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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO FACULDADE DA SAÚDE CURSO DE ODONTOLOGIA ORTODONTIA A INFLUÊNCIA DO PADRÃO ESQUELÉTICO SAGITAL NA DETERMINAÇÃO DO PADRÃO ESQUELÉTICO VERTICAL DA FACE TIAGO MONTEIRO BRANDO SÃO BERNARDO DO CAMPO 2011

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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

FACULDADE DA SAÚDE

CURSO DE ODONTOLOGIA

ORTODONTIA

A INFLUÊNCIA DO PADRÃO ESQUELÉTICO

SAGITAL NA DETERMINAÇÃO DO PADRÃO

ESQUELÉTICO VERTICAL DA FACE

TIAGO MONTEIRO BRANDO

SÃO BERNARDO DO CAMPO

2011

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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

FACULDADE DA SAÚDE

CURSO DE ODONTOLOGIA

ORTODONTIA

A INFLUÊNCIA DO PADRÃO ESQUELÉTICO

SAGITAL NA DETERMINAÇÃO DO PADRÃO

ESQUELÉTICO VERTICAL DA FACE

Dissertação apresentada ao curso de Odontologia da Faculdade da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo, como parte dos requisitos para a obtenção do Título de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Odontologia: área de concentração em Ortodontia.

Orientação: Prof. Dr. Luiz Renato Paranhos

SÃO BERNARDO DO CAMPO

2011

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II

AGRADECIMENTOS

AOS MEUS PAIS - RAFAEL E LUCIENE

Por tudo que representam na minha vida

Pela educação a mim dada

Pelo exemplo de vida e

Pelo apoio nessa minha caminhada

Amo vocês

AO MEU IRMÃO - PAULO

A pessoa que mais me incentivou a realizar esse projeto

Sempre buscando a felicidade da nossa família

Hoje Doutor em engenharia florestal, sempre buscou acumular conhecimento

Seu entusiasmo me contaminou a buscar mais essa conquista

A MINHA AVÓ - CIDA BRANDO

Uma italiana forte

Que me acolheu nas semanas do mestrado

Mesmo em seus 78 anos me contagiando com sua vontade de viver

AO MEU GRANDE AMOR - ANDREA ROCHA TONIA

A pessoa que me devolveu a paz interior

Que sempre esteve ao meu lado

Que me incentivou na confecção desta dissertação

Mesmo ficando distante por semanas

Sempre me apoiando a crescer e evoluir como pessoa

Te amo

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III

AO MEU ORIENTADOR - LUIZ RENATO PARANHOS

Agradeço ter sido orientado por uma pessoa dedicada

Com um respeito muito grande pelo próximo

Pela paciência em corrigir meus erros

Uma pessoa que com certeza acrescentou muito na minha vida

Não só como orientador, mas como ser humano

Com certeza um amigo que levarei pelo resto da vida

AO PROFESSOR - DANILO FURQUIM

Estava eu na unidade básica de saúde de Santo Antonio do Paranapanema

Quando recebi um telefonema do professor Dr. Danilo

Convidando-me a prestar prova de mestrado na UMESP no qual era professor

Agradeço por me ajudar a ingressar nessa experiência maravilhosa

AOS PROFESSORES FERNANDO TORRES E RENATA CASTRO

Professores excelentes

Sempre me cobrando e incentivando

Que tive o prazer de conviver e aprender

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IV

AOS PROFESSORES DO DEPARTAMENTO DE ORTODONTIA

Prof. Dr. Marco Antonio Scanavini

Prof. Dra. Fernanda Angeliere

Prof. Dra. Cláudia T. Hino

Prof. Dr. André L. R. Miranda

A TODOS OS COLEGAS DE MESTRADO

Antonio C. Sakuno, Armando Koichiro Kaieda, Artur C. Vasconcelos, Adriana

C. Pedro, Carolina S. Lima, Cleimar C. Bach, Heleny G. Corrêa, Jin H. Kim,

Kelly R. T. P. Rodrigues, Luciano K. Murakami, Luís Henrique R. Lages, Miller

S. Zaroni, Renata P. Jóias, Roberto P. A. Filho, Vitor W. Cordeiro, pessoas

maravilhosas de se conviver e trabalhar, amigos que ficaram para sempre.

AOS FUNCIONÁRIOS DA UMESP

À Ana Regina Paschoalin, assistente administrativa do Departamento de Pós-

graduação da UMESP, pela amizade, convivência, eficiente dedicação, carinho

e pela grande paciência.

À Célia Maria dos Santos, técnica em radiologia do Departamento de Pós-

graduação da UMESP, pela sua simpatia, amizade e centenas de xícaras de

café.

À Marilene Domingos da Silva, responsável pela clínica do Departamento de

Pós-graduação, pela simpatia, amizade e ajuda com os prontuários dos

pacientes.

Ao Edílson Donizete Gomes, técnico em prótese dentária o Departamento de

Pós-graduação da UMESP, pelo profissionalismo e amizade.

Às bibliotecárias Noeme Timbó, Andréia Cristina Gomide, Valéria P. Fazolim:

pela colaboração, paciência, dedicação e amizade.

A todos os funcionários da UMESP, que de alguma forma contribuíram para a

conclusão e cooperarão direta ou indiretamente da minha formação, sou muito

grato.

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V

A mente que se abre a uma nova idéia, jamais

voltará ao seu tamanho original

ALBERT EINSTEIN.

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VI

BRANDO, T. M. A Influência do Padrão Esquelético Sagital na

Determinação do Padrão Esquelético Vertical da face. 2011. 69p.

Dissertação (Mestrado em Ortodontia), Faculdade da Saúde, Universidade

Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2011.

RESUMO

O presente estudo cefalométrico retrospectivo teve como objetivo avaliar a

influência do padrão esquelético sagital na determinação do padrão esquelético

vertical da face (Tipo Facial) em indivíduos com diferentes más oclusões, que

procuraram a UMESP para tratamento ortodôntico nos últimos 10 anos. Para

isso foram selecionadas as telerradiografias iniciais de 59 pacientes, com idade

média de 16 anos e 7 meses variando entre 11 e 25 anos. Estes pacientes

foram selecionados após a análise facial subjetiva de 1600 documentações,

resultando em 3 grupos. Grupo 1 – Padrão I facial; Grupo 2 - Padrão II; e,

Grupo 3 - Padrão III. Após esta divisão, foi comparado se a determinação do

tipo facial é diferente nas medidas angulares SN.GoGn e SN.Gn. Para testar

essa hipótese, utilizou-se uma regressão logística com erros distribuídos de

acordo com uma distribuição binomial. Para observar a probabilidade de uma

congruência entre SN.Gn e SN.GoGn utilizou-se uma regressão logística

individual para cada Padrão Facial. Observou-se que a probabilidade de uma

congruência entre SN.Gn e SN.GoGn no Padrão I é relativamente alta (70%),

mas para os Padrões II e III essa congruência é relativamente baixa - Padrão II

(46%) e Padrão III (37%). O Padrão esquelético sagital da face (Padrão I, II e

III) influencia na determinação do Tipo Facial. Utilizar a grandeza SN.Gn

parece não ser apropriado para a determinação do Padrão esquelético vertical

da face, em virtude do ponto Gn sofrer importantes deslocamentos nos

diferentes Padrões Faciais.

Palavras-chave: Morfologia; Face; Cefalometria; Ortodontia.

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VII

BRANDO, T. M. The Influence of the sagittal skeletal pattern in

the Determination of Vertical facial skeletal pattern. 2011. 69p. Dissertation

(Master in Orthodontics), Faculty of Health, University Metodista de São Paulo,

São Bernardo do Campo, 2011.

