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Textos para Discussão 106 *Economista da Área de Planejamento do BNDES. O autor agradece os comentários de André Nassif, Cláudia Nessi Zonenschain Olinto Ramos, Ernani Teixeira Torres Filho e João Eduardo de Morais Pinto Furtado, bem como Geórgia Santos Aschar e Tatiana Conceição de Miranda pelo apoio de pesquisa. Rio de Janeiro, outubro – 2005 * A INSERÇÃO DO BRASIL NO COMÉRCIO MUNDIAL: O EFEITO CHINA E POTENCIAIS DE ESPECIALIZAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES Fernando Pimentel Puga

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Page 1: A INSERÇÃO DO BRASIL NO COMÉRCIO MUNDIAL: O EFEITO … · de escala e o desenvolvimento de uma indústria mundial-mente competitiva. c) Veículos automotores: o Brasil, em função

Textos para Discussão

106

*Economista da Área de Planejamento do BNDES.O autor agradece os comentários de André Nassif,

Cláudia Nessi Zonenschain Olinto Ramos,Ernani Teixeira Torres Filho e João Eduardo de

Morais Pinto Furtado, bem como Geórgia Santos Aschar eTatiana Conceição de Miranda pelo apoio de pesquisa.

Rio de Janeiro, outubro – 2005

*

A INSERÇÃO DO BRASILNO COMÉRCIO MUNDIAL:

O EFEITO CHINA EPOTENCIAIS DE

ESPECIALIZAÇÃO DASEXPORTAÇÕES

Fernando Pimentel Puga

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Sumário

Sumário Executivo................................................................................................. 5

1. Introdução ......................................................................................................... 9

2. Comércio Mundial e o Efeito China ...................................................................102.1 Setor ............................................................................................................122.2 Região ..........................................................................................................162.3 Região e Setores ..........................................................................................22

2.3.1 Segmentos de Médio Dinamismo .......................................................24

2.3.2 Segmentos de Maior Dinamismo ........................................................26

3. Balança Comercial Brasileira .............................................................................313.1 Setor ............................................................................................................323.2 Região ..........................................................................................................353.3 Região e Setores ..........................................................................................38

4. Inserção Brasileira em Setores Selecionados .....................................................404.1. Metalurgia ..................................................................................................40

4.1.1 Análise do Setor .................................................................................40

4.1.2 Balança Comercial .............................................................................424.2 Máquinas e Equipamentos ..........................................................................44

4.2.1 Análise do Setor .................................................................................44

4.2.2 Balança Comercial .............................................................................454.3 Veículos Automotores ..................................................................................47

4.3.1 Análise do Setor .................................................................................47

4.3.2 Balança Comercial .............................................................................494.4 Química .......................................................................................................51

4.4.1 Análise do Setor .................................................................................51

4.4.2 Balança Comercial .............................................................................524.5 Complexo Eletrônico ....................................................................................55

4.5.1 Análise do Setor .................................................................................55

4.5.2 Balança Comercial .............................................................................56

5. Conclusão ..........................................................................................................58Referências Bibliográficas ..................................................................................63Anexo: Coeficientes de Comércio .......................................................................64

Metodologia .................................................................................................64

Coeficientes de Comércio da Indústria ........................................................65

Análise por Setor .........................................................................................65

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Sumário Executivo

Este estudo analisa a dinâmica do comércio mundial noperíodo de 1993 a 2004, com ênfase nos impactos do crescimen-to da China e seus possíveis efeitos sobre a economia brasileira.Em particular, procura-se identificar os setores de maior dina-mismo no comércio mundial e os respectivos principais paísesexportadores e importadores. Com base nessa avaliação e emanálises da evolução da estrutura produtiva brasileira, são le-vantadas opções de inserção do Brasil no comércio mundial.

Comércio mundial e efeito China

O forte dinamismo do comércio mundial nos últimos anosfaz das exportações um importante motor do crescimento econô-mico em diferentes nações. O desempenho, por outro lado, foibastante heterogêneo entre os países e, especialmente, em ter-mos setoriais. Destaque para a extraordinária atuação da China,que aumentou sua importância nesse fluxo em mais de 5,2%(3,2% para 8,4%), entre 1993 e 2004. Já as duas principais eco-nomias mundiais – Estados Unidos (EUA) e Japão – perderam,cada uma, cerca de 5% de participação nas exportações mun-diais no período.

No que tange à análise setorial, houve uma expansão docomércio sobretudo em direção a produtos com grau mais eleva-do de elaboração e sofisticação tecnológica: eletrônico e comuni-cações; química; e veículos automotores. A perda de participaçãono comércio mundial foi maior em produtos intensivos em recur-sos naturais mas de baixa intensidade tecnológica, tais como:alimentos e bebidas; couro e calçados; e têxteis.

A China prosperou tanto nas exportações mundiais quan-to nas importações nos setores de maior dinamismo. O aumentofoi particularmente extraordinário no complexo eletrônico, masbem mais modesto no setor de veículos automotores. As diferen-ças analisadas nas políticas estratégicas adotadas pelo governochinês para as duas áreas ajudam a explicar as diferenças decomportamento.

Os dados de comércio por região e setor apontam para umforte ganho de competitividade e consolidação de uma posiçãohegemônica do Leste Asiático no setor de eletrônicos. O cresci-mento da posição da China tem sido decisivo para a excepcionalperformance do Leste Asiático em eletrônicos. Ao contrário de tersido uma ameaça para os países vizinhos, a China reforça a divi-são do trabalho e a conseqüente especialização produtiva na re-gião, com sensível impacto positivo na competitividade da regiãono setor.

O Leste Asiático também tem se destacado em metalurgia,com expressivo crescimento da importância da China no setor.

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A União Européia aumentou sua especialização e participaçãonas exportações mundiais de máquinas e equipamentos e quími-cos, embora tenda a crescer a competição com a China nessessetores. Os dados são menos elucidativos quanto às tendênciasdo setor de veículos automotores, com uma disputa entre UniãoEuropéia e o Leste Asiático pela liderança no setor.

Balança comercial brasileira

O Brasil está inserido no cenário mundial como um paísainda especializado na exportação de produtos intensivos em re-cursos naturais e em mão-de-obra. Nos últimos anos, ocorreramimportantes mudanças na composição das exportações do paísem direção a determinados bens de maior intensidade tecnológica,destacando-se os setores de veículos automotores, outros trans-portes (principalmente aviação) e materiais eletrônicos e comu-nicações. Contudo, a importância do país nas exportações mun-diais dessas áreas ainda se mostrava bastante reduzida em 2003;apenas em veículos automotores ficou ligeiramente acima da par-ticipação brasileira no total das exportações mundiais.

Entre 1993 e 2003, o Brasil ganhou participação nas ex-portações mundiais em dez dos 23 setores analisados: madeira;produtos de minerais não-metálicos; móveis e diversos; indús-tria de alimentos e bebidas; agropecuária; outros transportes;veículos automotores; extrativa mineral; petróleo e álcool; e ma-terial eletrônico e comunicações. Apenas os dois últimos foramconsiderados os mais dinâmicos no comércio mundial.

Em termos regionais, houve um aumento da diversificaçãogeográfica das exportações brasileiras, com um crescimento mai-or nas vendas para mercados não-tradicionais como Leste Asiáti-co, especialmente China, Rússia e continente africano.

Em contraste com a performance setorial, o desempenhogeográfico das exportações brasileiras foi melhor nos mercadosconsumidores de maior dinamismo, como a China. Ou seja, osdados apontam que não houve uma especialização das exporta-ções brasileiras nos setores mais dinâmicos do comércio mun-dial, mas o Brasil conseguiu direcionar suas vendas por setorpara os mercados mais dinâmicos.

A análise por região e setor revela a importância dos Esta-dos Unidos e da América Latina para as exportações brasileirasde produtos intensivos em tecnologia. Em nítido contraste, asexportações para a União Européia e o Leste Asiático são forte-mente concentradas em produtos intensivos em recursos naturais.

Inserção brasileira em setores selecionados

a) Metalurgia: o segmento de semi-acabados, apesar decompreender produtos de menor valor agregado, tem sidoum dos mais ativos no comércio mundial. A exportação de

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semi-acabados é conveniente, tanto pelo fato de o Brasilpossuir mais vantagens competitivas quanto pelo menorprotecionismo internacional nesse segmento. O país pode-ria aumentar a agregação de valor das suas exportaçõesno setor, com mais investimentos nas vendas de laminadosquentes. Tais vendas tendem a ser beneficiadas por umaumento das pressões de custo, que devem incentivar odeslocamento das linhas quentes de produção para paísesem desenvolvimento.

b) Máquinas e equipamentos: as exportações brasileirasestão concentradas em segmentos mais dinâmicos do se-tor, com destaque para o de compressores; tratores e má-quinas para agropecuária; e máquinas para extração mi-neral e construção. Em máquinas agrícolas, por exemplo,a vantagem comparativa do Brasil na agricultura, com pos-sibilidades de expansão da produção desse setor para no-vas regiões do país, contribui para a criação de economiasde escala e o desenvolvimento de uma indústria mundial-mente competitiva.

c) Veículos automotores: o Brasil, em função do atendi-mento ao perfil do seu mercado interno e de acordos com aArgentina, tem se especializado na produção de veículospopulares. No entanto, os dados levantados apontam paraum reduzido comércio mundial de veículos populares. As-sim sendo, o aumento das exportações brasileiras deve iralém desses automóveis e requer investimentos tambémem veículos com motores mais potentes.

d) Química: o setor químico tem apresentado persistentesdéficits na balança comercial brasileira. O segmento deartigos de perfumaria desponta como uma exceção a essequadro, com saldos comerciais positivos desde 2002. Tra-ta-se do segmento com melhor desempenho dentro do setorquímico em termos da evolução das exportações mundiaisentre 1993 e 2003. Outro segmento em que as exportaçõesbrasileiras têm se expandido é o de produtos farmacêuti-cos cujo comércio internacional, em 2003, movimentouUS$ 129 bilhões, superior ao do setor agropecuário. Nesteestudo, foi considerada a possibilidade de especializaçãodo país nas áreas de medicamentos fitoterápicos, biofár-macos, farmoquímicos para medicamentos estratégicos emedicamentos genéricos.

e) Complexo eletrônico: o complexo eletrônico teve o se-gundo maior déficit comercial, abaixo apenas do déficit daquímica, em 2004. Os esforços para obtenção de vanta-gens competitivas, aqui, têm de ser bastante expressivos,dada a supremacia e os altos níveis de eficiência do LesteAsiático na área. Uma estratégia que pode ser interessanteseria concentrar esforços em nichos bem particulares demercado, o que não é excludente com a atração de empre-sas para o Brasil.

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Em suma, o estudo indica um potencial de especializaçãoprodutiva do Brasil no macrossetor de metal-mecânica. Entre ossetores analisados, os segmentos com maiores perspectivas deaumento das exportações brasileiras foram: aços semi-acabados;laminados quentes; compressores; tratores e máquinas agríco-las; tratores e máquinas para agropecuária; máquinas e equipa-mentos para extração mineral e construção; e veículos automo-tores. Já no setor de química e no complexo eletrônico, a melhoriadas exportações brasileiras deve depender de uma atuação bemfocada em determinados nichos de mercado. Para tanto, seriaminteressantes análises mais detalhadas dos setores, que fogemao escopo deste estudo.

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1. Introdução

Nos últimos três anos, o comércio mundial experimentouum vigoroso dinamismo. De 2001 a 2004, as exportações mundi-ais cresceram 14% a.a. em dólar. Somente em 2004, o cresci-mento chegou a 21%. Desde 1980, o comércio mundial não al-cançava uma taxa tão expressiva em um único ano.

A retomada do crescimento do comércio mundial colocaem discussão algumas questões. Como tem sido esse crescimen-to nos dez últimos anos? Quais são os setores e produtos maisdinâmicos no comércio mundial? As importações desses setorestêm sido lideradas por quais países? Como o Brasil tem se inseri-do nesse contexto e em que produtos poderia se especializar paraganhar mercados?

O objetivo deste estudo é fornecer alguns subsídios queauxiliem a responder as questões acima. A análise tem como panode fundo o efeito China sobre o comércio mundial. Com exceçãoda agropecuária e extração mineral, o país tem aumentado a par-ticipação nas exportações mundiais em todos setores da econo-mia. Em eletrônica, por exemplo, o desempenho chinês leva aofortalecimento da hegemonia do Leste Asiático no setor, com oaumento da pressão competitiva sobre os demais países. Ao con-trário de estar abandonando setores mais tradicionais, a econo-mia chinesa tem afetado significativamente setores como meta-lurgia, têxteis e couro e calçados.

E a reação mundial ao desempenho chinês tem sido bas-tante heterogênea. Longe de serem prejudicados pela concorrên-cia de empresas com custos reduzidos de mão-de-obra, paísesvizinhos do Leste Asiático têm se beneficiado com o aumento dasexportações e dos investimentos diretos para a China, com refle-xos positivos em termos de divisão de trabalho e aumento daeficiência da economia.

Em que pese o crescimento das exportações chinesas emmáquinas e equipamentos, essa performance ainda não impediua consolidação da liderança da União Européia no setor. Por ou-tro lado, os dados de comércio mostram uma substancial perdade competitividade dos Estados Unidos nas exportações mundiais.

A pressão competitiva da China impõe ao Brasil a defini-ção de uma estratégia de inserção do país na economia mundiale a adoção de políticas voltadas para o aumento da competitividadede sua economia. Com a finalidade de contribuir para essa estra-tégia, pretende-se, neste estudo, identificar os setores mais dinâ-micos no comércio mundial e os respectivos principais paísesexportadores e importadores. Com base nessa avaliação e em aná-lises da evolução da estrutura produtiva brasileira, busca-se rea-lizar um levantamento de opções de especialização da economia.

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A análise foi feita principalmente com base em dados de-sagregados do comércio mundial por país e produtos, entre 1993e 2003. Para as estatísticas do Brasil e aquelas não detalhadaspor setor, foi possível atualizar o estudo com informações até 2004.Nos dados por região, foram considerados os principais blocos eco-nômicos e países que comercializam bens com o Brasil. Os dadospor produtos foram agrupados de acordo com a Classificação Na-cional de Atividades Econômicas (CNAE), utilizada pelo InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pelo Banco Nacio-nal de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES.

Além dessa introdução, o estudo possui quatro seções. ASeção 2 analisa o desempenho do comércio mundial. A Seção 3trata do comportamento da balança comercial brasileira e tececomparações com o comércio mundial. A Seção 4 é focada nodesempenho do comércio exterior brasileiro em cinco setores se-lecionados. A escolha foi feita identificando-se, entre os setoresde médio e maior dinamismo no comércio mundial, aqueles commais representatividade nas exportações mundiais. A Seção 5apresenta as conclusões do trabalho.

2. Comércio Mundial e o Efeito China

O valor das exportações mundiais de bens atingiu US$ 9,1trilhões, em 2004, com um crescimento em dólares de 21% emrelação a 1993. Vale registrar que, desde 1980, as exportaçõesnão cresciam em valor a uma taxa tão expressiva. Parte significa-tiva daquele valor corresponde a transações intra-União Euro-péia. Neste caso, no entanto, existem sérios problemas de duplacontagem. Parte significativa das importações é embarcada nosprincipais portos do bloco e dali distribuídas para outros paísesda União Européia. Para evitar o problema, foram excluídas astransações intrabloco dos valores de comércio.

Com a exclusão do comércio intra-União Européia, chega-se a um total de exportações mundiais de US$ 7,1 trilhões, em2004. De 1993 a 2003, tais exportações cresceram, em média,7,3% ao ano. Em 2004, esse crescimento se acelerou de modoexpressivo, com um aumento de 23% no ano. Por outro lado, odesenvolvimento das exportações tem sido bastante instável nosúltimos anos. O Gráfico 1 permite identificar fases distintas quantoà evolução das exportações mundiais:

a) 1994 a 1995: forte crescimento das exportações – mé-dia de 17% a.a..

b) 1996 a 1999: baixo crescimento – média de 2,5% aa. Operíodo é marcado por crises nas principais economiasemergentes, tais como, Leste Asiático, Rússia e Brasil. Cabedestacar também a apreciação do dólar no período, quecontribuiu para a queda dos preços nessa moeda.

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c) 2000: novo surto de forte crescimento das exportações(13% no ano), impulsionadas principalmente pelo extraor-dinário desempenho do segmento de “TI” (tecnologia dainformação), bem como por uma recuperação nos preçosdo petróleo.

d) 2001: queda de 3,9%. Nesse ano, ocorreu o chamadoestouro da “bolha” no segmento de “TI”, com a conseqüenteforte queda no valor das exportações no setor de eletrônicos.

e) 2002 a 2004: retomada do crescimento das exportações(13% a.a. no período). Parte expressiva desse desempenhoé explicado por aumentos de preços, com destaque para asubida nas cotações das commodities, especialmente com-bustíveis (16%)1 e metais (12%), além da desvalorização dodólar frente ao euro e ao iene.

As seções seguintes analisam a evolução do comércio mun-dial por setor e países.

Gráfico 1Exportações Mundiais – 1993 a 2003 (US$ bilhão)

3.000

4.000

5.000

6.000

7.000

8.000

9.000

10.000

1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

-10-505

10152025

1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Crescimento do Comércio Mundial (%)

Exportações Mundiais (US$ bilhão)

Queda nos preçosna área de TI

Crise Asiática

1 O aumento de 16% nos preços dos combustíveis em 2003 está relacionado a choques de oferta,conflitos no Oriente Médio e agitações civis na Venezuela. Em contraste com os combustíveis, ascotações das demais commodities subiram 7% em média no ano.

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2.1 Setor2

A análise setorial permite identificar as seguintes caracte-rísticas da estrutura do comércio mundial em 2003 (Tabela 1):

a) Reduzida participação de produtos agropecuários e daindústria de alimentos e bebidas no comércio mundial –apenas 6,6% desse comércio em 2003.3 Vale observar quea agricultura tem permanecido como um dos setores maisprotegidos e beneficiados por subsídios. WTO (2004b, p.18)indica que as tarifas de importação são em média quatrovezes mais elevadas em relação aos produtos não-agríco-las no grupo Quad de países (Canadá, Estados Unidos,Japão e União Européia).4 Em termos de subsídios, esti-ma-se que o apoio ao produtor responda por 58% das re-ceitas de propriedades agrícolas no Japão, 37% na UE, 21%no Canadá e 18% nos Estados Unidos.5

b) Os setores mais importantes no comércio mundial fo-ram os de material eletrônico e comunicações; química eveículos automotores. A participação de cada um nas ex-portações mundiais ficou superior à soma das respectivasparticipações dos setores de produtos agropecuários e deindústria de alimentos e bebidas.

No que tange à evolução das exportações mundiais por se-tor no período de 1993 a 2003, podemos classificar o desempe-nho em três grupos: menor dinamismo, médio dinamismo e maiordinamismo.

a) Menor dinamismo (crescimento das exportações inferi-or a 5,5% a.a., no período): vestuário; alimentos e bebidas;móveis/brinquedos/jóias/outros; têxtil; agropecuária; cou-ro e calçados; e madeira. Trata-se de um grupo com forteconcentração de produtos intensivos em recursos natu-rais e/ou mão-de-obra. O desempenho foi melhor na in-

2 As importações estão em valor Custo, Seguro e Frete (CIF), que considera os gastos com seguros efrete. Neste estudo, foi utilizada a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) de seto-res, usada pelo IBGE para analisar a evolução da produção industrial e pelo BNDES. No entanto, osdados de comércio por setor foram extraídos do UNComtrade, disponíveis nas classificações demercadorias Standard Industrial Trade Classification (SITC) e Sistema Harmonizado (HS), que dife-rem da CNAE. Esta obedece, no nível de dois dígitos, à classificação International Standard Indus-trial Classification (ISIC). Assim sendo, foram criados conversores dos dados em SITC e HS para aCNAE. Em geral, optou-se pela obtenção dos dados do UNComtrade na classificação HS, por permi-tir uma análise setorial mais detalhada por produto. No caso de veículos automotores, a classifica-ção por HS permitiu distinguir os veículos por motor: populares etc. No entanto, para países comoFrança e Itália, não existem informações disponíveis em HS, para 1993. Em tais casos, foi adotadaa classificação SITC e elaborado um conversor para CNAE.

