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A INFLUÊNCIA DA LUA NA AGRICULTURA: UTILIZAÇÃO E CRIAÇÃO DO CALENDÁRIO LUNAR NO ENSINO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA.
Autores: ¹Maria Cristina de ARRUDA; ²Danieli Cristina de SOUZA. Identificação autores: ¹Acadêmica do Curso Licenciatura em Ciências Agrícolas e Bolsista do PIBID. ²Supervisora do PIBID/IFC/LICA, Docente do Curso de Licenciatura em Ciências Agrícolas – IFC Araquari.
Introdução
A Lua é objeto de admiração da humanidade desde os tempos dos primórdios,
os antigos povos atribuíam a ela poderes sobrenaturais, outros povos como chineses,
babilônios, gregos, egípcios entre outros utilizavam os astros para medir a passagem do
tempo e para prever o melhor plantio e colheita. (OSEIAS; 2012)
Os documentos astronômicos mais antigos datam de 3000 a.C. e se devem aos
Chineses. Acharam registros dos sobre meteoros, meteoritos e a utilização de um
calendário de 365 dias, já os babilônios, assírios e egípcios também sabiam a duração
do ano e em outras partes do mundo existem monumentos que foram deixados e são
evidencias astronômicos da época como Newgrange (Irlanda 3200 a.C), Stonehenge
(3000 a 1500 a.C), Cromeleque dos Almendres (Portugal 5000 a.C). No Peru foi
encontrado um observatório mais antigo Chankillo que foi construído a 200 e 300
a.C.(FILHO; SARAIVA;2016)
Os Gregos foram um marco na astronomia, entre as datas de 600 a.c e 400 a.C
surgiram diversos astrônomos de grande importância como Tales de Mileto que trouxe
os conhecimentos de Astronomia e Geometria dos egípcios, Pitágoras que acreditava
que a Terra a Lua e outros corpos celestes tinham o formato de esfera. (FILHO;
SARAIVA; 2016)
Atualmente o homem também se relaciona com a lua no viver rural, esse
conhecimento popular é passado por gerações como forma de obter melhor resultado no
plantio e colheita de determinada cultura.
Com o mesmo pensamento Rudolf Steiner criou a agricultura biodinâmica em
1924 que valoriza o conhecimento popular e relacionando com as atividades agrícolas
em geral. “Não há compreensão alguma da vida vegetal, a menos que se considere em
que forma que tudo que esta sobre a terra é em realidade somente um reflexo do que
ocorre no cosmos” (STEINER, 1988, p.282).
Com esses princípios Maria Thun agricultora alemã e seguidora da agricultura
biodinâmica a mais de 50 anos, vem pesquisando a influência dos astros na produção
vegetal e animal, um exemplo, é o reflexo desta ação lunar para o desenvolvimento o
pasto apícola e consumo de alimentos para as abelhas, a partir dessa análise, descobriu
que os astros influenciavam diretamente no segmento. Realizou diversos estudos com
repetições de seus plantios de forma seqüenciais constatando a interferência do ciclo
sideral da lua, tendo como produto gerado da sua pesquisa o calendário de Thurn.
A necessidade de aproximação dos acadêmicos aos distintos saberes, sendo
eles empíricos da comunidade rural e o científico explorado na vivência formativa, têm
se o objetivo de explorar os conhecimentos sobre a agricultura biodinâmica, em
parâmetros de funcionalidades e relevância para a grande área das ciências agrárias.
Material e Métodos
A pesquisa realizada contou com a revisão bibliográfica da temática e análise
de documentos de fontes escrita. A proposta de metodologia escolhida para ser aplicada
foi à oficina pedagógica onde possibilita a aprendizagem em conjunto relacionando
teoria e prática. “A oficina é um âmbito de reflexão e ação no qual se pretende superar
a separação que existe entre a teoria e a prática, entre conhecimento e trabalho e entre a
educação e a vida” (Ander-Egg, Apud Omiste; López; Ramírez, 2000, p.178).
A oficina será ministrada no SEPE (Semana de Ensino Pesquisa e Extensão)
para os alunos do curso Técnico em Agropecuária integrado ao ensino médio visando
relacionar as vivências dos alunos e relacionar com a temática proposta. Inicialmente
foi escolhido o tema “Influência da Lua na Agricultura” e logo em seguida começou o
preparo do plano da oficina onde foi definida a quantidade de alunos a participar, o
tempo de duração, conteúdo programado, recursos instrucionais a ser utilizado, o
objetivo a ser alcançado e método de avaliação/material didático a ser elaborado.
O conteúdo a ser utilizado terá como base a agricultura biodinâmica e os
conceitos empíricos onde será relacionado às disciplinas de Agroecologia e
Agrometeorologia.
