a loucura de deus num profeta da amazônia! · 2014-02-24 · loucos profetas que deus escolheu...
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A loucura de Deus num profeta da Amazônia!
Pe. Cláudio Perani sj e Missão da Equipe Itinerante1:
“Um pé dentro e um pé fora...”
Homenagem ao 4º aniversário da itinerância do companheiro CLÁUDIO para a casa do Pai.
Arizete M. Dinelly cns, [email protected]; Fernando López sj, [email protected]
Graça Gomes cf, [email protected]; Roselei Bertoldo ICM, [email protected]
Paco Almenar sj, [email protected]; Mariza Miranda Dinelly, [email protected]
Equipe Itinerante: [email protected]
Introdução
Dois anos depois da Itinerância
Definitiva e Plena do Pe. Cláudio Perani
sj (+8/8/2008), Dom Moacyr Grechi,
Arcebispo emérito de Porto Velho (RO,
Amazônia), comentou com carinho e
saudade: “Quanta falta nos faz o amigo
Cláudio! Ele nos ajudava a alçar a vista
e alargar a mirada mais longe, para
discernir nossa missão na Amazônia!”.
Cláudio foi o primeiro superior do
Distrito dos Jesuítas da Amazônia
(DIA)2, criado em 1995 para discernir
a missão amazônica “desde dentro”, a
partir da Amazônia e do caminhar respeitoso, próximo, paciente e amoroso junto a seus povos, em diálogo com
eles. E não mais pensar, discernir e decidir a missão na Amazônia “desde fora”, a partir do litoral ou centro-
sul do Brasil, dos grandes centros de decisão ou poderosas corporações dos países hegemônicos. Assim se fez
historicamente ao longo do período colonial e até hoje se reproduz em modelos de desenvolvimento
fortemente agressivos, marcos legais que ferem a justiça socioambiental, políticas públicas que facilitam a
depredação da região e uma violenta agressão aos direitos humanos e cósmicos de seus povos.
Para discernir a missão na Amazônia, “desde dentro”, com seus povos e aliados, Cláudio insistia: “Andem pela
amazônica e escutem atentamente o que o povo fala... Participem da vida cotidiana do povo... Anotem e
registrem tudo cuidadosamente... Não se preocupem com os resultados; o Espírito irá mostrando o caminho...
Coragem! Comecem por onde possam...”
1 Equipe Itinerante (EI): Nasceu inspirado pelo Pe. Cláudio Perani sj em 1998 como uma iniciativa inicial dos Jesuítas da Amazônia. Porém,
já neste primeiro ano a experiência foi integrada pela Congregação de Nossa Senhora (CSA) - Intercongregacionalidade. 2 Em 2005 o Distrito dos Jesuítas da Amazônia (DIA) passou a Região Dependente dos Jesuítas da Amazônia Brasileira (BAM).
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Recentemente a Conferência d@s Religios@s do Brasil (CRB) realizou um importante seminário nacional com o
título: “Vida Religiosa: A loucura que Deus escolheu para confundir o mundo” (1 Cor 1,27) 3. Participaram mais
de 400 provinciais. Tod@s com o desejo de recuperar essa loucura que Deus escolheu, em nossa vida pessoal
e congregacional, na vida de nossas instituições e da própria Igreja. Como recuperar essa loucura que Deus
semeou n@s noss@s fundador@s, mártires, profetas e profetizas de todos os tempos? Cláudio foi um desses
loucos profetas que Deus escolheu para confundir a lógica do mundo, muitas vezes presente na nossa prática
cotidiana, na vida pessoal e de nossas instituições. Ele foi um profeta enlouquecido pela busca apaixonada do
Reino e sua Justiça (Mt 6,22); acolheu e semeou o dom da “loucura de Deus” assumindo essa tarefa nas
periferias da Pan-Amazônia, atravessando suas fronteiras, geográficas e simbólicas, nos dois sentidos.
Para Cláudio, o missionário tem sempre “um pé dentro e um pé fora”. A missão na Amazônia, e toda missão na
perspectiva do Reino, é encarnada e inculturada a partir de seus povos. Toda missão se amassa no bater dos
pés no chão sagrado das estradas da vida, com a poeira do caminho e a benção da chuva do céu; nas trilhas da
floresta e nos meandros e praias dos rios; nas itinerâncias internas e externas; na partilha do cotidiano da
vida com os povos da Amazônia, com @s pobres, excluíd@s e diferentes; no diálogo fraterno e discernimento
conjunto com @s de “dentro”; e em diálogo respeitoso e recíproco com @s aliad@s de “fora”.
