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Inês Margarida Mateus Gonçalves A IMPORTÂNCIA DO DNA NA MEDICINA DENTÁRIA FORENSE Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Ciências da Saúde Porto, 2016

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Inês Margarida Mateus Gonçalves

A IMPORTÂNCIA DO DNA NA MEDICINA DENTÁRIA FORENSE

Universidade Fernando Pessoa

Faculdade de Ciências da Saúde

Porto, 2016

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Inês Margarida Mateus Gonçalves

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Inês Margarida Mateus Gonçalves

A IMPORTÂNCIA DO DNA NA MEDICINA DENTÁRIA FORENSE

Universidade Fernando Pessoa

Faculdade de Ciências da Saúde

Porto, 2016

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Inês Margarida Mateus Gonçalves

A IMPORTÂNCIA DO DNA NA MEDICINA DENTÁRIA FORENSE

Dissertação apresentada à Universidade Fernando Pessoa como

parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em

Medicina Dentária.

_____________________________________________________

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RESUMO

Com o presente trabalho pretende-se discutir a importância do DNA na

resolução de casos de investigação forense. O Homem, desde os tempos mais remotos

tem revelado interesse na confirmação da identidade dos seus semelhantes, pelo

desenvolvimento e prática de diversas técnicas de identificação. A partir de uma revisão

da literatura, fez-se o estudo dos métodos de identificação humana, sendo este mais

aprofundado no que diz respeito ao DNA. Frequentemente são encontrados corpos em

que a única peça disponível para o processo de identificação é o dente. As peças

dentárias são as estruturas mais resistentes e estáveis do corpo humano, mantendo as

suas características e propriedades por longos períodos de tempo pós-morte. A análise

do DNA contribui de forma muito importante para os processos de reconhecimento

humano, principalmente em casos em que outros métodos de identificação falham

devido a decomposição, fragmentação, incineração ou inexistência de dados

comparativos ante-morte. Para a obtenção de um perfil genético é necessário executar as

seguintes etapas: extração do DNA, sua quantificação e amplificação seguida de análise

de determinadas regiões do genoma. Nos dias de hoje, muitos casos de identificação

necessitam de uma abordagem multidisciplinar, isto porque em algumas situações existe

falta de material padrão ou, por outro lado, pode haver mais do que uma evidência a ser

examinada.

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ABSTRACT

The present work aims to discuss the importance of DNA in solving cases of

forensic investigation. Man, from the earliest times has shown interest in confirming the

identity of his peers, so, the development and practice of some identification techniques

has increased. A literature review on human identification methods was performed, with

biggest emphasis on DNA technology. Sometimes bodies are found with only one-piece

available for the identification process, and most frequently this piece is a tooth. The

teeth are the most resistant and stable structures of the human body, keeping their

characteristics and properties for long periods of time post-mortem. DNA analysis

contributes significantly to human recognition processes, especially in cases where

other identification methods fail due to decomposition, fragmentation, incineration or

lack of comparative data ante-mortem. In order to obtain a genetic profile, the following

steps must be performed: DNA extraction, its quantification and amplification followed

by analysis of certain genome regions. Nowadays, many cases require identification

with a multidisciplinary approach, due to lack of standard material or, on the other hand,

there may be more than one type of evidence to be examined.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar gostaria de agradecer à Universidade Fernando Pessoa, mais

especificamente a todo o corpo docente pelos conhecimentos transmitidos ao longo

destes 5 anos, e também a todo o corpo não docente que sempre mostrou

disponibilidade para me auxiliar em tudo o que fosse preciso.

Gostaria também de agradecer à minha orientadora, Professora Doutora Inês

Lopes Cardoso pela paciência, simpatia e disponibilidade que sempre mostrou ao longo

desta etapa final.

Agradeço aos meus pais e ao meu irmão porque sem eles nada disto era possível.

Por toda a paciência e ajuda que me deram ao longo do meu percurso académico.

Por último agradeço aos meus amigos por estarem sempre presentes nos

momentos mais difíceis e por tornarem a minha vida melhor.

