a intersetorialidade enquanto estratégia profissional do

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Barbarói, Santa Cruz do Sul, n.39, p.<192-215>, jul./dez. 2013 A INTERSETORIALIDADE ENQUANTO ESTRATÉGIA PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL NA SAÚDE Patrícia Barreto Cavalcanti Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Paraíba Brasil Rafael Nicolau Carvalho Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Paraíba - Brasil Ana Paula Rocha Sales de Miranda Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Paraíba - Brasil Katiusca Torres Medeiros Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Paraíba - Brasil Andreza Carla da Silva Dantas Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Paraíba - Brasil Resumo O artigo em tela é produto de reflexões teóricas que vêm sendo realizadas desde 2012, no Setor de Estudos e Pesquisas em Saúde e Serviço Social, no contexto de operacionalização do projeto de pesquisa “Serviço Social, Política de Saúde e Intersetorialidade: Repercussões, desafios e perspectivas para o Assistente Social na atenção básica. O objetivo deste artigo é contribuir para o debate acerca da estratégia da intersetorialidade, por se entender que ela vem se constituindo numa estratégia frequentemente utilizada na atividade profissional dos Assistentes Sociais, apresentando, paradoxalmente, uma produção científica ainda incipiente no âmbito do Serviço Social em relação à articulação entre a estratégia citada e a prática profissional. Os arranjos intersetoriais produzidos nos espaços sócio-ocupacionais para o enfrentamento das expressões da questão social têm tido o protagonismo do Serviço Social, notadamente quando se analisa a política de atenção básica em saúde. As determinações sociais que se articulam ao processo saúde-doença têm provocado um volume intenso de demandas à rede de atendimento, necessitando, portanto, de um enfrentamento integral na busca de

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  • Barbari, Santa Cruz do Sul, n.39, p., jul./dez. 2013

    A INTERSETORIALIDADE ENQUANTO ESTRATGIA PROFISSIONAL DO

    SERVIO SOCIAL NA SADE

    Patrcia Barreto Cavalcanti

    Universidade Federal da Paraba (UFPB) Paraba Brasil

    Rafael Nicolau Carvalho

    Universidade Federal da Paraba (UFPB) Paraba - Brasil

    Ana Paula Rocha Sales de Miranda

    Universidade Federal da Paraba (UFPB) Paraba - Brasil

    Katiusca Torres Medeiros

    Universidade Federal da Paraba (UFPB) Paraba - Brasil

    Andreza Carla da Silva Dantas

    Universidade Federal da Paraba (UFPB) Paraba - Brasil

    Resumo

    O artigo em tela produto de reflexes tericas que vm sendo realizadas desde 2012, no

    Setor de Estudos e Pesquisas em Sade e Servio Social, no contexto de

    operacionalizao do projeto de pesquisa Servio Social, Poltica de Sade e Intersetorialidade: Repercusses, desafios e perspectivas para o Assistente Social na

    ateno bsica. O objetivo deste artigo contribuir para o debate acerca da estratgia da

    intersetorialidade, por se entender que ela vem se constituindo numa estratgia

    frequentemente utilizada na atividade profissional dos Assistentes Sociais, apresentando,

    paradoxalmente, uma produo cientfica ainda incipiente no mbito do Servio Social

    em relao articulao entre a estratgia citada e a prtica profissional. Os arranjos

    intersetoriais produzidos nos espaos scio-ocupacionais para o enfrentamento das

    expresses da questo social tm tido o protagonismo do Servio Social, notadamente

    quando se analisa a poltica de ateno bsica em sade. As determinaes sociais que se

    articulam ao processo sade-doena tm provocado um volume intenso de demandas

    rede de atendimento, necessitando, portanto, de um enfrentamento integral na busca de

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    Barbari, Santa Cruz do Sul, n.39, p., jul./dez. 2013

    resolutividade. A integralidade almejada, imprime a necessidade da construo de

    arranjos setoriais e no decurso desse processo as intervenes dos Assistentes Sociais tm

    se mostrado elos importantes no itinerrio que o usurio percorre dentro do Sistema de

    Sade.

    Palavras-Chave: Intersetorialidade. Servio Social. Ateno Bsica.

    A intersetorialidade enquanto constructo

    O termo intersetorialidade indicado na literatura (Andrade, 2004; Monnerat,

    2009; Pereira, 2011; Nascimento, 2010; Bronzo, 2012) como possuidor de vrios

    sentidos. Numa perspectiva mais nuclear intersetorialidade deriva da juno da

    expresso/prefixo inter agregada a um conjunto de setores que, ao se aproximarem e

    interagirem entre si, podem produzir aes e saberes mais integrais e totalizantes. O

    prefixo inter oriundo do latim inter que significa no interior de dois; entre; no

    espao de; posio intermediria, assim a palavra intersetorialidade desvela: 1)

    Relaes entre dois ou mais setores; 2) Que comum a dois ou mais setores.

    Nessa perspectiva, a palavra setor aqui empregada, pela prpria composio do

    termo intersetorialidade, remete-se s polticas sociais que, na conceituao geral,

    remonta aos processos de gesto das polticas de corte social. Assim, a intersetorialidade,

    para alm da sua conceituao, desvela orientaes para solues e alternativas concretas

    para articulao das polticas sociais, objetivando impactos positivos para as condies de

    vida das populaes urbanas e rurais.

    Assim, para Nascimento (2010), a intersetorialidade das polticas pblicas passou

    a ser uma dimenso valorizada medida que no se observava a eficincia, a efetividade

    e a eficcia esperadas na implementao das polticas setoriais, primordialmente no que

    se refere ao atendimento das demandas da populao e aos recursos disponibilizados para

    a execuo das mesmas. Desse modo, a intersetorialidade passou a ser um dos requisitos

    para a implementao das polticas setoriais, visando sua efetividade por meio da

    articulao entre instituies governamentais e entre essas e a sociedade civil.

    As produes bibliogrficas recentes (Bronzo,2007; Costa, 2010; Nascimento,

    2010; Passini, 2011; Bellini, Bumbel e Faler, 2013) situam a intersetorialidade como

    uma estratgia que surge para superar a fragmentao e a fragilidade das polticas sociais,

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    Barbari, Santa Cruz do Sul, n.39, p., jul./dez. 2013

    com vistas a combater as iniquidades sociais. Trazem tambm a ideia de que a mesma

    possibilita uma viso integral das necessidades sociais, de forma a compreender e

    considerar o cidado de forma totalizante. Nesse sentido, a intersetorialidade, no debate

    atual, vem como uma recorrente estratgia para obteno de uma maior interlocuo

    entre as polticas sociais, ensejando, no campo social, uma importante ferramenta para

    superao da setorializao das demandas sociais.