Perani insistia que a EI deve ter “um pé dentro e um pé fora”: um pé dentro da gente e um pé fora de nós
mesmos; um pé nos membros da EI e um pé fora deles, nos outros; um pé na própria cultura e um pé nas
outras culturas; um pé na própria experiência religiosa e espiritual, e um pé nas outras experiências religiosas
e espirituais; um pé nas nossas congregações e instituições e um pé nas instituições e congregações afins; um
pé na inserção e um pé na itinerância; um pé neste lado da fronteira e um pé no outro lado; um pé na margem
direita e um pé na esquerda do rio; um pé nos espaços da igreja e outro pé em outros espaços não eclesiais;
etc. Sempre um pé dentro e um pé fora...
I. Três perguntas
fundamentais no
discernimento da
Missão da EI na
Amazônia
a) Com quem Deus nos convida a
comprometer nossa vida em
missão na Amazônia?
Nas andanças pela Amazônia
escutando seus povos, quatro
rostos concretos surgiram:
indígenas, ribeirinh@s e as
pessoas das periferias urbanas empurradas do interior para as margens das cidades amazônicas; e vinculado
intimamente a esses rostos e a seus processos de exclusão está o rosto da Mãe-Terra violentada e depredada
na Amazônia. Estes quatro rostos estão intimamente inter-relacionados. Os ribeirinh@s são fruto do
encontro, muitas vezes violento, entre viajantes, comerciantes, aventureiros, militares, “soldados da
3 Itaici (SP), Fevereiro de 2012, http://crbnacional.org.br/homologacao/2012/02/23/a-loucura-de-deus/
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borracha” nordestinos e mulheres indígenas. Todos estes povos tradicionais da Amazônia mantêm uma relação
de reciprocidade (não-depredadora) com a Mãe-Terra. E hoje 70% da população amazônica se concentram nas
grandes cidades da região. A lógica é perversa: esvaziar o interior da Amazônia empurrando o povo para as
periferias das grandes cidades para poder entregá-lo às grandes empresas e corporações para que possam
explorar os recursos naturais sem conflito social. Contra esta lógica perversa há que energicamente opor-se.
Por tanto, é urgente ajudar a fixar o povo na terra, em seus territórios, com políticas públicas dignas, em
favor da vida. Para isso nossa vida em missão, nossas comunidades e obras, nossas instituições devem
interiorizar-se, ruralizar-se, “paganizar-se” (voltar para os pagos, zona rural). Sair dos centros urbanos para
as margens e periferias das áreas rurais. Sair de Jerusalém para a Galiléia dos gentis.
A pergunta inicial para o discernimento da missão não foi o que vamos fazer na Amazônia. A primeira pergunta
foi: com quem Deus nos convida a comprometer nossa vida em missão na Amazônia? A primeira atitude foi
andar pela Amazônia e escutar seus povos, descer ao encontro do povo e escutá-lo, como o próprio Deus do
Êxodo fez (Ex 2,23-25). A partir dos gritos da Amazônia e junto com seus povos vamos discernir e caminhar
no êxodo de libertação rumo à Terra sem Males, Yvy Marane´y (em guarani).
b) Onde estão esses rostos, as feridas mais abertas e a vida mais ameaçada?
Esses rostos se encontram além das nossas fronteiras (“um pé fora”) e nas fronteiras geográficas e
simbólicas da Amazônia, aonde os poderes constituídos dos estados-nação não chegam ou chegam ineficiente,
deixando a porta aberta às máfias: tráfico humano, narcotráfico, exploração de recursos naturais, etc. Por
isso, o serviço que a EI presta é inter-fronteiriço, atravessando as fronteiras geográficas e simbólicas da
Amazônia nos dois sentidos.
c) Como chegar às fronteiras geográficas e simbólicas, onde as feridas estão mais abertas e a vida
mais ameaçada?
Sobre esta terceira pergunta, três intuições fundamentais surgiram no discernimento: Itinerância, Inserção
e Inter-Institucionalidade.
II. Principais Componentes ou
Dimensões de Serviço do
Projeto da Equipe Itinerante
Ao longo destes 14 anos de caminhada (1998-
2012), foram cristalizando as intuições
proféticas do Cláudio nos seguintes elementos
de identidade da EI.
Por um lado, foram discernidos e escolhidos
quatro rostos preferenciais dentro do
contexto amazônico atual:
a) Indígenas; b) Ribeirinhos; c) Povo Marginalizado nas e das periferias urbanas; d) Rosto da Mãe-Terra
explorada e depredada. Nestes rostos, três deles sujeitos históricos, fixamos nossos olhares e aguçamos
nossos ouvidos para escutar e sentir seus clamores, sonhos e esperanças, e para caminhar solidariamente a
seu lado, na complexa travessia histórica que vive hoje a Amazônia no contexto global. É importante ter em
mente que esses quatro rostos estão profundamente inter-relacionados entre si.
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Por outro lado, ao longo destes anos, foram perfilando-se melhor as quatro componentes principais ou
dimensões de serviço que configuram hoje o projeto da EI e sua missão na Amazônia junto a seus povos:
a) Itinerância; b) Inserção; c) Inter-Institucionalidade; d) Inter-Fronteiriço.
