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Page 1: A logística reversa como diferencial competitivo · ... Logística reversa; Produtos e ... instrumento de competitividade é ... do consumidor e empresário sobre danos ao meio ambiente

XIII SIMPEP – Bauru, SP, 06 a 08 de novembro de 2006

A logística reversa como diferencial competitivo

Andréa Regina Ubeda Lopes (CESD) [email protected]

Emanuel Alvares Calvo (CESD) [email protected]

Resumo: O artigo discorre sobre o aspecto da logística que atualmente começa a ter maior importância para as empresas. A logística tradicional trata da saída dos produtos, a logística reversa se preocupa com o retorno de produtos, materiais e peças ao processo de produção da empresa, sendo dessa forma considerada uma evolução da logística. Produtos se tornam obsoletos, danificados, ou não funcionam e deve retornar ao ponto de origem para serem adequadamente descartados, reparados ou reaproveitados. Empresas com um bom sistema logístico conseguem uma grande vantagem competitiva sobre aquelas que não o possuem. O presente tem como principal objetivo, demonstrar que a logística reversa não deve ser utilizada apenas quando obrigatória ou ser considerada como mais um custo para a empresa e sim como nova estratégia para se destacar no atual mercado competitivo. A metodologia utilizada para desenvolver esta pesquisa foi à bibliográfica, com base na observação das rotinas empresariais relacionadas ao assunto. Por meio dos levantamentos teóricos e práticos sobre a importância da logística reversa no mercado atual, pode-se notar que as empresas que adotam esta prática, não só melhoram seu fluxo de produtos e de informações, mas principalmente oferecem produtos com qualidade, no tempo certo, por um preço justo.

Palavras-Chave: Logística; Logística reversa; Produtos e Vantagem competitiva.

1 - Introdução

O reconhecimento de que o relacionamento com o cliente é o fator principal para a sobrevivência das empresas no mercado globalizado, trouxe também a compreensão da importância de estabelecer um serviço diferenciado ao cliente. Como os mercados apresentam cada vez mais indícios do consumo, em que os clientes vêem pouca diferença entre as características físicas ou funcionais do produto, há vários produtos similares, é por meio da prestação especial de serviços, que cada organização faz a sua diferença.

A Logística nasceu com a própria evolução da humanidade. Nos primórdios dos tempos, o homem era um ser que somente caçava e coletava frutos para consumo próprio, portanto ele comia seu alimento no local onde foi conseguido. Com o tempo, o homem foi se socializando e criando a necessidade de estocar alimentos para uma família ou clã. Com isso surge as primeiras atividades Logísticas.

Segundo Pozo (2002) a evolução da logística empresarial têm início a partir de 1980, com as demandas decorrentes da globalização, alteração estrutural da economia mundial e desenvolvimento tecnológico.

Devido a legislações ambientais mais severas e maior consciência por parte dos consumidores, as empresas estão não só utilizando uma maior quantidade de materiais reciclados como também tendo de se preocupar com o descarte ecologicamente correto de seus produtos ao final de seu ciclo de vida. Como os mercados cada vez mais apresentam consumo, em que os clientes vêem pouca diferença entre as características físicas ou funcionais do produto, há vários produtos similares, é por meio da prestação especial de serviços, que cada organização faz a sua diferença. Além do refugo gerado em seu próprio processo produtivo, o fabricante está sendo responsabilizado pelo produto até o final de sua

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vida útil. A logística reversa tem sido usando com vários objetivos, entre eles a redução de custos na cadeia de suprimentos, a questão ambiental, benefícios econômicos, vantagem competitiva.

2 - A logística como fator de competitividade

Logística empresarial trata de todas as atividades de movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos e serviços desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, assim como dos fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes

Segundo Martins et al (2003, p.252) “O básico a atividade logística é o atendimento do cliente. De fato, ela começa no instante em que o cliente resolve transformar um desejo em realidade”.

Diante deste aspecto a logística a logística vem ganhando destaque. O termo é de origem militar e que significa a arte de transportar, abastecer e alojar tropas. Com o passar do tempo o significado foi se tornando mais amplo, chegando a abranger outras áreas como a gerência de estoques, armazenagem e movimentação.

Martins et al (2000, p. 252), "A logística é responsável pelo planejamento, operação e controle de todo o fluxo de mercadorias e informação, desde a fonte fornecedora até o consumidor”.

Para Ballou (1993, p. 42)

A logística empresarial é o processo de planejamento, implementação e o controle do fluxo e armazenagem eficientes e de baixo custo de matérias-primas, estoque em processo, produto acabado e informações relacionadas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do cliente.

De acordo com Ballou (2003), a logística empresarial estuda como a gerencia pode

melhorar a rentabilidade dos serviços prestados ao clientes, por meio de planejamento, organização direção e controle das atividades.

