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A PRECARIZAÇÃO NO TRABALHO DOS PROFISSIONAIS DA ÁREA DA SAÚDE: ANÁLISE DO PROGRAMA “MAIS MÉDICOS” E DA RESIDÊNCIA MÉDICA NO BRASIL Ligiane Stabullo Soares do Nascimento 1 Larissa Mascaro Gomes da Silva de Castro 2 RESUMO: Em uma abordagem crítica atual, analisam-se dois assuntos intimamente relacionados, ao direito à saúde e a fragilidade da tutela aos direitos do trabalhador. Utilizando-se do método hipotético-dedutivo e pesquisa bibliográfica, estuda-se o fenômeno das relações de trabalho dos médicos residentes e dos aderentes ao programa “Mais Médicos” do governo federal, bem como se seria legítimo negar a estas pessoas os direitos e garantias fundamentais inerentes ao trabalho digno, pois como trabalhadores da saúde devem ter a saúde física e psíquica protegidas, dentro de um meio ambiente do trabalho equilibrado, para a manutenção da qualidade dos serviços profissionais prestado. Palavras-chave: Trabalho precário. Dignidade Humana. Política pública. Profissionais da saúde. 1 INTRODUÇÃO Analisar a precarização das relações de trabalho dos profissionais da área da saúde, especialmente da classe médica, é o objeto do presente artigo. Inicia-se o estudo por uma definição e uma breve discussão sobre as diversas categorias de profissionais da saúde e a constante sobrecarga de trabalho a que muitos são submetidos para que possam ser atendidos os pacientes. Reflexões sobre o de modo precário do desenvolvimento do trabalho dos médicos e os prejuízos não somente ao trabalhador, mas principalmente a população, também são estudados. A população que precisa de atendimento de qualidade na área de saúde é quem acaba sofrendo se a qualidade do serviço prestado não for à adequada. Os serviços de 1 Graduada em Farmácia com ênfase em Análises Clínicas pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Especialista em Microbiologia Clínica pela Academia de Ciência e Tecnologia de São José do Rio Preto-SP. Especialista em Saúde Pública pela Escola de Saúde Dr. Jorge David Nasser-MS. Graduanda do Curso de Direito do Campus de Três Lagoas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. 2 Docente do Curso de Direito do Campus de Três Lagoas da UFMS. Doutoranda em Direito pela UFPA, Mestre em Direito e bacharel em Direito Pela FEESR/UNIVEM, Líder do grupo de pesquisa no CNPQ: “Trabalho Digno e desenvolvimento tecnológico". Anais do XIV Congresso Internacional de Direitos Humanos. Disponível em http://cidh.sites.ufms.br/mais-sobre-nos/anais/

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A PRECARIZAÇÃO NO TRABALHO DOS PROFISSIONAIS DA ÁREA

DA SAÚDE: ANÁLISE DO PROGRAMA “MAIS MÉDICOS” E DA RESIDÊNCIA

MÉDICA NO BRASIL

Ligiane Stabullo Soares do Nascimento1 Larissa Mascaro Gomes da Silva de Castro2

RESUMO: Em uma abordagem crítica atual, analisam-se dois assuntos intimamente relacionados, ao direito à saúde e a fragilidade da tutela aos direitos do trabalhador. Utilizando-se do método hipotético-dedutivo e pesquisa bibliográfica, estuda-se o fenômeno das relações de trabalho dos médicos residentes e dos aderentes ao programa “Mais Médicos” do governo federal, bem como se seria legítimo negar a estas pessoas os direitos e garantias fundamentais inerentes ao trabalho digno, pois como trabalhadores da saúde devem ter a saúde física e psíquica protegidas, dentro de um meio ambiente do trabalho equilibrado, para a manutenção da qualidade dos serviços profissionais prestado.

Palavras-chave: Trabalho precário. Dignidade Humana. Política pública. Profissionais da saúde.

1 INTRODUÇÃO

Analisar a precarização das relações de trabalho dos profissionais da área da

saúde, especialmente da classe médica, é o objeto do presente artigo. Inicia-se o estudo por

uma definição e uma breve discussão sobre as diversas categorias de profissionais da saúde

e a constante sobrecarga de trabalho a que muitos são submetidos para que possam ser

atendidos os pacientes. Reflexões sobre o de modo precário do desenvolvimento do

trabalho dos médicos e os prejuízos não somente ao trabalhador, mas principalmente a

população, também são estudados.

