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A LEITURA NOS ANOS INICIAIS: a organização do ensino em foco
Nilda Rosa Freitas Cássaro1
Maria Terezinha Bellanda Galuch2
Resumo
Resultados apresentados pelas avaliações nacionais e internacionais, cuja finalidade é produzir indicadores sobre a qualidade do ensino, têm revelado que os alunos brasileiros estão concluindo o ensino fundamental, sem desenvolver as habilidades necessárias para se constituírem como leitores competentes, condição primeira para o acesso aos bens culturais disponíveis em seu contexto sócio-cultural. Esta questão nos levou a desenvolver, no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), um estudo e proposta de intervenção pedagógica sobre a organização de atividades de leitura, considerando-se que, a compreensão, a interpretação e a reflexão são habilidades que podem ser desenvolvidas no processo de escolarização, tendo em vista ser habilidades necessárias para apropriação dos conteúdos objetivados sob a forma de textos escritos. Fundamentamo-nos em autores que defendem a escola como a instituição responsável por possibilitar às novas gerações o acesso à cultura universal.
Palavras-chave: Ensino Fundamental. Programa de Desenvolvimento educacional. Leitura. Organização do ensino.
1 Introdução
Segundo dados da Secretaria de Educação do Estado do Paraná, o
Programa de desenvolvimento Educacional (PDE) é um Programa de formação
continuada, implantado pelo Governo do Estado do Paraná no ano de 2007,
1 Professora PDE da Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná, área de Pedagogia. Especialista
em Alfabetização. 2 Doutora em educação: História, política, sociedade - PUC-SP. Professora do DTP e do programa de
Pós- Graduação em Educação - UEM.
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destinado aos professores do Quadro Próprio do Magistério-QPM da Rede Estadual
de Educação Básica do Paraná. O Programa tem duração de dois anos e se
constitui por diferentes atividades. No primeiro ano, o professor participante se
afasta de suas atividades profissionais, sem prejuízo em seus vencimentos, e
participa de cursos gerais e específicos, formação tecnológica, seminários,
inserções acadêmicas, grupos de estudos e encontros com o professor orientador
do IES (mestre ou doutor) para a elaboração de um projeto de intervenção
pedagógica e de um material didático-pedagógico, com o objetivo de buscar
estratégias para melhoria da qualidade do trabalho docente e, consequentemente,
dos processos de ensino e aprendizagem. No segundo ano do Programa, o
professor PDE retorna para sua escola de atuação com liberação de 25/% de sua
carga horária, devendo socializar o material didático produzido com os professores
da rede pública de educação no Grupo de Trabalho em Rede (GTR), em ambiente
virtual de aprendizagem, e, em seguida, proceder à implementação do Projeto de
Intervenção Pedagógica na escola de atuação. De acordo com orientações da
Secretaria de Estado de Educação do Paraná (SEED), preferivelmente, deve ser
operacionalizado em contra-turno, e supervisionado pela equipe pedagógica da
escola, Núcleo Regional de Educação (NRE), e Instituição de Ensino Superior (IES),
perfazendo um total de 32 horas. Após a implementação do material pedagógico, os
últimos seis meses do Programa são destinados à produção de artigo científico que
busca sintetizar os resultados dos estudos desenvolvidos nesse período.
Em 2010, por meio do edital nº 41/2010-DG/SEED, a SEED publicou as
instruções para a realização do Processo Seletivo Interno de Professores da Rede
Pública Estadual para a participação do Programa de Desenvolvimento Educacional
(2011-2012). As inscrições dos candidatos ao processo seletivo foram realizadas
exclusivamente via online, no Portal Educacional Dia-a-Dia Educação, em formulário
específico na página do PDE.
Neste ano, realizamos a inscrição neste Programa obtendo a classificação
para participar desta formação continuada. Após a classificação e tendo assinado o
termo de adesão ao Programa, elaboramos um Pré-Projeto, na área específica de
nossa atuação. Como professora da disciplina de Prática de Ensino do curso
Formação de Docentes, em Nível Médio, diariamente nos confrontava com questões
trazidas do campo de estágio pelas alunas: a aprendizagem insatisfatória em
relação à leitura e interpretação de texto de alunos do ensino fundamental. Portanto,
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elaboramos uma proposta de trabalho motivada por estes problemas. Nosso projeto
inicial procurava refletir sobre o processo de leitura, no sentido de sistematizar
atividades que pudessem contribuir para os alunos se apropriarem dos conteúdos
dos textos.
Alicerçados na fundamentação teórico-prático dos cursos ofertados pela IES
– SEED e, principalmente por estudos organizados nos encontros de orientação,
encontramos na perspectiva Histórico-Cultural, elementos relevantes para a
compreensão da função da escola e dos fenômenos envolvidos nos processos de
ensino e aprendizagem. Dessa forma, propusemo-nos a elaborar um material
didático-pedagógico cujo objetivo foi o de refletir sobre a organização de atividades
de leitura e interpretação para os anos iniciais do Ensino Fundamental.
O material didático-pedagógico foi sistematizado em cinco unidades. Na
primeira unidade buscamos compreender a função social da escola no decorrer da
história. Na segunda unidade, elegemos como tema norteador o papel mediador dos
instrumentos e dos signos, tendo em vista que estes signos são os instrumentos
fundamentais para o desenvolvimento do pensamento. Na terceira unidade
dedicamo-nos à reflexão sobre a aprendizagem como possibilidade de
desenvolvimento. A quarta unidade foi reservada para a discussão da importância
da leitura no processo de aquisição do conhecimento. A quinta e última unidade
destinou-se à produção de atividades para leitura de um texto, partindo do princípio
de que a função da escola é a de ensinar conteúdos. Portanto, o foco na
apropriação do conteúdo do texto.
A intervenção pedagógica teve início em outubro de 2011, tendo sido
finalizada em novembro desse mesmo ano, em uma escola da rede pública de
ensino, no Município de Maringá – PR, cujos participantes foram alunos do terceiro
ano do Curso de Formação Docente em Nível Médio.
A escolha do público-alvo deveu-se ao fato de que na disciplina de Prática
de Formação os alunos realizam atividades obrigatórias de observação, participação
e docência nos anos iniciais do ensino fundamental, ministrando os conteúdos
científicos das diversas áreas do saber.