    A temtica parte de uma inquietao que advm do atual cenrio em que as

    polticas sociais atravessam de complexificao da questo social, no tocante ao seu

    enfrentamento que, no geral, ganha contornos de resoluo via aes setorializadas e

    parcializadas.

    Nessa direo, torna-se necessrio realizar reflexes que no se limitem a discutir

    o tema da intersetorialidade de modo furtivo, mas sim provocar o debate arrolando

    categorias que esto intrinsicamente vinculadas sua efetivao, qualificando-a.

    justamente durante o processo de gesto das polticas pblicas (nomeadamente as de

    natureza social) que os problemas estruturais relativos s mesmas ganham visibilidade,

    como, por exemplo, as formas de financiamento, os modelos de gesto seguidos, os

    diversos modos de organizao dos processos de trabalho, parmetros legais e a prpria

    estrutura de rede em que as polticas se encontram para se materializar. Nessa direo

    fundante analisar a contradio central que envolve o binmio: polticas sociais e

    intersetorialidade, qual seja, identificar as reais possibilidades de implementao de aes

    articuladas entre os setores de proteo social num lcus de planejamento que parte de

    aes isoladas e sem estratgias de dilogo.

    Segundo Azevedo (2003 apud NASCIMENTO, 2010, p. 8) apud Nascimento

    (2010), a intersetorialidade diz respeito inter-relao entre as diversas polticas. Neste

    contexto, destaca algumas dificuldades para a intersetorialidade no que se refere

    crescente especializao do poder pblico e tendncia de maximizao do desempenho

    de cada um dos rgos do setor estatal.

    Para Koga (2003 apud NASCIMENTO, 2010, p. 5) a intersetorialidade sobressai

    enquanto caminho de perspectiva para a poltica pblica, a fim de articular as polticas

    sociais, urbanas, econmicas de forma a atuarem nos mesmos territrios prioritrios da

    poltica da cidade.

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    Barbari, Santa Cruz do Sul, n.39, p., jul./dez. 2013

    Segundo Bidarra (2009), optar pela intersetorialidade prefervel porque: a)

    investe numa lgica para a gesto que considera o cidado e por isso busca superar a

    fragmentao das polticas sociais; e b) investe no aprendizado sobre como lidar com as

    tenses produzidas, quando se tem diferentes setores e atores, com diferentes concepes

    de mundo, tendo que negociar uma resposta partilhada para os problemas que lhe so

    comuns.

    Na concepo de Cavalcanti e Nicolau (2012), situar a intersetorialidade na

    literatura atual requer muita cautela. De um lado h convergncias de ideias consistentes

    de alguns autores j tidos como referncias no estudo da temtica (Inojosa, 2001;

    Junqueira,1997); de outro lado, encontramos construes tericas totalmente divergentes

    que empregam o termo intersetorial para explicar num mesmo espao todos os

    problemas de ordem da gesto das polticas sociais, imprimindo ao termo uma

    perspectiva simplista e esttica.

    Para tanto, de acordo com Inojosa (2001), a intersetorialidade ou

    transetorialidade, uma expresso no campo das polticas pblicas e das organizaes

    que tem sido discutida no mbito do conhecimento cientfico. Segundo a autora,

    possvel encontrar na literatura o emprego dos dois termos no sentido de articular saberes

    e experincias para soluo sinrgica de problemas complexos, ou seja, estes vm sendo

    utilizados com a mesma intencionalidade, notadamente a de ultrapassar a endogenia

    histrica dos setores institucionais. A referida autora faz um articulao direta ao debate

    de Edgar Morin alegando que para ultrapassarmos o que ela denomina de clausuras

    setoriais necessrio partir da Teoria da Complexidade. justamente partindo do

    pensamento complexo, no qual a vida tecida em conjunto que a literatura por vezes

    apresenta uma conotao sinnima dos termos intersetorial e transetorial.

    Ademais, Inojosa (2001) diz que uma perspectiva de trabalho intersetorial implica

    mais do que justapor ou compor projetos que continuem sendo formulados e realizados

    setorialmente. A intersetorialidade ou transetorialidade est para alm desta restrita

    relao. Desse modo, a autora vem demonstrar que as polticas sociais brasileiras trazem

    um cariz muito forte da setorializao, perseguindo a noo de fragmentao da questo

    social sob o vis, sobretudo, do assistencialismo, conforme assinala abaixo:

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    Barbari, Santa Cruz do Sul, n.39, p., jul./dez. 2013

    Contudo, tais polticas no se encaixam no modo de pensar intersetorial,

    pois ele contradiz a natureza do assistencialismo, que tem carter de

    compensao e de provimento de itens. Por exemplo: quando est

    faltando algo, busca-se sanar esse problema especfico. Mas, cuidar da

    transformao da sociedade e promover o desenvolvimento social

    uma abordagem diferente, que significa a repartio mais equnime das

    riquezas. (INOJOSA, 2001, P.106).

    Compactuando com esse ponto de vista, Junqueira (1997) acrescenta que o

    cidado, ao tentar resolver seus problemas, necessita que sejam considerados na sua

    totalidade e no de forma fragmentada. Ressalta ainda que apesar de os servios serem

    direcionados aos mesmos grupos sociais, que ocupam o mesmo espao geogrfico, eles

    so executados isoladamente por cada poltica pblica.

    Para tanto, percebe-se que, para Junqueira, h uma relao existente entre a

    populao e o espao geogrfico a que pertence, com vistas identificao dos problemas

    comuns, bem como as possibilidades de soluo para que se tenha uma vida com

    qualidade. Assim, segundo o autor, a intersetorialidade constitui uma nova lgica para a

    gesto da cidade, buscando superar a fragmentao das polticas, considerando o cidado

    na sua totalidade. Isso passa pelas relaes homem/natureza, homem/homem que

    determinam a construo social da cidade (JUNQUEIRA, 1997, p. 37).

    Nesse sentido, diante dos levantamentos realizados na literatura vigente no

    entorno desta temtica por Macedo (2013), se observa convergncias nas ideias e

    conceitos trazidos pelos autores que tm produzido conhecimento no que tange

    intersetorialidade.

    Corroborando com tal assertiva, Andrade aponta que

    [...] experincias estudadas evidenciam uma inquietao no interior do

    Estado sobre como trabalhar com a intersetorialidade. Observou-se que

    em relao a ela h um consenso discursivo e um dissenso prtico. Esse

    dissenso nasce da contradio entre a necessidade de integrao de

    prticas e saberes requeridos pela complexidade da realidade e um

    aparato de Estado setorializado, onde se acumulam, com maior ou

    menos conflito, poderes disciplinares que estruturaram

    hegemonicamente sua organizao. Esta organizao condicionou os

    avanos na intersetorialidade das reformas estudadas. (ANDRADE,

    2004, p. 54).