ABSTRACT

The goal of this retrospective cephalometric study was to evaluate the influence

of the sagittal skeletal pattern to determine the facial type (vertical skeletal

pattern of the face) in patients with different malocclusions, who came to

UMESP for orthodontic treatment over the past 10 years. For this, we selected

initial radiographs of 59 patients who were in average 16 years and seven

months old (range: 11 to 25 years). These patients were selected after a

subjective analysis of 1600 cases, and grouped as follows: Group 1 – Facial

Pattern I; Group 2 – Facial Pattern II; and Group 3 – Facial Pattern III. Following

this division, we tested the hypothesis that the determination of facial type

differs between two angular measures: SN.GoGn and SN.Gn. To test this

hypothesis, we used a logistic regression with errors distributed according to a

binomial distribution. Our results show that the probability of congruence

between the patterns Gn and SN.GoGn was relatively high (70%) for Pattern I,

but for Pattern II (46%) and III (37%) this congruence was relatively low.

Apparently, the sagittal skeletal facial pattern (Facial Patterns I, II and III)

influenced the determination of facial type. Hence, the use of SN.Gn appears

inappropriate to determine the vertical facial skeletal pattern, because Gn. may

shift depending on facial patterns.

Keywords: Morphology; Face; Cephalometry; Orthodontics.

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VIII

SUMÁRIO

RESUMO........................................................................................................... VI

ABSTRACT ...................................................................................................... VII

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 09

2 REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................... 14

3 PROPOSIÇÃO .............................................................................................. 33

4 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................. 35

5 RESULTADOS .............................................................................................. 50

6 DISCUSSÃO ................................................................................................. 54

7 CONCLUSÃO ................................................................................................ 61

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 63

ANEXOS 1 ....................................................................................................... 69

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INTRODUÇÃO

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10

1 INTRODUÇÃO

Uma das várias tarefas do diagnóstico da má oclusão é avaliar o

relacionamento sagital que os arcos dentais têm entre si. Esse relacionamento

é chamado de “Classe” desde 18993 e representa o primeiro sistema de

classificação sagital interarcos, nomenclatura esta que persiste até hoje como

uma referência internacional de classificação oclusal42. Algumas mudanças

ocorreram ao longo dos anos para definir essa nomenclatura, que, inicialmente,

era feita pelo primeiro molar superior, e depois, redefinida por Lawrence

Andrews2 (1972), que utilizou como referência o primeiro premolar superior

para a dentadura permanente, e, para a dentadura decídua, a chave de

caninos.

Outra classificação, mormente utilizada, é a de Padrão, no qual se

observa o perfil do paciente - expressa as relações esqueléticas da face. Para

uma forma mais didática, essa classificação foi desenvolvida e descrita

inicialmente por Capelozza Filho11, em 2004 – remetendo a um diagnóstico

mais simplificado pela leitura da face - agrupando as faces em cinco padrões:

Padrão I, Padrão II, Padrão III, Padrão face longa e Padrão face curta.

O Padrão I define um comportamento sagital adequado entre as bases

apicais, o que expressa uma face harmoniosa. O Padrão II caracteriza-se por

um degrau sagital positivo entre a maxila e a mandíbula, decorrente de

protrusão dental superior e/ou deficiência mandibular, delineando um perfil

facial demasiado convexo. O Padrão III refere-se a um degrau sagital maxilo

mandibular diminuído, denunciando concavidade facial. Os Padrões face longa

e curta entendem-se como alterações verticais discrepantes da face11.

De uma forma simples, toma-se consciência do arcabouço facial e

identifica-se, dentro da diversidade morfológica dos humanos, a face que exige

mudança e se essa mudança é compatível com o comportamento dos arcos

dentais. Essa classificação deveria estar diretamente ligada à classificação de

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Classe dental, mas nem sempre isso ocorre, podendo um indivíduo ser Padrão

II e ter a relação de molar em Classe I, por exemplo.

Aos olhos de um ortodontista a face do paciente diz muito. Ela nos dá

uma enorme gama de dados subjetivos para analisar o paciente, denunciando

se uma face está equilibrada ou desarmônica, ou até, se é possível corrigir

uma má oclusão discrepante com simples Ortodontia compensatória ou se é

necessário recorrer à cirurgia ortognática.

Essa face observada subjetivamente precisa ser transformada em dados

ou números, visando sempre quantificar o perfil facial do paciente. A

telerradiografia, desde sua descoberta para a Ortodontia, foi um recurso de

diagnóstico muito importante e vastamente explorado pelos ortodontistas e

pesquisadores desta área. Enfim, aquilatar a face foi, e, ainda é o fascínio de

vários pesquisadores que se empenharam em desvendar os segredos das

características pessoais de cada indivíduo ou de um grupo. São interações

muito peculiares aos olhos do ortodontista, onde as informações somadas vão

dando forma a face de cada indivíduo.

Inúmeras análises cefalométricas foram desenvolvidas ao longo do

tempo, fornecendo dados que conduziam ao problema ortodôntico a ser

corrigido; entre estas informações, uma de suma importância no planejamento

ortodôntico e na definição da meta terapêutica individualizada consiste na

determinação do tipo facial de cada paciente.

O tipo facial influencia o plano de tratamento, uma vez que determinados

procedimentos ortodônticos podem acentuar ou atenuar estas características

faciais, interferindo na estética e na estabilidade dos resultados. Muitas vezes

referido também como padrão esquelético da face, o tipo facial pode ser

classificado, segundo Ricketts33, como: dolicofacial (face longa e estreita),

braquifacial (face curta e larga) e um tipo intermediário, o mesofacial.

Para quantificar e determinar o padrão de crescimento vertical anterior

da face, pela cefalometria radiográfica, utiliza-se de medidas angulares como,

por exemplo, o “Y” de crescimento Downs16, porém, este ângulo ou padrão de

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crescimento pode ser influenciado pelo comprimento e sentido de crescimento

mandibular. Por outro lado, a medida angular SN.GoGn, parece mais estável

quando há discrepâncias sagitais na face.

Assim como estas grandezas, outras detêm papel semelhante como o

FMA de Tweed47, Quociente de Jaraback21 e Vert de Ricketts33. Sabe-se,

contudo, que estas grandezas, ao quantificar o crescimento – estabelecendo o

tipo facial – sofrem alterações com as mudanças sagitais da mandíbula

(Padrão I, II e III). Assim, frente à hipótese da existência de imprecisão na

classificação do tipo facial quando o erro mandibular está presente na face,

este estudo busca mostrar a probabilidade de congruência entre SN.Gn e

SN.GoGn em cada Padrão Facial.

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REVISÃO DA LITERATURA

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 A análise cefalométrica e a Ortodontia

BROADBENT9 (1937), em estudo radiográfico longitudinal, avaliou o

padrão de crescimento facial de crianças dos 12 meses aos 24 anos de idade.

Para isso ele mensurou o crescimento da base do crânio por meio da variação

da distância da sela turca até o plano formado pelo ponto BO (Bolton) até o N

(nasio), plano Bolton-Nasio, e, para avaliar a as bases apicais, tomou como

referência o plano de Frankfort e uma perpendicular a ele na altura do ponto

orbital. O autor concluiu que a dentição decídua quando finalizada, define-se

também o padrão morfológico da face e que posteriormente a esta fase, os

padrões faciais não se modificam.