Para Pozo (2002, p. 13) A logística empresarial trata de todas atividades de movimentação e armazenagem que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria prima ate o ponto de consumo final, assim como dos fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviços adequados aos clientes a um custo razoável.

O interesse surgiu na década de 1990, de forma similar ao interesse pela administração de

material, quando os profissionais de logística reconheceram que matérias primas, partes, componentes e suprimentos representam custos significativos que devem ser administrados de forma adequada. Este conceito pode ser classificado em duas categorias, a saber: reutilizáveis e perda; reutilizáveis são equipamentos de carga unitizada que devem ser recuperados e devolvidos ao ponto de manufatura, onde poderão ser reutilizados e perda são equipamentos

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que devem ser recuperados e reciclados ou descartados na forma mais propícia ao ambiente e eficiente em termos de energia.

Podemos dizer que logística trata do planejamento, organização, controle e realização de outras tarefas associadas a armazenagem, transporte e distribuição de bens e serviços.

Atualmente a logística é a responsável pelo sucesso ou insucesso das organizações, porem o que se percebe no mercado é que muito pouco se sabe sobre as atividades logística e como as mesmas devem ser definidas nas organizações.

O impacto ambiental provocado na movimentação de materiais, projeto e embalagem dos produtos é significativo, sendo uma grande preocupação a todas empresas, reciclar produtos e materiais são novos desafios aos projetistas de sistema, todos serão afetados pelo foco de assegurar que a logística tenha uma função "ambientalmente neutra".

Todos desejam fazer alguma coisa de bom para o ambiente, mas o que fazer? Como fazer? Com certeza, ninguém sabe o que é o melhor, a forma na qual a empresa pode fazer a diferença é dando passos para reduzir o lixo, reciclando, reutilizando e retornando materiais de embalagem; para alguns isto significa reprojetar uma caixa ou contenedor para reduzir o uso de material, para outros pode ser participar de programas de reciclagem que foram montados para conscientização das pessoas.

No Brasil os canais reversos são pouco eficientes em virtude do pequeno volume atual de retornos, das fábricas terem sido concebidas e localizadas em função da matéria prima virgem, das transportadoras serem pouco profissionais, dos fretes serem elevados devido aos baixos volumes.

Não se pode mais admitir que um "bom" produto se venda por si só e que o sucesso de hoje esteja garantido para amanhã, temos então a importância estratégica da logística empresarial. A qualidade que no passado constituiu um instrumento de competitividade é hoje um pressuposto assumido.

3 - Introdução a logística reversa

A logística de fluxos de retorno, trata-se da devolução produto ao longo da cadeia de suprimentos até a sua origem, com o objetivo principal de não apenas atender os consumidores, mas de superar as suas expectativas.

Para Rogers & Tibben-Lembke (1999, p. 56)

A Logística Reversa é o processo de planejamento, implementação e controle do fluxo eficiente e de baixo custo de matérias primas, estoque em processo, produto acabado e informações relacionadas, desde o ponto de consumo até o ponto de origem, com o propósito de recuperação de valor ou descarte apropriado para coleta e tratamento de lixo.

Logística Reversa é um termo bastante genérico. Em seu sentido mais amplo, significa todas as operações relacionadas com a reutilização de produtos e materiais.

Para Lacerda (2002) O processo de logística reversa pode lidar com o reaproveitamento de materiais que devem retornar para algum ponto do processo.

Refere-se, assim, a todas as atividades logísticas de coletar, desmontar e processar produtos ou materiais e peças usados a fim de assegurar uma recuperação sustentável .

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Conforme Lacerda (2002, p. 9) “è fundamental que as empresas dominem os elementos contidos no projeto da logística reversa de modo a permitir eficiência e eficácia em sua administração.”

Figura 1 - Representação Esquemática dos Processos Logísticos Direto e Reverso

Fonte: Rogers & Tibben-Lembke (1999, p. 58)

Este processo é geralmente composto por um conjunto de atividades que uma empresa realiza para coletar, separar, embalar e expedir itens usados, danificados ou obsoletos dos pontos de consumo até os locais de reprocessamento, revenda ou de descarte.

O retorno dos produtos tem como objetivo a redução , a disposição e o gerenciamento tóxicos e não tóxicos.

4 - Importância da Logística Reversa

Normalmente, os fabricantes não se sentem responsáveis por seus produtos após o consumo. A maioria dos produtos usados são descartados com vários danos ao meio ambiente. Atualmente, legislações mais severas e a maior consciência do consumidor e empresário sobre danos ao meio ambiente estão levando as empresas a repensarem sua responsabilidade sobre seus produtos após o uso.

Segundo Lacerda (2004), No Brasil a logística reversa esta em fase de desenvolvimento, pois apenas alguns seguimentos tem aplicado seus conceitos.