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ÍNDICE

ÍNDICE DE SIGLAS E ABREVIATURAS…………………………………….1

ÍNDICE DE TABELAS……………………………………………………….....2

I. INTRODUÇÃO ..………………………………………………… …………….3

II. DESENVOLVIMENTO

1. Materiais e Métodos …………………………………………………….5

2. Métodos de identificação em Medicina Dentária ……………….............5

2.1. Comparação de dados dentários ante/pós-morte……………………7

2.2. Traçar o perfil dentário……………………………………………...8

2.3. Marca de mordida…………………………………………………...9

2.4. Queiloscopia………………………………………………………..11

2.5. Rugoscopia Palatina………………………………………………..12

2.6. DNA………………………………………………………………..13

3. Importância do DNA na identificação humana…………………………15

4. DNA nuclear vs DNA mitocondrial……………………………………15

5. Amostragem e extração do DNA

5.1. A partir de dentes…………………………………………………..16

5.2. A partir da saliva…………………………………………………...20

5.3. Extração de DNA…………………………………………………..21

5.4. Cuidados no manuseamento das amostras de DNA……………….22

6. Métodos de análise do DNA……………………………………………23

7. Vantagens e Desvantagens do uso de DNA…………………………….27

8. Identificação humana de vítimas de desastres em massa……………….29

III- CONCLUSÃO…………………………………………………………………31

IV – BIBLIOGRAFIA……………………………………………………………...33

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A Importância do DNA na Medicina Dentária Forense

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ÍNDICE DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AMELX – gene presente no cromossoma X que codifica amelogenina

AMELY - gene presente no cromossoma Y que codifica amelogenina

CODIS - Combined DNA Index System

DNA – Desoxyribonucleic Acid

FBI – Federal Bureau of Investigation

RFLP – Restriction Fragment Length Polymorphism

SNP – Single Nucleotide Polymorphism

STR – Short Tandem Repeat

VNTR – Variable Number of Tandem Repeat

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A Importância do DNA na Medicina Dentária Forense

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Razões frequentes para a identificação de restos humanos (adaptado de

Pretty & Sweet, 2001)…………………………………………………………….6

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A Importância do DNA na Medicina Dentária Forense

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I. INTRODUÇÃO

A Medicina Dentária Forense define-se como sendo um ramo da Medicina

Dentária que, para esclarecimento da justiça, trata provas e factos de natureza dentária.

Tratando-se assim da aplicação da Medicina Dentária na justiça (Plourd, 2010). Na

prática, a Medicina Dentária Forense analisa factos de natureza dentária, procedendo à

sua ordenação, interpretação e descrição, para que possam servir como prova em

contexto judicial. Assim sendo, apesar de se tratar de um âmbito menos divulgado, este

ramo da Medicina Dentária desempenha um importante papel na avaliação do dano

corporal, mais concretamente na avaliação do dano orofacial pós-traumático. Podemos

ainda aplicar a Medicina Dentária Forense na identificação humana, sendo esta área

mais mediática (Caldas, 2013).

A identificação forense de vítimas é essencial por razões humanitárias mas

também para investigações criminais ou legais. Esta identificação é essencialmente

baseada na Antropologia, na Odontologia, no estudo das impressões digitais, na

Radiologia e na análise de DNA. Quando os corpos se encontram muito degradados ou

em estado de putrefação avançado, normalmente associados a morte por afogamento ou

carbonizados torna-se complicada a sua identificação, visto que os elementos utilizados

pelos patologistas, antropologistas e odontologistas acabam por ser modificados e por

isso é mais difícil obter um resultado conclusivo a partir dos mesmos. Desta forma os

especialistas forenses procuram preservar tecidos para obter DNA com grande

qualidade e quantidade, fazendo-se assim a análise do mesmo (Raiman et al., 2012).

Segundo Vieira et al. (2010), a tecnologia do DNA foi utilizada pela primeira

vez há mais de uma década como método de identificação humana, constituindo um

marco para o desenvolvimento científico. Nas técnicas de DNA utilizadas para

identificação de cadáveres a partir da Odontologia Forense, insere-se o estudo da saliva

e do dente. De todos os tecidos do corpo humano, o dente é o que apresenta melhor

resistência às alterações pós-morte e por esta razão pode ser usado para estimar a idade

do indivíduo, o sexo e a ancestralidade (Francisco et al., 2016).