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2 Situando o problema: leitura e interpretação no ensino fundamental
Avaliações nacionais e internacionais, como a Avaliação Nacional do
Rendimento Escolar – Prova Brasil, que buscam produzir indicadores sobre a
qualidade da educação básica, apresentam resultados que evidenciam que o
aprendizado em leitura e interpretação dos alunos brasileiros não corresponde ao
esperado para os anos iniciais do ensino fundamental (BRASIL, 2008; 2009). Esses
resultados revelam que a universalização do acesso à educação básica não tem
sido acompanhada por um ensino de qualidade, isto é, a escola como instituição
social não tem garantido aos alunos que a frequentam o desenvolvimento das
capacidades de ler, escrever e interpretar.
Mas qual a função histórico-social da escola? Se quisermos compreender a
função da escola na sociedade atual, há que se entender a função que exerceu no
decorrer da história.
3 Função social da escola: elementos para reflexão
Tomando-se por base os pressupostos da Teoria Histórico-Cultural,
compreende-se que o homem se humaniza nas relações que estabelece com o
outro e com o ambiente sociocultural, mediados por instrumentos físicos e
simbólicos. Isso significa dizer que cada sujeito tem seu desenvolvimento atrelado
às condições sócio-históricas, às relações que estabelece no decorrer de sua vida.
Segundo Rego (2007, p. 57-58), Vygotsky, um dos principais
sistematizadores dessa Teoria, enfatiza que, “a estrutura fisiológica humana, aquilo
que é inato, não é suficiente para produzir o indivíduo humano, na ausência de seu
ambiente social”. As características individuais (modo de agir, de pensar, de sentir,
os valores, os conhecimentos, a visão de mundo) dependem da interação do ser
humano com o meio físico e social. Nas relações que estabelece desde seu
nascimento com o outro e com a realidade objetiva, o indivíduo vai se apropriando
dos bens culturais disponíveis em seu contexto social e, por isso, se humaniza.
Como este processo acontece? Vale destacar que embora os sujeitos se
humanizem pela apropriação dos conhecimentos, valores, formas de ser, pensar e
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agir dos demais membros de seu grupo, este processo – educação – nem sempre
se realizou em instituições criadas para essa finalidade.
A instituição escolar da forma como é concebida hoje, por exemplo, nem
sempre existiu. Na comunidade primitiva a “educação não estava confiada a
ninguém em especial, e sim à vigilância difusa do ambiente” (PONCE, 1983, p. 18).
Não havia na comunidade primitiva um sujeito responsável pela socialização
dos conhecimentos elaborados. Todos os adultos ensinavam os mais jovens, que
aprendiam nas interações estabelecidas com o grupo, nos afazeres diários,
observando, e imitando os mais velhos. Desse modo, “as crianças se impregnavam
das ideias e dos sentimentos elaborados pelas gerações anteriores e submergiam
de maneira irresistível numa ordem social que as influenciava e as moldava”
(PONCE, 1983, p. 21). A educação ocorria de modo espontâneo, em todos os
espaços da comunidade, ou seja, a vida, o trabalho e a educação se constituíam em
processos inseparáveis.
De acordo com Ponce (1983),
[...] este conceito de educação, como uma função espontânea da sociedade, mediante a qual as novas gerações se assemelhavam as mais velhas era adequado a comunidade primitiva, mas deixou de sê-lo à medida que esta foi lentamente se transformando em uma sociedade de classes (PONCE,1983, p. 22).
A organização social homogênea, característica da comunidade primitiva, vai
se modificando à medida que se efetiva a divisão social do trabalho: trabalho manual
e trabalho intelectual. O desenvolvimento de novas técnicas de produção, a
domesticação dos animais, a comercialização da produção do excedente
favoreceram a uma pequena parcela da população, a apropriação privada das terras
e dos meios de produção, trazendo como consequência o aparecimento das classes
sociais e, consequentemente, da hierarquia social. Assim, o saber não poderia mais
ser socializado de forma assistemática para toda coletividade. Surge, portanto, a
escola.
Sobre esse processo, Saviani (2007) afirma que,
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[...] essa divisão dos homens em classes irá provocar uma divisão também na educação. Introduz-se, assim, uma cisão na unidade da educação, antes identificada plenamente com o próprio processo de trabalho. A partir do escravismo antigo passaremos a ter duas modalidades distintas e separadas de educação: uma para a classe proprietária, identificada como a educação dos homens livres, e outra para a classe não-proprietária, [...] a primeira centrada nas atividades intelectuais, na arte da palavra e nos exercícios físicos de caráter lúdico ou militar. E a segunda, assimilada ao próprio processo de trabalho. A primeira modalidade de educação deu origem à escola [...] desenvolveu-se, a partir daí, uma forma específica de educação (SAVIANI, 2007, p. 155).
Nesse trecho, pode-se perceber que educação e trabalho, na comunidade
primitiva, eram dois processos interligados, cuja dissociação ocorre mediante a
divisão da sociedade em classes, portanto, fica explícito o caráter sócio-histórico do
processo educativo, quer dizer, o modo pelo qual os homens se organizam para a
produção de sua existência é determinante da especificidade da educação.
Nesse contexto, a escola passa “a desempenhar uma função que não podia
mais ser desempenhada satisfatoriamente pela tradição oral, nem pela imitação dos
adultos” (PONCE, 1983, p. 49).
Referindo-se a esse processo, Manacorda (2006, p. 17) afirma que a
educação institucionalizada, sistemática, organizada, tem sua origem no antigo
Egito, onde os “conteúdos e objetivos do ensinamento”, já definiam a finalidade da
educação, configurando-se na preparação para a vida política, priorizando o
desenvolvimento de habilidades “tanto intelectual (o falar bem) como física (a
natação)”. Constituía-se uma educação para os futuros governantes e para os
nobres, diferenciada da educação dos governados, para os quais bastava o
desenvolvimento de habilidades para o trabalho manual.
