economia mundial. Numa determinada perspectiva, a acção revelou-se eficaz, posto

Page 13: A Modernização - w3.ualg.ptw3.ualg.pt/~aalmeida/modernizacao.pdf · O que se convencionou chamar por “ciclo virtuoso do fordismo”, consistia nos aumentos simultâneos da produção

13

que se despoletou uma crise internacional que daria o golpe quase final numa

modernização já debilitada por ataques vários, como vimos mostrando. O sistema

monetário fundado desde os tempos de Bretton Woods parecia desorganizar-se por

completo e, durante algum tempo, os países de Terceiro Mundo conseguiram

efectivamente reduzir a sua dependência e inclusivamente verificou-se um aumento na

ajuda não concessionada.

É ainda em Murteira (1986) que nos apoiamos para afirmar que as

consequências da crise se têm que analisar mais para além destes efeitos imediatos; e

que o processo de adaptação à crise não trouxe boas notícias para os países que até

então se afundavam, prisioneiros de uma dependência sem saída à vista. De facto, os

países industrializados capitalistas recuperaram com relativa facilidade depois do

primeiro choque e o mesmo aconteceu depois do segundo choque petrolífero de 1979.

Os défices aumentam até 1981 mas de seguida a tendência inverteu-se, à custa de

medidas que desaceleram o crescimento e paralelamente fizeram aumentar tanto o

desemprego como as exportações. Por outro lado, em 1979 o governo dos Estados

Unidos modifica subitamente a sua política monetária. A subida espectacular do dólar e

das taxas de juro agravam de forma impressionante a dívida externa do Terceiro Mundo.

Explode a crise do pagamento das dívidas quando em 1982 o México, apesar de grande

produtor de petróleo, se declarou incapaz de pagar o que devia; outros se lhe seguiriam

mostrando que a dívida externa era já muito maior que o próprio volume de ajuda

conduzida para esses países.

O resultado cru e nu de tudo isto é que não obstante um enorme esforço por

parte dos países do Terceiro Mundo, não obstante novos aumentos nas exportações para

tentar pagar as dívidas, não obstante os sacrifícios imensos das suas populações

maioritariamente votadas à pobreza e à vida sub-humana pelos padrões ocidentais, o

desenvolvimento de dezenas de países no final da década de 70, segundo o próprio

Banco Mundial, tinha regredido mais de uma década. Os trinta anos dourados,

caracterizados por um impressionante crescimento económico, ou os sonhos de paz e

prosperidade para todos, transformavam-se agora numa espécie de pesadelo de destino

incerto.

Referências

Afonso, M. M. (1995). Cooperação para o desenvolvimento. Características, evolução e perspectivas futuras. Lisboa: CIDAC.

Page 14: A Modernização - w3.ualg.ptw3.ualg.pt/~aalmeida/modernizacao.pdf · O que se convencionou chamar por “ciclo virtuoso do fordismo”, consistia nos aumentos simultâneos da produção

14

Alves, M. I. P. (1996). As ONG na Política Comunitária de Cooperação para o Desenvolvimento. Lisboa: CIDAC.

Baran, P. A., & Hobsbawm, E. J. (1969). A Non-Communist Manifesto. In John O’Neill (ed.), The Longer View (pp. 52-67). New York: Monthly Review Press.

Brohman, J. (1996). Popular Development. Rethinking the Theory and Practice of Development. Oxford: Blackwell.

Browne, S. (1990). Foreign Aid in Practice. London: Pinter.

Escobar, A. (1999). Planning. In Wolfgang Sachs (ed.), The Development Dictionary. A Guide to Knowledge as Power (pp. 132-154). New York: Zed Books.

Friedmann, J. (1996). Empowerment. Uma política de desenvolvimento alternativo. Oeiras: Celta Editora.

Goldsmith, E. (1996). Development as Colonialism. In Jerry Mander & Edward Goldsmith (eds.), The Case Against the Global Economy and for a Turn Toward the Local (pp. 253-266). San Francisco: Sierra Club Books.

Gronemeyer, M. (1999). Helping. In Wolfgang Sachs (ed.), The Development Dictionary. A Guide to Knowledge as Power (pp. 53-69). New York: Zed Books.

Khor, M. (1996). Global Economy and the Third World. In Jerry Mander & Edward Goldsmith (eds.), The Case Against the Global Economy and for a Turn Toward the Local (pp. 47-59). San Francisco: Sierra Club Books.

Murteira, M. (1986). Crise mundial e revisão das estratégias de desenvolvimento no Terceiro Mundo, Análise Social, XXII (94), 891-901.

Pimenta, C. (1996). Estrutura do Mercado de Trabalho. In Rudy van den Hoven & Maria Helena Nunes (org.), Desenvolvimento e Acção Local (pp. 67-142). Lisboa: Fim de Século Edições.

Riddell, R. C. (1988). Foreign Aid Reconsidered. Baltimore: John Hopkins University Press.

Rostow, W. W. (2000). The Stages of Economic Growth: A Non-Communist Manifesto (orig. 1960). In J. Timmons Roberts & Amy Hite (eds.), From Modernization to Globalization. Perspectives on Development and Social Change (pp. 100-109). Oxford: Blackwell.

Sousa, E. S. (1991). Co-desenvolvimento: O Diálogo Norte/Sul, Revista Crítica de Ciências Sociais, 33, 43-61.

Waters, M. (1999). Globalização. Oeiras: Celta Editora.

Wood, R. E. (1986). From Marshall Plan to Debt Crisis. Berkeley: University of California Press.

Youngman, F. (2000). The Political Economy of Adult Education and Development. Leicester: NIACE.