O DNA caracteriza-se por ser uma molécula formada por duas cadeias de

desoxirribonucleótidos enrolados de forma helicoidal e ligados transversalmente através

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A Importância do DNA na Medicina Dentária Forense

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de pontes de hidrogénio. O DNA pode ser extraído de amostras de sangue, saliva,

esfregaços bucais, osso, dente, tecidos, órgãos, fios de cabelo, sémen, urina, entre outros

materiais biológicos (Vieira et al., 2010).

Tendo em conta todas as condições adversas com que os técnicos se deparam

aquando da recolha de amostras, a técnica mais utilizada para a sua preservação tem

sido o congelamento (Terada et al., 2014).

Com a presente Revisão Bibliográfica, pretende-se perceber qual a importância

do DNA quando aplicado na Medicina Dentária Forense, e para isto irá ser feito um

estudo mais aprofundado sobre os métodos de identificação humana relacionados com a

Medicina Dentária, dando ênfase ao método de recolha e análise de DNA.

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A Importância do DNA na Medicina Dentária Forense

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II. DESENVOLVIMENTO

1. MATERIAIS E MÉTODOS

Foram realizadas pesquisas nos principais motores de busca: Pubmed, B-On,

SciELO, como também no repositório da Faculdade de Medicina Dentária do Porto

(FMDUP) e da Universidade Fernando Pessoa.

Palavras-chave: “Forensic Dentistry”, “DNA and Forensic Dentistry”, “Human

identification”, “Genética Forense” que foram interligadas de várias formas.

Desta pesquisa efetuada entre Abril e Julho de 2016, foram recolhidos artigos

em Português, Inglês e Espanhol e livros para completar a pesquisa

2. MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO EM MEDICINA DENTÁRIA

A identificação humana é importante por vários motivos (Tabela 1) e em

diferentes situações. Os corpos de vítimas de crimes violentos, incêndios, acidentes

rodoviários, acidentes provocados em alguns locais de trabalho, pessoas que tenham

falecido e o corpo apenas tenha sido encontrado muito tempo depois, muitas vezes até

dentro de água, podem fazer com que a identificação por um membro da família não

seja possível devido à desfiguração do corpo provocada durante a morte. Nestas

situações a identificação através dos dentes tem um papel fundamental.

Tabela 1 – Razões frequentes para a identificação de restos humanos (adaptado de

Pretty & Sweet, 2001).

Razões da identificação de restos mortais humanos

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A Importância do DNA na Medicina Dentária Forense

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Criminais A investigação criminal normalmente não é iniciada sem que a vítima

seja identificada.

Religiosos Indivíduos de algumas religiões não podem voltar a casar até que o ex-

marido/ex-mulher seja dado como morto.

Monetários O pagamento de pensões, seguros e outros benefícios dependem da

confirmação da morte.

Sociais É dever da sociedade preservar os direitos humanos e a dignidade

humana que começa com a premissa básica de uma identidade.

Humanos A identificação de um cadáver é muito importante para que a família

possa fazer o seu luto.

Funerários Muitas religiões obrigam a uma identificação fidedigna para que seja

possível fazer o funeral em determinados locais.

Identificação difere de identidade. O processo de identificação consiste num

conjunto de procedimentos com vista a individualizar uma pessoa através da

comparação entre os dados registados previamente com os dados recolhidos no

momento. A identidade é um conjunto de características físicas, psíquicas e funcionais,

congénitas ou adquiridas, porém permanentes, que tornam uma pessoa diferente de

qualquer outra e igual a si própria (Pereira, 2012).

Para que o processo de identificação seja válido é necessário que preencha três

condições fundamentais, que lhe conferem maior ou menor credibilidade. Estas três

condições são: unicidade, perenidade e imutabilidade. A unicidade é a capacidade de

distinção precisa e não reprodutível, a imutabilidade caracteriza-se pelo facto de não

existirem alterações com o passar do tempo e a perenidade com a capacidade de resistir

ao longo do tempo (Pereira, 2012).