A população que precisa de atendimento de qualidade na área de saúde é quem

acaba sofrendo se a qualidade do serviço prestado não for à adequada. Os serviços de

1Graduada em Farmácia com ênfase em Análises Clínicas pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Especialista em Microbiologia Clínica pela Academia de Ciência e Tecnologia de São José do Rio Preto-SP. Especialista em Saúde Pública pela Escola de Saúde Dr. Jorge David Nasser-MS. Graduanda do Curso de Direito do Campus de Três Lagoas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. 2Docente do Curso de Direito do Campus de Três Lagoas da UFMS. Doutoranda em Direito pela UFPA, Mestre em Direito e bacharel em Direito Pela FEESR/UNIVEM, Líder do grupo de pesquisa no CNPQ: “Trabalho Digno e desenvolvimento tecnológico".

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saúde são essenciais, além de serem especializados e que exigirem técnica, perícia, rapidez

e precisão na tomada de condutas, fatores determinantes para salvar ou perder uma vida.

O Programa "Mais Médicos" do governo federal consistente na chamada de

médicos, brasileiros e estrangeiros, para a atuação em regiões específicas e vulneráveis do

Brasil, cujo atendimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde) é essencial à população,

eleitas por critérios referenciados no baixo índice de desenvolvimento humano, pobreza,

etnia dentre outros, e que tem instituído em seu âmbito, pela Lei n° 12.871/2013, no seu

artigo 13, o projeto "Mais médico para o Brasil" para médico participante brasileiros com

diploma obtido no Brasil ou no exterior, mas validados para exercício no Brasil e

intercambistas estrangeiros com habilitação para exercício de medicina no exterior.

Busca-se no presente artigo verificar ser há isonomia de direitos aos profissionais

que estão vinculados ao programa e se o trabalho digno/decente está sendo respeitado nos

molde Artigo XXIII, § 1º e § 3º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, além das

condições de aprendizagem que se vinculam ao programa pela possibilidade de

especialização pela Residência médica.

O programa “Mais médicos" cujo Projeto "Mais Médico para o Brasil" está

inserido, prevê também a Residência Médica, que inicialmente era regulamentada pelo

Decreto nº 80.281, de 5 de setembro de 1977, depois complementada pela Lei 6932 de 07

de julho de 1981, tratando-se de "modalidade de ensino de pós-graduação, destinada a

médicos, sob a forma de cursos de especialização, caracterizada por treinamento em

serviço, funcionando sob a responsabilidade de instituições de saúde, universitárias ou não,

sob a orientação de profissionais médicos de elevada qualificação ética e profissional",

conforme artigo 1º. Os artigos 5º e 6º da Lei n° 12.871/2013 tratam da residência médica

no programa "Mais médicos".

Assim, têm-se duas categorias importantes de direitos humanos em questão: o

direito ao trabalho digno/decente e o direito à saúde também protegidos pela Declaração

Universal dos direitos humanos, no artigo XXV, § 1º. Direitos humanos, sociais e

fundamentais, pois também previsto na Constituição Federal de 1988, e que se confrontam

no problema da ausência quantitativa de médicos em regiões e para populações vulneráveis

do país, na qualidade da formação desses profissionais, na precarização das condições de

trabalho que estão submetidos e no direito à saúde de qualidade à população.

Portanto, questiona-se se o Projeto Mais Médico, moldado como curso de

especialização, mediante a integração ensino e serviço estaria camuflando típica relação de

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trabalho com a Administração Pública, sem, contudo, a realização de concurso público, em

patente descumprimento do art. 37, inciso II, da Carta Magna (CORREIA, SALVADOR,

2014, p.308).

A problemática da sobrecarga de trabalho e da perda de direitos trabalhistas

permeia não somente os profissionais plenamente habilitados e que participam do

programa "Mais médicos para o Brasil" como também os profissionais residentes médicos,

que tem a relação de trabalho camuflada como modalidade de ensino, sob a forma de curso

de especialização médica. Muitos residentes são submetidos à jornada de trabalho

excessiva e desgastante, tratamento degradante e humilhante ante aos preceptores, e

profissionais mais adiantados e, não raras vezes usados com o fim de substituir profissional

médico.

A remuneração dos residentes é por bolsas de estudos das universidades

conforme artigo 27 da 12.871/2013, e devem ser assessorado e supervisionado por

professor ou preceptor, porém na prática, com o simples intuito de preencher escalas vagas

de trabalho, numa descaracterização aparente do modelo de ensino preconizado pela

instituição de ensino superior, muitas vezes acabam realizando a atividade sem o devido

acompanhamento, executando tarefas inerentes a profissionais formados, substituindo

especialistas e atendendo em prontos socorros e emergências.