3 WTO (2004) aponta uma queda da participação de produtos agrícolas (inclui produtos agropecuários,indústria de alimentos e bebidas, couro e fibras naturais) de 29% do comércio mundial em 1963,para 9,3% em 2002.

4 Os membros do grupo Quad se destacam pelas sérias repercussões que suas políticas de comércioexterior têm em seus parceiros comerciais, especialmente nos países em desenvolvimento e menosdesenvolvidos.

5 O total do apoio à agricultura nos países da Organização para a Cooperação e DesenvolvimentoEconômico (OCDE) ficou em US$ 350 bilhões, em 2003. Os preços pagos pelos consumidores dobloco ficaram em média 38% acima dos preços mundiais nesse ano.

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dústria de alimentos e bebidas que em agropecuária, evi-denciando um aumento na importância de produtos commaior valor agregado.

b) Médio dinamismo (crescimento entre 5,5% a.a. e 8,0%a.a., no período): indústria extrativa; veículos automotores;produtos de metal; metalurgia; papel e celulose; produtos

Tabela 1 Crescimento do Comércio Mundial, por Setor: 1993 – 2003

Exportação (US$ bilhões)

Particip. nas Exportações (%)

Setores

1993 2003 1993 2003

Crescimentoem US$:

1993-2003 (% a.a.)

Agropecuária

Agropecuária 72 112 2,6 2,0 4,5 Indústria – –

Indústria Extrativa Extr. de Carvão Mineral 15 21 0,5 0,4 3,6 Extr. de Petróleo e Gás 124 280 4,4 4,9 8,5 Extr. de Min. Metálicos 12 25 0,4 0,4 7,3 Extr. de Min. Não-Metálicos 14 29 0,5 0,5 7,8

Indústria Extrativa 166 356 5,8 6,2 8,0 Indústria de Tranformação Alimentos e Bebidas 152 253 5,4 4,4 5,2 Têxtil 103 167 3,6 2,9 5,0 Vestuário 92 154 3,2 2,7 5,3 Couro e Calçados 49 69 1,7 1,2 3,5 Madeira 40 55 1,4 1,0 3,4 Papel e Celulose 45 83 1,6 1,5 6,4 Edição e Impressão 14 33 0,5 0,6 8,7 Petróleo e Álcool 60 138 2,1 2,4 8,7 Química 227 527 8,0 9,2 8,8 Borracha e Plásticos 54 124 1,9 2,2 8,6 Prod. de Min. Ñ. Metálicos 34 62 1,2 1,1 6,3 Metalurgia 139 263 4,9 4,6 6,6 Produtos de Metal 49 94 1,7 1,6 6,8 Máq. e Equipamentos 265 472 9,3 8,2 5,9 Máq. Escrit. e Informática 134 318 4,7 5,5 9,0 Materiais Elétricos 102 223 3,6 3,9 8,1 Mat. Eletrônico/Comunic. 221 590 7,8 10,3 10,3 Instr. Médicos e Ópticos 92 204 3,2 3,6 8,3 Veículos Automotores 246 498 8,7 8,7 7,3 Aviação/Ferrov./Emb./Motos 115 198 4,1 3,5 5,5 Móveis/Brinquedos/Jóias/Outros 113 188 4,0 3,3 5,2

Total da Ind. Transf. 2.346 4.714 82,7 82,3 7,2 Total da Indústria 2.512 5.069 88,6 88,5 7,3 Não Classif. 252 546 8,9 9,5 8,0

Total Mundial 2.836 5.728 100,0 100,0 7,3 Memo: – –

Petróleo, Gás e Álcool1 184 419 6,5 7,3 8,6 Eletrônico2 356 908 12,5 15,8 9,8 1Grupo formado pelo setor de extração de petróleo e pela indústria de petróleo e alcool. 2Grupo formado pelos setores de máquinas de escritório e informática e material eletrônico e comunicações. Fonte: Uncomtrade, elaboração BNDES.

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de minerais não-metálicos; máquinas e equipamentos; avi-ação/ferroviário/embarcação/motos. Trata-se de um gru-po mais heterogêneo, mas com alguma concentração emmanufaturados de média tecnologia, especialmente liga-dos à cadeia metal-mecânica.

c) Maior dinamismo (crescimento superior a 8,0% a.a., noperíodo): material eletrônico e comunicações; máquinas deescritório e informática; química; indústria de petróleo eálcool; edição e impressão; borracha e plásticos; instru-mentos médicos e ópticos; materiais elétricos. Nesse caso,existe uma concentração de manufaturados com maior in-tensidade tecnológica.

Em suma, podemos concluir que houve uma expansão docomércio em direção a produtos com maior grau de elaboração esofisticação tecnológica. De acordo com WTO (2004), dois fatoresfavorecem esse movimento. Primeiro, produtos mais elaboradossão beneficiados pelo crescimento do comércio intra-indústria eoferecem mais possibilidades de diferenciação de produto. Aspossibilidades de intercâmbio comercial de cacau, por exemplo,são significativamente menores do que no segmento de chocola-tes. Segundo, o potencial de agregação de valor é maior em pro-dutos mais elaborados. O aumento na renda per capita tam-bém favorece o consumo desses bens, especialmente de produ-tos de marca.

O Gráfico 2 mostra a evolução das exportações dos trêsprincipais setores desses grupos, em termos de valor, de 1993 a2003. No que tange aos de menor dinamismo, o crescimento dostrês setores analisados (alimentos e bebidas, têxtil e móveis eindústrias diversas) foi bastante semelhante entre si no período,em torno de 5% a.a. Cabe destacar o comportamento das expor-tações de alimentos e bebidas que cresceram até 1996. Em 1997,o setor foi negativamente afetado pela crise asiática e a conse-qüente redução das importações de alimentos e bebidas pelospaíses da região.

A evolução das exportações nos setores de médio dinamis-mo foi mais irregular. As vendas de máquinas e equipamentos cres-ceram fortemente de 1993 a 1996. Nos anos seguintes, o desem-penho mostrou-se irregular, com um crescimento mais expressivoem 2003. As exportações de metalurgia aumentaram até 1996.Em 1997, este setor, assim como o de alimentos e bebidas, foinegativamente afetado pela crise asiática.6 As exportações de me-talurgia retomaram o crescimento de forma significativa em 2003,embaladas pelas compras da China. Aumentos nos preços dosmetais, acompanhados da alta nos preços de produtos siderúrgi-cos, ajudam a explicar o desempenho do setor. Já as exportaçõesde veículos automotores cresceram de forma contínua entre 1993e 2003. Em média, nesse período, o desempenho do setor acompa-nhou o crescimento de 7,3% do comércio internacional.

6 A Seção 2.3 mostra a importância do Leste Asiático como mercado consumidor desses setores.

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Gráfico 2Exportações de Setores Selecionados – 1993 a 2003 (1993=100)

80

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1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Alimentos eBebidas

Móveis eInd. Diversas

Têxtil

Segmentos de Menor Dinamismo

Total

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1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

VeículosAutomotores

Máquinase Equipamentos

Metalurgia

Segmentos de Médio Dinamismo

Total

80

100

120

140

160

180

200

220

240

260

280

300

1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

QuímicaMáq. Escrit. eInformática

Mat. Eletrônico ede Comunicações

Segmentos de Maior Dinamismo

Total

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Entre os setores de maior dinamismo, distinguem-se oscomportamentos de material eletrônico e de comunicações; e demáquinas de escritório e informática. Em 2001, com o estouro da“bolha” no segmento de tecnologia da informação, houve umaforte queda nas exportações desses segmentos. Em 2003, no en-tanto, as exportações dos setores já tinham voltado ao patamarde 2000. Finalmente, na química, destaca-se o forte impulso nassuas exportações nos últimos anos.

2.2 Região

O crescimento do comércio mundial foi bem desigual entreos blocos econômicos e nações (Tabela 2).7 Mesmo dentro de de-terminados blocos econômicos, ocorreram fortes diferenças en-tre os países. No que tange às exportações, destacam-se as se-guintes mudanças nesse fluxo:

a) O peso da América Latina nas exportações mundiais cres-ceu entre 1993 e 2004. De fato, a participação da regiãonesse fluxo saiu de 4,6%, em 1993, para 6,5%, em 2004. OMéxico respondeu por quase metade desse aumento. Asparticipações da Argentina e do Brasil, por outro lado, nãose modificaram de forma significativa no período. Em 2004,o Brasil foi responsável por apenas 1,4% das exportaçõesmundiais (excluindo-se o comércio intra-União Européia).

b) Os Estados Unidos perderam importância nas exporta-ções mundiais, ao passo que ficou praticamente constantea importância da União Européia, no período. Cabe obser-var que, a despeito da desvalorização do dólar, o desempe-nho dos Estados Unidos continuou deteriorando-se emrelação à União Européia, em 2004.

c) O bloco Leste Asiático e a Índia também mantiverampraticamente constantes as suas participações nas expor-tações mundiais. Dentro do bloco, no entanto, as diferen-ças entre os países foram bastante expressivas. Em parti-cular, houve um forte aumento no peso da China e, emmenor escala, da Índia nesse fluxo, em contraste com umaexpressiva queda de participação do Japão. De fato, de uma

7 A análise do comércio mundial por região geográfica foi realizada considerando os seguintes blocoseconômicos e países: América Latina (com destaque para Argentina, Brasil e México); Estados Uni-dos; União Européia; Leste Asiático e Índia; demais países (da África, Oceania, Oriente Médio e LesteEuropeu; do Oeste Europeu não-pertencentes à União Européia; e o Canadá). Na União Européia,não estão incluídos os países que ingressaram recentemente no bloco. Ou seja, fazem parte dessebloco: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália,Luxemburgo, países Baixos (Holanda), Portugal, Reino Unido e Suécia. O bloco Leste Asiático e Índiaengloba os seguintes países: China, Índia, Japão e demais países do Leste Asiático (China – HongKong, Cingapura, Coréia do Sul, Indonésia, Malásia e Taiwan). Em virtude de ausência de informa-ções em determinados anos, no bloco não estão incluídos países como Bangladesh, Filipinas,Paquistão, Tailândia e Vietnã. Em função de questões políticas, os dados por setor referentes aTaiwan não estão diretamente disponíveis na base de dados utilizada. Os valores das importações(exportações) por setor desse país correspondem ao total das exportações (importações) dos demaispaíses para Taiwan.

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posição pouco expressiva nas exportações mundiais, em1993, a China conseguiu superar as vendas externas doJapão, em 2004.

d) A participação do bloco formado pelos demais países (daÁfrica, Oceania, Oriente Médio e Leste Europeu; do OesteEuropeu não-pertencentes à União Européia; e o Canadá)nas exportações mundiais aumentou no período.8 Esseaumento refletiu a alta nos preços do petróleo com impac-to nas exportações de países do Oriente Médio, bem comoo bom desempenho do comércio exterior dos países do LesteEuropeu. Entre as possíveis explicações para essa atua-ção, podemos citar:

i) maior integração dessa região à União Européia,com aumento no comércio intra-indústria;

ii) queda nas barreiras ao comércio entre esses doisblocos;

iii) o Stability Pact for South-East Europe”, com a que-da nas barreiras ao comércio na região; e

Tabela 2 Crescimento das Exportações Mundiais, por Região

Exportação (Em US$ bilhões)

Particip. nas Exportações (%)

Crescimento (% ao ano)

Blocos/Países 1993 2003 2004 1993 2003 2004 93 - 03 03 - 04 América Latina 130 371 460 4,6 6,5 6,5 11,0 24,2• Argentina 13 30 34 0,5 0,5 0,5 8,5 16,1• Brasil 39 73 96 1,4 1,3 1,4 6,6 32,0• México 52 165 189 1,8 2,9 2,7 12,3 14,0• Demais da Am. Latina 27 103 141 0,9 1,8 2,0 14,4 37,3

Estados Unidos 465 724 819 16,4 12,6 11,6 4,5 13,2

União Européia* 549 1.126 1.375 19,4 19,7 19,5 7,4 22,1

Leste Asiático e Índia 936 1.856 2.307 33,0 32,4 32,7 7,1 24,3• China 92 438 593 3,2 7,7 8,4 16,9 35,3• Índia 22 63 73 0,8 1,1 1,0 11,0 15,1• Japão 361 472 565 12,7 8,2 8,0 2,7 19,7• Demais Leste Asiático 461 883 1.077 16,3 15,4 15,3 6,7 21,9

Demais 756 1.652 2.089 26,6 28,8 29,6 8,1 26,5

Total 2.836 5.728 7.051 100,0 100,0 100,0 7,3 23,1* Dados de 2004 supõem que o crescimento do comércio intra-UE foi igual ao crescimento do comércio da UE. Fonte: UNComtrade (elaboração própria).

8 Os dados referentes aos demais países foram obtidos por resíduo, em função de falta de informaçõesdetalhadas por setor sobre determinadas nações. O problema foi particularmente grave para paísesdo Oriente Médio. Para fazer uma análise mais detalhada, foram estudados dados de países cominformações para os anos de 1993 e 2003.

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iv) aumento nas importações de países pertencentesao Commonwealth and Independent States (CIS), da-dos os laços históricos entre esse grupo e o LesteEuropeu [Ver WTO (2005)].

O Gráfico 3 mostra a evolução das exportações de paísesselecionados de cada bloco, no período analisado. Entre 1994 e1999, o desempenho das exportações brasileiras foi, em média,inferior ao crescimento do comércio mundial, ao passo que au-mentou o peso do país nesse comércio, após a flexibilização doseu regime de câmbio, em 1999.

As vendas da Argentina foram particularmente afetadaspelas mudanças nos termos de troca com o Brasil. A participaçãodo país nas exportações mundiais aumentou significativamentede 1993 a 1998, beneficiada pela criação do Mercosul e a conse-qüente ampliação do comércio com o Brasil. A flexibilização docâmbio brasileiro, por outro lado, contribuiu para agravar a per-da de competitividade da Argentina, que permaneceu com seuregime de currency board até o início de 2002. Nos dois anosseguintes, as exportações argentinas voltaram a crescer. Além daflexibilização do câmbio, o aumento nos preços mundiais do pe-tróleo favoreceu esse desempenho.

As exportações do México tiveram um crescimento expres-sivo de 1993 a 2000. Em parte, a boa atuação é explicada pelaperformance das “maquiladoras”, com uma ampliação da con-centração de seu comércio com os Estados Unidos.9 Além disso,o país implementou importantes acordos bilaterais que benefici-aram seu comércio. Sua participação nas exportações mundiaisdiminuiu, no período de 2000 a 2004, quando aumentou a con-corrência com os produtos chineses.

Os Estados Unidos começaram a perder participação nasexportações mundiais principalmente a partir de 2002. Cabe ob-servar que essa queda ocorreu não obstante a desvalorização dodólar frente ao euro e ao iene, desde aquele ano.10 Já a UniãoEuropéia manteve praticamente constante a sua participaçãonesse fluxo, tendo respondido por cerca de 20% das exportaçõesmundiais no período.

As exportações da China cresceram de forma contínua en-tre 1993 e 2004. Contudo, os ganhos mais significativos do paísnas exportações mundiais ocorreram principalmente após a ade-são do país à Organização Mundial de Comércio (OMC), em de-zembro de 2001. Nos três anos seguintes a esse ingresso, a par-ticipação da China nas exportações mundiais aumentou, ao todo,2,8%.

9 A participação dos Estados Unidos nas exportações mexicanas passa de 70%, em 1991, para 81%,em 1992. Nos anos seguintes, essa concentração se amplia, chegando a 89%, em 2000, estabilizan-do-se nesse patamar.

10 De 31 de dezembro de 2001 a 31 de dezembro de 2004, a cotação Euro/US$ caiu 34% e a Iene/US$teve uma queda de 22%.

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Gráfico 3Exportações de Economias Selecionadas – 1993 a 2004 (1993=100)

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1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

BrasilMundo

Argentina

México

Principais Economias da América Latina

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1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

EstadosUnidos

MundoUE

Estados Unidos e União Européia

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1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

China

Mundo

Japão

Índia

China, Índia e Japão

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No âmbito do bloco asiático, houve também um forte in-cremento das exportações indianas, embora esse desempenhotenha ocorrido sobre um volume reduzido de vendas, no iníciodos anos 1990. Assim sendo, em 2004, a Índia ainda respondiapor apenas algo em torno de 1% das exportações mundiais.

Finalmente, cabe destacar a contínua perda de participa-ção do Japão nas exportações mundiais nos últimos anos. De1993 a 2004, essa participação caiu quase 5% (de 12,7% para8,0%, no período).

A Tabela 3 compara as participações dos países nas impor-tações mundiais em 1993, 2003 e 2004. O grande destaque é opeso dos Estados Unidos nesse fluxo em 2004 (20%), bem acimados seus 12% de participação nas exportações mundiais. Valeobservar também o forte aumento de participação da China nasimportações mundiais. No entanto, este ficou abaixo do própriocrescimento da participação mundial das exportações chinesas.Como resultado, a China passou de um déficit comercial de US$12 bilhões, em 1993, para um superávit comercial de US$ 32bilhões, em 2004.

O Gráfico 4 mostra o desempenho dos diferentes blocos epaíses nas importações mundiais, entre 1993 e 2004. Os princi-pais contrastes em relação aos dados de exportação estão nosdesempenhos da Argentina e Estados Unidos. No primeiro caso,destaca-se a expressiva queda das importações argentinas advindada crise econômica do país, entre 1999 e 2002. A queda acumu-

Tabela 3 Crescimento das Importações Mundiais, por Região

Importação (US$ bilhões)

Particip. nas Importações (%)

Crescimento (% ao ano)

Blocos/Países

1993 2003 2004 1993 2003 2004 93 - 03 03 - 04 América Latina 143 328 455 4,7 5,3 6,0 8,7 38,5• Argentina 17 14 22 0,6 0,2 0,3 -1,9 61,3• Brasil 27 51 66 0,9 0,8 0,9 6,4 29,7• México 65 171 206 2,2 2,7 2,7 10,1 20,5• Demais da Am. Latina 34 92 149 1,1 1,5 2,0 10,6 62,0

Estados Unidos 603 1.305 1.526 19,9 20,9 20,1 8,0 17,0

União Européia* 602 1.264 1.495 19,9 20,3 19,7 7,7 18,3

Leste Asiático e Índia 829 1.651 2.092 27,4 26,5 27,6 7,1 26,7• China 104 413 561 3,4 6,6 7,4 14,8 36,0• Índia 23 71 95 0,8 1,1 1,3 11,8 33,6• Japão 241 383 455 7,9 6,1 6,0 4,8 18,5• Demais Leste Asiático 461 783 981 15,2 12,6 12,9 5,4 25,1

Demais 851 1.688 2.018 28,1 27,1 26,6 7,1 19,6

* Dados de 2004 supõem que o crescimento do comércio intra-UE foi igual ao crescimento do comércio da UE. Fonte: UNComtrade (elaboração própria).

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Gráfico 4Importações de Economias Selecionadas – 1993 a 2004 (1993=100)

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1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Brasil

MundoArgentina

México

Principais Economias da América Latina

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550

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1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

EstadosUnidos Mundo

UE

Estados Unidos e União Européia

50

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200

250

300

350

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450

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550

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1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

China

Mundo

Japão

Índia

China, Índia e Japão

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lada no PIB do país nesse período chegou a 18,4%. O auge dacrise foi em 2002, quando o produto argentino retraiu-se em10,9%. Em relação aos Estados Unidos, em que pese a sua signi-ficativa perda de participação nas exportações mundiais, o paísmanteve sua participação nas importações.

O Brasil aumentou sua participação nas importações mun-diais até 1997. Nos anos seguintes, essa participação cai de for-ma expressiva, voltando em 2002 ao mesmo patamar de 1993 e,novamente, caindo ligeiramente depois.

Finalmente, cabe ressaltar o desempenho das importaçõeschinesas. Salta aos olhos o fato de o crescimento das importa-ções do país ter apenas acompanhado a performance mundial até1999. As importações chinesas cresceram sobretudo a partir de2000, movimento que precedeu em um ano o seu ingresso naOMC.