Segundo Manacorda (2006, p.41), na Grécia, havia a “separação dos
processos educativos, [...] para os governantes uma escola [...] e para os
governados treinamentos para o trabalho”. O ideal Grego de educação baseava-se
na formação do cidadão da pólis. Em Atenas, predominou uma formação que „aliava
corpo‟ e mente, dando maior ênfase à formação intelectual. Ao contrário de Atenas,
em Esparta, o ideal educativo pautava-se na busca da perfeição física; o objetivo,
então, era a formação do jovem guerreiro, isto é, do soldado. Na Idade Média, sob o
domínio da Igreja, a função da educação deixa de ser a formação intelectual e física
do cidadão, passando a ser “a preparação dos restritos quadros dirigentes
(intelectuais). Nesse contexto, as funções manuais não exigiam preparo escolar”
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(SAVIANI, 2007, p. 158). Já, na modernidade, as transformações no mundo do
trabalho demandam a formação de um novo homem. Nessa nova formação, “o
domínio de uma cultura intelectual, cujo componente mais elementar é o alfabeto,
impõe-se como exigência generalizada a todos os membros da sociedade”
(SAVIANI, 2007, p.158). Ler e escrever passam a ser o requisito básico para o
trabalho nesta sociedade capitalista que se instaura.
E na atualidade que função foi delegada à escola?
No final do século XX, uma nova reestruturação do processo produtivo,
desencadeado pelas transformações tecnológicas e pela globalização, redimensiona
a especificidade da educação escolar.
Para Saviani (2008, p. 427), “a crise da sociedade capitalista que eclodiu na
década de 1970, [...] conduziu a reestruturação dos processos produtivos,
revolucionando a base técnica da produção e conduzindo, à substituição do modelo
fordismo pelo toyotismo”.
Essa nova reconfiguração da organização do processo produtivo, que se
“fundamenta na flexibilidade, tanto dos processos de trabalho envolvidos na
produção como dos produtos e padrões de consumo” (GALUCH; SFORNI, 2011, p.
56), passa a requisitar dos sujeitos novas aptidões, que se diferem das consagradas
no modelo de administração fordista/taylorista. Todavia, trata-se de uma formação
que busca a adaptação dos sujeitos às demandas do mercado e não uma formação
cuja preocupação seja o desenvolvimento das funções complexas do pensamento.
Galuch e Sforni (2011) dizem que:
Enquanto a produção taylorista/fordista necessitava de sujeitos disciplinados, com capacidades para a execução de tarefas repetitivas, a produção de base toyotista requer sujeitos que executam múltiplas tarefas e encontrem soluções para diferentes problemas (GALUCH; SFORNI, 2011, p. 58).
Se no modelo de gestão fordista/taylorista, a disciplina rígida, a repetição de
tarefas, a padronização da atividade e a especialidade na função eram habilidades
indispensáveis ao trabalhador, em oposição a este modelo, na acumulação flexível
as competências exigidas são outras. O trabalho em equipe, visão de conjunto,
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capacidade de liderança, empreendedorismo, autonomia, competitividade e
flexibilidade, constituem-se em capacidades necessárias a serem desenvolvidas
pelos indivíduos para que possam assegurar a sua participação no processo
produtivo.
As habilidades, requisitadas do indivíduo pelos “novos padrões de
produtividade e competitividade, impostos pelo avanço tecnológico, está levando à
redescoberta da educação como componente essencial das estratégias de
desenvolvimento” (MELLO, 1991, p. 8).
Assim, a reorganização do processo produtivo passa a exigir também a
reestruturação do sistema educacional, visando atender às novas exigências em
termos de habilidades e conhecimentos requisitados pelo mercado para esse novo
trabalhador. Para atender a essa nova demanda mercadológica, que formação os
documentos que orientam as propostas educacionais têm requisitado que a escola
ofereça?
Para Libâneo (2012), as políticas oficiais implantadas no Brasil, após a
década de 1990, estão em consonância com as políticas neoliberais recomendadas
pelos organismos internacionais, para os países emergentes, originariamente pela
“Declaração Mundial sobre Educação para Todos”, documento aprovado na
Conferência Mundial sobre a Educação para Todos, realizada em Jomtien na
Tailândia no ano de 1990, que estabeleceu ações e metas para a promoção de
reformas nos sistemas de ensino, que deveriam ser implementadas pelos governos
dos países emergentes face às exigências da nova ordem mundial.
No Brasil, o Plano Decenal de Educação para Todos (1993-2003), elaborado
pelo Ministério de Educação e Cultura para educação básica, alinha-se às propostas
recomendadas pelos organismos internacionais para o “novo milênio”, e contemplam
os objetivos, as estratégias e os princípios dela decorrentes.
Ao analisarem este processo, Galuch e Sforni (2011, p. 60) dizem que tanto
na elaboração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Brasileira (LDB) -
(LEI 9394/1996) - como na dos Parâmetros Curriculares Nacionais “[...] essas
concepções foram claramente incorporadas como norteadoras da organização do
ensino”.
Ainda, segundo as autoras acima citadas,
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A organização desses documentos marcou o ingresso do Brasil no contexto de globalização das políticas públicas educacionais. [...] A formação almejada mantém consonância com a defendida no Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI – conhecido como Relatório Jacques Delors – para os países em desenvolvimento. Portanto, a criação desses Parâmetros e Referenciais significa que uma nova perspectiva teórico-metodológica passa a balizar os debates sobre os conteúdos escolares e os processos de ensino e aprendizagem (GALUCH; SFORNI, 2011, p. 56).
Para Sforni (2010), nos documentos oficiais enfatiza-se que a função da
escola é a formação para a cidadania, o que acaba tirando o foco do ensino do
conhecimento sistematizado para valorizar a realidade do aluno. Assim, escreve a
autora:
[...] a defesa da formação para cidadania como a finalidade da escola tem sido fundamentada na ideia que as práticas educacionais comprometidas com a transformação social são aquelas que trazem a realidade do aluno para a sala de aula, que buscam desenvolver nos estudantes valores de solidariedade, justiça social e participação política. Neste caso a escola deve preparar o aluno para resolver problemas práticos, para realizar ações com o foco na responsabilidade social, na criatividade e na criticidade. Os conteúdos ensinados na escola devem estar em consonância com as questões sociais [...] (SFORNI, 2010, p. 98-99).
Esse novo objetivo da educação, expressos nos documentos oficias, que
orientam a organização do ensino após os acordos internacionais, tendem a
privilegiar um ensino pautado na formação de valores, de atitudes e de
solidariedade. Nesse sentido, “as práticas pedagógicas fundamentadas nessas
orientações põem em primeiro plano o desenvolvimento de valores, competências
[...] em detrimento da aprendizagem de conteúdos sistematizados”. (GALUCH;
SFORNI, 2011, p.14).