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A Importância do DNA na Medicina Dentária Forense

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2.1. Comparação de dados dentários ante/pós-morte

Embora muitas vezes os Médicos Dentistas não atuem diretamente na

identificação humana, estes possuem um papel fundamental neste processo, por meio da

correta elaboração e armazenamento da documentação odontológica. Sendo assim, há a

necessidade do Médico Dentista atuar junto dos Institutos Médico-Legais para poder

colaborar nos esclarecimentos à justiça, sempre que necessário.

Segundo Almeida et al. (2010) a importância dos registos feitos no exame

clínico pelo Médico Dentista prende-se com o acompanhamento adequado dos

tratamentos efetuados. Estes registos funcionam muito bem na identificação humana

principalmente nas situações em que o cadáver se encontra irreconhecível.

Além dos registos radiográficos que são normalmente os mais utilizados neste

tipo de comparações ante/pós-morte, os registos clínicos não radiográficos,

odontogramas e outras anotações que detalhem com precisão a condição oral ante-morte

do indivíduo podem ser essenciais para uma identificação positiva do mesmo (Almeida

et al., 2010).

Um conjunto de conclusões devem ser tomadas quando é reportada uma

identificação através da condição oral de um cadáver. Estas conclusões passam por

uma: identificação positiva, ou seja, os dados ante-morte e pós-morte coincidem em

detalhes suficientes, sem que haja qualquer discrepância inexplicável, o que nos diz que

ambos os dados são do mesmo indivíduo; identificação possível, quando existem dados

ante-morte e pós-morte que coincidem, no entanto a qualidade dos dados não é a melhor

e por isso não é possível estabelecer uma identificação positiva; evidências

insuficientes, isto é as informações recolhidas são insuficientes para uma possível

conclusão; exclusão, quando os dados ante-morte e pós-morte são inconsistentes e não

coincidem (Pretty & Sweet, 2001).

É então bastante importante a boa qualidade dos registos odontológicos. Esta,

associada à resistência dos dentes remanescentes à ação de agentes físicos e químicos

pode permitir que diversas particularidades odontológicas sejam verificadas,

conduzindo a uma identificação positiva. Sendo assim, os profissionais de saúde devem

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A Importância do DNA na Medicina Dentária Forense

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agir em conformidade com as normas e regulamentos da Odontologia, no entanto, nem

sempre é o que acontece, e por isso muitas vezes não existem registos ou então os dados

não são suficientes a identificação.

2.2. Traçar o perfil dentário

No caso de não existirem registos dentários ante-morte e não estarem

disponíveis ou não ser possível a utilização de outros métodos de identificação, pode ser

feita uma análise dentária para nos dar alguma informação que permita distinguir aquele

indivíduo de outros e desta forma aumentar as hipóteses de encontrar os registos

dentários ante-morte se estes existirem. Informações como idade aproximada, género,

etnia, dados profissionais, doenças sistémicas, malformações dentárias, podem ser

muito importantes na identificação de uma pessoa (Pretty & Sweet, 2001).

Segundo Silva (2015), os métodos usados para determinar o sexo de um

indivíduo podem ser de base visual, métodos clínicos, microscópicos ou mesmo

métodos mais avançados. No método clínico a diferença entre sexos prende-se com o

tamanho dos dentes, comprimento dos dentes e diâmetro da coroa, sendo estes

normalmente maiores nos homens comparativamente com as mulheres. Estes podem ser

avaliados através de radiografia sendo a sua fiabilidade de 80% nos dentes

mandibulares.

O método microscópico possibilita distinguir quanto ao sexo, por identificação

dos corpos de Barr presentes em células de mulher. É efetuado o estudo dos

cromossomas X e Y por um período de tempo de 4 semanas após a morte (Monali,

2011).

Quanto a métodos mais avançados, a utilização da análise de DNA por PCR e

identificação de proteínas do esmalte, pode determinar com uma fiabilidade de 100% o

sexo da vítima, concluindo-se assim que a Medicina Dentária Forense pode ajudar na

determinação do género da vítima, especialmente quando apenas pequenos fragmentos

são encontrados (Monali, 2011).