TWEED46 (1946) estudou o ângulo formado pelo Plano de Frankfort e

Plano Mandibular (FMA) e, baseando-se nesse ângulo, apresentou um método

para o diagnóstico e prognóstico do tratamento ortodôntico. Segundo o autor,

este ângulo deve apresentar valores entre 160 e 280 para o crescimento

mandibular ser considerável como favorável, os valores acima ou abaixo

destes, seriam considerados desfavoráveis ao padrão facial do indivíduo,

determinando um tratamento limitado e de difícil alcance dos objetivos

desejados.

DOWNS16 (1952), pioneiro no uso da análise cefalométrica aplicada ao

diagnóstico ortodôntico, realizou um estudo com uma amostra de 20 pacientes,

portadores de oclusão excelente, na faixa etária entre 12 e 17 anos,

determinando padrões esqueléticos em norma lateral e a relação entre os

dentes e o processo alveolar com o esqueleto facial. O padrão esquelético foi

em seguida observado em telerradiografias de perfil, por meio de um polígono

formado pelos seguintes planos: ângulo facial, ângulo da convexidade, relação

ântero posterior da base dental, ângulo do plano mandibular e eixo “Y”. Os

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resultados permitiram ao autor, chegar às seguintes conclusões: 1.) Existe um

padrão facial que representa a média dos indivíduos que possuem oclusões

excelentes; 2.) Dentro deste padrão facial encontrado existe um desvio padrão,

mas estes valores ainda mantêm harmonia na face; 3.) Desvios excessivos da

norma remetem indivíduos com desarmonias em certas áreas; 4.) A relação

entre os dentes e base óssea pode levar a um correto diagnóstico, localizando

a etiologia e indicando o sentido em que os dentes devem ser movimentados

no tratamento.

RIEDEL24 (1952) determinou a constância ou variação na relação da

maxila e da mandíbula relacionado ao crânio. Salientou a importância do

ângulo formado pela base do crânio (SN) com a base da mandíbula (GoGn) na

determinação do crescimento atual e aspectos do crescimento futuro. Esta

medida indica o tipo de crescimento da base mandibular em relação à base do

crânio, possibilitando a indicação do tipo de crescimento facial predominante

(horizontal, vertical ou equilibrado), e ainda, a relação entre a Altura Facial

Anterior e Altura Facial Posterior. O material escolhido para este

estudo consistiu de: 52 adultos com oclusões excelentes, com idade variando

entre 18 e 36 anos; 24 crianças com idade variando entre 7 e 11 anos,

possuindo oclusão excelente; 38 indivíduos com má oclusão Classe II, divisão

1, dez com má oclusão Classe II, divisão 2, e, nove com má oclusão Classe III

de Angle. Dois planos de base foram utilizados, o plano sela - násio e o plano

Pório-orbital, mais propriamente denominado de plano de Frankfurt

horizontal. Tendo em conta a relativa imobilidade da posição dos

dentes anteriores superiores, afirmou ser um ponto de referência para

começar o diagnóstico cefalométrico em casos de má oclusão . ortodontistas

que utilizam a análise cefalométrica para diagnóstico e planejamento do

tratamento ortodôntico de seus casos deverão avaliar com mais atenção as

várias relações que os incisivos superiores tem com a base do crânio devido

sua relativa estabilidade.

COBEN13 (1955), com o uso de telerradiografias obtidas em norma

lateral de 47 pacientes (25 do sexo masculino e 22 do sexo feminino), com

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idade variando entre 8 e 16 anos, sem tratamento ortodôntico, e, observando a

morfologia facial, verificou grandes variações na forma, tamanho e crescimento

das estruturas faciais. Afirmou que para se compreender as diferenças entre os

tipos faciais não é suficiente o estudo de uma simples variável, mas sim

conhecer o papel de cada variável e sua integração na morfologia facial.

Deixou claro que nenhuma característica poderia ser julgada “normal” ou

“anormal”, “harmoniosa” ou “não harmoniosa”, sem uma apreciação do que

esta represente no total do complexo facial.

RICKETTS32 (1957), em um estudo cefalométrico radiográfico, realizou

análises das mudanças dentais e faciais de 50 casos de más oclusões Classe

II. Concluiu-se que, mesmo as más oclusões dentais idênticas tratadas da

mesma forma podem responder ao tratamento de diferentes maneiras. Afirmou

também, que dentro do complexo têmporo mandibular, o diagnóstico pode ser

confundido devido à grande variedade de tipos faciais dos pacientes. O

crescimento e o desenvolvimento da cabeça da mandíbula em quantidade e

direção são fundamentais para se entender a constituição morfológica da face.

Quando o crescimento da cabeça da mandíbula se faz para cima e para frente

com o aumento da profundidade facial, observa-se uma tendência

braquicefálica. Por outro lado, quando o crescimento ocorre para cima e para

trás, observa-se um aumento consistente do comprimento facial,

caracterizando uma tendência dolicocefálica. Segundo o autor, os padrões

musculares estão frequentemente correlacionados com padrões morfológicos

específicos. Em casos com ângulo do plano mandibular alto, normalmente

apresentam pequenas proeminências goníacas, ramo da mandíbula estreito,

cabeça da mandíbula pequena, e frequentemente podem apresentar abertura

da mordida durante o tratamento. Por outro lado, em casos que apresentam os

ângulos goníacos mais agudos, geralmente apresentam o corpo e os ramos da

mandíbula bem desenvolvidos, associados a uma cabeça da mandíbula bem

formada, resistindo à abertura da mordida. O autor também relatou que,

aproximadamente 60% do aumento da altura facial total, podem ser atribuídos

à região dento alveolar. Consequentemente, por volta de 40% do aumento da

altura facial total é atribuído à face superior, tendo sido observadas maiores

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alterações na região da espinha nasal anterior.

STEINER45 (1959), com o intuito de ajudar no diagnóstico e

planejamento dos casos ortodônticos, idealizou uma análise cefalométrica. Em

sua Análise, ele adaptou o Eixo “Y” de crescimento de Downs (1952)17,

substituindo o Plano de Frankfort pela linha representativa da base do crânio

(SN) com o ângulo formado pela intersecção das linhas SN e SGn, definindo

assim a resultante vetorial de crescimento anterior e inferior da mandíbula.

Afirmou que o maior valor da cefalometria se refere à possibilidade de

realização de estudos comparativos. Comparações estas, que muitas vezes,

demonstram as mudanças ocorridas ao longo do crescimento e do tratamento

ortodôntico efetuado, fornecendo subsídios para a avaliação da efetividade e

também das suas deficiências dos mesmos.

RICKETTS34 (1960) descreveu uma análise cefalométrica após avaliar

uma amostra de 1.000 casos com problemas ortodônticos, para a avaliação do

padrão dento facial, utilizando cinco medidas: Ângulo Facial (média – 85,4º),

Ângulo do Eixo Facial (média – 93º), A-NP (média - 4,1 mm), 1–AP (média - 0,5

mm) e Lábio inferior ao Plano E (média - 0,3 mm). Afirmou que uma análise

cefalométrica é um método que descreve condições segundo as quais os

planos de tratamento devem ser elaborados a partir de considerações como

crescimento, ancoragem dos dentes e cooperação dos pacientes.

TWEED47 (1962) concluiu que nos casos em que o FMA varia entre 20 e

30 graus, o valor de FMIA deve ficar em torno de 65º, consequentemente o

IMPA será sempre menor que 87º, e nos casos onde o valor do FMA estiver

abaixo de 20º, o IMPA não deve exceder 94º. Esta conclusão foi alcançada

após a realização de um estudo clínico e cefalométrico radiográfico durante um

período de 25 anos, em que se obtiveram, na amostra, valores médios para os

Ângulos FMA, IMPA e FMIA, utilizados como meta para tratamento de seus

pacientes.