Com vistas à primazia da dignidade da pessoa humana e os valores sociais do

trabalho e sob a ótica do enfoque à precarização do trabalho destes profissionais da saúde,

com breve análise do projeto “Mais Médicos” e a atuação dos residentes médicos no

Brasil, o presente artigo analisa a legalidade e isonomia de direitos para o trabalho digno

dos profissionais médicos inseridos no programa.

2 A PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO NA SAÚDE

Para tratar da precarização inicialmente observam-se as mudanças no mundo

do trabalho, a partir da configuração da divisão social e técnica do trabalho, quando houve

a introdução das máquinas nas indústrias e a transição para o padrão flexível de produção e

acumulação; essas mudanças legitimaram a precarização das condições e relações de

trabalho. Com a globalização e o aumento do desemprego, essa mudança de

comportamento nas relações de trabalho se agravou. O excesso de trabalho e a falta de

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descanso semanal remunerado tornaram-se frequentes, impedindo a recuperação física e

mental do trabalhador, e ainda, essa situação associada a baixos salários, e a falta de um

ambiente laboral adequado, afetam o seu desempenho trazendo consequências gravíssimas

a depender do cargo que se ocupa (CASSAR, 2015, p. 22-29).

É fato notório e objeto de vários estudos que o stress no trabalho tem

aumentado na sociedade contemporânea doenças como a depressão ou de outra ordem

emocional, adquiridas diretamente relacionadas ao ambiente organizacional.

Segundo entendimento do CONASS3 trabalho precário está relacionado aos

vínculos de trabalho no SUS, que não garantem os direitos trabalhistas e previdenciários

consagrados em lei, seja por meio de vínculo direto ou indireto, pois mesmo que o vínculo

seja indireto, é necessário garantir o processo seletivo e, sobretudo, uma relação

democrática com os trabalhadores. Por sua vez, para as Entidades Sindicais que

representam os trabalhadores do SUS, trabalho precário está caracterizado não apenas

como ausência de direitos trabalhistas e previdenciários consagrados em lei, mas também

como ausência de concurso público ou processo seletivo público para cargo permanente ou

emprego público no SUS (BRASIL, 2006, p. 13).

Para o Ministério da Saúde trabalho precário é: [...] aquele que se exerce na ausência dos direitos trabalhistas e de proteção social, ou seja, o que é desprovido da devida cobertura por normas legais e não garante os benefícios que dão segurança e qualidade de vida ao trabalhador, o que inclui, entre outros, a aposentadoria, o gozo de férias anuais, décimo-terceiro salário e as licenças remuneradas de diversos tipos. Estão envolvidos trabalhadores que são contratados diretamente pelo órgão público mediante um vínculo temporário ou informal que se renova sistematicamente; ou ainda, trabalhadores que se incorporam à força de trabalho do setor público por meio de entidades terceirizadas tais como cooperativas e atuam como se fossem autônomos (SEMINÁRIO DE SAÚDE, 2003, p. 4).

O Direito do trabalho reflete toda essa precarização analisando as regras e

princípios amplamente discutidos na Constituição, com objetivo de garantir o bem-estar

social e democracia, impedindo a exploração do homem e o retrocesso. A esse respeito,

Vólia Bomfim Cassar diz: A garantia de direitos mínimos ao trabalhador faz parte de um conjunto de valores humanos civilizatórios (mínimo existencial), que encontra respaldo no princípio da dignidade humana previsto constitucionalmente como patrimônio da humanidade (CASSAR, 2015, p.26).

3CONASS: Conselho Nacional de saúde.

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A Constituição Brasileira de 1988 tem como um de seus princípios, a dignidade

da pessoa humana. Está implícito nas diversas regras do direito e a proibição de toda e

qualquer ofensa à dignidade da pessoa, é respeito ao ser humano, sendo a legislação

responsável por coibir atos que podem de algum modo levar a sua violação

(NASCIMENTO, 2011, p.247).

Ainda discorre Luiz Edson Fachin apud Vólia Cassar (2015, p. 26-27):

(...) a existência de uma garantia patrimonial mínima inerente a toda pessoa humana, integrante da respectiva esfera jurídica individual ao lado dos atributos pertinentes à própria condição humana. Trata-se de um patrimônio mínimo indispensável a uma vida digna do qual, em hipótese alguma, pode ser desapossada cuja proteção está acima dos interesses dos credores.

O individuo diante da crise econômica, e de pouca oferta de trabalho, abre mão

de diversos direitos para não perder aquilo que lhe mantém, e “essa tendência a se

desrespeitar o mínimo existencial garantido ao trabalhador aumenta a necessidade de

ponderação entre a flexibilização da legislação, que preconiza a redução de direitos

trabalhistas para manutenção da saúde da empresa [...]” (CASSAR, 2015, p.41).

