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1 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA PÓS - GRADUAÇÃO LATO SENSO ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR A INFLUÊNCIA DAS RELAÇÕES ENTRE PROFESSOR – ALUNO NO PROCESSO DE ENSINO – APRENDIZAGEM Jucilene Pereira de Lima Farias Brasília, 2014

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  • 1

    UNIVERSIDADE CNDIDO MENDES

    AVM FACULDADE INTEGRADA PS - GRADUAO LATO SENSO

    ESPECIALIZAO EM ADMINISTRAO ESCOLAR

    A INFLUNCIA DAS RELAES ENTRE PROFESSOR ALUNO NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

    Jucilene Pereira de Lima Farias

    Braslia, 2014

  • 2

    Jucilene Pereira de Lima Farias

    A INFLUNCIA DAS RELAES ENTRE PROFESSOR ALUNO NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

    Monografia apresentada a Universidade Cndido Mendes AVM Faculdade Integrada, como requisito parcial para obteno do ttulo de Especialista em Administrao Escolar. Professor orientador: Prof. Dr. Vilson Srgio de Carvalho

    Braslia, 2014

  • 3

    Jucilene Pereira de Lima Farias

    A Influncia das Relaes entre Professor Aluno no Processo de Ensino Aprendizagem

    Monografia apresentada a Universidade Cndido Mendes AVM Faculdade Integrada, como requisito parcial para obteno do ttulo de Especialista em Administrao Escolar. Professor orientador: Prof. Dr. Vilson Srgio de Carvalho

    Aprovado pelos membros da banca examinadora em _____/_____/____, com

    meno ______ (_________________________).

    Banca Examinadora

    _____________________________________________

    _____________________________________________

  • 4

    AGRADECIMENTO

    Agradeo a Deus e a Virgem Maria, por todas as graas

    e bnos em minha vida; minha filha Sofia e meu filho

    Eitor, por serem a razo dos meus sonhos, ao meu

    esposo Joo por sua presena e incentivo e a minhas

    irms e amigas que sempre me incentivaram a vencer os

    obstculos com amor e dedicao.

    Infinitamente, obrigada!

  • 5

    DEDICATRIA

    Dedico a todos os professores e alunos que constroem

    nas relaes de sala de aula um espao de interao e

    respeito.

  • 6

    [...] quem forma se forma e re-forma ao formar e quem

    formado forma-se e forma ao ser formado. neste

    sentido que ensinar no transferir conhecimentos,

    contedos, nem formar ao pela qual um sujeito

    criador d forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e

    acomodado. No h docncia sem discncia, as duas se

    explicam e seus sujeitos apesar das diferenas que os

    conotam, no se reduzem condio de objeto, um do

    outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende

    ensina ao aprender (PAULO FREIRE, 1996, p.2).

    RESUMO

    O presente trabalho tem como principal objetivo estudar as influncias que as

    relaes construdas em sala de aula entre professor e aluno e como influenciam no

    processo de ensino e aprendizagem. Tendo como base o estudo bibliogrfico de

    grandes autores precursores do tema. A concluso inicial leva-nos a constatar que

    dependendo da relao construda pode ser instaurados sucessos e fracassos no

  • 7

    processo ensino-aprendizagem, nesse contexto; o administrador escolar tem grande

    importncia como mediadores nos conflitos que podem surgir em sala de aula,

    principalmente se forem influenciados por representaes scio culturais. Da a

    importncia do tema, pois, tendo conhecimento do poder dessa relao, possvel a

    transformao de tais relaes e o professor ter condies de reverter o fracasso e

    promover o sucesso de seus alunos e certamente do trabalho docente.

    Palavras chaves: Professor Aluno Relaes Ensino Aprendizagem.

    Abstract

    The present work has as main objective to study the influences that built

    relationships in the classroom between teacher and student and how they influence

    in the process of teaching and learning. Based on the bibliographical study of great

    authors forerunners of theme. The initial conclusion leads us to conclude that

    depending on the relationship built can be instituted successes and failures in the

    teaching-learning process in this context; the school administrator has great

    importance as mediators in conflicts that can arise in the classroom, especially if they

  • 8

    are influenced by social and cultural representations. Hence the importance of the

    subject, because, having knowledge of the power of this relationship, it is possible

    the transformation of such relationships and the teacher will be able to reverse the

    failure and promote the success of its students and faculty will work.

    Key words: Teacher - Student - relations Teaching Learning.

    METODOLOGIA

    A pesquisa ter como base o estudo bibliogrfico tipo qualitativo, com referenciais

    tericos, no que se refere ao professor e ao aluno como sujeitos individuais e

    sociais, culturais e histricos. Tambm ser preciso, a compreenso da base das

    relaes como, emoes, afetos, desafetos, empatia e apatia. Para compreenso do

    sucesso e do fracasso no ensino aprendizagem essencial fundamentao terica

    desse processo incluindo as influencias da instituio escolar e o administrador

  • 9

    escolar, por isso buscaremos referencial terico nos estudos de Trigo, Tacca,

    Mosquera, Gonzaga e outros contemporneos.

    O estudo ser desenvolvido por meio da pesquisa bibliogrfica de carter terico

    qualitativo. Embasados teoricamente, teremos subsdios para uma analise das

    relaes e concluso dos estudos.

    Sumrio

    INTRODUO .......................................................................................................... 11

    CAPTULO I

    FUNDAMENTOS DAS RELAES EM SALA DE AULA ....................................... 14

    1.1 Reflexes a respeito do processo ensino-aprendizagem .............................. 18

  • 10

    CAPTULO II

    OBSERVAES A RESPEITO DO PROFESSOR E DO ALUNO ........................... 19

    2.1 O Ser humano professor .................................................................................. 20

    2.2 O Ser humano aluno ......................................................................................... 21

    CAPTULO III

    AS EXPECTATIVAS PROFESSOR-ALUNO NA DINMICA INSTITUCIONAL ..... 24

    3.1 O diretor escolar sujeito oculto no processo de ensino-aprendizagem ... 26

    3.2 Os reflexos das representaes na relao professor-aluno no processo de ensino-aprendizagem ............................................................................................. 30

    CONSIDERAES FINAIS ..................................................................................... 37

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ......................................................................... 40

    INTRODUO

    O presente estudo sobre A influncia das relaes entre professor e aluno no

    processo de ensino aprendizagem; busca uma compreenso das relaes

    estabelecidas entre o professor e o aluno no processo de ensino aprendizagem em

    sala de aula e como as representaes construdas nessas relaes podem

    influenciar em cada sujeito envolvido.

  • 11

    A questo central parte da reflexo: pode o professor e o aluno conviver em

    sala de aula sem construrem uma relao de afeto ou desafeto? E ainda, a relao

    construda entre esses sujeitos pode influenciar nas aes e interesses um do outro

    no processo ensino aprendizagem?

    No Captulo I, buscamos fundamentar as relaes em sala de aula com

    algumas reflexes a respeito do ensino e aprendizagem, apresentando assim a

    importncia do tema, pois, qualquer tipo de educao envolve relaes e relacionar-

    se no apenas estarmos presentes no mesmo ambiente e sim convivermos,

    interagirmos, compartilharmos, ou seja, influenciar e ser influenciado por meio de

    interaes objetivas e subjetivas. A sala de aula o espao escolar mais propenso

    construo de relaes, pois, envolve a complexidade do sujeito professor e do

    sujeito aluno, que certamente j trazem para sala de aula, uma imagem pr-

    construda um do outro.

    Diante da complexidade dos sujeitos envolvidos no processo ensino

    aprendizagem percebemos a importncia de uma fundamentao em estudos

    bibliogrficos, para conhecimento e analise dos processos de construo do sujeito

    professor e do sujeito aluno, relacionando a viso que cada um traz do outro. Assim

    apresentamos no Captulo II, algumas observaes a respeito do professor e do

    aluno, pois de acordo com Abreu e Masetto, apud Aquino (1996, p. 22), que

    consideram essa relao base do processo educativo, acreditamos que

    dependendo do rumo dessa relao poder sucesso ou fracasso dos sujeitos

    envolvidos.