SCHUDY40 (1964) fez um estudo cefalométrico radiográfico com a

participação de 120 pacientes, em ambos os sexos, na faixa etária de 11 a 14

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18

anos, considerando um grupo de 60 pacientes com equilíbrio de proporções

faciais, e outro grupo composto por 60 pacientes subdivididos em retrognáticos

e prognáticos. O objetivo deste estudo foi verificar o relacionamento da Altura

Facial Posterior com a Altura Facial Anterior, registrando algumas mudanças

no crescimento na tentativa de determinar quais relacionamentos faciais são

básicos e mais importantes para o ortodontista, ilustrar o mecanismo de

crescimento dos maxilares, e mostrar como esses mecanismos produzem a má

oclusão. Afirmou ainda, que o Eixo “Y” de crescimento mostrou-se uma medida

inadequada para expressar tipo facial; variações nas dimensões verticais são

mais significantes na identificação de tipos faciais do que nas dimensões

ântero posteriores; o termo divergência facial foi introduzido, e os termos

Hiperdivergente e Hipodivergente sugerem os extremos da divergência facial (o

Ângulo SN-NP é a medida utilizada para mensurar a divergência facial).

VIGORITO49 (1974) propôs uma Análise que visa orientar o clínico no

planejamento do tratamento, bem como no diagnóstico e prognóstico

ortodôntico. A proposta desta análise teve origem em um estudo cefalométrico

radiográfico em 30 pacientes portadores de oclusão normal e perfil harmonioso,

de brasileiros leucodermas. Os resultados permitiram propor padrões médios

de normalidade das seguintes grandezas cefalométricas: GoM.VT (72º ); F.VT

(81º); A-VT (0,3 mm); 1-VT (0,6 mm); H.VT (0,5º). As medidas informariam a

melhor posição para os incisivos inferiores dentro do complexo esquelético

facial, para assim, serem obtidas as metas ortodônticas preconizadas pela

Análise.

JARABAK; FIZZELL21 (1975), com o objetivo de predizer as direções e

velocidade de crescimento da face, verificaram cefalometricamente os valores

médios obtidos de uma amostra de 200 indivíduos, com até cinco anos após o

tratamento ortodôntico. Este estudo revelou que predições em curto prazo,

pertinentes às direções de crescimento da face sofrem influências do

tratamento. As mudanças de crescimento que se processam após o período de

tratamento constituem a medida mais confiante da direção de crescimento que

um indivíduo normalmente teria antes do tratamento ter sido instituído. De

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19

acordo com os propósitos descritos, o crescimento crânio facial pode ser

dividido em três categorias de acordo com sua direção: no sentido horário,

direto para baixo e em sentido anti-horário. No crescimento em sentido horário,

a Altura Facial Posterior é curta em relação à Anterior. No crescimento em

sentido anti-horário, a Altura Posterior é aumentada em relação à Anterior.

Procurando estabelecer uma definição, o padrão em sentido horário significa

que a parte Anterior da face está crescendo para baixo e para frente ou para

baixo e para trás, numa velocidade maior que a Altura Posterior da face. Neste

tipo de crescimento, a proporção da Altura da face é: Altura Posterior/Altura

Anterior x 100 = 56% a 62%. O crescimento para baixo ocorre quando as

velocidades de crescimento das Alturas Anterior e Posterior da face são da

mesma magnitude. Neste tipo de crescimento, a proporção da Altura da face

corresponde de 62% a 65%. Em uma face que está crescendo em sentido anti-

horário, a Altura Facial Posterior e a Profundidade Facial estão crescendo para

baixo e para frente ou para baixo e para trás, com uma velocidade maior que a

parte anterior da face. Neste tipo de crescimento, a proporção da altura da face

corresponde de 65% a 80%.

RICKETTS et al.33 (1982) afirmaram que o tipo facial é um importante

fator na predição do crescimento e do planejamento ortodôntico. Afirmaram que

o primeiro passo a ser seguido durante a elaboração do diagnóstico de um

caso ortodôntico é a sua classificação. Para a determinação desses tipos, os

autores apresentaram três padrões esqueléticos faciais básicos: dolicofacial

(crescimento vertical), mesofacial (crescimento equilibrado) e braquifacial

(crescimento horizontal). Foram utilizadas cinco variáveis angulares de sua

análise cefalométrica para a determinação dos tipos faciais: (1) Eixo facial, (2)

Ângulo facial, (3) Plano mandibular, (4) Altura facial inferior e (5) Arco

mandibular. Os tipos faciais dos pacientes foram determinados pelo valor das

médias aritméticas dos desvios padrão encontrados para esses fatores - o

VERT (quantidade de crescimento vertical da face). Com isso, é possível,

baseado nos objetivos visuais do tratamento (VTO – Visual Treatment

Objectives), elaborar a previsão de crescimento facial e a planificação do

tratamento ortodôntico.

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FIELDS et al.18 (1984), realizando um estudo cefalométrico radiográfico,

dividiu uma amostra de 84 indivíduos em três grupos verticais (face longa,

normal e face curta) objetivando avaliar a morfologia facial em 42 crianças, de

6 a 12 anos de idade, de faces longas, normais e curtas, assim como em 42

adultos jovens de faces longas e normais, identificando os fatores morfológicos

associados com a avaliação clínica de pacientes portadores de faces longas e

normais. Observou-se que, tanto para as crianças quanto para os adultos, com

face longa; a altura facial total, o ângulo do plano mandibular, o ângulo goníaco

e o ângulo formado pelos planos mandibular e palatino foram significativamente

maiores que a norma. O estudo demonstrou que os padrões verticais em

crianças e adultos de faces longas e normais podem ser identificados

clinicamente e documentados morfologicamente.

SIRIWAT; JARABAK43 (1985), utilizando 500 cefalogramas laterais de

pacientes em pré-tratamento, com idade de 8 a 12 anos, estudaram as

associações entre morfologia facial e má oclusão. A análise cefalométrica foi

baseada principalmente em grandezas sugeridas por Jarabak & Fizzell (1975),

observando a existência de dimorfismo sexual em cada relacionamento.

Classificou-se a morfologia facial baseada em três distintos padrões definidos

pela razão da Altura Facial ou Quociente de Jarabak (FHR), isto é, a razão da

Altura Facial Posterior (S.Goc) pela Altura Facial Anterior (N-Me). Estes

padrões são os seguintes:

1. Padrão de crescimento Hiperdivergente, com FHR menor que 59% e

a rotação da face com crescimento para baixo e posterior. A Altura Facial

Anterior aumenta mais rapidamente do que a Altura Facial Posterior e o eixo

“Y” de Downs tende a abrir;

2. Padrão de crescimento neutro, com FHR de 59% a 63%, é o de maior

prevalência. A direção de crescimento é para baixo e para frente, com o eixo

“Y” de Downs mostrando aproximadamente o mesmo desenvolvimento anterior

e posterior, sem mudanças progressivas na maioria dos relacionamentos

angulares;

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3. Padrão de crescimento Hipodivergente, com crescimento horizontal

predominante e FHR maior que 63%.