Não somente a crise econômica tem sido responsável pela precarização do

trabalho, em algumas áreas o modo como é proposto às especializações e condicionantes

para obtenção de títulos para algumas categorias profissionais vincula estes profissionais as

instituições públicas de ensino/saúde como os hospitais-escolas, por exemplo, obrigando os

profissionais de saúde de um modo geral, não só os médicos, uma vez que hoje em dia já

existem as residências multiprofissionais, a se subterrem as formas de trabalho por eles

impostas sob pena de não concluírem o curso e não receberem o título de especialistas.

Porém, o que se tem observado é a flexibilização nas relações de trabalho,

gerando um conflito entre normas constitucionais e infraconstitucionais. Os temas que

envolvem a flexibilização das relações trabalhistas e a sua limitação devem ser refletidas

de forma muito cautelosa, visto que a legislação brasileira já foi muito flexibilizada ao

longo dos anos, diversos temas como: utilização de trabalhadores terceirizados,

flexibilização de jornada de trabalho e ampliação de jornada de trabalho, entre outros,

foram acrescentados às normas vigentes dificultando a materialização da justiça social.

A insegurança jurídica vivida pelo trabalhador, diante dessas fragilidades, gera

impactos na assistência prestada à população que, aliada à falta de investimento,

materializa a precarização dos serviços públicos de saúde. Neste sentido, é imprescindível

a atuação eficiente do Estado como garantidor da base jurídica, discutindo e

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desenvolvendo políticas públicas de modo que não coloquem em risco os direitos já

conquistados pelos trabalhadores e assim evitando a precarização desses serviços.

A consequência prática disso é a atuação nos serviços de saúde de profissionais

ainda em formação, pouco capacitados e inexperientes, e ainda sobrecarregados devido a

enorme demanda ao sistema único de saúde, bem como da extensão territorial brasileira,

diversidade cultural e biodiversidade.

O estresse físico e mental causado a estes profissionais, uma vez que estão

lidando com vidas humanas, pessoas frágeis e debilitadas, muitas vezes crianças doentes,

não tem sido levada em consideração, pois um erro acarretará a responsabilização dos

profissionais que apesar de estarem em processo de formação, já são médicos formados

com registro no conselho de classe e contratados para o serviço, porém em processo de

qualificação, sendo estudantes e recebendo “bolsa-formação” conforme a conveniência do

serviço público.

3 PROJETO MAIS MÉDICOS PARA O BRASIL

O Programa “Mais Médicos”, instituído pela Medida Provisória nº 621 e

sancionado na Lei nº 12.871, de 22 de outubro de 2013, pela Presidente Dilma Rousseff,

abrange ações conjuntas entre os Ministérios da Saúde e da Educação e faz parte de um

amplo pacto de melhoria do atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS)

proposto pelo governo federal em parceria com o ministério da saúde e a OPAS

(Organização Pan-americana da saúde).

O programa busca resolver a questão emergencial do atendimento básico ao

cidadão, mas também cria condições para continuar a garantir um atendimento qualificado

no futuro para aqueles que acessam cotidianamente o SUS. Além de estender o acesso, o

programa provoca melhorias na qualidade e humaniza o atendimento, com médicos que

criam vínculos com seus pacientes e com a comunidade.

O Mais Médico se somou a um conjunto de ações e iniciativas do governo para

o fortalecimento da Atenção Básica do país. A Atenção Básica é a porta de entrada

preferencial do Sistema Único de Saúde (SUS), que está presente em todos os municípios e

próxima de todas as comunidades. É neste atendimento que 80% dos problemas de saúde

são resolvidos. (CORREIA, SALVADOR, 2014, p.309).

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Contudo, segundo o Ministério da Saúde; informações estas retiradas do site do

governo federal o programa trata de uma formação em serviço, não é vínculo de trabalho,

os profissionais são bolsistas. Sendo assim, todos os médicos têm direito especificado

conforme a diretriz da Lei 12.871 de 2013.

Este programa visa enfrentar a escassez de médicos em regiões carentes do

país, pois a falta de profissionais da área de saúde, especialmente médicos é um dos

grandes problemas vividos pelo sistema público de saúde do país. O Projeto é polêmico e

divide opiniões, especialmente no que tange à constitucionalidade da contratação,

desprovida de concurso público dos médicos estrangeiros pelo Governo Federal; à natureza

jurídica desses contratos; às condições de trabalho concedidas aos médicos estrangeiros; e,

por fim, à contratação diferenciada, intermediada pela Organização Pan Americana de

Saúde (Opas), dos médicos cubanos. São pontos que merecem especial atenção

(CORREIA, SALVADOR, 2014, p.309).

