a liderança regional brasileira: percepções nas mídias sul

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I Seminário Internacional de Ciência Política Universidade Federal do Rio Grande do Sul | Porto Alegre | Set. 2015 A Liderança Regional Brasileira: Percepções nas Mídias Sul-Americanas Luiza Bulhões Olmedo 1 Resumo No final da década de 1990, em um contexto de fim da Guerra Fria e de redução do engajamento estadunidense na América do Sul, o Brasil encontra espaço para exercer um papel cada vez maior de liderança regional, condizente com o seu crescente peso econômico no subcontinente e no mundo. A partir de então, o país assume gradativamente a função de paymaster regional, buscando garantir a confiança dos vizinhos que o veem mudar de status no cenário global. A construção do espaço sul-americano passa por superar a desconfiança dos nossos parceiros regionais, que aumenta com a persistência e aprofundamento dos desequilíbrios estruturais e comerciais entre os países. Nesse contexto, o objetivo do artigo é analisar a liderança brasileira na América do Sul, e verificar como os países sul-americanos a percebem. Partiremos das diferentes abordagens teóricas sobre liderança regional, sobretudo dos Complexos Regionais de Segurança para, então, examinarmos como nossos vizinhos percebem essa liderança. A pesquisa empírica será realizada através da análise de artigos jornalísticos relevantes em veículos sul-americanos que façam referência ao Brasil. Palavras-chave: América do Sul; Liderança regional; regionalismo; Complexos Regionais de Segurança; Introdução No final da década de 1990 a América do Sul se consolida como o horizonte regional do Brasil. Em um contexto de fim da Guerra Fria e de redução do engajamento estadunidense na região, o Brasil encontra espaço para exercer um papel cada vez maior de liderança, condizente com o seu crescente peso econômico, no subcontinente e no mundo. O relacionamento com os vizinhos assume cada vez mais caráter político e estratégico, e a estabilização regional parece tornar-se um dos objetivos prioritários da diplomacia brasileira. Nesse sentido, o Brasil é visto como o centralizador das dinâmicas regionais, entre as sub-regiões historicamente afastadas do Cone Sul e Norte Andino. Nesse contexto, multiplicam-se e aprofundam-se as iniciativas brasileiras para a integração regional, como se percebe através da Unasul e do Conselho de Defesa Sul-Americano. Diversos trabalhos acadêmicos nos últimos anos têm se focado nessa nova tônica da política externa brasileira integracionista. Entretanto, a maioria desses trabalhos limita-se às lentes brasileiras para analisar a questão, sem considerar o ponto de vista dos outros atores regionais a respeito da pretensa liderança brasileira no sub-continente. Assim, partindo de diferentes abordagens sobre liderança regional e da teoria dos Complexos Regionais de Segurança, o objetivo desse trabalho é justamente responder a esta questão: como os países sul-americanos percebem a liderança brasileira na região? 1 Mestranda em Estudos Estratégicos Internacionais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. E-mail: [email protected] . Bolsista da CAPES.

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I Seminário Internacional de Ciência Política Universidade Federal do Rio Grande do Sul | Porto Alegre | Set. 2015

A Liderança Regional Brasileira: Percepções nas Mídias Sul-Americanas

Luiza Bulhões Olmedo1

Resumo

No final da década de 1990, em um contexto de fim da Guerra Fria e de redução do engajamento estadunidense na

América do Sul, o Brasil encontra espaço para exercer um papel cada vez maior de liderança regional, condizente com o

seu crescente peso econômico no subcontinente e no mundo. A partir de então, o país assume gradativamente a função

de paymaster regional, buscando garantir a confiança dos vizinhos que o veem mudar de status no cenário global. A

construção do espaço sul-americano passa por superar a desconfiança dos nossos parceiros regionais, que aumenta com

a persistência e aprofundamento dos desequilíbrios estruturais e comerciais entre os países. Nesse contexto, o objetivo

do artigo é analisar a liderança brasileira na América do Sul, e verificar como os países sul-americanos a percebem.

Partiremos das diferentes abordagens teóricas sobre liderança regional, sobretudo dos Complexos Regionais de

Segurança para, então, examinarmos como nossos vizinhos percebem essa liderança. A pesquisa empírica será realizada

através da análise de artigos jornalísticos relevantes em veículos sul-americanos que façam referência ao Brasil.

Palavras-chave: América do Sul; Liderança regional; regionalismo; Complexos Regionais de Segurança;

Introdução

No final da década de 1990 a América do Sul se consolida como o horizonte regional do

Brasil. Em um contexto de fim da Guerra Fria e de redução do engajamento estadunidense na

região, o Brasil encontra espaço para exercer um papel cada vez maior de liderança, condizente com

o seu crescente peso econômico, no subcontinente e no mundo. O relacionamento com os vizinhos

assume cada vez mais caráter político e estratégico, e a estabilização regional parece tornar-se um

dos objetivos prioritários da diplomacia brasileira. Nesse sentido, o Brasil é visto como o

centralizador das dinâmicas regionais, entre as sub-regiões historicamente afastadas do Cone Sul e

Norte Andino.

Nesse contexto, multiplicam-se e aprofundam-se as iniciativas brasileiras para a integração

regional, como se percebe através da Unasul e do Conselho de Defesa Sul-Americano. Diversos

trabalhos acadêmicos nos últimos anos têm se focado nessa nova tônica da política externa

brasileira integracionista. Entretanto, a maioria desses trabalhos limita-se às lentes brasileiras para

analisar a questão, sem considerar o ponto de vista dos outros atores regionais a respeito da pretensa

liderança brasileira no sub-continente. Assim, partindo de diferentes abordagens sobre liderança

regional e da teoria dos Complexos Regionais de Segurança, o objetivo desse trabalho é justamente

responder a esta questão: como os países sul-americanos percebem a liderança brasileira na região?

1 Mestranda em Estudos Estratégicos Internacionais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. E-mail:

[email protected]. Bolsista da CAPES.