Sforni (2010) ressalta que,
Embora essa tendência não negue a importância dos conteúdos disciplinares, indiretamente eles são desvalorizados à medida que lhe é atribuído um papel secundário na prática pedagógica (SFORNI e GALUCH, 2006). Os conteúdos clássicos, próprios de cada disciplina que compõe o currículo, passam a ser qualificados como estáticos, conservadores, fora da
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realidade do aluno, livrescos, monoculturais, elitistas, ultrapassados (SFORNI, 2010, p. 99).
Diferentemente desta perspectiva que privilegia um ensino voltado para a
formação de sujeitos tão somente bem ajustados às demandas do mercado, há
autores, e por isso os tomamos como referência, que postulam que a função da
escola é a de promover o desenvolvimento das funções psicológicas superiores. E
como isso ocorre? Para eles, o desenvolvimento é um processo decorrente da
aprendizagem, ou seja, não há desenvolvimento por transmissão hereditária, pois
não se trata de um processo biológico. Portanto, à medida que a escola possibilita
ao aluno a apropriação dos conhecimentos sistematizados das diferentes áreas do
currículo escolar, está dando as condições necessárias para o desenvolvimento das
funções complexas do pensamento: atenção, memória, raciocínio, sentimentos,
imaginação, linguagem, abstração e generalização.
Sforni (2010) oferece a seguinte explicação:
Essa perspectiva de formação diferencia-se, substancialmente, da defesa de formação para a cidadania, presentes nos PCNs. Essa diferença manifesta-se principalmente na compreensão do conteúdo que é considerado relevante na atividade de ensino. Na abordagem histórico-cultural a ação educativa tem como foco principal a promoção da aprendizagem conceitual e não a aprendizagem de valores e de atitudes para a ação imediata do sujeito no seu cotidiano (SFORNI, 2010, p. 99).
Nessa linha de raciocínio, podemos dizer que a escola exerce papel
fundamental no desenvolvimento das funções complexas do pensamento, ao
promover a aprendizagem conceitual.
Young (2007, p. 1296), denomina o conhecimento transmitido pela escola de
“conhecimento poderoso” e assegura que as escolas existem para “capacitar jovens
a adquirir o conhecimento que, para a maioria deles, não pode ser adquirido em
casa ou em sua comunidade”. Essa ideia não se difere da defendida por Saviani
(1991), segundo o qual,
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É a exigência de apropriação do conhecimento sistematizado por parte das novas gerações que se torna necessária a existência da escola. [...] a escola existe, pois, para propiciar a aquisição dos instrumentos que possibilitam o acesso ao saber elaborado (ciência), bem como o próprio acesso aos rudimentos desse saber. [...] Daí que a primeira exigência para o acesso a esse tipo de saber é aprender a ler e escrever (SAVIANI, 1991, p. 15).
Para esse autor, a especificidade da educação formal é garantir ao
educando a aquisição do saber sistematizado, construído e elaborado pela
humanidade no decorrer da história e sistematizados sob a forma de signos
(palavras, conceitos, mapas, fórmulas, desenhos, etc.).
Considerando-se que o conhecimento produzido pela humanidade está
sistematizado sob a forma de signos (instrumentos simbólicos), consideramos
necessária a reflexão sobre o papel mediador destes instrumentos.
4 Instrumentos simbólicos: base do desenvolvimento do pensamento
Para o materialismo histórico, o trabalho é o fator principal do processo de
humanização. Pelo trabalho, o homem se diferencia dos demais animais, à medida
que cria instrumentos com os quais se relaciona com a natureza. Nessa relação,
transforma a natureza e a si próprio, diferentemente dos animais que mantêm uma
relação direta com a natureza, cujas ações e reações são determinadas pelos
instintos de sobrevivência. Os homens, além de retirar da natureza o necessário
para satisfazer suas necessidades físicas e materiais a transformam, e “[...] através
de suas transformações faz com que a natureza sirva a seus propósitos, dominando-
a” (COLE; SCRIBNER, 1989, p. 08).
No processo do trabalho, os homens desenvolvem e aprimoram
instrumentos, constituem coletivamente códigos de conduta, normas e valores, isto
é, cria a cultura. Os instrumentos físicos dão aos homens condições de ampliar suas
ações externas, por exemplo, uma faca possibilita que a tarefa de descascar uma
fruta seja facilitada.
Tal como temos os instrumentos físicos, Vygotsky (1989) diz que temos os
instrumentos simbólicos, todavia orientando ações diferentes. Enquanto os
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instrumentos físicos orientam as ações externas, os instrumentos simbólicos
orientam as ações psicológicas, ampliando a atenção, percepção, memória, etc. Isso
mostra que a relação que os homens estabelecem com a realidade objetiva não se
dá de forma direta, mas mediada pelos instrumentos físicos e pelos signos.
[...] o instrumento, que tem como função regular as ações sobre os objetos e os signos que vão regular as ações sobre o psiquismo das pessoas [...] a invenção desses elementos mediadores significou um salto evolutivo na espécie humana [...] embora diferentes estão mutuamente ligados ao longo da evolução da espécie humana e do desenvolvimento de cada indivíduo (REGO, 1995, p. 50-51).
Pode-se dizer que os instrumentos físicos, são todos os objetos externos e
materiais, criados e produzidos pelos homens nas relações sociais estabelecidas
historicamente e utilizados para promover e ampliar a realização de suas atividades
técnicas e intelectuais.
Os homens, além da capacidade de criar estes objetos mediadores,
propositalmente o conservam para o uso futuro, aperfeiçoam, e transmitem para os
membros de seu grupo social o processo de fabricação e as formas de utilização.
Para Oliveira (1997, p. 29), “o instrumento é um elemento interposto entre o
trabalhador e o objeto de seu trabalho, ampliando as possibilidades de
transformação da natureza [...]”. Portanto, o instrumento é um objeto de natureza
social, que medeia a ação do homem com o mundo.
Os instrumentos materiais auxiliam e potencializa a ação prática do homem
sobre a natureza; por sua vez, os signos são ferramentas psicológicas que vão
possibilitar a representação mental desta mesma ação. Sobre o signo, Oliveira
(1997) escreve:
Age como um instrumento da atividade psicológica, de maneira análoga ao papel de um instrumento de trabalho [...] também chamados por Vigotski de instrumentos psicológicos, são orientados para o próprio sujeito, para dentro do indivíduo; dirigem-se ao controle das ações psicológicas, seja do próprio indivíduo, seja de outras pessoas. São ferramentas que auxiliam nos processos psicológicos e não nas ações concretas das pessoas (OLIVEIRA, 1997, p. 30).
