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FACULDADE 7 DE SETEMBRO - FA7 CURSO GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM PUBLICIDADE E PROPAGANDA A MÍDIA E A INFÂNCIA SAMANTA MAGALHÃES DANTAS FORTALEZA 2010

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FACULDADE 7 DE SETEMBRO - FA7

CURSO GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL –

HABILITAÇÃO EM PUBLICIDADE E PROPAGANDA

A MÍDIA E A INFÂNCIA

SAMANTA MAGALHÃES DANTAS

FORTALEZA – 2010

2

SAMANTA MAGALHÃES DANTAS

A MÍDIA E A INFÂNCIA

Monografia apresentada à Faculdade 7 de

Setembro como requisito parcial para obtenção

do título de Bacharel em Comunicação Social

– Habilitação Publicidade e Propaganda.

Orientador: Prof. Dr. Tiago Seixas Themudo.

FORTALEZA – 2010

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A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NA INFÂNCIA CONTEMPORÂNEA

Monografia apresentada à Faculdade 7 de Setembro como requisito parcial para obtenção do

título de Bacharel em Comunicação Social – Habilitação Publicidade e Propaganda.

__________________________

Samanta Magalhães Dantas

Data de Apresentação: ______ / ______ / ______

___________________________________

Prof. Dr. Thiago Seixas Themudo. (FA7)

1ºExaminador: ______________________________________

Prof. Dr. Paulo Germano Barroso de Albuquerque. (FA7)

2ºExaminador: _______________________________________

Prof. Erick Picanço. (FA7)

_________________________________________

Profa. Ms. Juliana Lotif. (FA7)

Coordenadora do Curso

4

Agradecimentos

Agradeço ao Senhor Deus que me deu forças para concluir este projeto, me dando

forças, tranqüilidade e discernimento.

Agradeço aos meus pais, Marcos Dantas e Sonia Dantas que sempre se esforçaram para

me dar uma boa educação e nunca perderam a confiança em mim, sempre acreditando

nos meus sonhos e me estimulando a construí-los.

Agradeço a minha amada Igreja que sempre, com suas orações e com seu Amor, me

fortaleceram e me deram muita confiança para prosseguir.

Ao meu namorado Felipe Leite que todos os dias me dando forças para estar escrevendo

e estudando, sempre muito paciente e compreensivo.

Ao meu Professor Orientador Tiago Seixas que sempre disponível me fez trabalhar de

forma tranqüila e organizada, me ajudando muito a concluir este trabalho.

5

DEDICATÓRIA

Este trabalho é dedicado a Deus, aos meus pais, e meus irmãos em Cristo.

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RESUMO

Este trabalho é uma crítica pela forma como está sendo feita a comunicação

voltada para crianças. Ditando a manipulação midiática, e a persuasão

usada para influenciar crianças ao consumo, e a comportamentos que

direta, ou indiretamente são passados para elas através de programações. E

isto é refletido no comportamento infantil, trazendo sérias conseqüências

como mudanças de comportamentos, de atitudes e a inversão da fase dita

como infância.

Diante desta realidade que compromete a vida infantil na família, escola e

sociedade é que há algumas movimentações que demonstram a insatisfação

de uma parte da sociedade para esta realidade. Insatisfações comprovadas

com o surgimento do Instituto Alana, que defende a infância, e também o

programa televisivo chamado Janela Janelinha, que transmite para crianças

conteúdos educativos, e voltados para suas idades.

Movimentações geradas com a intenção de modificar essa realidade que

atinge crianças e suas famílias, e conseqüentemente a sociedade.

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SUMÁRIO

Introdução ................................................................................................................................ 8

1. Capítulo 1 (Sociedade e Consumismo) .............................................................................. 13 2. Capítulo 2 (Consumo e Comunicação Publicitária) ........................................................... 16

3. Capítulo 3 (Consumo e Infância) .......................................... Erro! Indicador não definido.

3.1 Marketing nas Escolas ................................................................................................. 21

4. Capítulo 4 (A invenção de uma certa Infância) ................................................................. 25 5. Capítulo 5 (Instituto Alana e Janela Janelinha) .................................................................. 32

3.1 Janela Janelinha ........................................................................................................... 37

Conclusão .............................................................................................................................. 39

Referências bibliográficas ......................................................... Erro! Indicador não definido.

8

Introdução

Em quase todos os lugares do mundo a comunicação é usada como meio de

facilitação da distribuição das informações. Diante da realidade, lugares, pessoas, é

necessário que haja comunicação entre as pessoas.

A televisão hoje está presente no cotidiano das pessoas. E em conseqüência disso,

o que é transmitido está causando alguns danos na forma como pessoas estão se

comportando.

O consumo é uma das conseqüências desta absorção de conteúdo televisivo. No

capítulo 1 será demonstrado que quanto mais pessoas consomem, mais ainda possuem

vontade de consumir. Essas pessoas que possuem esse tipo de comportamento são

aquelas recebem as informações de indução ao consumo, e passam a agir em

decorrência disso. O consumo em si é algo necessário. Todos têm necessidades, das

quais precisam ser supridas. E o consumo é utilizado para que as pessoas possam suprir

suas necessidades. Existe, porém um fator que torna as realidades das pessoas de uma

forma desequilibrada. É o consumo excessivo. Este atitude causa na vida das pessoas

mudanças de comportamentos, e faz com que haja a perda da identidade para adquirir

uma identidade consumista, e superficial. O comportamento das pessoas que adotam o

consumo excessivo como característica própria acarreta o sentimento de insatisfação e

desejo de praticar o consumo em constância e sem controle.

A forma como as pessoas estão sendo persuadidas está sendo julgada como errada

e desnecessária. Ou seja, o ato de comunicar sobre a existência de produtos, e suas

qualidades, ou facilidades, não está equivocada. Porém a forma como pessoas recebem

estas informações está sendo julgada como incorreta desleal.

Existem, porém a falta de clareza em muitas informações publicitárias, ou a falta

de verdade. E em decorrência disso existem todos os dias pessoas usando as

informações que recebem e trazendo para si atitudes que na maioria das vezes são más

influências para seus filhos.

Influenciar uma criança é algo simples Pois as crianças estão em constante

processo de desenvolvimento e formação de opinião. No capítulo 3, pode-se observar

que crianças convivendo com pessoas consumistas, estão passando a ter características

de pessoas consumistas.

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Não somente pela atitude de observarem os adultos agirem demonstrando que o

consumo é algo muito relevante, crianças estai sendo alvo de comunicação. Existe a

vontade de corporações transformarem crianças em consumidores desde que bebês. A

idéia é que crianças crescendo em convivo com a marca possam ser transformadas em

consumidores fiéis quando obtiverem idade, ou maturidade o suficiente para ter um

poder de escolha.

Os pais dessas crianças têm a grande responsabilidade de educar seus filhos diante

desta realidade. Educar e proteger. Porque da mesma forma que pessoas adultas estão se

transformando em consumidores em modo exagerado, crianças também estão

aprendendo e sendo trabalhadas para se agradar de tais realidades. Hoje as crianças tem

um poder aquisitivo, o que as torna mais independentes em quais escolhas fazerem.

Então quando a informação chega em sua casa, eles já são ensinados a persuadir seus

pais a adquirirem tal produto de uma marca. Os pais recebem também comunicação

voltada para eles, a fim de comprarem produtos para crianças. Muitas dessas

informações usam palavras-chave como aumento de Q.I ou “transforme seu bebê em

uma criança inteligente”. Essas palavras são usadas por marcas de produtos infantis para

persuadirem os pais a adquirirem produtos. Porém de acordo com a Academia

Americana de Pediatria, os bebês, principalmente não precisam de nenhuma influencia

externa para um bom desenvolvimento, que não seja o contato físico com seus pais, e

com pessoas próximas. Precisam de cuidados e estímulos necessários.

Educar uma criança é algo sério porque significa dizer, formar pessoas. A escola,

como também é dito no Capítulo 3, é tradicionalmente um lugar de educar, instruir e

acrescentar coisas produtivas para a vida das pessoas. Porém, muitas escolas estão

sendo um lugar onde corporações estão fazendo trabalhos de marketing. Isto acontece

porque ao abrir as portas das escolas para este tipo de investimento, a escola

aparentemente recebe grandes benefícios, principalmente financeiros. Mas o que se

deve relevar é que a escola é um lugar de formação de opinião, é um lugar onde as

crianças se sentem seguras de que tudo o que está sendo mostrado lá é algo correto e

bom. Se corporações estão usando o espaço escolar para manifestarem seus produtos e

marcas, então na mente das crianças existem idéias sendo formadas sobre as marcas e

produtos disponíveis. Isso faz com que eles sejam manipulados a escolherem produtos,

e assim se tornarem consumidores fiéis das marcas. Para a escola ter bons materiais,

bons equipamentos, e boa qualidade chega a ser muito valoroso. E para as corporações,

nota-se que ao “adotarem” uma escola e abastecerem esta escola, se tornam aos olhos

10

sociais uma boa corporação e conseqüentemente sua imagem fica muito boa. Isso

também acarreta grandes lucros financeiros.

Crianças a cada dia estão tendo, e aumenta constantemente, o contato com

realidades que não condizem com suas idades. Acostumadas a ver coisas de pessoas

adultas, e que até mesmo para os adultos são coisas não saudáveis para absorver, de

tanto verem, estão se sentindo adultos. Achando-se então bons o suficiente para ver

programas de adultos, e conseqüentemente praticar as mesmas atitudes. As

conseqüências de tais atitudes nos demonstram a sociedade como está nos dias de hoje.

É o que explica o capítulo 5. Pode-se observar como os adultos estão se comportando e

que crianças observam os adultos, imitam aqueles mais próximos, ou aqueles a quem

elas admiram. A realidade é que as atitudes de crianças cada dia estão aproximando-se

das dos adultos.

Hoje as diferenças de idade estão cada vez menos perceptíveis. Porque

observamos crianças recebendo influencias para se vestir como adultos. Por causa das

instigações do consumo, as pessoas estão muito ocupadas trabalhando e crianças ficam

muito tempo sozinho, sem nenhum tipo de controle em o que elas podem assistir. A

conseqüência desta ausência de conselho e de controle faz com que hoje as crianças,

que são pessoas em formação de opinião e de caráter, hajam de forma errada. Prova

disso está na violência e na sexualidade precoce.