Seqüencialmente foi preparado o material didático e o material de apoio em
formato de folheto disponibilizado para a comunidade escolar para utilização em outras
disciplinas, potencializando o ensino, pesquisa e extensão através de metodologias
exploratória do conteúdo teórico e da prática sobre o tema. De modo a relacionar a
teoria e a prática os grupos participantes da oficina vão desenvolvem um Calendário
Astronômico Lunar trimestral que deverá conter as fases da lua, melhor época de
plantio, colheita e poda das culturas do ciclo do trimestre que estarão trabalhando.
Resultados e discussão
O homem sempre observou a natureza e adquiriram os mais variados
conhecimentos sobre ela, esse conhecimento adquirido é passado de geração em geração
e muitas vezes não se existe uma base científica para aquela pratica. Existem poucas
pesquisas que comprovem a influência da lua na agricultura, mas o conhecimento
empírico passado de geração em geração é tão forte que alguns estudos revelam a sua
utilização na agricultura.
Conforme o artigo de que relata os saberes empíricos dos estudantes do
Projovem de Laranjal no Paraná, “o agricultor e produtor de leite Nereu acredita que
cortar a madeira de eucalipto na lua minguante a lenha não irá carunchar e agüentará
mais tempo no chão, ele ainda acredita que para plantar mandioca e arroz, a lua ideal
para esse plantio é a Lua nova de setembro para que as raízes fiquem grosas e os ramos
fiquem finos, no arroz carrega mais os cachos, ou seja, a produção será maior em uma
área menor. (SANTOS; FERREIRA; 2011 p.06).
Se observarmos o calendário e os estudos de Maria Thun na lua minguante a
seiva das plantas estão descendo para as raízes possibilitando a poda de bambus e
madeira para construções. Já na Lua nova a seiva esta concentrada nas raízes e o plantio
ideal são de raízes, rizomas, tubérculos e bulbos. Maria Thun acredita também no
desenvolvimento das plantas através das 12 constelações do zodíaco quando ocorre o
alinhamento entre terra, lua e constelações. E em setembro o mês relatado pelo
agricultor Nereu é o melhor para plantio de mandioca e arroz, e para Thun o mês de
Setembro ou Virgem é a 4ª constelação onde a fase da Lua é Ascensão sendo o mês
ideal para o cultivo de raízes, bulbos, tubérculos e rizomas.
Sanches (1997), estudando o conhecimento das populações caiçaras na Estação
ecológica Juréia Itatins em São Paulo-SP, observou que o corte de madeiras e cipós
dependia das fases da Lua, sendo a época ideal três dias antes da lua minguante até três
dias depois desta.
Em 2001, um artigo publicado na prestigiada revista National Geographic
Magazine, aborda o tema que uma das possíveis explicações para o efeito da lua no
crescimento das plantas, é que, durante o ciclo lunar e em particular durante as
mudanças de fase, a quantidade de luz refletida para a terra, varia. Para, além disso, a
força gravitacional que a lua exerce sobre a terra, também varia durante o ciclo.
Conclusão
Como futuros técnicos agrícolas são de extrema importância conhecer as
práticas biodinâmicas, pois muitos agricultores ainda utilizam as fases da lua para fazer
determinadas atividades. A agricultura biodinâmica além de resgatar esse conhecimento
empírico promove o equilíbrio entre o plantio e a criação animal, utilizando métodos
que não agrida a natureza.
Os resultados que se pretende obter com a aplicação da oficina é a troca de
conhecimentos entre os participantes, reconhecer a melhor época de plantio e colheita
conforme as fases da lua e aplicabilidade da agricultura biodinâmica em seu dia-a-dia
para sua utilização futura em pesquisas, provas e trabalhos escolares.
Referências OMISTE, A. S; LÓPEZ, M.D. C.; RAMIREZ, J. Formação de grupos populares: uma proposta educativa. In CANDAU, Vera Maria; SACAVINO, Susana (Org.) Educar em direitos humanos: construir democracia. Rio de Janeiro : DP&A, 2000. SANCHEZ, R.A. Caiçaras e a Estação Ecológica Juréia-Itatins(Litoral Sul de São Paulo): Uma abordagem etnográfica e ecológica da relação homem e meio ambiente. (Tese de mestrado) , IB- USP,1997. SANTOS, O. Tecnologia do Saber: A Complexidade do Conhecimento Lunar no Viver Rural. Anais do IV ENCONTRO EM EDUCAÇÃO AGRÍCOLA maio de 2012 SANTOS, S.M.R; FERREIRA, L. Saberes empíricos no meio rural de Laranjal; 2011.
Steiner, R. 1993. Fundamentos da Agricultura Biodinâmica. Editora Antroposófica,
São Paulo, SP, BRASIL.241p.
Thun, M. 2005. Calendário Astronômico-Agrícola 2005. Associação Brasileira de Agricultura Biodinâmica, Botucatu, SP, BRASIL. 48p. OLIVEIRA, K. S. Astronomia na Antiguidade.Atualizado 2016. Disponivel em: (http://astro.if.ufrgs.br/antiga/antiga.htm) Acesso em: 30 ago. 2016.