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Os homens desenvolvem e utilizam signos, com os quais são capazes de
representar mentalmente objetos, coisas, fenômenos e regras. Essa capacidade que
o homem tem de simbolizar é constituída em um ambiente histórico-cultural, ou seja,
por estar inserido em um contexto social em constante interação com pessoas mais
experientes, mediados por signos, o sujeito vai se apropriando “das formas de
comportamento fornecidas pela cultura, num processo em que as atividades
externas e as funções interpessoais transformam-se em atividades internas,
intrapsicológicas” (OLIVEIRA, 1997, p.38). Com essas apropriações constantes, as
funções básicas elementares vão se transformando em funções psicológicas
superiores, isto é, com a mediação do outro e do mundo, o biológico vai sendo
superado pelo cultural.
Nesse sentido, pode-se afirmar que duas mudanças ocorrem com o uso dos
signos ao longo do processo de desenvolvimento histórico da humanidade e,
consequentemente do sujeito: a primeira é que, na medida em que o homem
interage com o outro e com mundo, sua atividade antes direta, transforma-se em
processos mentais internos de mediação. Vygotsky (1989) denomina este processo
de internalização.
Ao longo do processo de desenvolvimento, o indivíduo deixa de necessitar de marcas externas e passa a utilizar signos internos, isto é, representações mentais que substituem os objetos do mundo real. [...].Os signos internalizados são como as marcas exteriores, elementos que representam objetos, eventos situações. [...] A própria ideia de que o homem é capaz de operar mentalmente sobre o mundo – isto é, fazer relações, planejar, comparar lembrar, etc. – supõe um processo de representação mental. Temos conteúdos mentais que tomam o lugar dos objetos, das situações e dos eventos do mundo real (OLIVEIRA, 1997, p. 35).
A segunda mudança diz respeito ao desenvolvimento da linguagem. Para
Rego (1995) a linguagem é:
[...] entendida como um sistema simbólico fundamental de todos os grupos humanos, elaborado no curso da história social, que organiza os signos em estruturas complexas e desempenha um papel imprescindível na formação das características psicológicas humanas (REGO, 1995, p. 53).
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A linguagem é um sistema simbólico mediador na relação entre os grupos
sociais e a realidade objetiva. É, nas relações sociais historicamente estabelecidas
que os homens construíram e desenvolveram a capacidade de representar
simbolicamente o mundo exterior. Mas o homem só desenvolve esta capacidade
essencialmente humana, se estiver inserido em um contexto sócio-cultural que lhe
permita a apropriação desses elementos através das interações com os outros
elementos de seu grupo.
Segundo autores da Teoria Histórico-Cultural, a linguagem desempenha três
grandes funções. A primeira é possibilitar ao homem a faculdade de reconstruir
internamente uma operação externa, isto é, de representar mentalmente os objetos,
conteúdos do mundo exterior. A segunda função da linguagem é a de “intercâmbio
social”, ou seja, utilizamos a linguagem para nos comunicar, para transmitir e
internalizar as experiências e informações legadas pelas gerações anteriores. É
através da linguagem que o indivíduo se apropria do aparato cultural, construindo e
reconstruindo novos sistemas simbólicos individuais, “[...] é para se comunicar com
seus semelhantes que o homem cria e utiliza os sistemas de linguagem [...] e se
apropria dos conhecimentos historicamente construídos e acumulados pela
humanidade ao longo de sua história” (OLIVEIRA, 1997, p.43). A terceira e mais
importante função é a de generalização: “[...] através da linguagem é possível
analisar, abstrair, e generalizar as características dos objetos, eventos situações
presentes na realidade” (REGO, 1995, p.53). É essa função característica da
linguagem que possibilita ao indivíduo a passagem do plano concreto ao plano
simbólico.
Assim, os signos são mediadores de natureza simbólica e materializam-se
nas palavras, conceitos, códigos, fórmulas, isto é, nos sistemas de sinais
convencionados e utilizados socialmente pelos homens.
Para Sforni e Galuch (2009),
[...] esses instrumentos simbólicos - em diferentes níveis de aprofundamento – são os conteúdos curriculares. Essas ferramentas psicológicas estão objetivadas em diferentes formas de representação, dentre outras, na linguagem escrita, nas fórmulas matemáticas, nas fórmulas químicas e físicas, na cartografia nos desenhos (SFORNI; GALUCH, 2009, p. 81).
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Portanto, quando se fala em conteúdo escolar, fala-se também em
instrumentos simbólicos, justamente, os elementos que possibilitam aos sujeitos
uma relação mediada com a realidade objetiva.
Se os instrumentos simbólicos são os elementos que possibilitam o
desenvolvimento do pensamento, há que se pensar que está na aprendizagem dos
conceitos das diferentes áreas do conhecimento esta possibilidade de
desenvolvimento.
5 Aprendizagem como possibilidade de desenvolvimento
Tendo como premissa que é a aprendizagem que impulsiona o
desenvolvimento, Palangana, Galuch e Sforni (2002) destacam a importância de
uma prática pedagógica comprometida com o desenvolvimento intelectual do aluno.
[...] um ensino que apenas se utiliza de capacidades e conceitos já formados não faz sentido. O ensino só se justifica se for capaz de produzir a formação de novas capacidades, principalmente, de análise (abstração) e síntese (generalização) junto à aprendizagem de novos conceitos, incidindo, assim, sobre a forma e conteúdo do pensamento do aluno [...] o que deve desafiar o professor não são as atividades que nas quais os alunos desempenham sozinhos com declarada competência, pois essas pouco ou nada acrescentam ao desenvolvimento. Cabe a eles, isto sim, preocuparem e ocuparem-se com os conteúdos, as atividades, nas quais o desempenho do aluno depende de mediação, de ensino. [...] Não um ensino mecanicista, naturalizado e enciclopédico. Está-se falando de um ensino que promova à reflexão, a analise, a síntese (PALANGANA; GALUCH; SFORNI, 2002, p.119).