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Após uma breve consideração sobre liderança regional e a estrutura do Complexo Regional

de Segurança da América do Sul, o primeiro passo para responder a pergunta-chave foi

contextualizar as relações bilaterais a partir da política externa de cada país, sempre com ênfase nas

interações regionais e nas iniciativas de cooperação com o Brasil. Entretanto, identificou-se que,

apesar de um discurso integracionista vociferado pela maioria dos governos sul-americanos e do

apoio retórico às iniciativas brasileiras, na verdade, muitos vizinhos mantêm-se reticentes em

relação à aproximação regional.

Assim, para identificar a percepção dos países sul-americanos para além dos discursos

formais, o segundo passo deste trabalho foi a pesquisa em fontes primárias: os principais jornais

nacionais. Assim, foram analisados os dois jornais online mais lidos2 da Colômbia, da Venezuela,

do Chile e da Argentina, e selecionados os artigos que se referem ao Brasil na área de Relações

Internacionais durante todo o ano de 2014. Os resultados foram analisados quantitativa e

qualitativamente, e permitem concluir que, apesar dos avanços importantes na integração regional,

ainda não há um consenso entre os vizinhos sobre o papel do Brasil como fiador da estabilidade

regional e dos mecanismos institucionais de integração.

O estudo das regiões e das lideranças regionais

Tradicionalmente, o estudo de relações internacionais concentra-se nas variáveis sistêmicas

que alteram a ordem internacional, de modo que as regiões são relegadas a um segundo plano.

Entretanto, com o fim da Guerra Fria e a maior autonomia dos países do terceiro mundo, a

relevância de teorias regionais cresceu. De acordo com Kelly (2012), a partir de então a literatura

passou a reconhecer que os Estados se importam mais com seus vizinhos do que com Estados

distantes. Ou seja, Estados não são livres bolas de bilhar, mas geograficamente fixos, então a

dinâmica local será muito mais intensa para a maioria dos Estados. Além disso, a acadêmica deu-se

conta que teorias sistêmicas que veem de maneira simplista a transmissão de preferências de

grandes potências para o resto não são capazes de identificar as técnicas geradoras de autonomia

que pequenos Estados utilizam. Percebeu-se que as regiões possuem mais autonomia do que se

pensava.

2 Baseado em LLORENTE & CUENCA. “Panorama de la prensa latino americana: el boom antes de afrontar el desafío

de internet”, Informe Especial, Madrid, 2013.

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Assim, diversos autores passaram a interessar-se pelas dinâmicas regionais, especialmente pelas

relações de poder entre eles e pela concepção de potência regional. Esse termo tem sido muito

debatido por acadêmicos pelo mundo todo, com diferentes enfoques e critérios a respeito do seu

caráter constitutivo. Entretanto, mesmo sem consenso a respeito do que é uma potência regional, a

maioria dos autores parece concordar que potências regionais assumem um papel de liderança e de

integração na região, alguma coisa entre liderança e hegemonia cooperativa. Estados que adotam

uma atitude cooperativa e benevolente nas suas relações internacionais com seus vizinhos

(PEDERSEN, 2002).

Nesse sentido, Ayoob (2010), destaca que a presença de uma “potência pivô”, cuja aspiração de

gerenciamento seja amplamente reconhecida na região como legítima, é um dos fatores cruciais

necessários para facilitar o crescimento de uma sociedade regional. Essa sociedade existe quando

um grupo de Estados, conscientes de alguns interesses e valores comuns, se percebe como sendo

unido por um conjunto comum de normas em suas relações uns com os outros, e se dividem na

construção de instituições comuns (BULL, Apud AYOOB, 2010).

A legitimidade conferida ao líder regional será baseada não apenas em capacidades militares e

tecnológicas ou na força de suas relações externas, mas também na sua capacidade de prover bens

coletivos. Uma liderança regional não pode apenas manter a intervenção externa longe, mas

também deve prover um senso de segurança entre os países regionais menores que fará dos

envolvimentos externos desnecessários.

Dessa forma, é importante diferenciar o papel do líder e do hegêmona regional. Para Desdradi

(2008), o que distingue hegemonia de liderança é o objetivo almejado pelo Estado dominante:

enquanto hegêmonas buscam realizar seus próprios objetivos egoísticos apresentando-os como

objetivos comuns, o líder lidera um grupo de Estados visando realizar ou facilitar a realização dos

seus objetivos comuns. Mas os conceitos de Desdradi não são consenso na literatura, que utiliza

inadvertidamente termos diferentes para sentidos semelhantes, assim como utiliza o mesmo termo

para sentidos diferentes.

A teoria dos Complexos Regionais de Segurança, desenvolvida por Buzan e Waever, que

veremos a seguir, aplicada ao caso sul-americano, utiliza a nomenclatura hegêmona estabilizador

para referir-se ao Brasil. Entretanto, considerando o entendimento de liderança desenvolvido até

aqui, que se relaciona ao provimento de estabilidade e bens públicos, consideraremos que a

adjetivação “estabilizador” à hegemonia caracteriza a “liderança” brasileira.

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eles desenvolveram esse estudo partindo de um foco neorealista, juntamente com algumas

percepções construtivistas, combinando a primazia do sistema global com a reemergência das

dinâmicas regionais no pós Guerra-Fria (KELLY, 2007).

Brasil: fiador da estabilidade?

Algumas teorias das Relações Internacionais argumentam que a América do Sul é mais

estável do que outras regiões do mundo. Essa estabilidade estaria relacionada ao papel hegemônico

estabilizador do Brasil. De acordo com a teoria dos Complexos Regionais de Segurança, de Buzan e

Waever (2003), o Brasil teria se tornado uma potência do status quo, preferindo a via diplomática

no relacionamento com seus vizinhos, afirmando um interesse fortemente direcionado à estabilidade

regional (BUZAN; WAEVER, 2003, p. 314).

Segundo Buzan, Weaver e Wilde, “um complexo de segurança regional (CSR) poderia ser

definido como um grupo de unidades cujos principais processos de securitização e dessecuritização,

ou ambos, estão tão interligados que os seus problemas de segurança não podem ser corretamente

analisados ou resolvidos independentemente uns dos outros” (BUZAN, WEAVER e WILDE apud

ALSINA, 2009, P. 47). Nesse sentido, a América do Sul constitui um Complexo Regional de

Segurança.