1. Itinerância:
“Andem pela Amazônia e
escutem o que o povo fala”.
“Um pé dentro (itinerância
interior) e um pé fora
(itinerância geográfica)”.
Ir ao encontro do povo; não ficar
esperando a que o povo venha... Caminhar com ele lado a lado, nem na frente nem atrás.
Itinerância fala de caminho e caminhada. E caminhar é o processo de passagem de um estado de equilíbrio
para outro de desequilíbrio, para logo voltar a reequilibrar-se, e assim sucessivamente. Só podemos avançar
se estamos dispostos a desequilibrar-nos e reequilibrar-nos sucessivamente. Quem quer estar continuamente
equilibrado na vida, com os dois pés fixos, não poderá avançar e crescer nela. Deus continuamente nos convida
a sair da “terra própria” e itinerar rumo à “terra prometida” (Abraão, Gn 12,1). O próprio Deus-Trindade se
“desequilibrou” enviando seu Filho Único, encarnando-se em Jesus filho de Maria... E o desequilíbrio divino
tem a ver com o amor, com a paixão e compaixão, com a radicalidade, com a loucura-amorosa de Deus: “Pois
Deus amou tanto o mundo que enviou seu Filho Único, para que todo aquele que nEle acredite não morra, mas
tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Também, por loucura de amor, Ele nos convida a desequilibrar-nos juntos para
amar-servir-cuidar com radicalidade, compaixão e paixão, @s ferid@s e crucificad@s deste mundo.
Deus sempre nos convida a itinerar: a sair do conhecido ao desconhecido, do seguro ao inseguro, do estável ao
instável, do confortável ao inconfortável, do equilíbrio acomodado para o desequilíbrio desacomodado... Só
nesse contínuo sair e itinerar podemos caminhar nas diferentes estradas, trilhas, rios e selvas da vida, no
compromisso radical com seu Reino de Vida Abundante (Jo 10,10) para tod@s e para o amanhã, não só para
uns pouc@s e para o hoje.
O teólogo José Antonio Pagola, no livro “Jesus, Aproximação histórica”, insiste em que Jesus foi um “Profeta
Itinerante”4: ”A vida itinerante de Jesus no meio deles [d@s pobres] é símbolo vivo de sua liberdade e de sua
fé no Reino de Deus. Ele não vive de um trabalho remunerado; não possui casa nem terra alguma; não precisa
responder diante de nenhum arrecadador; não leva consigo moeda alguma com a imagem de César. Abandonou
a segurança do sistema para `entrar´ confiadamente no Reino de Deus. Por outro lado, sua vida itinerante a
serviço dos pobres deixa claro que o Reino de Deus não tem um centro de poder a partir do qual deva ser
controlado. Não é como o Império, (...), nem como a religião judaica, vigiada a partir do templo de Jerusalém
pelas elites sacerdotais. O Reino de Deus vai se gestando ali onde ocorrem coisas boas para os pobres.”
O serviço itinerante não é independente ou isolado dos outros serviços importantes e necessários para o bom
desenvolvimento da missão. A itinerância é compreendida como um serviço complementário aos outros mais
institucionais e inseridos da missão. Cada um destes contribui com sua especificidade à missão do Corpo que
tem Cristo por cabeça (cf. 1Cor 12).
4 Pagola, José Antonio: “Jesus, Aproximação Histórica”, Editora Vozes, Petrópolis, 2011. Pag. 109.
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a) O serviço institucional contribui com aspetos mais vinculados à estabilidade e continuidade da missão,
nos processos de transformação de estruturas e construção dos valores do Reino e sua Justiça social e
ambiental.
b) O serviço de inserção é sinal da proximidade carinhosa de Deus e de sua encarnação amorosa no meio de
seus filh@s predilet@s, @s pobres e excluíd@s. A inserção é uma forma concreta de responder ao
chamado de Deus que nos convida a encarnar-nos com Ele onde as feridas estão mais abertas e a vida mais
ameaçada; a fazer-nos próxim@s d@s jogad@s à beira da estrada (Lc 10,25-37); a carregar Sua Cruz com
@s crucificad@s da terra, para com Ele e com el@s resuscitar à vida plena.
c) O serviço itinerante contribui com os processos de conectividade e inclusão. Conectividade entre os
distintos “membros do corpo” (1 Cor 12). A itinerância é como o sangue que percorre todos os membros do
corpo. Serviço de inter-relação entre as diferentes instituições e inserções. Por outro lado, a itinerância
ajuda na inclusão daquelas pessoas e
realidades que ficam de fora dos
serviços mais institucionais e aonde não
chegam os mais fixos e inseridos. Ela
permite incluir @s que estão “fora”, do
outro lado das fronteiras, geográficas e
simbólicas, que ainda não estão ainda
incluídos. A itinerância é o que propõe a
parábola da “ovelha perdida” (Lc, 15,3-
7): “deixou as noventa e nove e foi atrás
da ovelha perdida”. Parábola que em
nossos dias teríamos que reinterpretar:
“deixou uma que estava dentro e foi
atrás das noventa e nove que estavam
fora”. A itinerância é um convite a ter
“um pé dentro e um pé fora”, aonde há
maior necessidade...