Lambert et al. (1998, p. 13-19)

Relacionam as seguintes atividades como parte da administração logística em uma empresa: serviço ao cliente, processamento de pedidos, comunicações de distribuição, controle de inventário, previsão de demanda, tráfego e transporte, armazenagem e estocagem, localização de fábrica e armazéns/depósitos, movimentação de materiais, suprimentos, suporte de peças de reposição e serviços, embalagem, reaproveitamento e remoção de refugo e administração de devoluções.

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Reaproveitamento e remoção de refugo estuda e gerencia o modo como ossubprodutos do processo produtivo serão descartados ou reincorporados ao processo. Devido a legislações ambientais cada vez mais rígidas, a responsabilidade do fabricante sobre o produto está se ampliando. Além do refugo gerado em seu próprio processo produtivo, o fabricante está sendo responsabilizado pelo produto até o final de sua vida útil. Isto tem ampliado uma atividade que até então era restrita a suas premissas.

Conforme Lambert et al. (1998, p. 19) A administração de devoluções envolve o retorno dos produtos à empresa vendedora por motivo de defeito, excesso, recebimento de itens incorretos ou outras razões.

Apesar de muitas empresas saberem da importância que o fluxo reverso tem, a maioria delas tem dificuldades ou desinteresse em implementar o gerenciamento da Logística Reversa.

O que se percebe é que é apenas uma questão de tempo até que a Logística Reversa ocupe posição de destaque nas empresas. As empresas que forem mais rápidas terão uma maior vantagem competitiva sobre as que demorarem a implementar o gerenciamento do fluxo reverso, vantagem que pode ser traduzida em custos menores ou melhora no serviço ao consumidor.Uma integração da cadeia de suprimentos também se fará necessária. O fluxo reverso de produtos deverá ser considerado na coordenação logística entre as empresas.

Principais razões que levam as empresas a atuarem mais fortemente na Logística Reversa são: Legislação Ambiental, que força as empresas a retornarem seus produtos e cuidar do tratamento necessário; benefícios econômicos do uso de produtos que retornam ao processo de produção, ao invés dos altos custos do correto descarte do lixo; a crescente conscientização ambiental dos consumidores.

A logística reversa pode ser entendida como um processo complementar da logística tradicional, pois esta quando o produto não atende a necessidade do cliente, volta-se a origem para que seja detectado e solucionado o problema do consumidor.

5 - Conclusões

Pode-se concluir por meio das pesquisas efetuadas que a logística reversa é ainda, uma área com baixa prioridade. Isto é demonstrado no pequeno número de empresas que tem gerências dedicadas ao assunto. Nota-se que esta em um estado inicial no que diz respeito ao desenvolvimento das práticas de logística reversa. Esta realidade está mudando em resposta a pressões externas como um maior rigor da legislação ambiental, a necessidade de reduzir custos e a necessidade de oferecer mais serviço através de políticas de devolução mais liberais.

Esta tendência deverá gerar um aumento do fluxo reverso e de seu custo. Desta forma, serão necessários esforços para aumento de eficiência, com iniciativas para melhor estruturar os sistemas de logística reversa. Deverão ser aplicados os mesmos conceitos de planejamento que no fluxo logístico direto tais como estudos de localização de instalações e aplicações de sistemas de apoio à decisão.

Isto demonstra a necessidade de vencer desafios adicionais, bem como o desenvolvimento de procedimentos padronizados para a atividade de logística reversa. Principalmente quando se refere à relação indústria e varejo, nota-se que este é um sistema caracterizado por exceções, mais do que pela regra. Um dos sintomas desta situação é a praticamente inexistência de sistemas de informação voltados para o processo de logística reversa.

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XIII SIMPEP – Bauru, SP, 06 a 08 de novembro de 2006

Pode-se observar que o empresariado da região oeste do estado de São Paulo não enxergou ainda que a logística reversa pode, utilizando, por exemplo, o frete de retorno apresentar pequenos custos, e em alguns casos até redução de custos de seu negócio, além é claro de colaborar com o meio ambiente gerando menos lixo a ser descartado. Podendo esta última benfeitoria ser utilizada como vantagem competitiva.

6 - Referências Bibliográficas

BALLOU, R. H. Logística Empresarial. São Paulo: Atlas, 1993. LACERDA. L. Logística reversa - uma visão sobre os conceitos básicos e as práticas operacionais. In: http://www.coppead.ufrj.br/pesquisa/cel/new/fr-rev.htm. Acesso em 07 Abr./2002. LAMBERT, D. M. et al. Administração estratégica da logística. São Paulo: Vantine Consultoria, 1998. MARTINS et al. Administração de recursos materiais e patrimoniais. São Paulo: Saraiva, 2002. POZO, Hamilton. Administração de recursos materiais e patrimoniais. São Paulo: Atlas, 2002. ROGERS, Dale S.; TIBBEN-LEMBKE, Ronald S. Going Backwards: Reverse Logistics Practice; IL: Reverse Logistics Exectuve Council, 1999.