2.3 Região e Setores

A análise por região e setores aponta para uma certa divi-são do trabalho entre as nações e blocos econômicos, em 2003(Tabela 4). Os países da América Latina destacaram-se basica-mente como exportadores de produtos agropecuários e alimen-tos e bebidas. Com exceção do México nos setores de materiaiselétricos e veículos automotores, a região teve uma participaçãopouco significativa em produtos de maior intensidade tecnológica.Os Estados Unidos apresentaram uma importância significativatanto em produtos agropecuários, quanto em bens com mais in-tensidade tecnológica. A União Européia se destacou em especialnos setores de máquinas e equipamentos; química; edição e im-pressão; e aviação/ferroviário/embarcação/motos.

A China continuou a se sobressair nas exportações mun-diais de produtos intensivos em mão-de-obra, como têxtil, vestu-ário, couro e calçados. O país, por outro lado, passou a ser umimportante exportador de eletrônicos, responsável por 13% dasvendas mundiais do complexo eletrônico, em 2003. De fato a di-mensão do país tem permitido à China ingressar como ator rele-vante em bens de alta tecnologia, sem abandonar suas antigasvantagens comparativas.

Já a Índia ainda era um país exportador basicamente deprodutos intensivos em mão-de-obra. Vale observar que os dadosanalisados referem-se ao comércio mundial de bens. A atuação daÍndia é bastante relevante na exportação de software e outros ser-viços relacionados à tecnologia de informação, que, no entanto, éclassificado como serviço. As exportações do Japão, por sua vez,foram concentradas em setores de alta tecnologia. Também nosdemais países do Leste Asiático, observou-se uma especializaçãomaior em alta tecnologia, porém o bloco continuava a ter partici-pação relevante em setores intensivos em mão-de-obra.

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Finalmente, o conjunto dos demais países do mundo, queengloba o Oriente Médio, respondeu por 60% das exportaçõesmundiais do grupo de petróleo, gás e álcool. O bloco também sedestacou em setores como vestuário; madeira; papel e celulose; emetalurgia.

No que tange às importações, a Índia e os países da Améri-ca Latina, com exceção do México, mostraram pouca relevâncianas importações mundiais por setor (Tabela 5). Já os EstadosUnidos e a União Européia apareceram como grandes importa-dores mundiais em todos os campos analisados. No caso da Chi-na, o destaque ficou com material eletrônico e comunicações;instrumentos médicos e ópticos; e metalurgia. O Japão sobres-saiu-se, em especial, como importador de produtos intensivosem recursos naturais. Os demais países do Leste Asiático foramos principais importadores de material eletrônico e comunica-ções. Nos “Demais Mundo”, o setor de edição e impressão lideraas importações seguido de produtos de minerais não-metálicos eveículos automotores.

Detalhou-se a análise por região e setor para os principaissetores de médio e maior dinamismo. Em ambos os casos, foramescolhidos os três principais setores, em termos de valor das ex-

Tabela 4 Participação das Regiões nas Exportações Mundiais, por Setor – 2003

Setores Argen-tina

Brasil México Demais AL

EUA EU (exc.

Intra UE)

China Índia Japão Demais L.Asiát.

Demais Mundo

Total

Agropecuária 4 7 4 6 28 10 6 2 0 6 27 100

Extrativa Mineral 1 2 6 10 2 6 2 1 0 8 63 100

Alimentos e Bebidas 4 5 2 6 13 20 6 2 1 9 32 100

Têxtil 0 1 2 1 7 16 21 4 4 24 20 100

Vestuário 0 0 4 1 3 9 27 4 0 18 34 100

Couro e Calçados 1 4 1 1 3 19 28 3 0 24 16 100

Madeira 0 4 1 3 8 12 8 0 0 14 50 100

Papel e Celulose 0 3 1 2 18 25 2 0 3 10 35 100

Edição e Impressão 0 0 2 1 24 33 4 1 3 10 22 100

Petróleo e Álcool3 2 1 1 2 7 18 4 2 1 16 46 100

Química 0 1 1 1 17 32 4 1 8 15 19 100

Borracha e Plásticos 0 1 3 1 16 23 9 1 10 16 20 100Prod. de Min. Ñ. Metálicos 0 2 3 1 10 27 11 1 8 9 27 100

Metalurgia 1 3 1 5 9 16 4 2 10 14 34 100

Produtos de Metal 0 1 3 0 12 25 13 2 6 15 25 100

Máq. e Equipamentos 0 1 2 0 16 34 6 0 14 11 15 100Máq. Escrit. e Informática 0 0 4 0 13 9 19 0 7 36 11 100

Materiais Elétricos 0 1 9 0 13 20 11 0 11 20 14 100Mat. Eletrônico/Comunic. 0 0 3 0 13 10 10 0 13 40 10 100Instr. Médicos e Ópticos 0 0 3 0 22 24 5 0 14 16 15 100

Veículos Automotores 0 1 6 0 15 25 2 0 21 6 23 100Aviação/Ferrov./Emb./Motos 0 1 0 0 27 29 4 0 9 10 18 100

Móveis e Diversos 0 0 2 0 9 15 12 5 2 15 39 100

Memo:

Petróleo, Gás e Álcool 1 1 5 7 3 8 2 1 0 11 60 100

Complexo Eletrônico 0 0 4 0 13 10 13 0 11 38 10 100

Fonte: UNComtrade (elaboração própria).

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portações mundiais em 2003: veículos automotores; metalurgia;e máquinas e equipamentos (médio dinamismo); química; má-quinas de escritório e informática; e material eletrônico e de co-municações (maior dinamismo). Em virtude da grande similari-dade entre os setores de máquinas de escritório e informática; ede material eletrônico e de comunicações, criou-se o grupo com-plexo eletrônico.11

2.3.1 Segmentos de Médio Dinamismo

Metalurgia – O setor de metalurgia compreende princi-palmente a fabricação de produtos siderúrgicos, e também ametalurgia de metais não-ferrosos.12 A siderurgia é comumenteconsiderada um setor estratégico, na medida em que, como forne-cedora de insumos, influencia a competitividade de outras indús-trias e os custos da construção civil. Em 2003, o setor construção

11 O setor de material eletrônico e de comunicações inclui a parte de componentes (circuitos integradosetc.) utilizados na produção de equipamentos de telecomunicações, e também bens pertencentes aosetor de máquinas de escritório e informática.

12 Não inclui a fabricação de estruturas metálicas para edifícios, esquadrias de metal, embalagensmetálicas, tanques, artigos de cutelaria e obras de caldeiraria (partes e peças para turbinas, fornose semelhantes). Tais segmentos fazem parte do setor de produtos de metal.

Tabela 5 Participação das Regiões nas Importações Mundiais, por Setor - 2003

Setores Argen-tina

Brasil México Demais AL

EUA UE (exc. Intra UE)

China Índia Japão Demais L.Asiát.

Demais Mundo

Total

Agropecuária 0 2 4 3 12 24 9 2 10 10 25 100

Extrativa Mineral 0 1 1 1 24 29 5 5 14 9 12 100

Alimentos e Bebidas 0 1 3 2 18 21 3 1 13 9 30 100

Têxtil 0 0 3 1 19 19 9 1 6 15 27 100

Vestuário 0 0 1 1 32 32 1 0 9 10 14 100

Couro e Calçados 0 0 2 1 27 25 4 0 8 17 17 100

Madeira 0 0 2 0 29 22 5 0 15 6 21 100

Papel e Celulose 0 1 4 3 21 16 10 1 4 10 31 100

Edição e Impressão 0 0 3 2 17 16 4 3 5 9 41 100

Petróleo e Álcool3 0 2 2 3 24 18 6 2 10 19 14 100

Química 1 2 3 2 18 17 9 1 5 12 29 100

Borracha e Plásticos 0 1 8 2 22 18 6 1 4 9 29 100

Prod. de Min. Ñ. Metálicos 0 1 3 1 21 14 4 1 5 13 38 100

Metalurgia 0 1 3 1 13 18 13 4 5 16 26 100

Produtos de Metal 0 1 5 1 22 18 4 0 4 8 36 100

Máq. e Equipamentos 0 1 4 2 19 16 10 1 4 12 31 100

Máq. Escrit. e Informática 0 0 3 1 25 23 7 1 7 17 16 100

Materiais Elétricos 0 1 6 1 22 20 9 1 5 16 20 100Mat. Eletrônico/Comunic. 0 1 3 1 17 15 13 1 5 29 15 100

Instr. Médicos e Ópticos 0 1 2 1 19 20 11 1 7 19 18 100

Veículos Automotores 0 1 5 1 38 15 3 0 2 4 32 100Aviação/Ferrov./Emb./Motos 0 1 1 1 19 34 4 2 5 8 26 100

Móveis e Diversos 0 0 1 1 35 20 1 1 5 11 26 100

Memo:

Petróleo, Gás e Álcool 0 1 1 1 27 26 5 3 12 12 12 100

Complexo Eletrônico 0 1 3 1 20 18 11 1 6 25 15 100

Fonte: UNComtrade (elaboração própria).

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civil foi o principal demandante de produtos siderúrgicos no Brasil(respondeu por 29,0% do consumo final dos produtos), seguidopelos setores automobilístico (24,5%) e de bens de capital (19,6%).

O grande destaque no comércio mundial de produtosmetalúrgicos entre 1993 e 2003 é o expressivo aumento da parti-cipação da China nas importações mundiais, tornando-se o prin-cipal país comprador nesse setor (Tabela 6). O forte aumento nademanda chinesa pode ser explicado pelos significativos investi-mentos em obras de infra-estrutura e construção civil em cida-des que tiveram um rápido crescimento demográfico, comoShangai, Shengong, Xiamem e Gaouzhou, e ao crescimento daprodução de bens de capital e bens de consumo duráveis, estesimpulsionados pelo dinamismo das exportações.

A China aparece também como o país que mais ganhouparticipação nas exportações mundiais, no período. Em 2004,ela ainda continuava com déficit na balança comercial de aço.Contudo, desde setembro daquele ano até o primeiro trimestrede 2005 (último dado disponível), o país tem sido um exportadorlíquido de aço.

Máquinas e equipamentos – O setor de máquinas e equi-pamentos é um dos principais responsáveis pelo fornecimento debens de capital13 para os demais setores da economia e, desse

Tabela 6 Evolução do Comércio de Metalurgia, por Região* – 1993 e 2003

Importação Exportação (% Imp.

Mundiais) Cresc. (p.p.) Cresc. (%)

(% Exp. Mundiais)

Cresc. (p.p.) Cresc. (%)

Regiões

1993 2003 93 - 03 93 - 03 1993 2003 93 - 03 93 - 03 América Latina 3,8 4,4 0,6 6,9 9,2 10,1 0,9 7,7 Argentina 0,4 0,2 (0,2) (1,6) 0,4 0,6 0,2 11,5 Brasil 0,6 0,6 0,1 6,2 4,3 3,0 (1,3) 2,9 México 1,8 2,5 0,8 9,0 1,5 1,5 (0,0) 6,6 Demais Am. Latina 1,1 1,1 (0,0) 5,2 3,1 5,1 2,0 12,2

Estados Unidos 14,4 13,1 (1,3) 4,3 15,1 9,5 (5,6) 1,8

União Européia (15) 20,8 17,9 (2,9) 3,7 19,1 15,9 (3,2) 4,8

Leste Asiático e Índia 38,4 38,7 0,3 5,4 25,7 30,4 4,7 8,5 China 9,3 13,2 4,0 9,1 1,6 4,4 2,9 18,4 Índia 1,2 3,6 2,4 17,9 0,8 1,6 0,9 15,0 Japão 8,4 5,4 (3,0) 0,7 11,8 10,1 (1,8) 4,9 Demais Leste Asiático 19,6 16,5 (3,1) 3,5 11,6 14,3 2,7 9,0

Demais Mundo* 22,7 25,9 3,2 6,7 30,9 34,0 3,1 7,7

* Pode haver distorções nos dados do bloco "Demais Mundo", devido a ausências de informações por setor para países do grupo.

Fonte: UNComtrade (elaboração própria).

13 A produção de bens de capital inclui também parcela expressiva dos setores de equipamentos eletrô-nicos, máquinas de escritório e informática, veículos (ônibus) e outros equipamentos de transporte(aviões e embarcações).

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modo, seu desempenho é de fundamental relevância para o pro-gresso tecnológico e conseqüente desenvolvimento econômico deum país. O setor, por outro lado, é bastante heterogêneo, englo-ba não somente as produções de tratores e máquinas industriais,mas também segmentos pouco relacionados à categoria de bensde capital, tais como, eletrodomésticos e equipamentos militares.

A União Européia aparece como o principal exportadormundial de máquinas e equipamentos. Em 2003, o bloco foi res-ponsável por cerca de um terço desse volume mundial, tendoessa participação aumentado significativamente em relação a1993. A China, por sua vez, foi o país que conseguiu o maiorganho de participação nas exportações mundiais, quintuplicandoesse percentual entre 1993 e 2003.

O seu excepcional desempenho, no entanto, foi insuficien-te para contrabalançar a expressiva perda do bloco asiático ana-lisado nas exportações mundiais. O dado mais impressionante éa queda da importância do Japão nesse comércio. As exporta-ções do país ficaram apenas 3% abaixo das vendas da UniãoEuropéia, em 1993. Dez anos depois, as vendas do Japão foram59% menores em relação ao bloco europeu.

2.3.2 Segmentos de Maior Dinamismo

Veículos automotores – Esse setor, conforme a classifica-ção CNAE, compreende os segmentos de automóveis, camione-

Tabela 7 Evolução do Comércio de Máquinas e Equipamentos, por Regiões – 1993 e

2003 Regiões Importação Exportação

(% Imp.

Mundiais) Cresc. (p.p.) Cresc. (%)

(% Exp. Mundiais)

Cresc. (p.p.) Cresc. (%)

1993 2003 93 - 03 93 - 03 1993 2003 93 - 03 93 - 03

América Latina 7,2 6,9 (0,3) 5,7 2,1 3,6 1,5 10,9 Argentina 1,0 0,4 (0,6) (3,7) 0,1 0,1 (0,0) 4,3

Brasil 1,1 1,2 0,1 7,2 0,9 0,9 0,0 5,0

México 3,0 3,5 0,5 7,9 0,9 2,4 1,4 15,0

Demais Am. Latina 2,0 1,7 (0,3) 4,4 0,1 0,2 0,1 15,4

Estados Unidos 16,9 18,9 2,0 7,4 18,4 16,2 (2,2) 3,6

União Européia (15) 17,1 16,1 (1,0) 5,6 29,0 33,8 4,8 6,6

Leste Asiático e Índia 31,5 26,9 (4,7) 4,5 40,0 31,3 (8,7) 2,4 China 8,3 9,9 1,6 8,0 1,3 6,3 5,0 23,2

Índia 0,7 1,0 0,3 9,5 0,2 0,4 0,3 15,6

Japão 3,2 3,6 0,4 7,4 28,1 14,0 (14,1) (2,1)

Demais Leste Asiático 19,3 12,4 (6,9) 1,6 10,5 10,7 0,2 5,1

Demais Mundo* 27,3 31,3 4,0 7,6 10,5 15,0 4,5 8,8

* Pode haver distorções nos dados do bloco "Demais Mundo", devido a ausências de informações por setor para países do grupo. Fonte: UNComtrade (elaboração própria).

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Texto para Discussão nº 106 27

tas e utilitários; caminhões e ônibus; cabines, carrocerias e rebo-ques; e autopeças. A União Européia tem sido o grande destaqueem termos de aumentos de participação nas exportações mundi-ais na área. No outro extremo, saltam aos olhos as substanciaisperdas de participação dos Estados Unidos e do Japão nesse flu-xo, entre 1993 e 2003.14

Os ganhos de participação da China nas exportações mun-diais de veículos automotores não foram muito expressivos, emcontraste com o desempenho em outros setores. Em parte, essaperformance deveu-se à baixa participação do país em tais ven-das em 1993, uma vez que as taxas de crescimento de suas ex-portações de veículos foram extremamente elevadas. Por outrolado, em contraste com estratégias adotadas em outros setores,15

a política automotiva chinesa esteve voltada à promoção de cam-peões locais. McKinsey (2004) aponta que a entrada de empresasestrangeiras foi dificultada pela exigência de licenças do governo,que, no caso da Honda Motor e da GM, demoraram mais de qua-tro anos para serem obtidas. Além disso, os componentes tinhamque ser supridos por fornecedores estatais.16

Ainda de acordo com McKinsey, a política chinesa no setorlevou a uma redução da competição, aumento de custos de pro-dução e uma produtividade média das plantas bem abaixo dopadrão internacional. Como resultado, os consumidores chine-ses enfrentavam preços de veículos de 30% a 40% acima doseuropeus e americanos. Contudo, o estudo destaca que essa si-tuação vem mudando com um aumento na capacidade de produ-ção do país e a entrada de firmas estrangeiras.

No âmbito da América Latina, apenas o México aparececomo importante exportador de veículos automotores. Em 2003,o país respondeu por 6,1% das exportações mundiais nesse seg-mento, ao passo que a participação do Brasil foi de apenas 1,4%.

Química – O setor de química compreende os segmentosde: produtos petroquímicos de primeira e segunda geração; pro-dutos químicos inorgânicos e defensivos agrícolas; produtosfarmacêuticos; artigos de perfumaria; e produtos e preparadosquímicos diversos.17 O segmento de petroquímicos de primeirageração é constituído pelos produtos básicos (eteno, propeno,butadieno, benzeno, tolueno e xilenos) resultantes da primeiratransformação de correntes petrolíferas (nafta, gás natural, etanoetc.), por um processo petroquímico (craqueamento a vapor,pirólise, reforma a vapor, reforma catalítica etc.). A segunda ge-ração é formada por produtos resultantes do processamento dos

14 Os dados do bloco “Demais Mundo” foram calculados por resíduo, em virtude da ausência de infor-mações para determinados países.

15 Ver análise nesta seção referente ao segmento de eletrônicos.16 McKinsey (2004) destaca, contudo, que essa determinação irá expirar em 2006, conforme acordado

com a OMC.17 Os produtos e preparados químicos diversos compreendem catalisadores, aditivos de uso industrial,

explosivos, produtos químicos para fotografia, discos, fitas virgens etc.

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básicos: resinas termoplásticas (polietilenos e polipropilenos, quesão usados na produção de brinquedos, garrafas plásticas de re-frigerantes etc.), resinas termofixas (usadas em tintas, vernizesetc); elastômeros (borracha SBR, EPM e EPDM); fibras artificiais(raiom e viscose) e sintéticas (poliéster, náilon e acrílico).

Em contraste com os setores anteriores, os dados obtidosnão mostram grandes mudanças nas participações dos países eblocos analisados nas exportações mundiais de químicos. A UniãoEuropéia, assim como no segmento de máquinas e equipamen-tos, tem respondido por cerca de um terço desse mercado, comum pequeno aumento dessa participação, entre 1993 e 2003.Além desse bloco, houve um crescimento na importância da Chi-na e do bloco formado pelos demais países nas exportações mun-diais de químicos. Novamente, destacam-se as quedas de partici-pação do Japão e dos Estados Unidos nas exportações mundiaisdo setor.

No que tange às importações, sobressaem os aumentos dascompras da China e dos Estados Unidos. No outro extremo, aUnião Européia e os demais países do Leste Asiático perderamparticipação nas importações mundiais de químicos.

Em termos de saldo comercial, o grande destaque é a re-versão do superávit comercial americano no setor. Mesmo no seg-mento de produtos farmacêuticos, houve mudança na posição dopaís no comércio mundial. WTO (2005) destaca que embora hajauma percepção de que os Estados Unidos tenham a indústriafarmacêutica mais competitiva e inovadora, os dados de comér-

Tabela 8 Evolução do Comércio de Veículos, por Regiões – 1993 e 2003

Regiões Importação Exportação

(% Imp.