O CRS sul-americano é caracterizado por (1) níveis diferentes de capacidades entre os

países sul-americanos. O Brasil detém cerca de 50% do PIB, 50% da população, as maiores reservas

minerais, as mais extensas terras agriculturáveis, o maior parque industrial, entre outras

características que o diferenciam dos demais Estados da região; (2) predomínio de uma cultura de

anarquia, na qual as relações entre os países obedecem a uma lógica tanto de rivalidade como de

amizade, e o avanço da integração regional é causa e resultado disso; e (3) presença da

superpotência (EUA) no hemisfério. Em função do peso que possui nas relações internacionais, e da

contiguidade geográfica, os EUA inevitavelmente projetam poder sobre a América do Sul

(ALSINA Jr, 2009).

Do ponto de vista da distribuição de poder, os autores afirmam que no CRS sul-americano

há a presença de mais de uma potência regional, e que apresenta dois subcomplexos relevantes: o

Cone Sul e o Norte-Andino, que se diferenciariam por percepções de ameaças diferentes – o

primeiro estaria mais relacionado ao futuro do Mercosul, e o segundo à dinâmica das drogas.

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Contudo, nos pareceu importante atualizar dessa divisão em subcomplexos, partindo da ideia de que

hoje tanto a dinâmica Norte Andina, quanto à integração no Cone Sul transbordam para além das

fronteiras dos subcomplexos, mesclando-os e enfraquecendo tal separação. O desenvolvimento da

Unasul e do Conselho de Defesa Sul-americano, nesse sentido, como iniciativa de integração

regional capaz de abarcar tanto a Comunidade Andina de Nações (CAN) quanto o Mercosul,

representa, em alguma medida, a superação desta divisão nos últimos anos (REZENDE, 2013).

Um importante obstáculo para a estabilidade do CRS sul-americano, entretanto, estaria na

dificuldade da redução efetiva das assimetrias regionais, dado o tamanho do território, da população

e da economia brasileira, sobretudo. Por outro lado, ao mesmo tempo em que temem o gigante

brasileiro, os países na América do Sul costumam criticar o Brasil pelo baixo envolvimento nas

questões regionais, ou por não contribuir suficientemente para a produção de bens coletivos. Apesar

das controvérsias, diversos autores convergem na ideia de que o processo de integração dependeria

da capacidade brasileira de dissipar essa imagem de “gigante egoísta”, e consolidar uma posição de

liderança.

Considerando essas diferentes percepções que os vizinhos possuem a respeito do Brasil, e a

importância do país na estabilização do CRS sul-americano, se desenvolverá o restante do trabalho.

Verificaremos a visão que alguns países têm em relação ao Brasil, do ponto de vista tanto da

diplomacia como da segurança, apresentando o perfil de política externa e de política de defesa, as

iniciativas de cooperação com o Brasil e as imagens apresentadas nas principais mídias nacionais a

esse respeito. Colômbia, Venezuela, Chile e Argentina foram selecionados por serem os quatro

países com maior representatividade em termos de participação no total dos gastos de defesa da

América do Sul, depois do Brasil [Colômbia (17%), Venezuela (10,7%), Chile (9%) e Argentina

(8,3%) – dados de 20103]. Além disso, são dois países do norte-andino e dois países do cone-sul,

possibilitando uma análise baseada na hipótese de integração das dinâmicas das duas sub-regiões.

Colômbia

Historicamente, brasileiros e colombianos sempre foram afastados, uma vez que, apesar das

boas relações comerciais e a mútua preocupação regional, a parceria militar da Colômbia com os

Estados Unidos sempre gerou desconfianças (REZENDE, 2013). A política externa colombiana tem

3 Registro sul-americano de gastos de defesa, Unasul 2012. É importante notar que foram escolhidos os valores

absolutos de gastos em defesa, a fim de captar não apenas a relevância do setor de defesa para determinado país, mas

para identificar as assimetrias inerentes ao processo de integração no subcontinente.

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sido fortemente marcada pelas ameaças internas, sobretudo os grupos insurgentes guerrilheiros das

FARC e da ELN e as redes criminosas de narcotráfico. Para combater essas ameaças o governo do

presidente Álvaro Uribe (2002-2010) inaugurou a chamada Política de Segurança Democrática,

segundo a qual a segurança interna regia as relações internacionais colombianas. Esse modelo foi

bem aceito pelas elites econômicas, políticas e militares do país, que de maneira unânime apoiaram

o bom entendimento com os Estados Unidos em detrimento de relações regionais (BUELVAS,

2011).

Para combater essas redes criminosas e as guerrilhas, a Colômbia passou a investir na

compra de equipamento militar, principalmente a partir dos anos 2000, quando se tornou um dos

principais beneficiários da ajuda dos EUA no mundo. Entre 2006 e 2010, o país representou 17%

dos gastos militares totais da América do Sul (atrás apenas do Brasil, com 43,7%) (UNASUL,

2012). Esse comportamento afetou as boas relações do país com seus vizinhos por quase duas

décadas, inclusive com o Brasil.

No final dos anos 2000, as relações entre Colômbia e EUA começaram a se desgastar. O

término do Plano Colômbia e a necessidade de manutenção do combate ao narcotráfico fizeram

com que o governo Uribe tivesse de buscar alternativas de inserção econômica para financiar seus

objetivos. Nesse sentido, o país passou a investir nas suas relações com a América do Sul. Nos

últimos anos, a Colômbia tem se mostrado um parceiro valioso para o Brasil, não apenas em termos

econômicos, mas também políticos, sobretudo no que diz respeito às ambições brasileiras de

integração. A guinada da política externa colombiana ficou em evidência com a adesão do país à

UNASUL e ao Conselho de Defesa Sul-Americano.