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A Importância do DNA na Medicina Dentária Forense

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Em relação à determinação da idade do cadáver, o método de traçar o perfil

dentário é utilizado em muitos locais, principalmente em países em desenvolvimento

onde não há registos de nascimento. A idade das crianças pode ser determinada através

do desenvolvimento dentário, tendo este método uma precisão de um ano e meio. Já em

adultos a análise dentária para determinação da idade torna-se menos precisa.

Características como doença periodontal avançada, desgaste excessivo, múltiplas

restaurações são indicativas de idade mais avançada (Silva, 2015).

Outros dados podem ser cruciais na identificação do indivíduo. Por exemplo, a

erosão dentária pode ser indicativa de ingestão regular de bebidas alcoólicas, desordem

alimentar ou refluxo gástrico. Hábitos tabágicos podem causar descoloração dentária

particularmente na superfície lingual dos dentes inferiores e rápida acumulação de

placa, fazendo com que estes indivíduos tenham normalmente mais tártaro. A aplicação

de demasiada força durante a escovagem dos dentes pode causar defeitos nas zonas

cervicais da dentição, podendo estes dados ajudar a identificar pessoas destras ou

esquerdinas. Dietas ricas em hidratos de carbono resultam numa alta incidência de

cáries. Mais ainda, desgaste dentário oclusal ou incisal pode estar relacionado com

bruxismo, resultante de stress (Vodanovoc & Brick, 2012).

Cada pessoa tem o seu próprio perfil dentário que faz dela única e inimitável.

Neste sentido fazer um perfil dentário tem um grande valor no processo de

determinação da identidade (Silva, 2015).

2.3. Marca de Mordida

Em situações como lutas entre assaltantes e vítimas, em casos de violência

doméstica, violações, abuso de crianças e noutras situações violentas em que o ser

humano sente perigo de vida, os dentes podem ser usados como armas naturais. Uma

marca de mordida humana é descrita como uma lesão elíptica ou circular com a

impressão de características específicas da dentição (Silva, 2015).

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A Importância do DNA na Medicina Dentária Forense

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Marca de mordida pode ser definida como o padrão feito pelos dentes num

substrato, podendo este ser pele humana, alimentos ou uma substância firme e

compressível. Estas lesões são contundentes ou inciso-contundentes podendo ser

acompanhadas de avulsão dentária (Moya-Pueyo et al., 1994).

A informação que obtemos a partir destas lesões deve ser maximizada, assim a

American Board of Forensic Odontology propôs um protocolo que consiste em três

etapas. A primeira etapa prende-se com o estudo da vítima, com descrição da marca de

mordida, isto é, localização do ponto de vista anatómico, tamanho, cor e tipo de lesão.

A lesão deve ser fotografada segundo os princípios da fotografia forense. Em segundo

lugar, devem ser recolhidos vestígios biológicos existentes na marca para posterior

obtenção de um perfil de DNA. Para exclusão da possibilidade de se tratar de uma lesão

autoinfligida deve também ser recolhida uma amostra biológica da vítima. Por último,

deverá proceder-se à impressão da área de mordida para comparação da prova (Dorion,

2005).

Na segunda etapa, é realizado o estudo dos suspeitos, sendo feita uma avaliação

extra e intraoral. Deverá ser colhida uma amostra de DNA do suspeito para posterior

comparação com o obtido da lesão presente na vítima. Devem ainda ser feitas

impressões dentárias para obtenção de modelos de estudo com os registos de mordida

dos suspeitos (Bowers e Bell, 1997).

Na última etapa faz-se a comparação e avaliação dos dados obtidos. É

importante referir que esta etapa é a mais complicada, em que cada caso deverá ser

sujeito a uma avaliação particular, já que as marcas de mordida variam

consideravelmente entre casos. Além disso trata-se de um tecido humano e por isso vai

sempre existir alguma distorção. Esta distorção, quer seja primária, (isto é, ocorrendo no

momento da agressão e relacionando-se com as características do tecido mordido e com

a dinâmica do evento), quer seja secundária, (ou seja, dependente da cicatrização do

tecido, da posição em que a lesão é analisada e da forma como o registo fotográfico é

feito), vai quase sempre limitar a possibilidade de fazer uma identificação por

sobreposição, sendo necessário recorrer a técnicas mais elaboradas como as técnicas de

correlação, ou seja, ver se existe alguma relação entre os dados obtidos (Bowers e Bell,

1997; Dorion, 2005).