Esses três serviços à missão estão profundamente articulados entre si a favor da vida, como “membros de um
mesmo corpo que tem Cristo por cabeça” (1 Cor 12):
a) A partir da Teologia Trinitária iluminamos estas três dimensões do serviço à missão: Deus Pai – Serviço
Institucional; Deus Filho – Serviço de Inserção (princípio encarnatório); Deus Espírito Santo – Serviço de
Itinerância. O mistério da Trindade nos convida a contemplar as “Três Pessoas Divinas” em “Um só Deus”;
unidade na diversidade, não na uniformidade. Assim também compreendemos em estreita relação
complementária essas três dimensões de serviço à missão.
b) A partir da Teologia Batismal todo cristão pelo batismo é chamado a ser Sacerdote-Profeta-Rei. O
serviço do Rei, organização e governo, é mais identificado com a dimensão institucional da missão. O
serviço do Sacerdote – segundo o sacerdócio de Cristo na carta aos Hebreus – é trazer presente o Amor
Encarnado, salvífico e libertador de Deus no meio dos pobres, onde as feridas estão mais abertas e a vida
mais ameaçada, junto aos crucificados deste mundo; esta é a dimensão missionária da inserção no meio dos
mais pobres e excluídos. O serviço do Profeta é a denúncia de tudo aquilo que mata a vida e o anúncio do
projeto de Vida Abundante que Deus quer para tod@s; o profeta busca a inclusão dos excluídos deste
mundo. Esta dimensão de inclusão, anúncio e denúncia, de conectividade é realizada pela itinerância.
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Também esses três serviços (sacerdotal, profético e real) estão intimamente relacionados e são
complementários na missão do Reino.
c) A partir da Teologia da Vida Religiosa, os três votos se identificam respectivamente com estas três
dimensões de serviço à missão. O voto de obediência com a dimensão mais institucional; o voto de pobreza
com a dimensão mais inserida; e por fim, o voto de castidade com a dimensão de itinerância, ter um
coração livre para irmanar, fazer-nos irmãos e irmãs todos os seres da Criação no projeto do Reinado do
Deus da Vida. Também os três votos estão intimamente interligados e são complementários entre si.
A leveza institucional para a missão tem muito a ver com o equilíbrio e a relação entre estas três dimensões
de serviço missionário dentro de nossos corpos institucionais. Hoje em dia esta leveza para a missão é muito
procurada por nossas congregações, instituições e também pela própria igreja amazônica: “A Igreja se faz
carne e arma sua tenda na Amazônia” (CNBB, Encontro de Manaus, 1997)5. Este foi o título do documento dos
bispos dos regionais amazônicos da CNBB onde refletiram sobre a necessidade de uma igreja mais encarnada
nas realidades amazônicas e com estruturas leves e móveis, igreja de tendas, tapiris6 e “acampamentos”.
Se priorizarmos os serviços mais institucionais, destinando a maior parte dos recursos humanos, materiais e
econômicos a eles – em prejuízo dos outros serviços mais inseridos e itinerantes –, não nos queixemos depois
de que nossas congregações ou instituições sejam pesadas e as pessoas que nelas vivem e trabalham se sintam
sobrecarregadas, sem vida e sem espírito. Estruturas pesadas geram pessoas pesadas; estruturas leves
geram pessoas leves. A leveza institucional para a missão depende do equilíbrio e a relação entre os recursos
humanos, econômicos e materiais destinados a cada um dos três serviços institucionais, inseridos e
itinerantes.
Itinerância Geográfica e Itinerância Interior. Não há itinerância geográfica sem itinerância interior. A
itinerância verdadeira na travessia da vida tem estas duas dimensões inseparáveis: interior e exterior. Não se
da uma verdadeira itinerância
geográfica e exterior sem um
processo profundo de
itinerância simbólica e interior
em distintos níveis: pessoal,
grupal, institucional e
interinstitucional. Quem não
está disposto a viver esta
itinerância interior, suas
itinerâncias geográficas ficarão
superficiais, num “turismo
descomprometido”, que não
provoca transformações
profundas de conversão, nem
nas próprias pessoas que
itineram, nem nos sujeitos e
nem nas realidades que
encontram nas itinerâncias da
vida.
5 Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Regionais Amazônicos. Encontro de Manaus, 1997: “A Igreja se faz carne e arma sua
tenda na Amazônia” (Cf. Jo 1,14). O Pe. Cláudio Perani sj foi um dos assessores desse importante encontro. 6 Tapiri: casa provisória na floresta.
