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1 A INTEGRAÇÃO DAS RAÇAS BRANCA E VERMELHA NO BRASIL DO SÉCULO XVI Espinosa, Navarro, Cunhambebe e Moreia Luiz Guilherme Marques

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A INTEGRAÇÃO DAS RAÇAS

BRANCA E VERMELHA NO

BRASIL DO SÉCULO XVI

Espinosa, Navarro, Cunhambebe e

Moreia

Luiz Guilherme Marques

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ÍNDICE

Esclarecimento sobre o desenho da capa

Introdução

Primeira Parte – biografias resumidas dos personagens

1 – Francisco Bruza Espinosa

2 – João de Azpilcueta Navarro

3 – Cunhambebe

4 – Belchior Dias Moreia

Segunda Parte – interação produtiva

1 – Antropofagia

2 – Poligamia

3 – Ciência da Natureza

4 - Democracia

Conclusões

4

ESCLARECIMENTO SOBRE O DESENHO DA

CAPA

Os personagens representados na capa são os quatro

abordados neste livro, sendo que, para você identificar cada

um deles, Espinosa é o barbado mais idoso, Navarro o

barbado mais jovem, Cunhambebe o índio pintado de azul e

Moreia o jovem imberbe.

5

INTRODUÇÃO

A segunda metade do século XVI da História do Brasil

nunca foi contada da forma como os prezados leitores verão

neste livro.

A maioria das pessoas que recebem informações sobre

aquele período vê, normalmente, as figuras do governador-

geral Mem de Sá, dos padres jesuítas Manuel da Nóbrega e

José de Anchieta e do colonizador francês Nicolau de

Villegagnon e pensa que tudo girou em torno deles.

Vamos focalizar outros personagens, totalmente

diferentes, cuja atuação, segundo pudemos detectar nas

nossas pesquisas e conclusões, visou, não a escravização dos

índios para trabalharem para os brancos, nem sua dizimação,

por que se recusavam a desempenhar esse papel, mas sim a

gradativa e espontânea integração entre brancos e índios, sem

violências e sem prejuízos para nenhuma das partes, podendo

todos habitar o imenso território brasileiro, com a condição

de cada povo respeitar a cultura do outro e, assim, haver uma

convivência fraternal, onde os brancos ensinariam os índios a

não mais praticarem a antropofagia e a poligamia, enquanto

que os brancos aprenderiam com os índios a grande Ciência

da Natureza e a democracia.

Esse ideal dos nossos quatro personagens foi colocado

em prática, enfrentando o poderio do Governo português e da

Companhia de Jesus.

Aparentemente esses dois últimos segmentos saíram

vitoriosos, mas o que ficou de sementes boas para brotarem

no futuro é o que valeu para formar mentalidades mais

arejadas e democráticas do que a dos quatro personagens

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ditatoriais que mencionamos acima: Mem de Sá, Nóbrega,

Anchieta e Villegagnon.

As civilizações, os povos recebem, normalmente, as

influências boas e más de personalidades que exercem a

liderança, como o trigo e o joio da parábola evangélica, sendo

essa ainda a realidade humana.

Os personagens que retratamos neste livro são o trigo e

os outros quatro o joio.

Os prezados leitores têm o direito de entender o

contrário, se o quiserem, mas, se o Brasil é hoje uma nação

confusa, desorganizada, vítima de ditadores etc., devemos isso

aos quatro escravagistas e outros que os sucederam.

Podem notar que o que os índios tinham para aprender,

aprenderam de verdade, que foram a abolição da

antropofagia e da poligamia, mas o que os brancos

precisavam assimilar não o fizeram e, assim, até hoje não têm

a mínima consideração pela Natureza e desconhecem a

democracia, apesar da quantidade de leis que tratam dos dois

assuntos.

Vamos adotar neste livro uma inversão que será útil

para os prezados leitores: pedimos que leiam primeiro os

dados biográficos de cada um dos nossos personagens, a fim

de terem uma noção melhor de suas ideias e propósitos, de

que trataremos na Segunda Parte.

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PRIMEIRA PARTE – BIOGRAFIAS RESUMIDAS

DOS PERSONAGENS

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1 – FRANCISCO BRUZA ESPINOSA

Consigna a Wikipédia:

“Francisco Bruza Espinosa, castelhano, foi dos primeiros

desbravadores do sertão da Bahia ainda no século XVI.

Seu nome se grafa também Francisco Bruzo Espinosa,

sendo ainda encontrado como Francisco Bruza, Bruzza,

Brueza de Espinosa, Espinhosa, Espiñosa ou Spinosa.

Em 1553, D. João III ordenou ao governador-geral Tomé

de Sousa explorar as nascentes do rio São Francisco, pois

fora informado que os espanhóis haviam encontrado

ouro e esmeraldas do outro lado da linha deTordesilhas.

A expedição foi encomendada ao castelhano.

Toda região onde está o município de Salinas,

originariamente de 3.689 km2 e abarcando dezesseis

distritos e povoados, teve sua colonização iniciada nesta

metade do século XVI, quando o desbravador Francisco

Bruza Espinosa, seguindo determinação da Coroa,

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enveredou pelo vale do Rio Pardo com numerosa

expedição. Palmilhou os tabuleiros de pastagens naturais

– tinha até jazidas de sal, indispensável para o gado – e

foi sair do território mineiro para a Bahia onde hoje está

a cidade de Espinosa, que ganhou o topônimo em sua

homenagem.

Seguido as noticias dadas pela expedição de Espinosa,

acorreram à região os chamados vaqueiros baianos

tangendo seus rebanhos, deflagrando assim o Ciclo do

Couro da Colonização das Gerais. É notório que os

povoados surgidos no curso das atividades agropecuárias,

curso das atividades agropecuária, notadamente as

pastoris, são de crescimento lento.

Os sertões eram habitados pelos índios tapuias por

ocasião do descobrimento. Cinquenta anos depois no

Governo-Geral de Tomé de Sousa, foi organizada uma

expedição à região sob comando do espanhol Francisco

Bruza Espinosa. A expedição, da qual fez parte o padre

jesuíta João de Azpilcueta Navarro, seguiu pelo sul do

litoral baiano, atravessou o vale do rio Jequitinhonha e

atingiu o rio São Francisco. Deixaram Porto Seguro em

outubro ou novembro de 1553 e precisaram de ano e meio

para percorrer 355 léguas (2.310 quilômetros), pelo rio

Jequitinhonha, até a Serra do Mar, alcançando o rio São

Francisco, passando ao rio Verde, finalmente descendo o

rio Pardo até o mar.

A crônica da expedição está em carta do jesuíta escrita

em Porto Seguro, para os seus superiores em Coimbra,

a 24 de junho de 1555.

A ação de colonização aconteceu muitos anos depois,

quando, em 1690, o regente do São Francisco, Antônio

Guedes de Brito, se estabeleceu com duzentos homens

armados na serra Geral, hoje município do Jacaraci, na

Bahia. Ali bem perto formou-se o povoado de Lençóis do

Rio Verde – denominação que se explica pelos lençóis

postos a secar no rio pelas lavadeiras da região. Esse

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povoado ficava nos arredores de uma antiga capela, mais

tarde e a matriz de São Sebastião. Em 1859, criou-se o

distrito de Lençóis, ligado ao município de Rio Pardo.