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A Importância do DNA na Medicina Dentária Forense

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2.4. Queiloscopia

O estudo, registo, identificação e classificação das impressões labiais é

denominado queiloscopia. Os sulcos e rugas labiais são únicos, inalteráveis e imutáveis

ao longo da vida. A utilização das impressões labiais na identificação humana foi

inicialmente sugerida como um método pouco fiável. Após diversos estudos realizados

principalmente nas décadas de 60 e 70, foi conferida à queiloscopia uma maior validade

científica (Babar & Shaheediqbal, 2007).

Para o estudo das impressões labiais é importante a área anatómica denominada

de vermelhão do lábio. Existem diferentes critérios que devem ser tidos em conta

quando vamos identificar um indivíduo, tais como a espessura do lábio e a forma das

comissuras labiais. A impressão labial pode ser encontrada em roupas e outros objetos

como copos, chávenas, taças, portas, pontas de cigarros, entre outras, que permitem a

sua revelação para ajudar na investigação criminal (Caldas et al., 2007).

Nas últimas décadas, vários cientistas afirmam que esta é uma das técnicas de

mais fácil acesso e menos invasiva quando pretendemos identificar um indivíduo

(Vahanwala et al., 2005). Existem vários tipos de impressões labiais: visíveis, latentes e

plásticas ou modulares (Pereira, 2012).

As impressões labiais visíveis são aquelas que se conseguem ver a olho nu,

sendo facilmente analisadas, resultando normalmente da utilização de um batom ou

mesmo de sujidade presente nos lábios. Sendo assim deve-se fotografar a impressão

para posterior análise (Caldas et al., 2007).

As impressões labiais latentes são normalmente encontradas no local do crime e

são parcialmente ou totalmente invisíveis a olho nu. Este tipo de impressão é de extrema

importância pois normalmente pertencem ao autor ou à vítima do crime (Caldas et al.,

2007).

Por último, as impressões plásticas ou modulares são observadas quando os

lábios pressionam certos materiais, formando uma impressão negativa. Este tipo de

impressão pode ser preservado durante algum tempo como prova. É necessária a sua

conservação num ambiente refrigerado, ou até mesmo fazer uma cópia utilizando

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A Importância do DNA na Medicina Dentária Forense

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alginato, silicone ou outros materiais de impressão, para a sua conservação e análise

(Pereira, 2012).

Sendo assim deve-se concluir que a queiloscopia é uma área com capacidade de

evolução, tendo ainda algumas limitações como em casos em que as impressões estão

presentes em locais de difícil acesso, quando se tratam de impressões labiais latentes

antigas e quando há deterioração das impressões o que leva a marcas não identificáveis

(Saraswathi et al., 2009). A fotografia pode também ser um fator limitante das

impressões labiais, já que podem surgir distorções nas imagens devido a problemas de

focagem da própria impressão (Prabhu et al., 2010).

2.5. Rugoscopia Palatina

As rugas palatinas são formadas a partir do tecido conjuntivo que cobre o

processo palatino do osso maxilar. O desenvolvimento e crescimento destas rugas é

controlado por interações epitélio-mesenquimais. Estas rugas têm um desenho e

estrutura únicos não podendo ser alteradas por calor, químicos ou por decomposição

(até certo ponto). Caso tenham sido destruídas por qualquer motivo, as rugas irão ser

reproduzidas novamente no mesmo local e com a mesma forma (Venegas et al., 2009).

Não existe consenso entre os cientistas quanto ao comportamento das

rugosidades palatinas face ao processo de decomposição, no entanto sabe-se que o

período de resistência pós-morte é cerca de cinco a sete dias. Esta resistência, aliada à

posição estratégica e conservadora das rugas palatinas na cavidade oral, é fulcral para

considerar a rugoscopia palatina um bom parâmetro de identificação (Jibi et al., 2011).