Foi concluído que o Padrão Neutro foi dominante nas más oclusões de

Classe I e Classe II, divisão 1 de Angle; que o Padrão Hipodivergente foi

dominante nas más oclusões de Classe II, divisão 2 e Classe III; a maioria dos

pacientes do sexo feminino demonstrou um Padrão Neutro, enquanto a maioria

do sexo masculino demonstrou um Padrão Hipodivergente; foi encontrado

maior dimorfismo sexual nos padrões de Classe II, divisão 1 e Classe III. Os

pacientes do sexo masculino apresentaram maior tendência à prognatismo,

enquanto os do sexo feminino tenderam ao ortognatismo e retrognatismo e os

valores médios de todas as medidas lineares foram maiores nos pacientes do

sexo masculino do que nos do sexo feminino.

BISHARA; JAKOBSEN6 (1985) avaliaram, por meio de um estudo

longitudinal, uma amostra com 20 homens e 15 mulheres com oclusão normal

e relação esquelética adequada, com idades variando entre 5 a 25 anos de

idade. Dividiu em três grupos de acordo com os padrões faciais: longos,

medianos e curtos, baseados na proporção da Altura Facial Posterior sobre a

Altura Facial Anterior (S-Go/N-Me) no ângulo FMA e na avaliação clínica das

radiografias. A razão, segundo os autores, para o uso destes dois parâmetros

de avaliação do padrão facial foi que um parâmetro é determinado por meio de

pontos de referência anatômica (S-Go/N-Me) enquanto que o outro envolve

dois planos de orientação (FMA). Esta constatação assegurou que não há

influência, na disposição dos casos, quanto à classificação dos padrões faciais

seja por variação anatômica, ou por orientação inexata da cabeça. Utilizou os

cefalogramas dos adultos para identificar os padrões faciais pela apresentação

de características faciais mais pronunciadas na maturidade do que na infância.

Os resultados da pesquisa revelaram que 77% dos indivíduos mantiveram o

mesmo padrão facial dos 5 aos 25 anos de idade. Por outro lado, 23% dos

indivíduos apresentaram mudança em relação aos padrões faciais avaliados.

Foram classificados como borderline muitos desses casos, segundo os

autores, estando muito próximas em termos de característica a outros. Foi

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enfatizado pelos autores que indivíduos com discrepâncias mais severas (faces

anormalmente longas ou curtas), apresentam morfologia facial mais acentuada

facilitando a descrição do padrão.

ALBUQUERQUE (1988), tendo como base o valor médio de nove anos

de idade, determinou padrões de normalidade e desvios clínicos para crianças

com crescimento normal, na dentição mista. Foram estabelecidos valores

médios de mudança anuais decorrentes do crescimento, levando em conta a

idade do paciente, considerando os valores médios de mudanças pré-

estabelecidas por Ricketts, em 1982, propondo uma classificação: Dolicofacial

suave (menor ou igual a - 0,5), Dolicofacial médio (menor ou igual a – 1,0),

Dolicofacial severo (menor ou igual a – 2,0), Braquifacial suave (maior ou igual

a + 0,5), Braquifacial médio (maior ou igual a + 1,0), Braquifacial severo (maior

ou igual a + 2,0), Mesofacial (entre – 0,5 e + 0,5).

ALBUQUERQUE; VIGORITO1 (1990) avaliaram radiograficamente a

extensão das modificações ortodôntico/ortopédicas e suas influências no

padrão facial de pacientes portadores de má oclusão de Classe II, divisão 1,

tratados durante a fase de dentição mista, em 32 pacientes, em ambos os

sexos, leucodermas, entre 7 e 14 anos de idade. Foi concluído que, do início

ao término do tratamento, a mandíbula mostrou um padrão de crescimento

proporcional em suas relações crânio facial e que o perfil dos tecidos moles

beneficiou-se com o tratamento, uma vez que os lábios, em relação á linha E,

atingiram os padrões de normalidade, dentro da estética e equilíbrio muscular.

Afirmaram também não existir, estatisticamente, diferença significante quanto à

frequência dos tipos faciais ao início e término do tratamento.

PRETTY (1991) realizou um estudo cefalométrico em telerradiografias e

em ortopantomografias visando correlacionar as grandezas cefalométricas do

cefalograma padrão da FOB-USP utilizadas para determinação do padrão de

crescimento com a média do Ângulo Goníaco obtido na telerradiografia (GoT) e

ortopantomografia (GoO) e o ângulo da base mandibular em relação ao Plano

de Frankfort (FMAO). Foi utilizada uma amostra de 60 pacientes leucodermas,

com idades variando de 12 a 17 anos, com oclusão normal. Foi observado a

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existência de uma baixa correlação entre GoT e GoO, com as obtidas pelo

cefalograma da FOB-USP para determinar o padrão de crescimento, não

devendo ser utilizadas como indicadoras do padrão de crescimento, contudo,

FMAO pode ser empregado com alguma restrição para este fim.

RODRIGUES36 (1991) salientou a importância de haver uma

visualização conjunta das diferentes medidas craniométricas na análise

cefalométrica, relacionando-a ao padrão do paciente. Segundo o autor, são de

suma importância no plano de tratamento a ser executado, a confirmação do

tipo facial do indivíduo e o diagnóstico preciso de quais estruturas faciais

possam eventualmente estar em desarmonia com o referido tipo facial. Afirmou

ainda que a confrontação pura e simples das medidas cefalométricas de um

paciente com as médias estatísticas de grupos controle, sem considerar o

padrão facial do indivíduo, têm suas limitações no diagnóstico.

ZAHER et al.51 (1994) realizaram um estudo em 66 indivíduos com má

oclusão de Classe II, divisão 1 de Angle, tratados ortodonticamente sem

exodontias de dentes permanentes, usando-se aparelhos Edgewise e tração

extra oral com o objetivo de avaliar as mudanças ocorridas após os

tratamentos ortodônticos nos diferentes tipos faciais. Foram realizadas

radiografias cefalométricas laterais para cada indivíduo e avaliadas em três

fases distintas: pré-tratamento, pós-tratamento e após dois anos de contenção.

O estudo procurou avaliar se as mudanças pós-tratamento diferem nos três

padrões faciais: curto, médio e longo. Os pacientes foram divididos em três

grupos em relação ao tipo facial, e as medidas usadas para a determinação do

tipo facial foram: proporção entre a altura facial posterior e altura facial anterior;

inclinação do plano mandibular em relação à base do crânio; inclinação do

plano mandibular em relação ao plano de Frankfort. Após o tratamento, os três

tipos faciais não mostraram diferenças significantes. Os resultados permitiram

afirmar que os diferentes tipos faciais não requerem atenção especial com

respeito à fase de contenção embora os pacientes do sexo masculino tenham

apresentado maiores alterações tanto em medidas lineares quanto em altura

da face.

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SAITO37 (1995) realizou um estudo utilizando 50 telerradiografias de

indivíduos com má oclusão de Classe II, divisão 1, tratados com ortodontia

(aparelho fixo associado à ancoragem extra bucal) e ortopedia funcional dos

maxilares (Bionator de Balters). Foi utilizada uma telerradiografia ao início do

tratamento e uma ao final, totalizando 100 telerradiografias no estudo. O autor

se propôs a verificar se os métodos de Ricketts (Índice VERT) e de Siriwat &

Jarabak (Quociente de Proporcionalidade) são coincidentes quanto à

classificação dos tipos faciais; se após o tratamento houve migração de um

para outro tipo facial e nesse caso, se foram coincidentes ou não; e se o

método empregado de tratamento (ortodontia ou ortopedia) provoca alguma

influência no tipo facial ao final do tratamento. O autor obteve as seguintes

conclusões: a) a classificação do tipo facial, tanto no início, como no final do

tratamento, pelas análises de Siriwat & Jarabak e de Ricketts, apresentaram,

estatisticamente, tendência de concordância nos três tipos considerados, ou

seja, há uma tendência a ser classificado como dolicofacial segundo Ricketts

quando um paciente é classificado como “horário” segundo Siriwat & Jarabak.