Como está sendo defendido no Capítulo 5, é necessário que haja um controle na

forma como está sendo vista a televisão. E em como reeducar as crianças em relação a

esse meio de comunicação. Substituindo algumas horas que eles passariam

acompanhando programações televisivas, com atividades fora de casa. Por exemplo,

passear em algum parque, agir em contato com outras crianças. Os pais também, ao

mesmo tempo em que educam seus filhos sobre o que assistir, e o que não assistir,

também deve instruir as crianças no ato de compra mostrando os limites necessários.

Uma criança que já está condicionada a ver televisão prefere acompanhar uma

programação a estar na sala de aula. Isto se dá porque estímulos que são receptivos por

eles, lhes dão uma sensação de prazer, e excitação, diferente do que eles sentem quando

estão acompanhando uma aula tradicional de 50 minutos. Então, a escola está sofrendo

com esta realidade, tentando manter os alunos atentos nos horários das aulas. A maioria

das escolas está em desvantagem porque não possui os meios necessários para competir

com as informações que as crianças estão acostumadas a receber. Muito som,

11

movimento e luz, fazem com que eles se sintam agitados e instigados ao movimento, e

na sala de aula normalmente eles precisam prestar atenção e se manterem em ordem.

Professores se queixam desta realidade e também da falta de controle das crianças

em decorrência da desobediência que possuem em relação aos seus pais. Estes

professores alegam que não possuem o dever de educar as crianças completamente, e

que os pais estão colocando sobre as escolas a responsabilidade de educar seus filhos.

Por conhecerem esse prazer, já sabem o que querem comprar, e conseqüentemente

eles já têm poder de voz sobre o que adquirir nos supermercados. Que marca quer usar,

e porque estão escolhendo tal produto. Como se pode observar há uma educação

corporativa na vida das crianças. E crianças têm voz de poder sobre a compra final de

suas casas.

Os pais parecem perdidos em meio a esta situação. Não estão tendo em suas casas.

Ou cedem a tudo, ou fecham os olhos para tudo. Das duas formas temos visivelmente o

resultado de comportamento das crianças. Como elas se sentem dominantes, e fortes o

suficiente.

A infância é uma fase existente na vida de todas as pessoas, e ela só existe uma

única vez. Ou seja, é uma fase em que há a grande necessidade de ser vivida de forma

correta. Ser criança significa ter tranqüilidade, e viver um momento rico de

aprendizados e conquistas, é o que diz no Capítulo 5.

Vendo o cotidiano de uma criança nos dias de hoje, é verdade que elas vivem

como se fossem adultos. Porque possuem muitas obrigações, muitas responsabilidades,

muitos planos impostos por terceiros, e a soma disso tudo equivale há pouco tempo para

ser criança.

É necessário um esforço para dar bons exemplos para as crianças, para que elas

percebam o que é ter educação e instrução. Criança é o futuro da nação. É uma grande

responsabilidade tornar a infância precocemente como fase adulta, sem nenhuma

preparação social, física ou psicologia para isso.

Pelos estímulos recebidos da televisão, eles tentam buscar os prazeres que a

televisão lhes proporciona em tudo que fazem. Normalmente uma criança se nega a

viajar para uma fazendo usando a justificativa de não possuir uma forma de continuar

assistindo seus programas, ou porque o computador, ou o vídeo game não funcionam no

lugar. A substituição de outras realidades que podem ser vividas pelas crianças, para

estar diante de toda comunicação que está sendo depositada na mente deles, é algo

prejudicial.

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A fim de transformar essa realidade foi que surgiu um Instituto chamado Alana

que já despertou para essa realidade, e já abraçou medidas fundamentais para que esses

problemas sejam minimizados. O Instituto Alana, dito no Capítulo 6, defende uma

infância mais saudável, alegre, mais brincadeiras, mais educação. Nascido em 1994,

existe para defender as crianças de todas as influencias que estão recebendo fazendo

com que seus comportamentos sejam gravemente transformados.

Existe, porém como já mencionado, uma atitude, através do Instituto Alana,

tentando transformar essa realidade, pela educação social. Trabalhando com valores

jurídicos, e de amparo a sociedade o Instituto recebe reclamações de pessoas

insatisfeitas com a comunicação voltada para crianças e também se opõe ao grande

investimento depositado nessa forma de comunicação agressiva, resultando em

problemas sociais graves como a obesidade infantil, violência, e a sexualidade precoce.

Havendo a necessidade de uma programação saudável para as crianças, no

Capítulo 6 também é informado a existência de um programa infantil voltado para

crianças. Denomina-se em Janela Janelinha. Este programa compreende em realizar um

trabalho educativo, que visa à educação e o estímulo a uma infância saudável e rica em

aprendizado. Através da transmissão de vários vídeos de outros países, as crianças

recebem imagens de outras crianças juntamente com seus pais, ou amigos, ou animais,

fazendo coisas defendidas como saudáveis. E são iniciativas como estas que

acrescentarão no desenvolvimento infantil.

Este programa não possui tantos recursos e não tem características de outros

programas voltados para crianças. Porém sua mensagem é rica e eficaz para a infância

de hoje.

13

Cap. 1. Sociedade e consumismo

À medida que a sociedade consome, nascem novas vontades de consumir. Se, por

exemplo, as pessoas estão sujeitas a comprar cada vez mais, demonstra-se então que não

é sempre por necessidade física, mas verdadeiramente em busca da satisfação. Advém

depois a impossibilidade de se saciar com o ato de consumir. Buscar sempre a

satisfação, a emoção os desejos inclusos no ato da compra.

A partir dos anos 1950-60, passou-se a dar maior valor à forma de se vestir

melhor, de estar mais confortável, de ter uma vida mais fácil, se tornou uma grande

motivação para os consumidores. O que está sendo dito é que as pessoas passaram a se

importar em ter mais, em ser melhores. Pode-se pensar então que todas as pessoas têm o

direito de querer sempre o melhor.

Percebe-se então que a medida que há um maior poder aquisitivo, o foco está na

finalidade do consumo (Lipovetski 2007, p 38).Existe uma diferença entre ter coisas

boas, e gozar de coisas boas e nunca se satisfazer com o que tem sempre buscando ter o

sempre o lançamento das empresas. Como afirma (Lipovetski (2007, p. 39) “viver

melhor, gozar os prazeres da vida, não se privar, dispor do supérfluo aparecem cada vez

mais como comportamentos legítimos, finalidades em si” Pode-se dizer então que a

publicidade realiza um grande esforço em fazer com que os objetos e marcas sejam

desejados pelas pessoas. Para que elas se sintam orgulhosas em usar tais objetos, ou em

tê-los. Esses produtos são símbolos que hoje representam posição social, condição

social e interação social. Os carros, por exemplo, são feitos como se fossem desfilar,

alguns possuem tantos detalhes que acabamos esquecendo que se trata de um carro, e as

pessoas absorvem a idéia de que são aquilo que tem.

Podemos pensar que atitudes como essas que os adultos estão tomando vão

influenciar diretamente no comportamento dos filhos que normalmente imitam os pais.

Pessoas que ditam que o consumo é importante demais dentro de casa ensinam a

criança que ela precisa também gostar de consumir, e aprender a nunca se satisfazer.

Nos anos 1920 a publicidade começou a investir em mostrar que a juventude é

muito importante e que pode fazer diferença. Numa época em que existia a realidade de

poder de escolha nas mãos dos pais, onde eles tinham autoridade em casa e não

recebiam ordens de seus filhos. Onde os filhos obedeciam seus pais e sabiam estar. Já

nos anos 1950-60, os jovens começaram a ganhar pequenas quantias para comprar

14

alguns produtos em que a publicidade lhes era destinadas, então foi nesse momento que

eles passaram a serem consumidores autônomos e foram sendo alvo de comerciais

específicos. (Lipovetski, 2007)

Depois deste início de publicidade específica, começaram então as influências das

crianças e pré-adolescentes nas escolhas das compras dos pais. Surgiu um comprador

que também influencia nas decisões, por conseqüência do seu pequeno poder aquisitivo,

a criança ou jovem vê que o pai não possui mais aquela noção de autoridade e de poder

que antes possuía. Então eles dando opiniões, mostrando seus gostos, suas escolhas, nos

mostra que eles começam então a consumir pelo prazer.

Eis-nos na era da criança hiperconsumidora escutada, tendo direito de fazer as próprias escolhas, dispondo de uma parcela de

poder econômico, controlando direta ou indiretamente umas parte das

despesas das famílias. (LIPOVETSKI, 2007 p. 120)

O ato de consumir deixou de ser para as pessoas uma coisa decerto simples. O que

acontece com a sociedade hoje é que o ato de consumir está ditando para elas mesmas o

que elas são. O que acaba acontecendo é que estão acreditando viver o que se tem.

Acreditam que serão aceitos, como mostra a publicidade. Recebem informações como

prazer, gozo, resolução de suas vidas e pressupõem que serão aceitas na sociedade em

conseqüência disso.

Como se nenhum indivíduo agüentasse a sua realidade e precisasse sempre de uma

injeção de ânimo. Existe uma diferença entre se sentir feliz por comprar algo, que

precisar dessa alegria repetidamente para que a vida tenha alguma graça. O cotidiano

das pessoas, seus valores, seus princípios estão sendo deturpados e faz com que elas

sintam vazias, e insatisfações constantes. Procuram pelo contrário, valores que são

passageiros.

É preciso interpretar o apetite consumista como uma maneira, decerto

banal, mas mais ou menos bem-sucedida, de conjurar a fossilização do

cotidiano, de escapar à perpetuação do mesmo pela busca de pequenas

novidades vividas. (LIPOVETSKI, 2007, p. 69)

Surge juntamente com a manifestação do consumo excessivo, existe o aspecto do

regressar da fase adulta que se caracteriza por retornar costumes infantis no cotidiano.

Essa atitude demonstra a comportamento de pessoas adultas em retornarem a fase

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infantil, querendo viver em um eterno prolongamento de uma fase que não se parece

com o que se vive cotidianamente.