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2. Inserção:
“Participem da vida cotidiana do povo”.
“Um pé em casa e um pé na casa do vizinho”;
“Um pé na itinerância e um pé na inserção”.
Inicialmente Itinerância e Inserção pareceriam conceitos
contrapostos e excludentes: ou se vive inserido ou se vive
itinerante... Juntar estes dois componentes parecia até
impossível. Pois essa é outra sadia e criativa tensão que a
EI assumiu nessa lógica dialética de “um pé dentro e um
pé fora”. “Um pé na inserção e um pé na itinerância”. Sem renunciar ao serviço itinerante, a EI tenta viver
dois níveis do serviço de inserção: Viver na Comunidade Itinerante (CI) inserida e prestar um serviço
missionário itinerante também inserido, de comunidade em comunidade. Estes dois níveis de inserção
respondem a essa intuição fundamental do Cláudio: “participem da vida cotidiana do povo”.
Durante os dois primeiros anos da EI (1998-1999), os membros viviam nas comunidades institucionais e se
encontravam para partilhar as viagens, refletir, rezar e discernir o projeto, e para preparar as novas
itinerâncias e assessorias que faziam, em duplas ou trios, pelas diversas regiões do interior da Amazônia ou
pelas periferias urbanas de algumas cidades (Manaus, Parintins, Maués, etc.). Nos primeiros anos de
caminhada, foram discernindo o lugar desde onde sentiam que o Senhor lhes convidava a inserir-se e desde aí
itinerar pela Amazônia... Em fevereiro de 2000, sete pessoas de quatro instituições diferentes iniciaram a
primeira Comunidade Itinerante (CI), organizada em três casas palafitas no igarapé do Franco, bairro Vila da
Prata, Manaus (AM). Quatro pessoas daquele grupo inicial vinham de fortes e longas experiências de inserção
no mundo das periferias urbanas, rural ou com comunidades indígenas. O Pe. Cláudio Perani sj apoiou com
firmeza o discernimento e decisão de criar a CI. Ele só perguntou: “Vocês têm discernido bem?” E com
sabedoria insistia na importância de ter “um pé na inserção e um pé na itinerância”.
Comunidade Trindade, Manaus: Primeiro no bairro Vila da Prata, 2000-2006; Depois na Travessa Arthur Bernardes 2006-2012
Quatro anos depois, março/2004, teve início o segundo núcleo da EI na tríplice fronteira amazônica de
Brasil-Colômbia-Peru, no alto rio Solimões ou Amazonas. Discerniram e decidiram criar a segunda CI inserida
no bairro de palafitas “La Unión”, situado no igarapé Santo Antônio que faz divisa entre a cidade colombiana
de Letícia e a cidade brasileira de Tabatinga (AM). A intuição foi interessante: situar a CI inserida no lado
colombiano onde se fala espanhol, e o escritório do núcleo do lado brasileiro de fala portuguesa. Assim, os
próprios membros do núcleo experimentam essa dinâmica inter-fronteiriça de mobilidade humana.
Comunidade Três Fronteiras Brasil-Colômbia-Peru, Bairro “La Unión”, Leticia, Colômbia, 2004 até hoje
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Por último, no ano 2008 abriu-se o terceiro núcleo da EI com base em Boa Vista, Roraima, perto das
fronteiras de Brasil com Venezuela e Guiana. Em dezembro de 2009 Dom Roque Paloschi, bispo da Diocese de
Roraima, emprestou de forma gratuita uma casa simples, não inserida, para moradia da CI desse novo núcleo.
Comunidade Itinerante de Boa Vista, Roraima, Bairro Calunga, 2008 a ...
Assim, na experiência da EI, a Comunidade Itinerante Inserida é um elemento essencial que configura o
projeto e lhe dá uma particular característica. Manter esta articulação e sadia tensão entre inserção e
itinerância, entre comunidade inserida (“um pé na inserção...”) e missão itinerante (“... e um pé na itinerância”)
é um elemento constitutivo da identidade da EI. Contudo, já foi claro nos primeiros anos da EI que morar nas
Comunidades Itinerantes Inseridas era uma opção livre das pessoas que integravam o projeto. Assim pode-se
fazer parte da missão da EI sem ter que morar numa de suas comunidades inseridas, seja por razões pessoais
ou institucionais.