Da mesma forma, o “anti-horário” relaciona-se com o braquifacial, e o “neutro”

como mesofacial; b) a proporção de migração de um nível para o outro, em

ambos os métodos, é similar. Os resultados indicaram não haver diferença

significativa na migração para os dois métodos; c) o tipo de tratamento

empregado (ortodontia ou ortopedia) não teve influência significativa em alterar

o tipo facial ao final do tratamento.

SCANAVINI; VIGORITO38 (2001), com o objetivo de avaliar

radiograficamente as possíveis correlações existentes entre as análises de

Ricketts e Siriwat & Jarabak nas definições dos tipos faciais, utilizaram 210

telerradiografias de pacientes jovens, não tratados ortodonticamente,

apresentando dentição permanente, portadores de más oclusões dentais,

leucodermas, em ambos os sexos, com idade mínima de 10 anos e 6 meses e

máxima de 16 anos. Foram divididas em sete grupos de acordo com os tipos

faciais propostos por Ricketts (1960), modificado por Albuquerque (1988):

Dolicofacial Suave, Médio e Severo, Mesofacial, Braquifacial Suave, Médio e

Severo. Em seguida o mesmo material foi redistribuído em três grupos de

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acordo com a Análise de Siriwat & Jarabak em Hiperdivergente, Neutro e

Hipodivergente. Dentre outras conclusões, afirmaram não haver equivalência

entre os métodos de determinação dos tipos faciais pela Análise de Ricketts e

de Siriwat & Jarabak. Cada Análise forneceu resultados diferentes, sendo

importante a avaliação criteriosa do profissional para o adequado diagnóstico.

MORESCA et al.25 (2002) compararam os tipos faciais em uma amostra

constituída de 32 pacientes portadores de Classe II divisão 1 de Angle,

Utilizando as análises de Ricketts (índice VERT) e Siriwat & Jarabak. A amostra

foi composta de 32 pacientes (24 do sexo feminino e oito do masculino) e idade

média de 10 anos e 3 meses. Foi encontrada uma distribuição dos tipos faciais

uniforme para a análise de Ricketts, enquanto na análise de Siriwat & Jarabak

houve um predomínio do tipo facial braquifacial ou hipodivergente. Os

resultados conduziram a uma ausência de correlação entre as classificações

do tipo facial proposto pelas análises empregadas.

POUBEL et al.27 (2004) avaliaram o inicio do surto de crescimento

puberal para os diferentes tipos faciais (braquifacial, mesofacial e dolicofacial),

usando uma amostra composta de jovens brasileiros, leucodermas com idade

média de 21 anos e 5 meses. Utilizando o teste “t”de Student, os resultados

obtidos revelaram não haver diferença estatisticamente significante, embora o

tipo dolicofacial apresentasse com uma ligeira precocidade em relação ao tipo

braquifacial para o sexo masculino, diferente do feminino.

YAMGUTO; URBANO; VASCONCELOS50 (2004) verificaram a

correlação existente entre os métodos de determinação do tipo facial,

preconizados por Ricketts e Siriwat & Jarabak, determinando a porcentegem de

pacientes dólico meso e braquifacial assim como neutros, hipodivegentes e

hiperdivergentes, numa amostra de 30 telerradiografias obtidas em norma

lateral, de jovens brasileiros entre 12 e 21 anos, em ambos os sexos,

portadores de má oclusão Classe I e II de Angle que procuraram tratamento

ortodôntico no curso de pós-graduação em ortodontia na UMESP. Foi

descoberta uma concordância relativa entre as classificações de Ricketts e

Siriwat & Jababak e foi verificada uma concordância de 66,67% entre as duas

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classificações, estatisticamente significante, porém de maneira moderada.

SILVA; RAMIRES41 (2008), por meio de uma amostra de 105 adultos,

leucodermas, 34 homens e 71 mulheres, com idade entre 20 e 40 anos,

compararam os achados cefalométricos com os antropométricos, além dos da

análise facial para a classificação do tipo da face, segundo o sexo. Os sujeitos,

pela análise de Ricketts, foram classificados com relação ao tipo da face em

dolicofacial, mesofacial e braquifacial. Os achados cefalométricos foram

comparados a sete medidas antropométricas faciais diretas, três índices e três

proporções faciais, e também comparados à classificação da face longa, média

ou curta realizada a partir da análise clínica por meio de perfil direito, realizada

por três fonoaudiólogos especialistas em motricidade orofacial. Todos os dados

obtidos passaram por análise estatística na qual foram utilizados: teste de

associação do qui-quadrado, ANOVA e análise da área sob a curva ROC. A

partir dos achados cefalométricos, o tipo facial mais frequente foi o braquifacial

(n=41: 39,1%), e, o menos frequente, o dolicofacial (n=27; 25,7%). A população

estudada foi em sua maioria, composta de mulheres (67,6%). Os tipos faciais

classificados por meio da cefalometria apresentaram diferença estatisticamente

significante para os valores médios de oito variáveis antropométricas do sexo

masculino (quatro medidas, dois índices e uma proporção facial) e seis do sexo

feminino (cinco medidas e uma proporção facial). Os índices e proporções

antropométricas faciais promoveram dados confiáveis para a determinação de

face longa em homens; e face curta em mulheres. A análise facial para

identificação do tipo facial realizada por meio de fotografias padronizadas não

foi considerada confiável se utilizada isoladamente, ao se comparar à

classificação do tipo de face obtido a partir da análise cefalométrica.

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2.1 Análise facial subjetiva e a Ortodontia

KLOCKE; NANDA; KAHL-NIEKE22 (2002), em um

estudo longitudinal cefalométrico, avaliaram as características do crescimento

em indivíduos até 12 anos de idade. A amostra foi dividida em dois grupos:

Grupo 1 - indivíduos não tratados com Classe II esquelética e ANB de pelo

menos 2,5º acima da norma preconizada (2º); Grupo 2 – indivíduos com

crescimento favorável (n = 13), com ANB perto da norma (2º). Os 2 grupos

apresentaram diferenças significativas no SNB e ANB. A relação sagital da

mandíbula melhorou no grupo com crescimento favorável. Uma rotação

posterior parece ocorrer precocemente em pacientes com Classe II

esquelética, podendo ser parte de um mecanismo adaptativo para compensar o

crescimento mandibular insuficiente.

CAPELOZZA FILHO11 (2004), em seu livro “Diagnóstico em Ortodontia”,

avaliou as características faciais propondo uma classificação das más oclusões

considerando o padrão de crescimento como fator etiológico primário. Define o

conceito do que é padrão, citando até o tratamento em cada um dos padrões

faciais. Em sua visão, são cinco os padrões faciais: Padrão I, Padrão II, Padrão

III, Padrão face longa e Padrão face curta.

CARDOSO et al.12 (2005) determinaram as características

cefalométricas dos indivíduos portadores de Padrão Face Longa em

comparação com indivíduos Padrão I. Para isto, foram selecionados 73

teleradiografias em norma lateral, sendo 34 Padrão face longa e 39 Padrão I,

sendo 22 do sexo feminino e 12 do masculino, adultos (com idade acima de 15

anos - média 22 anos e 2 meses). Os critérios da seleção da amostra

basearam-se na morfologia facial sem considerar relações oclusais e sagitais.