De acordo com o programa instituído como uma modalidade de especialização

o Projeto "Mais Médicos para o Brasil" consistiria numa etapa de formação profissional do

médico voltada para o aperfeiçoamento do trabalho médico na atenção básica. Esta atenção

especial à profissionalização justificaria a ausência de direitos trabalhistas destinados aos

médicos participantes do Projeto. Nesse cenário, conforme preceitua o art. 17 da Lei n.

12.871/13, as atividades desempenhadas no projeto não criam vínculo empregatício de

qualquer natureza. Ainda que abarque características típicas de emprego ou cargo publico

como habitualidade, subordinação etc. (CORREIA, SALVADOR, 2014, p.310).

A Lei visualizou o Projeto como uma modalidade de especialização, ou seja, de

aperfeiçoamento dos participantes, voltado ao trabalho médico de atenção básica no SUS,

mediante recebimento de bolsa federal. A aquisição de mão-de-obra em larga escala de

profissionais médicos para atender a demanda nacional é fundamental, porém o que se

discute são os modos encontrados para a realização da ação. Acredita-se que o problema

não seja a falta de profissionais, mas a má distribuição dos profissionais pelo país, devido a

falta de estrutura e recursos de tratamentos em locais mais vulneráveis no país. Portanto,

pesa a falta de condições dignas de trabalho a estes profissionais, que culminam com a

grande dificuldade de se obter médicos engajados a atender na rede pública de saúde nos

locais mais distantes dos grandes centros financeiros e capitais dos Estados.

De fato, a jurisprudência trabalhista é pacífica no sentido de afastar o vínculo

empregatício nas hipóteses de especialização sob a responsabilidade de instituição de

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saúde e sob a orientação de médicos de elevada qualificação ética e profissional. O que não

deve ocorrer no programa "Mais Médico para o Brasil", uma vez que os médicos, sejam

eles brasileiros ou estrangeiros, são designados muitas vezes para unidades de saúde

longínquas, onde não há sequer hospitais de média complexidade ou faculdades de

medicina, professores ou preceptores à disposição destes. Os profissionais ficam à mercê

de suas próprias condutas, o que descaracterizaria a “especialização em atenção básica”

(Grifo nosso).

Em verdade, haveria mera aparência de relação de aprendizagem, pois a

concretização do real objetivo do projeto que é enfrentar a falta de médicos em

determinadas regiões a partir de políticas de atração de médicos para referidas localidades.

Os profissionais participantes do projeto são selecionados para exercer atribuições

precípuas de médicos concursados; a diferença é que sua atuação será exclusivamente na

atenção básica do SUS em regiões do Brasil onde há a carência de profissionais da saúde.

Em que pese à natureza jurídica de especialização conferida ao Projeto pela Lei

n. 12.871/13, o que se vê de fato é a contratação de profissionais capacitados para a

prestação de assistência médica, numa jornada de 8 (oito) horas diárias, com intervalo para

almoço, sendo assim, estamos diante de típica relação de emprego, em consonância com o

princípio da primazia da realidade. E, de fato, presentes todos os requisitos da relação

empregatícia, a saber: pessoa física, não eventualidade, onerosidade e subordinação

(CORREIA, SALVADOR, 2014, p.311).

Ora, os médicos participantes do Projeto, pessoas naturais, prestam serviços de

forma contínua, mediante remuneração (denominada bolsa-auxílio) e subordinados às

regras e orientações moldadas pelo Poder Público brasileiro, verdadeiro empregador. Não

há como negar então se esteja diante de uma relação de trabalho e que deve, porém abarcar

todos os ônus que esta confere. Não pode a lei infraconstitucional legitimar abuso,

legitimar a precarização do trabalho e relativização de princípios tão caros ao nosso

ordenamento jurídico.

Portanto, nesse caso, a atuação substitutiva configura o sacrifício de normas

constitucionais, especialmente a que exige prévia aprovação em concurso público para o

exercício de cargo ou emprego público, nos termos do inciso II do art. 37 da CF/884.

4CF/88: Constituição Federal, 1988.

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A contratação dos médicos estrangeiros participantes do programa é

intermediada pelas OPAS5 que determina qual será o montante da remuneração repassado

aos profissionais cubanos, isso porque os profissionais cubanos não recebem a “bolsa

auxilio” integral, o que os diferencia dos outros médicos participantes do Projeto "Mais

Médicos”, brasileiros, por exemplo, o que afronta os princípios constitucionais da

igualdade e da não discriminação, consubstanciados nos arts. 5º, caput, e 7º, inciso XXX,

da Carta Magna.