    Esse estudo contagia e envolve-nos na pesquisa, pois parte do conhecimento

    prvio de que de que em qualquer relao humana estabelecida h o envolvimento

    por meio do afeto e das emoes e principalmente da compreenso do processo

    social, histrico e cultural que formam e transformam as pessoas.

    Nosso principal objetivo investigar se a representao que o aluno faz do

    professor e o professor faz do aluno, influncia nas aes desses sujeitos

    contribuindo no sucesso ou no fracasso do processo de ensino - aprendizagem em

    que esto inseridos. Com isso o estudo tem como objetivo especfico contribuir na

    qualidade do ensinar e do aprender e colaborar tanto com o professor como com o

  • 12

    aluno para que percebam quando e como seus sentimentos e emoes no ambiente

    de sala de aula esto contribuindo ou no no seu desempenho no ensino e na

    aprendizagem. Ainda desenvolver uma prtica educativa prazerosa e cheia de

    sucesso para esses sujeitos envolvidos.

    Partindo da certeza de que em todos os momentos da nossa vida comum

    sermos protagonistas de situaes inusitadas que no se limitam ao nosso controle

    ou compreenso; desempenhamos diversos papis complementares ou

    contraditrios, mas que so base de vrias relaes como; pais e filhos, mdicos e

    pacientes, esposo e esposa, colegas de trabalho e so claro, professores e alunos.

    Em cada situao em que essas relaes acontecem h a interao de valores,

    sentimentos, comportamentos que diferencia e torna cada um nico. A interao

    dessas diferenas torna as relaes mais complexas e subjetivas, pois as

    representaes construdas nessas relaes esto sujeitos interferncias afetivas e

    sociais. A relao professor aluno, assim como qualquer outra, no se estabelece

    por acaso e nem est centrada em si e isolada da sociedade. antes de tudo uma

    relao historicamente constituda. Com isso, apresentamos no Captulo III, algumas

    expectativas da relao professor aluno na dinmica da instituio escolar,

    analisando tambm o diretor escolar como sujeito oculto nesse processo ensino

    aprendizagem.

    O estudo ter como base a pesquisa bibliogrfica de carter terico qualitativo

    sobre o tema, fundamentando de onde vem base dessas relaes? Que espao

    esse que gera sucesso e fracasso? Qual a influencia das relaes construdas no

    contexto escolar? Com base nesses e em outras perguntas, faremos o estudo do

    que acontece na sala de aula e como acontece analisando um espao anterior a ela,

    ou seja, a prpria sociedade. Acreditamos que o que acontece dentro de uma sala

    de aula ilustra um contexto histrico social, por isso se h algo nessa relao que

    influencie no sucesso ou no fracasso, no se originou ali.

    Acreditamos ento que com a pesquisa teremos ao final a resposta a nossa

    questo central e assim nossos objetivos alcanados.

  • 13

    CAPTULO I

    FUNDAMENTOS DAS RELAES EM SALA DA AULA

    Em todos os momentos da nossa vida comum sermos protagonistas de

    situaes inusitadas que no se limitam ao nosso controle ou compreenso. Durante

    a vida o ser humano desempenha diversos papis complementares ou

  • 14

    contraditrios, mas que so base de vrias relaes como; pais e filhos, mdicos e

    pacientes, esposo e esposa, colegas de trabalho e so claro, professores e alunos.

    Em cada situao em que essas relaes acontecem h a interao de valores,

    sentimentos, comportamentos que diferencia e torna cada um nico. A interao

    dessas diferenas torna as relaes mais complexas e subjetivas, pois as

    representaes construdas nessas relaes esto sujeitos interferncias afetivas e

    sociais.

    A escola cada vez mais se torna ncleo observao e construo da

    representao individual e do outro como ser humano e essas representaes

    construdas na escola por meio das relaes poder ser benfica ou no. A sala de

    aula pode ser considerada um palco onde podemos observar a construo da

    representao que cada personagem, nesse caso professor e aluno constroem de si

    e do e do outro e tambm a influencia que essas representaes exercem na

    relao entre eles. Durante toda histria da educao, professor e aluno sofreram

    grandes transformaes na estrutura de sua atuao em sala. Desde o poder

    absoluto conferido ao professor e a submisso social e intelectual do aluno, at

    chegarmos ao sujeito mediador do processo de construo do conhecimento de um

    aluno visto como um sujeito que contribui e participa ativamente.

    Questes ligadas relao professor e aluno so discutidas por vrios

    tericos que, em pocas diferentes da histria da educao que destacaram

    peculiaridades, muito significativas, detalhes que podem possibilitar uma viso mais

    especfica de como ela se estabelece. Dentre os diversos tericos que discutiram a

    dinmica da relao professor e aluno no que se refere ao sentido e significado nos

    processos de aprendizagem, temos Tacca, (2005) que afirma:

    Essas conceituaes e compreenses relativas aos sentidos e aos

    significados so muito pertinentes, esclarecedoras e enriquecedoras para a

    anlise dos processos de ensino-aprendizagem na escola (...). Assim, os

    contedos so objetivados e o aluno percebido objetivamente apenas como

    sendo um aluno a mais, ou como ocupante de um espao delimitado na

    sala de aula. As questes relativas ao modo como o aluno participa das

    atividades e constri significados a partir dos contedos culturalmente

    construdos, bem como a verificao de quais sentidos pessoais esto

  • 15

    emergindo na situao de ensino, ficam margem das preocupaes e,

    portanto, do prprio ensino. (TACCA, 2005, p. 234)

    Para a questo da prtica profissional, do desenvolvimento dos papis

    docentes, Tardif (2002), prope uma epistemologia da prtica de ensino profissional,

    como o estudo do conjunto dos saberes utilizado realmente pelos profissionais em

    seu espao de trabalho cotidiano, para desempenhar todas as suas tarefas (p.255).

    Tardif (2002), ainda d ao termo saber um sentido que engloba os conhecimentos,

    as competncias, as habilidades e as atitudes, isto , aquilo que muitas vezes foi

    chamado de saber/fazer e saber/ser. Para esse autor, a epistemologia da prtica

    profissional visa compreender a natureza desses saberes, assim como o papel que

    desempenham tanto no processo de trabalho docente quanto em relao

    identidade profissional dos professores.

    De acordo com Gimeno (2000), o professor alm de contribuir para a

    configurao do autoconceito geral da criana, vai determinar o desenvolvimento de

    um de seus aspectos especficos, o autoconceito acadmico, referindo-se s

    caractersticas e capacidades que o aluno acha que possui, em relao ao trabalho

    acadmico e ao rendimento escolar. O professor com um elevado sentimento de

    eficcia, segurana em suas execues e pouca ansiedade, fomenta nos alunos o

    desenvolvimento de percepes positivo a respeito deles mesmo e de seus colegas,

    incrementando a qualidade da interao em aula. Tanto as relaes que mantm

    com as crianas, como os modelos gerais de atuao que apresenta em aula,

    possuem um impacto positivo no xito acadmico e no autoconceito dos alunos. Os

    vnculos estabelecidos na relao com a criana so aes de ordem emocional,

    pois a emoo a promotora da formao de alguns espaos sociais, como a

    escola, em que a aprendizagem se estabelece por uma emoo na conquista do

    conhecimento.

    Conforme Almeida (1999), (...) as emoes revelam-se como o elo entre o

    indivduo e o ambiente concreto como tambm o indivduo e outros indivduos. So

    as emoes que possibilitam aos indivduos se agregarem em uma forma primitiva

    de comunho e comunidade. As mudanas por elas estabelecidas diminuem os

  • 16

    seus meios de expresso, os transformando em formas sociais cada vez mais

    especializadas (Wallon, apud Kohl, 1999).