Sob o governo de Juan Manuel Santos (2010-presente), o país registrou ganhos notáveis em

sua campanha contra o crime organizado. Esses avanços também contribuíram para a retomada do

diálogo colombiano com seus vizinhos. Além disso, o redimensionamento do conflito possibilitou

investimentos militares mais gerais, não tão focados na contra-insurgência (IISS, 2014). Apesar do

combate ao crime organizado e ao narcotráfico permanecerem na agenda política colombiana, o

governo Santos tem buscado restaurar canais de intercâmbio de informação e de cooperação

bilateral, construindo pontes para recuperar a credibilidade internacional do país (BUELVAS,

2011). Além disso, a Colômbia tem também investido cada vez mais no desenvolvimento de

políticas públicas de caráter socioeconômico.

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Tendo em vista as dinâmicas recentes de aproximação entre os dois países (e a região como

um todo), editoriais de jornais colombianos assumem a importância brasileira e reconhecem seu

papel de liderança regional, especialmente por seu poderio econômico. Na pesquisa realizada nos

portais online dos jornais “El Espectador” e “El Tiempo”, foram identificadas, ao longo de 2014,

trinta e seis (36) matérias relacionadas ao Brasil em termos de Relações Internacionais e Defesa e

Segurança.

Relações Internacionais

El Espectador 8

El Tiempo 13

Total 21

Internacional 12

Regional 5

Bilateral 4

Na área das relações internacionais das vinte e uma (21) matérias identificadas, doze (12)

referem-se à posição do Brasil no mundo; cinco (5), à posição do Brasil na região; e quatro (4), às

relações bilaterais entre Brasil e Colômbia. O destaque para o papel global do Brasil se dá através

da magnitude econômica do país, mesmo em um período de maior estagnação. A proeminência

brasileira em fóruns como os BRICS e o G20 teve espaço na imprensa colombiana de maneira

positiva. Para a Colômbia, a aproximação com os BRICS representa uma possibilidade de parceria

que poderia potencializar o respaldo da comunidade internacional à busca pela paz com as

guerrilhas. Além disso, os jornais colombianos mantêm-se atentos às relações entre Brasil e Estados

Unidos, que ficaram estremecidas após a descoberta de que o Brasil era alvo de espionagem da

NSA. Os jornais retrataram de maneira positiva a reação da presidente Dilma Rousseff nessa

questão e elogiaram a postura soberana brasileira que busca agora impedir futuras ingerências

cibernéticas estadunidenses.

No âmbito regional, destaca-se a importância do Brasil na crise interna venezuelana,

referente à polarização entre o governo de Nicolás Maduro e a oposição, o que resultou na eclosão

de protestos. De acordo com a imprensa colombiana, o Brasil coordenaria as negociações na

Venezuela para manter a estabilidade regional e sua liderança na América do Sul. Entretanto,

também foram bastante noticiadas as críticas da opositora Maria Corina Machado, que foi ao Brasil

denunciar o governo de Maduro e pediu um posicionamento mais rígido dos países da região frente

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aos acontecimentos venezuelanos. Para a Colômbia, quem mantém rivalidade com a Venezuela, o

endurecimento brasileiro em relação ao país seria bem-vindo. Também tem sido vista com bons

olhos pelos jornais locais a aproximação, angariada pelo Brasil, entre Mercosul e a Aliança do

Pacífico4, sobretudo em termos de intensificação dos fluxos comerciais e redução das tarifas

aduaneiras.

A ênfase dada pelos periódicos às relações bilaterais entre Brasil e Colômbia é

majoritariamente econômica. Destaca-se a importância dos investidores brasileiros em relação ao

potencial industrial colombiano, bem como o crescimento exponencial do comércio bilateral, que é

cada vez mais equilibrado (redução do déficit colombiano). Percebe-se a convergência entre os

países em termos comerciais como uma oportunidade a ser aproveitada.

Na busca por palavras que denotam a liderança regional brasileira ou o bom posicionamento

global do país, foram encontradas entre as matérias as seguintes expressões: relacionamento

bilateral de grande importância; liderança regional; boa posição econômica frente ao G20; líder

regional em um reagrupamento diplomático; 7ª economia mundial; gigante sul-americano.

Venezuela

Historicamente a Venezuela nunca desempenhou um papel de grande destaque na América

do Sul. Com o Brasil, as relações eram distantes, não apenas pela imensa barreira geográfica da

selva amazônica, que os afastava social, econômica e culturalmente, mas também por diferenças

políticas. Ambos os países viviam de costas um para o outro, ao mesmo tempo em que o “gigante

do sul” inspirava suspeitas venezuelanas sobre pretensões expansionistas. Entretanto, a partir da

ascensão de Hugo Chávez (1999-2013), as relações bilaterais tomaram um rumo inédito, já que o

presidente venezuelano adotou uma estratégia de aproximação com o vizinho, conformando uma

parceria com o governo brasileiro. O presidente Chávez desenvolveu uma política externa de alto

perfil, baseando-se na riqueza petrolífera venezuelana para a construção de alianças e oposição aos

Estados Unidos. Assim, apostou na recomposição do tabuleiro geoestratégico sul-americano,

contando com o respaldo pessoal do presidente Lula. A primeira manifestação formal desta

aproximação foi a inserção da Venezuela no MERCOSUL (URRUTIA, 2011)

4 The Pacific Alliance is a regional integration initiative whose member states are Chile, Colombia, Mexico and Peru.

The Pacific Alliance was created on April 28, 2011 (alianzapacifico.net)

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A nova realidade geopolítica, contudo, ao mesmo tempo em que aproximava os vizinhos

antes distantes, acabou por contrapor duas visões de mundo diferentes, e com potenciais dimensões

antagônicas. Enquanto a Venezuela alinhou-se a um grupo de países ideologicamente definidos

como partidários do “socialismo do século XXI”, baseado em um discurso radical de ruptura com

os EUA, o Brasil preferiu um modelo de inserção internacional multidimensional e reformista,

evitando confrontações através de uma diplomacia do equilíbrio. Nesse contexto, apesar da

aproximação entre os dois países, nutriu-se uma disputa pela liderança regional. Segundo Malamud

(2011), a Venezuela passa a pleitear uma maior participação no teatro sul-americano através da

contestação da liderança de seus expoentes tradicionais. Além disso, Chávez garantiu a fidelidade

de países que supostamente estariam sob a esfera de influência brasileira, como Bolívia e Equador.