No caos pode observar a possibilidade de intermediação ilícita de mão de obra,

configurando verdadeira terceirização internacional do serviço público de saúde, pois a

OPAS, órgão vinculado à OMS6, ficou encarregado de intermediar a vinda dos

profissionais cubanos ao Brasil. Nesse cenário, convém destacar que, diante de sua íntima

relação com a precarização dos direitos do trabalhador, a terceirização de mão de obra

sempre foi rechaçada pela ordem jurídica laboral brasileira, constituindo, por isso, exceção,

em pese o apontamento de mudanças e diretrizes legislativas brasileiras pela Reforma

trabalhista, a saber, Lei nº 13.467 de 13 de julho de 2017.

Cumpre destacar que o trabalho prestado pelos profissionais cubanos é

controlado e coordenado pelo SUS, que detém o poder de direção do serviço prestado, de

modo que o vínculo de emprego dos médicos cubanos dá-se, na verdade, com o Governo

brasileiro. O trabalhador médico submetido ao programa fica desprovido de muitos dos

direitos trabalhistas e das garantias fundamentais destinados aos médicos empregados, por

exemplo, tal com o salário e jornada previstos na Lei 3999/1961.

Frise-se que a contratação fora das duas hipóteses previstas em lei ou a

extrapolação do prazo de três meses configurará fraude, devendo ser declarado vínculo

direto do trabalhador temporário com o tomador de serviços. E o que ocorre neste caso é a

contratação de profissionais mediante o Projeto Mais Médico para o Brasil com prazo de

três anos, prorrogável por igual período, conforme redação do § 1º do art. 14 da Lei n.

12.871/13.

Diante do exposto, conclui-se que, ante a inexigibilidade de concurso público

para a investidura em cargo ou emprego público, a estruturação de um programa de

aperfeiçoamento para mascarar verdadeira relação de emprego com o Poder Público e, por

fim, ante a contratação, no caso dos médicos cubanos, por meio de terceirização de mão de 5 OPAS: Organização Pan Americana de Saúde. 6 OMS: Organização Mundial da Saúde.

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obra, é certo que o Programa "Mais Médicos", estrutura verdadeira precarização do

trabalho médico.

O programa que foi criado em 2013, em setembro de 2016 foi prorrogado pelo

presidente Michel Temer por mais três anos, ao todo, são 18.240 médicos em 4.058

municípios e 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), segundo o site Portal

Brasil (2016). As equipes garantem assistência à saúde para cerca de 63 milhões de

pessoas atualmente. O texto que prorrogou o prazo do programa também prorroga o visto

temporário de estrangeiros que trabalham no programa sem diploma revalidado no Brasil.

Além disso, mantém a atuação de médicos brasileiros formados no exterior na mesma

situação.

Em que pese à assistência a população vulnerável ser legítima e garantir à

saúde, a precarização dos direitos do profissional que atende essa população não justifica e

legitima o resultado, posto que se tratando de direitos fundamentais tanto o direito à saúde

como o direito ao trabalho digno e em condições de isonomia aos demais profissionais de

igual formação e atuação deve ser garantido.

4 RESIDÊNCIA MÉDICA

A residência médica com vistas ao aprimoramento da formação médica

encontra-se na necessidade de inserir o residente na rede básica de assistência,

proporcionando-lhe larga experiência diária e habilidades técnicas essenciais para a

prestação do serviço médico com qualidade. Contudo, deve-se atentar para o fato de que,

por disponibilizar mão-de-obra barata às instituições de saúde, a finalidade da residência

médica, muitas vezes, é desvirtuada, acabando os graduados por substituir a atuação dos

profissionais médicos que muitas vezes faltam às unidades de saúde, sobretudo às unidades

hospitalares de saúde.

Conforme dispõe o art. 1º da Lei n. 6.932/81, a residência médica são

atividades clínicas desenvolvidas pelos médicos--residentes em formação, uma modalidade

de ensino. Não constituem, pois, relação de emprego. Referida Lei assegura aos residentes

a percepção de bolsa, em regime especial de treinamento em serviço de 60h semanais de

plantão.

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Ainda, ao médico-residente são conferidos alguns direitos semelhantes aos do

trabalhador, tais como um dia de folga semanal e 30(trinta) dias consecutivos de repouso,

por ano de atividade. A polêmica que envolve a residência médica pauta-se na verificação

dos elementos que indicariam a descaracterização da essência do curso de especialização

ou a utilização de residente para camuflar verdadeira relação de emprego (CORREIA,

SALVADOR, 2014, p.321).