    Gonzlez Rey (2003) diz que a emoo evidencia o estado do sujeito

    mediante a ao, ou melhor, as emoes e as aes no se separam. Por meio das

    aes o sujeito se relaciona com o social, participando do cenrio cultural. Por isso,

    a emoo est presente em qualquer atividade que o sujeito realize.

    Maturana (2000) reafirma essa ideia ao dizer que toda ao humana est

    ligada a uma emoo que possibilita o ato. Ele conclui, ento que no a razo que

    promove a ao, mas a emoo. Enfim, o vnculo emocional o agente

    determinante da vida social do sujeito, estimulando-o a se aproximar do outro e a

    iniciar uma relao, ou qualquer outra ao que realize. Esse papel da emoo

    garante criana sua participao no espao social e no desenvolvimento da cultura

    e da educao. O referencial histrico/cultural representa uma nova maneira de

    entender a relao entre sujeito e objeto no processo de construo do

    conhecimento. Na concepo de Vygotsky, apud Kohl (1999), o indivduo constri

    conhecimentos a partir de relaes intra e interpessoais. na troca com os outros

    indivduos e consigo prprio que se vo internalizando conhecimentos, papis e

    funes sociais, o que permite a constituio de conhecimentos e da prpria

    conscincia. Trata-se de um processo que caminha do plano social relaes

    interpessoais para o plano individual interno relaes intrapessoais.

    Vygotsky apud Kohl (1999) argumenta que as crianas no conseguem

    escapar das suposies preconceituosas que a sociedade de classes lhes transmite,

    as quais, modelando suas atitudes e comportamentos, acabam por perpetuar a

    discriminao e a injustia social. Ora, a produo e reproduo do sistema de

    valores em nosso contexto social no se perpetuam automaticamente; portanto, a

    questo da educao no pode ser encarada de maneira ingnua. Assim a tarefa da

    educao agir no sentido de superar ou transcender positivamente o processo de

    alienao a que o homem submetido cotidianamente no campo de suas relaes

    sociais, afetivas, culturais e econmicas.

  • 17

    Diante do grande numero de estudos a respeito da relao professor aluno,

    percebemos a complexidade dos aspectos que constroem e influenciam nessa

    relao polemica e dinmica.

    A relao professor aluno, assim como qualquer outra, no se estabelece por

    acaso e nem est centrada em si e isolada da sociedade. antes de tudo uma

    relao historicamente constituda.

    A escola tem papel fundamental na construo do conhecimento, pois a

    instituio social responsvel sistematizao do saber e de sua socializao.

    Segundo Trigo, 1986, escola pode construir relacionamentos humanos

    profundos, interacionais e permanentes envolvendo os sujeitos em todas as suas

    potencialidades. Sendo assim dentro dela criam-se laos afetivos e at mesmo

    relaes desarmoniosas entre professor e aluno e entre outros sujeitos.

    O professor e o aluno so os sujeitos sociais que convivem diretamente, por

    isso para compreenso desses sujeitos e dos aspectos que os envolve segundo

    Kohl, Piaget diz que afirmar que o homem um ser social ainda no significa optar

    por uma teoria que explique como este ser social interfere no desenvolvimento e nas

    capacidades da inteligncia humana.

    Ento de onde vem base dessas relaes? Que espao esse que gera

    sucesso e fracasso? Qual a influencia das relaes construdas no contexto escolar?

    O ser social, dos indivduos envolvidos influenciam e so influenciados pela

    sociedade? Com base nesses e em outras perguntas, faremos o estudo do que

    acontece na sala de aula e como acontece analisando um espao anterior a ela, ou

    seja, a prpria sociedade. Acreditamos que o que acontece dentro de uma sala de

    aula ilustra um contexto histrico social, por isso se h algo nessa relao que

    influencie no sucesso ou no fracasso, no se originou ali.

    1.1 Reflexes a respeito do Ensino e da Aprendizagem

    O processo ensino aprendizagem ocorre nas relaes professor aluno,

    aluno professor e aluno - aluno; assim como esses sujeitos, o ensino e a

  • 18

    aprendizagem no acontecem isoladamente e nem da mesma forma em diferentes

    tempos e ambientes.

    As relaes dentro da sala de aula ocorrem de acordo com as expectativas

    que os sujeitos envolvidos possuem do ensino e da aprendizagem. Comecemos por

    entender o que ensinar e o que aprender, porm esses conceitos no so to

    simples, pois nos levam a compreenso das diferentes pocas que se

    desenvolveram como tambm compreender sua mudana no decorrer da histria, o

    que nos leva mais uma vez ao questionamento de que homem pretendeu formar.

    Pois, o ensino e a aprendizagem esto diretamente relacionados aos sujeitos do

    processo de ensino-aprendizagem que so professor e aluno.

    O processo de ensino-aprendizagem tem sido historicamente caracterizado

    de formas diferentes que vo desde a representao do professor como transmissor

    de conhecimento, at as concepes atuais que concebem o processo de ensino-

    aprendizagem com um todo integrado que destaca o papel do educando.

    Lembrando o que est na LDB. 9394/96 TTULO I, ART. 1 que afirma que a

    aprendizagem ocorre em todo momento e em qualquer lugar, podemos entender

    que o ensino ocorre da mesma forma, logo ensino e aprendizagem ocorrem em

    processo de formao e desenvolvimento dos sujeitos.

    CAPTULO II

    OBSERVAES A RESPEITO DO PROFESSOR E DO ALUNO

  • 19

    A educao um dos instrumentos sociais mais discutidos na histria e ser

    interpretada como vil ou herona, de acordo com o contexto histrico, todos os

    pensamentos e atitudes dos envolvidos no processo educativo parecem estar certos.

    Durante seu percurso histrico, a educao teve o processo de ensinar e aprender

    organizada e baseada na relao professor aluno, sistematizando contedos e a

    forma de ensinar num nico padro. A escola uma instituio social que tem sua

    prtica determinada por sua funcionalidade. Quanto mais complexa e avanada for

    sociedade que a escola serve, tanto maiores sero as exigncias impostas

    escola. (Sandstrom, 1973).

    Uma vez que a educao visa formao do homem, se faz necessrio ter

    objetivos claros e coerentes, alm disso, lidar com a educao tambm significa lidar

    com os valores sociais numa relao dialtica, pois o tipo de homem a ser formado

    atender as concepes e valores de quem estiver envolvido no processo educativo

    consequentemente da sociedade que a legitima.

    Para compreender a dinmica educacional como todo importante conhecer

    as peculiaridades de seus componentes, destacando suas funes, compreendendo

    suas atitudes, percebendo as relaes existentes entre as partes, ressaltando os

    benefcios e prejuzos que essa relao pode trazer para os sujeitos envolvidos.

    Cabe-nos ento questionarmos sobre quem esse professor e que

    influncias esse sujeito histrico social pode ter sobre as relaes construdas em

    sala de aula e no processo ensino aprendizagem. Da mesma forma quem esse

    aluno, sujeito igualmente histrico social, quais suas expectativas em relao ao

    professor, como ele influencia e como influenciado nas relaes complexas do

    ambiente escolar. Com isso, buscaremos ento entender como as relaes entre

    esses sujeitos podem influenciar no processo ensino aprendizagem.

    2.1. O professor: um ser humano

    Antes de ser um professor, o sujeito que ocupa essa funo social uma

    pessoa que tem um passado histrico que no se mede apenas por um relato

  • 20

    subjetivo, mas principalmente nas experincias vivenciadas e construdas em suas

    aes. Um sujeito que desenvolveu habilidades e competncias durante a sua vida

    social e acadmica que influenciaram na estrutura de sua base profissional.

    Mosquera (1996) destaca algumas habilidades bsicas para ser um professor,

    como comunicao adequada, conhecimento de sua personalidade, conhecimento

    de sua rea de ensino, bom nvel afetivo e social, bem como objetivos e metas

    alcanveis e disposio para trabalhar; pois a profisso professor exige dedicao

    e energia.