Todos os pacientes apresentaram indicação para tratamento ortodôntico

cirúrgico. Considerando o método adotado, concluíram que indivíduos Padrão

face longa caracterizaram-se pelo padrão de crescimento vertical e por um

aumento da altura facial ântero inferior resultado do aumento da altura facial

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total. As alterações cefalométricas são marcantes no pacientes Padrão face

longa, portanto facilmente diagnosticados.

REIS et al.28 (2005) avaliaram as características cefalométricas dos

pacientes Padrão I com objetivo de definir um padrão de referência,

considerando as médias e os desvios padrões. Para isto, a amostra foi

constituída por 30 pacientes, selecionadas por uma amostra composta por 100

brasileiros, adultos (com idade média de 23 anos e 7 meses - variando entre 18

e 36 anos), leucodermas, portadores de selamento labial passivo, em ambos

os sexos (50 sexo masculino e 50 do feminino). Os 30 indivíduos foram

selecionados por terem sido definidos como Padrão I. A avaliação foi feita pela

morfologia da face em telerradiografias laterais e em fotografias de perfil,

independentes das relações ocluais. Estes pacientes apresentaram perfil

levemente convexo, terços faciais proporcionais, linha queixo pescoço paralela

ao plano de Camper, sulco mento labial normal e projeção zigomática presente.

O presente estudo afirma ser necessária uma comparação com outras

amostras brasileiras portadores de discrepância, considerando a média e o

desvio padrão.

REIS et al.30 (2006) avaliaram a aplicação prática da Análise Facial

Subjetiva, estética e morfológica. Para isso, utilizou-se um grupo heterogêneo

de avaliadores (14 ortodontistas, 12 leigos e 7 artistas plásticos) que deram

nota ao perfil facial de 100 indivíduos (50 do sexo masculino e 50 do feminino),

classificando como esteticamente desagradáveis (notas 1, 2 e 3),

esteticamente aceitáveis (notas 4, 5 e 6) e esteticamente agradáveis (7, 8 e 9).

Foi possível concluir que 89% dos perfis foram esteticamente aceitáveis, 8%

desagradáveis e 3% agradáveis, sendo assim, a análise facial subjetiva é mais

um instrumento de diagnóstico, que tem sua importância aumentada por ser

um parâmetro pelo qual o paciente e as pessoas com as quais ele convive que

avaliarão os resultados do tratamento.

REIS et al.29 (2006) avaliaram as características numéricas do perfil

facial, comparando os resultados obtidos entre si e com os valores do Padrão I.

A amostra foi composta por 100, adultos, leucodermas, com selamento labial

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passivo, sendo 50 do sexo masculino e 50 do feminino, com idade média de 23

anos e 7 meses. As grandezas utilizadas para o estudo foram: Ângulo

Nasolabial (Cm.Sn.Ls); Ângulo do Sulco Mentolabial (Li.Lm.Pg’); Ângulo

Interlabial (Sn.Ls.Li.Lm); Ângulo de Convexidade Facial (G.Sn.Pg’); Ângulo de

Convexidade Facial Total (G.Pr.Pg’); Ângulo do Terço Inferior da Face

(Sn.Gn’.C); Proporção entre a Altura Facial Anterior Média e a Altura Facial

Anterior Inferior (AFAM/AFAI); Proporção do Terço Inferior da Face. Não foram

observadas diferenças estatísticas entre os grupos Padrão I, II e III nas

medidas obtidas para os ângulos nasolabial e do sulco mentolabial e a

proporção entre as alturas faciais média e inferior. O ângulo interlabial foi mais

obtuso no Padrão III. Esse Padrão também apresentou menor convexidade

facial e menor proporção do terço inferior da face. O ângulo do terço inferior da

face, que avalia a protrusão mandibular, foi mais obtuso no Padrão II.

ARAÚJO et al.4 (2008) se propuseram avaliar a correlação da anatomia

da base craniana com o tipo facial e com as bases apicais, abordando as

correlações das seguintes grandezas: comprimento da base anterior do crânio

(SN), ângulo formado pela base anterior do crânio e o plano de Frankfort

(SN.PoOr), a correlação da base do crânio (SN.Ba) com o índice indicativo do

tipo facial (VERT de Ricketts), correlação da deflexão da base do crânio

(SN.Ba) com as bases apicais, analisadas pelos ângulos SNA, SNB e ANB.

Foram utilizadas 88 telerradiografias de jovens brasileiros com média de idade

de 10,3 anos. Utilizou-se o índice VERT de Ricketts para a determinação do

tipo facial, distribuindo a amostra em: 37 para o grupo M (mesofaciais), 34 para

o grupo D (dolicofaciais) e 17 para o grupo B (braquifaciais). O VERT é obtido a

partir de cinco grandezas cefalométricas: (1) altura facial inferior; (2)

profundidade facial; (3) ângulo do eixo facial; (4) ângulo do plano mandibular e

(5) arco mandibular. Para determinar a anatomia da base craniana foram

traçadas as seguintes grandezas cefalométricas: ângulo SN.Ba que representa

a angulação da base craniana, ângulo SN.PoOr – formado pela intersecção da

linha SN com a linha PoOr, distância SN – medida linear da distância em

milímetros entre os pontos S (Sela) e Násio (N), a qual representa o

comprimento da base anterior do crânio. Para determinar as bases apicais

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foram traçadas as seguintes grandezas cefalométricas: ângulo SNB, ângulo

SNA e ângulo ANB. Quanto à correlação entre a anatomia da base craniana e

o tipo facial concluiu-se que o comprimento da base anterior do crânio (SN) e o

ângulo SN.PoOr não apresentaram correlação estatisticamente significante

com o índice indicativo do tipo facial. A deflexão da base do crânio (SN.Ba)

apresentou correlação positiva (quanto maior SN.Ba maior o VERT). Quanto à

correlação entre a anatomia da base craniana e as bases apicais constatou

que o comprimento da base anterior do crânio (SN) não apresentou correlação

estatisticamente significante com nenhuma das variáveis das bases apicais

estudadas, já os ângulos SN. PoOr e SN.Ba apresentaram correlação negativa

(quanto maior SN.PoOr e SN.Ba menor o SNA e SNB) com as variáveis SNA e

SNB, porém não apresentaram correlação com a variável ANB.

MORIHISA; MALTAGLIATI26 (2009) avaliaram duas análises faciais

utilizadas para o diagnóstico ortodôntico de forma subjetiva, verificando a

associação existente entre elas. Para isso, utilizou-se 208 fotografias faciais

padronizadas (104 laterais e 104 frontais) de 104 indivíduos escolhidos

aleatoriamente, as quais foram submetidas à avaliação de agradabilidade facial

por dois grupos distintos (ortodontistas e leigos) para classificar os indivíduos

em agradável, aceitável ou desagradável. Os indivíduos foram também

classificados quanto ao Padrão Facial por três examinadores calibrados,

utilizando-se apenas a vista lateral. Este estudo permitiu concluir que houve

associação fortemente positiva entre a agradabilidade facial e o Padrão Facial

para a norma lateral, porém não para a frontal, em que os indivíduos tenderam

a ser bem classificados, mesmo no Padrão II.