Posteriormente, em 1923, sob a denominação de São

Sebastião dos Lençóis, é elevado a município,

desmembrado de Monte Azul. O nome Espinosa foi

instituído depois, em homenagem ao desbravador do

local.”

(https://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Bruza_Espinosa)

11

2 – JOÃO DE AZPILCUETA NAVARRO

Diz a Wikipédia:

“João de Azpilcueta Navarro, padre da Companhia de

Jesus, dos primeiros a serem catequistas no Brasil, no

século XVI.

Teria sido o primeiro que aprendeu a língua indígena e

dela se utilizou desde 1550 na pregação aos selvagens.

Foi certamente o primeiro basco a pisar terras do Brasil.

Seu nome era Juan de Azpilikueta y Sebastian, da nobre

família dos Azpilikueta do reino da Navarra e os

portugueses, com dificuldade para pronunciar o nome,

passaram a chamá-lo Navarro, isto é, nascido na

Navarra, em homenagem a sua procedência. Pertencia à

família de São Francisco Xavier cuja mãe se chamava

Maria Azpilikueta Aznares; um dos irmãos do santo,

Juan de Azpilicueta (1497-1556), foi senhor de Sotés e se

conhecia como Capitão Azpilicueta.

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O padre João nasceu no País Basco, na Espanha, em

Iriberri ou Burlada, de onde eram naturais seus pais,

Juan de Azpilcueta e Maria Sebastiana de Iriberri ou de

Javier, entre 1522 e 1523; morreu na Bahia em 1557,

ainda jovem. Era sobrinho do humanista Martín de

Azpilcueta, o famoso Doutor Navarro, que lecionou

naUniversidade de Coimbra. Por isso o padre João

frequentou a Universidade entre 1540 e 1549, data de sua

partida para o Brasil, vivendo em casa do tio, que o

queria como filho. Ingressou na Companhia de Jesus em

Coimbra em 22 de dezembro de 1542, mais ou menos aos

vinte anos. Foi sempre, com atestam suas cartas, um

católico fervoroso. Além do mais, grande estudioso, de

estrita moralidade cristã, europeu da Idade Média, seu

mundo seria transtornado ao desembarcar no Brasil. Foi

ele mesmo quem pediu para embarcar, em 1549.

Em 1544 foi professor de Cânones na Universidade de

Coimbra, quando escreveu o livro, que é publicado até

hoje, intitulado “Diálogos de las Imágenes de los Dioses

Antíguos”.

Seu nome é lembrado na cidade de Diadema – SP através

de um dos logradouros públicos: Rua Azpicueta Navarro,

no bairro Vila Nogueira, e também na cidade de

Salvador: Praça Azpicueta Navarro.

No Brasil, após a morte do Donatário da

Bahia, Francisco Pereira Coutinho, resolveu instalar um

Governo-Geral para todo o país, afastando a cobiça

estrangeira. O rei, que foi descrito por Santo Inácio de

Loiola como pai e protetor da Companhia de Jesus,

enviou com o primeiro governador seis jesuítas

comandados pelo padreManuel da Nóbrega. A viagem

durou 56 dias e em 29 de março de 1549 desembarcaram

na Bahia, com calorosa recepção pelos colonos.

O Padre João ficou três anos em Salvador, ocupado com

a construção do colégio e da cidade e, principalmente,

trabalhou nas aldeias indígenas dos arredores. Era

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necessário aprender o idioma do gentio para poder

catequizá-los. E nisso o padre João era excelente! Meses

depois, escrevendo à Europa, Nóbrega conta que ele

tinha mais facilidade do que os outros para se comunicar

com os índios, e pensava que devia ser por um parecido

qualquer entre o euskara que falava desde a infância e o

idioma tupi ou abanheenga.

Seus sete anos de estadia no Brasil podem ser divididos

em três anos vividos em Salvador, sendo um dos

fundadores dessa cidade, três vivendo em Porto Seguro e

um ano e meio na viagem ao sertão mineiro.

Viagem ao sertão

Desde 1500, os habitantes de Porto Seguro falavam de

uma cordilheira brilhante e preciosa no interior, a serra

Verde, serra Negra ou serra das Esmeraldas. Os índios

asseguravam que, nas margens da lagoa Vupabaçu

(“Lagoa grande”), se encontravam pedras verdes – e os

portugueses sonhavam com esmeraldas ou safiras. Em

1553, D. João III ordenou ao governador explorar as

fontes do rio São Francisco. Informado de que os

espanhóis haviam achado ouro e esmeralda do outro lado

da linha imaginária de Tordesilhas, encarregou da

expedição o castelhano Francisco Bruza Espinosa.

Nóbrega indicou como padre João de Azpilcueta.

Partiram em outubro ou novembro de 1553. Demorariam

um ano e meio, como se conta em Entradas e Bandeiras,

para percorrer penosamente 350 léguas, ou seja, 2310

quilômetros.

Para Afrânio Peixoto, em A cultura brasileira, pg. 289,

Azpilcueta foi o primeiro mestre e missionário do gentio,

o primeiro nas entradas evangelizadoras aos sertões, que

varou em 1553 em Porto Seguro – 350 léguas de périplo,

às cabeceiras do rio Jequitinhonha, São Francisco,

tornando ali ao litoral pelo rio Pardo.» Antes de partir,

em carta aos irmãos deixados em Coimbra, escrita de

Porto Seguro em 19 de setembro de 1553, conta ele:

14

« Fiquei aqui somente por falta de padres e pela

necessidade que havia na terra de despertar a gente que

estavam e estão no sono do pecado, somente com nome de

cristãos, embebidos em malquerenças, metidos em

demandas, envoltos em torpezas e sujidades

publicamente, o que tudo me causava uma tibieza e pouca

fé e esperança de poder-se fazer fruto, contudo meti-me a

apalpar, quis Nosso Senhor que alguns se apartassem dos

pecados, uns tirando de si, outros casando-se, muitos

cediam das demandas e libelos condescendendo a meus

rogos, e outros, que me ajudavam, e desta maneira se

reconciliavam muitos.» E, adiante, conta de seu pouco

entusiasmo em partir terra adentro: «Interim,

encomendai-me muito ao Senhor, caríssimos, e porque

nunca me achei em tanta necessidade como agora, por ir

só entre leigos de diversas mais por terras cobertas e

gentes bárbaras que se comem, que com lágrimas vos

quisera escrever não a ida, senão meu pouco entusiasmo

para tão grande empresa.»

Azpilcueta afirma, em correspondência citada pelo

padre Serafim Leite em Novas cartas jesuítas, página

155: «Nesta capitania, achei um homem de boas partes,

antigo na terra, e tinha o dom de escrever a língua dos

índios, o que foi para mim grande consolação, e assim o

mais do tempo gastava em lhe dar sermões do

Testemunho Velho e Novo e Mandamentos, Pecados

mortais e Artigos de fé, e Obras de Misericórdia, para

tornar em a língua da terra.» Os jesuítas dos estados do

Brasil e do Maranhão escreveram numerosos relatórios,

cartas e informes com pormenores sobre sua vida diária e

seu trabalho missioneiro. Suas cartas, que acabaram nos

arquivos de Roma, Lisboa, Évora, Madrid e no Rio de

Janeiro, foram consultadas pelo padre Serafim Leite no

século dezenove e hoje são material de grande valor para

os historiadores. Era acompanhado em suas missões ao

interior pelo padre Vicente Pires, de São João da Talha,

em Portugal, entrado na companhia aos dezessete anos.