Outro nível fundamental de inserção da EI é o modo inserido de viver a missão: “de comunidade em
comunidade”; viajando sempre que possível com os meios de transporte que usam as comunidades; morando
com as famílias, comendo e bebendo o que eles nos oferecem; pescando, caçando e ajudando nos trabalhos da
casa e da comunidade; rezando, rindo, chorando, celebrando e partilhando a sua vida cotidiana. Nessa partilha
de vida, da muita alegria escutar: “Que bom que vocês estão aqui sem pressa!” “Que bom que gostam de nossa
comida!” “Voltem sempre!”7
Por opção, a equipe não tem transporte próprio. Assim nos obrigamos a ter que depender dos outros em
alguma coisa... Se quando realizamos uma missão, em nada dependemos dos outros, mau sinal... Em algo temos
que ser inter-dependentes, só assim a relação missionária será respeitosa, recíproca entre sujeitos. É
fundamental que todos partilhemos nossa pobreza, colocando cada um em comum, complementariamente, seu
ser e ter... Caminhando lado a lado, nem à frente nem atrás... Só assim poderemos realizar a missão comum à
que Deus nos chama e envia.
7 Catequista Bene, Comunidade Timbira, São Gabriel da Cachoeira, alto rio Negro, Amazonas, 2003.
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3. Inter-Institucionalidade: A nossa missão
comum é tão importante quanto a minha missão
pessoal ou institucional.8
“Um pé na minha instituição e um pé nas
instituições dos outros”.
Se frente aos grandes desafios da missão hoje, todos
reconhecemos que sozinhos não podemos chegar porque não
temos recursos humanos, nem materiais, nem econômicos
suficientes, há duas possibilidades: Ou Deus se esqueceu
de seus filhos e filhas mais crucificad@s, onde as feridas
estão mais abertas e a vida mais ameaçada, ou Deus nos
pede trabalhar de outro modo: somar para chegarmos
juntos onde sozinho ninguém consegue chegar! Porém, devemos somar não só porque não temos recursos
frente aos grandes desafios amazônicos; devemos juntar-nos, sobretudo, porque a visão e missão ficam mais
“divina”, mais trinitária, mais complementária, mais profética frente a um mundo fragmentado e individualista.
A pergunta é: Estamos abert@s pessoal, congregacional e interinstitucionalmente a deixar-nos fecundar por
Deus neste caminho do “INTER”?
O apóstolo Paulo, a partir de sua experiência pessoal nos diz: “Quando sou fraco é então que sou forte” (2Cor
12,10). É na nossa fraqueza pessoal e institucional que se manifesta a fortaleza de Deus. Só quando
reconhecemos humildemente que sozinhos não podemos, nem pessoal nem institucionalmente, Deus pode fazer
o milagre de fecundar-nos e fortalecer-nos criativamente no encontro com os outros. Quando somos ou nos
consideramos poderosos (pessoal ou institucionalmente), nem Deus consegue entrar e fazer o milagre. A
inter-institucionalidade na missão requer muita humildade e abertura, pessoal e institucional. E a verdadeira
humildade nos abre à criatividade que nos fecunda no encontro com @s outr@s.
Os fundamentos da inter-congregacionalidade e inter-
institucionalidade na missão os encontramos na própria teologia
Trinitária e na Cristologia Paulina. Fomos “criados a imagem e
semelhança de Deus” (cf. Gn 1,26-27). O próprio Deus-
Trindade nos cria a imagem e semelhança dEle, unidade divina
na diversidade de Pessoas. Somos seres relacionais. Crescemos
e nos desenvolvemos na relação com nós mesmos, com @s
outr@s “diferentes” e com o “Outro”...
Paulo lembra que “somos membros de um mesmo corpo que tem
a Cristo por cabeça” (1 Cor 12), e que todos os membros são
necessários e importantes para a vida e missão do corpo.
A Inter-Congregacionalidade e Inter-Institucionalidade é um
convite a partilhar nossa pobreza, partilhar nossos recursos
(humanos, econômicos e materiais), o que somos e temos. Fomos chamados a partilhar o que somos e temos na
nossa vida em missão: “Ele chamou @s que quis para estar com Ele e enviá-l@s em missão” (cf. Mc 3,13-15).
8 Equipe Itinerante: “Interinstitucionalidade: O nosso tão importante quanto o meu!”, em Convergência, Conferência d@s Religios@s do
Brasil (CRB), Janeiro-Fevereiro/2009, XLIV, n.418.
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Assim, a EI é um espaço inter-institucional
de serviços às comunidades, igrejas,
organizações, movimentos, grupos e povos
da Amazônia. Não é uma outra
“congregação” ou uma Organização Não
Governamental (ONG), nem uma instituição
juridicamente constituída. A EI não tem
personalidade jurídica própria, e não quer
ter, para poder ensaiar novas formas
organizativas, mais leves e que lhe
permitam ser “invisível” (juridicamente
falando) para atravessar as fronteiras. Ela
não tem identidade jurídica própria, porque
já tem e aproveita de toda a força
interinstitucional das organizações que
somam na proposta. A leveza institucional
da EI se da graças ao compromisso interinstitucional das organizações membros. Sem as congregações,
instituições e grupos que apoiam e enviam recursos humanos, econômicos e materiais, a EI não existiria. A EI
é um espaço inter-institucional de serviços missionários que só existe porque existem congregações,
instituições e grupos que decidem somar corresponsavelmente numa mesma missão.