Mundiais) Cresc. (p.p.) Cresc. (%)

(% Exp. Mundiais)

Cresc. (p.p.) Cresc. (%)

1993 2003 93 - 03 93 - 03 1993 2003 93 - 03 93 - 03 América Latina 4,5 6,7 2,1 11,0 6,2 8,0 1,8 11,4 Argentina 0,9 0,3 (0,6) (3,3) 0,4 0,3 (0,1) 6,5 Brasil 0,8 0,7 (0,2) 4,7 1,6 1,4 (0,1) 7,5 México 1,2 4,6 3,3 21,7 4,1 6,1 2,0 12,9 Demais Am. Latina 1,6 1,1 (0,5) 3,1 0,1 0,1 0,0 12,0

Estados Unidos 35,9 37,5 1,6 7,3 21,0 14,7 (6,3) 4,7

União Européia (15) 21,1 15,1 (6,0) 3,3 19,1 24,8 5,7 11,4

Leste Asiático e Índia 11,7 9,2 (2,5) 4,3 33,2 29,5 (3,7) 7,2 China 2,2 2,9 0,7 9,9 0,4 1,8 1,4 26,9 Índia 0,1 0,2 0,1 12,3 0,2 0,3 0,1 12,9 Japão 2,7 2,5 (0,3) 5,7 27,5 21,4 (6,1) 5,8 Demais Leste Asiático 6,6 3,6 (3,0) 0,6 5,2 6,1 0,9 10,3

Demais Mundo* 26,7 31,5 4,8 8,6 20,5 22,9 2,4 9,7

* Pode haver distorções nos dados do bloco "Demais Mundo", devido a ausências de informações por setor para países do grupo. Fonte: UNComtrade (elaboração própria).

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cio mostram que os tradicionais superávits americanos no seg-mento transformaram-se em déficits crescentes de 2000 emdiante.

Complexo eletrônico – O complexo eletrônico compreen-de, neste estudo, os setores da classificação CNAE de máquinasde escritório e informática (CNAE – D30) e de material eletrônicoe comunicações (CNAE – D32). Em termos de segmentos, estãoincluídos os de equipamentos periféricos para máquinas eletrô-nicas; computadores; componentes eletrônicos (especialmente,circuitos integrados); aparelhos transmissores (equipamentos detelecomunicações, telefonia celular etc.); e aparelhos receptores(televisores, aparelhos de som etc.).

A importância do setor vai bem além da produção direta debens classificados como eletrônicos e de comunicações. Além deassumir uma participação crescente no cotidiano da sociedade, aeletrônica tem tido um papel de destaque no desenvolvimentotecnológico e aumento da produtividade nos demais setoresoperantes. Está, cada vez mais, presente em sistemas de contro-le e automação, bem como na capacidade de armazenamento dedados, permeando produtos, processos e funções.18

O Leste Asiático foi responsável por 62% das exportaçõesmundiais do complexo eletrônico, em 2003. O predomínio da re-

Tabela 9 Evolução do Comércio de Químicos, por Região – 1993 e 2003

Regiões Importação Exportação

(% Imp.

Mundiais) Cresc. (p.p.)

Cresc. (%)

(% Exp. Mundiais)

Cresc. (p.p.) Cresc. (%)

1993 2003 93 - 03 93 - 03 1993 2003 93 - 03 93 - 03 América Latina 7,5 7,9 0,4 9,6 3,4 3,4 (0,0) 9,1 Argentina 1,1 0,6 (0,5) 2,7 0,3 0,4 0,1 11,6 Brasil 1,9 2,0 0,1 9,4 1,1 0,8 (0,3) 6,2 México 2,5 3,1 0,6 11,4 1,3 1,2 (0,1) 8,1 Demais Am. Latina 2,0 2,2 0,2 10,1 0,6 0,9 0,3 13,3

Estados Unidos 13,8 18,5 4,7 12,3 21,5 17,2 (4,3) 6,7

União Européia (15) 21,5 17,3 (4,1) 6,8 30,1 32,2 2,1 9,8

Leste Asiático e Índia 31,0 27,6 (3,4) 7,8 25,7 28,1 2,4 10,1 China 4,5 9,2 4,7 17,1 2,2 3,8 1,7 15,5 Índia 1,4 1,4 0,0 9,4 0,7 1,4 0,7 16,8 Japão 7,3 5,2 (2,1) 5,4 10,1 8,4 (1,7) 7,1 Demais Leste Asiático 17,8 11,8 (6,0) 4,7 12,7 14,5 1,8 10,5

Demais Mundo* 26,3 28,7 2,5 10,1 19,4 19,0 (0,4) 8,9

* Pode haver distorções nos dados do bloco "Demais Mundo", devido a ausências de informações por setor para países do grupo. Fonte: UNComtrade (elaboração própria).

18 O diagnóstico desse segmento é fortemente baseado no relatório do Grupo de Trabalho ComplexoEletrônico e Software (GT 9) produzido no âmbito do Sistema de Planejamento Integrado para oDesenvolvimento (Spid) do BNDES.

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gião nesse segmento aumentou significativamente nos últimosanos, ao passo que houve uma substancial perda de importânciados Estados Unidos. A China teve um papel decisivo no bom de-sempenho do Leste Asiático (Tabela 10). As exportações do paísnesse segmento cresceram em ritmo extraordinário de 33% aoano, de 1993 a 2003.

A atuação da China nesse setor, no entanto, tem que seranalisada com cautela. De fato, o aumento de participação dopaís nas exportações mundiais do setor foi acompanhado por umexpressivo crescimento nas importações. A princípio, esse pa-drão sugere que as firmas localizadas na China estariam atuan-do como “maquiladoras”. Nos anos 1980, houve um expressivofluxo de investimentos diretos no país por parte de empresas,especialmente de Hong Kong e Taiwan, que se estabeleceramem zonas especiais de exportação, atraídas pelo baixo custo demão-de-obra e por isenções fiscais.

O comportamento de “maquiladora”, contudo, foi menosevidente nos anos 1990. McKinsey (2004) observa que os investi-mentos de multinacionais como Nokia, Philips Electronics,Samsung e Sony foram destinados não somente à produção vol-tada à exportação, mas também ao atendimento do mercado in-terno chinês. O ingresso dessas empresas também não foi obstá-culo ao desenvolvimento de empresas nacionais na China. Aocontrário, firmaram-se parcerias bem-sucedidas entre asmultinacionais e sócios chineses. Entre os casos de sucesso, des-taca-se a empresa privada chinesa Lenovo.

Tabela 10 Evolução do Comércio do Complexo Eletrônico, por Região – 1993 e 2003

Regiões Importação Exportação

(% Imp.

Mundiais) Cresc. (p.p.) Cresc. (%)

(% Exp. Mundiais)

Cresc. (p.p.) Cresc. (%)

1993 2003 93 - 03 93 - 03 1993 2003 93 - 03 93 - 03 América Latina 4,1 4,7 0,6 11,4 2,7 4,1 1,4 16,5 Argentina 0,6 0,1 (0,5) (9,2) 0,0 0,0 (0,0) (5,1) Brasil 0,7 0,6 (0,1) 8,0 0,3 0,2 (0,0) 11,2 México 2,2 3,3 1,1 14,5 2,4 3,7 1,3 16,6 Demais Am. Latina 0,6 0,7 0,1 11,7 0,0 0,2 0,2 45,6

Estados Unidos 26,1 19,6 (6,5) 6,8 23,0 12,9 (10,2) 5,3

União Européia (15) 23,4 17,8 (5,6) 7,0 11,8 9,9 (1,9) 9,7

Leste Asiático e Índia 31,7 42,6 10,8 13,2 54,3 62,6 8,3 13,2 China 2,7 11,1 8,4 26,7 2,3 13,4 11,1 33,2 Índia 0,2 0,7 0,5 25,4 0,1 0,1 0,0 14,5 Japão 4,7 6,1 1,4 12,8 13,0 10,8 (2,2) 9,6 Demais Leste Asiático 24,2 24,7 0,5 10,2 38,9 38,3 (0,6) 11,4

Demais Mundo* 14,6 15,3 0,7 10,5 8,2 10,5 2,3 14,4

* Pode haver distorções nos dados do bloco "Demais Mundo", devido a ausências de informações por setor para países do grupo. Fonte: UNComtrade (elaboração própria).

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Em suma, os dados apontam para um extraordinário ganhode competitividade do Leste Asiático no setor de eletrônicos. Esseresultado foi beneficiado pela formação de importantes associa-ções entre capitais chineses e países vizinhos da região. Para asempresas chinesas, a sociedade possibilitou um importante acessoa novas tecnologias, design de produtos e logística de produção.Para as multinacionais dos demais da região, houve uma signifi-cativa melhora na competitividade com a transferência das ativi-dades intensivas em mão-de-obra para a China.19

3. Balança Comercial Brasileira

A balança comercial brasileira passou de um superávit deUS$ 13 bilhões, em 1993, para um déficit de US$ 8,4 bilhões, em1997, e para um superávit de US$ 33,7 bilhões, em 2004 (Gráfico5). Seu comportamento no período refletiu, em grande parte, assignificativas mudanças no cenário doméstico e na conjunturainternacional no período.

No que tange às mudanças no cenário doméstico queimpactaram o comércio exterior brasileiro no período 1993 a 2004,destacam-se o aumento no grau de abertura da economia brasi-leira, as duas mudanças no regime de câmbio, em 1994 e 1999,bem como as próprias flutuações no ritmo de crescimento da eco-nomia. Em termos da conjuntura internacional, cabe ressaltaras crises asiática e russa, em 1997 e 1999, o forte crescimento da

19 A associação também foi de interesse das multinacionais, ao possibilitar melhor acesso a canais dedistribuição e a compreender hábitos locais chineses.

Gráfico 5Balança Comercial Brasileira: 1993-2004 (US$ bilhões)

-20

0

20

40

60

80

100

1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Saldo Exportações Importações

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economia mundial, em 2000, o estouro da “bolha” no segmentode tecnologia da informação, em 2001, e o forte crescimento nocomércio exterior da China nos três últimos anos.

A combinação de abertura comercial com adoção de ânco-ra cambial em 1994, dada a premência do combate à inflação,teve como resultado um significativo aumento das importações eo aparecimento de expressivos déficits na balança comercial en-tre 1995 e 1998, não obstante o aumento das exportações noperíodo. As crises asiática e russa, no entanto, puseram um freioao contínuo crescimento das exportações brasileiras e puseramem xeque o regime de câmbio administrado.

Em janeiro de 1999, o regime de câmbio foi flexibilizado,resultando em uma expressiva desvalorização do real. A reduçãonas linhas externas de financiamento e a forte instabilidade ini-cial do câmbio, associadas à própria necessidade de maturaçãodos investimentos requeridos para ampliação das vendas ao ex-terior (curva J), fizeram com que as exportações voltassem a cres-cer somente em 2000, embaladas pelo bom desempenho do co-mércio mundial (Gráfico 6). A partir desse ano, as exportaçõesaumentam de forma consistente, com a aceleração desse mo-vimento em 2003, destacando-se a elevação do comércio coma China.

3.1 Setor

Os principais setores da pauta de exportações brasileirasão: indústria de alimentos e bebidas; metalurgia; agropecuária;e veículos automotores (Tabela 11). Esses quatro setores foramos grandes responsáveis pela geração do saldo comercial brasi-

Gráfico 6Exportações Brasileiras e Mundiais – 1993 a 2004 (1993=100)

-

50

100

150

200

250

300

1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

(20)

(10)

-

10

20

30

40

1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Crescimento do Comércio Mundial e Brasileiro (%)

Exportações Brasileiras e Mundiais (1993 = 100)

Brasil

Mundo

Mundo

Brasil

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leiro, em 2004.20 Os saldos negativos na balança concentraram-seem poucos setores, com destaque para: química; extração de pe-tróleo e gás; material eletrônico e comunicações; instrumentosmédicos e ópticos; e máquinas de escritório e informática.

A Tabela 12 mostra a composição da balança comercialbrasileira por setor e compara com as participações dos setoresanalisados no comércio mundial, em 2003. Em uma análise maisagregada, os dados mostram ainda uma concentração da pauta

Tabela 11 Balança Comercial Brasileira por Setores da Economia – 2004

Setores Exportação Importação Saldo (US$ mm) (%) (US$ mm) (%) (US$ mm)

Total da Agropecuária 10.292 10,7 1.807 2,9 8.486 Indústria Extrativa Total da Ind. Extrativa 8.277 8,6 10.857 17,3 -2.580Indústria de Transformação Alimentos e Bebidas 17.154 17,8 2.007 3,2 15.147Têxtil 1.183 1,2 688 1,1 495Vestuário 340 0,4 147 0,2 193Couro e Calçados 3.307 3,4 294 0,5 3.012Madeira 3.036 3,1 90 0,1 2.945Papel e Celulose 2.862 3,0 816 1,3 2.046Edição e Impressão 112 0,1 113 0,2 -1Petróleo e Álcool 2.329 2,4 3.453 5,5 -1.123Química 5.409 5,6 14.023 22,3 -8.614Borracha e Plásticos 1.421 1,5 1.674 2,7 -253Produtos de Min. Ñ. Metálicos 1.502 1,6 572 0,9 930Metalurgia 10.509 10,9 2.362 3,8 8.147Produtos de Metal 894 0,9 996 1,6 -102Máq. e Equipamentos 6.565 6,8 6.285 10,0 280Máq. Escritório e Informática 334 0,3 1.635 2,6 -1.301Materiais Elétricos 1.401 1,5 2.616 4,2 -1.215Mat.Eletrônico e de Comunicações 1.805 1,9 6.074 9,7 -4.269Instr. Médicos e Ópticos 421 0,4 2.428 3,9 -2.007Veículos Automotores 9.319 9,7 3.768 6,0 5.552Aviação, Ferrov., Embarc. e Motos 5.007 5,2 2.049 3,3 2.958Móveis 1.293 1,3 438 0,7 855

Total da Ind. Transformação 76.203 79,0 52.529 83,7 23.674 Total da Indústria 84.481 87,6 63.386 101,0 21.095Não Classif. 1.702 1,8 3 0,0 1.699

Total Brasil (importação - valor CIF) 96.475 100,0 65.196 100,0 31.280Total Brasil 96.475 100,0 62.782 100,0 33.693Memo: Petróleo, Gás e Álcool 4.857 5,0 10.798 17,2 -5.940Complexo Eletrônico 2.139 2,2 7.709 12,3 -5.571

Fonte: Secex (elaboração própria).

20 Como forma de compatibilizar os dados de comércio do Brasil com os do restante do mundo, asimportações brasileiras por setor estão em valor CIF, que considera os gastos com seguros e frete.

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de exportações brasileiras, em relação ao resto do mundo, emsetores intensivos em recursos naturais (agropecuária, alimen-tos e bebidas e metalurgia) e em mão-de-obra (couro e calçados).Salta aos olhos o contraste entre as participações dos setores deagropecuária e indústria de alimentos e bebidas nas exportaçõesdo Brasil e nas exportações mundiais. Ambos foram responsá-veis juntamente por 29% das exportações brasileiras em 2003,mas representaram apenas 6,4% das exportações mundiaisno ano.

Tabela 12 Participação do Brasil e dos Setores nas Exportações Mundiais em 2003

Exp. 2003 (US$ milhão)

% do Setor Setores

Brasil Mundo

% do Brasil nas Exp. Mundiais nas Exp. do

Brasil (A) nas Exp.

Mundiais (B)

Especia- lização do

Brasil (A/B)

Agropecuária

Agropecuária 7.699 112.029 6,9 10,5 2,0 5,4Indústria Indústria Extrativa Indústria Extrativa 6.203 355.851 1,7 8,5 6,2 1,4Indústria de Transformação Alimentos e Bebidas 13.603 253.419 5,4 18,6 4,4 4,2Têxtil 1.042 167.163 0,6 1,4 2,9 0,5Vestuário 285 154.499 0,2 0,4 2,7 0,1Couro e Calçados 2.779 69.164 4,0 3,8 1,2 3,1Madeira 2.077 55.196 3,8 2,8 1,0 2,9Papel e Celulose 2.788 83.431 3,3 3,8 1,5 2,6Edição e Impressão 99 33.002 0,3 0,1 0,6 0,2Petróleo e Álcool 1.808 138.458 1,3 2,5 2,4 1,0Química 4.408 526.703 0,8 6,0 9,2 0,7Borracha e Plásticos 1.194 123.501 1,0 1,6 2,2 0,8Produtos de Min. Ñ. Metálicos 1.129 62.157 1,8 1,5 1,1 1,4Metalurgia 7.647 263.404 2,9 10,5 4,6 2,3Produtos de Metal 629 93.924 0,7 0,9 1,6 0,5Máq. e Equipamentos 4.388 471.632 0,9 6,0 8,2 0,7Máq. Escritório e Informática 271 317.636 0,1 0,4 5,5 0,1Materiais Elétricos 1.105 222.657 0,5 1,5 3,9 0,4Mat.Eletrônico e de Comunicações 1.957 589.878 0,3 2,7 10,3 0,3Instr. Médicos e Ópticos 332 203.606 0,2 0,5 3,6 0,1Veículos Automotores 7.152 498.260 1,4 9,8 8,7 1,1Aviação, Ferrov., Embarc. e Motos 2.288 197.857 1,2 3,1 3,5 0,9Móveis 934 188.098 0,5 1,3 3,3 0,4

Total da Ind. Transformação 57.914 4.713.645 1,2 79,2 82,3 1,0

Total da Indústria 64.118 5.069.495 1,3 87,7 88,5 1,0Não Classif. 1.267 546.468 0,2 1,7 9,5 0,2

Total 73.084 5.727.992 1,3 100,0 100,0 1,0Memo:

Petróleo, Gás e Álcool 3.930 418.793 0,9 5,4 7,3 0,7Complexo Eletrônico 2.228 907.514 0,2 3,0 15,8 0,2

Fonte: Secex; UNComtrade (elaboração própria).

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O Brasil, por outro lado, ainda tem uma participação pou-co expressiva nas exportações mundiais em determinados seg-mentos intensivos em tecnologia, tais como: máquinas de escri-tório e informática, materiais elétricos, material eletrônico e co-municações e instrumentos médicos e ópticos. Já no segmentode veículos automotores, a sua participação nas exportações bra-sileiras está no mesmo nível da importância mundial do setor.

Em que pese o fato de ainda ser pouco relevante no comér-cio mundial de bens intensivos em tecnologia, o Brasil conseguiualguns avanços na sua participação nas exportações mundiaisem setores relevantes desse grupo. Cabe destacar o forte aumen-to nas exportações brasileiras de veículos automotores, aviação/ferroviário/embarcação/motos (principalmente aviação) e dematerial eletrônico e de comunicações (Tabela 13).

As taxas de crescimento das exportações brasileiras e dasmundiais por setor no período de 1993 a 2003 foram plotadas noGráfico 7. A área azul mostra os setores nos quais as exporta-ções brasileiras cresceram acima do desempenho das exportaçõesmundiais, ao passo que a área vermelha revela os setores em queo país perdeu participação nas exportações mundiais.

O Brasil ganhou participação nas exportações mundiaisem dez dos 23 setores analisados: agropecuária; extrativa mi-neral; indústria de alimentos e bebidas; madeira; papel e celu-lose; petróleo e álcool; produtos de minerais não metálicos;material eletrônico e comunicações; veículos automotores; avia-ção e outros transportes. Destes, apenas dois, os de petróleo eálcool e de material eletrônico e comunicações, foram conside-rados os mais dinâmicos no comércio mundial. O desempenhodo país ficou bastante aquém da média mundial em setores comoos de máquinas de escritório e informática; de borracha e plásti-co; e de química.

3.2 Região

Em termos de mercados de destino, a Tabela 14 indica umaspecto muito positivo: o aumento da diversificação geográficadas exportações brasileiras. Os três principais mercados do país(União Européia, Estados Unidos e Argentina) responderam por57% das exportações brasileiras, em 1993, com uma queda des-se percentual para 53%, em 2004. Em contrapartida, a participa-ção conjunta do México e da China dobrou no período de 1993 a2004. Houve também uma significativa ampliação da importân-cia do bloco analisado, formado pelos demais países. Cabe men-cionar os seguintes aumentos de participação nas exportaçõesbrasileiras: África (de 2,5%, em 1993, para 3,2%, em 2004); Ori-ente Médio (de 3,8%, em 1993, para 4,0%, em 2004); e Rússia (de0,6%, em 1993, para 1,7%, em 2004).