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Entravam pelo sertão em terrenos inóspitos, visitando

aldeias distantes e, diz Navarro, «passamos assaz

trabalho e perigos, por nos ser necessário andar de noite

algumas vezes e por matos, porque cá não há os

caminhos de Portugal, e há neles muitas onças e outras

feras.»

Na expedição de 1553, enfrentaram os índios do

Jequitinhonha (puris ou aimorés) e as dificuldades

naturais do caminho ou da ausência dele, nas terras que

os próprios indígenas apelidavam Ivituruna ou

«montanha negra», devido à sua estatura elevada e

vestir-se com a batina negra da Companhia de Jesus.

Enfrentaram tempestades e perda de animais, sempre

com muito cansaço. Dos encontros com os índios

passavam a construir botes para descer caudalosos rios e,

mesmo assim, Azpilcueta pôde se referir à beleza da terra,

à sua fertilidade, aos costumes dos índios, à abundância

de aves e animais selvagens, sem esquecer jamais de sua

missão: encher aquela terra de gente cristã, nativa ou

estrangeira.

Ele próprio solicitou de Nóbrega autorização para

adentrar o sertão, sendo que viajava sempre descalço por

gosto pessoal.

Houve um debate sobre se a expedição conseguiu

localizar ouro e pedras preciosas, mas ele nada afirma

sobre o assunto em sua carta de 1555, apesar de que

Ambrósio Pires, em carta dirigida diretamente a Inácio

de Loiola, lança uma acusação grave contra Navarro

dizendo estranhar a expedição, depois de um ano e meio

de viagem, não ter obtido sucesso na localização dessas

preciosidades.

Navarro trouxe consigo para Porto Seguro muitos

indígenas botocudos, com os quais conviveu na sua

estadia nas regiões onde esteve, como companheiro de

viagem de espino, mas este não retornou a Porto Seguro.

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O estado de saúde de Navarro tornou-se crítico após a

referida viagem e veio a falecer em 1957.

A carta em que descreveu a viagem foi escrita em Porto

Seguro em vinte e quatro de junho de 1555. No início de

1556, estava de novo em Salvador. Morreu ali entre

quinze e trinta de abril de 1557, tendo dedicado os

melhores anos de sua vida à evangelização. Suas cartas

se podem ler em «Cartas jesuíticas»: Cartas do Brasil,

Cartas avulsas, periodicamente reeditadas.

Trecho de uma carta de Salvador, agosto de 1551:

“Assim, chegamos a uma aldeia onde achamos os gentios

todos embriagados, porque aqui têm uma maneira de

vinho de raízes que embriaga muito, e quando eles estão

assim bêbados ficam tão brutos e ferozes que não

perdoam a nenhuma pessoa, e, quando não podem mais,

põem fogo na casa onde estão os estrangeiros. Com tudo

isto, porque chovia muito e íamos mui molhados, nos

recolhemos em outra casa para nos enxugar, e daí a

pouco vieram com grande fúria, com espadas e outras

armas contra nós...”

Foi considerado pelo historiador Carlos Affonso dos

Santos, no seu livro Navarro, o Primeiro Apóstolo do

Brasil, como um respeitável geógrafo, historiador e

missioneiro.

No Brasil, onde viveu de 1549 a 1557, escreveu um livro,

que não foi publicado, intitulado Oraciones y Catequesis

en la Lengua General del Brasil.”

(https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_de_Azpilcueta_N

avarro)

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3 – CUNHAMBEBE

A Wikipédia informa:

“Cunhambebe (? – c. 1555) foi um famoso

chefe indígena tupinambá brasileiro. Foi a autoridade

máxima entre todos os líderes tamoios da região

compreendida entre o Cabo Frio (Rio de Janeiro)

e Bertioga (São Paulo). Foi aliado dos franceses que se

estabeleceram na Baía de Guanabara em 1555, no

projeto da França Antártica. É citado na obra do

religioso francês André Thévet Les singularités de la

France Antarctique e na obra do aventureiro

alemão Hans Staden “História Verdadeira...”. Noticia-se

que o chefe tamoio, em rituais canibais de sua tribo,

tenha devorado mais de sessenta portugueses.

Etimologia

Segundo o tupinólogo Eduardo de Almeida Navarro, o

nome “Cunhambebe” é derivado do

termo tupi kunhãmbeba, que significa “mulher achatada,

sem seios, de seios muito pequenos”, pela junção

de kunhã (mulher) e mbeba (achatado). Seria uma alusão

ao peito musculoso e desenvolvido de Cunhambebe. O

escritor Eduardo Bueno, baseado em Teodoro Sampaio,

diz que “Cunhambebe” significa “o gago” em tupi, mas

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tal etimologia é considerada fantasiosa por Eduardo de

Almeida Navarro.

Biografia

1642

Segundo Capistrano de Abreu, houve não apenas um,

mas dois Cunhambebes: pai e filho. O pai teria sido o

famoso guerreiro que Hans Staden encontrou na Serra

de Ocaraçu (atual conjunto de morros do Cairuçu, ao Sul

de Paraty, na região de Trindade). André Thevet também

teria conhecido este Cunhambebe. Faleceu de “peste”

(provavelmente varíola) após a chegada dos colonos

franceses deNicolas Durand de Villegagnon à Baía de

Guanabara.

Alguns anos após a morte deste Cunhambebe, o

padre José de Anchieta teria encontrado o Cunhambebe

filho em Yperoig (atual cidade de Ubatuba) para as

negociações que deram origem ao Armistício de

Yperoig – o primeiro tratado de paz conhecido no

continente americano, colocando fim à

chamada Confederação dos Tamoios, que ameaçava São

Vicente e a supremacia portuguesa no sul do Brasil.

Pacificados os indígenas das proximidades de São

Vicente, os portugueses atacaram os franceses que

estavam instalados na Baía de Guanabara, dizimando as

tribos tupinambás que ali residiam. O fato se repetiu no

Cabo Frio, tendo sobrevivido os Tupinambás de Ubatuba,

que, fugindo para o sertão ou misturando-se aos colonos

em Ubatuba, deram origem aos atuais caiçaras, na região

do Litoral Norte de São Paulo.

No início do século XVII, já não havia mais nenhum

tupinambá na região do Rio de Janeiro, a não ser os

convertidos ao catolicismo e os utilizados como serviçais

pelos portugueses.”

(https://pt.wikipedia.org/wiki/Cunhambebe)

19

4 – BELCHIOR DIAS MOREIA

Vemos na Wikipédia:

20

“Belchior Dias Moreia (Brasil, 1540 – 1619),

bandeirante brasileiro, tem seu nome ligado à serra

de Itabaiana, nos arredores de Aracaju, e ao mito

do Eldorado no Brasil. Era ainda conhecido como

Belchior Dias Moreira ou Belchior Dias Caramuru, por

ser parente de Diogo Álvares o Caramuru. Seria nascido

no Brasil por volta de1540, tinha fazendas ou currais

junto a serra do Canini, nos sertões do rio Real (hoje

município de Tobias Barreto), entre o rio Real e o rio

Jabiberi. Considerado notável colonizador do sertão do

rio Real, onde teria chegado desde 1599, após haver

tomado parte na conquista de Sergipe, como um dos

capitães de Cristóvão de Barros, segundo informa a

«Enciclopédia dos Municípios Brasileiros».