SILVA FILHO et al.42 (2009), em um estudo longitudinal, avaliaram as

alterações espontâneas ocorridas em crianças com má oclusão de Classe II,

divisão 1, Padrão II. Foram selecionadas 40 pacientes (20 do sexo masculino e

20 do feminino), não tratadas ortodonticamente, que foram acompanhados dos

6 aos 14 anos de idade. Foram avaliados os seguintes pontos cefalométricos:

SN.Ba, SNA, SNB, SND, SN.Pog, ANB, NAP, SN.PP, SN.GoGn, SN.Gn,

Ar.Go.Gn, 1.PP, 1.NA, 1.SN, IMPA e ANL. As seguintes grandezas alcançaram

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significância estatística com o crescimento: SNB, SND, SN.Pog, ANB, NAP,

SN.GoGn, SN.Gn, Ar.Go.Gn e IMPA. A avaliação desses pontos mostrou que

as maiores alterações foram na mandíbula, se deslocando para frente e

rotacionando no sentido anti-horário. As alterações ocorridas não corrigiram a

má oclusão de Classe II, demonstrando que o padrão facial se define

precocemente e não se auto corrige, confirmando o caráter genético na

construção da morfologia facial.

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PROPOSIÇÃO

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3 PROPOSIÇÃO

Esse estudo teve como objetivo avaliar a influência do padrão

esquelético sagital (Padrão I, II e III) na determinação do padrão esquelético

vertical da face (Tipo Facial), comparando os ângulos SN.Gn e SN.GoGn.

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MATERIAL E MÉTODOS

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4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Critérios Éticos da Pesquisa

Este trabalho foi encaminhado e aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade Metodista de São Paulo - UMESP, sob o protocolo

321276, preservando dessa forma os participantes e os pesquisadores de

quaisquer inconvenientes éticos e legais.

4.2 Características da Amostra

Trata-se de um estudo retrospectivo sobre telerradiografias e fotografias

obtidas em norma lateral direita de indivíduos brasileiros, leucodermas, com

idade média de 16 anos e sete meses (idade variando de 11 a 25 anos), com

diferentes más oclusões, sem histórico de tratamento ortodôntico prévio, sem

anomalias craniofaciais e sem assimetrias faciais importantes. A amostra foi

obtida do arquivo do Programa de Pós-Graduação em Odontologia, área de

concentração em Ortodontia, da Faculdade da Saúde da UMESP, de

indivíduos que procuraram tratamento ortodôntico de Março de 2000 até

Dezembro de 2010, totalizando um número aproximado de 1.600

documentações ortodônticas.

4.3 Metodologia

4.3.1 Seleção inicial subjetiva

Para obtenção das fotografias utilizou-se máquina fotográfica digital

Canon (EOS Digital Rebel XT, Mississauga, Ontário, Canadá), com lente macro

e zoom digital. As fotografias foram realizadas a uma distância de 1,5 metros

com regulagem da lente macro 1X da face do indivíduo. Todos os pacientes

foram orientados a ficar com a cabeça em posição natural (PNC) olhando para

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um espelho com um peso de um quilo em cada uma das mãos e com o

cefalostato posicionado nas olivas auriculares . Foi solicitado aos pacientes que

permanecessem com os dentes em máxima intercuspidação habitual (MIH) e

os lábios em repouso, como descrito por Broca 186210.

Foi avaliado, subjetivamente, por um único avaliador, previamente

calibrado, aluno do curso de Mestrado em Ortodontia (UMESP), fotografias de

perfil das documentações dos pacientes, separando em Padrão I, II e III,

baseado na análise facial morfológica subjetiva sugerida por Capelozza Filho11

(2004), porém, feita de forma simplificada. Segundo o mesmo autor11, a análise

de perfil é a mais adequada do que a análise facial frontal para a avaliação do

padrão esquelético sagital da face.

Essa primeira seleção subjetiva foi feita analisando algumas estruturas

importantes do perfil do paciente como: perfil reto, côncavo ou convexo; ângulo

nasolabial; proporcionalidade dos terços: superior, médio e inferior da face;

mento; sulco mentolabial; lábios e sua relação; linha queixo pescoço; ângulo de

linha queixo pescoço; linha de implantação do nariz, como ilustrado na figura

abaixo:

Figura 1 – Linhas e Ângulos avaliados de forma subjetiva.

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Após essa análise subjetiva, os indivíduos foram separados em três

grupos, onde no Padrão I foram locados indivíduos com perfil equilibrado, e, no

Padrão II e III, somente os indivíduos com características discrepantes (Figura

2), diminuindo, desta forma, a amostra para 74 indivíduos.

Figura 2 – Exemplos de pacientes selecionados para a amostra: (a) Padrão I;

(b) Padrão II; e, Padrão III.

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4.3.2 Obtenção das telerradiografias

As telerradiografias foram obtidas pelo mesmo operador, em um mesmo

equipamento de raios-x Villa Sistemi Medicali® (MR05, Buccinasco, Milano,

Itália), devidamente instalado e calibrado segundo laudo radiométrico utilizado

pela Instituição (UMESP), respeitando-se os cuidados necessários para a

realização de uma técnica radiográfica padronizada, adequada e segura para

todos os envolvidos na pesquisa.

Todos os indivíduos examinados foram devidamente protegidos contra a

radiação durante a realização das telerradiografias por meio do uso de avental

de borracha plumbífero.

Um cefalostato posicionou a cabeça dos indivíduos orientados para

permanecer com os dentes em oclusão (MIH) e com lábios em repouso durante

a realização da radiografia. A distância entre o foco-filme foi de 152,4 cm.

Para a obtenção de todas as telerradiografias foi utilizado o filme Kodak®

(T-Mat G/RA Film, Rochester, Nova Iorque, Estados Unidos da América) de

tamanho 20,3 x 25,4 cm (8” x 10”), montados em Chassi com ecran Kodak

Lanex® (Lamex Regular, Rochester, Nova Iorque, Estados Unidos da América)

recomendado pelo fabricante.

O processamento (revelação) das radiografias da amostra foi realizado

pelo método tempo/temperatura, em uma processadora automática

(Runzamatic, Rio Bonito, São Paulo, Brasil).

4.3.3 Digitalização das imagens

As telerradiografias foram digitalizadas com o objetivo de se realizar as

análises cefalométricas por meio de um escâner marca UMAX (Power Look

1000, Dallas, Texas, Estados Unidos da América), equipado com leitor para

transparências da mesma marca. As imagens foram digitalizadas em uma

resolução de 150 dpi em uma escala de tamanho da imagem de 100%, e

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calibrado para 256 tons de cinza, no formato TIFF. Posteriormente as imagens

foram importadas para um programa utilizado para a obtenção e realização dos

traçados cefalométricos – cefalometria computadorizada.

O software utilizado no estudo foi o Radiocef® – (Radiocef Studio 1.0

release 14®, Radio Memory Ltda., Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil),

executado no sistema operacional Windows® (Windows XP Professional SP2,

Microsoft Corporation, Redmond, Washington, Estados Unidos da América). Os

pontos foram localizados por meio do programa Radiocef®. A identificação

destes pontos de referência baseou-se nas definições clássicas disponíveis na

literatura (MIYASHITA24, 1996).

4.3.4 Cefalometria

4.3.4.1 Pontos cefalométricos utilizados

Os pontos cefalométricos foram escolhidos de acordo com as medidas

angulares estudadas, como mostra a figura 3.

A (subespinhal): localiza-se, inferiormente à espinha nasal anterior e

superiormente à cervical dos incisivos superiores na região mais profunda da

concavidade do contorno anterior da maxila.

S (sela): centro da sela turca - pode ser definido como o ponto médio da

concavidade óssea da sela turca.

N (násio): ponto mais anterior na linha de união do osso frontal com os

ossos próprios do nariz.

B (supramentoniano): ponto mais profundo da concavidade anterior da

mandíbula.