O mandatário venezuelano manteve uma estreita associação com esses países através dos

presidentes Evo Morales e Rafael Correa, propondo um novo regime de segurança hemisférica

baseado na construção de um marco estável de segurança e cooperação (MALAMUD, 2011).

Mesmo assim, o Brasil soube neutralizar esse discurso venezuelano rígido e militarizado, e

impôs-se aos projetos personalistas chavistas mais exaltados. A morna receptividade brasileira à

proposta do Banco do Sul, a não adesão ao Grande Gasoduto do Sul, as reticências quanto à criação

de uma OPEP do Gás e o fracassado projeto da refinaria Abreu e Lima exemplificam o

distanciamento de Lula a algumas iniciativas venezuelanas. Logo após a criação da Unasul, em

2008, houve divergências entre o Brasil e a Venezuela, dada a concorrência sobre qual dos modelos

propostos deveria direcionar o desenho institucional de uma organização regional exclusivamente

sul-americana. De acordo com Rezende (2013), o modelo brasileiro, menos desafiador do status

quo global, acabou vencendo, de modo que restou à Venezuela cooperar.

Com a eleição da presidente Dilma Roussef, em 2010, e de Nicolás Maduro, em 2013, após

a morte de Hugo Chávez, os frequentes encontros entre os mandatários dos dois países, como

ocorria entre Lula e Chávez, foram suspensos. A realidade política e econômica deteriorou-se tanto

na Venezuela como no Brasil, de modo que a relação bilateral tem se alterado, mas sem

confrontação. Atualmente o Brasil tem sido ator fundamental na estabilização venezuelana, não só

no âmbito regional, como também na mediação entre governo e oposição na polarização interna da

política do país.

Essas questões conjunturais, somadas à história das relações bilaterais, moldam as opiniões

venezuelanas a respeito do Brasil. Na pesquisa realizada nos portais online dos jornais “El

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Nacional” e “El Universal”, foram identificadas, ao longo de 2014, sessenta e sete (67) matérias

relacionadas ao Brasil em termos de Relações Internacionais e Defesa e Segurança.

El Nacional 31

El Universal 22

Total 53

Internacional 7

Regional 8

Bilateral 38

Na área das Relações Internacionais, das cinquenta e três (53) matérias identificadas, sete (7)

referem-se à posição do Brasil no mundo; oito (8), à posição do Brasil na região; e trinta e oito (38),

às relações bilaterais entre Brasil e Venezuela. Dentre as menções ao comportamento brasileiro no

âmbito internacional, destacam-se as matérias sobre a relação do Brasil com os EUA e com os

BRICS. Mais atentos à interação Brasil-EUA do que a imprensa dos outros países pesquisados, os

jornais venezuelanos deram peso tanto à crise diplomática ocasionada pela espionagem quanto à

gradual reaproximação dos dois países. Caracterizaram a decisão da presidente Dilma de cancelar

um encontro com o presidente Obama como uma “afronta”5, mas veicularam as declarações de

ambos os países sobre a importância das relações bilaterais.

Sobre o encontro dos BRICS, para a Venezuela a reunião das nações emergentes com os

líderes latino-americanos representou uma aposta em uma nova dinâmica de confiança entre eles.

Apesar de Hugo Chávez haver apostado numa relação de igualdade entre Venezuela, Brasil e

Rússia, a imprensa destaca que o país “no alcanza la escala económica necesaria [para fazer parte

do grupo dos BRICS] ni es una potencia regional” (EL UNIVERSAL, 16/07/2014).

No âmbito regional foi dada importância à relação do Brasil com Cuba, mas apesar de

ressaltarem a aliança econômica entre os dois países, os jornais foram muito críticos a outras

iniciativas de cooperação, como a do programa “Mais Médicos”6. No que diz respeito ao

MERCOSUL, o bloco foi retratado de maneira positiva na imprensa. Entretanto, a Venezuela, que é

5 “Es la primera vez en tiempos recientes que un presidente estadounidense sufre semejante desaire” (El Nacional,

“Vicepresidente de EE UU se reúne con Rousseff”, 17/06/2014). 6 Foi apontado que “Brasil paga a las autoridades cubanas 10.000 reales (unos 4.255,3 dólares) mensuales por cada

profesional en el marco de un acuerdo de cooperación intermediado por la Organización Panamericana de la Salud

(OPS), pero Cuba tan sólo transfiere 1.245 dólares mensuales a cada doctor y deposita otro porcentaje en una cuenta en

La Habana.( EL NACIONAL, 03/06/2014) .

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país-membro desde 2012, graças ao apoio brasileiro, ainda não estaria completamente incluída, já

que ainda não se beneficia das normativas migratórias do bloco nem participa dos novos potenciais

acordos comerciais. Em termos econômicos, a priorização brasileira ao comércio com a Venezuela

e com a Argentina também foi destacada. Já em termos políticos, a ação brasileira é reconhecida na

aproximação entre Venezuela e Colômbia, com destaque às convergências diplomáticas entre os

três países nos últimos anos, sobretudo após a eleição do presidente Juan Manuel Santos na

Colômbia.

Em 2014, a questão mais destacada relação com o Brasil na imprensa venezuelana foi a

respeito das ações brasileiras como um intermediário na crise interna na Venezuela. Quinze (15)

artigos sobre este tema foram registrados, a maioria deles com um viés positivo. Apesar da histórica

posição diplomática brasileira de não-interferência nos assuntos internos de outros países, o Brasil

tem desempenhado um papel importante na resolução de questões internas da Venezuela através do

diálogo e apoio da Unasul. E esse apoio brasileiro foi bem registrado nos jornais venezuelanos. Por

outro lado, muito tem sido escrito sobre os discursos de uma líder da oposição venezuelana,

Machado, durante sua visita ao Brasil, já que ela criticou a neutralidade do Brasil frente ao que ela

considerou "medidas antidemocráticas" de Nicolás Maduro. Outro pequeno incidente que tem sido

muito repercutido na imprensa foi a falta de comunicação entre os ministros das relações exteriores

em relação a um acordo envolvendo o governo venezuelano e ao movimento social brasileiro MST,

pois o acordo ocorreu sem o conhecimento das autoridades brasileiras. Esta situação instável

também levanta preocupações no campo econômico, uma vez que a relação entre o governo

venezuelano e as empresas brasileiras (principalmente a Odebrecht) também está deteriorada.