Desse modo, um ensino pautado em conceitos já concretizados pelo aluno
não contribui para o desenvolvimento das capacidades mentais. Para isso, cabe ao
professor intervir nesse processo, promovendo situações desafiantes, orientando na
resolução das tarefas. Assim, contribuirá para que novas funções mentais sejam
consolidadas e novos mecanismos sejam ativados.
Para essa abordagem teórica, a escola é o lócus do conhecimento
sistematizado, espaço onde a cultura é socializada, portanto, espaço de
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aprendizagem e desenvolvimento. Vygotsky (1998) considera a existência de dois
tipos de conceitos: os conceitos espontâneos e os conceitos científicos. Para este
autor, ao ingressar na escola, a criança traz consigo experiências culturais,
particulares que foram adquiridas ao longo de sua vida de forma não intencional,
mediada pelo contato com seus familiares, com o grupo ou através das observações
e imitação. Esta bagagem, assimilada no cotidiano, deve ser o ponto de partida para
a apropriação dos conceitos científicos, que não estão à disposição do indivíduo
aleatoriamente, são, necessariamente, adquiridos em situações formais de ensino e
pressupõem a mediação do professor, portanto, “[...] para que sejam adquiridos é
preciso que a consciência do sujeito lhes seja intencionalmente dirigida. Caso
contrário, corre-se o risco de não haver apropriação do conceito e de se manter na
superficialidade dos fenômenos” (GALUCH; SFORNI, 2006a, p. 116).
Sobre esta questão, Sforni e Galuch (2006b) apresentam a seguinte
reflexão:
Sabe-se que ao ingressar na escola, o aluno possui um saber espontâneo, adquirido nas experiências vividas em diferentes situações e espaços sociais. A escola trabalha com o conhecimento científico e, ao transmitir determinado conteúdo, transmite também, formas de pensar, analisar reelaborar e agir. É importante ressaltar, ainda, que para se posicionar, conscientemente, diante de qualquer fato, fenômeno ou conceito, é imprescindível o saber sistematizado. É difícil, porque não dizer impossível, o aluno emitir opiniões que ultrapassem o conhecimento empírico, imediato, se os conceitos espontâneos, que ele adquiriu em situações de sua vida cotidiana, forem tomados como pontos de partida e de chegada (SFORNI; GALUCH, 2006b, p.153).
A finalidade do ensino é o desenvolvimento do pensamento, sendo este, um
dos fatores mais importantes para o sucesso escolar.
[...] O ensino em nossas escolas não pode limitar-se a transmitir ao discípulo determinados conhecimento, a formar um mínimo de aptidões e hábitos. Sua tarefa é desenvolver o pensamento dos alunos, a sua capacidade de analisar e generalizar os fenômenos da realidade, de raciocinar corretamente, numa palavra, desenvolver no „todo‟, as faculdades mentais. O desenvolvimento do pensamento lógico é um dos fatores mais importantes do sucesso escolar. Todavia isto não significa que qualquer ensino contribua para garantir esse desenvolvimento (KOSTIUK, 2003, p. 25).
17
Considerando que não é qualquer ensino promove o desenvolvimento
intelectual do aluno, Sforni (2004) nos diz que Vygotsky,
[...] quando fala em bom ensino, não se refere a qualquer ensino, mas àquele que se „adianta ao desenvolvimento‟, ao „bom ensino‟ [...] destaca que „uma correta organização da aprendizagem da criança conduz ao desenvolvimento mental (SFORNI, 2004, p. 03).
Alicerçadas na abordagem Histórico-Cultural, Cruz, Galuch e Sforni
defendem práticas educativas que favoreçam a aquisição da linguagem escrita,
como a condição primeira para o acesso ao saber sistematizado. Para que o aluno
se aproprie deste instrumento é necessário um ensino intencionalmente organizado.
O domínio da leitura possibilita ao sujeito o acesso aos bens culturais disponíveis
em seu meio social, bem como o desvelamento de sua realidade material, podendo
instrumentalizá-lo para que possa transitar com mais liberdade, avaliando, refletindo
e intervindo no seu contexto social.
Portanto, falar na aprendizagem da leitura e escrita implica organizar
situações em que a atenção da criança esteja voltada para esta finalidade. A leitura
é mais do que a decodificação, envolve a atribuição de sentido e significado, ou seja,
envolve a compreensão, a interpretação e a reflexão. Todavia, estas são etapas que
exigem um direcionamento do professor, exige a organização de situações de leitura
em todas as áreas do conhecimento em que as atividades levem o aluno a
compreender a ideia do autor, os conceitos presentes para, então, chegar ao
estabelecimento de relações com outros textos, outros conteúdos.
6 A leitura como possibilidade de apropriação do conteúdo do texto
Vivemos em uma sociedade letrada, onde o domínio da habilidade de leitura
é fundamental para que o indivíduo se aproprie dos bens culturais produzidos pela
humanidade e disponíveis em seu meio social. Nesse contexto, a educação formal
“exerce um papel especial na possibilidade de inserção do homem na coletividade
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como cidadão pleno, sendo ela considerada a maior responsável pela construção
das bases do pensamento psíquico”. (SFORNI, 2004, p.02).
É fato considerar que o ato de ler não é apenas reconhecer as letras do
alfabeto, ou de reconhecer palavras e tentar adivinhar o seu significado, ou o sentido
do texto. É mais que isso. Segundo Cabral (apud MENEGASSI, 2005), este é o
processo de decodificação, primeira fase do processo de leitura, que vem seguida
da compreensão, interpretação e da retenção.
No processo de leitura, essas fases ocorrem concomitantemente, porém,
cada uma delas tem suas peculiaridades, por exemplo: o processo de leitura se
inicia pela decodificação “mas o simples reconhecimento de letras e sua ligação com
significado não implica em leitura” (MENEGASSI, 2005, p. 87). Segundo este autor,
“para ser considerada como uma etapa no processo de leitura deve ser aliada à
compreensão, iniciando o processo de apreensão de significados”.
A compreensão é a fase posterior à decodificação, e para atingi-la se faz
necessário que o leitor reconheça as regras gramaticais da língua, a estrutura
textual, as ideias centrais e secundárias e as temáticas do texto; é necessário,
também, que possua conhecimentos prévios sobre o assunto, para relacioná-los
com as novas informações adquiridas do texto e, assim, construir novas
significações.