É assim que agora se vêem adultos comprar para si ursinhos, usar camisetas Barbie, circular de patins ou patinetes, participar de

reuniões sociais em que se cantam canções dos programas de

televisão de sua infância. (LIPOVETSKI, 2007 p. 71)

O problema não está em pessoas gostarem do que fizeram na infância e quererem

cantar canções, vestir roupas ou comer alimentos que simbolicamente a fizeram felizes

no passado. O que acontece é que essas atitudes servem como refúgio para anular as

pessoas no presente. Serve como de esconderijo para que elas não se sintam capazes de

enfrentar suas realidades (Lipovetski, 2007). Isso faz com que haja sempre e

inconsciente ou conscientemente o desejo por analgésicos vindos através de compras, de

consumos exagerados, sem necessidade, sem controle de forma doentia.

Pessoas não vivem individualmente, formam uma sociedade, e as práticas sociais

trazem em si características que ditam costumes valores, idéias, identidades. Para

observar uma sociedade, é necessário ver os valores dominantes. A cultura é fator

importante em uma sociedade e ela é dita como: preservação social de valores

autênticos que não podem ser adquiridos por dinheiro, nem por troca de mercado. (

Slater, 2002 p.32)

A realidade é que as práticas sociais, que correspondem às idéias, aspirações,

costumes, valores, estão todos sendo referidos a idéia de consumo. O que caracteriza

que os valores sociais estão sendo torçados e receptores de características do consumo, e

de tudo o que se deriva dele.

Por conseguinte, poderíamos descrever a sociedade

contemporânea como materialista, como uma cultura pecuniária

baseada no dinheiro, preocupada em “ter” em detrimento de “ser”,

como uma sociedade transformada em mercadoria, hedonista, narcisista ou, mais positivamente, como uma sociedade de escolhas e

da soberania do consumidor (SLATER, 2002 p. 32)

16

Cap2. Consumo e comunicação publicitária

A sociedade sofre hoje com uma grande quantidade de informações que trazem

sérias conseqüências em seus comportamentos diante da sociedade. É dito então pelo

Publicitário Oliviero Toscani, que as informações influenciando o consumo são feitas

de forma criminosa por se chocar com a verdade.

Para Toscani(2005), existem alguns crimes que podem chamar a atenção da

sociedade. Um deles é o crime de inutilidade social, que significa as empresas que se

preocupam demais em vender seus produtos, em ter seus lucros e não prestam um papel

social de informar a sociedade sobre as conseqüências de, por exemplo, a quantidade de

automóveis circulando nas ruas, ou então da conseqüência causada pela quantidade de

álcool que as pessoas consomem. Doenças como câncer de esôfago, de pulmão de

língua é causado pelo uso do cigarro, porém as empresas continuam a vender seus

produtos. Existe o ato de vender, e por várias vezes não existe a realidade de comunicar.

(TOSCANI, 1995)

Também existe o crime de mentira. Porque utilizam realidades que não condizem

com a realidade do consumidor. Então quando se afirma que a felicidade será

conquistada por adquirir certo produto, isto é algo falso.

A publicidade despende dezenas de milhares de dólares para mostrar uma estrela de cinema usando água-de-colônia que, na

verdade, deseja vencer às apaixonadas sem grana e às secretárias

românticas do mundo inteiro (TOSCANI 1995 p. 27)

Causar sentimentalismos instantâneos para enganar as pessoas fazendo-as iludir

com produtos significa mentir e enganar os clientes.

Existe uma conseqüência grandiosa em cima da sociedade. A conseqüência desse

crime que se diz contra a paz civil. Não estamos falando de guerras de nação contra

nação.Estão acontecendo guerras causadas pelas instigações feitas nas mentes das

pessoas pela manhã, à tarde, à noite e, no caso de insônias, pela madrugada também.

Muitos podem não perceber o que está acontecendo, mas enquanto as pessoas recebem

tantos estímulos para consumir, tantos estímulos para parecerem com um e com outro.

As pessoas estão se frustrando. Quando um ser humano se frustra, ele não permanece no

seu estado mental normal. Ou seja, ele fica alterado. Uma pessoa alterada é capaz de

explodir a qualquer momento. Acontece que pessoas estão ficando cansadas e irritadas

17

porque não tem dinheiro o suficiente para ter tudo o que a comunicação cobra que ela

tenha. Pessoas estão saindo de casa armadas para roubar aquilo que não podem

comprar. Vale ressaltar que casas onde habitam pessoas frustradas, tornam pessoas

saindo de casa dirigindo de forma violenta, o que acarreta pessoas sem paciência diante

de qualquer irritação na rua, o que causa uma morte, uma briga, ou uma prisão. Tudo

isso porque as pessoas ficam sem paciência. Sem prazer de viver. Cansadas de nunca

estarem satisfeitas com o que tem. Muitos outros crimes são ditos pelo Publicitário e

escritor Oliviero Toscani. Porém aqui quero acrescentar outro crime, dentre esses já

ditos. O crime contra a infância. A publicidade, a comunicação voltada para a infância

está sendo dita como criminosa diante do que está acontecendo com a vida dos

pequenos. Aquela junção, ou falta dela, de que falamos entre publicidade, criatividade e

responsabilidade social se torna aqui ainda mais sensível.

A comunicação infantil surgiu com o objetivo de transformar crianças em

consumidores. Pode-se perceber que pessoas adultas, que possuem uma capacidade de

maior defesa e entendimento estão sendo seriamente transtornadas por conta de tanta

comunicação. Por esta sobrecarga. Pois uma criança recebendo este mesmo tratamento,

pode causar um problema bem pior. Enquanto muitas instituições, e documentários,

tentam reeducar os adultos a estarem mais atentos a estas realidades. Enquanto estamos

tentando limpar a mente dos adultos, por trás há a intenção de criar uma nova nação de

consumidores.

As crianças estão recebendo essas informações em todos os horários, e os pais, e

responsáveis não estão observando isso para instruírem seus filhos (LINN 2006 p.25) .

Atentos a esta realidade alguns países já estão tomando iniciativas na tentativa de

diminuir as conseqüências que estão sendo trazidas na vida das crianças.

A Suécia, a Noruega e a Finlândia, por exemplo, estão proibindo publicidade para

crianças com menos de doze anos. No Canadá, a província do Quebec proibiu-o para

crianças menores de 13 anos. A Grécia das 7h às 22h proíbe anúncios de brinquedos. E

anúncios de armas, e de fatores que levem a violência não são permitidos em nenhum

horário. Nas áreas onde a língua falada é o flamengo, na Bélgica, nenhuma publicidade

é permitida no começo dos programas infantis do canal local. Na União Européia, estão

proibidos anúncios que sugerissem que as crianças só seriam aceitas pelos colegas se

adquirissem tais produtos. (LINN 2006 p .269)

Até mesmo no Brasil, não são poucas as iniciativas da sociedade no sentido de

demandar uma regulamentação da comunicação infantil. Não por orientação ideológica

18

contrária à sociedade de consumo, mas simplesmente pelos afeitos que começam a se

acumular, dentro das famílias, nas escolas, na moral, etc.

De acordo com a autora do livro Crianças do Consumo, Susan Linn (2006), deve

haver atitudes para que haja um maior controle diante desta realidade, porém crianças

devem ser acompanhadas e existem muitas formas que servem de aconselhamento aos

pais, e responsáveis, educadores, profissionais da saúde, aos grupos de defesa, às

fundações, aos cidadãos, para que haja uma mudança mais notória.

Se os valores dos pais das crianças são materialistas, provavelmente as crianças

também serão materialistas. Então é preciso que crianças sejam levadas a fazer coisas

que as distancia dessa informação em excesso. Coisas que estimule o contato com os

pais, com criação de objetos, pinturas, passeios, jogos. (LINN, 2006 p. 256).

É necessário que os pais dialoguem com as crianças instruindo-as sobre o que

significa a comunicação, e para que ela serve. Os pais devem levá-los ao supermercado,

por exemplo, preparando-as para o que poderão comprar, ou não. Esta atitude ensina a

criança a adquirir certo controle em relação ao consumo.

No dia-a-dia das crianças elas trocam muitas atividades pela vontade de assistir

televisão. Então esta atitude é facilitada quando observamos vários aparelhos

distribuídos em suas casas, e sem nenhum tipo de regra ou de controle para que eles

obedeçam. Então os pais precisam agir para controlar essa situação.

A maneira mais fácil de limitar o tempo de televisão é retirar o

aparelho de seus quartos ou evitar colocá-los ali (LINN 2006 p. 257)

Pode-se limitar o tempo que a criança está diante da televisão limitando o tempo

em que ela pode passar assistindo-a ou retirando certa quantidade de aparelhos das

residências.

Todas essas formas usadas para aconselhar pais, responsáveis, existem para que as

crianças possam ser mais protegidas dessa realidade. Se o consumo trouxesse somente

conseqüências produtivas para um crescimento saudável, as crianças trariam respostas

que demonstrariam a boa utilização da comunicação infantil para seu crescimento.

Porém o que é demonstrado é que há a necessidade de mudança, e os pais,

educadores, líderes políticos, e pessoas dispostas a ajudar as crianças também têm o

dever de agir em prol deste fato.

19

Cap. 3. Consumo e infância

Este capítulo irá refletir sobre a influência da mídia na subjetividade de uma

criança. Como uma virose, o marketing, anúncios e propagandas começaram aos poucos

a tomar um espaço antes ocupado pela família na vida das crianças. As crianças são um

alvo mercadológico, destituídas de um valor próprio que precisaria ser preservado.

Dessa forma, visam às mentes indefesas com cores, brilho, movimento, alegria,

diversão. E não se está falando apenas de crianças já alfabetizadas, mas também de

crianças que mal começaram a balbuciar as primeiras palavras. A busca pelo

consumidor começa bem cedo. Hoje há programas adaptados para bebês, com o intuito

de “educar’. Mas essa educação refere-se, sobretudo ao ato e desejo de consumir, de

preferência, a marca do anunciante que patrocina o programa educativo.

Segundo Susan Linn, em seu livro Crianças do consumo (2006), existe um

professor de psicologia da Universidade de Massachusetts que se chama Dan Anderson,

ele afirma que não se sabe ao certo como os bebês entendem a televisão, mas que por

outro lado não existem motivos plausíveis para que crianças com menos de dois anos

vejam televisão. Ele defende a idéia e atitude de cuidar diretamente com criança, com

contato físico, com a vida real, e afirma também que a televisão impede drasticamente

este estímulo.