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O Gráfico 8 compara as taxas de crescimento das exporta-ções brasileiras por região com o crescimento do total das impor-tações das regiões, no período de 1993 a 2003. A área azul-claromostra os países/blocos nos quais houve um aumento da parti-cipação do Brasil nas importações da região. E a vermelho-claroindica onde houve uma diminuição da participação brasileira. OBrasil aumentou a sua presença principalmente nos mercadosmais dinâmicos, como China e México. O Gráfico, por outro lado,

Tabela 13 Crescimento das Exportações Brasileiras e Mundiais por Setores – 1993 a 2003

Setores Brasil Mundo Exportação Cresc. Exportação Cresc. 2003 93-03 2003 93-03 (US$ mm) (%) (%) (US$ bilhão) (%) (%)

Agropecuária

Total da Agropecuária 7.699 10,5 9,7 112 2,0 4,5 Indústria Indústria Extrativa - Indústria Extrativa 6.203 8,5 8,9 356 6,2 8,0 Indústria de Tranformação Alimentos e Bebidas 13.603 18,6 7,4 253 4,4 5,2 Têxtil 1.042 1,4 1,2 167 2,9 5,0 Vestuário 285 0,4 -3,4 154 2,7 5,3 Couro e Calçados 2.779 3,8 1,6 69 1,2 3,5 Madeira 2.077 2,8 9,6 55 1,0 3,4 Papel e Celulose 2.788 3,8 6,4 83 1,5 6,4 Edição e Impressão 99 0,1 0,0 33 0,6 8,7 Petróleo e Álcool 1.808 2,5 9,7 138 2,4 8,7 Química 4.408 6,0 6,2 527 9,2 8,8 Borracha e Plásticos 1.194 1,6 4,8 124 2,2 8,6 Produtos de Min. Ñ. Metálicos 1.129 1,5 6,5 62 1,1 6,3 Metalurgia 7.647 10,5 2,9 263 4,6 6,6 Produtos de Metal 629 0,9 1,9 94 1,6 6,8 Máq. e Equipamentos 4.388 6,0 5,0 472 8,2 5,9 Máq. Escritório e Informática 271 0,4 0,9 318 5,5 9,0 Materiais Elétricos 1.105 1,5 5,1 223 3,9 8,1 Mat.Eletrônico e de Comunicações 1.957 2,7 14,1 590 10,3 10,3 Instr. Médicos e Ópticos 332 0,5 4,5 204 3,6 8,3 Veículos Automotores 7.152 9,8 7,5 498 8,7 7,3 Aviação, Ferrov., Embarc. e Motos 2.288 3,1 12,9 198 3,5 5,5 Móveis 934 1,3 5,1 188 3,3 5,2

Total da Ind. Transformação 57.914 79,2 5,9 4.714 82,3 7,2 Total da Indústria 64.118 87,7 6,2 5.069 88,5 7,3 Não Classif. 1.267 1,7 15,1 546 9,5 7,9

Total Brasil 73.084 100,0 6,6 5.728 100,0 7,3 Memo: Petróleo, Gás e Álcool1 3.930 5,4 18,6 419 7,3 8,6 Eletrônico2 2.228 3,0 11,2 908 15,8 9,8 1Grupo formado pelo setor de extração de petróleo e pela indústria de petróleo e alcool. 2Grupo formado pelos setores de máquinas de escritório e informática e material eletrônico e comunicações. Fonte: Secex (elaboração própria).

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Texto para Discussão nº 106 37

Gráfico 7Comparativo entre os Crescimentos das Exportações Brasileiras e Mundiais,

por Setor: 1993-2003 (Em % ao ano)

(4)

(2)

-

2

4

6

8

10

12

14

16

- 2 4 6 8 10 12

Aviação/Ferrov./

Emb./Motos

Química

* Não inclui o setor de petróleo e álcool, cujas exportações mundiais e Brasileiras cresceram 9% e 26% ao ano, respectivamente.

Crescimento nasExportações Mundiais

Crescimento nasExportaçõesBrasileiras

M. Escrit. e Info.

Eletrônico

Veículos

Madeira

P. MetalCouro eCalç.

Agropec.

Metalurgia

Máq.e Equip.

Pap. e Celul.

Edição eImpr.

ExtrativaMineral

Móveise outros Borracha e

Plást.Instr. Médicos

M.Elétr.

Prod.Min. ÑMetal.

Têxtil

Alimento eBebidas

Vestuário

Menor Dinamismo Médio D. Maior Dinamismo

Petróleoe Álcool

ajuda a compreender a queda da participação da Argentina nasexportações brasileiras. Esta redução deve-se, sobretudo, à que-da das importações totais da Argentina, ao passo que aumentoua participação do Brasil naquele mercado.

Tabela 14 Exportações Brasileiras, por Região: 1993, 2003 e 2004

Blocos/Países Exportação Brasileiras (US$ Bilhões) (%) 1993 2003 2004 1993 2003 2004 América Latina 9,7 14,7 22,4 25,1 20,1 22,4 •Argentina 3,7 4,6 7,4 9,5 6,2 7,6 •México 1,0 2,7 3,9 2,6 3,8 4,1 •Demais da Am. Latina 5,0 7,4 11,1 13,0 10,1 11,5

Estados Unidos 8,0 16,9 20,3 20,8 23,1 21,1

União Européia* 10,2 18,1 23,4 26,5 24,7 24,2

Leste Asiático e Índia 5,4 10,8 14,6 14,0 14,8 15,1 •China 0,8 4,5 5,4 2,0 6,2 5,6 • Índia 0,1 0,5 0,7 0,3 0,7 0,7 • Japão 2,3 2,3 2,8 6,0 3,2 2,9 •Demais do Leste Asiático 2,2 3,5 4,3 5,8 4,8 4,4

Demais 5,2 12,6 15,8 13,6 17,2 16,3

Total 38,6 73,1 96,5 100,0 100,0 100,0

Fonte: Secex e UNComtrade (elaboração própria).

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38 Texto para Discussão nº 106

3.3 Região e Setores

A Tabela 15 mostra o destino das exportações setoriais porpaís, enquanto a Tabela 16 apresenta a composição setorial dasexportações brasileiras para cada país. No primeiro caso, os da-dos mostram uma importância significativa da América Latinapara as exportações brasileiras de produtos de alta tecnologia.Em constraste com o comércio com a União Européia e o LesteAsiático, as exportações brasileiras para os Estados Unidos sãobastante diversificadas, sendo o país um importante mercado paraprodutos de média e alta tecnologia, ao passo que o Leste Asiáti-co é importante basicamente para as vendas de bens intensivosem recursos naturais.

A América Latina é o principal destino das exportações bra-sileiras de produtos como: veículos automotores, eletrônicos,máquinas de escritório e informática, máquinas e equipamentos,e químicos. Os Estados Unidos são os principais compradoresem setores como aviação / ferroviário / embarcação / motos,metalurgia e couro e calçados, além de serem bem relevantes nasexportações brasileiras de eletrônicos. A União Européia, por suavez, destacou-se nas vendas brasileiras de produtos agropecuáriose de papel e celulose. O Leste Asiático foi o maior mercado paraas exportações do setor de extrativa mineral.

No que tange à composição setorial das exportações bra-sileiras a cada país, o Brasil vende para a América Latina, prin-cipalmente, veículos automotores, químicos e máquinas e equi-pamentos. Vale ressaltar que quase metade das exportações para

Gráfico 8Comparativo entre os Crescimentos das Exportações Brasileiras e

Importações Mundiais, por Região: 1993-2003 (Em % ao ano)

-5

0

5

10

15

20

0 5 10 15

* África, Canadá, Leste Europeu, Oceania e Oriente Médio.

Crescimento no Total dasImportações dos Países ou Blocos

Crescimento nasExportaçõesBrasileiras para o Paísou Bloco

Argentina

México

China

Japão

EUA

Demais*

DemaisL. Asiático

UE

Demaisda AL

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Texto para Discussão nº 106 39

Tabela 15 Composição das Exportações Setoriais Brasileiras, por País – 2004 (%)

Setores América Latina

Argen- tina

Méxi- co

Demais da AL

EUA UE Leste Asiático

China Índia Japão Tigres Ásia

Demais Mundo

Total

Agropecuária 4 0 2 2 5 40 36 15 13 3 5 15 100

Extrativa Mineral 18 2 1 15 8 28 32 17 1 7 7 14 100

Alimentos e Bebidas 7 1 0 6 7 32 14 3 2 4 5 40 100

Têxtil 41 20 2 19 25 14 11 1 1 4 5 9 100

Vestuário 26 9 2 16 38 27 1 0 0 1 1 7 100

Couro e Calçados 12 3 3 6 38 25 17 6 0 1 10 8 100

Madeira 6 1 1 4 50 29 10 5 0 3 2 6 100

Papel e Celulose 22 8 0 14 18 33 19 10 0 4 5 8 100

Edição e Impressão 19 5 2 11 50 18 7 0 0 6 0 7 100

Petróleo e Álcool 11 2 1 8 28 4 12 0 3 1 8 45 100Química 49 23 3 23 16 18 8 2 1 3 3 9 100

Borracha e Plásticos 53 19 6 29 25 12 2 1 0 0 1 8 100

Prod. de Min. Ñ. Metálicos 25 6 3 16 47 14 2 1 0 0 1 12 100Metalurgia 19 6 3 10 33 15 19 5 0 6 8 13 100

Produtos de Metal 50 13 7 30 24 12 4 1 0 1 1 10 100Máq. e Equipamentos 43 13 6 24 25 16 4 2 1 0 1 11 100Máq. Escritório e Informática 58 33 6 20 23 8 2 0 0 1 0 9 100

Materiais Elétricos 42 15 6 20 26 17 4 2 0 0 1 11 100M.Eletrônico e de Comunicações 41 23 3 15 33 15 4 2 0 0 2 7 100

Instr. Médicos e Ópticos 38 10 6 22 26 19 7 2 1 1 2 11 100Veículos Automotores 58 22 19 16 16 12 4 2 0 0 2 11 100Aviação, Ferrov., Embarc. e Motos 9 1 6 2 52 33 1 1 0 0 1 5 100

Móveis 20 5 2 13 37 31 3 0 0 1 2 9 100

Fonte: Secex (elaboração própria).

Tabela 16 Composição da Pauta de Exportações Brasileiras para os Demais Países,

por Setor – 2004 (%) Setores América

Latina Argen-

tina México Demais

da AL EUA UE Leste

Asiático China Índia Tigres

Ásia Demais

Ásia Demais Mundo

Agropecuária 1,8 0,7 4,4 1,6 2,9 19,3 28,2 32,0 70,3 11,0 13,3 10,0

Extrativa Mineral 6,8 2,6 1,5 11,5 3,1 9,9 18,3 26,3 3,7 20,2 14,2 6,7

Alimentos e Bebidas 5,6 2,9 1,1 8,9 5,7 23,6 16,4 10,7 13,2 25,8 19,2 40,4

Têxtil 2,8 4,1 0,8 2,6 1,8 0,9 1,1 0,3 0,4 2,0 1,8 0,8

Vestuário 0,4 0,4 0,1 0,5 0,6 0,4 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0 0,1

Couro e Calçados 1,8 1,6 2,2 1,8 6,2 3,5 3,9 3,6 0,3 1,5 7,7 1,6

Madeira 0,8 0,4 1,1 1,0 7,6 3,7 2,0 2,5 0,0 2,9 1,7 1,0

Papel e Celulose 2,8 3,1 0,3 3,6 2,5 4,1 3,7 5,3 0,1 4,0 3,3 1,3

Edição e Impressão 0,1 0,1 0,1 0,1 0,3 0,1 0,1 0,0 0,0 0,3 0,0 0,0

Petróleo e Álcool 1,8 0,9 0,8 2,7 5,3 0,6 3,1 0,2 4,5 1,6 7,0 9,9

Química 12,0 17,2 3,6 11,5 4,2 4,1 3,1 1,5 3,1 5,0 3,8 3,0

Borracha e Plásticos 3,3 3,5 2,0 3,7 1,7 0,7 0,2 0,3 0,1 0,1 0,3 0,6

Prod. de Min. Ñ. Metálicos 1,7 1,1 1,3 2,2 3,5 0,9 0,2 0,2 0,1 0,2 0,2 1,0

Metalurgia 9,1 8,5 9,3 9,5 17,2 6,9 13,3 9,1 0,5 22,1 19,3 8,2

Produtos de Metal 2,1 1,7 1,7 2,6 1,1 0,5 0,2 0,2 0,1 0,5 0,2 0,6

Máq. e Equipamentos 11,4 10,7 9,0 12,7 7,4 3,9 1,7 2,0 1,8 0,8 1,8 3,9

Máq. Escritório e Informática 0,9 1,5 0,5 0,6 0,4 0,1 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0 0,2

Materiais Elétricos 2,6 2,9 2,2 2,6 1,8 1,0 0,4 0,5 0,3 0,2 0,5 0,9

M.Eletrônico e de Comunicações 3,3 5,6 1,4 2,5 3,0 1,2 0,4 0,6 0,1 0,1 0,7 0,8

Instr. Médicos e Ópticos 0,7 0,6 0,7 0,8 0,5 0,3 0,2 0,2 0,3 0,1 0,2 0,3

Veículos Automotores 24,8 28,6 47,2 14,4 7,4 5,0 2,6 3,5 1,1 0,5 3,6 6,1

Aviação, Ferrov., Embarc. e Motos 2,0 0,3 7,8 1,0 12,8 7,1 0,5 0,9 0,0 0,0 0,6 1,5

Móveis 1,2 0,9 0,8 1,6 2,5 1,8 0,3 0,1 0,1 0,3 0,5 0,7

Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: Secex (elaboração própria).

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40 Texto para Discussão nº 106

o México é constituída de veículos automotores; lembrando ain-da que as vendas para o México foram particularmente benefi-ciadas pela celebração de um acordo comercial entre os doispaíses, vigente a partir de janeiro de 2003.21

As exportações brasileiras para os Estados Unidos sãomaiores nos setores de metalurgia e aviação/ferroviário/embar-cação/motos. Para a União Européia e o Leste Asiático, sãoexportados principalmente produtos intensivos em recursosnaturais. No caso do Leste Asiático, destacam-se também as ex-portações do setor de extrativa mineral e metalurgia. Para os de-mais países, as vendas são fortemente concentradas em alimen-tos e bebidas, vindo a seguir a indústria de petróleo e álcool.

4. Inserção Brasileira em Setores Selecionados

Os setores escolhidos são os mesmos que foram tratadosna Seção 2.3, ou seja, foram considerados aqueles de médio emaior dinamismo no comércio mundial. A escolha dos setoresem cada um desses grupos seguiu o critério adotado na Seção 3deste estudo, ou seja, com base nos valores das exportaçõesmundiais em 2003. Entre os setores com médio dinamismo fo-ram analisados os de metalurgia, máquinas e equipamentos, eveículos automotores; e entre os mais dinâmicos, o setor de quí-mica e o complexo eletrônico.

4.1. Metalurgia

4.1.1 Análise do Setor

A indústria siderúrgica brasileira é composta por 24 usi-nas, administradas por 11 empresas.22 Em 2004, o Brasil produ-ziu 32,9 milhões de toneladas de aço bruto, colocando o paíscomo oitavo produtor mundial, responsável, entretanto, por ape-nas 3% da produção mundial.

A siderurgia brasileira é bastante competitiva em nível mun-dial. WSD (2004) aponta que os custos de produção da siderúrgicabrasileira estão entre os menores do mundo. Em abril de 2004, ocusto brasileiro das matérias primas ficou em média em US$ 123por tonelada, contra US$ 129, na Rússia, US$ 148, na China eUS$ 149, nos Estados Unidos.

21 O acordo consiste basicamente na redução recíproca de alíquotas de importação de produtosautomotivos: para 1,1%, no primeiro ano, e zero, a partir de então, e no aumento progressivo dasquotas nos quatro primeiros anos, com livre comércio após o quinto ano. Unicamp (2002) destacaque o comércio mundial no setor de veículos automotores, em função de seus impactos significativossobre o emprego e a balança comercial, tende a ser fortemente protegido por barreiras tarifárias ouadministrativas, daí a importância dos acordos comerciais para o acesso a mercados.

22 Informações extraídas de http://www.ibs.org.br, em 13 de junho de 2005.

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Texto para Discussão nº 106 41

A vantagem dos custos da siderurgia brasileira está princi-palmente no minério de ferro. As reservas brasileiras de minériode ferro, insumo responsável por cerca de 10% dos custos deprodução de usinas integradas, são abundantes e de ótima qua-lidade. O Brasil detém 6,1% das reservas mundiais do produto,ocupando o quarto lugar no ranking mundial após a Comunida-de de Estados Independentes (CEI), China e Austrália. O grandedestaque, porém, é a qualidade do minério de ferro brasileiro,com um teor médio de 64%, contra um teor de 59%, na Austrália,e de 40%, na China [BNDES (2004f)].

O Brasil, por outro lado, não é auto-suficiente em carvãomineral, principal insumo do setor e que responde por cerca de24% dos custos de usinas integradas. O produto é importado,principalmente, da China. O carvão brasileiro é caracterizado comode alto teor de cinza e enxofre, o que dificulta a sua utilização naprodução de aço, ao passo que é mais apropriado para o abaste-cimento de termoelétricas.

No que tange aos custos por etapa no processo de produ-ção, o Brasil possui vantagens competitivas em quase todas asfases. A principal exceção é no setor de coqueria, em virtude doelevado custo do carvão “coqueificável”. A vantagem brasileira émaior no segmento de bobina laminada a quente, no qual o dife-rencial de custo ficou em mais de US$ 50 por tonelada em rela-ção à China e em mais de US$ 100 em comparação com os Esta-dos Unidos.

Nos últimos dez anos, houve significativos movimentos dereestruturação societária, com a privatização de empresas, e deatualizações tecnológicas na indústria siderúrgica brasileira, quecontribuíram para o aumento da eficiência do setor. Os projetosimplementados foram voltados principalmente para o aumentoda capacidade de laminação e para o enobrecimento dos produ-tos das usinas existentes. Destacaram-se também investimentos

Tabela 17 Custos de Produção da Siderurgia no Mundo: Abril de 2004 (US$)

Brasil China EUA Índia Rússia Custos das matérias primas 123 148 149 156 136 Sintetização de minério de ferro 49 110 66 44 67 Custos trabalhistas 60 23 124 54 22 Total do custo operacional 300 353 431 348 286 Gastos Financeiros 57 40 33 73 27 Custos no processo de produção Coqueria 124 111 134 88 97 Alto-forno 117 169 172 116 132 Aço líquido 160 219 237 193 169 Placa 180 239 267 218 187 Bobina laminada a quente 220 273 323 258 221 Bobina laminada a frio 276 314 406 311 265

Fonte: BNDES (2004), extraído de WSD (2004).

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42 Texto para Discussão nº 106

na atualização e substituição de equipamentos.23 Os investimen-tos foram destinados ao aumento da produção de aços mais no-bres (revestidos e especiais) e à implantação de unidades próxi-mas ao mercado consumidor. Nesse caso, temos o exemplo daparceria entre a Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) e aArcelor para a construção da Veja do Sul na região Sul, paraatender a empresas do setor automobilístico.

Em que pesem as vantagens de custo da siderurgia brasi-leira, o Brasil tem respondido por cerca de apenas 3% da produ-ção mundial de aço bruto. Esse desempenho reflete a recorrenteimposição de barreiras, sobretudo não tarifárias, às exportaçõesbrasileiras nesse segmento; bem como o baixo crescimento daprodução brasileira de bens de consumo duráveis e os baixosinvestimentos em infra-estrutura e construção civil.

4.1.2 Balança Comercial

De 1993 a 2002, o comportamento da balança comercialde produtos metalúrgicos pode ser caracterizado por uma estabi-lidade dos valores exportados conjugada a significativos superávitscomerciais, em torno de US$ 4 bilhões, no período (Gráfico 9). Deacordo com BNDES (2004f), a imposição recorrente de barreirasprotecionistas em países desenvolvidos teria desestimulado noBrasil a realização de projetos mais ambiciosos voltados para aexportação, especialmente de produtos com maior valor agrega-do. Tais barreiras também teriam incentivado a realização de in-vestimentos diretos brasileiros na siderurgia americana e européia.

23 Cabe observar que a siderurgia mundial é um setor maduro em termos tecnológicos, pouco intensivoem gastos em P&D. A atualização tecnológica da siderurgia brasileira foi obtida principalmente coma importação e adequação de máquinas e equipamentos, fabricados por europeus e japoneses quedetêm a tecnologia do processo.