    Aquino (1996), tambm destaca outras caractersticas do professor:

    esforado, atualizado, srio, mas nunca intransigente. Deve evitar a distancia

    excessiva do aluno, ser companheiro, amigo, alm de apresentar um domnio

    profundo o seu campo de conhecimento, bem como das tcnicas de transmitir

    contedos.

    Segundo Filho, apud, Coll e Sol (1997) o professor possui valores, atitudes

    e comportamentos que adquiriu fora da escola, nesse contexto, conhecimento

    aquilo que ele construiu ao longo de sua vida que d a ele a habilidade de trabalhar

    sobre o provvel e o possvel e interagir com o outro simbolizado, inclusive por meio

    da palavra escrita. Sendo assim, podemos afirmar que conhecimento o que foi

    construdo ao longo de sua vida. O professor possui valores e atitudes e

    comportamentos adquiridos fora da escola, sua prpria formao profissional servir

    de base para sua postura profissional em sala de aula. A qualidade e a profundidade

    da formao do professor certamente influenciaro na sua prtica pedaggica.

    Lindgren (1971) aponta trs categorias dos papis desempenhados pelo

    professor na instituio escolar; a primeira se refere aos papis educativos e

    administrativos, que envolve vrias funes secundrias conde o professor atua

    como instrutor, modelo representante da sociedade, administrador da sala de aula e

    interprete para o pblico. J na segunda categoria encontram-se os papis

    psicologicamente orientados do professor incluem os de psiclogo educacional,

    artista em relaes humanas, organizador de grupos, agente catalizador e promotor

    de higiene mental. E ainda uma terceira categoria de papis que esto ao auto

    conceito dos professores, como a funo de assistente social e smbolo paterno.

  • 21

    Apesar de secundrios muitos professores aceitam esses papis, pois claramente

    uma parte da funo do professor.

    Segundo Mosquera, apud Coll e Sol (1997), acima de qualquer tipo de

    papel a ser atribudo ao mestre, temos inicialmente o de mediador da aprendizagem,

    j que pode influir no ambiente de diferentes maneiras. Coll e Sol (1997),

    compartilham desse pensamento de Mosquera e defendem que (...) o verdadeiro

    papel do professor consiste em agir como intermedirio entre os contedos da

    aprendizagem e a atividade construtiva que os alunos exercitam para assimil-los.

    O sujeito professor apresenta-se ao longo da histria como o responsvel

    direto do processor de ensino, muitas vezes visto de forma desarticulada da

    aprendizagem.

    2.2. O aluno: sujeito da aprendizagem

    O aluno assim como o professor, um ser constitudo historicamente e que

    tambm responde de um lugar determinado socialmente; as representaes do

    aluno tambm esto entrelaadas a um determinado momento histrico social.

    A representao desse sujeito o aluno, est na maneira de pensar o tipo de

    homem que se quer formar. Segundo Libnio (1994) na pedagogia tradicional a

    aprendizagem conduzida de forma mecnica, associativa, no mobilizando a

    atividade mental, a reflexo e o pensamento independente e criativo dos alunos

    (LIBNEO, 1994, p.61), ou seja, esta se apresenta como uma proposta de formao

    baseada em atitudes receptivas, em que o papel do aluno se restringe a ouvir

    atentamente o que transmitido pelo professor e em silncio, pois se acredita que

    assim os alunos teriam condies de reter a matria ensinada pelo professor.

    Com o capitalismo Martins (2008) afirma que a ordem social era a formar

    trabalhadores, ou seja, profissionalizar para instrumentalizar o mercado de trabalho;

    uma sociedade comum pela disseminao de determinados contedos

    previamente selecionados e impostos a todos passa a ser entendida como

    espao de manipulao dos meios mais adequados para transmitir, socializar

  • 22

    aquilo que necessrio para a formao do homem adequado unificao

    da sociedade desejada (MARTINS, 2008).

    Entende-se que nessa perspectiva de educao a postura do aluno a de

    mero espectador, que assimila os conhecimentos de maneira disciplinada, repetitiva,

    reproduzindo o que lhe repassado. O ensino e a aprendizagem necessria era a

    que o mercado de trabalho necessitava e oferecia.

    Atualmente, envolvidos pelos estudos de tericos como Piaget com o

    construtivismo em Vygotsky com o scio interacionismo, temos uma educao

    voltada para o exerccio da cidadania, onde o aluno tido como um sujeito ativo na

    sua aprendizagem, que possui uma histria e participa socialmente da mesma.

    Evidencia-se que nesse momento a educao e a formao do aluno se

    caracterizam de modo igual para todos, j que advoga um princpio de que a

    educao direito de todos e dever do Estado (SAVIANI, 2008).

    A Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDB 9394/96) em seu art.

    2 destaca que;

    [...] a educao dever da famlia e do Estado, inspirada nos princpios de

    liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno

    desenvolvimento do educando, seu preparo para o exerccio da cidadania e

    sua qualificao para o trabalho. (LDB. 9394/96 TTULO II, ART. 2)

    Temos ento destacado o fato de que o aluno na atualidade no um ser

    passivo. Preparar o aluno para o exerccio da cidadania e qualificao para o

    trabalho, colocando esse sujeito como um cidado de direitos que vo desde a

    expresso de suas ideias como ter possibilidades de desenvolvimento de forma que

    amplie seu conhecimento; afirmando assim o que diz na LDB 9393/96 art. 1;

    A educao abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida

    familiar, na convivncia humana, no trabalho, nas instituies de ensino e

    pesquisa, nos movimentos sociais e organizaes da sociedade civil e nas

    manifestaes culturais. (LDB. 9394/96 TTULO I, ART. 1)

  • 23

    Lindigren (1971), afirma que, os professores e os alunos so igualmente

    afetados pelas normas e padres da cultura e da comunidade e sentem tenses e

    presses para equilibrar suas necessidades pessoais com as exigncias do grupo.

    Ou seja, esses sujeitos e seus papis esto relacionados ao processo histrico

    social, envolvem-se e determinam-se constantemente de acordo com as

    expectativas de ensino e aprendizagem.

    CAPTULO III

    AS EXPECTATIVAS PROFESSOR-ALUNO NA DINMICA

    INSTITUCIONAL

  • 24

    Outro ponto a se discutir refere-se evoluo das expectativas do professor e

    do aluno de acordo com o ano e etapa de ensino. Enquanto as crianas mudam de

    ano e avanam nos estudos, mudam tambm as expectativas tanto do aluno, quanto

    do professor com relao a si e ao outro. E na medida em que os alunos crescem os

    problemas da clientela comeam a se sofisticar, embora a disciplina continue a ser o

    pano de fundo do perfil discente. Ento, alm do comportamento, o professor se

    depara com um nmero excessivo de alunos, raramente possui o aparato

    pedaggico de que precisa, como recursos didticos, por exemplo, dispe de pouco

    tempo para elaborar suas atividades, chegando a estender sua jornada de trabalho

    ao conforto de sua casa, e consequentemente dificultando seu relacionamento

    familiar, uma vez que leva seus problemas profissionais para casa. No entanto,

    como ressalta Mosquera, apud Coll e Sol (1997) cabe ao professor propiciar

    condies de estudo para turmas superlotadas, devem conseguir chamar e prender

    a ateno e o entusiasmo das crianas devem dominar diversas reas de estudo,

    ter que saber lidar com problemas emocionais, e at mesmo, doenas fsicas de

    seus alunos.

    evidente que dependendo das condies de trabalho de que o professor

    dispuser, sua atuao pedaggica poder ser prejudicada. Mas isso no o impede

    de tentar fazer o melhor possvel para que o sucesso se instaure.