A grande vantagem da palatoscopia em relação a outros métodos como a

queiloscopia é o facto de haver a possibilidade de obtenção de registos ante-morte que

apresentam estabilidade ao longo do tempo e que podem ser facilmente catalogados e

armazenados (Venegas et al., 2009).

No entanto, esta técnica apresenta também algumas limitações. Apesar das rugas

palatinas estarem colocadas no palato estrategicamente, impedindo que sofram certas

alterações, há certos eventos que as podem alterar. A sucção digital excessiva na

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A Importância do DNA na Medicina Dentária Forense

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infância e determinados traumas como a perda de dentes, a pressão persistente de

próteses e o tratamento ortodôntico são alguns destes eventos (Shukla et al., 2011).

Estas rugas palatinas podem também ser falsificadas, como é o caso descrito por

Caldas et al. (2007) onde as rugas foram adicionadas a uma prótese total a fim de

melhorar os padrões da fala de alguns pacientes.

Este método também não pode ser utilizado para ligar suspeitos a cenas de

crime, isto porque, não é de esperar que no local do crime se encontrem impressões

rugoscópicas do indivíduo que o cometeu (Caldas et al., 2007).

Pode-se então concluir que apesar de algumas vantagens evidentes a rugoscopia

palatina apresenta também algumas desvantagens que a tornam pouco utilizada pelos

investigadores.

2.6. DNA

A Genética Forense constitui um importante pilar da Medicina Legal. Os

resultados obtidos através da análise de amostras biológicas existentes no local do crime

são de relevante interesse para a sua investigação e para a identificação dos seus

autores. O estabelecimento do perfil genético dos vestígios biológicos e a sua

comparação como perfil genético de um suspeito constitui o culminar da perícia de

Genética Forense (Pinheiro, 2013).

A Genética Forense é hoje uma ciência com reconhecimento científico e

considerável interesse social, que tem como consequência uma vasta projecção

internacional. A evolução desta ciência traduz-se na melhoria de resultados com

repercussão judicial, proporcionando informação que constitui prova irrefutável em

tribunal (Pinheiro, 2013).

O genoma humano é altamente complexo, assim, muitas das características

físicas aparentemente simples, tais como a cor do cabelo e da pele são controladas pela

interacção de numerosos genes e de factores ambientais e nutricionais, (Pereira, 2013).

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A Importância do DNA na Medicina Dentária Forense

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Além do género é hoje possível prever a cor ruiva do cabelo, assim como, o azul

e o castanho da íris, com base numa simples amostra de DNA (Decorte, 2010). No

entanto, existem ainda algumas características que necessitam de uma pesquisa mais

aprofundada, como a constituição física, a morfologia capilar e a calvície (Budowle e

Van Daal, 2009).

Se, de uma amostra biológica recolhida no local do crime, fosse possível

determinar a aparência física de um individuo, como as suas características faciais, a

pigmentação da pele ou mesmo a altura, seria possível não só afastar potenciais

suspeitos, confirmar ou afastar testemunhos oculares e mesmo reduzir o número de

suspeitos, (Budowle e Van Daal, 2009; Kaiser e Schneider, 2009).

O dente é uma fonte rica de DNA para uso em casos de identificação humana

(Vieira, 2010).

Quando os métodos convencionais de identificação falham, este material

biológico é essencial para determinação da identidade (Pretty & Sweet, 2001).

A identificação de cadáveres através do DNA é feita por comparação dos perfis

genéticos dos restos cadavéricos humanos com os perfis genéticos de amostras de

referência, podendo estas ser provenientes de objetos pessoais usados pela vítima como:

escova de dentes, escova de cabelo, lâmina ou máquina de barbear, amostras da vítima

procedentes de arquivos e ainda amostras de familiares da vítima e restos humanos

previamente identificados por outras metodologias, ou mesmo através de DNA. É então

importante referir que as identificações positivas, através da análise de DNA, dependem

de fatores como, o número e qualidade dos restos cadavéricos e das amostras de

referência (Pinheiro, 2009).

A análise de DNA pode ser considerada como tendo um papel ímpar e

inatingível por qualquer outro método de identificação quando o corpo se encontra

fragmentado e/ou degradado, ou ainda na ausência de familiares que possam proceder o

reconhecimento visual (Pinheiro, 2009).