Ficou famoso por suas buscas do Eldorado, que

localizava na serra de Itabaiana. Até hoje há quem creia

que haveria ali riquezas em metais e que a área ocultaria

um “carneiro de ouro”. O mito surge a partir das

expedições deste aventureiro Belchior Dias Moreia, que

alardeou a descoberta de uma grande quantidade de

prata na região, no século XVI.

Embora nada tenha sido efetivamente localizado, a

notícia ajudou a impulsionar outras expedições

particulares e governistas, que tomaram os caminhos da

Serra nos séculos seguintes. Itabaiana, com sua velha

serra, atraiu aventureiros em busca da prata que teria

sido achada por Belchior Dias Moreia e durante dois

séculos alimentou entre os brasileiros o sonho de riqueza.

As primeiras minas de prata haviam sido descobertas no

Brasil por Gabriel Soares de Sousa, que morreu em1592,

cronista e explorador. Era primo de Belchior Dias

Moreia, que com ele aprendeu a varar os sertões da

Bahia e de Sergipe, em busca de ouro e prata, mas estava

a serviço dos reis da Espanha. Atraiu com isso o interesse

de Belchior, que veio se estabelecer na terra. Após dez

anos de pesquisa, anunciou a descoberta das minas de

prata. As supostas minas de Itabaiana jamais foram

21

encontradas. Se foram descobertas, como afirmava ele, o

segredo ficou guardado. Pedindo mercês em troca da

informação sobre o local das minas, Belchior foi a

Portugal e de lá à Espanha, em 1600, para conseguir

um título de nobreza. Demorou-se quatro anos, sem

sucesso. Voltaria duas vezes à Europa com novos

insucessos. Os governadores Luís de Sousa, de

Pernambuco, e D. Francisco de Sousa, da Bahia,

marcaram encontro com Belchior Dias Moreia e

viajaram juntos para Itabaiana, para marcar a

localização das minas. Negando-se a mostrar o local

enquanto não fosse recompensado com as mercês,

Belchior Dias Moreia foi preso e passou dois anos na

cadeia.

Antigamente, o rio Orinoco era o ponto preciso e real

onde estaria o Eldorado, na cabeça das gentes. A partir

de Gabriel Soares de Sousa a perspectiva se transferirá

para as cabeceiras do rio São Francisco. Mesmo

Domingos Fernandes Calabar (1600-1635), que os

portugueses tiveram como traidor, foi guia de uma

expedição holandesa a Itabaiana em procura do ouro e

da prata.

Belchior Dias Moreya morreu em 1619, deixando um

filho – Rubério Dias – tido de uma índia cariri da aldeia

de Geru. Seu neto Melchior Dias Moreia pretendeu

posteriormente ter descoberto minas de prata na

montanha de Itabaiana. Sem revelar, no roteiro

imperfeito que deixou, sua localização.

Por isso mesmo em 1673 a Coroa (era regente o Príncipe

D. Pedro, futuro rei D. Pedro II de Portugal) nomeou

D. Rodrigo Castelo Branco como administrador-geral das

Minas de Itabaiana e editou o Regimento Geral das

Minas do Brasil. Era consequência das incessantes

buscas de ouro e prata em várias partes do território.

Coube ao neto de Rubério Dias, bisneto de Belchior, buscar os

velhos roteiros, a partir das terras do morgado do velho

22

descobridor e sertanista. Tratava-se do coronel Belchior da

Fonseca Saraiva Dias Moreya, apelidado o Moribeca. Num

engodo, apresentara ao governador Afonso Furtado pedras de

marcassita misturadas com amostras de prata que herdara do

avô.”

(https://pt.wikipedia.org/wiki/Belchior_Dias_Moreia)

23

SEGUNDA PARTE – INTERAÇÃO PRODUTIVA

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1 – ANTROPOFAGIA

A maioria das pessoas não tem ideia do em que

consistia a antropofagia praticada por várias nações

indígenas brasileiras: eram, ao mesmo tempo, uma

forma de vingança contra os inimigos e, talvez

principalmente, devido à crença de que assim fazendo

estavam assimilando as energias de coragem desses

inimigos.

Esse hábito era tão enraizado que foi difícil os

índios renunciarem a comer os cadáveres dos inimigos.

“O uso do cachimbo realmente faz a boca torta”: a

poligamia não foi tão difícil de ficar no passado quanto

o foi a antropofagia.

Nos rituais antropofágicos incluía-se até o direito

da vítima de engravidar uma índia da tribo e a criança

fruto dessa relação era devorada posteriormente.

As próprias vítimas encaravam a morte com

desdém e preferiam ser devoradas a morrer de velhice.

Conta Hans Staden no seu livro em que narra suas

aventuras no Brasil que Cunhambebe adorava comer

portugueses, mas acredito que isso tenha sido mais

uma estratégia do grande cacique para intimidar o

matreiro amigos dos portugueses, ou seja, Hans

Staden, que, por sinal, nem sacrificado foi.

25

2 – POLIGAMIA

Fica para muitas pessoas desinformadas a ideia de

que todos os índios eram polígamos, o que não é

verdade.

Os casamentos sempre foram levados a sério,

como instituição cheia de regulamentos, impedimentos

etc.

Apenas os caciques podiam ter muitas esposas,

mas tal se justifica, segundo a ideologia indígena,

porque dali deveria nascer pelo menos um grande

líder.

Não se trata de consagração da promiscuidade,

mas sim de expectativa quanto ao surgimento de um

líder.

Filho de cacique nem sempre é cacique, pois o que

vale mesmo é a capacidade de liderar.

Todavia, liderar não significa “fazer e acontecer”

com arbitrariedades e desrespeitos aos membros da

tribo: quem assim procede perde o cargo.

As escolhas se baseiam na real competência dos

dirigentes, ao contrário das eleições dos brancos, que

são reguladas por uma quantidade enorme de leis e

regulamentos, mas acabam vencendo os que compram

votos.

26

3 – CIÊNCIA DA NATUREZA

A Ciência da Natureza pode ser chamada de

Xamanismo.

Vamos reproduzir o que a Wikipédia fala sobre o

Xamanismo, mas o fazemos apenas por uma questão

de facilitação, mas nem tudo que está ali consignado

corresponde à verdade.

Vamos dizer agora o seguinte: o lema principal do

Xamanismo é o “somos todos um”, ou seja, todas as

criaturas (humanas, animais, vegetais e minerais) têm

igual importância do Universo, apenas se

diferenciando pela especialização. Todavia, todo ser

humano deve respeitar as demais criaturas e aprender

a interagir com elas, inclusive para manutenção da

saúde física e espiritual.

A maioria dos brancos tem verdadeiro horror ao

Xamanismo, mas trata-se de puro preconceito,

justamente porque os xamanistas valorizam todas as

criaturas indistintamente, enquanto que muitas

pessoas se julgam donas da Natureza e com direito de

destruir sob o pretexto de levar o progresso a todos os

recantos do mundo.