Vale ressaltar que nesta fase dos primeiros anos de vida, os bebês precisam ser

estimulados, mas não para aprenderem qual marca vão escolher e sim estimulados a

evoluírem tanto fisicamente, como e muito especialmente psicologicamente. E a família

é um processo fundamental para este momento da criança. Muitos são os programas

voltados para o público infantil, e neles contém tantos atrativos que colocam qualquer

carrinho de madeira, cachorro ou até mesmo o pai de lado.

A mensagem que os pais recebem é que o que normalmente

poderiam fazer com seus bebês – dar carinho, brincar, cantar, falar e ler para eles- não é suficiente. Em vez disso, eles deveriam colocá-los

diante da televisão, o que, de acordo com a Academia Americana de

Pediatria, é provavelmente um tipo de estímulo de que os bebês não

necessitam (LINN 2006 p. 81)

Os programas não são somente programas que exibem diariamente

entretenimento, mas eles são usados como canais de divulgação de marcas. Muitos

programas voltados para o público infantil transmitem desenhos animados, e em

20

seguida apresentam jogos que fazem as crianças escolherem produtos. Isto leva as

crianças a criarem interesse de estarem acompanhando programações televisivas para

adquirirem produtos patrocinadores dos programas.

A questão é que toda essa forma de atração infantil prevalece na indução do

consumo precoce, em fazer excitar dentro da mente infantil o desejo de posse, o desejo

de ter. Com essas induções, vinda de várias formas seja através de comerciais, entre as

falas de personagens, nas novelas que também atingem ao público infantil, em todos

esses momentos, crianças são estimuladas a gostarem de consumir, e aprendem que essa

atitude é necessária.

O ser humano passa o tempo todo captando imagens e sons. Existem provas que

os bebês também já conseguem captar emoções da televisão. Os pesquisadores

aconselham aos pais tomarem muito cuidado com quais estímulos seus bebês estão

adquirindo através das programações televisivas. (LINN, 2006)

Então segundo o raciocínio de que as crianças captam influências da televisão,

elas podem naturalmente, enquanto estão em fase de desenvolvimento, adquirir certa

compatibilidade com determinada marca que lhe é mais apresentada cotidianamente. Ou

seja, os profissionais de comunicação têm razão quando dizem que os bebês podem

começar a ser leais a determinadas marcas enquanto estão ainda no berço.

Os pais são cercados de produtos que titulam que os bebês adquirirão mais

raciocínio, mais capacidade de entendimento, mais inteligência, se for estimulado de tal

forma. E para ir de encontro com essa verdade, a noção de que os pais precisam dar

atenção aos seus filhos, no sentido de participar da sua criação e desenvolvimento são

por várias vezes diminuídas, ou desprezadas, como sendo não importantes. Todas essas

coisas são ditas, direta ou indiretamente, como não suficientes para uma boa criação,

para uma criação saudável para os bebês. Os programas televisivos seriam, então, o

complemento indispensável à uma boa educação (LINN, 2006)

E como todo bom pai e boa mãe, eles são reféns disto, pois desejam muito dar o

melhor para seus pequenos. E então também são alvos fáceis de palavras como

“educativo”, “estimulante”.

Vale ressaltar que, de acordo com a Academia Americana de Pediatria ( LINN

2006 ) esses estímulos virtuais, e totalmente surreais, são na verdade o tipo de estímulo

que os bebês verdadeiramente não precisam.

21

Cap. 3.1 Marketing nas escolas

Não dá para pensar em Marketing sem pensar em lucro. O lucro é o fim principal

de uma empresa. Ou seja, todas suas atitudes, e esforços são para finalizar em lucro, o

que quer dizer crescimento da empresa. O marketing tem a intenção de fornecer para o

cliente, de fazê-lo entender que o produto que está sendo apresentado é o produto mais

agradável, e que a escolha de adquirir o produto é a melhor escolha possível. Dentro

desta sociedade caracterizada como capitalista, o marketing é pensado juntamente com a

idéia de arrecadar lucros. (DANTAS, 2005)

Toda empresa tem necessidade de lucrar com seus investimentos. O lucro

movimenta as empresas, e uma empresa sólida, segura financeiramente, possui

empregados seguros, por conseqüência, satisfeitos, trabalhando motivados fazendo com

que os clientes desta empresa sejam tratados de forma agradável.

O ser humano vive em torno de necessidades. Naturalmente uma pessoa tem

necessidades físicas. As principais necessidades humanas não são muitas. Comer, beber,

respirar, locomover-se, divertir-se por exemplo. Porém existe uma carência maior, algo

que torna-se mais relevante por se caracterizar por desejo. Significa um querer mais

profundo, necessidade maior de satisfação, uma vontade mais específica.

Pessoas possuem suas próprias necessidades, e praticamente todas vivem

igualmente com necessidades básicas, como as que foram mencionadas anteriormente.

Porém o desejo é um sentimento específico, e cada pessoa tem algo mais relevante do

que na realidade de outra. O que significa dizer que os desejos, representam o “querer”

das pessoas. Ou seja, o desejo pode ser aguçado.

Os desejos podem ser despertados. São muitos e podem ser

moldados e remodelados pelas instituições sociais. Se fosse possível

utilizar um verbo para caracterizar o desejo, este verbo poderia ser o

verbo querer. (DANTAS 2005 p.39)

O marketing utiliza de ferramentas para estimular as necessidades das pessoas.

Mostrando então formas pelas quais elas possam ter suas necessidades satisfeitas.E a

demonstração de marcas é usada para que as pessoas possam ter o conhecimento de

quais produtos podem então suprir essa necessidade específica. O marketing estimula

as pessoas a tomarem uma opção sobre qual marca será escolhida na decisão final de

22

compra. Esta decisão é a mais importante, pois, sabendo que a marca foi escolhida, quer

dizer que as estratégias obtiveram boas respostas.

Essas estratégias de provocar estímulos para determinadas marcas e decisão de

compra, estão sendo aplicadas dentro das escolas. E o alvo disso são crianças. (LINN,

2006)

A escola é um lugar onde as crianças podem expandir suas habilidades e fazer isto

com outras crianças da mesma idade e vivendo a mesma realidade física e mental. O

que é importante é a conscientização dos pais em relação à escola onde estão confiando

seus filhos. E existe uma explicação plausível para isto. Normalmente a escola é lugar

de inicialização de conhecimentos. As crianças estão lá para evoluírem. O que os pais

precisam é atentar para quais estímulos seus filhos estão recebendo na escola.

Escolas fazem anualmente apresentações artísticas com seus alunos, isto ocorre

para que as crianças passem um ano em contato com as atuações artísticas. Pode-se

imaginar que as crianças estão se preparando para uma apresentação musical.

Normalmente se espera o envolvimento com música de qualidade, ricas em aspectos

importantes que eles podem adquirir. Como notas, ritmo, melodias, letras maravilhosas.

Porém muitas escolas apostam em musicais da Disney, onde a música e a dança

principal que será transmitida aos convidados, é a música que tocou no ultimo filme do

Mickey. Existe a necessidade de atenção para quais aspectos as crianças serão

edificadas aprendendo canções, onde só traz o desejo de adquirir os produtos do

personagem. Professores, Pais, responsáveis fazem tudo isto, porque tem, para eles, uma

desculpa cabível de que as crianças gostam. (LINN, 1996)

A problemática em questão é que as crianças além de receberem estímulos em

casa, elas estão recebendo nas escolas.

Agora e desde os anos 90 nos EUA, o marketing nas escolas começou a aumentar

de forma preocupante e é necessária muita atenção. Dos pais, dos responsáveis. Aonde

elas aprendem coisas importantes, que instigam o prazer em aprender coisas novas.

Onde eles farão bons relacionamentos de confiança. Hoje o ambiente escolar está

abrindo as portas para o Marketing.

Hoje ela inclui (mas não está limitada a) noticiários

patrocinados por empresas, visitas de campo, materiais escolares,

máquinas de venda, ginásios, paredes e prédios inteiros(LINN 2006 p.

105)

23

Existe um entusiasta do marketing Ed Winter. Ele criou o Channel One, que se

caracteriza por um noticiário de 12 minutos, com dois de comerciais, que a escola é

obrigada a transmitir diariamente em 90% dos dias letivos todos os anos ( LINN, 2006).

Isso significa que as crianças estão todos os dias, durante todo o ano recebendo

informações e mais informações em suas escolas sobre corporações que simplesmente

visam lucrar com tudo o que fazem.

As escolas públicas que recebem poucos recursos são um lugar apropriado para

que as portas sejam abertas para este tipo de investimento. Alunos dos anos 50 já

tinham como atividades da realidade escolar, assistir a filmes ditos como educativos,

mas que são patrocinados por empresas

Para essas corporações, colaborar com o sistema educacional faz delas diante da

sociedade adquirir uma boa imagem, ou seja, faz com que pessoas passem a vê-las com

um sentimento agradável, facilitando assim suas escolhas de compra.

Para as corporações, é claro, não há um lado negativo. Por

“colaborarem” com a educação, parecem ser bons cidadãos (LINN

2006 p. 108)

As escolas que adotam o marketing como parceiro, quando questionadas sobre o

porquê de estarem abrindo suas portas para este tipo de atitude, não usam como

justificativa nenhum argumento em cima de bases filosóficas ou políticas ou

educacionais. Tudo é justificado pelo aspecto financeiro do lugar, visando o

arrecadamento de lucros. Porque a finalidade do marketing é obter lucros. (DANTAS,

2005)

O marketing voltado para as crianças tem certa facilidade de persuasão por estas

crianças serem facilmente convencidas. Em questão, se o marketing for feito no

ambiente escolar tudo se torna mais fácil. Porque crianças acreditam que dentro das

escolas só existem pessoas para ensiná-los alguma coisa (LINN, 2006). E que todas as

pessoas são muito inteligentes, e que por isso, receberão a devida confiança. Se eles

vêem, por exemplo, a marca da Coca-cola demonstrada na bandeja do refeitório, quer

dizer que a escola realmente é a favor da coca-cola, e que nesse produto e em tudo o que

diz respeito a ele a criança pode realmente acreditar. Afinal o pensamento infantil é de

que seus pais não permitiriam que ali seria uma lugar onde se ensina coisas ruins para a

vida da criança.