    O que muitas vezes acontece que o professor usa as dificuldades que

    encontra na escola, ou na instituio, como justificativa para o seu insucesso. Se a

    falta de material didtico, o grande nmero de aluno e vrias outras dificuldades,

    fossem as nicas causas reais do fracasso de alguns professores, como se explica o

    sucesso de outros que consegue, por exemplo, alfabetizar crianas de vrias idades

    em classes multi - seriadas como as que existem na zona rural? O professor que

    competente precisa usar sua criatividade para contornar seus problemas e tambm

    precisa lutar por melhores condies de trabalho, e no apenas queixar-se delas.

    O sistema educacional apresenta muitas incoerncias, cobra um resultado e

    nmeros sem muitas vezes, ter dado chances ou meios para que ele fosse possvel.

    Nestas circunstancias a docncia assume vrio papis que no lhe so prprios,

    como o de sanitarista ao manter a reeducao dos hbitos alimentares e

    higinicos; religioso quando o professor sente como se fosse um missionrio para

  • 25

    dar conta de seu trabalho; pai/me/famlia quando o professor se percebe com

    uma responsabilidade superior ou igual a dos pais, se vendo obrigado a suprir

    carncias emocionais, materiais e at alimentares do aluno, e a escola termina se

    tornando realmente a segunda casa do aluno. As condies da maior parte das

    instituies educacionais so tais que os professores devem possuir qualidades

    sobre-humanas para realizar um trabalho produtivo. (Mosquera, apud Coll e Sol

    (1997).

    A escola como uma instituio social tem refletido, com cada vez mais

    evidncia, a estrutura social vigente, que est aos poucos descaracterizando o

    espao de formao e transio de informaes e transformando num centro de

    assistncia social comunitrio.

    Nesse contexto, as representaes acerca do processo educacional parecem

    congregar uma multiplicidade de mbitos, e o professor, uma variedade de funes,

    que vo desde uma espcie de assessoria psicopedaggica at a induo de

    discusses ticas, de valores. (Aquino, 1996).

    Aqui tambm entra a questo do preparar para a vida, misso que o

    professor costuma assumir como meta do seu trabalho, s que a escola no prepara

    para a vida, ela f faz parte desta vida que se desenvolve a cada dia.

    O que se visa, parece-nos a internalizao das regras morais de conduta o que definiria o carter do aluno para a vida afora. No mais uma

    submisso cega ao professor, mas uma obedincia voluntria e livremente

    arbitrada pelo aluno. No mais um movimento implacvel, mas

    fundamentalmente concebido. (Aquino, 1996. P. 47).

    Alm disso, como lembra Coll e Sol (1997) educao institucionalizada tem

    como um dos principais objetivos o processo de socializao, no qual joga um papel

    preponderante a figura do professor. O professor possui para isso poder e

    autoridade que lhe atribudo pelo cargo que ocupa e por seu status de lder da sala

    de aula.

  • 26

    As expectativas relativas ao aluno ou ao professor so fundamentais na

    ocupao de quaisquer lugares, configurando-se como professor-aluno, fator

    destacado por Aquino, 1996;

    ... o grau de estimulao do professor parece determinar a legitimidade dos

    interesses dos alunos, ao passo que, da parte do professor, o interesse do

    aluno aquilo que reiterava a viabilidade do seu trabalho, do seu lugar e da

    ocupao deste. (Aquino, 1996).

    Alm disso, as atitudes do aluno parecem sustentar as habilidades a ele

    atribudas e o papel fundamental que os professores se atribuem parece ser algo

    relativo formao do carter do aluno, e a prioridade a vida fora da escola. Desta

    forma, a vida dentro da escola seria como que um ensaio da vida real, para alm

    dos muros da escola. Enfim, o que os professores e alunos esperam uns dos outros

    pode conduzir a formao de suas representaes mtuas, o que ir formar

    diferentes expresses para analisar as peculiaridades da relao professor-aluno.

    3.1 O diretor escolar sujeito oculto no processo de ensino-aprendizagem

    Nas relaes em sala de aula existe um sujeito oculto que faz grande

    diferena dependendo de sua atuao ser ativa ou passiva. Esse sujeito o diretor

    da escola. Historicamente a representao do sujeito diretor sofreu algumas

    modificaes sociais desde ser visto como aquele que cuida de tarefas

    administrativas e no tem relao com as questes pedaggicas, como tambm do

    sujeito que representa a escola em estancias superiores e outros rgos repassando

    as decises para que o quadro de funcionrios siga; at ser o sujeito que pensa em

    todos os detalhes para que no s a educao naquele espao escolar seja de

    qualidade, e sim que todos sejam escutados buscando encontrar o ponto de unio

    entre a equipe escolar e a comunidade.

    Um dia, enquanto caminha pelos arredores de uma nova construo, Miguelangelo aproximou-se de dois artesos. Ele se dirigiu ao primeiro e perguntou-lhe o que estava fazendo. Senhor, eu estou quebrando estas pedras, foi resposta. Ento,

  • 27

    prossegue e perguntou a mesma coisa ao segundo. A resposta desta vez foi: Eu sou parte de um grupo de trabalhadores e artesos que est construindo uma catedral. A tarefa era a mesma, mas a perspectiva, bem diferente. Da segunda, por certo, resulta a possibilidade de sucesso de qualquer empreendimento (Heloisa Luck e outros, 1998, p. 40).

    Em seu cotidiano, as prioridades da agenda do diretor consistem em cuidar

    da infraestrutura, corrigir o comportamento dos alunos, atender os pais, receber as

    crianas na porta, participar de reunies com as secretarias de Educao e

    providenciar material. Sobra pouco tempo para conversar com professores, prestar

    ateno nas aulas e buscar a melhoria do ensino, a meta essencial da

    escola. Porm para o sucesso do processo ensino-aprendizagem, como na citao

    de Heloisa Luck, 1998, preciso a interao de todos os componentes desse

    processo em uma perspectiva participativa de trabalho em equipe. Para que os

    objetivos e metas sejam atingidos nenhum sujeito est sozinho.

    Assim, podemos afirmar que o diretor escolar deve entender que uma escola

    bem organizada e com uma gesto de qualidade aquela que cria e assegura

    condies organizacionais, operacionais, pedaggicas e didticas para o bom

    desempenho de professores e alunos em sala de aula, de modo a se obter sucesso

    nas aprendizagens e claro no ensino.

    O papel do diretor escolar no se resume meramente administrao do

    estabelecimento de ensino, mas a de um agente responsvel por mudanas. O

    diretor de uma escola deve ter os olhos e ouvidos abertos, percebendo o que est

    certo ou errado, o que no funciona em que aspectos podem melhorar em si

    mesmo, nos professores, nos alunos, nos objetivos da escola, na disposio do

    tempo, na viso que os outros fazem da instituio, nas suas prprias atitudes e

    habilidades.

    Para Maria Luiza Alcio, diretora de Fortalecimento Institucional e Gesto da

    Secretaria de Educao Bsica do Ministrio da Educao (MEC), ... o gestor que

    cuida apenas de administrao e infraestrutura esquece que isso s faz sentido

    quando utilizado como meio para melhorar o desempenho das turmas.

    Por isso o diretor escolar precisa perceber a importncia de capacitar seus

    professores a fim de que se vejam como timos profissionais, criando um conceito

  • 28

    positivo nos mesmos, causando motivao, pois, trabalhar motivado o caminho

    para o sucesso. O diretor escolar precisa entender que a educao no uma rea

    inerte, as transformaes ocorrem medida que o aluno interage com o mundo

    externo.

    Como gestor do processo educacional, o diretor educacional precisa perceber

    o ambiente educacional e seus componentes, como uma organizao que tem uma

    misso, um objetivo a ser alcanado e, recursos a serem administrados, e que tudo

    est relacionado ao sucesso do ensino e aprendizagem.