Na busca de palavras que denotam a liderança regional brasileira ou o bom posicionamento

global do país, as seguintes expressões foram encontradas no banco de dados de pesquisa: poder

regional, potência emergente, liderança regional, líder regional, 7ª economia mundial, gigante sul-

americano, gigante latino-americano, referência mundial, potência diplomática, maior economia da

região.

Chile

Após o fim da ditadura militar no Chile, o país adotou uma nova estratégia de inserção

internacional, que teve como eixos centrais o fortalecimento da sua presença em órgãos

multilaterais, a diversificação dos vínculos políticos, e a intensificação de sua projeção econômica

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internacional. Esse modelo, conhecido como “regionalismo aberto” tem como objetivo a expansão

comercial e dos investimentos, baseado em uma abertura unilateral compatível com a assinatura de

acordos bilaterais e multilaterais. Nesse contexto, o país apoiou fortemente a Iniciativa para as

Américas e buscou integrar o NAFTA, e deu prioridade às relações com a Europa e com o Pacífico

asiático (VALENZUELA, 2011).

Na medida em que sua elite se consolidou em um “macro consenso” a favor desse

“regionalismo aberto”, as relações do Chile com seus vizinhos sul-americanos não foram

aprofundadas. Apesar do discurso a favor dos laços com a região, os tomadores de decisões

chilenos não pareciam dispostos de ir além do diálogo político (VALENZUELA, 2011). Assim, a

despeito das boas relações diplomáticas entre Brasil e Chile, essa orientação global chilena (além da

falta de fronteiras territoriais com o Brasil) limita o potencial de cooperação entre os dois países.

Nos últimos anos, entretanto, percebe-se a tentativa chilena de recuperar o diálogo com os

países mais próximos. Com a ascensão da presidente Michele Bachelet, em 2006, houve uma

mudança nas prioridades internacionais do país, e uma maior ênfase às relações com a América

Latina. O Chile não estava disposto a assumir uma posição periférica e isolada frente às aspirações

chavistas e às iniciativas de liderança brasileiras. Assim, o Chile aproximou-se do Brasil, sobretudo

nas questões comerciais, e demonstrou seu apoio à criação da Unasul e do Conselho de Defesa sul-

americano.

Nos discursos formais dos representantes chilenos evidencia-se um decidido interesse no

fortalecimento das relações com o Brasil, que, de acordo com essa visão, têm apresentado um

crescimento exponencial. Nesse sentido, a ideia de liderança brasileira no subcontinente também

tem estado presente no debate político chileno, como no discurso de março de 2012 do Presidente

da Câmara de Deputados chilena: “Brasil ha asumidoun rol de liderazgo importante em la región,

que por supuesto tiene muchas coincidências com lo que nuestro país ha planteado como política

exterior dentro del continente” (CHILE, 2012). Entretanto, esse apoio à liderança brasileira parece

condicionado a um papel igualmente de relevo do Chile na região, que é uma ferramenta importante

para a realização dos interesses econômicos chilenos.

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Na pesquisa realizada nos portais online dos jornais “El Mercurio7” e “La Tercera”, foram

identificadas, ao longo de 2014, trinta (30) matérias relacionadas ao Brasil em termos de Relações

Internacionais e Defesa e Segurança.

Relações Internacionais

El Mercurio 6

La Tercera 13

Total 19

Internacional 8

Regional 6

Bilateral 5

Na área das Relações Internacionais das dezenove (19) matérias identificadas, oito (8)

referem-se à posição do Brasil no mundo; seis (6), à posição do Brasil na região; e cinco (5), às

relações bilaterais entre Brasil e Chile. Nas seções internacionais, os BRICS receberam destaque

por seu peso econômico, e a ideia do Banco dos BRICS foi bem recebida pela imprensa chilena,

que considerou uma oportunidade de financiamento para países que precisam se tornar mais

competitivos. Entretanto, ressaltam também que as novas iniciativas do grupo chegam em um

momento difícil para as economias emergentes, especialmente para o Brasil, que esteve em ano de

eleições e enfrentou o mal-estar social relacionado aos gastos com a Copa do Mundo. Atentos às

relações entre Brasil e Estados Unidos, os jornais chilenos preferiram veicular matérias com

algumas declarações oficiais brasileiras de boa convivência, especialmente após os escândalos de

espionagem, já que "Estados Unidos es un país con inmenso poder y con una inmensa capacidad

vengativa”8. No âmbito econômico foi destacada a presença de Dilma no Forum Econômico

Mundial de Davos, onde buscava convencer a elite empresarial mundial que o Brasil ainda

representa uma boa oportunidade de investimento. Mesmo assim, não deixaram de afirmar que

“Brasil ya no es más el favorito de Wall Street” 9

.

Nas questões regionais, os chilenos também pareceram reticentes em relação ao poderio

brasileiro. Apesar de o Chile ser um importante mediador da crise venezuelana juntamente com o

7 A amostra do jornal online “El Mercurio” é significativamente menor já que o mecanismo de busca era externo ao site

do veículo e mais limitado do que os dos outros jornais. 8 Ex-vice-ministro de relações exteriores do Brasil, Marcos de Azambuja, La Tercera, 02/06/2014.

9 “Dilma Rousseff viaja a Davos por primera vez para atraer a inversionistas”, LA TERCERA, 20/01/2014.