24

A escola deve ser lugar de pensar, meditar, criar valores que possam ser passados

para seus filhos. Porém de acordo com os métodos inseridos nas escolas hoje, os alunos

não estão dando muita atenção a isso. O depoimento de uma professora ilustra bem essa

necessidade de mudança:

A escola vai ter que se transformar. Porque a escola não vai ser só lugar de conteúdo, porque o conteúdo que a gente receba lá fora é

muito maior do que o da escola. Eu acho que hoje em dia, a principal

função da escola é fazer o aluno pensar e pensar sobre tudo. Não só

sobre conteúdo da disciplina, mas pensar nas suas atitudes, quais são

os valores que mobilizam a sociedade para transformar e para poder

modificar essa sociedade para melhor. (CAMPOS, C, SOUZA, S,

2009, p. 6)

Esta competição da escola para receber a atenção da criança demonstra que as

crianças necessitam de um acompanhamento para que elas entendam o que são atitudes

boas, e quais os aspectos importantes para o crescimento delas.

25

Cap. 4 A invenção de uma certa infância

Liliana Sulzbach, num documentário intitulado A invenção da infância (2000),

reforça essa análise sobre os efeitos perniciosos da mídia sobre a infância. Vale apenas

novamente ressaltar que a crítica feita aos meios de comunicação não é uma crítica

ideológica, mas sim pragmática. Isso significa dizer que a televisão, ou a comunicação

publicitária, não são boas ou más em si mesmas. Mas que elas estão más no momento, e

que podem melhorar, ser mais educativas e responsáveis do ponto de vista dos valores

coletivos.

A comunicação é uma grande aliada para a aceleração de todas estas coisas que

vem acontecendo. Pelo que se vê, pessoas estão vivendo recebendo ordens, ou seja,

estão se comportando como dizem para que se comportam.

É verdade que antes as crianças costumavam não entender o que os adultos

falavam. Se questionados, com certeza muitos adultos dirão, que quando crianças

tinham até curiosidade de entender aquilo que seus pais ou familiares conversavam, mas

que para eles era um pouco complicado.

Existia uma barreira entre mundo infantil, mundo adulto. E crianças sentiam que

para chegar até onde eles estavam precisavam no mínimo crescer. Ser criança era

diferente de ser adulto. Então as crianças não entendiam direito a linguagem dos

adultos. Para serem entendidos, os adultos, usavam uma linguagem um pouco mais fácil

com eles, com exemplos, com paciência e repetições, e assim, tranquilamente, as

crianças iam crescendo, entendendo, e percebendo o que acontecia ao seu redor.

Os meios de comunicação hoje, diferente de antes, estão rápidos, modernos e

disponíveis para todos. A informação é levada sem parar. Não existe sequer um minuto

em que a informação não chegue dentro das casas das pessoas.

O preocupante é que, as pessoas vêem principalmente a TV, como a certeza de

todas as coisas. Acham que porque é transmitido na TV, é totalmente verdade. Muitos

não sabem o que fazer se não existisse televisão. Outros nem entendem o que as pessoas

faziam quando não existia televisão. Outros sequer sabem como é uma carta, um

telégrafo.

Acompanhar a programação diária da televisão é algo que já faz parte da vida das

pessoas. E agora também das crianças. Usam este meio de comunicação para passar

26

muitas horas de seus dias absorvendo toda informação. E já possuem a característica em

si de não saber o que fazer se não estiver diante da televisão. Como também explica no

artigo Mídia, cultura do consumo e constituição da Subjetividade da Infância

(CAMPOS, C, SOUZA, S 2009)

Joana: Eu tenho esse vício. Eu chego em casa, janto, tomo banho e já deito para ver televisão. É normal, a gente janta vendo

televisão, a gente até toma banho escutando televisão que o pai

deixou ligada. É normal, até que desde os três anos todo mundo vê

televisão. (CAMPOS, C, SOUZA, S, 2009, p. 3)

A televisão está se tornando muito presente na vida de todos. É notável o quanto

os telespectadores gostam e realmente vivem dividindo seus dias com esse meio de

comunicação. Pessoas que vêem muita TV tem tendência a passar muito tempo com ela.

Esquecendo então do filho por exemplo. Uma casa que tem seis aparelhos de tevê dizer

significa que existem seis pessoas diferentes trancadas sozinhas assistindo cada uma a

programação que lhe convém. E isto os torna individualistas. E é interessante que haja

um estímulo para que a família divida o tempo diante da TV com outras pessoas da

família. De início os conflitos podem ocorrer, porém haverá uma grande ajuda em

relação a educação da crianças, pois com essa atitude ela aprenderá muito sobre

negociação, comprometimento e cooperação. (LINN,2006)

Depois do telégrafo, os meios de comunicação foram se modernizando e a TV

surge como um meio fácil, rápido, acessível e que possui uma linguagem que todos

podem entender.

Então, antes crianças não entendiam o que os pais conversavam crianças não se

sentiam à vontade no meio de uma roda de adultos. Crianças não se interessavam por

cenas fortes na televisão. Crianças não sabiam sequer o que queriam que seus pais

comprassem. Porém como a comunicação voltou-se para a criança, ela então passou a

entender os códigos de adulto. (SULZBACH, 2000)

Os pais por sua vez, a maioria deles, são muito ocupados tentando ganhar muito

dinheiro, crianças sem atenção por conta dos pais ausentes, cidades perigosas onde estar

na calçada é um risco. O que resta então é ver televisão.

Os pais são aqueles pais que trabalham o dia inteiro, ficam em

casa pouquíssimo tempo e mesmo assim nos finais de semana ainda

vão trabalhar. Não ficam com o filho.. (CAMPOS, C, SOUZA, S, 2009, p. 2)

27

Enquanto as crianças perdem a atenção de seus pais, há a alternativa para eles de

estar diante da televisão. Existem inúmeras escolhas que eles podem fazer de canais, e

programas. A programação infantil é cheia de ilustrações, luzes, cores, sons, tudo

encantador, dessa forma fica bem mais fácil seduzir.

Hoje, o mundo infantil e o mundo dos adultos são muito parecidos. É por isso que

as crianças estão se sentindo muito responsáveis, porque elas têm responsabilidades de

adultos. É por isso que elas estão tão cansadas.

Com a facilidade em que crianças têm de acompanhar o conteúdo televisivo, e

com a absorção que eles cometem dos aspectos que eles vêem, crianças estão imitando

o mundo dos adultos. Seus costumes, hábitos, e atitudes. Voltando-se para o mercado de

forma mais ambiciosa e decidida. Já tendo uma noção de que alguns produtos fazem-

nos sentir mais recebido em certos grupos de amigos, deixando-os com a sensação de

inclusão, ou pelo contrário, de exclusão.

O mercado nos ilude prometendo o ideal de igualdade e

liberdade. Ele escolhe quem fará parte do seleto grupo que pode

consumir, gerando exclusão. Em seu discurso, reforçados pelos meios

de comunicação, todos somos iguais. (CAMPOS, C, SOUZA, S,

2009, p. 5)

Os pais, vendo com o mundo está competitivo, até porque eles mesmo já tem

experiências assim em suas vidas, muitos deles preocupados com o futuro dos filhos,

enchem-nos de cursos e obrigações, tentando fazer do pequeno, algo de valor.

De acordo com Gilberto Dimenstein que escreveu o livro O Cidadão de Papel

(1993), ele afirma que a criança é a parte mais fraca da sociedade, e que se

compararmos a criança a uma arvora, ela é como o fruto desta arvore. Ou seja,

observando como a sociedade está se comportando, as crianças paralelamente a isto

acompanharão este retrato e serão assim em sua fase adulta.

É claro que se deve existir uma preparação para quando a criança se tornar adulta.

Mas infância não quer dizer isso. Como já havia sido mencionado, a infância existente

para que essas crianças tenham uma vida tranqüila. Fase que antecede com grande

distância a exigência de trabalho. Uma época ideal de nossas vidas em que deve ser

vivida, e gozada com liberdade e alegria. Onde o maior compromisso de uma criança é

ter pureza, paz, simplicidade. Em conhecer a inocência da vida. (SULZBACH, 2000)

Toda essa luta dos pais em investirem no futuro de seus filhos faz com que as crianças

estejam vivendo cotidianos de pessoas adultas. Isso é danoso, porque causa cansaço, causa

28

insatisfação e conseqüentemente as crianças passam a não se sentir mais como crianças. No

documentário a invenção da infância, algumas crianças foram entrevistadas, dentre as idades de

oito a doze anos. Essas crianças dizem ter muitas coisas para fazer em seus dias, e que por

muitas vezes se sentem cansadas, mas que se preocupa com o que serão quando crescer, e por

isso estão se esforçando tanto.

Eu gosto de fazer muitas coisas. Andar de bicicleta, patins,

brincar com meus amigos, passear com o cachorro e de assistir tevê. E eu tenho horário para tudo, ir à escola, tênis, balé (SULZBACH,

2000)

É importante que crianças tenham boa educação e formação de conhecimentos

elevados, para estarem mais bem preparados. Porém não é muito saudável encher o dia

de crianças com atividades no intuito de fazê-los adultos melhores. A infância existe

para ser vivida. E todos passam por esta fase, todos devem vivê-la. Isso é algo saudável,

e necessário.

Isso faz parte da realidade deles. Eles precisam aprender que podem errar que não

precisam ser perfeitos, que estão em fase de aprendizado. Tudo de acordo com seus

limites e realidades

A criança saudável é aquela que vive seus dias de forma equilibrada. Recebendo o

que é necessário, e não o exagero. Entendendo que estudar também faz parte da vida.

Mas que não é por causa do estudo que sua vida chega a ser algo chato. E não

necessariamente pelo fato de todas as informações que eles recebem chegam de forma

rápida as suas mentes, que tudo na vida deve ser feito de forma acelerada e impulsiva.

Não é porque a informação não para, que as pessoas devem estar o tempo todo

atentos a ela. Muitas coisas da vida são aprendidas sem nem mesmo que alguém nos

diga. Como explica e demonstra com vídeos um programa infantil chamado Janela

Janelinha, onde crianças aprendem a fazer coisas construtivas e menos danosas as suas

realidades.

Atropelar etapas da vida não é saudável, principalmente uma etapa como a

infância. Hoje, essas fases estão sendo atropeladas justamente pelo fundir das fases

adultas e infantis. Isso aconteceu pelas linguagens iguais usadas para eles nos meios de

comunicação.