As pessoas da EI são enviadas por uma instituição, congregação ou grupo, que também busca os recursos
econômicos necessários para sustentá-la e contribuir com o caixa comum da missão, conforme o estipulado no
projeto. Se a instituição, congregação ou grupo que envia uma pessoa não tem recursos próprios, deve buscá-
los junto a outras agências de cooperação ou grupos de solidariedade.
Para que a Inter-Institucionalidade na missão aconteça todos devem “partilhar sua pobreza”, contribuindo
corresponsavelmente com seu grão de areia: Capuchinhos (VIPROCAR), com a sala para a secretaria; CNBB
(Norte 1), com a pessoa que colabora na secretaria; Irmãs de Nossa Senhora, com o acompanhamento à
secretaria; Jesuítas (BAM), com uma conta bancária ao serviço da EI; Maristas, com a assessoria; etc. Assim,
todas as instituições contribuem segundo suas possibilidades: recursos humanos, materiais, econômicos.
A inter-institucionalidade é um modo particular de resposta ao convite feito pelo Senhor a “estar com Ele e
ser enviados em missão” (cf. Mc 3,13-15). A Inter-
Institucionalidade exige que todos tenham “um pé
dentro de sua instituição e um pé fora, nas
instituições dos outros”. Também é fundamental que
se assuma a missão comum corresponsavelmente,
com igual responsabilidade que se abraça a própria
missão pessoal ou institucional. “Inter-
Institucionalidade: o nosso tão importante quanto o
meu”. Só assim a inter-institucionalidade na missão é
possível.
Na atualidade a EI está integrada por umas 10
instituições e tem perspectiva da chegada de
outras. Também há instituições que vem colaborando
nestes anos de distintas formas com a EI.
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4. Inter-Fronteiriço: “Chamad@s
a atravessar as fronteiras,
geográficas e simbólicas, nos dois
sentidos”.9 “Um pé neste lado da
fronteira (geográfica ou simbólica)
e um pé no outro lado”.
O Evangelho de Mateus nos conta que
“Jesus obrigou os discípulos a entrar na
barca e ir para a outra margem do mar” (Mt
14,22). E que atravessando o próprio Jesus
à outra margem do lago, uma mulher siro-
fenicia – de cultura, língua e religião diferente à sua – o “converteu”, ajudando-o a entender que o projeto do
Pai era para todos e não só para o povo judeu (Mt 15,21-28). Também Paulo faz a mesma experiência:
atravessando as fronteiras do mundo judeu descobre que o Espírito de Deus já estava presente e atuante
entre os pagãos (helenistas)... Voltando Paulo a Jerusalém, teve que enfrentar Pedro e Tiago que queriam
impor aos irmãos helenistas os rituais, costumes e tradições do povo judeu (“povo eleito”) como condição
necessária para entrar na comunidade cristã. Paulo insiste em que foi o próprio Espírito de Deus quem
escolheu eles e que não tinham que circuncidar-se para entrar na comunidade cristã (cf. At 15).
A história se repete: Deus sempre nos espera e surpreende revelando-se como novidade, como dom e como
graça na outra margem, no outro lado da fronteira geográfica ou simbólica, no outro diferente...
Os bispos da América Latina em Aparecida insistem: “Devemos nos formar como discípulos missionários sem
fronteiras, dispostos a ir à outra margem” (DAp 376). Depois de 14 anos itinerando pela Amazônia
confirmamos que nas fronteiras, geográficas e simbólicas, as feridas estão mais abertas e a vida mais
ameaçada. Por isso é importante a indicação da proposta de Aparecida: ”Estabelecer entre as Igrejas
[congregações, organizações...]10 locais de diversos países sul-americanos que estão na bacia amazônica uma
pastoral [missão]11 de conjunto, com prioridades diferenciadas, para criar um modelo de desenvolvimento que
privilegie os pobres e sirva ao bem comum” (DAp 475, b).
O missionário sempre deve ter um pé dentro, deste lado da fronteira, e um pé fora, do outro lado da
fronteira. Somos chamad@s a entrar nas fronteiras onde as feridas da história, da humanidade, da mãe-
terra e do cosmos estão mais abertas e a vida mais ameaçada. Atravessar as fronteiras exige risco, despir-
nos de nossas “velhas roupas”, esquemas e lógicas; deixar morrer a “humanidade velha” para renascer a
“humanidade nova” (cf. Ef 4,17-32); “vinho novo em barris novos!” (Mc 2,22). Esse é o desafio que vivemos na
Amazônia, onde somos convidad@s a atravessar nossa “monocultura” de visão e lógica lineal para uma “ecologia
de culturas”12, com uma enorme diversidade de visões e lógicas mais holísticas, com diversidade de espaço-
9 Fernando López sj, Arizete Miranda cns, e Elías López sj: “Equipo Itinerante de la Amazonia: Llamados e enviados a atravesar las `fronteras´ en los dos sentidos”, em Testimonio, Conferre, n. 245, Santiago de Chile, 2011. 10 Os acréscimos entre [...] são nossos. 11 Idem. 11 Idem. 12 Boaventura de Souza: “A gramática do tempo”
12
temporalidades. Só assim é possível captar e compreender as novidades que se encontram do outro lado das
fronteiras e que @s outr@s diferentes nos revelam e oferecem.