    Paulatinamente, o debate acerca da intersetorialidade vai ganhando espao na

    medida em que vo sendo incorporadas as estratgias do movimento Cidades

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    Barbari, Santa Cruz do Sul, n.39, p., jul./dez. 2013

    Saudveis gesto de alguns municpios brasileiros como Fortaleza (CE) e Curitiba

    (PR) que, de acordo com Westphal e Mendes (2000), se soma, tambm, aos demais

    movimentos que ganharam destaque no final do sculo XX nas diferentes regies do pas

    e do mundo (como os de comunidades solidrias, cidades sustentveis, cidades

    iluminadas e a Agenda 21) e cujos objetivos levam em conta o desenvolvimento humano

    sustentvel, a integrao social e a governabilidade.

    O movimento por cidades saudveis faz parte de um conjunto de polticas urbanas

    difundidas e implantadas pela ONU, especialmente por meio da Organizao Mundial da

    Sade (OMS), do Centro das Naes Unidas para Assentamentos Humanos (HABITAT),

    do Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e do Fundo das

    Naes Unidas para a Criana (UNICEF), que buscam intervenes diretas,

    influenciando polticos e planejadores locais. Tal proposta surgiu em meio a uma srie de

    iniciativas internacionais que visavam construir estratgias de enfrentamento das

    iniquidades sociais atravs da promoo da sade.

    Na concepo de Westphal e Mendes (2000) a singularidade do movimento

    partir da criao de projetos estruturantes no campo da sade que objetivem promover a

    sade e ampliar a qualidade de vida da populao. Nesse contexto, um dos dispositivos

    essenciais justamente a produo de arranjos intersetoriais entre os atores que compem

    o espao de produo do cuidado em sade.

    A partir do estado da arte sobre a categoria da intersetorialidade realizado por

    Cavalcanti e Nicolau (2012), se observa que nos processos de busca por Cidades

    Saudveis, que chegaram a se materializar no pas, a principal estratgia que

    proporcionou o dilogo entre as mais variadas polticas pblicas e setores externos a

    administrao pblica municipal foi justamente a intersetorialidade a exemplo da

    experincia concreta como a de Fortaleza (CE), monitorada e a posteriori analisada por

    Junqueira, Inojosa e Komatsu (1997) no final da dcada de 1990. Interessante ressaltar

    que esses autores tiveram participao ativa na gesto pblica municipal. Assim, dentre

    as constataes pleiteadas pelos autores acerca da intersetorialidade, tem-se o seguinte

    conceito:

    Intersetorialidade aqui entendida como a articulao de saberes e

    experincias no planejamento, realizao e avaliao de aes, com o

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    Barbari, Santa Cruz do Sul, n.39, p., jul./dez. 2013

    objetivo de alcanar resultados integrados em situaes complexas,

    visando um efeito sinrgico no desenvolvimento social. Visa promover

    um impacto positivo nas condies de vida da populao, num

    movimento de reverso da excluso social. Os conceitos de

    intersetorialidade e descentralizao aproximam-se, na medida em que

    este ltimo compreendido como a transferncia do poder de deciso

    para as instncias mais prximas e permeveis influncia dos cidados

    e o primeiro diz respeito ao atendimento das necessidades e

    expectativas desses mesmos cidados de forma sinrgica e integrada.

    [...] A articulao de ambos - descentralizao e intersetorialidade,

    referidos ao processo de desenvolvimento social, constituem um novo

    paradigma orientador da modelagem de gesto pblica. (JUNQUEIRA;

    INOJOSA; KOMATSU, 1997, p.24)

    Desse modo, as construes tericas formuladas na dcada de 1990 no tocante a

    intersetorialidade esto intrinsecamente relacionadas lgica de gesto das cidades numa

    tica de otimizao de recursos materiais e humanos para o desenvolvimento urbano na

    perspectiva da administrao pblica. Nas produes recentes (Bronzo,2010; Giaqueto,

    2010; Passini, 2011), diante do arcabouo normativo que permeia todo o rol de polticas

    sociais, h um esforo em analisar como as aes esto se refletindo nas condies

    objetivas de vida da populao. A intersetorialidade entra em cena com a perspectiva de

    conjugar as polticas sociais, para que num dado espao seja possvel alcanar o

    indivduo de forma totalizante e assim reproduzir ou generalizar a experincia para raios

    de abrangncia maiores.

    Nesta perspectiva, Monnerat e Souza (2010) colocam que

    A imerso neste cenrio concreto de implementao da

    intersetorialidade evidencia, dentre outras questes mencionadas, que o

    governo estadual e o nvel federal (embora haja avanos na formulao

    de programas federais com desenho intersetorial) ainda apresentam

    fraca sensibilidade para com as iniquidades geradas a partir da

    fragmentao e descoordenao de programas e polticas sociais.

    (MONNERAT E SOUZA, 2010, p. 219)

    Mesmo que tenha havido alguns avanos na forma de pensar e construir as

    polticas sociais e programas governamentais em nvel federal, a barreira da

    setorializao, que inerente s condies scio-histricas de surgimento da proteo

    social brasileira, de difcil superao. Alm dos fatores estruturais de ordem da gesto

    administrativa, h tambm o elemento cultural na gesto das polticas pblicas. Romper

    com os parmetros que ao longo de dcadas permeiam o modo como as polticas sociais

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    Barbari, Santa Cruz do Sul, n.39, p., jul./dez. 2013

    so pensadas e operacionalizadas, constitui um grande desafio, pois alm do peso que a

    cultura exerce, a vontade poltica dos indivduos tambm ser crucial no processo de

    mudana.

    Assim, Machado (2008) vem apontar que

    [..] As prticas intersetoriais, por se pautarem em articulaes entre

    sujeitos e setores sociais diversos e, portanto de saberes, poderes e

    vontades diversas se apresentam como uma nova forma de trabalhar e de

    construir polticas pblicas. Estas polticas devem possibilitar o

    enfrentamento de problemas e devem produzir efeitos mais significativos

    para as pessoas. Estas aes permitem certa superao da fragmentao

    de conhecimentos e das estruturas sociais, apontando um novo arranjo

    para a interveno e participao para resoluo de questes amplas e

    complexas. (MACHADO, 2008, p. 1).