    No contexto educacional atual cabe ao gestor escolar pensar o processo

    educacional e as aes da escola, definindo um projeto de cidadania, atribuindo-lhe

    finalidades e pressupostos filosficos, sociais e educacionais congruentes com a

    proposta poltico-pedaggica do processo de ensino. O administrador escolar e

    todos de sua equipe devem ser capazes de trabalhar com os atores sociais do

    processo educacional e suas relaes, como sujeitos da construo desse processo,

    gerando participao, compromisso e responsabilidades, decentralizando decises e

    interagindo.

    Nas pesquisas Saviani 2008, citando os estudos realizados por Nvoa, 1995;

    Barroso, 1996; Luck, 1998, mostra que o modo como funciona uma escola faz

    diferena em relao aos resultados escolares dos alunos. Embora as escolas no

    sejam iguais, essas pesquisas indicam caractersticas organizacionais teis para

    compreenso do funcionamento das escolas, considerados os contextos e as

    situaes escolares especficos.

    Compete ao diretor escolar alertar e orientar os professores quanto

    importncia de se dar ateno especial aos alunos, tendo em vista suas dificuldades

    de adaptao, em consequncia das mudanas no processo ensino-aprendizagem

    das duas sries, ressaltando a necessidade de se dedicar ateno especial

    orientao dos professores, por meio de cursos de formao que priorizem a relao

    teoria-prtica, num espao de construo coletiva de conhecimento, oportunizando o

    desenvolvimento de competncias necessrias sua atuao profissional, com

    vistas a favorecer o desenvolvimento integral do educando e o sucesso do processo

    ensino-aprendizagem.

  • 29

    Compreende-se que na perspectiva de uma gesto participativa no processo

    educacional professores e alunos no esto sozinhos com a misso do sucesso do

    processo de ensinar e aprender; dessa forma no possvel escola atingir seus

    objetivos de melhoria da aprendizagem escolar dos alunos sem formas de

    organizao e gesto, tanto como provimento de condies e meios para o

    funcionamento da escola, quanto como prticas socioculturais e institucionais com

    carter formativo.

    O diretor escolar deve ser o articulador e mediador promovendo o

    desenvolvimento de novos padres de gesto educacional como forma de canalizar

    e reordenar as foras emergentes no cotidiano escolar, viabilizando a consecuo

    de propostas pedaggicas que garantam o sucesso do processo ensino-

    aprendizagem.

    O gerenciamento do processo educacional requer de seus administradores a

    capacidade de articulao e construo do processo, no limitando suas funes,

    apenas ao controle dos padres de legalidade. Devem ser capazes de lidar com as

    relaes de poder, presentes no cotidiano, sabendo observar, investigar e interpretar

    os acontecimentos do universo escolar, aceitando os conflitos como desafios

    saudveis, conduzindo-os para o sucesso da ao administrativa Devem ser

    articuladores de todas as foras no interior da instituio, administrando tenses

    entre professores, professores e alunos e demais segmentos da unidade escolar,

    buscando o equilbrio e o bem estar, sem perderem de vista o seu papel de

    mediadores e articuladores dos buscando o equilbrio e o bem estar, sem perderem

    de vista o seu papel de mediadores.

    3.2 Os reflexos das representaes na relao professor-aluno no processo de

    ensino-aprendizagem

    Conforme apresentado anteriormente, as representaes mtuas do

    professor e do aluno podem interferir no processo educativo. Uma vez que as aes

    de ambos iro girar em torno das representaes que forem constitudas ao longo

  • 30

    deste processo. As representaes iniciais dos professores podem incluir ou excluir

    os alunos de determinadas categorias institudas socialmente. Esta incluso ou

    excluso pode acarretar tanto no sucesso quanto no fracasso do aluno em diversos

    setores de sua vida, vai depender muito, dentre outros fatores, das concepes que

    o professor tiver sobre o seu papel e o papel do aluno.

    O preconceito que est diludo na educao tambm um gerador de

    fracassos. Tacca, 1999 revela em sua pesquisa realizada em escolas pblicas do

    Distrito Federal sobre o que h por trs das explicaes dos professores para

    fracasso e sucesso escolar, que h um grande preconceito dos professores com

    relao classe social do aluno, ocorrendo uma no aceitao do seu ser social. Ela

    relata que os comentrios que o aluno recebia como retorno de suas atividades era

    desanimadores;

    Geralmente, o professor recebia a tarefa feita pelo aluno e mal olhava, tanto

    para a criana, como para o trabalho que lhe estava sendo entregue. (...) Se

    olhava, o que lhe chamava a ateno eram os erros e, s vezes, melhor seria

    no comentar nada, j que, quando falava, ressaltava apenas o lado

    negativo. (Tacca, 1999).

    Esse tipo de comportamento manifesto pelo professor, dizem ao aluno quais

    so suas expectativas e preconceitos, o que termina gerando um distanciamento

    entre professor e aluno.

    Em sua pesquisa, Tacca chegou concluso de que quanto mais o professor

    se distanciava do seu aluno, menores eram suas chances de perceb-lo em suas

    verdadeiras possibilidades. Desconhecendo o aluno ele propunha atividades

    inadequadas e, assim, maiores eram as possibilidades de fracasso. Se acontecia

    fracasso, este era explicado pela falta de condies do aluno e da sua famlia.

    Outro fato interessante em sua pesquisa foi constatao na prtica, do que

    se supunha na teoria;

    Na situao de fracasso, o professor se colocava mais facilmente na situao de observador e, ento, buscava causas para esse fenmeno no

    aluno ou no seu contexto social. J na situao de sucesso, assumia uma

  • 31

    posio de ator e chamava para si as explicaes para esse acontecimento.

    (Tacca, 1999).

    Mas o que o fracasso? O fracasso, opondo-se ao sucesso, implica um

    julgamento de valor. (Cordi, 1996). Cordi destaca que o sucesso escolar remete-

    se ao sucesso na vida, ser bem sucedido na escola ter a perspectiva de ter mais

    tarde, uma bela situao, de ter acesso, portanto, ao consumo de bens. Significa

    tambm, ser algum, isto , ser considerado, respeitado. O fracasso escola

    pressupe a renncia a tudo isso, a renncia vitria.

    O fracasso escola pode ser concebido sob vrios enfoques, a culpa existente

    nele por via de regra, endereado a um dos envolvidos no processo ensino-

    aprendizagem. Dependendo do ponto de vista em que analisado, a culpa do

    fracasso escolar pode se centralizar em um ou vrios personagens da educao;

    professor, aluno, direo escolar, comunidade e famlia.

    Com a inteno de facilitar o trabalho escolar, muitas vezes os alunos so

    divididos em turmas segundo seu nvel de aprendizagem, maturidade, domnio de

    contedo ou qualquer outra caracterstica que possa justificar a homogeneizao.

    Neste momento fica clara a influncia das representaes do professor com relao

    ao seu aluno. Existe um grande preconceito envolvido neste processo, classificar

    uma turma de acordo com seu desenvolvimento cognitivo como negar ao aluno a

    possibilidade de evoluo de sua aprendizagem dando saltos qualitativos em seu

    desenvolvimento. Numa classe homognea os bons sempre sero bons e os ruins

    tendem a ficar piores ainda. Sobreviver a este cotidiano escolar muito difcil e

    como ele foge ao controle do aluno, este acaba por fracassar.

    Quando uma criana fracassa, ao contrrio do que discursa a escola, significa

    eu houveram falhas gerais e no apenas dela, ou do professor, ou da instituio. A

    responsabilidade sobre o fracasso escolar deve ser partilhada com

    responsabilidade. Mas ao contrrio disso, a escola apresenta-se como vtima de

    uma clientela inadequada, e como se no bastasse, ainda encontra justificativas de

    diversas naturezas para respaldar suas teses sobre o real motivo para o fracasso.

    Este acontecimento no isolado, ele um reflexo do atual contexto social, que

  • 32

    busca justificativas em terceiros para no assumir as responsabilidades dos prprios

    atos.