Porém, não basta atravessar as fronteiras num único sentido. É necessário atravessar as fronteiras,
geográficas e simbólicas, nos dois sentidos. Há que “sair” ao outro lado da fronteira e depois voltar a “entrar”
trazendo e traduzindo em categorias compreensíveis as novidades encontradas ao outro lado. Somente assim,
atravessando as fronteiras nos dois sentidos, poderemos avançar, desconstruir os velhos modelos que não dão
conta dos tempos em que vivemos, e recriar novos paradigmas que respondam aos grandes desafios que a
Amazônia e o mundo nos apresentam hoje.
Na atualidade, a EI está constituída em três núcleos:
1) Núcleo Manaus, capital do Estado de Amazonas,
Brasil (1998);
2) Núcleo BraCoPe, em Tabatinga-Leticia, no alto rio
Solimões, na tríplice fronteira amazônica (2004);
3) Núcleo BraVeGui, em Boa Vista, Estado de Roraima,
na tríplice fronteira amazônica de Brasil-Veneluela-
Guiana (2008).
Com a chegada de novas pessoas esperamos abrir em
2013 o novo núcleo de BolPeBra (Assis Brasil – Iñapari
– San Pedro), na tríplice fronteira amazônica de Brasil (Acre) – Bolívia (Pando) – Peru (Madre de Dios).
Equipe Itinerante: “Abelhas na floresta”
A EI presta um serviço semelhante ao das abelhas na floresta:
1. Polinizar: As abelhas levam o pólen de uma flor para a outra fazendo que todas as árvores e a floresta se
fecundem e produzam muitos frutos. Quando em um pomar ou na floresta não há abelhas, ou poucas
abelhas, a fecundidade das plantas diminui muito. A EI presta o serviço parecido ao das abelhas: leva o
pólen das experiências positivas de umas regiões da Amazônia para outras. Com esse intercâmbio todos vão
aprendendo, vão fecundando-se e produzindo mais e melhores frutos.
2. Produzir o mel: Também ás abelhas recolhem os néctares das variadas flores e árvores da floresta. Com
essa imensa variedade de néctares elas elaboram o rico e nutritivo mel que a todos encanta e alimenta. A
EI vai recolhendo informações e sistematizando as distintas realidades e valiosas experiências que
encontra ao longo de suas itinerâncias pelos rios e florestas da Amazônia. Depois devolve estas
experiências e informações sistematizadas para que todos
possam aproveitar essa enorme diversidade e riqueza
amazônica e assim melhorem suas práticas e serviços
junto aos povos da região.
2. Ferroar: Por último, as abelhas têm um ferrão para
defender-se daqueles que ameaçam a vida. Assim também
a EI recolhe informações e denuncia as situações de
violência depredadora e injustiça socioambiental que
matam a vida da Amazônia e de seus povos. Ela denuncia
os projetos de morte, mas também anuncia o Deus da Vida
e seu projeto de Vida Abundante (cf. Jo 10,10).
13
Para continuar itinerando…
Não queremos concluir este texto, pois a itinerância requer sempre
uma abertura ao novo, um “’pé fora” e um “pé dentro” para acolher
nas diversas culturas à graça de Deus que se revela a nós de muitas
e diferentes formas. Ficam muitas inquietações que nascem deste
chão fértil da Amazônia, banhada pelas suas águas, já intuídas por
Cláudio e que o teólogo Victor Codina sj reforça e fundamenta:
“Tudo isso indica que vamos rumo a um novo estilo de vocação religiosa, mais reduzida e minoritária, mais mística e profética, mais pobre, com uma maior relação com os leigos e com outras congregações (inter-congregacionalidade), com vocações mais maduras e adultas e não tão jovens, abrindo-se a novas formas de comunidade e de compromissos, com mais fermento do que cimento, e de forma mais significativa, mais carismática e livre, que repense seus trabalhos e ministérios (por exemplo, revisar a paroquialização da vocação religiosa masculina clerical!), mais semelhante às suas origens, que vivam uma aventura evangélica e uma insegurança de nômades, sempre abertos ao sopro do Espírito.”13
Obrigad@ Cláudio por teu testemunho de vida em missão “com um pé dentro e outro pé fora”, por tua ousadia
e profecia.
13 Entrevista ao teólogo Victor Codina sj em IHU.
http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2659&secao=299