Então, como tudo parece igual, e ao mesmo tempo liberal, acontece que eles já

discutem sobre seus programas de televisão prediletos, seus atores prediletos. O

problema é que o que está na predileção das crianças, muitas vezes, são conteúdos

totalmente desapropriados. Totalmente despreparados para telespectadores infantis.

29

Existe a falta de programações saudáveis, onde haja um estímulo para as crianças,

aprendizados, coisas edificantes e que não são chatas.

As crianças, nas entrevistas apresentadas no documentário, comentam sobre seus

programas preferidos. Tantos as que vivem em melhores condições na cidade, quanto as

que vivem no interior. Questionando-as sobre o que elas gostam de assistir, as respostas

obtidas foram novelas, programas de comédia voltados para os adultos, onde existem

muitas cenas sensuais, filmes de terror, onde há muita cena de violência, sangue,

mutilações, pessoas matando pessoas. Esses itens foram citados pelas crianças em

decorrência da pergunta de o que as divertiam na TV. Outra respondeu que gostava de

ver jornal, vale ressaltar que o conteúdo dos jornais é na maioria das vezes as desgraças

e problemas que estão acontecendo na cidade, no país e no mundo. Então as crianças

também acrescentaram que preferem ver TV à noite. (SULZBACH, 2000)

Não existe nenhuma programação a noite voltada só para crianças na televisão. É

importante que ao invés de um criança estar diante da tevê a noite, seus pais se

mobilizem para ler um livro, ou criar atividades que acrescentem em algo, como contar

uma história, fazer atividades manuais. Algo que as estimule.

Um livro é um excelente estímulo para crianças. Aguça sua imaginação, faz com

que ela se sinta bem, se sinta parte da história, lhe dá visão de outras realidades, lhe faz

escrever melhor, lhe faz falar melhor (LINN, 2006). Cria outra realidade, a de que

leitura é algo bom. Mas ao invés de bons livros, o que eles buscam são programas.

Questionadas sobre quais seus personagens prediletos na TV, elas responderam com a

palavra “ídolo” para identificar a pessoa. Uma criança costuma, pela sua própria

natureza, imitar quem ela admira. (TARDE, 1952) Segundo Gabriel Tarde, a imitação

representa o processo mais elementar de socialização dos indivíduos. É imitando que

nos tornamos seres sociais. Então a televisão cria personagens aparentemente

impressionantes, que estão sempre sorriso e vencendo. Criam esses personagens, para, a

partir deles criarem produtos.

Cativam a mente das crianças para que a criança tenha vontade de parecer com

eles. Então criam linhas de produtos de todos os gêneros para que as crianças sintam-se

instigadas a consumi-los.

Com isso, cativados pela comunicação, as crianças opinam sobre a feira do mês, a

estampa da sua roupa, e a marca dela. Sobre qual sapato quer usar, qual modo ela vai

falar (LIPOVETSKY, 2007). Por causa de seus ídolos, as crianças entrevistadas, dizem

como quem quer ser.

30

Um quer ser a mulher gato, outra disse que amava a Adriane Galisteu, porque ela é

linda, e a admirava muito. Outra, porém disse amar a Angélica. (SULZBACH, 2000)

Nestas afirmações crianças têm como ídolos pessoas adultas, com vidas adultas,

vaidades de adultos, e costume de adulto. Uma criança ao admirar muito alguém passa a

imitar essa pessoa em tudo. Achando ela que está seguindo o caminho certo. As crianças

vendo TV acompanham a forma como certas pessoas agem, sejam na ficção, como na

vida real. E vai crescer fazendo com que todas as atitudes de andar seminuas ou beber

ou fumar cigarro, são coisas do cotidiano e realmente deve ser bonito já que a Adriane

Galisteu age assim, por exemplo.

Como também explica no artigo Mídia, cultura do consumo e constituição da

subjetividade da infância (CAMPOS, C, SOUZA, S, 2009), onde crianças também dão sua opinião

sobre como vêem o comportamento de outras crianças.

Eu acho que a criança de hoje ela está muito precoce para as

coisas. Tem muita coisa que eu acho errado, por exemplo: uma garota

de quatro anos botar um shortinho de Carla Perez, topezinho. Eu acho

isso horrível. Muito precoce. Pois é, eu acho que é influência da

televisão, é achar bonito. Ninguém mais acha bonito Sítio do Pica Pai

Amarelo, que era uma coisa educativa. Hoje todo mundo assiste o

programa do Raul Gil, do Faustão, que vai ter o corpo da Carla Perez.

Gente! Eu acho que poderia trabalhar essa coisa precoce da criança de hoje mas voltada para outro lado, entende? Tem criança de cinco anos

hoje que está dançando? Beleza! Vamos dançar! Então vamos botar

uma aula legal, ao invés de dançar a música do tchan. (CAMPOS, C,

SOUZA, S, 2009, p. 5)

Em vários desses programas as crianças são influenciadas a imitarem os adultos.

Então as grandes empresas ajudam criando as roupas dos adultos nas versões pequenas.

Para que os pequenos se sintam cada vez mais parecidos com eles. A questão é: As

crianças estão sendo inspirado pelo melhor exemplo? E também: há um esforço para dar

bons exemplos para as crianças?

Então se usa um grupo de dança com mulheres adultas e seus corpos já formados

para dançarem de frente a TV, e no outro dia estão à venda os shorts e tops idênticos aos

delas, porém chegando da grade de “6 meses aos 50 anos”.

Crianças imitam danças sensuais, porque aprendem isso na televisão. O fato de

dançar não é mau. Porém as danças que estão sendo imitadas são realmente

catastróficas. Influência com danças sensuais faz com que crianças prestem mais

31

atenção nos seus corpos, ou então nos corpos dos outros. Isso acelera as etapas da vida.

Vai tirando a pureza que deve existir em uma infância saudável.

A infância é a fase onde há a necessidade de proteção, de alguém que guie, de

alguém que instrua. A instrução é essencial na fase de uma criança. É aonde ela vai

descobrindo, através dos exemplos dos outros. O que é certo e o que é errado.

As crianças merecem entender o que é ser criança. Se, portanto o cotidiano de uma

criança, como já mencionado, parecer com o de seus pais, por exemplo, ela se igualará a

eles. Por isso que algumas crianças hoje se sentem o suficiente inteligente, capazes para

fazer o que ela acha que é certo. Perde-se então o ocultismo, o ato de descobrir, a

necessidade de cada dia abranger seus conhecimentos. Por conta da aceleração dos

aspectos envolvidos em sua vida.

Uma época na qual criança pode trabalhar como adultos,

consumir como adultos, partilhar das informações como adultos, não

reconhecem o mundo infantil como diferente, ou especial. Um mundo

onde adulto e criança compartilham da mesma realidade física e

virtual. É um mundo de iguais. (SULZBACH, 2000)

Para as crianças talvez de inicio pareça algo divertido, porque ser adulto parece ser

sempre mais divertido. Mas a natureza infantil é algo infantil. Chega um momento que

elas se sentem cansadas. Também no documentário A invenção da infância (2000), foi

entrevistada uma criança chamada Beatriz de nove anos, ela é uma criança

aparentemente saudável, e de um bom aspecto, pode-se notar que possui uma boa

qualidade de vida, questionada sobre o que faz em seus dias, ela afirma que gosta de

jogar vídeo game, e que gosta de jogar bola. Diz também que as vezes ela dorme muito

porque está realmente muito cansada. Ela pratica ginástica olímpica, sapateado e

natação. Beatriz acrescenta que possui seus horários anotados no quarto de sua irmã,

porém ela nunca os vê, porque já possui todos eles decorados. (SULZBACH, 2000)

O fato de tentar modelar a vida das crianças com a esperança de que elas sejam adultos

competentes, pode trazer sérias conseqüências diante da realidade que cerca as crianças nos dias

de hoje. Principalmente crianças, pois a fase de aprender, descobrir, e desenvolver é importante

e necessária.

Criança influenciada a serem adultos em suas características, atitudes, comportamentos, e

pensamentos, é o que está caracterizando algumas crianças. Aquelas crianças que tem maior

contato com a realidade das programações televisivas. São essas crianças que recebem essas

influencias as que têm costume de estar diante da tevê.

32

Cap. 5. Instituto ALANA e Janela Janelinha

Em decorrência de toda essa realidade que cerca a infância surgiu o Instituto

Alana. Composto por pessoas que defendem o direito de manter a mente da criança

mais livre de todas essas informações, pessoas que defendem uma infância mais

saudável e menos conturbada. Ana Lucia de Mattos Barretto Villela é uma dessas

pessoas. Ela é Presidente do projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana.

Este instituto foi criado em 1994, e não tem fins lucrativos. O verdadeiro sentido

de sua existência é o de promover a assistência social. Tanto na educação, na cultura, no

amparo a população.

O instituto Alana tem como objetivo defender os direitos das crianças e dos

adolescentes em relação ao que elas estão sendo expostos, ao consumo excessivo que

está compreendendo a vida deles.

Dentro desses conceitos não existe o interesse de tapar os buracos deixados pela

falta de assistência do Estado no que se diz respeito ao atendimento às necessidades

sociais. O instituto pelo contrário auxilia reivindicações juntamente com as pessoas,

para que eles reclamem as assistências que por direito lhes são propostas. Então, com

isso o instituto Alana auxilia as comunidades com atividades que são complementares,

ou seja, o Estado age de forma correta e o Instituto acrescenta também coisas que

possam ajudar a sociedade, com ações públicas voltadas para a área da saúde, educação,

cultura, cidadania. Um dos projetos principais do Instituto Alana chama-se Criança e

consumo.

Desde 2005 esse projeto existe com o intuito de fazer com que as pessoas

percebam o que está acontecendo em relação às práticas de consumo feito por crianças

e adolescentes.

É defendida a idéia de que se deve parar com os investimentos enormes que

causam o consumismo dessa fase das pessoas. Pois o que é passado para essas crianças

são erotismo, consumismo, a obesidade infantil que cresce de forma alarmante, as

crianças que cada vez mais cedo entram para o mundo do crime e a violência habita nos

lares brasileiros, e por conseqüência as relações sociais vão se desgastando. Acaba que

percebemos que não existem relações sociais de confiança, e as pessoas vivem querendo

atropelar umas as outras e com medo umas das outras também.