Sem compreensão não haverá interpretação, pois a “interpretação é a fase
de utilização da capacidade crítica do leitor, o momento em que faz julgamentos
sobre o que lê” (CABRAL 1986, apud MENEGASSI, 2005, p. 88). Nesse momento, o
leitor avalia o que lê, utilizando-se de conhecimentos já adquiridos, emite juízos de
valor, projeta novas ideias, ressignifica e, consequentemente, adquire novos
conhecimentos.
A retenção, último passo “do processo de leitura é responsável pelo
armazenamento das informações mais importantes na memória de longo prazo”
(CABRAL, 1986 apud MENEGASSI, 2005, p. 88). É o resultado da interpretação e
se apresenta em dois níveis: o primeiro ocorre mediante a compreensão do texto e
do tema pelo leitor; o segundo, mediante a interpretação.
Considerando-se, como afirmado anteriormente, que o desenvolvimento das
formas superiores do pensamento ocorre por meio da apropriação dos instrumentos
simbólicos. Para que o sujeito se aproprie dos bens culturais que estão
sistematizados na escrita é necessário o domínio dos códigos linguísticos
19
socialmente convencionados pela cultura, portanto, “[...] a leitura e a escrita são as
chaves para o acesso ao saber sistematizado e a apropriação desse saber é
condição para o desenvolvimento humano [...]” (SFORNI; GALUCH, 2009, p.08).
7 Organizando atividades de leitura
Quando o professor, ao planejar a sua aula, decide pelo estudo de um
determinado texto, ele o faz tendo em vista os conceitos tratados pelo material
escolhido. Todavia, a apropriação destes conceitos pelo aluno depende das ações
que serão desenvolvidas, o que necessariamente envolve a sistematização,
orientação, planejamento, tomada de decisões pelo professor.
Quando se trata do trabalho com um texto, é necessário que o professor
tenha clareza do objetivo a ser atingido com a leitura. Isso requer um estudo prévio
do texto, para a compreensão de todos os conceitos envolvidos, das possibilidades
de relações com outros conteúdos, da relação com conceitos já trabalhados.
Que tipo de atividade priorizar? Que pergunta é importante o aluno
responder sobre o texto? Pensando nesta questão, apresentamos uma reflexão
sobre um possível trabalho com o texto “O MANGUE”, de autoria de Carlos Barros e
Paulino Wilson, publicado no Livro Didático de Ciências: O meio ambiente, destinado
a alunos do 5º ano do ensino fundamental.
O roteiro de estudos que elaboramos como parte das atividades do PDE, foi
a última unidade implementada no processo de intervenção pedagógica. Como se
tratavam de alunos que estavam em processo de formação para a atuação nos anos
iniciais do ensino fundamental, enfatizamos a forma como poderiam aplicar na
prática de docência estas atividades.
É importante destacar que ao iniciar o estudo de um texto é necessário
realizarmos um levantamento prévio dos conhecimentos que os alunos têm sobre o
assunto. Isso fará com que busquem no texto respostas para as possíveis dúvidas
que possuem, encontrando no conteúdo do texto o motivo para a leitura (SOLÉ,
1998; MENEGASSI, 1995; 2005).
20
Ao iniciarmos essa atividade de leitura, solicitamos aos alunos que
observassem o título, pois a leitura de um texto envolve a compreensão do próprio
título e, geralmente, ele diz muito sobre o assunto que será tratado.
Entregamos aos alunos uma tabela constando algumas palavras extraídas
do texto, como Mangue, Ambientes, Regiões Tropicais, Deposição, Gás Oxigênio,
Movediço, Biomas, Alta Salinidade, Ambientes de Água Doce/Marinho/Terrestres,
Detritos Orgânicos, para que sublinhassem as palavras que desconheciam o
significado e, em seguida, registrassem o significado dos termos empregados pelo
autor. Este é o momento da leitura em que são acionados os conhecimentos
prévios, bem como as dúvidas sobre palavras empregadas pelo autor.
Tomamos esta decisão mediante as palavras de Palangana, Galuch e Sforni
(2002) para as quais os:
[...] conhecimentos prévios e espontâneos são transmitidos informalmente nas interações firmadas diariamente com as pessoas do seu grupo imediato e/ou por intermédio dos meios de comunicação. Por serem formados em situações cotidianas, de maneira imediata, e valendo-se da observação ou manipulação, os conceitos espontâneos são essencialmente empíricos e vinculados a traços sensoriais, dados diretamente pelo objeto, por isso nem sempre este saber contextualiza os fatos, nem sempre se constitui numa via de compreensão das próprias experiências vividas. Espera-se, portanto, que a escola trabalhe com conhecimentos que ultrapassem as impressões /explicações imediatas (PALANGANA; GALUCH; SFORNI, 2002, p.117).
Nesse sentido, os conceitos internalizados pelo aluno, que foram adquiridos
nas interações sociais, no contato com o outro de seu grupo, ou formalmente na
escola e que fazem parte de seu repertório pessoal e com os quais interpreta a sua
realidade, devem ser o ponto de partida do trabalho desenvolvido no processo de
escolarização.
Após o registro dos termos, estimulamos o diálogo e a interação verbal com
o grupo, para que socializassem as previsões formuladas. Recomendamos que
consultassem no dicionário ou outras fontes o significado das palavras, para que se
certificassem e, em seguida, fizessem individualmente a leitura da tabela.
Quando um conteúdo é ensinado, o objetivo não é que o aluno simplesmente repita palavras sem compreender o que está dizendo. A
21
finalidade é levá-lo a reelaborar, a atribuir significados com diferentes palavras e com um vocabulário que lhe pertença, sem deixar de expressar os significados essenciais, de modo coerente com a realidade e cientificamente aceitos. Com isso, não se está dizendo que basta o aluno ampliar seu vocabulário ou suas definições (PALANGANA; GALUCH; SFORNI, 2002, p.120-121).
O uso do dicionário, enciclopédias, entre outros materiais didático-
pedagógicos deve ser contemplado no trabalho com a leitura de um texto, visto que
estes materiais permitem a verificação e possibilita a reflexão, a formulação de
hipóteses para constatação ou refutação dos conhecimentos que se tinha sobre os
termos com o significado ali apresentado; permite também, a produção de
inferências que, segundo Koch (2000).