    A autora infere que a intersetorialidade envolve a expectativa de maior capacidade

    de resolver situaes, de efetividade e de eficcia, pois, em todas as experincias,

    reconhece-se claramente que ela se constri sobre a necessidade de as pessoas e os

    setores de enfrentarem problemas concretos. So as questes concretas que mobilizam as

    pessoas; so elas que criam o espao possvel de interao e de ao. (MACHADO,

    2008).

    Para Bourguignon (2001), a moderna gesto social se pauta, portanto, em

    princpios como a descentralizao, participao social e intersetorialidade, j que

    segundo a mesma os arranjos intersetoriais se materializam na;

    [...] articulao entre as polticas pblicas atravs do desenvolvimento

    de aes conjuntas destinadas a proteo, incluso e promoo da

    famlia vtima do processo de excluso social. Considera-se a

    intersetorialidade um princpio que orienta as prticas de construo de

    redes municipais. (BOURGUIGNON, 2000, p. 4).

    Ainda de acordo com Bourguignon (2001), tradicionalmente as polticas pblicas

    bsicas (educao, assistncia social, sade, habitao, cultura, lazer, trabalho, etc.) so

    setoriais e desarticuladas, respondendo a uma gesto com caractersticas centralizadoras,

    hierrquicas, deixando prevalecer prticas na rea social que no geram a promoo

    humana. Alm disto, percebe-se que cada rea da poltica pblica tem uma rede prpria

    de instituies e/ou servios sociais. Exemplo disso a Assistncia Social que possui um

    conjunto de entidades estatais e filantrpicas que prestam servios na rea, de forma

    paralela s demais polticas e muitas vezes atendendo aos mesmos usurios.

  • 200

    Barbari, Santa Cruz do Sul, n.39, p., jul./dez. 2013

    Bourguignon (2001) ressalta que essa forma de gesto das polticas pblicas gera

    fragmentao da ateno s necessidades sociais, paralelismo de aes, centralizao das

    decises, informaes e recursos, rigidez quanto a normas, regras, critrios e

    desenvolvimento dos programas sociais, divergncias quanto aos objetivos e ao papel de

    cada rea, unidade, instituio ou servio participante da rede, fortalecimento de

    hierarquias e poderes polticos/decisrios e fragilizao do usurio sujeito do conjunto

    das atenes na rea social.

    O Servio Social na ateno bsica em sade e a intersetorialidade

    A trajetria histrica do Servio Social no campo da sade guarda caractersticas

    bem marcantes e que tem demandado estudos e pesquisas, notadamente na relao da

    profisso com a implantao e implementao do Sistema nico de Sade brasileiro de

    corte universal e igualitrio.

    Trata-se de um percurso longevo, que se expressou com maior vigor a partir do

    final da dcada de 1940 face expanso do capitalismo no Brasil e ao espraiamento da

    poltica de sade num pas em franco processo de urbanizao, no qual a questo da

    sade que outrora era uma questo de polcia passa a se constituir numa questo de

    poltica. Com base nesse contexto e amparada no novo conceito de sade (ressignificado

    pela Organizao Mundial da Sade em 1948) que a profisso passa a ter o campo da

    sade como um dos principais campos de interveno. (BRAVO & MATOS, 2004).

    Assim, durante as dcadas seguintes, enquanto as polticas governamentais de

    sade consolidavam um sistema de sade plural, mixado entre servios pblicos e

    privados, o Servio Social buscava sua prpria consolidao, preliminarmente ancorado

    nas influncias europeias e a posteriori nos pressupostos terico-metodolgicos da matriz

    norte-americana.

    Para alm da conjuntura brasileira de grande efervescncia do ponto de vista deo-

    poltico, a dcada de 1980 representou para o Servio Social um momento de ruptura, j

    que nesse perodo que se amplia o debate terico, se incorpora novas categorias de

    anlise (de base totalizante) e se aprofunda o Movimento de Reconceituao da profisso.

    No campo da sade h a expanso do Movimento Sanitrio, que buscava lanar novas

    bases na prtica do cuidado em sade, cuja plataforma ampla passou a ser incorporada

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    Barbari, Santa Cruz do Sul, n.39, p., jul./dez. 2013

    em vrios fruns de debates sobre a poltica de sade, culminando como parmetro de

    discusses da VIII Conferncia Nacional de Sade, ocorrida em 1986.

    Como assinala Bravo (2004), mesmo com esse descompasso entre o que estava

    ocorrendo no mbito do setor sade e do Servio Social como profisso, verifica-se nos

    anos 80 uma postura mais crtica dos Assistentes Sociais relacionadas sade,

    notadamente nas diretivas que estas utilizam em trabalhos cientficos. So avanos por

    vezes considerados insuficientes haja vista a desarticulao da categoria ao Movimento

    de Reforma Sanitria.

    Quando se analisa as ltimas duas dcadas se constata que o Servio Social

    avanou consideravelmente no campo da sade, notadamente em funo da criao do

    Sistema nico de Sade (construdo a partir da Constituio de 1988), que ampliou os

    espaos de interveno profissional, abrindo perspectivas no plano da gesto e execuo

    dos servios. Por se constituir num sistema de vis democrtico e universal, colocou para

    os assistentes sociais possibilidades de materializar uma nova relao com os usurios da

    assistncia pblica sade. Contudo, essas novas prticas profissionais tm se mostrado

    eivadas de conflitos, avanos e refluxos, tendo em vista o prprio carter da poltica de

    sade operada no escopo da reproduo social capitalista.

    Autoras como Bravo (2006); Mioto e Nogueira (2006); Vasconcelos (2002) e

    Costa (2000, 2010) vm realizando estudos e apontando as dificuldades advindas desta

    insero e a potncia que a presena do Assistente Social possui quando integrado s

    equipes de sade. sem dvida no campo da sade que se encontra uma maior

    concentrao da categoria, seja na implementao da poltica de sade, seja na avaliao

    e nos monitoramentos de seus programas e projetos, nos trs nveis de complexidade.

    Esse movimento de absoro do Servio Social tem nas ltimas dcadas

    fomentado a preocupao das entidades representativas que fornecem suporte legal ao

    exerccio profissional, a saber, o Conselho Federal de Servio Social e a Associao

    Brasileira de Ensino e Pesquisa em Servio Social, que nessa direo produziram

    importantes diretrizes de ordem tica, poltica e terico-metodolgica que vm

    funcionando como vetores os quais a formao e a prtica profissional nessa rea, devem

    tomar como referncias.