33

As responsabilidades do Instituto Alana diante da sociedade são muito

importantes. Esse projeto cobre a sociedade de muitos serviços, dos quais estão

compreendidos serviços jurídicos, de educação, comunicação e eventos.

Eles recebem queixas sobre a comunicação destinada as crianças. Por exemplo, se

alguém vir alguma comunicação e julga ser inadequado, o Instituto recebe essas queixas

e denúncias.

Na área da educação o Instituto Alana possui um centro de referência científico-

cultural sobre o consumo, eles distribuem material para pais, educadores e pessoas que

pesquisam sobre este assunto, esses materiais têm um caráter pedagógico e auxilia no

crescimento das idealizações do projeto.

Na área de comunicação e eventos existem produções coordenadas com

campanhas que tem o intuito de conscientizar sobre esses dois pontos, infância e

consumo.

Essa iniciativa de fazer comunicação visando esses pontos de vista são muito

importantes, pois é uma atitude positiva dentre tantas coisas negativas que influencia a

infância e juventude.

Se a mídia atinge essas pessoas com algumas formas, para seduzir e influenciar.

Diariamente pessoas recebem estímulos negativos, não é verdade que só existam

estímulos negativos porém, alguns estão sendo estudados por motivos relevantes como

o incômodo das mães ao verem os filhos sendo transformados pela televisão. Meninas

que estão precoces e utilizam produtos de beleza como os adultos, que são frustradas

por não parecerem com a atriz da novela ou com a apresentadora do seu programa

predileto. Crianças que se revoltam enquanto o pai não lhes der o que elas estão

querendo. As crianças antes tinham um vocabulário de criança, agiam como crianças

pensavam como criança. Os pais se assustam hoje ao verem crianças falando como se

fossem adultos. Crianças astuciosas, observando na economia da família para saber se

poderão comprar aquele brinquedo novo (LIPOVETSKY, 2007)

Entende-se que é necessário ter algo para ser alguém (SLATER, 2002). Se

pararmos para conversar com uma criança que vê muita televisão, e perguntarmos

algumas coisas, suas palavras serão, dentre outras, inúmeros nomes de marcas de

brinquedos, roupas, sapatos e acessórios. ( www.alana.org.br.)

As meninas estão se vestindo como mulheres. Os meninos estão voltados para o

sexo muito precocemente. O que acontece é que meninas cada vez mais cedo conhecem

o que é ser mãe, e meninos cada vez mais cedo conhecem o que são as drogas, as armas.

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A arma para um garoto é algo divertido, usado para matar, destruir, fazê-lo

poderoso. De acordo com estudos feitos pelo Instituto Alana, afirma-se que a vida das

crianças se tornou uma grande troca.

O termo troca engloba realmente uma troca de realidade, modos de vida, pensar

agir, falar, ver o mundo. As crianças trocaram suas realidades, por realidades criadas

por outras pessoas. Pessoas das quais lucram os estímulos absorvidos por eles,

finalizando assim na conseqüência do consumo e mudança de comportamento.

Portanto culpar os pais, achando que eles são negligentes na educação de seus

filhos, não é a resolução desta problemática. O Instituto Alana age de forma a

conscientizar a sociedade justamente para que os pais, e responsáveis pelas crianças

tenham uma visão mais critica de toda esta realidade.

Certamente que os pais têm um grande poder sobre a vida das crianças justamente

pelo fato de que elas dependem deles. Os pais também podem colocar limites dentro de

suas próprias casas e assim ressaltar que não se deve ver televisão demais, ou que o

consumo demasiado é desnecessário, ou usar de ameaças, e de castigos (LINN, 2007).

O Instituto Alana existe para inserir na população uma conscientização da

realidade. É justamente para instruir os pais, para mostrar-lhes que crianças precisam ser

mais bem educadas, e instruídas. Observar a infância é observar como futuramente a

nação se comportará. Criá-los não atentando para o fato de que crescerão, fará com que

a nação sofra grandes conseqüências.

A viagem pelo conhecimento da infância é a viagem pelas

profundezas de uma nação. (Dimenstein, 1993 p.11)

No Brasil, é comprovado o quanto possuímos pequenos consumidores e

telespectadores.De acordo com o Painel Nacional de Televisão do Ibope, nossas

crianças, da idade dos quatro aos onze anos, assistiam Quase 5 horas de tevê por dia

(www.alana.org.br).O Brasil ficou em primeiro lugar, dentre todos os países do mundo

na quantidade de tempo que as crianças ficam assistindo tevê (www.alana.org.br).

O que nos faz lembrar, de um fato. As crianças estão substituindo outras

realidades para estar diante da tevê. Enquanto uma criança poderia estar fazendo um

esporte, ou tendo um momento de lazer com outras crianças, de uma forma saudável,

onde sua imaginação, criatividade e inteligência são aguçadas, ao invés de estarem em

contato com pessoas ou situações que proporcionasse a elas coisas construtivas. Elas

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estão diante de tevê, recebendo informações danosas as suas mentes em grande parte do

tempo.

Crianças que convivem com as programações televisivas pra dormir, pra tomar

banho, pra estudar, pra comer (SULZBACH, 2000). Porém, como já foi dito, as crianças

não sabem fazer todas essas coisas sem a tevê. E os pais ao castigarem-nas por conta de

suas más ações, lhes tiram a televisão. Isso demonstra mais ainda o quanto elas prezam

por ter liberdade de utilizar este meio de comunicação.

Talvez a televisão pudesse ser algo muito bom para todos, algo digno de muitos

artigos, ou anúncios, ou institutos que instigassem as pessoas a ver TV, porém a

televisão é usada de forma má, e não acrescenta em nada a sociedade. Salvo alguns

exemplos que insistem em nadar contra a maré, e lutam por um espaço, e por alguns que

percebam o que verdadeiramente deve ser feito para mudar a realidade de toda uma

sociedade.

A televisão pode tocar muitas pessoas, e toca, e entra na casa das pessoas, se ela

fosse usada de forma correta, grandes coisas poderiam fazer as pessoas umas pelas

outras, e assim a sociedade seria mais feliz.

Todo esse ataque de informação para as crianças, como já mencionamos traz

grandes conseqüências. E a obesidade infantil é um delas. Porque cada vez mais as

propagandas de fast-foods, de empresas voltadas para a alimentação infantil, fazem com

que as crianças sejam chamadas a se alimentar de forma artificial e precária. Sem contar

que como elas passam muito tempo diante da TV, se tornam na maioria das vezes

sedentárias.

A obesidade infantil não é uma realidade somente do Brasil. Isso acontece porque

os estímulos causados pela mídia atingem também outros países (www.alana.org.br).

Essa doença teve um acréscimo de 5% em 1964 para 20 % atualmente nos EUA,

e não está estagnada, continua em grande crescimento. E aqui no Brasil, de acordo com

a Primeira Jornada de Alimentos e Obesidade na infância e Adolescência, na Unifesp,

14% das crianças estão obesas e 25% já se encontram em um estado acima do peso

saudável para cada faixa estaria (www.alana.org.br)

Esses problemas, na América do Norte, por exemplo, surgiram mais cedo, eles

perceberão que algo estava errado, e logo tomaram medidas de solução. O problema

surgiu mais cedo, mas a iniciativa de uma parte da sociedade para mudar essa realidade

também é mais antiga.

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Aqui no Brasil, como podemos perceber ainda há o início de movimentação

devagar e tímida. Apesar de estarmos fazendo grandes projetos, e grandes pesquisas,

temos que aceitar que estamos um pouco atrasados diante da realidade de outros países

já mencionados. Porém, diante das dificuldades, é necessário persistência, pois é a

defesa de um ideal que realmente defende a realidade infantil.

O Instituto Alana recebe justamente essas denúncias de que algo está errado.

Existem vários exemplos em sua página da internet endereçada em alana.org. br onde é

mostrado as falhas na comunicação voltada para crianças.

Exemplo de denúncia mais recentes são as que ocorreram no ano de 2009, aqui

demonstrada uma ocorrida no mês de Abril.

A rede de lanchonetes Big X Picanha, com o objetivo de promover a venda de seus alimentos, subordina a aquisição de

brinquedos – os bonecos Gogo’s-, álbuns de figurinhas e as próprias

gravuras colecionáveis à compra de promoção infantil(Big X For

Kids) consiste de sanduíches e batatas fritas. Tal prática, venda

condicionada de um produto à outro, configura venda casada, conduta

reprimida pela legislação pátria (www.alana.org.br)

Algumas pessoas podem se defender usando o argumento de que vivemos em um

país onde a liberdade de expressão é defendida e aceita. O seja, as pessoas podem

defender suas idéias, e vender seus produtos, e fazer como querem porque tem liberdade

para isso.

Porém o que se deve pensar é que estamos falando de pessoas que ainda não são

capazes de formar suas próprias opiniões e muito menos de fazer sozinhas suas

escolhas. Pessoas já formadas podem fazer escolhas, mas uma criança não sabe nem

diferenciar direito um comercial, de um programa. A criança simplesmente absorve.

(www.alana.org.br).

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Cap. 5.1 Janela Janelinha

Esse programa Janela Janelinha consiste em um programa voltado para crianças,

Pode-se comparar este programa com a intenção mesmo que mais tímida, do Instituto

Alana, pois ambos contribuem para uma infância mais rica em aprendizado.

A verdade é que existem inúmeros programas infantis transmitidos pelas grandes

emissoras de televisão. Na Rede Globo de televisão por exemplo de segunda a sexta é

transmitido o programa chamado TV Globinho, onde os apresentadores muito

animados, e ecléticos animam as crianças chamando vários desenhos de diversos

conteúdos diferentes. (http://redeglobo.globo.com/)

A realidade deste programa Janela Janelinha compreende em três crianças como

apresentadores oficiais , são eles : Letícia Botelho, Renan Pedrozo e Helena Palomanes.

Ele é transmitido todos os dias as 11h:30min e juntos os apresentadores trazem filmes

especialmente feitos para crianças em mais de 40 países da África, America Latina,

Ásia e Europa. (http://www.tvbrasil.org.br/janelajanelinha/)

As produções transmitidas no programa tem duração de 1 a 7 minutos, e são

dividias em 4 segmentos: História de Criança, O mundo que nos rodeia, Como se faz,

Animais e Natureza. O programa é uma transmissão da TV Ceará.