[...] as inferências constituem estratégias cognitivas por meio das quais o ouvinte ou leitor, partindo da informação veiculada pelo texto e levando em conta o contexto (em sentido amplo), constrói novas representações mentais e/ou estabelece uma ponte entre segmentos textuais, ou entre informação explícita e informação não explicitada no texto (Koch, 2000, p. 29-30).
Em seguida, elaboramos questões em que os conceitos trabalhados pelo
autor constituíram-se como o foco, com vistas à apropriação pelo aluno do conteúdo
do texto.
O que são mangues?
O autor afirma que mangues são ambientes próprios do litoral. Por quê?
Podemos afirmar que mangues ou manguezais são ambientes exclusivos das regiões beira-mar? E que estão presentes ao longo da faixa litorânea brasileira?
Observando o mapa geográfico vamos localizar os Estados litorâneos brasileiros que possuem manguezais.
Analisando a imagem, podemos perceber algumas características da vegetação dos manguezais. Vamos destacá-las e compará-las com outras vegetações.
Na sequência, as questões elaboradas extrapolaram o texto, onde outros
conceitos/fatos/fenômenos foram sendo solicitados. Durante todo processo de
22
implementação do material pedagógico, buscamos proporcionar situações de ensino
e aprendizagem que promovessem a compreensão do texto, portanto, fez-se
necessário, além dos recursos já explicitados, o emprego de outras formas de
linguagens expressas nas imagens/ilustrações, mapa geográfico, mapa mundi,
documentários, vídeos e outras fontes literárias, entre outros, e que se constituem
como instrumentos mediadores da aprendizagem conceitual.
A aprendizagem requer o estabelecimento de relações entre os termos, reconhecendo-os em diferentes contextos e situações. Implica expor e confrontar idéias e explicações sobre determinados fenômenos, percebendo as limitações e a necessidade de transformar informações em conhecimentos que auxiliem na elaboração de projetos e em simulações e comparações que ultrapassem as atividades escolares. A aprendizagem vai além da propriação de um conteúdo específico e significa, também, o desenvolvimento de capacidades cognitivas que possibilitam a ação sobre o conhecimento reelaborado (PALANGANA; GALUCH; SFORNI, 2002, p.121).
Se a finalidade dos processos de ensino e aprendizagem é a promoção do
desenvolvimento das funções psicológicas superiores, ou seja, o desenvolvimento
da percepção, memória, abstração entre outros, Palangana, Sforni e Galuch,
afirmam que este ensino:
Evidentemente prioriza conteúdos/conhecimentos interdisciplinares, explora vários aspectos que envolvem um tema e promove a compreensão destes conteúdos sem perder o sentido social que lhe é peculiar [...] quando o aluno participa de interações em que o conteúdo é ampliado e expressa a realidade atual, em que vários textos e formas de leitura são contemplados, certamente sua capacidade de argumentar diante de um texto/fenômeno, a partir de reflexões que envolvem a negociação com outros significados presentes, transformar-se-á qualitativamente ultrapassando os aspectos aparentes [...]. Amplia-se o pensamento interpretativo e reflexivo diante de afirmações e situações vivenciadas posteriormente (PALANGANA; SFORNI; GALUCH, 2002, p.123-124).
Cabe ressaltar que é através da mediação docente e da interação do aluno
com o grupo social que ele se apropria do acervo coletivo disponível em seu
contexto social.
23
Portanto, a intervenção deliberada do professor é essencial nesse processo,
visto que, ao promover a interação dialógica em sala de aula, ao retomar o
conteúdo, comentando, questionando, esclarecendo, conduzindo a atenção do aluno
para o objeto de estudo, estará propiciando situações de reflexão, de análise e de
generalização – ações mentais necessárias à apropriação dos conceitos científicos.
Vale destacar que para Sforni e Galuch,
Aprender, portanto não significa recitar um número cada vez maior de conceituações formais, mas elaborar modelos, articular conceitos de vários ramos da ciência, de modo que a cada conhecimento apropriado pelo sujeito possa ampliar-lhe a rede de informações e lhe possibilitar tanto a atribuição de significados como o uso dos conceitos como instrumento do pensamento (SFORNI; GALUCH, 2006, p. 221).
Considerando-se que, na escola o trabalho com leitura deve ter sempre
como objetivo a compreensão do conceito torna-se necessário a promoção de um
ensino que concorra para esse fim.
8 Considerações finais
A temática que propusemos discutir neste artigo tem despertado
principalmente no meio educacional brasileiro, certa preocupação, e tem sido motivo
de estudos nas universidades, nos cursos de educação continuada ofertados pelo
Governo do Estado, e também de pesquisas científicas nas mais diversas áreas da
Ciência, na busca de elementos que possam explicar as causas do insucesso
escolar dos nossos estudantes em leitura e interpretação de texto. E este foi o
motivo do desenvolvimento deste estudo e que resultou na organização e
sistematização do trabalho aqui apresentado.
O estudo dos pressupostos teórico e metodológicos da Teoria Histórico
Cultural nos levou a refletir sobre a importância do planejamento, da sistematização
e organização de atividades a serem desenvolvidas em sala de aula, tendo em vista
o desenvolvimento intelectual do aluno. Sobre esta questão, Vygotsky assegura que
“[...] o aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental
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e põe em movimento vários processos de desenvolvimento que, de outra forma,
seriam impossíveis de acontecer” (VYGOTSKY, 1991, p. 101).
E, para haver aprendizado é necessária a mediação docente, porém, a
mediação por si só não garante a apropriação pelo aluno do conhecimento científico,
para isso, é indispensável que uma sólida fundamentação teórica, o domínio do
conteúdo curricular, aliada à intencionalidade, seja o instrumento utilizado por aquele
que ensina na busca de novas metodologias para a organização de um ensino, cujo
objetivo seja o desenvolvimento do pensamento reflexivo.
Em se tratando do desenvolvimento das habilidades de leitura e de
interpretação, acreditamos que este não deve ser um trabalho específico dos
professores de Língua Portuguesa, pois, nas demais áreas do conhecimento como
na Matemática, Química, História, Ciências, Física, estas habilidades também são
requisitadas para a compreensão dos conteúdos. Sabemos que essas habilidades
não são adquiridas pelos alunos por estarem inseridos no processo de
escolarização, portanto, seu ensino deve constituir-se em um compromisso de todas
as áreas do conhecimento.
25
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