    A questo socioeconmica est sempre presente em meio a tais justificativas,

    se no h recursos financeiros na famlia da criana, ento ela no consegue

    aprender, como se a inteligncia do ser humano fosse compatvel com a renda

    familiar. Na verdade, as escolas que no esto preparadas para desenvolver um

    trabalho pedaggico significativo nas comunidades de baixa renda.

    A desnutrio outra justificativa constante, no entanto, ela no pode ser

    associada diretamente com o fracasso escolar, pois, at ento, nenhuma pesquisa

    feita nesta rea comprovou haver algum tipo de correlao entre ambos. A

    desnutrio grave, no inicio da vida e de longa durao teoricamente poderia vir a

    exercer alguma influncia nas funes intelectuais superiores, mas essa informao

    no tem respaldo cientfico, uma vez que no se pode medir a capacidade

    intelectual de uma pessoa, principalmente se tal capacidade depender do tipo e

    qualidade da alimentao da criana. A escola, no entanto, torna a desnutrio uma

    justificativa para o fracasso escola, mesmo no podendo comprovar sua existncia.

    Esta uma das formas de preconceitos que se disseminam no mbito escolar.

    As disfunes neurolgicas, que se referem a uma condio biolgica

    inerente ao individuo, representam outra justificativa para o fracasso escola. No

    entanto, os diagnsticos destas disfunes no podem ser feitos a olho nu ou com

    rpidas e isoladas observaes acerca do sujeito em questo. A escola tambm se

    especializou neste tipo de preconceito, pois muito mais fcil atribuir a uma criana

    o estigma de hiperativo, dislexia ou qualquer outra deficincia neuro- cognitiva do

    que assumir seus prprios preconceitos e as falhas no processo de ensino-

    aprendizagem.

    O professor, mesmo sem formao adequada precipita-se em fazer

    diagnstico e recomendar a especialidades mdicas e psicolgicas para soluo de

    um problema que muitas vezes surgiu de uma dificuldade de relao. Essa situao

    pode ser fruto de muitas situaes: o professor pode ter tido informaes superficiais

    sobre determinados distrbios de aprendizagem, ter sido mal orientado na

  • 33

    identificao das mesmas e ainda aprendido a identificar em pouco tempo, os alunos

    portadores das mesmas.

    Se a criana no consegue aprender, inicialmente porque ela pode ter algo,

    assim responsabilidade do professor inabalada, amenos que o contingente de

    fracassados seja muito grande. A vem a justificativa da escola, quando poucos

    alunos fracassam, o problema pode estar neles, mas quando se trata de mais da

    metade da turma, ento a culpa do professor! E no bem assim, pode acontecer

    de a forma como o contedo foi trabalhado no ter sido significativa para os alunos,

    ou outras situaes que fazem do planejamento, uma ao flexvel.

    As crianas que de fato tm algum tipo de deficincia vale ressaltar que o

    conceito de deficincia foi construdo historicamente, sofrem o estigma de ser

    diferente sendo tratada de forma igual. Na sala de aula, marginalizada, sendo alvo

    de um atendimento pedaggico precrio e preconceituoso. Muitas vezes por que a

    escola pode no saber como proceder com aquele ser que recebeu. E na tentativa

    de evitar que a criana se constranja na sala de aula, a escola acaba ressaltando as

    limitaes desta criana. Alm deste agravante, h a crena de que uma criana

    portadora de necessidades especiais ou acometidas por algum tipo de doena

    incapaz de aprender. O que no verdade.

    A criana um ser histrico, e como tal evolui constantemente. Sendo

    respeitada, ela aprender a lidar com suas emoes e com todas as situaes

    novas que a escola lhe prope. Infelizmente, a maioria dos professores se esquece

    de que esta criana est num perodo de desenvolvimento diferente do seu, e as

    alegaes de imaturidade so um tanto quanto vagas e infundadas. A cada

    momento, o ser humano tem caractersticas fsicas, cognitivas que a determinam em

    uma categorizao. A cada momento, o ser humano tem caractersticas fsicas,

    cognitivas e emocionais diferentes, que se adequam a um momento determinado.

    Considerar uma criana imatura o mesmo que sufocar e limitar seu

    desenvolvimento. Interessar-se pela escola e por tudo o que ela possa oferecer, no

    responsabilidade integral da criana. A escola deve se estruturar de forma tal que

    a criana se sinta acolhida e livre para construir novos conhecimentos.

  • 34

    A escola construiu alguns mitos acerca da criana que nela estuda. Muitos

    deles servem podem desviar a responsabilidade pelo fracasso escolar. Ento muitos

    passam a ser culpados, como; se a criana no tem famlia, ela no consegue

    aprender. Ou seja, a escola s da conta de seu trabalho se houver algum que a

    represente fora dos seus muros. E esta famlia no pode ser qualquer famlia, ela

    precisa se enquadrar no padro de famlia politicamente correta, onde os pais vivem

    bem, trabalham, vo escola sempre que so solicitados e ajudam nas atividades

    de casa. Cabe a pergunta: quem faz o papel de quem? A escola sente-se no dever

    de alimentar a criana, de identificar possveis problemas de sade que interfiram na

    sua aprendizagem, promover atividades recreativas enquanto que a famlia cabe o

    dever de prover o ambiente necessrio aprendizagem dos contedos escolares.

    Ao idealizar uma famlia, a escola revela o pouco conhecimento sobre a vida

    concreta das pessoas com as quais convive e divide a responsabilidade da

    educao das crianas. Vindas de uma famlia ideal, as crianas ideais so as que

    progridem na escola. Essas crianas existem como hologramas na escola, pois

    todas sofrem com algum tipo de fracasso num dado momento de sua escolaridade.

    Ningum acerta sempre; os erros so fundamentais na vida de uma pessoa, pois

    atravs deles pode-se exercitar a reflexo sobre as prprias aes.

    Para a escola, uma famlia desestruturada, gera crianas desestruturadas,

    revoltadas e agressivas, depois de diagnosticado este quadro, escola cabe

    funo de rotular e classificar cada criana. evidente a presena do preconceito

    gerado de acordo com categorias socialmente construdas. O que acontece na

    escola, no um fato isolado, mas um eco dos preceitos sociais vigentes.

    interessante observar como a escola concebe a colaborao da famlia em

    seu recinto. Segundo relato de Collares, 1996 para a escola, colaborar significa

    participar sem questionar, atender aos seus chamados quase eu de forma inusitada,

    indo s reunies e acompanhando as tarefas escolares, ajudando com uma

    inusitada, indo s reunies e acompanhando as tarefas escolares, ajudando com

    uma aula de reforo, como se apenas isso bastasse.

    O preconceito advindo das representaes constitudas ao longo do processo

    educativo tem duas faces: a de quem o exercita e a de quem estigmatizado por

  • 35

    ele. A primeira se sustenta na tentativa de justificar o fracasso usando o prprio

    individuo, fazendo-o culpado por tudo, ou seja, no aprende porque no se esfora.

    A segunda muito mais dolorosa; uma pessoa pode vir a ser absorvida pelo estigma

    de tal maneira, que poder comprometer no s seu desenvolvimento, mas tambm,

    qualquer possibilidade de sucesso que a mesma possa ter. Da o perigo de ser

    includo numa categoria por engano.

    No entendimento de Goes, 1997 quando o processo de ensino-aprendizagem

    assumido como transmisso-recepo de conhecimentos, espera-se que o outro

    transmita algo que possui, enquanto ao sujeito atribudo o papel de receber os

    conhecimentos a que exposto. Considerando o contexto pedaggico, o aluno pode

    ou no aprender tudo o que o professor transmite. Existe, portanto uma assimetria

    entre professor e aluno. Essa assimetria fundamental, pois ela contribui para o

    crescimento de ambos, uma vez que se faz necessria interveno do outro nas

    formas de elaborao de conhecimento pelo sujeito.

    O papel do outro na relao ensino-aprendizagem fundamental, pois

    permite a ressignificao dos contedos escolares, que terminam por atribuir a

    funo de mediador ao outro.