A TV Ceará compreende no canal 5 e foi inaugurada no dia 7 de Março de 1974,

antes nomeada de TV educativa. A meta deste canal é levar educação às localidades

distantes do Ceará e com este fim conseguiu, através do ensino a distância, mais de 400

mil alunos em todo o Estado do Ceará. Com o decorrer de toda experiência e vivência

com a sociedade, a TV Ceará passou a não apenas utilizar de métodos educativos para a

sociedade como também para formar cidadania, comunicando com a prioridade em

aspectos que condizem com cidadania, a cultura regional e informação jornalística.

(http://www.tvceara.ce.gov.br/noticias/historia-da-tv-ceara)

A TV Ceará é um canal que qualquer pessoa que possua um aparelho de televisão,

tem o total acesso às programações transmitidas. E o programa Janela Janelinha está

disponível para todas as crianças.

O cenário do programa compreende em três janelas em cima do globo terrestre. As

crianças, cada uma em sua janela, conversam sobre um tema específico em cada

programa. Usando linguagem voltada para crianças, eles discutem sobre assuntos que

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fazem parte do cotidiano infantil como: medo do escuro, estudar, o quão ruim é dormir

à tarde e perder o dia inteiro, como é proveitoso ter um convívio com seus parentes

distantes, como eles não é bom brigar com seus amigos. Com a intenção de transmitir

para as crianças a noção de manter a observação sobre as coisas e defendendo o ato de

dialogar e conversar, dividindo experiências e aprendizados. Em um dos programas,

eles convidaram as crianças a desenharem o que elas viam de suas janelas, e no site do

programa pode-se verificar os desenhos enviados de crianças de todos os lugares do

Brasil e de diferentes idades e classes sociais.

(http://www.tvbrasil.org.br/janelajanelinha/minhajanela.asp)

É relevante ressaltar que os apresentadores do programa não causam nenhuma

influência para crianças consumirem, ou para que eles hajam de alguma forma que não

seja boa. Pelo contrário todo estímulo levado à criança é útil para seu crescimento.

O cenário do programa é em cima do Globo terrestre porque o intuito deles é

mostrar vídeos para as crianças, fazendo-as viajarem pelo mundo. Eles fazem isso de

uma forma muito interessante.

Ao assistir o programa, no decorrer de suas conversas, eles usam palavras chaves

para dar entradas a vídeos enviados por crianças de todo o mundo. Então existem vídeos

da Bélgica, Estados Unidos, Canadá, China, Chile, Indonésia, Estônia. As crianças

fazem coisas de diferentes tipos. São coisas realmente interessantes, coisas que

edificam. Exemplos de relacionamentos de pais, com seus filhos, de netos com avós, de

crianças com animais.

Crianças apresentam nesses vídeos, que tem o caráter bem caseiro, mostram então

suas culturas, seus costumes, suas casas, suas línguas. Muitos vídeos mostram suas

crianças com seus animais. Ou então com cavalos, em um zoológico, com seus amigos.

Em um episódio mostrou simplesmente uma criança brincando de patins com seu

pai. A criança acompanhando esse programa passa a conhecer pessoas diferentes. Vêem

também, que existem pessoas diferentes de cores, costumes, e língua distintas. E o

mundo da criança vai-se abrindo e ela consegue abranger seus pensamentos.

A partir, por exemplo, do Janela Janelinha elas são influenciadas a também

vivenciar essas realidades acompanhadas por eles através da tela da televisão. E é esta a

finalidade do programa, trazer às crianças a noção e o conhecimento de aspectos mais

edificantes para o desenvolvimento de suas vidas.

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Conclusão

O consumo está dominando a mente das pessoas e essa atitude causa grandes

conseqüências em suas vidas. Sua identidade e seus valores estão sendo deturpados em

função desta realidade.

Com o costume já existente no cotidiano de muitos, as influências causadas pelos

estímulos direcionados a aqueles que são passivos as informações, estão sendo ditas

como atitudes desonestas, e que faltam com a verdade.

Com conseqüência de tais atitudes e da confiança que as pessoas depositam nas

mensagens que não são saudáveis, acontecem os seguintes fatos: alienação falta de

autenticidade, dominação consumista, consumo como refúgio para problemas, consumo

como demonstração de status, consumo como personalidade, famílias desequilibradas,

crimes cometidos por crianças, prostituição, gravidez precoce, desobediência,

amadurecimento precoce das crianças, surgimento de uma nova classe consumidora,

preocupação em fazer com que bebês já cresçam sabendo escolher marcas, pais sem

autoridade, pais ausentes, crianças muito ocupadas vivendo como pessoas adultas,

sociedade desigual, escolas abrindo espaço para as corporações, e crianças recebendo

estímulos para decisão de compra.

Essas conseqüências são causadas pela manipulação que as pessoas estão sendo

submetidas e assim estão cedendo a tudo isso. Para mudar esse quadro, é necessário que

sejam tomadas medidas sérias. Os pais dessas crianças devem ser reeducados, e

alertados sobre essa realidade. O que já acontece através de programas e iniciativas

causados por pessoas que já despertaram para isso.

Reeducar pessoas que estão vivendo essas realidades é uma forma de modificar

todo o processo que já está caminhando a muito tempo.

Toda comunicação deve ser revisada e avaliada para saber se os métodos e

estratégias que estão sendo usados estão dentro dos padrões de honestidade. Ou seja,

não induzindo as pessoas ao erro, ou a atitudes não saudáveis.

Como são as pessoas adultas que tem responsabilidades sobre o andamento da

sociedade, então os pais das crianças devem ficar atentos a comunicação voltada para

eles também, para que não sejam passivos e se transformem em pessoas consumistas.

Abrindo assim um grande espaço para que crianças recebam esta influencia.

Também a escola conscientizada destes aspectos, precisa ser reajustada para que

não haja a insatisfação dos alunos, e a fala de aproveitamento no seu horário letivo. Pois

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a escola é uma grande aliada da proteção a infância. Por ter a responsabilidade de uma

parte da educação e do encaminhar ao conhecimento, na vida das crianças.

Hoje a sociedade é suprida de facilidades de comunicação. Sendo a televisão o

mais viável. Por estar esta sendo acompanhada por quase todas as famílias.

O fato é que os meios de comunicação são muito importantes, muito úteis para o

mundo. Mas os meios de comunicação devem ser usados para coisas boas.

Então é necessário agir para que comunicar seja sinônimo de estímulos mais

honestos e saudáveis. Meios de comunicação usados para melhor tratar às famílias,

crianças, e mente das pessoas faz com que a sociedade seja transformada também pela

influencia de coisas boas e saudáveis em suas vidas.

Existem atitudes que estão fazendo o que é certo, como exemplo Instituto Alana e

o programa direcionado as crianças, chamado Janela Janelinha transmitido pela TV

Ceará. O esforço para educação, os esforço para a reestruturação deve existir de forma

persistente.

Para que crianças não se tornem afeitos ao crime, ou a prostituição, a

desobediência e rebeldia, ao consumismo e a desestruturação das famílias.

A infância deve ser defendida, as crianças precisam ser mais bem tratadas, e ter

uma chance de vivenciar suas infâncias. A infância diz muito o equilibro das pessoas.

Problemas vividos na infância são tragicamente vividos por muito tempo na fase adulta.

E uma sociedade frustrada, e insegura não trará boas respostas no futuro. Então não se

deve tratar esse assunto como inexistente. Isto é um fato e há a necessidade de mudança,

diante das conseqüências.

Uma pessoa instruída, e comunicativa é aquela que tem uma visão crítica e

consegue distinguir aquilo que é bom, e não é facilmente manipulada pelas estratégias.

Toda a sociedade tem necessidade de se comunicar. Tanto pessoas precisam se

comunicar umas com as outras, o que dentro da realidade que envolve o mundo, é algo

bem mais fácil do que alguns anos atrás, como também precisam estar atentos aos fatos

que acontecem no mundo. Mas o fato de haver a necessidade de todos estarem ligados a

noticia, e também todas as outras situações que são transmitidas, não significa dizer que

também todos devem receber as mensagens influentes em relação a comportamentos

trazidos em novelas ou filmes. Principalmente as influencias que as crianças recebem

assistindo a essas programações que não condizem com suas faixas estarias.

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Então os pais precisam levar seus filhos a serem estimulados com livros,

atividades ao ar livre, influenciá-los a estarem em contato com outras pessoas, mostrar a

seus filhos desenhos, filmes, programas bons para suas mentes e crescimento.

A educação de uma criança depende daqueles que são responsáveis por ela. Uma

boa educação é responsável pelo enriquecimento de valores sociais necessários para o

crescimento da sociedade como um todo.

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BIBLIOGRAFIA

DANTAS, Edmundo: Marketing descomplicado. Brasília: Senac, 2005

DIMENSTEIN, Gilberto. O cidadão de papel. São Paulo: Ática, 1993

LINN, Susan. Crianças do consumo - A infância roubada. São Paulo: Instituto Alana, 2006.

LIPOVETSKY, Gilles. A felicidade paradoxal – Ensaio sobre a sociedade de hiperconsumo.

São Paulo: Companhia das letras, 2007.

SLATER, Don. Cultura do consumo e modernidade. São Paulo: Nobel, 2002.

TARDE, Gabriel. As leis da imitação. Lisboa, Ed. Rés, 1952.

TOSCANI, Oliviero. Publicidade um cadáver que nos sorri. Rio de Janeiro: Ediouro, 2005

ARTIGO

CAMPOS, Cristiana Caldas Guimarães, SOUZA, Solange Jobim. Mídia, cultura do consumo

e constituição da subjetividade na infância. Disponível em: http://pepsic.bvs-

psi.org.br/pdf/pcp/v23n1/v23n1a03.pdf. Acessado em 25/10/2009

INSTITUTO ALANA. Disponível em: www.alana.org.br.

JANELA JANELINHA: Disponível em: http://www.tvbrasil.org.br/janelajanelinha/

TV CEARÁ: Disponível em: http://www.tvceara.ce.gov.br/noticias/historia-da-tv-ceara

TV GLOBO: Disponível em: http://redeglobo.globo.com/

DOCUMENTÁRIO

A invenção da infância Direção e Roteiro: Liliana Sulzbach

Ano: 2000

País: Brasil

Local de produção: RS

M.SHIMIEDT

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