Historicamente, a residência médica, no Brasil, representa importante força de

trabalho no setor da saúde. Com o pagamento simbólico de bolsa-auxílio, a atividade

desempenhada pelos residentes é alvo fácil de exploração, que, por conseguinte, enseja,

comumente, a precarização do trabalho médico, uma vez que já são profissionais com

registro no órgão de classe e sujeitos à fiscalização deste, processos éticos etc.

A partir da sobrecarga de trabalho a que os profissionais residentes são

submetidos tem-se a prestação de assistência médica precária, situação que coloca em risco

a vida dos cidadãos que utilizam o serviço e a segurança física e profissional, ou seja, do

próprio médico.

A limitação da jornada trabalhista existe para proteger a saúde do trabalhador,

na medida em que lhe assegura o descanso necessário para recuperar as energias gastas no

labor, bem como o direito ao lazer. Por isso, a Carta Magna de 1988, em seu art. 7º, inciso

XIII, define a regra da duração normal de trabalho de oito horas diárias e quarenta e quatro

horas semanais, para os trabalhadores urbanos e rurais. Contudo a Lei n. 6.932/81, em seu

art. 5º, estabelece aos residentes médicos jornada máxima de 60 horas semanais e, dentre

essas, 24h destinadas ao plantão.

O referido limite é muito superior àquele estabelecido no art. 7º da Carta

Magna aos trabalhadores urbanos e rurais, o que nos leva a questionar se o art. 5º da Lei n.

6.932/81 teria sido recepcionado pela Constituição Federal de 1988. Nesse mesmo sentido,

pode-se concluir pela inconstitucionalidade da previsão de 24 horas consecutivas de

plantão. Lógico que, ao longo dessas 24 horas, o desempenho do profissional decairá,

enquanto que as chances de erros aumentarão, num campo em que equívocos podem

causar efeitos desastrosos à integridade física dos pacientes e a própria segurança

profissional de quem está apenas iniciando a vida na medicina. É fato que a área médica é

uma das atividades profissionais liberais que mais ensejam demandas jurídicas e éticas por

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erros, negligencias e imperícias na profissão podendo dependendo da falta levar o médico

até mesmo a ter o seu CRM7 cassado.

Tal previsão não condiz com o princípio constitucional da dignidade da pessoa

humana, pois não há ser humano que consegue trabalhar por 24 consecutivas. Aliás,

estudos comprovam que o excesso de jornada e de trabalho, do qual decorre a fadiga e a

privação do sono, contribui para estados depressivos, consumo excessivo de álcool e

drogas. Nesse cenário de responsabilidades e exploração, configuram-se degradantes as

condições e o meio ambiente de trabalho dos médicos-residentes. Ainda, apesar de a

jornada estabelecida em Lei aos residentes médicos já se apresentar excessiva, o limite é,

comumente, desrespeitado.

Conforme publicado no sítio eletrônico do NAPREME (Núcleo de Assistência

Pesquisa em Residência Médica), período de transição aluno-médico, a responsabilidade

profissional, o isolamento social, a fadiga, a privação do sono, a sobrecarga de trabalho, o

pavor de cometer erros e outros fatores inerentes ao treinamento estão associados a

diversas expressões psicológicas, psicopatológicas e comportamentais que incluem:

estados depressivos com ideação suicida, consumo excessivo de álcool, adição a drogas,

preceitos estes constantes na Lei n. 6.932/81que podem levar a descaracterização da

relação de residência médica (CORREIA, SALVADOR, 2014, p.323).

Uma vez afastada a essência de curso de especialização ou a utilização de

residente para mascarar relação de emprego, mediante a inobservância dos requisitos

previstos em legislação competente ou a aplicação do residente com o fim de substituir

profissional médico, estará configurada fraude.

Desse modo, quando o serviço médico é prestado a título de residência médica,

não há que se falar em relação empregatícia, uma vez moldado como modalidade de ensino

de pós-graduação. Por outro lado, quando, por exemplo, o médico-residente é submetido à

jornada superior à prevista pela Lei n. 6.932/81, dele valendo-se a instituição de saúde para

suprir a falta de profissional médico contratado, restará neutralizada a essência do curso de

especialização e, portanto, caracterizada a relação de emprego. O mesmo ocorre quando o

residente atua desprovido de orientação de profissionais médicos de elevada qualificação

ética e profissional, ou seja, quando o médico residente presta o serviço sem o

acompanhamento de um professor e/ou preceptor. 7 CRM: Conselho Regional de Medicina, aqui se referindo ao Registro que o profissional médico precisa ter obrigatoriamente para exercer sua função, junto ao órgão regulador da classe.