    O erro construtivo no pode ser confundido com uma viso construtiva do

    erro, pois conceitos que podem fazer a diferena na hora de se corrigir a

    produo dos alunos. Segundo Davis, (1990), no erro construtivo, a produo do

    aluno pode no ser a resposta certa, mas indica o caminho para alcana-la. J

    numa viso construtiva do erro, o erro do aluno prope uma investigao do

    pensamento e do trabalho, o erro visto como uma hiptese construda pelo aluno,

    tambm situa e norteia a interveno e a mediao do professor.

    O erro permite enxergar no s a natureza do pensamento, mas tambm

    serve de indicativo para que o professor analise sua prtica pedaggica e situe seu

    trabalho nas necessidades do aluno.

    Por outro lado, se o professor no tem uma viso positiva do erro e o encara

    como um fracasso nico e exclusivo do aluno, ento as possibilidades de progresso

    e evoluo deste aluno, menor e como poucas possibilidades de sucesso. Tanto

  • 36

    os professores como o aluno devem entender que errar no o mesmo que no

    aprender ou no ensinar e sim que h sempre a possibilidade de buscar melhorar.

    Com relao a essa postura do professor, preciso estar atento ao alerta

    feito por Luckesi, citado por Romo, 1990 onde se registra que no se pode fazer

    apologia do erro e do insucesso como fontes necessrias do crescimento. Por

    tanto, se o equivoco e o insucesso deixa de ser fonte de julgamento e punio,

    porque a viso de mundo de quem os aborda considera-os como contingncias

    necessrias no processo de construo do saber. No se trata de buscar o erro para

    que se possa construir o conhecimento, mas encar-lo como fonte de outros

    saberes.

    CONSIDERAES FINAIS

  • 37

    No desenvolvimento da pesquisa a respeito da Influncia das relaes entre

    professor e aluno no processo de ensino aprendizagem, percebemos que se

    quisermos compreender se professor e o aluno podem conviver em sala de aula

    sem construrem uma relao de afeto ou desafeto e ainda, se a relao construda

    entre esses sujeitos pode influenciar nas aes e interesses um do outro no

    processo ensino aprendizagem, devemos entender como esses sujeitos interagem,

    como se comportam e como se comunicam no ambiente escolar, temos que

    reconhecer no somente os comportamentos manifestados e visveis, mas tambm

    aqueles apresentados indiretamente pelas representaes que trazem de si e do

    outro, como sujeitos do processo ensino aprendizagem.

    Com o objetivo de compreender como a relao entre um professor e seus

    alunos, tanto em sala de aula, quanto ano contexto escolar, poderia afetar

    significativamente o ensino e a aprendizagem, percebemos a necessidade analisar o

    que existe por trs do sujeito que ensina (professor) e do sujeito que aprende

    (aluno), que concepes de mundo esto presentes, que valores, representaes,

    expectativas, conceitos e pr-conceitos esto presentes no universo social do

    professor e do aluno. E isso foi o que buscamos com essa pesquisa.

    Durante este estudo tivemos momentos em que nossas representaes

    permaneceram e momentos em que se fez necessria uma grande reflexo sobre

    nossos paradigmas, preconceitos. A falta de conhecimento e de compreenso da

    dinmica que ocorre dentro da sala entre professor e aluno e justamente a relao

    de conhecimento e interao entre esses sujeitos, leva - os a se verem de forma

    isolada e estanque com papis e objetivos estanques; como se conseguissem

    isolar sentimentos, afetos e at mesmo a prpria histria simplesmente para

    ensinarem (professor) e aprenderem (aluno). Porm o professor e aluno so seres

    humanos, ou seja, sujeitos ativos que influenciam e so influenciados pelo meio

    social em que vivem.

    Acreditamos que nossos objetivos foram alcanados, pois entendemos que a

    viso do educador acerca da origem das caractersticas individuais interfere na sua

    maneira de compreender e explicar as relaes entre o ensino e a aprendizagem,

    alm de revelarem determinadas concepes sobre os processos de

    desenvolvimento e aprendizagem do ser humano e do papel da educao. Portanto,

  • 38

    as metodologias utilizadas, os objetivos propostos, as formas de avaliao, o tipo de

    interao estabelecida em sala de aula, bem como as explicaes sobre o

    desempenho dos alunos, dependero no s das concepes de homem do

    educador, mas tambm das representaes que construir a respeito de todo o

    processo educativo.

    Da mesma forma reconhecemos que o aluno na atualidade no um ser

    passivo e sim um cidado de direitos que vo desde a expresso de suas ideias

    como ter possibilidades de desenvolvimento de forma que amplie seu conhecimento

    at a expresso de ideias e sentimentos que representam sua histria, scio -

    cultural. Esse aluno trs consigo uma representaes que so fonte das

    expectativas sobre ensino e aprendizagem e consequentemente influenciaram no

    ensino aprendizagem dependendo de como a relao for construda no ambiente de

    sala.

    Conclumos nossa pesquisa acreditando que uma opinio j formada a

    respeito de determinado assunto, pessoa ou objeto, somada a atitude de

    preconceito frente a uma coisa, est apoiada num conjunto referencial de

    representaes. Este referencial de representaes foi construda na relao social

    estabelecida pelas pessoas. Ela continua suas consideraes sobre o preconceito

    lembrando que se a nossa conduta apoiada num conjunto de representaes

    sociais, essas noes e teorias coletivas esto tambm presentes em nosso

    cotidiano de trabalho e, por conseguinte, na prtica escolar. Assim, comum que os

    preconceitos e as atitudes de diferenas faam parte do nosso cotidiano escolar, na

    medida em que se absorve para dentro do processo educativo aquilo que somos. Ou

    seja, a complicada dinmica do processo de interao social e ainda destaca que o

    preconceito advindo dessa interao afeta todos os mbitos de nossas relaes na

    dinmica escolar.

    Um fato curioso na pesquisa e que merece destaque em estudos posteriores

    foi percebermos que o administrador escolar no est ausente nas relaes em sala

    de aula e principalmente nas responsabilidades com o ensino e a aprendizagem,

    esse sujeito influencia e influenciado da mesma forma, pois, dependendo de qual

    for o tipo de relao estabelecida dentro da sala de aula, muitos problemas podem

    surgir e outros serem resolvidos ou perderem a relevncia na dinmica escolar.

  • 39

    Passam a existir muitas possibilidades e muitas hipteses podem ser levantadas. Se

    houver identificao entre professor e alunos, possvel que a turma se desenvolva

    melhor e com menores dificuldades e consiga muito mais sucessos.

    Se a turma de alunos de um professor no corresponder s suas expectativas

    e se criar uma gama de representaes superficiais e negativas sobre ambos,

    haver possibilidade de fracasso do ensino e da aprendizagem. O sucesso no

    processo ensino aprendizagem no est na aprovao ou reprovao para a srie

    ou etapa seguinte. Trata-se de despertar o interesse em buscar o conhecimento. Em

    estimular a formao de um cidado, ativo, crtico, pesquisador e autnomo na

    sociedade.

    Ensinar e aprender no ocorre como em uma via de mo nica, embora as

    representaes que esses sujeitos trazem um do outro sejam de que cada um tenha

    um papel e uma funo a desempenhar, esses sujeitos constroem uma relao em

    sala de aula que promove o despertar de interesses, objetivos e sonhos.

    Nesse sentido concordamos com Paulo Freire ao afirmar que o ensinar e o

    aprender no ocorram separadamente, eles ocorrem nas relaes construdas e de

    forma intrnseca, dialgica e dinmica. Dessa forma se essas relaes forem

    harmnicas e de cooperao e respeito, o processo ensino aprendizagem

    acontecer de forma, positiva, prazerosa e significativa. Porm, ainda h muito que

    se pesquisar para compreendermos de fato toda dinmica da vida social existente

    dentro da escola.

    REFERENCIAS BIBLIOGRFICAS

  • 40

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