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    Barbari, Santa Cruz do Sul, n.39, p., jul./dez. 2013

    Portanto, desde 2006 tais entidades tm promovido fruns reflexivos e envolvido

    os cursos de graduao em Servio Social com intuito de, alm de promover o debate

    sobre as questes fulcrais da prtica na sade, construir referncias que garantam o

    objetivo maior da ao profissional que a defesa dos direitos sociais, em particular o

    direito sade. H sem dvida um movimento histrico e poltico importante movido por

    tais entidades que resultou na construo dos Parmetros de Atuao do Assistente Social

    no campo da Sade em 2009.

    Quando o foco recai sobre a relao da profisso em nvel da ateno bsica, se

    verifica que de fato uma relao recente, j que esse nvel de ateno sade atravessou

    dcadas no pas carecendo de uma ampliao de investimentos. H sem dvida, uma

    densidade maior de Assistentes Sociais atuando nos demais nveis de complexidade em

    sade (ateno secundria e terciria). Tal concentrao histrica em contraponto a

    insero destes profissionais na rea da sade coletiva de modo geral ou mesmo na porta

    de entrada do Sistema de Sade (Programas e projetos de ateno bsica materializados

    desde 1994 pelo Programa Sade da Famlia.)

    A produo do conhecimento relativa a tal insero tambm se mostra em

    construo, na tentativa de desvelar os conflitos e as tenses que os profissionais esto

    enfrentando cotidianamente. Teixeira (2002); Mioto e Nogueira (2006); Marsiglia (2006);

    Bravo e Matos (2004); Brasileiro et al. (2006), Kruger e Moscon (2010) so alguns dos

    pesquisadores que se debruaram sobre o tema. Para grande parcela de estudiosos,

    analisar, portanto, prtica do assistente social na ateno bsica no Brasil de fato

    restringir-se a prtica no Programa (Estratgia) Sade da Famlia-PSF, por esse se

    constituir desde 1994 no mecanismo (eleito pelo governo federal) de reorganizao do

    modelo assistencial em sade. sem dvida a aposta do governo em fixar a ateno

    bsica como porta de entrada no sistema de sade.

    Expandido desde 1996, o PSF evoca densas anlises, seja pelo seu carter por

    vezes focal, seja pela pouca estrutura que disponibiliza. Nesse sentido, Mehry e Franco

    (1996); Cohn (2009); Giovanella et al. (2009), dentre outros, vm de modo recorrente

    apontando as fragilidades dessa estratgia.

    Neste estudo a concepo adotada a de que h de existir uma clara distino

    entre o que de fato a ateno bsica (ateno primria em sade-APS) em sade e as

  • 203

    Barbari, Santa Cruz do Sul, n.39, p., jul./dez. 2013

    iniciativas governamentais a esse respeito. O SUS, a partir de seus princpios filosficos e

    organizativos, acenou com novas maneiras de se pensar e atuar na preveno e promoo

    em sade.

    Como acrescenta Giovanella et al. (2009);

    No Brasil, nos anos noventa, a concepo de APS tambm foi

    renovada. Com a regulamentao do Sistema nico de Sade baseada

    na universalidade, equidade e integralidade e nas diretrizes

    organizacionais de descentralizao e participao social, para

    diferenciar-se da concepo seletiva de APS, passou-se a usar o termo

    ateno bsica em sade, definida como aes individuais e coletivas

    situadas no primeiro nvel, voltadas promoo da sade, preveno

    de agravos, tratamento e reabilitao. O Sade da Famlia, inicialmente

    voltado extenso de cobertura, com foco em reas de maior risco

    social e implantado a partir de 1994 como um programa paralelo

    limitado, bom para os pobres e pobre como eles, aos poucos adquiriu centralidade na agenda do governo, convertendo-se em estratgia

    estruturante dos sistemas municipais de sade e modelo de APS.

    (GIOVANELLA ET AL, 2009, p.784).

    Vale ainda ressaltar que tem se adensado na ltima dcada uma extensa produo

    bibliogrfica sobre os desdobramentos da implementao da ESF sobre variados

    aspectos. Cohn (2009) aponta que essa fase de produo contemplou momentos distintos:

    o surgimento da estratgia ainda sob a forma de programa setorial e focalizado, quando

    ainda era uma novidade e que gerou muita expectativa em sua ampliao e consolidao,

    sobretudo evidenciando realidades locais dos pequenos e mdios municpios onde o

    programa era implantado. Tempos depois, ainda para a autora, a produo se voltou para

    uma perspectiva de avaliao de impacto do programa. A partir dessa dupla perspectiva,

    outros estudos se colocam em pauta, como o avano na cobertura da assistncia, nos

    indicadores na Sade da Mulher, da criana, na reverso dos ndices de morte materna e

    infantil, das doenas crnicas etc, estudos que reafirmam e comprovam o carter

    substitutivo da estratgia ao modelo tradicional vigente.

    De fato, muitos estudos reforam esse carter exitoso da estratgia muitas vezes

    reforada pela lgica do MS que incentiva, premia e recompensa as ditas experincias

    bem-sucedidas da ESF, porm pouco se tem discutido propostas e anlises mais crticas

    e/ou criao de estratgias que viabilizem o SF nas reas onde est seu

    estrangulamento. Pois, como indutor da reverso do modelo assistencial, esse tem

  • 204

    Barbari, Santa Cruz do Sul, n.39, p., jul./dez. 2013

    deixado de lado sua pretenso original. Mas no se pode deixar de dizer que de fato h

    um leque de anlises numa perspectiva crtica, mas que reforam a eterna pergunta que

    no cala no div: afinal a ESF uma ferramenta para mudana do modelo assistencial ou

    um simples programa voltado para os pobres? So extensas as anlises do ponto vista

    econmico, poltico e social, que pouco ou nada contribuem para transformar o que est

    posto.

    Porm, surgem estudos que prometem auxiliar a ESF nessa difcil tarefa, mas

    infelizmente eles s apontam estratgias, tcnicas e/ou ferramentas para complementar

    o processo de trabalho j empobrecido de esforos objetivos (institucionais e

    governamentais) e subjetivos ( de adeso, convencimentos) dos profissionais que patinam

    numa micropoltica perversa e amarga. So estudos de natureza micro que se sobrepem

    ou no dialogam com os de natureza macro, que se escondem atravs do rtulo da

    humanizao das prticas, do acolhimento, e at mesmo da Promoo da Sade que se

    reveste em sua perspectiva mais reduzida e se dilui num conjunto de atividades ditas

    educativas.