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Brasil, a imprensa chilena foi bastante crítica ao que consideraram excessiva cautela da presidente

Dilma Rousseff sobre essa questão. Foi dado espaço nos jornais para as declarações da oposição

brasileira, que considera que “Brasil está actuando de la peor forma, porque no está revelando

liderazgo ninguno”10

. Segundo essa opinião, a decisão brasileira de desenvolver a mediação através

da instituição regional, a Unasul, seria uma perda de oportunidade para o Brasil de usar seu peso na

região. Já no âmbito do MERCOSUL, destacam positivamente a iniciativa brasileira de

aproximação à Aliança do Pacífico11

, apontando para os corredores bioceânicos como uma fórmula

de integração. A imprensa chilena também esteve atenta às mudanças que estão ocorrendo em Cuba

em termos de abertura econômica, e destacam as ações de Brasil e México para posicionarem suas

grandes empresas na ilha.

Na busca de palavras que denotam a liderança regional brasileira ou o bom posicionamento

global do país, as seguintes palavras-chave foram encontradas entre o banco de dados artigo:

potência emergente, perda de liderança regional, gigante sul-americano, já foi uma economia

pujante, e não mais o favorito de Wall Street.

Argentina

Segundo Malamud (2011), a Argentina, a grande rival e parceira do Brasil ao longo da

história, é o único país na América do Sul em posição estrutural para disputar a liderança brasileira.

O país possui uma economia considerável, apresenta uma grande população e extenso território, é

rico em recursos naturais, e possui posição consolidada nos fóruns internacionais. Dessa forma, a

parceria com o Brasil nunca foi vista sob o ângulo de uma supremacia brasileira, mas, sim, pela

equidade. A primeira aproximação entre os dois países ocorreu no final dos anos 1950, sob uma

conjuntura em que o peso brasileiro na região e no mundo era incomparável com o atual.

Entretanto, na medida em que o Brasil passa pelo seu “milagre econômico” e desenvolve uma

aliança privilegiada com Washington, a situação de assimetria torna-se um traço característico da

relação entre os dois países, gerando inveja e desconfiança por parte dos argentinos (RUSSEL &

TOKLATIAN, 2011).

10

Luiz Felipe LAMPREIA, Luiz Felipe. In: “Brasil busca asumir rol en crisis venezolana tras críticas y pérdida de

liderazgo regional”, La Tercera, 14/03/2014. 11

“El canciller Luiz Alberto Figueiredo no coincide con quienes dicen que hay una diferencia ideológica entre

Mercosur y la Alianza del Pacífico” (EL MERCURIO, 30/11/2014).

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A partir da crise econômica de 2001, entretanto, o Brasil assume uma nova posição para a

política externa argentina, já que é visto como parceiro fundamental para a superação de

isolamento. A dureza da administração Bush em relação à Argentina também corroborou para que o

país se voltasse crescentemente para o Brasil. Isso não significa, entretanto, que a rivalidade tenha

desaparecido por completo. Na verdade, com a recuperação econômica do país, renasce a

ambiguidade: o Brasil é visto como ator fundamental nas relações argentinas, mas desperta

desconfiança. É nesse contexto que, em 2004, o presidente Kirchner decidiu não participar das

reuniões que deram início à Comunidade Sul-Americana das Nações (futura Unasul), por considerar

que se tratava de um instrumento criado pelo Brasil para impor seu poder na região. Os argentinos

buscavam compensar essa influência desequilibrada do Brasil, apostando na Venezuela de Hugo

Chávez como polo regional alternativo para equilibrar a hegemonia brasileira (RUSSEL &

TOKLATIAN, 2011).

A partir de 2006, se observa uma virada em direção a uma percepção mais positiva do

Brasil. Os últimos anos de governo kirchnerista foram marcados por uma nova relação entre Brasil

e Argentina – baseada no fortalecimento do Mercosul e pela participação da Argentina na Unasul.

Em 2010 o ex-presidente Néstor Kirchner alcançou a Secretaria Geral da UNASUL e, a partir daí,

desempenhou um papel central na distensão entre Colômbia e Venezuela e na rápida reação da área

ante o intento golpista no Equador. Ao mesmo tempo, reforçou-se a aproximação com a Venezuela

e o distanciamento dos EUA (MALAMUD, 2011).

Com a atual situação econômica debilitada, a Argentina volta a ter que contar com o apoio

do vizinho “gigante” para a sua estabilização. Nesse sentido, os argentinos ressentem-se da pouca

importância que o Brasil daria para a região, em comparação com seus esforços para tornar-se um

player global. Apesar dos discursos oficiais amistosos, a percepção argentina seria de que o país

estaria sendo “deixada para trás”. Assim, a liderança brasileira é reconhecida pelo vizinho mais

próximo, mas procura simetria e contrabalanço. Enquanto a Argentina mantiver aspirações

concorrenciais e medos do Brasil, a liderança brasileira permanecerá um desafio (MALAMUD,

2011).

Na pesquisa realizada nos portais online dos jornais “La Nación” e “Clarín”, foram

identificadas, ao longo de 2014, quarenta e oito (48) matérias relacionadas ao Brasil em termos de

Relações Internacionais e Defesa e Segurança.

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Relações Internacionais

La Nación 15

Clarín 22

Total 37

Internacional 12

Regional 11

Bilateral 14

Na área das relações internacionais das trinta e sete (37) matérias identificadas, doze (12)

referem-se à posição do Brasil no mundo; onze (11), à posição do Brasil na região; e quatorze (14),

às relações bilaterais entre Brasil e Argentina. Em um momento de dificuldade econômicas na, a

posição brasileira no cenário internacional foi vista como uma oportunidade pela imprensa

Argentina. Nesse sentido, o Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS é recebido pelos

argentinos como uma promessa em termos de linhas de crédito para infraestrutura e projetos de

desenvolvimento, e para o fortalecimento das reservas do Banco Central argentino, mesmo que o

banco de fomento só fique pronto em 2016. Tendo em vista a disputa argentina em relação aos

fundos “buitres”, a ideia dos BRICS de transformar o sistema financeiro, limitando a atividade de

fundos especulativos converge com os interesses da Argentina. Por outro lado, o país parece

ressentir-se de sua posição periférica em relação aos cinco países emergentes, de modo que até

mesmo rumores a respeito da inclusão da Argentina no grupo chegaram a ser noticiados pela mídia,

e depois desmentidos. Certo ressentimento com a priorização brasileira ao encontro dos BRICS a

despeito do encontro do MERCOSUL também esteve presente na mídia argentina. Em relação aos

desentendimentos entre Brasil e EUA, a Argentina deu destaque muito positivo para a reação

brasileira, sobretudo no que diz respeito à liderança na governança global para Internet.