O resultado dessa devastação está perceptível pelo

desaparecimento de muitas espécies animais e vegetais,

falta de água em muitos lugares antes abundantes

nesse aspecto, surgimento de doenças que tinham

deixado de existir etc. etc.

27

O desequilíbrio ecológico aumenta quando umas

criaturas desaparecem, fazendo surgir, assim, uma

necessidade insatisfeita e uma coisa vai puxando outra.

Observem como a qualidade de vida natural está

piorando de uns anos para cá.

“O xamanismo é um termo genericamente usado em

referência a práticas

etnomédicas, mágicas, religiosas (animista, primitiva), e

filosóficas (metafísica), envolvendo cura, transe,

transmutação e contato entre corpos e espíritos de outros

xamãs, de seres míticos, de animais, dos mortos.

Essencialmente técnicas de contato com

o sagrado ou êxtase e, como analisa Jerome

Rothenberg (1951-2010), utilizando uma linguagem, de

certo modo precursora, do que conhecemos como poesia,

uma criação de circunstancias linguísticas especiais

como a canção e a invocação.

A palavra xamã vem do russo – tungue saman – e

corresponde à práticas dos povos não budistas das

regiões asiáticas e árticas especialmente a Sibéria (região

centro norte da Ásia). Apesar, como assinala Mircea

Eliade da especificidade dessas práticas na região (em

especial as técnicas do êxtase dos tungues, iacutes,

mongóis, turco-tártaros etc.), não existe contudo, origem

histórica ou geográfica para o xamanismo como

conhecido hoje, tampouco algum princípio unificador.

Outros nomes para sua tradução seriam feiticeiros,

médico-feiticeiros, magos, curandeiros e pajés.

Antropólogos discutem ainda na definição xamanismo a

experiência biopsicossocial do transe e êxtase religioso,

bem como as implicações sociais da definição do

xamanismo como fato social. É considerado uma tradição

equivalente à magia enquanto prática individualizada

relacionada aos problemas e técnicas e ciência da

28

sobrevivência cotidiana (agricultura, caça, medicina, etc.)

ou ao fenômeno religioso, abstrato, coletivo,

normatizador.

Xamã

O sacerdote do xamanismo é o xamã, que geralmente

entra em transe durante rituais xamânicos, manifestando

poderes incomuns, invocando espíritos, plantas etc.,

através de objetos rituais, do próprio corpo ou do corpo

de assistentes e pacientes. A comunicação com estes

aspectos sutis da vida pode se processar através de estados

alterados de consciência. Estados esses alcançados

através de batidas de tambor, danças, sonhos e até

ervas enteógenas.

As variações “culturais” são muitas mas, em geral, o

xamã pode ser homem ou mulher, a depender da cultura,

e muitas vezes há na história pessoal desse indivíduo um

desafio, como uma doença física ou mental, que se

configura como um chamado, uma vocação. Depois disto

há uma longa preparação, um aprendizado sobre plantas

medicinais e outros métodos de cura, e sobre técnicas

para atingir o estado alterado de consciência e formas de

se proteger contra o descontrole. Naturalmente o

processo de aprendizagem e as “técnicas” empregadas

variam de cultura para cultura.

O xamã é tido como um profundo conhecedor da

natureza humana, tanto na parte física quanto psíquica.

De acordo com Eliade (o.c.), entre os manchus e os

tungues da Manchúria a tradição dos dons xamânicos

costuma ser feita de avô para neto, pois o filho ocupa-se

em prover as necessidades do pai, isso no caso dos amba

saman (xamãs do clã). Os xamãs independentes seguem a

sua própria vocação. O reconhecimento como xamã só

pode ser feito pela comunidade inteira depois de uma

prova iniciática. Ainda segundo esse autor das

referências a distúrbios psicológicos (especialmente no

processo de formação) o ideal iacuto de um xamã é: um

29

homem sério, que sabe convencer os que estão à sua

volta, não presunçoso nem colérico. Entre os kazak-

quirguizes o baqça, guardião das tradições religiosas é

também cantor, poeta, músico, adivinho, sacerdote e

médico.

Talvez pela experiência do sofrimento antes da iniciação

ou experiência de possessão o xamã é confundido com

indivíduos portadores de distúrbio mental tipo epilepsia,

histeria e psicose, Lévi-Strauss citando os estudos de

Nadel e de Mauss na introdução à obra de Marcel

Mauss afirma que …existe uma relação entre os

distúrbios patológicos e as condutas xamanísticas, mas

que consiste menos numa assimilação das segundas aos

primeiros do que na necessidade de definir os distúrbios

patológicos em função das condutas xamanísticas…

afirma ainda, baseado em estudos comparativos, que a

frequência das neuroses e psicoses parecem aumentar

nas regiões sem xamanismo e que xamanismo pode

desempenhar um duplo papel frente as disposições

psicopáticas: explorando-as por um lado, mas, por outro

canalizando-as e estabilizando-as.

Xamanismo entre os Vikings (Seiðr)

O seiðr, em muitos casos, foi descrito como uma feitiçaria

realizada para “ferver” certos objetos imputados de

poderes mágicos, sendo basicamente utilizado como um

rito adivinhatório ou para assassinato, ou ainda como

prescreve Boyer, relacionado a três ações básicas: prever

o futuro, aprisionar, causar doenças/desgraças ou matar.

A tradução do termo varia segundo os pesquisadores, mas

geralmente é interpretada como sendo canto. Tratava-se

de um ritual mágico de tipo divinatório e profético, com

conotações xamanistas e uma arte mágica criada pela

deusa Freyja. Era um tipo de magia extática com transe,

êxtase do celebrante e cantos da uropeia e, geralmente

realizada durante a noite e praticada sobre uma

plataforma chamada de assento para encantamento

30

(seiðhjallr). A sua realização era conectada com sons

mágicos ou encantamentos, e a melodia era considerada

bonita para os ouvidos. Também compreendia fórmulas

mágicas para chamar tempestades e todos os tipos de

injúrias, metamorfoses e predições de eventos futuros.

Criada pela deusa Freyja, era praticada especialmente

por mulheres chamadas seiðkonur (sing. Seiðkona). Para

Neil Price seria antes de tudo uma forma de extensão do

espírito e de suas faculdades, enquanto que para Zoe

Borovsky a performance do seiðr simbolizaria o modelo

vertical de universo (cosmológico) da árvore Yggdrasill.

Como para o xamã, a praticante de seiðr devia descer ao

mundo dos mortos para relatar os ensinamentos que

buscam os vivos e para efetuar certos malefícios. A

magia nórdica era tanto praticada por homens quanto

por mulheres, com uma nítida especialização feminina.

As Sagas estão repletas de práticas mágicas, mas maiores

detalhes sobre o ritual do seiðr são desconhecidos.