    Outras indagaes tm se colocado como pertinentes ao debate, necessidade

    urgente de modificar as praticas e as concepes tericas dos agentes sociais envolvidos

    (profissionais, gestores, usurios), num resgate de uma formao que retome a noo de

    cidadania, direito social e de participao poltica. Questes como a noo de territrio e

    espacialidade das prticas ainda precisam ser exploradas principalmente na interface com

    a promoo da sade, da interdisciplinaridade e da intersetorialidade. A hierarquizao

    do conhecimento na sade e nas prticas dentro das equipes outro aspecto que merece

    destaque. Entender a construo do conhecimento em suas bases epistemolgicas, seus

    rompimentos e rearranjos, numa conjuntura fecunda a anlises tcnicas e asspticas de

    perspectiva crtica, faz-se necessrio frente ofensiva neoliberal.

    No tocante ao trabalho do Assistente Social no PSF, esse profissional no

    compe a equipe mnima priorizada pelo Ministrio da Sade (mdico, enfermeiro,

    agentes comunitrios de sade e auxiliar de enfermagem), mas pode integrar a equipe de

    acordo com o planejamento e com as demandas locais. De acordo com pesquisa feita pelo

    Mistrio da Sade, em 1999, j se apontava a necessidade do Assistente Social como o 4

    colocado (1 Mdico, 2 Enfermeiro, 3 Odontlogo) a integrar a equipe de Sade da

  • 205

    Barbari, Santa Cruz do Sul, n.39, p., jul./dez. 2013

    Famlia. Na XI Conferncia Nacional de Sade, foi aprovada como deliberao a

    ampliao da equipe do PSF.

    Como afirma Carvalho (2004), bastante concreto o movimento da categoria

    em inserir-se na equipe de sade da famlia, pela prpria dinmica estabelecida pelo

    programa, onde o espao/ domicilio se abre s relaes sociais, que acontecem nos

    clubes, escolas, igrejas, compondo o tecido de sociabilidade que repercute na vida das

    pessoas como comportamentos de tenso, felicidade, expectativa, etc. Esses so tambm

    elementos que compem o quadro, cada vez mais complexo, do que se chama de

    processo sade-doena e torna-se lcus do fazer profissional do Assistente Social no

    atendimento e na atuao nesse campo da sade pblica.

    Nessa perspectiva, Kruger & Moscon acrescentam que

    O Assistente Social na ateno bsica contribuiu junto s Equipes de

    Sade da Famlia em discusses das interferncias sociais no processo

    sade-doena, desconstruindo a relao de atendimento em sade

    meramente curativo, clnico individual e mdico centrado. Tambm

    tem um papel importante na promoo do acesso da populao sade

    como direito adquirido, de forma universal, realizando seu servio de

    modo que o usurio tenha informaes claras ao procurar o servio, um

    atendimento humanizado, acesso aos servios de mdia e alta

    complexidade. Possibilitar o acesso significa promover a cidadania, a

    incluso social; significa modificar a realidade das famlias,

    melhorando sua qualidade de vida e suprindo necessidades concretas

    de sade. Mas esta uma tarefa do conjunto dos trabalhadores da

    sade, com os quais o assistente social pode contribuir .( KRUGER E

    MOSCON, 2010, p. 09).

    A ao sobre esse espao um desafio a um olhar tcnico e poltico mais

    ousado que adentra na vida social a partir do espao/ domiclio. Longe de qualquer

    corporativismo, destaca-se o perfil profissional do Assistente Social, dotado de formao

    intelectual, cultual, generalista e crtica, competente em sua rea de desempenho e

    comprometido com os valores e princpios norteadores do Cdigo de tica. Agrega-se,

    ainda, o fato de a interveno profissional acontecer no campo da proposio e

    formulao da gesto, do desenvolvimento e da execuo das polticas publicas, com

    intuito de responder pelo acesso dos segmentos das populaes excludas dos servios,

    benefcios construdos e conquistados socialmente, principalmente no tocante s polticas

    de Seguridade Social.

  • 206

    Barbari, Santa Cruz do Sul, n.39, p., jul./dez. 2013

    Assim, o trabalho do Assistente Social na equipe do PSF assume esse desafio de

    efetivar a lgica e as estratgias do sistema, atendendo s necessidades dos usurios,

    assumindo a sua condio humana na totalidade. O produto principal do seu trabalho a

    recomposio da integralidade das aes do sistema.

    Importante sinalizar que o Servio Social tem construdo historicamente, na

    ao voltada para rea da sade, projetos que viabilizam a participao dos usurios

    valorizando a informao, a preveno doena, desde cuidados bsicos nfase na

    ateno primria, compreendendo a sade como resultante de fatores determinadas pelas

    condies de vida, na perspectiva da formao para a cidadania e participao e exerccio

    do controle social. Alm disso, a ABEPSS (Associao Brasileira de Ensino e Pesquisa

    em Servio Social) tem envidado esforos no sentido de qualificar o debate da profisso

    no campo da sade.

    Conforme perspectiva de Bravo (2004), embora at a dcada de 90 no se

    observarem mudanas significativas na atuao profissional no campo das instituies de

    sade, h uma tnue mudana e reconhecimento no mbito da produo do

    conhecimento, da potncia que tais espaos representam.

    As aes tcnico-polticas desenvolvidas pelos Assistentes Sociais,

    junto aos conselhos e/ou segmentos dos conselhos, envolvem a

    democratizao e socializao da informao. Realizao de pesquisas e

    devoluo de seus dados aos sujeitos investigados e ao scio-

    educativa na perspectiva libertadora. (BRAVO, 2004, p.145).

    nessa direo que se impe a importncia da prtica do Servio Social nas

    atividades de promoo e de preveno sade dos programas de ateno bsica. Dentro

    da proposta do Programa Sade da Famlia, o Assistente Social compelido a realizar

    atividades de natureza educativa, de apoio pedaggico, de mobilizao, participao

    popular, elaborao e coordenao de planos e programas sociais, mas o predomnio das

    aes est voltado para a integrao entre os diversos nveis de constituio do processo

    de cooperao, atuando como elo orgnico entre o objeto de atuao do programa, a

    famlia, e o sistema, proporcionando o intercmbio das necessidades biopsicossociais

    com as respostas/ estratgias de enfrentamento.

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    Barbari, Santa Cruz do Sul, n.39, p., jul./dez. 2013

    Como assegura Mioto (2006), com base nessas demandas que o profissional

    fortalece sua prtica pela induo de ter que utilizar uma instrumentalidade dirigida a

    uma atuao interdisciplinar, buscando em seu arsenal tcnico-operativo, subsdios para

    interagir de modo equnime com outros campos de saberes, sem, no entanto, tentar

    imprimir domnio de saber nessas relaes multiprofissionais.