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Em termos regionais, um dos principais assuntos noticiados pela imprensa argentina foi o

possível acordo comercial entre o MERCOSUL e a União Europeia. A negociação do acordo,

entretanto, gerou atritos entre Brasil e Argentina, já que o Brasil teria acusado a Argentina de

boicotar a assinatura do tratado. Depois de anos de negociação, o tratado continua paralisado. Em

relação à crise venezuelana, os jornais argentinos têm dado seu apoio à resolução via Unasul,

apostando em uma solução regional e não ligada a Washington, mas destacam a importância do

cuidado de não romper com a OEA. Outros artigos foram mais críticos ao diálogo venezuelano via

Unasul, afirmando que a falta de rigidez brasileira no caso evidenciaria as dificuldades do país em

consolidar-se como líder indiscutido na América Latina. Segundo essa visão, o Brasil "prefiere

siempre actuar junto con la Unasur o el Mercosur, desaprovechando oportunidades para hacer valer

su peso regional” (LA NACIÓN, 02/03/2014).

Nas relações bilaterais entre Brasil e Argentina, duas questões foram marcantes na imprensa

durante 2014: a redução acentuada no comércio bilateral, resultado da imposição de travas de

importação por parte da Argentina, sobretudo na indústria automotiva, que faz parte de um arranjo

produtivo regional; e a possibilidade de participação brasileira na negociação da dívida argentina

com os fundos abutres. Os jornais registraram que queda de mais de 28% no comércio bilateral em

2014 foi motivo de acusações12

. Os brasileiros apontam que as travas comerciais foram muito mais

pesadas para o comércio com o Brasil do que com outros parceiros argentinos, como a China. Já os

argentinos que o comércio com a Argentina é cada vez uma fatia menor das exportações brasileira,

e por isso os déficits brasileiros se devem muito mais ao comércio com a China, União Europeia e

EUA do que com a Argentina. Mesmo assim, no caso dos fundos abutres, a imprensa argentina foi

otimista em relação ao envolvimento de empresas brasileiras, que estariam dispostas a comprar

parte da dívida.

Na busca de palavras que denotam a liderança regional brasileira ou o bom posicionamento

global do país, foram encontradas entre os artigos seguintes expressões: fortalece a liderança na

região, terá maior importância no âmbito do MERCOSUL, gigante do sul, gigante sul-americano,

gigante do MERCOSUL, maior parceiro do MERCOSUL, sexta economia do mundo, líder na

governança da internet, maior economia regional, potência diplomática, um poder desconfortável

12

“De aliada privilegiada a socia problemática. Así ve la relación con Argentina buena parte del empresariado

exportador brasileño” (CLARÍN, 21/02/ 2014).

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com a sua liderança, o fim da hegemonia no comércio bilateral, se chocam com a liderança dos

Estados Unidos.

Conclusão

O objetivo deste trabalho foi ponderar algumas questões importantes no que diz respeito à

atuação do Brasil como líder regional e promotor da estabilidade no Complexo Regional de

Segurança Sul-americano. Destacamos as diferentes visões dos vizinhos, que vão desde o “gigante

egoísta” à potência regional, facilitando ou dificultando o processo de integração. Assim,

escolhemos quatro países, com importante peso no que diz respeito a questões militares da região,

para analisar as ações de cooperação com o Brasil, bem como suas diferentes percepções dessa

liderança brasileira.

Nos quatro países analisados, Colômbia, Venezuela, Chile e Argentina, destacam-se nos

últimos anos uma relativa aproximação com o Brasil. Dentre os países analisados, a Colômbia

parece aquele mais cooperativo com uma liderança brasileira, assumindo cada vez mais uma

posição sul-americana (menos dependente dos Estados Unidos). Por questões conjunturais de

fragilidade política e econômica, a Venezuela também assume uma posição cada vez mais

cooperativa com o Brasil, abdicando de planos mais conflitivos como aqueles da era Chávez. A

Argentina, eterna parceira e rival do Brasil, apresenta uma posição dúbia, tanto de reconhecimento

da importância brasileira na região, como de contestação dessa liderança através de balanceamentos

internos e externos. O Chile, por sua vez apesar de reconhecer a preponderância brasileira na região

ativamente na retórica governamental, e inclusive apoiar o Brasil em fóruns multilaterais, parece

estar também em busca de um papel de maior relevo na região e no mundo, e, por isso, não parece

disposto a aceitar plenamente a liderança brasileira.

O país em que o Brasil esteve mais presente na mídia nacional foi a Venezuela, seguida da

Argentina, principalmente pela situação política e econômica fragilizada de ambos os países, que

recorrem ao Brasil para garantir apoio em âmbito regional e global. Para o Chile e para a Colômbia

o papel do Brasil aparece mais destacado nas questões econômicas, e, é interessante notar, são os

países nos quais as questões de Defesa e Segurança aparecem com mais recorrência. No caso da

Colômbia com um viés mais cooperativo, e no caso do Chile, mais crítico.

A construção da confiança no Brasil como líder regional e como vetor fundamental de

estabilidade e desenvolvimento sul-americano depende do comportamento brasileiro, bem como da

leitura que os países vizinhos fazem desse comportamento. Assim, é fundamental contrapor a visão

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International Regional Bilateral Defense and Security

Argentina

Chile

Colombia

Venezuela

brasileira sobre região com a visão regional sobre o Brasil, a fim de verificar até que ponto essas

percepções mantém coerência. Apesar dos inegáveis avanços nas últimas décadas, de acordo com as

análises aqui apresentadas, parece imprescindível que os formuladores da política externa brasileira

deem ouvidos às demandas dos países vizinhos por um maior investimento – econômico e político –

na região.

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