Gráfico 9Balança Comercial do Setor de Metalurgia: 1993-2004 (US$ Milhões)

1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Saldo Importação* Exportação

* Importação em valores CIF.

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Texto para Discussão nº 106 43

O comportamento da balança comercial brasileira de me-talurgia mudou de forma abrupta em 2003, com o forte aumentona demanda mundial de aço, especialmente pela China (Gráfico10). Conforme visto na Seção 3.4, a China transformou o comér-cio mundial de aço nos últimos anos, e passou a ser o principalimportador individual do produto. Em 2003, foi responsável por27,2% do consumo mundial de aço.

O efeito China na metalurgia brasileira, no entanto, tem semanifestado mais mediante aumentos nos preços mundiais dosetor, do que no quantum das exportações brasileiras. De fato, oíndice de preços das vendas brasileiras de metalurgia deu umsalto de 42,9%, em 2004, em contraste com uma queda de 0,2%no quantum exportado.24 O peso da China nas exportações bra-sileiras tem sido modesto. O valor das vendas do Brasil para aChina no setor foi de US$ 806 milhões, em 2003, caindo paraapenas US$ 492 milhões, no ano seguinte, ao passo que aumen-taram fortemente as exportações para os Estados Unidos.

As exportações brasileiras no setor são mais concentradasno segmento de aços semi-acabados, dadas as maiores vanta-gens competitivas na fase quente da produção. Já o comérciomundial é mais significativo em produtos de maior valor agrega-do, especialmente aços revestidos. A ampliação das exportaçõesbrasileiras de laminados frios, por exemplo, esbarra em dificul-dades de logística, uma vez que a oxidação desses produtos ten-de a inviabilizar fretes de longa distância.

Gráfico 10Exportações Brasileiras e Mundiais de Metalurgia: 1993-2004 (1993 = 100)

80

100

120

140

160

180

200

1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Mundo* Brasil

* Dados não disponíveis para 2004.

24 Como o aumento de preços atingiu da mesma forma outros fornecedores, a baixa participação do Brasilno comércio mundial de metalurgia é consistente com o crescimento do valor de suas exportações.

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44 Texto para Discussão nº 106

Em que pese a maior relevância mundial do segmento derevestidos, com maior valor agregado, o segmento de semi-acaba-dos tem sido um dos mais dinâmicos nas exportações mundiais(Tabela 18). BNDES (2004) indica que quanto maior o valor adicio-nado, maior tende a ser o protecionismo e, desse modo, maior aresistência a ser enfrentada para a ampliação da participação bra-sileira no mercado internacional. O estudo destaca também quepressões ambientais (como o Protocolo de Kioto) e de custos de-vem incentivar o fechamento de linhas quentes de produção, como deslocamento dessas linhas para países em desenvolvimento.

4.2 Máquinas e Equipamentos

4.2.1 Análise do Setor

O setor de máquinas e equipamentos no Brasil passou porum forte ajuste nos anos 1990, em decorrência da liberalizaçãocomercial. Entre os acontecimentos que marcaram o setor noperíodo, destacam-se: significativa redução no número de em-presas na área; aumento no grau de internacionalização do se-tor;25 redução no número de bens produzidos por firma; edesverticalização da produção.

Em que pesem os custos sociais dessas mudanças, houveuma saída de empresas ineficientes em diferentes ramos, sejaporque operavam em escala subótima, seja pela própria qualida-de dos bens produzidos. Cabe destacar também os ganhos com aespecialização na produção em nichos de mercado [ver Vermulme Erber (2002)]. Por outro lado, não foram feitos investimentosexpressivos na ampliação da capacidade produtiva e em inova-ções tecnológicas.

Tabela 18 Pauta de Exportações do Setor de Metalurgia: 1993-2004

Sub-setores Exp. Mundo

Valor (US$ milhões)

Cresc. (%a.a.) US$ b. Cresc.

1993 2003 2004 93-03 03-04 2003 93-03

Ferros e Ligas Simples (semi-acabados) 1.750 2.489 3.701 3,6 48,7 26 8,0Laminados Quentes 968 434 766 -7,7 76,7 14 6,3Laminados Frios 157 240 270 4,3 12,9 8 6,5Revestidos (Galvanizados e Revestidos) 893 954 1.187 0,7 24,5 30 4,3Aços especiais (Aço INOX ...) 100 311 392 12,0 26,0 14 5,0Tubos 193 282 391 3,9 38,6 20 5,1Outros* 1.689 2.936 3.800 5,7 29,4 151 7,3

Total das Exportações 5.755 7.647 10.509 2,9 37,4 263 6,6

* Metalurgia de metais não-ferrosos. Fonte: Secex; UNComtrade (elaboração própria).

25 Moreira (1999) comenta que o market-share das empresas com mais de 10% do capital sob controleestrangeiro pulou de 41% para 64%, entre 1980 e 1995.

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A estrutura produtiva do setor no Brasil é concentrada empequeno número de grandes empresas e uma vasta maioria demicro e pequenas empresas. BNDES (2004) mostra que não exis-te, efetivamente, um tecido de médias empresas que asseguredensidade ao setor. A integração entre as empresas é reduzida,com um grau ainda elevado de verticalização da produção. Entreos entraves ao desenvolvimento do setor e à ampliação das ex-portações, destacam-se carências de: i) um parque desenvolvidode fornecedores de peças e componentes; ii) uma estrutura efici-ente de prestação de serviços de assistência técnica e pós-venda;e iii) adoção, pelas empresas, das normas e certificações técnicasrequeridas para o acesso a mercados no exterior.

Os bens de capital, especialmente quando fabricados sobencomenda, apresentam longos ciclos de produção e são normal-mente vendidos a prazo. Assim sendo, além da importância deserem resolvidas as carências listadas, o aumento da competi-tividade das empresas passa pela disponibilização de linhas definanciamento com taxas e prazos compatíveis com as necessi-dades do setor.

4.2.2 Balança Comercial

Entre 1993 e 1997, houve um significativo aprofundamentodos déficits comerciais no setor de máquinas e equipamentos,sobretudo em razão do aumento das importações, com os seusvalores em dólares mais do que triplicando (Gráfico 11). A combi-nação de juros elevados, advinda de uma política monetáriarestritiva, e de valorização cambial ajuda a explicar esse desem-penho. As exportações, por outro lado, cresceram 32% (7,2% aoano) no período.

A partir de 1998, no entanto, a situação passou a se rever-ter, com a redução progressiva dos déficits comerciais do setor.Até 2003, a queda nos déficits ocorreu mais por conta de reduçãonas importações do que por aumento nas vendas ao exterior. Acomparação com os dados de produção doméstica aponta paraum significativo movimento de substituição de importações en-tre 1997 e 2002 (ver Anexo). A partir de 2003, no entanto, o cres-cimento das exportações passou a ser o principal responsávelpelo comportamento favorável da balança comercial do setor, coma eliminação do déficit em 2004.

A comparação com o comércio mundial no setor revela umaforte perda de participação das exportações brasileiras nesse flu-xo, entre 1993 e 2002. Somente a partir de 2003, o Brasil come-çou a recuperar parte dessa perda de participação (Gráfico 12).Esse movimento deve ter sido aprofundado em 2004, haja vista oforte crescimento das exportações brasileiras de máquinas e equi-pamentos no ano.

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46 Texto para Discussão nº 106

A análise da composição da pauta de exportações brasilei-ras de máquinas e equipamentos aponta para uma relativa espe-cialização, em relação ao comércio mundial, nos segmentos decompressores; tratores e máquinas para a agropecuária; e má-quinas e equipamentos para extração mineral e construção (Ta-bela 19). Cabe observar que tais segmentos foram os mais dinâ-micos no comércio mundial, entre 1993 e 2003.

Gráfico 11Balança Comercial do Setor de Máquinas e Equipamentos: 1993-2004

(US$ Milhões)

(6.000)

(4.000)

(2.000)

-

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Saldo Importação* Exportação* Importação em valores CIF.

Gráfico 12Exportações Brasileiras e Mundiais de Máquinas e Equipamentos: 1993-2004

(1993 = 100)

80

100

120

140

160

180

200

220

240

260

1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Mundo* Brasil

* Dados não disponíveis para 2004.

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Texto para Discussão nº 106 47

BNDES (2004) destaca que, no segmento de máquinas agrí-colas, o Brasil vem sendo escolhido por fabricantes mundiais comoplataforma de exportação e, em alguns casos, como centro dedesenvolvimento de produtos. A vantagem comparativa na agri-cultura, com possibilidades de expansão da produção desse se-tor para novas regiões do país, tem contribuído para a criaçãode economias de escala e o desenvolvimento de uma indústria demáquinas agrícolas competitiva mundialmente.

Em 2004, o significativo aumento nas exportações de má-quinas e equipamentos perpassou os diferentes segmentos dosetor, sendo particularmente expressivo no de máquinas paraextração mineral e construção. Entre os bens deste segmento,cabe destacar o aumento nas exportações de tratores rodoviáriospara semi-reboques, de US$ 162 milhões, em 2003, para US$ 401milhões, em 2004.

4.3 Veículos Automotores

4.3.1 Análise do Setor

O setor de veículos automotores no Brasil passou por umsignificativo processo de reestruturação durante os anos 1990,com modernização de plantas e mudanças nos processos produ-

Tabela 19 Pauta de Exportações do Setor de Máquinas e Equipamentos: 1993-2004

Sub-setores Exp. Mundo

Valor (US$ milhões)

Cresc. (%a.a.) US$ b. Cresc.

1993 2003 2004 93-03 03-04 2003 93-03

Motores, bombas, compressores e equipamentos de transmissão 676 1.167 1.397 5,6 19,7 94 7,6 Compressores 289 464 510 4,8 9,9 6 6,5 Equip. de transm. para fins indust. 182 375 503 7,5 34,3 25 6,4

Máquinas e equipamentos de uso geral1 491 578 828 1,6 43,3 97 6,1Tratores e máquinas para agropecuária 155 650 1.050 15,4 61,5 18 6,7 Máquinas para agropecuária 107 346 563 12,4 62,7 12 6,4

Máquinas-ferramenta 161 243 348 4,2 43,4 49 5,8Máq. e equip. p/ extr. mineral e construção 367 737 1.524 7,2 107,0 49 6,5 Máquinas de terraplanagem e pavimentação 270 523 1.008 6,8 92,7 32 6,7

Outras máq. e equip. de uso específico2 388 465 685 1,8 47,4 104 4,0 Máquinas para indústria têxtil 21 24 23 1,0 -0,6 12 0,0 Máquinas para indústria de papel e celulose 86 90 116 0,4 29,4 6 3,5

Armas, munições e equipamentos militares 100 95 100 -0,5 5,1 6 0,3Eletrodomésticos3 364 453 632 2,2 39,5 55 7,2Total 2.700 4.387 6.565 5,0 49,6 472 5,9

1Fornos industriais; estufas e fornos elétricos para fins industriais; aparelhos para transporte e elevação de cargas epessoas; aparelhos de refrigeração e ventilação; máquinas de uso geral (máq. para empacotar ou embalar mer-cadorias, ...) 2Máquinas para as indústrias de alimentos/bebidas; fumo; têxtil; vestuário; couro/calçados; papel/celulose; meta-lurgia; e outros usos específicos (máq. para as indústrias de: madeira, cerâmica, artigos plásticos, borracha, gráfica,química, ...). 3Fogões; refrigeradores; máquinas de lavar e secar p/ uso doméstico; outros aparelhos domésticos. Fonte: Secex; UNComtrade (elaboração própria).

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tivos e organizacionais, que o tornaram mais competitivo inter-nacionalmente. De acordo com a Unicamp (2002), a produção deautoveículos por trabalhador triplicou no período, com um saltode 7,8 veículos por trabalhador, em 1990, para 21,3, em 2001.

A estratégia de redução de custos tem se baseado na cres-cente transferência de atividades na linha de montagem para osfornecedores, bem como na terceirização de atividades de apoio.O estreitamento do relacionamento entre as montadoras e forne-cedores tem envolvido a maior divisão dos riscos associados ainvestimentos, na qual as próprias “sistemistas” têm tido umaparticipação crescente na produção e no próprio desenvolvimen-to de novos produtos. Cabe destacar duas inovações recentes: i)a criação de condomínios industriais, que tem como modelo aexperiência da General Motors em Gravataí, onde os fabricantesde autopeças se concentram na mesma área industrial da mon-tadora; e ii) a criação de consórcios modulares, em que a referên-cia atual é a experiência da Volkswagen em Resende, onde asempresas subcontratadas foram incorporadas como módulosdentro da planta industrial da montadora.

De acordo com Unicamp (2002), os investimentos dasmontadoras já instaladas voltaram-se para: i) ampliação da ca-pacidade de produção e de atualização de modelos; ii) especiali-zação na produção de automóveis de pequeno porte (compactos)para obtenção de economias de escala; iii) diferenciação de pro-dutos nos modelos compactos, com versões com motores de maiorpotência e mais opcionais; e iv) estabelecimento de estruturasprodutivas e linhas de produtos complementares entre o Brasil ea Argentina, para a ampliação do comércio “intraMercosul”.

Os investimentos foram feitos em conformidade com o acor-do bilateral de comércio entre Brasil e Argentina [Acordo deComplementação Econômica (ACE)]. Em suas primeiras versões,o acordo definia uma especialização da produção de automóveiscom motor 1.0 e duas portas, no Brasil, e automóveis com moto-res mais potentes e quatro portas, na Argentina. No entanto, apartir de 1998, com a perda de competitividade da indústria ar-gentina, a definição inicial de especialização foi sendo substituí-da por um outro tipo de complementaridade produtiva, na qualeram produzidos na Argentina praticamente os mesmos modelosbrasileiros, mas com alto conteúdo de componentes produzidosno Brasil [ver Unicamp (2002)]. Por outro lado, a especializaçãoem carros populares foi estimulada também pela redução do IPI,a partir de 1992, para tais veículos, que, dada a elevada elastici-dade-preço da demanda nesse segmento de menor poder aquisi-tivo, levou a um expressivo aumento no consumo dos bens.

Outro fato marcante no desenvolvimento do setor foi aampliação do número de filiais de multinacionais no país. Cabedestacar as instalações das francesas Renault (automóveis emotores em São José dos Pinhais/Paraná, instalada em 1998) ePeugeout-Citroën (automóveis e motores em Porto Real/RJ, em

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2001); das japonesas Honda (automóveis em Sumaré/SP, em1997) e Toyota (automóveis em Indaiatuba/SP, em 1998) e daalemã Daimler-Chrysler (automóveis em Juiz de Fora/MG, em1998). Em contraste com as firmas já estabelecidas, as empresasentrantes têm procurado atuar nos segmentos de produtos commaior valor agregado. Segundo Unicamp (2002), as entrantesparecem ter adotado uma estratégia de baixo volume de produ-ção, mas de bens com elevadas margens de lucro, adequada aempresas com pouca experiência no mercado local e/ou commenor número de redes de revendas.”

Em que pese esse foco das entrantes em automóveis commaior valor agregado, os investimentos das empresas existentestêm levado a uma forte concentração da produção brasileira emveículos de pequeno porte ou compactos. Cerca de 70% dos car-ros nacionais vendidos no país atualmente possuem até milcilindradas, contra uma participação desse segmento inferior a20% no início dos anos 1990 (4,3%, em 1990). Em nítido contras-te com esse perfil, as exportações brasileiras são fortemente con-centradas em automóveis de 1.500 a 3.000 cilindradas.

4.3.2 Balança Comercial

O setor de veículos automotores figura como um dos seto-res nos quais as mudanças na competitividade e o desempenhodo comércio exterior brasileiro têm sido mais expressivos nosúltimos anos. De um déficit de US$ 2,6 bilhões em 1995, o saldocomercial passou a ser sistematicamente positivo e crescente apartir de 1999, atingindo US$ 5,6 bilhões, em 2004 (Gráfico 13).Tanto a queda de 39% nas importações, quanto o aumento de165% nas exportações, explicam a melhora no saldo, entre 1995e 2004.

No que tange à comparação com o comércio mundial, oBrasil tem respondido por apenas cerca de 1,4% das exportaçõesmundiais de veículos. Essa participação chegou a um máximo de1,7%, em 1998, no momento de auge no comércio brasileiro coma Argentina. (Gráfico 14)

As exportações brasileiras de veículos automotores são for-temente concentradas por produto, mesmo quando comparadasao perfil do comércio mundial (Tabela 20). As vendas de automó-veis estão centralizadas no segmento de veículos de 1.500 a 3.000cilindradas, com motor à explosão. Em termos de taxas de cres-cimento, no entanto, destaca-se a boa atuação das vendas brasi-leiras de veículos populares.

Uma questão que se coloca seria a pertinência de uma es-pecialização das exportações brasileiras em veículos populares.Tal movimento poderia trazer ganhos de escala maiores em umsegmento que responde por parcela expressiva da produção na-

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cional, com essa parcela predominantemente voltada para o mer-cado interno. Contudo, ainda que pareça recomendável a maiorparticipação dos carros populares nas vendas brasileiras, o re-duzido tamanho do mercado mundial nesse segmento impõe li-mitações à especialização. Em suma, aumentos das exportaçõesbrasileiras na área devem requerer também crescimento nas ven-das de veículos com motores mais potentes.

Gráfico 13Balança Comercial do Setor de Veículos Automotores: 1993-2004

(US$ Milhões)

(4.000)

(2.000)

-

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Saldo Importação* Exportação* Importação em valores CIF.

Gráfico 14Exportações Brasileiras e Mundiais de Veículos: 1993-2004 (1993 = 100)

50

100

150

200

250

300

1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Mundo* Brasil* Dados não disponíveis para 2004.

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Texto para Discussão nº 106 51

4.4 Química26

4.4.1 Análise do Setor

Os segmentos de petroquímicos de primeira e segunda ge-ração são os mais relevantes na indústria química brasileira.Seguindo um padrão mundial, a petroquímica do país está orga-nizada em três pólos, com uma integração entre a central dematérias-primas e as unidades produtoras de bens finais. O pólode São Paulo é o mais antigo, enquanto o de Camaçari, na Bahia,é o mais diversificado e o de Triunfo, no Rio Grande do Sul, é omais novo. Os três utilizam a nafta como matéria-prima, sendo70% provenientes da Petrobras e 30% importados pelas centraisdos pólos. Em 2005, o Brasil passou a ter um quarto pólo, no Riode Janeiro, voltado apenas para a produção de eteno e polietileno.

A principal empresa petroquímica do país, em 2004, era aBraskem, do grupo Odebrecht, localizada no pólo de Camaçari.Trata-se da única empresa brasileira integrada do setor, com 13plantas responsáveis por quase 50% da capacidade de produçãonacional de petroquímicos básicos e resinas termoplásticas. En-tre os demais grupos privados, destacam-se: Unipar, Ipiranga,Suzano, Ultra, Elequeiroz e Unigel.

A principal matéria-prima do setor é a nafta,27 responsávelpor 70% do custo total da produção de petroquímicos básicosdas centrais de São Paulo, Bahia e Rio Grande do Sul (o pólo doRio de Janeiro se distingue por utilizar gás natural, produzidopela Petrobrás, na Bacia de Campos, como matéria-prima). Deum consumo total de nafta das três centrais em torno 10 milhõest/ano, cerca de 70% são fornecidos pela Petrobrás, cuja produ-ção se concentra na região Sudeste. Os 30% restantes são impor-

26 O diagnóstico desse segmento é fortemente baseado no relatório do Subgrupo Química e Petroquímicado GT 11, produzido no âmbito do Spid do BNDES.

27 A nafta é um líquido incolor produzido a partir do refino do petróleo.

Tabela 20 Pauta de Exportações do Setor de Veículos Automotores: 1993-2004

Sub-setores Exp. Mundo

Valor

(US$ milhões) Cresc. (%a.a.) US$ b. Cresc.

1993 2003 2004 93-03 03-04 2003 93-03

Automóveis, camionetas e utilitários 762 3.112 3.878 15,1 24,6 268 7,4

Automóv. de até 1.000 c.c. c/ motor à explosão (populares) 4 35 92 22,8 163,6 3 n.d.

Automóv. de 1.000 a 1.500 c.c. c/ motor à explosão 95 193 428 7,3 122,3 16 n.d.