    Para alm dessas prerrogativas, na ateno bsica o Assistente Social tem

    construdo sua prtica (principalmente pelas caractersticas das demandas que enfrenta)

    com base em aes intersetoriais. A intersetorialidade , portanto, uma estratgia

    colocada no plano das polticas pblicas e em particular tem pautado as intervenes da

    maioria dos profissionais de Servio Social, sem que, contudo, a categoria tenha refletido

    o suficiente sobre tal uso. A intersetorialidade depende, num espectro mais amplo de

    mudanas, no que se refere construo ainda cartesiana do conhecimento, do modo

    como o Estado se relaciona em termos democrticos com a sociedade civil (atendendo ou

    no s demandas atravs de polticas pblicas) e por fim da forma como os diversos

    campos de saberes interagem mesmo sendo produzidos de modos parcializados. Sugere,

    por outro lado, a compreenso de que o objeto fulcral da ao intersetorial tem que

    possuir a capacidade de mobilizar todos os setores direta ou indiretamente envolvidos e a

    aceitao das limitaes dos setores quando acionados individualmente.

    Como bem sinalizam Ferreira e Silva, apud Monnerat:

    (...) Enquanto a realidade opera com problemas complexos e mal

    estruturados, as instituies se organizam em setores e as universidades

    fragmentam o saber em departamentos (...). (...) Embora a cincia

    necessite delimitar e recortar o real para ser possvel apreende-lo, o

    movimento inverso tambm faz parte do processo de produo do

    conhecimento. J no mbito das intervenes sociais, a apreenso do

    real enquanto totalidade de mltiplas determinaes permite que a ao

    seja direcionada aos determinantes estruturais e tenha

    consequentemente, maior possibilidade de ser efetiva (FERREIRA E

    SILVA 2005 APUD MONNERAT 2009, p.61)

    As produes bibliogrficas recentes (Schtz e Mioto, 2008; Schtz, 2009; Rios e

    Dal Pr, 2011) situam a relao entre a intersetorialidade e a atuao do Assistente Social

    na ateno bsica, a partir da postura que o profissional incorpora, qual seja, uma posio

    integradora, funcionando de certo modo como um elo orgnico entre as dimenses postas

  • 208

    Barbari, Santa Cruz do Sul, n.39, p., jul./dez. 2013

    na organizao do Sistema nico de Sade e o rol de polticas pblicas com os quais o

    sistema dialoga. Na concepo de Amaral (2008) o Servio Social no contexto da sade

    funciona como canal de viabilizao das condies objetivas que as demandas em sade

    necessitam para serem enfrentadas e atendidas, num processo pautado pela busca da

    integralidade do atendimento.

    Contudo, apesar dessa potncia que a prtica profissional sinaliza, alguns autores

    prescutam que os prprios Assistentes Sociais tm tratado a estratgia da

    intersetorialidade a partir de uma concepo genrica e simplista, no detectando em suas

    aes profissionais a construo dos arranjos entre setores, vinculando-a quase sempre s

    atividades de planejamento das polticas sociais. (Schtz e Mioto, 2008).

    Neste trabalho, tomamos como norte a ideia de que arranjos intersetoriais tm que

    considerar os aspectos ideo-polticos constitutivos das polticas pblicas (em particular as

    sociais), bem como os aspectos tcnicos visveis nas microestruturas institucionais. Partir

    de uma postura que se refere existncia de um multidimensionalidade que os

    problemas, enfrentados por estas microestruturas expressam, tornando a estratgia da

    intersetorialidade num mecanismo gerencial mais efetivo na elaborao das respostas

    formuladas pela gesto pblica. Os desafios em concretiz-la so inmeros e excedem

    simples acordos institucionais em promover aes simultneas frente s demandas postas.

    Tais obstculos, se colocam, sobretudo, no planejamento mais amplo da gesto,

    contornados por posturas polticas, nem sempre homogneas e por uma estrutura (no caso

    a brasileira) conservadora que precisa de intensas transformaes.

    Assim, com a evidente prevalncia dessas concepes por parte da categoria, a

    atuao profissional no PSF e nos Ncleos de Apoio Sade da Famlia se dilui quando

    em contato com o restante da equipe multiprofissional nas aes de ateno bsica. Os

    arranjos so demandados e construdos, mas sem que o Assistente Social se identifique

    como protagonista desse processo. Para os profissionais inseridos na ateno bsica, em

    nvel de execuo e de apoio matricial (NASFs) os encaminhamentos efetivados, as

    informaes, orientaes fornecidas (s famlias, aos usurios e equipe

    multiprofissional) e o contributo ao acesso dos usurios aos benefcios e direitos que as

    demais polticas setoriais incorporam, no se relacionam diretamente prtica

    intersetorial.

  • 209

    Barbari, Santa Cruz do Sul, n.39, p., jul./dez. 2013

    Nesse prisma, a materialidade da intersetorialidade acaba no ganhando

    visibilidade, deixando os Assistentes Sociais, em tese, apartados dos processos que eles

    prprios esto construindo.

    Consideraes finais

    No decurso deste trabalho, procurou-se contribuir para o debate da

    intersetorialidade, analisando-a em cotejo a atuao do Assistente Social nas aes da

    ateno bsica. A delimitao de tal escopo decorre da compreenso de que no nvel

    primrio de ateno sade esto postas mais claramente as determinaes sociais que o

    processo sade-doena incorpora, ou seja, a multicausalidade que caracteriza as

    demandas em sade.

    Tal fato tem colocado para o Assistente Social a necessidade de estimular ou

    mesmo produzir arranjos entre vrios setores (por vezes externos prpria poltica de

    sade), denotando, assim, a potncia que tal categoria profissional tem em mediar as

    articulaes e aproximar o dilogo entre setores diversos, com o intuito de atingir a

    resolutividade em sade.

    Contudo, diante do exposto no corpo do trabalho, fica evidente que a poltica de

    ateno bsica em sade operada no SUS ainda apresenta ndulos de difcil

    enfrentamento, o que produz barreiras nos movimentos intersetoriais pretendidos dentro

    da sua prpria estrutura interna e, por conseguinte, para as polticas pblicas que com ela

    devem manter conexo, principalmente em se tratando desse nvel de complexidade, haja

    vista os problemas advindos da Estratgia Sade da Famlia, Programa Sade na Escola e

    os Ncleos de Apoio ao Sade da Famlia.

    No caso mais geral da Poltica de Sade Nacional, se constata, que nesses vinte

    anos de operacionalizao do Sistema nico de Sade, velhos problemas persistem e

    novos emergiram. Trata-se, portanto, de uma poltica operada em um sistema ainda em

    fase de consolidao e qualificao.

