a mise-en-scène dos filmes em 3d anaglifo comparado a dos filmes polarizados atuais

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I Encontro de Comunicação e Marketing

João Pessoa - PB – 08 a 10/06/2016

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A mise-en-scène dos filmes em 3D anaglifo comparado a dos filmes

polarizados atuais

Priscilla Barbosa DURAND 1

Universidade Federal de Pernambuco

RESUMO EXPANDIDO

A arte e o meio de produção estão interligados. O cinema é a sétima arte, por

excelência, da imagem em movimento, porque, além de suas características peculiares -

a forma do filme - associa elementos da literatura, da música, da arquitetura, das artes

cênicas. Ao tratarmos da observação do filme, leitura e interpretação, é importante

lembrarmos que o filme é regido de acordo com técnicas especificas (AUMONT, 1993).

Sendo assim, desde os seus primórdios, o cinema é uma arte que se desenvolve em

paralelo a sua tecnologia, agregando a sua linguagem – estilo do filme - aspectos

tecnológicos. Bordwell (2008) nos dá exemplos sobre como a tecnologia modifica nossa

encenação cinematográfica a sua mise-en-scène, ele enfatiza o uso das novas

tecnologias utilizadas no cinema, ao citar, por exemplo, a steadicam. O steadicam

permitiu trabalhar novas linguagens, planos cinematográficos, explicando assim uma

mudança de estilo em determinado grupo de diretores. No cinema, o artista lança mão

dos meios tecnológicos que ele tem à disposição para os seus fins artísticos. O 3D é uma

forma de arte que absorveu os novos dispositivos tecnológicos na criação artística. Por

isso, quando muda o meio, muda também a forma de fazer arte e aparecem novas

possibilidades para o artista. Conforme lembra Santaella (2003), quando surge um novo

meio, há uma interessante transição: primeiro, ele provoca um impacto sobre as formas

e meios mais antigos; segundo, a linguagem que nasce dentro desse novo meio é tomada

pelo artista como forma de experimentação. Na cultural da comunicação digital com o

surgimento da tecnologia 3D anaglifa no cinema na década de 50 - Naturalvision - que

consistia em uma imagem que passa a ter um efeito estereoscópico (tridimensional)

quando visualizada através de uns óculos feitos de cartolina e lentes de plástico azul e

vermelho, a arte cinematográfica ganha um novo meio de criação e experimentação

(ZONE, 2007). Esse trabalho visa perceber como uma mudança tecnológica

estereoscópica foi experimentada e efetivamente utilizada pelas narrativas

cinematográficas como procedimento estilístico e narrativo, comparando com os filmes

em 3D na atualidade onde se utiliza a técnica polarizada; como é o caso de Avatar. O

objetivo deste trabalho é fazer uma comparação da mise-en-scène do filme em 3D

anaglifo de 1950 Disque m para matar dirigido por Alfred Hitchcock. Uma das cenas

1 Mestranda de Comunicação Social da Universidade Federal de Pernambuco. Bolsista da Facepe e realizadora

audiovisual E- mail: [email protected] Lattes http://lattes.cnpq.br/4933937765946588

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criadas para se ter maior repercussão no filme, é quando a Grace Kelly está sendo

estrangulada e estende sua mão em direção à plateia.

Para os filmes polarizados atuais analisaremos Avatar, inicialmente para atingir o que

Cameron desejava era necessário três coisas: reinventar as câmeras em 3D, aperfeiçoar

o sistema de captura de imagens, que mais tarde seriam adaptadas em CGI (Common

Gateway Interface) e aperfeiçoar o sistema de captura de expressões faciais e corporais

dos atores. Como era a mise-en-scène dos primeiros filmes anaglifos? E como é a mis-

en- scène dos filmes polarizados hoje? O que eles ofereciam e oferecem a mais em sua

linguagem para atrair ao público? Acrescentava significação à narrativa

cinematográfica? O que muda na encenação do filme “normal” para o filme em 3D?

Que ajustes um cineasta precisava realizar no seu estilo – na forma de filmar – para

utilizar corretamente as possibilidades expressivas do 3D? O papel do diretor na mis-en-

scène é criar significado dentro do que acontece em cada plano. A composição dos

atores e objetos, suas movimentações dentro do enquadramento, isso deve significar

tudo dentro de um filme. As novas tecnologias de imagens dentro da narrativa apontam

para essa característica dinâmica, da imagem como „‟vivo‟‟ e como tecnologia decisiva

de produção de conhecimento, observação e controle (FELINTO, 2010). É interessante

perceber como os métodos de visualização em 3D – anáglifo e polarizado -

,proporcionaram a possibilidade de novos usos estéticos nas narrativas

cinematográficas, caracterizando, assim, uma mis en scène.

Palavras Chave: Comunicação Digital; Cinema em 3D; novas tecnologias

REFERÊNCIAS

AUMONT, J; MARIE,M: A análise do filme. Lisboa: Texto e Grafia LTDA, 2004.

BORDWELL, David. Figuras Traçadas na Luz: A encenação do cinema. Campinas,

SP. Papirus, 2008.

CRARY, Jonathan. Técnicas do observador: Visão e modernidade no século XIX.

Rio de Janeiro: Contraponto, 2012

FELINTO, Erick e BENTES, Ivana. Avatar – o futuro do cinema e a ecologia das

imagens digitais, Porto Alegre – RS, Editora Sulina, 2010.

MENDIBURU, Bernard. 3D Movie Making: Stereoscopic Digital Cinema from

Script to Screen, Miami, Focal Press 2009.

SANTAELLA, Lucia. Cultura e Artes do pós-humano: da cultura das mídias à

cibercultura. São Paulo: Paulus, 2003.

ZONE, Ray. Stereoscopic Cinema & the Origins of 3D Film, 1838-1952. University

Press of Kentucky, 2007.

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