a imprensa em transição - alzira abreu
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ABREU, Alzira Alves de. (org.). A imprensa em transição: o jornalismo
brasileiro nos anos 50. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1996.
Os suplementos literários: os intelectuais e a imprensa nos
anos 50.
Alzira Alves de Abreu
“identificar a atuação dos intelectuais brasileiros nos
suplementos literários dos jornais diários de maior circulação durante a
década de 50.” (p.13)
“A produção intelectual desse período foi profundamente
marcada pelo debate de idéias políticas, pelo anti-comunismo, pela
elaboração de projetos de desenvolvimento e pela ideologia do nacional-
desenvolvimentismo...Foram tempos de Iseb (1955), tempos de ESG
(1948)...Conferência Nacional dos Bispos (1952)...Cinema Novo...bossa
nova...expansão dos centros dedicados ao estudo das ciências sociais.”
(p.13-14)
Criação de jornais como a Última Hora (1951) e Tribuna da
Imprensa (1949).
Nos anos 50 começam, no Brasil, os investimentos nos
setores publicitários. Segundo Juarez Bahia os jornais passam a obter
80% de sua receita dos anunciantes, o que por sua vez permitiu a
modernização gráfica.
Os suplementos literários: novas idéias, velhas idéias.
A produção dos intelectuais nos suplementos
“Uma das razões que nos levou a acreditar que os
intelectuais teriam certa exposição pública através da imprensa foi a
constatação de em certas sociedades como a nossa, em que o
intelectual se vê compelido a participar diretamente da política, escrever
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em jornais seria não só uma oportunidade de manifestação e divulgação
de idéias, como também uma forma de legitimação intelectual. Outra
razão foi o fato de que a maioria dos intelectuais que buscávamos
encontrar nos suplementos estava fora do mundo universitário; logo,
existia um limite a mais para que esses intelectuais pudessem atingir a
elite ilustrada, aquela inclusive que circulava na área acadêmica.
Consideramos que, para divulgar suas idéias, projetos de construção e
consolidação da nação, modelos de desenvolvimento etc., os
intelectuais não-acadêmicos estariam forçosamente presentes na
imprensa e, em especial, nos suplementos, parte do jornal a princípio
voltada para a divulgação do novo, das últimas novidades literárias e
políticas.” (p.18)
Nos anos 50 aparecem em quase todos os grandes jornais,
suplementos literários.
A autora tomou como base os jornais: Jornal do Commercio,
Jornal do Brasil, Diários de Notícias, Correio da Manhã, O Jornal, Diário
Carioca e A Manhã, do Rio de Janeiro; OESP e Folha da Manhã em São
Paulo e O Estado de Minas; em Minas Gerais.
Nos suplementos sempre houve espaço para os lançamentos
editoriais.
Os colaboradores
“Os suplementos literários formaram redes de sociabilidade
para muitos intelectuais na década de 50, e juntamente com os cafés, os
salões, as revistas literárias e as editoras, permitiram a estruturação do
campo intelectual.” (p.23)
Os suplementos como forma de inserção dos jovens no
mundo literário.
Os temas
Na década permanecem alguns temas como: a história do
Brasil,o regionalismo, o folclore. “As artes plásticas, por outro lado,
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estavam referenciadas à atualidade; foram elas, como indica Wilson
Martins, “o centro de gravidade e de gravitação da vida intelectual”na
década de 50” (p.33) Cf. História da Inteligência Brasileira. v. 7.
“A leitura sistemática dos suplementos dos anos 50 nos
permite identificar três grandes grupos temáticos, segundo a
importância que receberam nos jornais:
o literário, dominante em todo o período
o dos temas culturais e históricos, que tiveram ampla
divulgacão; e
o dos temas políticos relacionados com o desenvolvimento
brasileiro, que ocuparam pequeno espaço nos suplementos.
O Correio da Manhã e o OESP, abriam em seu suplemento
espaço para os movimentos de vanguarda.
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