Xamanismo no Brasil

O xamanismo é constante em diversas manifestações

indígenas brasileiras. A palavra “pajé”, de origem Tupi,

se popularizou na literatura de língua portuguesa em

referência ao xamã. Seu estudo, descrições de caso e

comparação, tem sido recomendado para facilitar a

implementação de práticas de assistência à saúde

culturalmente adequadas no Brasil a cerca de 4.000

índios pertencentes a 210 povos sob a responsabilidade

da FUNASA – Fundação Nacional de Saúde desde

agosto de 1999

Xamanismo ou Pajelança – Comunicação com os

encantados e entidades ancestrais através de cânticos,

danças assim como nos índios Guarani Kaiová e

utilização de instrumentos musicais (maracá, zunidores)

para captura e afastamento de espíritos malignos tipo

mamaés, anhangás. Há também a utilização do jejum,

restrições dietéticas, reclusão do doente, além de uma

31

série de práticas terapêuticas que incluem: o uso do

tabaco (o pajé fuma grandes cachimbos) e outras plantas

psicoativas, aplicação de calor e defumação, massagens,

fricções, extração da doença por sucção/ vômito,

escarificação no tórax e locais inflamados com bico,

dentes de animais ou fragmentos de cristais

No Brasil rural e urbano, apesar da tradição multi-étnica

dos ameríndios, observa-se a presença dessas práticas

médicas-religiosas em comunhão com rituais católicos e

espiritualistas de origem africana. Esse xamanismo é

conhecido em algumas regiões como pajelança cabocla,

culto aos encantados, toré, catimbó, candomblé de

caboclo, em rituais de umbanda, culto a Jurema sagrada.

Atualmente no Brasil existem várias vertentes de neo-

xamanismo ou xamanismo urbano, entre estas linhas

diversos grupos se reúnem para estudar e trocar

conhecimentos sobre o tema.

O Xamanismo, ou como conhecemos (índios)

costumavam se obliterar em cavernas, matas virgens,

além de florestas, os rituais com seiva de animais mortos

era um costume tanto quanto normal, o Xamanismo vem

desde a existência brasileira, e com isso, tem suas

apresentações, coloniais realizadas apenas entre eles, e a

diferenciação, de raças.

Uso de plantas psicoativas

Como foi dito algumas práticas xamânicas são marcadas

pelo uso de elementos extraídos de fontes naturais que

levam o indivíduo a entrar em estados modificados de

consciência denominados transe ou êxtase. Esses

produtos, tem característica da presença de

substancias psicoativas ou enteógenos. Para entender o

efeito de tais substâncias não basta analisar a composição

molecular e efeito bioquímico, é necessário situar-se no

contexto (set) de utilização as expectativas e formas de

uso da substância incluindo os mitos ou crenças a seu

respeito.

32

4 – DEMOCRACIA

Na Grécia antiga se falou muito em democracia,

bem como na Roma antiga, mas, se os brancos

observassem os costumes indígenas com a intenção de

aprender com eles, teriam implantado a verdadeira

democracia no mundo dito “civilizado”, que é onde não

há democracia quase que nenhuma.

“A democracia dos povos indígenas

Justiça e igualdade como desafios do cotidiano

Marcy PICANÇO e Paulo MALDOS

Numa manhã, em uma aldeia Guarani, os homens

se reúnem para discutir e decidir como irão lidar com

um conflito sobre a invasão do seu território por parte

de fazendeiros. Os homens se revezam em longas falas,

cada um explicitando um ponto de vista, nem todos

com a mesma posição diante do conflito. Não longe

dali, lavando a roupa no córrego, perto o suficiente da

Casa dos Homens para poder ouvir os debates, as

mulheres comentam entre si, cada uma logo antes de

seu marido falar: “agora ele vai falar tal coisa“, e o

marido falava exatamente o que a sua mulher havia

antecipado para as amigas. Cada casal havia tido a

noite anterior toda para pensar sobre o assunto e

definir uma posição.

É assim que a maioria dos povos indígenas vive a

sua participação política. Eles não delegam a um

indivíduo ou grupo o poder de decidir pela

comunidade. Isto é feito por todos, no dia-a-dia da

aldeia.

33

Não podemos afirmar que todos os povos

indígenas se estruturam da mesma maneira. Ao

contrário, há uma grande diversidade de sistemas

sociais, políticos, religiosos, econômicos, como

também culturais e uropeia cia, entre os povos

indígenas no Brasil e na América Latina. Cada um tão

distinto de outro quanto um egípcio de um russo.

Entretanto, quando estes sistemas políticos são

comparados aos dos países em que os povos indígenas

se encontram, é possível identificar características

comuns entre eles, bem distintas das sociedades que os

envolvem. Nenhum dos povos indígenas no Brasil

criou um Estado; não usam a força coercitiva para

manter a “ordem interna” da comunidade, nem têm o

exercício do poder como privilégio de um grupo.

Em geral, os homens e os mais velhos têm mais o

poder da palavra do que as mulheres e os mais novos.

Além disso, algumas pessoas da comunidade se

distinguem por suas habilidades, como um xamã, um

guerreiro, um caçador, o que não significa uma

posição privilegiada. Ao contrário, eles também atuam

em função do interesse coletivo e são controlados pela

comunidade.

Nas comunidades indígenas, os sistemas

econômico, social, político e religioso são

intrinsecamente relacionados e perpassam todos os

espaços e situações da vida cotidiana. A participação

política e o controle sobre o bem-estar da aldeia estão

presentes no dia-a-dia de todos. Não é atribuição de

alguns poucos especialmente designados para isso e

nem necessita de espaços específicos.

Uma pessoa ter liderança em algum aspecto da

vida da comunidade não significa que ela detenha

algum privilégio ou poder especial em relação aos

outros. Um cacique, por exemplo, pode ser um grande

34

conselheiro ou responsável por diversas atividades; ele

pode ter a tarefa de manter o equilíbrio interno, o bem-

estar na aldeia, de articular o consenso geral. Para

isso, precisa de atributos que o legitimem ante a

comunidade, pois ele pode perder sua função caso

desrespeite ou desagrade a esta.

Uma das tarefas intrínsecas ao ser cacique pode

ser, ao mesmo tempo, uma das formas que a

comunidade tem de uropeia-lo: o cacique precisa

retribuir o que recebe. Existem aldeias em que o

cacique é aquele que menos acumulou bens, pois,

ainda que receba muitos presentes, deve dar muitos

presentes em retribuição.

Na verdade, a economia de redistribuição

permanente no interior das comunidades foi a forma

encontrada pelos povos indígenas no Brasil de

interditar o acúmulo de propriedades e bens e, em

uropeia cia, de poder, por parte de indivíduos ou

grupos.

De acordo com a tradição indígena, o objetivo da

produção não é acumular excedentes, mas sim,

compartilhar. Todo o excedente da caça, da pesca e da

agricultura é repartido dentro da aldeia ou usado para

presentear comunidades vizinhas, geralmente em

grandes celebrações. Durante a colonização da

América, alguns povos foram impedidos de fazer as

festas da partilha da produção, pois isto era visto como

desperdício. Esta atitude teve um efeito contrário ao

esperado, gerando, muitas vezes, a escassez de

alimentos, uma vez que muitos indígenas não viam

sentido em trabalhar para fazer estoques, sem as

celebrações, que tinham um caráter religioso.

Ao impedir culturalmente esse acúmulo e essa

diferenciação interna, os povos indígenas evitaram o

surgimento da propriedade privada, a constituição de

35

classes sociais e a produção do instrumento por

excelência de dominação de uma classe por outra: o

Estado.

Uma democracia exercida por todos, não só por

representantes.