Automóv. de 1.500 a 3.000 c.c. c/ motor à explosão 420 2.223 2.490 18,1 12,0 115 n.d.

Automóv. de 1.500 a 2.500 c.c. a diesel 61 164 264 10,4 60,7 15 n.d.

Demais 180 498 605 10,7 21,5 118 n.d.Caminhões e ônibus 1.100 1.429 2.007 2,6 40,5 63 5,6Cabines, carrocerias e reboques 204 249 349 2,0 40,5 22 9,5Autopeças 1.418 2.363 3.085 5,2 30,5 145 7,7

Total das Exportações 3.484 7.152 9.319 7,5 30,3 498 7,3

Fonte: UNComtrade (elaboração própria).

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tados diretamente pelas empresas, representando divisas da or-dem de US$ 60 milhões/ano.

A concentração das petroquímicas nas Regiões Nordeste eSul, e, por outro lado, a produção da nafta e os próprios merca-dos consumidores dos bens químicos finais, localizados sobretu-do no Sudeste, resultam em sérios problemas de logística. Oscustos de transporte da nafta petroquímica do Sudeste para oNordeste e o Sul estão avaliados em R$ 150 milhões/ano e R$ 75milhões/ano, respectivamente. A própria nafta não tem sido con-siderada uma matéria-prima adequada ao país. O petróleo brasi-leiro possui alto teor de cargas pesadas, fazendo com que o ren-dimento da transformação do produto em frações leves, como anafta, seja baixo. Além disso, os problemas de oferta mundial danafta têm sido crescentes, o que leva os países a buscar outrasfrações de petróleo, como o condensado, que, no entanto, não éproduzido em quantidade significativa no Brasil. Diante de taisproblemas, a petroquímica brasileira tem procurado alternativasà nafta, tais como, gás natural (utilizado no pólo do Rio de Janei-ro) e óleos pesados.

Um outro segmento da química importante no Brasil é o defertilizantes e defensivos agrícolas, que tem sido beneficiado pelocrescimento da produção agrícola brasileira. Na década de 1990,o setor passou por profundas transformações com privatizações,fusões e incorporações, que resultaram na transferência do con-trole das principais empresas para multinacionais e no aumentodo grau de concentração e integração vertical da indústria. Asduas maiores empresas do país pertencem a grupos ligados aoagronegócio: Bunge e Cargill.

O terceiro segmento de destaque no setor químico é o defármacos. Conforme classificação da Comissão Econômica paraa América Latina (Cepal), o segmento está estruturado em quatroestágios evolutivos: i) pesquisa e desenvolvimento (P&D); ii) pro-dução de farmoquímicos; iii) produção de especialidades far-macêuticas; iv) marketing e comercialização das especialidadesfarmacêuticas. No Brasil, existem 551 empresas atuando no seg-mento, das quais doze respondem por 45% do mercado brasilei-ro. Dessas doze, apenas uma é de capital nacional – LaboratórioAché. Contudo, tanto as subsidiárias brasileiras de multina-cionais, quanto as empresas de capital nacional, operam princi-palmente no terceiro e quarto estágios, existindo algumas nosegundo e, pouquíssimas, no estágio de pesquisa e desenvolvi-mento, no qual a agregação de valor é elevada.

4.4.2 Balança Comercial

O desempenho do comércio exterior de químicos no Brasildifere marcadamente do forte dinamismo observado pelo setorno comércio mundial. De 1996 a 2003, tanto as exportações quan-to as importações mantiveram-se praticamente no mesmo pata-

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mar, respectivamente, nas faixas de US$ 3,5 bilhões e US$ 10bilhões, que resultou em um expressivo déficit comercial da or-dem de US$ 6,5 bilhões ao ano, no período (Gráfico 15). Em 2004,em nítido contraste com o desempenho total da balança comerci-al brasileira, houve uma ampliação do déficit comercial do setorpara US$ 8,6 bilhões.

O baixo dinamismo das exportações brasileiras resultouna manutenção de uma reduzida participação no comércio inter-nacional de químicos, entre 1993 e 2003 (0,8% em 2003). Emque pese o crescimento das exportações brasileiras a partir de2002, esse desempenho acompanhou a performance mundial dosetor, com poucos resultados em termos de ganhos de participa-ção nas exportações mundiais (Gráfico 16).

Em termos de produtos, o Brasil exporta principalmentepetroquímicos (Tabela 21). Cabe destacar o aumento nas vendasde petroquímicos de segunda geração, entre 1993 e 2004. Osmelhores desempenhos da química brasileira, no entanto, estãonos segmentos de artigos de perfumaria e produtos farmacêuti-cos. Desde 2002, artigos de perfumaria têm sido o único setor daquímica em que o Brasil registra superávit comercial (saldo posi-tivo de US$ 78 milhões, em 2004).

As participações do Brasil nas exportações mundiais deartigos de perfumaria e produtos farmacêuticos, no entanto, ain-da são bastante reduzidas. Tais segmentos figuram entre os maisdinâmicos no comércio mundial. No caso de produtos farmacêu-ticos, as suas exportações mundiais já ultrapassam as daagropecuária. Entre os fatores responsáveis pelo aumento do co-mércio no segmento, de acordo com WTO (2005), figuram: i) au-mento da idade média da população e o crescimento da impor-

Gráfico 15Balança Comercial do Setor de Química: 1993-2004 (US$ Milhões)

(10.000)

(5.000)

-

5.000

10.000

15.000

20.000

1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Saldo Importação* Exportação

* Importação em valores CIF.

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54 Texto para Discussão nº 106

Gráfico 16Exportações Brasileiras e Mundiais de Química: 1993-2004 (1993 = 100)

80

100

120

140

160

180

200

220

240

1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Mundo* Brasil

* Dados não disponíveis para 2004.

Tabela 21 Pauta de Exportações do Setor Químico: 1993-2004

Sub-setores Exp. Mundo

Valor (US$ milhões)

Cresc. (%a.a.) US$ b. Cresc.

1993 2003 2004 93-03 03-04 2003 93-03

Produtos petroquímicos - 1a. geração 713 1.073 1.312 4,2 22,3 90 6,3Produtos petroquímicos - 2a. geração 691 1.342 1.679 6,9 25,1 127 8,2 Resinas termoplásticas 423 654 847 4,4 29,5 53 9,0 Resinas termofixas 170 375 505 8,2 34,7 52 8,4 Elastômeros 29 179 178 20,1 -0,4 6 7,9 Fibras artificiais e sintéticas 69 135 150 6,9 10,8 16 5,2

Prod. quím. inorgânicos e defensivos agrícolas 405 758 997 6,5 31,5 79 8,4Produtos farmacêuticos 128 325 402 9,8 23,8 129 13,1Artigos de perfumaria 45 138 189 12,0 37,2 20 14,4Produtos e preparados químicos diversos1 429 771 829 6,0 7,5 81 6,8Total das Exportações 2.412 4.407 5.409 6,2 22,7 527 8,8

1Explosivos, catalisadores, aditivos de uso industrial, produtos químicos para fotografia, discos e fitas virgens, etc. Fonte: Secex; UNComtrade (elaboração própria).

tância de life-style drugs; ii) aumento da especialização das plan-tas com o conseqüente crescimento do comércio intra-indústria;e iii) aumento na liberalização comercial desde 1995, após a Ro-dada Uruguai.

Entre os produtos do segmento de fármacos em que, a prin-cípio, cabe investigar o potencial de especialização da produçãobrasileira, temos: medicamentos fitoterápicos, biofármacos,farmoquímicos para medicamentos estratégicos e medicamentosgenéricos. BNDES (2004e) destaca a rica biodiversidade e a exce-lência técnico-científica brasileira no segmento de fitoterápicos.De acordo com o estudo, o Brasil tem a maior biodiversidade doplaneta, com 55 mil espécies em um universo de 350 mil, porém,

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menos de 2% dessas plantas foram estudados química e/oufarmaceuticamente.

4.5 Complexo Eletrônico

4.5.1 Análise do Setor

O desempenho do complexo eletrônico no Brasil vem sen-do significativamente influenciado por políticas públicas. No iní-cio dos anos 1990, sucedendo à Política Nacional de Informática(Lei 7.232/84), que estabelecia a reserva de mercado no setor, foidefinida uma nova legislação de informática (Lei 8.248/91). Alémdo setor de informática, a Lei 8.248 abrange os setores de auto-mação e grande parte dos equipamentos para telecomunicações.Por meio dela, foram estabelecidos incentivos fiscais a empresascujo Processo Produtivo Básico (PPB) fosse aprovado pelo Minis-tério da Ciência e Tecnologia (MCT), pelo Ministério da Fazenda epelo então Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo. OPPB substituiu o índice de nacionalização anterior e definiu umnível mínimo de agregação de valor a ser atendido pelas empre-sas no país. Como contrapartida, as empresas têm que assumir ocompromisso de investir 5% de seu faturamento bruto em ativi-dades de pesquisa e desenvolvimento.

As definições do PPB, no entanto, não têm garantido níveisexpressivos de agregação de valor. De maneira geral, as empre-sas de bens eletrônicos no país realizam apenas a montagem fi-nal dos produtos, que, na maioria dos casos, é a única exigênciado PPB. A importação de componentes é feita mediante a comprade kits completos para montagem. Cabe destacar a situação nosegmento de semicondutores. Os semicondutores, especialmen-te circuitos integrados, figuram como os componentes eletrôni-cos mais representativos e dinâmicos no comércio mundial, comum papel central na cadeia de produção de bens eletrônicos.28

De acordo com BNDES (2004d), a partir da indústria de semi-condutores são gerados a inovação e o progresso tecnológico nosetor eletrônico, com impactos positivos em outras áreas da eco-nomia, constituindo-se em um segmento com elevado potencial

28 A cadeia de agregação de valor ao circuito integrado compreende cinco etapas: i) concepção do produ-to; ii) design; iii) fabricação (processamento físico-químico); iv) montagem, encapsulamento e testedo produto (back-end); e v) serviço ao cliente. No Brasil, a Motorola realiza o design há cinco anos. AItautec Philco realiza a etapa de back-end há cerca de vinte anos. Já a etapa de fabricação, justa-mente aquela que mais agrega valor ao produto, não existe no Brasil. Em estudo contratado peloBNDES, com o objetivo de implantar uma indústria de circuitos integrados no país, optou-se porestratégias voltadas à atração de fabricantes internacionais para cá. Como barreiras à iniciativa, foidestacado que: i) a tecnologia de fabricação de circuitos integrados em escala mundial não existe nopaís; ii) os investimentos necessários à implantação de uma indústria que realize a etapa de fabrica-ção, mesmo em tecnologias maduras, são elevados; iii) a conjugação desses dois fatores caracterizao empreendimento como de alto risco; iv) a escala mínima que torna tal empreendimento economica-mente viável implica alto volume de exportação; e v) a demanda interna de circuitos integrados estámajoritariamente concentrada em fabricantes multinacionais, que operam em parceria com forne-cedores globais.

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56 Texto para Discussão nº 106

de criação de vantagens comparativas dinâmicas. O Brasil, noentanto, é um dos poucos países, entre as maiores economiasmundiais, a não possuir uma fabricação local desses bens.

Cabe ressaltar a situação criada pelas isenções fiscais aessas empresas na Zona Franca de Manaus. Os bens eletrônicosproduzidos na região desfrutam de benefícios como a redução de88% do imposto de importação sobre componentes importados ea isenção do IPI, ao passo que estão sujeitos aos mesmos limitesflexíveis do PPB. Como resultado, a produção de componentes nopaís teria que ser suficientemente competitiva para concorrer comas importações dessa região.

Entre as empresas do setor eletrônico e comunicações ins-taladas no Brasil, destacam-se aquelas pertencentes ao segmen-to de aparelhos transmissores, entre as quais incluem-se forne-cedoras tradicionais do Sistema Telebrás (NEC, Ericsson eSiemens) e empresas que investiram em plantas industriais, apartir da implantação da banda B de telecomunicações móveis(Nortel, Lucent e Nokia). Entre 1999 e 2001, houve um expressi-vo aumento nos investimentos nesse segmento por conta de: i)implantação da expansão e digitalização das operadoras da ban-da A e da implantação das operadoras das bandas B, D e E detelecomunicações móveis; e ii) antecipação das metas de univer-salização do sistema de telecomunicações fixas, previstas noscontratos de concessão.

4.5.2 Balança Comercial

A indústria eletrônica implantada no Brasil visa basica-mente ao atendimento do mercado interno e, em determinadossegmentos, ao Mercosul. Esse padrão, aliado à forte dependênciade componentes importados, tem resultado na persistência designificativos déficits na balança comercial do setor. Em 2004, odéficit chegou a US$ 5,6 bilhões.29

A evolução do desempenho da balança comercial do setortem sido um reflexo principalmente das mudanças por que vempassando o segmento de aparelhos transmissores e pelo compor-tamento das importações de material eletrônico básico. Os gran-des investimentos realizados com a implantação da telefonia móvelcontribuíram para o elevado déficit comercial do setor, em 1997(Gráfico 17). Com o início da operação das plantas nacionais parafabricar esses equipamentos, tem-se um significativo aumentonas exportações do setor, sobretudo em 2000. O déficit comer-cial, no entanto, aumentou no ano. A explicação nesse caso estános aumentos pontuais nas importações de componentes para osegmento de telefonia fixa em 2000 e 2001, em resposta às metasde universalização do sistema.

29 Vale lembrar que a classificação de complexo eletrônico, adotada neste estudo, compreende os seto-res de eletrônicos e comunicações e máquinas de escritório e informática.

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Texto para Discussão nº 106 57

O Brasil tem sido responsável por menos de 0,5% das ex-portações mundiais do complexo eletrônico. Entre 2000 e 2001,houve um maior crescimento das exportações brasileiras em re-lação às mundiais (Gráfico 18), com a participação do país che-gando a 0,31%. Tal performance, entretanto, não foi mantida nosanos seguintes. Em 2003, apenas 0,25% das exportações mun-diais era originária do Brasil.

A Tabela 22 analisa as exportações brasileiras e mundiaisdo complexo eletrônico, desagregado em seus principais segmen-tos. No âmbito desse grupo, o segmento mais significativo e dinâ-

Gráfico 17Balança Comercial do Complexo Eletrônico: 1993-2004 (US$ Milhões)

(8.000)

(6.000)

(4.000)

(2.000)

-

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Saldo Importação* Exportação* Importação em valores CIF.

Gráfico 18Exportações Brasileiras e Mundiais de Eletrônicos: 1993-2004 (1993 = 100)

50

100

150

200

250

300

350

1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Mundo* Brasil

* Dados não disponíveis para 2004.

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mico nas vendas tem sido o de aparelhos transmissores. Essecrescimento, contudo, foi fortemente concentrado em 2000 e 2001,quando tiveram início as operações de empresas de telecomuni-cações, com um fraco desempenho nos anos seguintes.

5. Conclusão

O forte dinamismo do comércio mundial nos últimos anostem feito das exportações um importante motor do crescimentoeconômico em diferentes países. O desempenho, por outro lado,foi bastante heterogêneo entre os países e, especialmente, emtermos setoriais. Os principais ganhos de participação nas ex-portações mundiais foram para países em desenvolvimento, comoChina e México. O destaque ficou com o extraordinário desempe-nho da China, que aumentou sua importância nesse fluxo emmais de 5,2%, entre 1993 e 2004. Já as duas principais economi-as mundiais – Estados Unidos e Japão – perderam, cada uma,cerca de 5% de participação nas exportações mundiais no perío-do. Os Estados Unidos, por outro lado, têm mantido uma posiçãode liderança nas importações mundiais de bens.

No que tange à análise setorial, houve uma expansão docomércio sobretudo em direção a produtos com maior grau deelaboração e sofisticação tecnológica. O consumo desses benstende a ser mais beneficiado por aumentos da renda mundial percapita e pelo crescimento do comércio intra-indústria. Entre es-ses setores, destacam-se os de eletrônico e comunicações; quí-mica; e veículos automotores.

A perda de participação no comércio mundial foi maior emprodutos intensivos em recursos naturais e de baixa intensidadetecnológica, tais como: alimentos e bebidas; couro e calçados; etêxteis. Algumas comparações ilustram a queda de importânciadesse grupo de produtos. Em 2004, os setores de agropecuária,das indústrias de alimentos e bebidas, têxtil, vestuário, couro e

Tabela 22 Pauta de Exportações do Complexo Eletrônico: 1993-2004

Sub-setores Exp. Mundo

Valor (US$ milhões)

Cresc. (%a.a.) US$ b. Cresc.

1993 2003 2004 93-03 03-04 2003 93-03 Material eletrônico básico 123 310 310 9,7 0,2 281 11,2Aparelhos transmissores 57 1.306 1.105 36,7 -15,4 128 12,8Aparelhos receptores 345 341 392 -0,1 15,0 183 8,2Máquinas p/ escritório 78 48 56 -4,8 17,7 33 2,0Computadores 35 54 88 4,4 64,4 44 8,0Equip. periféricos p/ máq. eletrônicas 131 170 187 2,6 9,8 239 10,3

Total das Exportações 769 2.228 2.139 11,2 -4,0 908 9,8

Fonte: Secex; UNComtrade (elaboração própria).

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calçados, e madeira foram responsáveis por 14,2% das exporta-ções mundiais. Essa participação manteve-se inferior à dos seto-res de material eletrônico e comunicações, e máquinas de escri-tório e informática (15,8%). Um resultado semelhante pode serobtido ao contrastar as exportações de agropecuários e da indús-tria de alimentos e bebidas, com as vendas de veículos automo-tores. No caso da agropecuária, o estudo apontou a forte prote-ção e a concessão de subsídios em países desenvolvidos comobarreiras ao crescimento das exportações do setor.

O estudo analisou o desempenho das exportações mundi-ais em setores selecionados com base no dinamismo e na partici-pação nas vendas mundiais, com a escolha dos setores de meta-lurgia, máquinas e equipamentos, e veículos automotores, entreos de médio dinamismo; química e complexo eletrônico, entre osde maior dinamismo. Em todos esses setores, houve um aumen-to da participação da China, tanto nas exportações quanto nasimportações mundiais.

O aumento da importância do mercado chinês no comér-cio mundial foi particularmente extraordinário no complexo ele-trônico, mas bem mais modesto no setor de veículos automotores.As diferenças nas políticas estratégicas adotadas pelo governopara os dois setores ajudam a explicar as diferenças de desempe-nho. No setor automobilístico, a política foi direcionada à promo-ção de campeões locais, com entraves à entrada de empresasestrangeiras. Já no setor eletrônico, as regras para o investimen-to direto estrangeiro favoreceram a competição. O histórico curtodesses dois modelos de atuação do governo, no entanto, dificultauma comparação apropriada entre as duas formas de atuação.

O crescimento da posição da China tem sido decisivo parao excepcional desempenho do Leste Asiático em eletrônicos. Em2003, a região foi responsável por cerca de 60% das exportaçõesmundiais de material eletrônico e comunicações. Ao contrário deter sido uma ameaça para os países vizinhos, a China reforça adivisão do trabalho e conseqüente especialização produtiva naregião, com significativo impacto positivo na competitividade doLeste Asiático no setor. Entretanto, os dados de comércio nãopermitem concluir que a complementaridade entre os países daregião deva continuar ou que venha a aumentar a competição daChina com seus vizinhos em segmentos de maior intensidadetecnológica.30

A tendência de especialização mundial da produção é menosnítida em veículos automotores. O grande destaque no comérciodo setor nos últimos anos foi a expressiva perda de participaçãodos Estados Unidos e do Japão nas exportações mundiais. O LesteAsiático ainda mantém uma posição de liderança. Por outro lado,essa liderança está ameaçada pelo aumento das exportações daUnião Européia.

30 Essa conclusão preliminar segue a mesma linha de argumentação de Lall (2004).

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Entre os setores analisados neste estudo, além do eletrô-nico, o efeito China se mostra bastante expressivo na metalurgia.Nos últimos anos, esse país passou a ser o maior importadorlíquido de aço, movimento que impulsionou os preços no setor. Aperspectiva, no entanto, é de uma reversão desse saldo comer-cial, com a China tornando-se o maior exportador líquido de aço.As atenções do setor estão, portanto, voltadas para os aconteci-mentos naquele país.