    Como j foi mencionada anteriormente, a atuao do Assistente Social, nesse

    contexto, tem sido caracterizada por inmeras peculiaridades, tanto em relao aos

    processos de trabalho vividos (precarizados) quanto s aes desenvolvidas. Dentre tais

  • 210

    Barbari, Santa Cruz do Sul, n.39, p., jul./dez. 2013

    aes se ressalta a funo de articuladores dos arranjos intersetoriais, embora seja

    relevante advertir que a produo das aes de matriz intersetorial no depende

    exclusivamente da atuao de um s ncleo profissional, mas de vrias situaes.

    Entretanto, h, sem dvida, possibilidades concretas de esse profissional

    contribuir na construo de tais arranjos, fundamentalmente pela formao mais

    generalista que recebe. Porm, a prpria categoria ainda necessita se reconhecer nesse

    processo e assumir o papel de provocador na articulao entre a poltica de ateno bsica

    em sade e as demais polticas de natureza social, considerando a existncia de uma

    pliade de variveis que devem ser refletidas, em se tratando do manejo desta estratgia,

    que extrapolam o desejo em utiliz-la, consistindo, sobretudo, num processo de pactuao

    poltico e institucional, grassando a postura dos atores sociais que iro utiliz-la.

    THE INTERSECTORAL APPROACH WHILE SOCIAL SERVICE

    PROFESSIONAL STRATEGY ON HEALTH

    Abstract

    The article in screen is product of theoretical reflections that comes being carried through

    since 2012, in the Sector of Studies and Research in Health and Social Service, in the

    context of the implementation of the research project Social Service, health policy and Intersectoral: Repercussions, challenges and perspectives for the Social Assistant in the

    basic attention. The objective of this article is to contribute for discussion concerning the

    strategy of the Intersectoriality for if understanding that it comes if constituting in a

    strategy frequently used in the professional activity of the Social Assistants, presenting

    paradoxicalally, still incipient a scientific production in the scope of the Social Service in

    relation to the joint between the cited strategy and the practical professional. The

    produced intersectoral arrangements in the partner-occupational spaces for the

    confrontation of the expressions of the social matter have had the protagonism of the

    Social Service, when the politics of basic attention in health is analyzed. The social

    determination that if articulate to the process health-illness have provoked an intense

    volume of demands to the attendance net, needing, therefore, of an integral confrontation

    in the resolutividade search. The longed for completeness, prints the necessity of the

    construction of sectorial arrangements and in the continuation of this process the

    interventions of the Social Assistants if have shown important links in the itinerary that

    the user covers inside of the System of Health.

    Keywords: Intersectoral. Social Service. Primary Health Care.

  • 211

    Barbari, Santa Cruz do Sul, n.39, p., jul./dez. 2013

    EL INTERSETORIALIDADE MIENTRAS QUE ESTRATEGIA

    PROFESIONAL DEL SERVICIO SOCIAL EN LA SALUD

    Resumen

    El resumen el artculo en pantalla es el producto de reflexiones tericas que viene

    siendo llevado a travs desde 2012, en el sector de estudios y la investigacin en salud y

    servicio social, en el contexto del operacionalizao servicio social del proyecto de

    investigacin , poltica de Sade e Intersetorialidade: Repercusiones, desafos y perspectivas para la ayudante social en la atencin bsica. El objetivo de este artculo es

    contribuir para el discusin referente a la estrategia del intersetorialidade, para si

    entiende que viene si constituye en una estrategia usada con frecuencia en la actividad

    profesional de las ayudantes sociales, presentando paradoxicalally, de incipiente

    inmvil una produccin cientfica en el alcance del servicio social en lo referente al

    empalme entre la estrategia citada y el profesional prctico. Los arreglos producidos de

    los intersetoriais en los espacios socio-ocupacionales para la confrontacin de las

    expresiones de la materia social han tenido el protagonism del servicio social,

    notadamente cuando la poltica de la atencin bsica en salud se analiza. La

    determinacin social que si articule a la salud-enfermedad de proceso ha provocado un

    volumen intenso de demandas a la red de la atencin, necesitando, por lo tanto, de una

    confrontacin integral en la bsqueda del resolutividade. Deseado lo completo,

    impresiones la necesidad de la construccin de arreglos sectoriales y en la continuacin

    de este proceso las intervenciones de las ayudantes sociales si han demostrado

    acoplamientos importantes en el itinerario que el usuario cubre el interior del sistema de

    la salud.

    Palabras Clave: Intersetorialidade. Servicio social. Atencin bsica.

    Referncias

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    construindo marcos de referncias para o exerccio profissional dos assistentes sociais.

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    Data de recebimento: 09/11/2012

    Data de aceite: 12/12/2013

    Sobre os autores:

    Patrcia Barreto Cavalcanti Professora Associado III do Departamento de Servio

    Social da UFPB. Doutora em Servio Social pela PUC-SP. Coordenadora do Setor de

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    Barbari, Santa Cruz do Sul, n.39, p., jul./dez. 2013

    Estudos e Pesquisas em Sade e Servio Social- SEPSASS. Preceptora da Residncia

    Multiprofissional em Sade da Famlia e Comunidade- UFPB/CCS. Endereo Eletrnico:

    [email protected].

    Rafael Nicolau Carvalho Professor Assistente do Departamento de Servio Social da

    Universidade Federal da Paraba-UFPB. Mestre em Servio Social pela UFPB.

    Doutorando em Cincias Sociais da UFPB. Pesquisador do Setor de Estudos e Pesquisas

    em Servio Social- SEPSASS. Preceptor da Residncia Multiprofissional em Sade da

    Famlia e Comunidade- UFPB/CCS. Tutor do PET-Sade Mental. Endereo Eletrnico:

    [email protected].

    Ana Paula Rocha Sales de Miranda Professora Adjunta do Departamento de Servio

    Social da Universidade Federal da Paraba-UFPB. Doutora em Servio Social pelo

    Programa de Estudos Ps-Graduados em Servio Social pela Pontifcia Universidade

    Catlica de So Paulo. Endereo Eletrnico: [email protected].

    Katiusca Torres Medeiros Professora e Coordenadora do Curso de Bacharelado em

    Servio Social da Faculdade Santa Maria-FSM. Mestre em Servio Social -UFPB e

    pesquisadora do Setor de Estudos e Pesquisas em Sade e Servio Social-

    SEPSASS/UFPB. Endereo Eletrnico: [email protected].

    Andreza Carla da Silva Dantas Mestre em Servio Social-UFPB e pesquisadora do

    Setor de Estudos e Pesquisas em Sade e Servio Social-SEPSASS/UFPB. Endereo

    Eletrnico: [email protected].