Esta radical igualdade, ancorada na economia,

organizada pela cultura e concretizada nas práticas

cotidianas, confere um alto grau de autonomia às

comunidades indígenas, o que tem como

uropeia cia a não-adoção de práticas como a de

delegação de representação a indivíduos como

“representantes” da comunidade. Entre os povos

indígenas, simplesmente não existe a prática da

representação; o que pode existir são pessoas que vão

encaminhar demandas e propostas da comunidade a

serviço e sob o controle desta – e sempre de forma

pontual e específica, não como uma “representação

geral”, de “amplo espectro” e sem limites no tempo.

Muitas vezes, vemos “representantes indígenas”

perenes na mídia ou nos espaços do Estado, falando

ou negociando em nome “dos povos indígenas” em

geral. Esses “representantes” surgem muito mais pela

necessidade que o Estado e a sociedade têm de

encontrar interlocutores entre os povos indígenas, do

que devido a uma legitimidade construída por aqueles

junto às comunidades. “Representantes genéricos” dos

povos indígenas surgem, portanto, devido a processos

“exógenos” às comunidades e não “endógenos”.

Depois da Constituição de 1988, no Brasil,

centenas de organizações indígenas vêm surgindo,

buscando cumprir um papel de articulação,

organização e mobilização dos povos indígenas em

torno dos seus direitos históricos. Muitas surgem e, da

mesma maneira, morrem, permanecendo aquelas que

melhor conseguem refletir os anseios das comunidades

36

e se transformar em função de uma busca constante de

sintonia com as bases.

Essa ausência de delegação da representação faz

com que toda a comunidade tenha como

responsabilidade cuidar de seu presente e de seu

futuro. Isto mobiliza todos os seus membros a

exercerem sua palavra e seus gestos na construção

autônoma e, ao mesmo tempo, coletiva de sua história,

em todos os espaços existentes no cotidiano.

A sociedade brasileira, surgida com a invasão

uropeia, há 506 anos, assim como as demais

sociedades latino-americanas, na sua fase

republicana, buscaram na Grécia Antiga as origens de

sua ideia de Democracia. Estas ideias originais foram

adaptadas para a construção de uma República

democrática em nossos países, num contexto de

sociedades baseadas na noção da propriedade privada

como sagrada e dilaceradas pelos conflitos entre as

classes. O resultado desta adequação foi a criação de

Estados como instrumento das classes hegemônicas e

de nações com fortes desigualdades econômicas e

sociais. Tudo isso fez com que nossas “democracias”,

controladas pelo poder de classe e nossas

“representações políticas” apropriadas por este,

ficassem muito longe da promessa de igualdade e

justiça.

No contexto de nossas sociedades, absurdamente

desiguais e injustas, a democracia se tornou um ritual

vazio e a representação política, quase uma farsa. Ao

longo da nossa história, os setores populares têm-se

esforçado em dar substância às nossas recentes

democracias, por meio de mobilizações e de

encaminhamento institucional das demandas e

propostas dos trabalhadores e dos setores populares,

bem como, pelo controle social sobre o Estado e suas

37

instituições. Esta luta, entretanto, tem um triste

histórico de reações das oligarquias e classes

dominantes, revelado nos inúmeros golpes de Estado e

ditaduras militares que tanto feriram os povos latino-

americanos durante todo o século XX.

Hoje, mais uma vez, os povos latino-americanos

buscam eleger representantes que realizem, de fato, as

suas aspirações de democracia e justiça social.

Novamente, os setores dominantes buscam interditar

essa experiência, cooptando os representantes eleitos,

transformando-os em traidores daqueles que os

elegeram; ou ameaçando-os com o desgaste na mídia,

com ações num Poder Judiciário classista, com o

descrédito na sociedade e, no limite, com novos golpes

militares.

Neste difícil momento histórico em que vivemos,

nossas democracias têm muito que aprender com os

povos indígenas e com suas práticas de vida em

comunidade. Seria fundamental que nos dedicássemos

a conhecer as diversas formas que nossos povos

milenares construíram para viver em comunidades

livres da exploração, da dominação, da miséria e da

barbárie social.

Certamente, os povos indígenas têm muito a nos

ensinar a respeito de como construir democracias

verdadeiras, onde a Justiça e a Igualdade estejam

inscritas no cotidiano de nossas sociedades, não

apenas no preâmbulo de nossas Constituições.

Marcy PICANÇO e Paulo MALDOS

Revista «Porantem», do CIMI”

38

CONCLUSÕES

1 – É reconhecido por todos os historiadores que

Espinosa e Navarro eram amigos, que se conheceram

em Porto Seguro a partir de 1549, quando Navarro

chegou ao Brasil, sendo também certo que traduziram

juntos muitos textos para o tupi, apesar de não constar

o nome de Espinosa, pois era judeu sefardita, o que

desagradaria os católicos. Também é admitido por

todos os historiadores que ambos viajaram na famosa

expedição de 1553/1555, que saiu daquela cidade em

direção às cabeceiras dos rios São Francisco e outros;

2 – Nenhum historiador afirma que ambos conheceram

Cunhambebe, mas tenho para mim que esse encontro

aconteceu até mais de uma vez, porque Espinosa

conhecia o Brasil como a palma da mão, inclusive

porque chegou a Porto Seguro, por volta de 1539,

vindo do Peru, ou seja, para ali chegar atravessou o

nosso país na direção oeste-leste andando a pé ou indo

pelos rios e seguramente não tinha nenhuma vocação

para ficar muito tempo em um lugar só, mas devia

viajar muito e, em uma vez pelo menos, deve ter

encontrado Cunhambebe, o qual também devia andar

bastante pelas costas brasileiras. Quanto a Navarro

ficou mais do que reconhecido como um viajante

inveterado. Não tinha parada em lugar algum e tenho

como certo que conheceu Cunhambebe. Acompanhem

meu raciocínio: tanto Espinosa quanto Navarro tinham

muito prestígio junto aos índios; as notícias corriam e a

39

população era incomparavelmente menor do que hoje

e uns iam falando das novidades para os outros,

inclusive da chegada a Porto Seguro, em 1549, do

“Ivituruna”, que era como os índios chamavam

Navarro, por ser um homem alto e que usava a batina

negra dos jesuítas em ocasiões cerimoniosas; fofocas

não faltavam. Desses encontros entre os três devem ter

surgido muitas combinações e trocas de ideias.

Vejamos também o seguinte: Navarro viveu até 1557,

Cunhambebe até 1555 e, quanto a Espinosa, não se

sabe quando faleceu, mas, seguramente, depois de

1555. O respeito mútuo devia estar presente sempre

nesses contatos entre os dois brancos e o índio.