No que tange a máquinas e equipamentos e a químicos, des-taca-se a performance da União Européia, com o crescimento dasua participação nas exportações mundiais nos últimos anos. Em2003, o bloco respondeu por cerca de um terço das exportaçõesnesses setores. Especialmente em máquinas e equipamentos, houvetambém um significativo aumento da participação da China nasexportações mundiais. O grande destaque é a reversão do superá-vit comercial americano no setor. Embora haja uma percepção deque os Estados Unidos tenham a mais competitiva e inovadoraindústria química, especialmente no segmento de farmacêutico,os dados de comércio indicam que os tradicionais superávits ame-ricanos no segmento têm se transformado em déficits crescentes.

Em suma, os dados de comércio apontam para um forteganho de competitividade e consolidação de uma posiçãohegemônica do Leste Asiático no setor de eletrônicos. A regiãotambém se destaca em metalurgia, com expressivo crescimentoda importância do mercado chinês no setor. A União Européiaaumentou sua especialização e participação nas exportaçõesmundiais de máquinas e equipamentos e químicos, embora ten-da a aumentar a competição com a China nesses setores. Osdados são menos elucidativos quanto às tendências do setor deveículos automotores, com uma disputa entre União Européia eLeste Asiático pela liderança.

O Brasil está inserido no cenário mundial como um paísainda especializado na exportação de produtos intensivos em re-cursos naturais e em mão-de-obra. Nos últimos anos, houve im-portantes mudanças na composição das exportações do país emdireção a determinados bens de maior intensidade tecnológica,com destaque para os setores de veículos automotores, outrostransportes (principalmente aviação) e materiais eletrônicos ecomunicações. Contudo, a importância do país nas exportaçõesmundiais desses setores ainda era bem reduzida em 2003; ape-nas em veículos automotores ficou ligeiramente acima da partici-pação brasileira no total das exportações mundiais.

Entre 1993 e 2003, o Brasil ganhou participação nas ex-portações mundiais em dez dos 23 setores analisados: madeira;produtos de minerais não-metálicos; móveis e diversos; indús-tria de alimentos e bebidas; agropecuária; outros transportes;veículos automotores; extrativa mineral; petróleo e álcool; e ma-terial eletrônico e comunicações. Apenas os dois últimos foramconsiderados os de maior dinamismo no comércio mundial.

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Em termos regionais, houve um aumento da diversificaçãogeográfica das exportações brasileiras, com um crescimento dasvendas para mercados não-tradicionais como Leste Asiático, es-pecialmente China, Rússia e continente africano; e queda nasparticipações da América Latina e da União Européia. Mesmo noâmbito da América Latina, houve uma desconcentração das ex-portações para a Argentina, ao passo que aumentou a relevânciado México nesse comércio.

Em contraste com o desempenho setorial, o geográfico dasvendas brasileiras foi melhor nos mercados consumidores maisdinâmicos, como a China. Ou seja, os dados mostram que nãohouve uma especialização das exportações brasileiras nos seto-res mais dinâmicos do comércio mundial, mas o Brasil conse-guiu direcionar suas vendas por setor para os mercados de maiordinamismo.

A análise por região e setor revelou que as exportaçõesbrasileiras de produtos intensivos em tecnologia são destinadasprincipalmente para a América Latina e Estados Unidos. Para aUnião Européia e o Leste Asiático são exportados principalmenteprodutos intensivos em recursos naturais.

A quarta seção deste estudo teve como objetivo indicar, noâmbito dos principais setores de médio e maior dinamismo nocomércio mundial (metalurgia; máquinas e equipamentos; veícu-los automotores; química; e complexo eletrônico), segmentos eprodutos nos quais caberia um estudo mais aprofundado parauma especialização da produção brasileira. A análise fundamen-tou-se tanto nos dados de comércio exterior, quanto em informa-ções sobre a estrutura produtiva brasileira. Tais informações fo-ram obtidas principalmente de relatórios setoriais produzidos peloBNDES, em 2004. Como principais resultados, temos:

a) Metalurgia: o segmento de semi-acabados, apesar decompreender produtos de menor valor agregado, tem sidoum dos mais dinâmicos no comércio mundial. Sua expor-tação é interessante, tanto pelo fato de o Brasil possuirmaiores vantagens competitivas quanto pelo menor prote-cionismo internacional nesse segmento. O país poderia au-mentar a agregação de valor das suas exportações no setor,com mais investimentos nas vendas de laminados quentes,por exemplo. Embora seja um segmento menos dinâmico,tende a ser beneficiado por um aumento das pressões decusto, que devem incentivar o deslocamento das linhasquentes de produção para países em desenvolvimento.

b) Máquinas e equipamentos: as exportações brasileirasjá são concentradas em segmentos mais dinâmicos do se-tor, com destaque para compressores; tratores e máquinaspara agropecuária; e máquinas para extração mineral econstrução. Em máquinas agrícolas, por exemplo, a vanta-gem comparativa do Brasil na agricultura, com possibili-dades de expansão da produção desse setor para novas

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regiões do país, contribui para a criação de economias deescala e o desenvolvimento de uma indústria de máquinasagrícolas competitiva mundialmente.

c) Veículos automotores: o Brasil, em função do atendi-mento ao perfil do seu mercado interno e de acordos com aArgentina, se especializa na produção de veículos popula-res. Nesse sentido, seria interessante a constante especia-lização brasileira nas exportações desses modelos, aindapouco representativas nas vendas externas. No entanto,os dados levantados indicam um reduzido comércio mun-dial de veículos populares. Assim sendo, o incremento dasexportações brasileiras deve ir além desses automóveis erequer investimentos também em veículos com motoresmais potentes.

d) Química: o setor químico apresenta persistentes déficitsna balança comercial brasileira da ordem de US$ 6,5 bi-lhões. Apesar do bom desempenho da balança em 2004,houve uma ampliação no déficit do setor para US$ 8,6 bi-lhões naquele ano. O segmento de artigos de perfumariadesponta como uma exceção a esse quadro, com saldos co-merciais positivos desde 2002. Trata-se do mais dinâmicoda área em termos da evolução das exportações mundiaisentre 1993 e 2003. Outro segmento em que as exportaçõesbrasileiras têm se expandido é o de produtos farmacêuticos.O Brasil, no entanto, continua com uma participação mar-ginal no comércio mundial nesses dois segmentos, com pos-sibilidades de ampliação de sua participação no comérciomundial. Em 2003, o comércio internacional de produtosfarmacêuticos movimentou US$ 129 bilhões, superior ao dosetor agropecuário. Neste estudo, foi considerada a possibi-lidade de especialização do país nos segmentos de medica-mentos fitoterápicos, biofármacos, farmoquímicos para me-dicamentos estratégicos e medicamentos genéricos.

e) Complexo eletrônico: o complexo eletrônico teve o se-gundo maior déficit comercial, abaixo apenas do déficit daquímica, em 2004. Constatou-se que o bom desempenhodas exportações brasileiras nesse setor nos últimos anosfoi concentrado em 2002, e relacionado ao início da opera-ção de empresas de equipamentos de telefonia. Desde en-tão, as vendas têm ficado estagnadas. Os esforços paraobtenção de vantagens competitivas, aqui, têm que sermuito expressivos, dada a supremacia e os altos níveis deeficiência do Leste Asiático na área. Uma estratégia inte-ressante seria concentrar esforços em nichos bem particu-lares de mercado, o que não é excludente com a atração deempresas para o Brasil.

Em suma, o estudo indica um potencial de especializaçãoprodutiva do Brasil no macrossetor de metal-mecânica. Figuramentre os setores analisados com mais perspectivas de aumentodas exportações brasileiras: aços semi-acabados; laminados quen-tes; compressores; tratores e máquinas agrícolas; tratores e má-

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quinas para agropecuária; máquinas e equipamentos para extra-ção mineral e construção; e veículos automotores. O setor dequímica e o complexo eletrônico foram apontados como bastantedinâmicos no comércio mundial. No entanto, a melhoria das ex-portações brasileiras nesses casos deve depender de uma atua-ção bem focada em determinados nichos de mercado. Para tanto,seriam interessantes análises mais detalhadas dos setores, quefogem ao escopo deste estudo.

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Anexo: Coeficientes de Comércio

Metodologia

O cálculo dos coeficientes de comércio foi realizado procu-rando manter fixa a paridade de poder de compra da produçãodoméstica em relação aos valores da exportação e importação. Paratanto, foram desconsideradas as variações de preços das exporta-ções e importações em relação aos respectivos valores da produção.

No caso do coeficiente de penetração (importações sobreconsumo aparente), o objetivo é verificar se quedas no índice re-fletem um processo de substituição de importações. Caso os da-dos fossem obtidos sem levar em conta a paridade, poderíamoster uma queda no índice por conta de uma valorização do real,mesmo que não tivesse ocorrido uma troca do produto importadopelo nacional no consumo do país.

A finalidade do coeficiente de exportações (exportaçõessobre produção) é averiguar se a produção do setor está sendopredominantemente dirigida ao mercado doméstico (baixo coefi-

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ciente exportado) ou ao mercado externo (elevado coeficiente ex-portado). Novamente, se fosse desconsiderada a paridade, pode-ríamos ter desvalorizações reais da taxa de câmbio elevando oíndice, mesmo em um cenário de queda no quantum exportado.

Coeficientes de Comércio da Indústria

O Gráfico 1 mostra o comportamento dos coeficientes decomércio. As evidências são de uma queda no coeficiente de pe-netração (importação sobre consumo aparente) e, conseqüente-mente, de um processo de substituição de importações no perío-do 1996/2004. No que tange ao coeficiente de exportações, osdados obtidos indicam orientação da produção da economia bra-sileira voltada para as exportações, notadamente a partir de 1999.

Gráfico 1Coeficientes de Comércio: Penetração e Exportação

10,0

12,0

14,0

16,0

18,0

20,0

22,0

24,0

26,0

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Importação / Consumo Aparente

Exportação / Produção

Análise por Setor

No entanto, os resultados obtidos mostram um comporta-mento bem diferenciado entre os setores da economia (Tabelas 1e 2). Cabe destacar as seguintes dinâmicas:

a) Significativa substituição de importações (queda no coe-ficiente de penetração) nos setores de máquinas e equipa-mentos e de veículos automotores, acompanhada por altasexpressivas nos respectivos coeficientes de exportações.

b) Apesar da queda no coeficiente de penetração no totalda indústria, houve um forte aumento desse coeficiente nosetor de química.

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Tabela 1 Coeficiente de Penetração das Importações (Importação / Consumo Aparente)

– 1996/2004 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004Industria geral 19,9 20,9 17,3 16,3 17,3 17,9 16,6 17,1 18,9Indústria extrativa 75,8 72,5 62,0 58,7 66,7 68,9 71,0 76,1 90,4Indústria de tranformação 18,4 19,6 16,5 15,4 16,1 16,6 15,1 15,3 16,3Alimentos e bebidas 9,2 7,9 6,8 4,4 4,3 3,7 4,2 4,0 3,8Fumo 6,6 6,5 4,0 0,4 0,4 0,4 1,0 1,0 0,7Têxtil 11,3 13,5 10,0 8,0 8,7 8,4 7,9 8,7 9,2Vestuário e acessórios 6,9 7,7 5,3 3,0 2,6 3,4 2,6 3,0 3,8Calçados e artigos de couro 14,7 11,0 6,3 5,2 5,9 7,0 5,6 7,2 8,3Madeira 5,2 5,9 4,9 3,1 4,1 3,5 3,3 4,7 6,6Papel e Celulose 9,5 9,7 10,1 10,9 9,8 10,2 8,6 7,6 9,6Refino de petróleo e álcool 13,1 12,2 9,1 12,4 15,6 14,6 11,8 10,3 10,5Produtos químicos 20,6 22,0 20,2 20,7 21,1 22,3 23,5 24,9 27,3Borracha e plástico 12,0 11,9 10,7 8,6 10,1 11,1 11,1 12,3 13,3Minerais não metálicos 6,0 6,8 5,3 3,9 4,5 4,6 4,8 5,8 7,0Metalurgia básica 16,5 18,2 12,3 12,5 11,9 13,8 10,9 9,9 9,1Produtos de metal - exc. máq. e equip. 11,5 11,0 9,7 7,0 7,3 8,2 8,0 8,0 9,5Máquinas e equipamentos 41,5 47,8 38,9 36,7 31,9 33,5 31,3 32,6 30,6Máquinas, aparelhos e materiais elétricos 23,8 28,1 25,7 24,1 23,1 26,3 28,3 26,0 23,3Material eletrônico e comunicações 46,6 43,0 30,1 37,3 39,4 33,2 25,3 33,5 39,9Veículos automotores 26,0 29,7 24,1 19,1 17,5 17,8 15,0 15,8 16,1Outros equipamentos de transporte 12,2 27,7 33,5 55,4 61,0 48,7 25,8 21,0 32,3Mobiliário 12,0 11,1 8,0 6,0 6,1 6,5 5,8 5,9 6,4

Tabela 2 Coeficiente de Exportações (Exportação / Produção) – 1996/2004

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004Industria geral 17,9 17,3 14,7 15,1 16,3 17,5 19,1 22,5 24,8Indústria extrativa 66,1 63,7 63,4 55,9 60,3 65,0 71,0 77,0 88,6Indústria de transformação 17,0 16,4 13,8 14,3 15,4 16,5 17,8 21,0 23,0Alimentos e bebidas 23,5 19,7 16,3 15,2 14,7 18,8 21,0 24,3 26,3Fumo 58,6 46,9 39,1 9,7 8,7 9,2 17,9 20,5 19,7Têxtil 14,0 12,0 9,3 8,5 9,4 11,1 11,3 16,2 17,0Vestuário e acessórios 5,7 4,5 3,1 3,0 4,7 5,7 4,7 7,0 7,5Calçados e artigos de couro 49,4 40,6 31,1 32,0 36,1 40,6 40,8 48,9 52,4Madeira 38,1 37,8 33,1 41,1 45,3 47,4 54,7 61,9 72,2Papel e Celulose 16,8 16,7 17,3 24,0 22,2 24,3 24,5 29,2 29,0Refino de petróleo e álcool 4,9 4,3 3,5 5,9 6,8 10,3 10,4 11,6 12,0Produtos químicos 9,3 9,8 8,3 8,3 9,0 8,5 10,4 12,3 13,2Borracha e plástico 8,3 7,7 6,8 6,4 7,3 8,2 8,6 11,0 11,2Minerais não metálicos 8,4 9,1 7,7 7,4 8,6 8,4 10,9 14,1 17,5Metalurgia básica 47,9 41,2 28,3 33,1 31,1 30,2 33,4 33,9 31,6Produtos de metal - exc. máq. e equip. 7,1 7,5 6,2 5,1 5,8 5,8 5,3 7,0 8,6Máquinas e equipamentos 25,1 26,5 20,6 20,1 19,5 18,8 20,3 27,4 30,1Máquinas, aparelhos e materiais elétricos 12,5 12,1 9,7 9,0 10,3 9,9 10,9 13,4 14,9Material eletrônico e comunicações 10,7 10,1 6,8 11,0 16,4 14,9 16,3 19,8 16,8Veículos automotores 22,9 27,2 22,7 20,4 20,6 21,0 23,4 30,4 32,0Outros equipamentos de transporte 11,4 22,1 31,7 57,0 74,3 64,5 41,8 30,7 54,3Mobiliário 12,1 10,6 8,9 9,6 11,6 12,7 13,5 17,3 19,2

c) No setor de outros equipamentos de transporte (espe-cialmente aeronaves), registrou-se também um expressivoaumento no coeficiente de penetração. Esse movimento,porém, foi acompanhado por um excepcional aumento nocoeficiente de exportações.

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TEXTOS PARA DISCUSSÃO do BNDES

87 A EXPERIÊNCIA BRASILEIRA DE PRIVATIZAÇÃo: O QUE VEM A SEGUIr? – Armando CastelarPinheiro – novembro/2000

THE BRAZILIAN PRIVATIZATION EXPERIENCE: WHAT’S NEXt? – Armando Castelar Pinheiro –november/2000

88 SEGMENTAÇÃO E USO DE INFORMAÇÃO NOs MERCADOS DE CRÉDITO BRASILEIROs – ArmandoCastelar Pinheiro e Alkimar Moura – fevereiro/2001

SEGMENTATION AND THE USE OF INFORMATION IN BRAZILIAN CREDIT MARKETs – Armando Cas-telar Pinheiro and Alkimar Moura – february/2001

89 À PROCURA DE UM CONSENSO FISCAL: O QUE PODEMOs APRENDER DA EXPERIÊNCIA INTERNACIO-NAL? – Fabio Giambiagi – março/2001

90 A BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA: DESEMPENHO NO PERÍODO 1997-2000 – Maurício Ser-rão Piccinini e Fernando Pimentel Puga – setembro/2001

91 O BRASIL NA DÉCADA DE 90: UMA TRANSIÇÃO BEM-SUCEDIDA? – Armando Castelar Pi-nheiro, Fabio Giambiagi e Maurício Mesquita Moreira – novembro/2001

BRAZIL IN THE 1990S: A SUCCESSFUL TRANSITION? – Armando Castelar Pinheiro, FabioGiambiagi and Maurício Mesquita Moreira – november/2001

92 UM CENÁRIO NORMATIVO PARA A ECONOMIA BRASILEIRA COM REFORMA TRIBUTÁRIA E CONTROLE DO

GASTO PÚBLICO: 2003/10 – Fabio Giambiagi – fevereiro/2002

93 DO DÉFICIT DE METAS ÀS METAS DE DÉFICIT: A POLÍTICA FISCAL DO GOVERNO FERNANDO HENRIQUE

CARDOSO – 1995/2002 – Fabio Giambiagi – abril/2002

94 RESTRIÇÕES AO CRESCIMENTO DA ECONOMIA BRASILEIRA: UMA VISÃO DE LONGO PRAZO – FabioGiambiagi – maio/2002

95 A LOCALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO BRASILEIRA NAS ÚLTIMAS TRÊS DÉCADAS –Filipe Lage de Sousa – agosto/2002

96 O APOIO FINANCEIRO ÀS MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS NA ESPANHA, NO JAPÃO E NO

MÉXICO – Fernando Pimentel Puga – agosto/2002

97 AS PERSPECTIVAS DO SETOR ELÉTRICO APÓS O RACIONAMENTO – José Claudio Linhares Pires,Fabio Giambiagi e André Franco Sales – outubro/2002

98 UM CENÁRIO PARA A ECONOMIA BRASILEIRA COM PERMANÊNCIA DA AUSTERIDADE FISCAL E REDU-ÇÃO DA VULNERABILIDADE EXTERNA – Fabio Giambiagi – abril/2003

99 ALTERNATIVAS DE APOIO A MPMES LOCALIZADAS EM ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS – FernandoPimentel Puga – junhO/2003

100 AS ESTRUTURAS INDUSTRIAIS DOS ESTADOS BRASILEIROS NAS ÚLTIMAS TRÊS DÉCADAS – FilipeLage de Sousa – agostO/2003

101 UMA CONTRIBUIÇÃO AO DEBATE SOBRE A NOVA POLÍTICA INDUSTRIAL BRASILEIRA – André Nassif– setembrO/2003

102 BASES PARA UMA ESTRATÉGIA GRADUALISTA DE EXPANSÃO – Fabio Giambiagi – outubro/2003

103 MORTE DO CONSENSO DE WASHINGTON? OS RUMORES A ESSE RESPEITO PARECEM MUITO EXA-GERADOS – Fabio Giambiagi e Paulo Roberto Almeida – outubro/2003

104 O COMÉRCIO BRASIL-CHINA: SITUAÇÃO ATUAL E POTENCIALIDADES DE CRESCIMENTO – FernandoPimentel Puga, Lavínia Barros de Castro, Francisco Marcelo Rocha Ferreira e MarceloMachado Nascimento – abril/2004

105 POLÍTICAS REFORMISTAS NO PRESIDENCIALISMO DE COALIZÃO BRASILEIRO – Licínio VelascoJúnior – outubro/2005

Page 68: A INSERÇÃO DO BRASIL NO COMÉRCIO MUNDIAL: O EFEITO … · de escala e o desenvolvimento de uma indústria mundial-mente competitiva. c) Veículos automotores: o Brasil, em função

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