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O caráter de aprendizado ocorre por meio da prestação do trabalho desses

profissionais, como se o labor intensivo fosse o melhor meio para ensinar as vicissitudes da

cada especialidade médica. Não se deve, portanto, dissociar da atividade da residência a

realização de trabalho, pois não se confunde o aprendizado com o meio pelo qual ele é

adquirido. O enfoque no ensino, portanto, não inviabiliza a ocorrência simultânea do labor,

basta analisar a figura do estagiário e do aprendiz para comprovar a veracidade dessa

premissa.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A precarização do trabalho causa dano tanto aos trabalhadores como aos

serviços prestados e no âmbito da saúde é uma barreira que impede o desenvolvimento do

SUS, pois afeta a relação dos trabalhadores com o sistema, além de danificar a qualidade e

o prosseguimento dos serviços essenciais ofertados.

Nesse cenário, a estruturação do programa "Mais médicos" e do projeto nele

inserido denominado Projeto "Mais Médico para o Brasil" com a previsão legal de um

programa de aperfeiçoamento, é modo de relação laboral precária na realidade,

mascarando típico vínculo de trabalho com a Administração Pública e, por conseguinte,

precarização do trabalho dos médicos participantes do Projeto.

Assim como no Programa "Mais Médicos", é comumente verificada essa

flagrante afronta aos direitos fundamentais e aos direitos tutelados constitucionalmente em

relação ao direito trabalhista e ao meio ambiente do trabalho equilibrado e saudável, pois a

atuação dos médicos-residentes, especialmente diante da jornada excessiva, e desgastante

que esses profissionais são submetidos, implica em desrespeito aos direitos humanos ao

trabalho digno/decente e as saúde.

Diante disso, faz-se essencial a atuação dos órgãos de auxílio ao trabalhador,

com destaque ao Ministério Público do Trabalho (MPT), a fim de garantir e promover os

direitos sociais dos trabalhadores, ligados à área da saúde, seja por meio administrativo ou

judicial. A dignidade humana envolve uma série de valores que devem ser respeito dos não

se justificando a sobreposição do direito as saúde em quaisquer condições, ao direito ao

trabalho digno e a saúde de qualidade. Destaca-se também, nesse aspecto, a garantia de

condições de labor que assegurem a saúde física e mental dos trabalhadores.

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Portanto, a natureza precária que permeia as profissões em especial da saúde

pode ser um obstáculo no cotidiano de trabalho, porque desmobiliza e subalterniza os

profissionais às prioridades político-econômicas imediatistas, causando impacto na

qualidade de vida no trabalho.

Acredita-se na importância de ampliar resistências, tanto na formação, quanto

no cotidiano do exercício profissional no sentido da desprecarização das relações de

trabalho no SUS, porque é preciso construir gestão e execução de políticas e serviços

coerentes com os princípios legais de universalidade, integralidade e equidade. Princípios

que estão na contracorrente da tendência de privatizar, precarizar e desregulamentar a

política pública de saúde no Brasil, com flagrante reflexo nos princípios da dignidade da

pessoa humana que norteia todo nosso ordenamento jurídico, bem como uma afronta às

conquistas sociais e à tutela dos direitos dos trabalhadores na ordem internacional de

direitos humanos e nacionalmente enquanto direitos fundamentais.

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6 REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. BRASIL. Projeto mais médicos. Governo Federal. Disponível em : <http://maismedicos.gov.br/conheca-programa> Acesso em: 07/08/2017. CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 11 ed. São Paulo: Método, 2015,. CORREIA, Henrique. SALVADOR, Vivian Ferraz de Arruda. A precarização do trabalho dos profissionais da área da saúde, o projeto mais médico para o Brasil, a Residência Médica e a atuação dos órgãos de proteção ao trabalhador. Revista do Ministério Público do Trabalho- SP, v 24, n. 47, mar 2014. HERKENHOFF, João Baptista. Gênese dos direitos humanos. 1ª ed., São Paulo: Editora Acadêmica, 1994. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 26 ed.São Paulo: Saraiva 2011. PORTAL BRASIL, Michel Temer Sanciona Lei que prorroga Mais Médicos por três anos, publicado em 12/09/2016 às 20h59 e modificado em 16/09/2016, às12h08. disponível em: http://www.brasil.gov.br/governo/2016/09/michel-temer-sanciona-lei-que-prorroga-mais-medicos-por-tres-anos. Acesso em 13/08/2017. SARMENTO, Daniel; SOUZA Neto, Cláudio Pereira. Direito Constitucional: teoria, história e métodos de trabalho. 2. Ed. Belo Horizonte: Fórum, 2014.

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