Infelizmente, Navarro não poderia fazer nenhum

registro do assunto ou, então, o que relatou foi

destruído, pois aos jesuítas não interessava a amizade

com os índios, mas apenas sua subordinação e

escravização;

3 – Segundo informação da Wikipédia, Moreia nasceu por

volta de 1540, ou seja, teria de 13 a 15 anos quando da famosa

expedição de 1553. Alguém pode achar absurdo supor que o

adolescente tivesse participado dela. Mas tenho sérias razões

para acreditar na resposta positiva, pois o jovem era neto de

Caramuru e primo de quatro sertanistas famosos, portanto,

na família era quase que obrigatório as novas gerações

seguirem a tradição do avô. Isso sem contar que, quando

adulto, Moreia destacou-se como sertanista, como vocês viram

na sua biografia, acima. Caramuru morava na Bahia e pode-

se deduzir que o jovem neto igualmente. Então estava

próximo de Espinosa e Navarro. Na época não havia

40

preocupação em estudar quase nada, mas sim ganhar a vida o

mais precocemente possível. O rapaz, com toda essa

hereditariedade e influência familiar favorável, na certa, não

pensou duas vezes e embrenhou-se pelo mato junto com

Espinosa e Navarro e os demais aventureiros. Apenas a título

de satisfazer eventual curiosidade, vamos dizer que

Caramuru, seu avô, atuava como uma espécie de

aproximador entre brancos e índios.

“Diogo Álvares Correia (Viana do Castelo, Portugal —

Tatuapara, Salvador, 5 de outubro de 1557) foi um

náufrago português que passou a vida entre

os indígenas da costa do Brasil e que facilitou o contato

dos primeiros viajantes europeus com os povos nativos do

Brasil. Recebeu a alcunha

de Caramuru (palavra tupi que significa

lampreia) pelos Tupinambás. É considerado o fundador

do município baiano de Cachoeira.

Alcançou a costa na altura do Arraial do Rio

Vermelho como náufrago de uma embarcação francesa,

entre 1509 e 1510. Acerca do episódio, afirma-se]

“ Viajando para São Vicente por volta

de 1510, o Fidalgo da Casa Real

Diogo Álvares naufragou nas

proximidades do Rio Vermelho, em

Salvador, na Bahia. Seus

companheiros foram mortos pelos

índios Tupinambás, mas ele

conseguiu sobreviver e passou a viver

entre os índios, de quem recebeu a

alcunha de Caramuru, que

significa moreia. ”

Esse apelido faz referência ao fato de Diogo ter sido,

supostamente, encontrado pelos indígenas em meio às

pedras da praia e às algas, como se fosse uma lampreia.

41

Posteriormente terá recebido a alcunha de filho do

trovão ou, segundo outras fontes, homem trovão da morte

barulhenta, o que estará na origem da lenda que afirma

que Diogo Álvares Correia, teria recebido o apelido ao

afugentar indígenas que o queriam devorar, matando

uma ave com um tiro de arma de fogo.

O náufrago português foi bem acolhido pelos

Tupinambás, a ponto de, o chefe deles, Taparica, lhe ter

dado uma de suas filhas, Paraguaçu, como esposa. De

acordo com os roteiros do filme e da minissérie de

televisão Caramuru - A Invenção do Brasil, Paraguaçu

tinha como irmã a lendária Moema, originariamente

citada (sem essa relação de parentesco) no poema

"Caramuru" de Frei Santa Rita Durão (1781).

Ao longo de quatro décadas, Correia manteve contatos

com os navios europeus que aportavam ao litoral da

Bahia em busca de madeira da "Caesalpinia echinata"

(pau-brasil) e outros géneros tropicais. As relações

comerciais com os franceses da Normandia levaram-no,

entre 1526 e 1528, a visitar aquele país, onde a

companheira foi batizada em Saint-Malo, passando a

chamar-se Catarina Álvares Paraguaçu, em homenagem

a Catherine des Granches, esposa de Jacques Cartier, que

foi a sua madrinha. Na mesma ocasião, foi batizada outra

índia Tupinambá, Perrine, o que fundamenta outra lenda

segundo a qual várias índias, por ciúmes, teriam se

jogado ao mar para acompanhar Caramuru quando este

partia para a França com Paraguaçu.

Sob o governo do donatário da capitania da

Bahia, Francisco Pereira Coutinho, recebeu

importante sesmaria, tendo procurado exercer uma

função mediadora entre os colonos e os indígenas, não

conseguindo, todavia, evitar o recontro de Itaparica, onde

Pereira Coutinho perdeu a vida.

Conhecedor dos costumes nativos, Correia contribuiu

para facilitar o contato entre estes e os primeiros

42

missionários e administradores europeus. Em 1548,

tendo João III de Portugal formulado o projeto de

instituição do governo-geral no Brasil, recomendou ao

Caramuru que criasse condições para que a expedição

de Tomé de Sousa fosse bem recebida, fato que revela a

importância que o antigo náufrago alcançara também na

Corte portuguesa.

Três dos seus filhos (Gaspar, Gabriel e Jorge) e um dos

seus genros (João de Figueiredo) foram armados

cavaleiros por Tomé de Sousa pelos serviços prestados à

Coroa Portuguesa.

O seu naufrágio e vida junto aos indígenas foram

envoltos em contornos de lenda na obra do padre jesuíta

Simão de Vasconcelos, em 1680, na qual se inspirou, um

século mais tarde, frei José de Santa Rita Durão para

compor o poema épico em dez cantos Caramuru (1781).

Em 2001, a sua história foi transformada em um filme

brasileiro Caramuru - A invenção do Brasil.”

(https://pt.wikipedia.org/wiki/Caramuru)

4 – Mas se alguém duvidar que Espinosa e Navarro

conheceram Cunhambebe e Moreia isso não faz diferença.

Pelas nossas pesquisas foi possível verificar que os dois

primeiros batalharam muito pelo respeito devido aos índios.

Quanto a Cunhambebe concluí que somente declarou guerra

aos portugueses depois que estes passaram a desrespeitar os

índios. É sabido que, no início, os portugueses tratavam bem

os índios, inclusive pagando salário pelo seu trabalho, mas, a

partir de 1530, passaram a escravizá-los e, depois, matá-los

quando não aceitavam a escravidão. Moreia foi grande amigo

dos índios e é certo que contribuiu para que eles fossem

respeitados;

5 – Assim, três brancos e um índio tornaram-se amigos de

verdade e fizeram de tudo que puderam para que a paz

43

vigorasse. Naquela época a miscigenação das duas raças

ocorreu em grande escala, pois não havia praticamente

mulheres brancas no Brasil. Espinosa, Navarro, Cunhambebe

e Moreia foram exemplos nobres para brancos e índios

seguirem. Infelizmente, hoje seus nomes estão praticamente

esquecidos e é essa uma das razões que nos levou a escrever

este livro: lembrem-se desse heróis da valentia e da amizade

naquele tempo em que a vida valia muito pouco neste imenso

Brasil!

6 – O nosso país poderia ter seguido outro rumo totalmente

diferente, de interação pacífica entre as duas raças, mas os

colonizadores brancos queriam, no geral, exterminar os índios

para se apropriarem das suas terras e riquezas,

principalmente minerais. A antropofagia e a poligamia foram

meros pretextos utilizados principalmente pelos jesuítas para

decretar a famigerada “guerra justa”, através do que

qualquer pessoa podia impunemente matar os índios que não

se submetessem às imposições dos brancos.

7 – Os colonizadores, no final de tudo, não aprenderam

praticamente nada do que os nossos índios tinham para lhes

ensinar (a Ciência da Natureza e a democracia) e, hoje mais

do que nunca, depredam a Natureza e brigam pelo poder,

como está acontecendo, com processos de uns políticos contra

os outros e, no final das contas, são uns sujos querendo punir

outros mal lavados.

FIM