Para além da identificação de cadáveres este método também pode ser utilizado

para determinação de paternidade. O teste de DNA é a mais precisa e fiável tecnologia

disponível para o fazer.

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A Importância do DNA na Medicina Dentária Forense

15

3. IMPORTÂNCIA DO DNA NA IDENTIFICAÇÃO HUMANA

A análise de DNA é normalmente utilizada como uma ferramenta indispensável

em casos de investigação criminal. Em casos de crimes sexuais, a análise de DNA pode

fornecer uma valiosa evidência para a identificação dos possíveis suspeitos. Sendo

assim, a extração e exame de DNA a partir de amostras de fluídos corporais obtidos no

local do crime assim como a análise do DNA do suspeito podem ser comparadas para

obter a confirmação do culpado (Tsutsumi et al., 2009).

Ao contrário das impressões digitais que podem ser alteradas por cirurgia, o

DNA de um indivíduo não pode ser deliberadamente alterado. O perfil de DNA é

considerado uma prova irrefutável, no entanto é necessário o estabelecimento de

padrões de análise e níveis de exigência elevados. O nível de sensibilidade de alguns

procedimentos de identificação por DNA é tão alto que a amostra pode ser contaminada

por qualquer pequena distração que possa haver, desta forma, o cuidado na extração,

armazenamento e manipulação da amostra são determinantes para a viabilidade das

análises (Borém et al., 2001).

4. DNA MITOCONDRIAL vs DNA NUCLEAR

O DNA nuclear encontra-se no núcleo de qualquer célula do corpo humano e

representa a fonte de DNA usada na maior parte dos casos forenses. Os dentes são uma

excelente fonte de DNA nuclear. Num estudo de Pötsch et al. (1992) a extração de DNA

nuclear obtido a partir de uma amostra dentária pode ir de 6μg a 50μg de DNA. Estes

resultados foram obtidos a partir da extração de DNA da polpa dentária e não

mostraram diferença significativa relativamente à extração a partir de amostras de

sangue (Pötsch et al., 1992).

O DNA mitocondrial é outro tipo que pode ser usado para a identificação de um

indivíduo. A sua principal vantagem é o elevado número de cópias por célula, que

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A Importância do DNA na Medicina Dentária Forense

16

facilita a sua obtenção para análises genéticas. Este número elevado de cópias deve-se à

existência de muitas mitocôndrias na maioria das células. Quando a quantidade de DNA

extraído é muito pequena ou se encontra muito degradado, como DNA obtido a partir de

corpos reduzidos ao seu esqueleto, a probabilidade de obter um perfil de DNA a partir

do DNA mitocondrial é muito mais elevada do que a partir de DNA nuclear (Sweet e

Sweet, 1995).

Outra das vantagens do DNA mitocondrial é apresentar resistência à digestão

enzimática devido à sua estrutura circular, sendo desta forma a análise deste tipo de

DNA excecional no estudo de tecidos antigos e até arqueológicos (Vieira et al., 2010).

Por outro lado o DNA mitocondrial possui uma alta taxa de mutação e apresenta

herança uniparental. Este é transmitido exclusivamente pela mãe. As mitocôndrias

paternas quando presentes no citoplasma do ovócito são rapidamente marcadas por

ubiquitinação e, na maioria das vezes, imediatamente degradadas. Sendo assim o DNA

mitocondrial é muito menos informativo do que o nuclear. Além disto, a análise de

DNA mitocondrial é feita por sequenciação direta que é uma técnica muito dispendiosa

pois necessita de tecnologia especializada (Silva et al., 2007).

5. AMOSTRAGEM E EXTRAÇÃO DO DNA

5.1. A PARTIR DE DENTES

Os dentes apresentam uma localização anatómica e uma estrutura morfológica

que fornece uma proteção única ao DNA da degradação após a morte. Além disso, o

contraste entre os tecidos mineralizados e celulares do dente (esmalte, dentina, polpa e

cemento) gera um cenário bioquímico e anatómico único para examinar o conteúdo e a

degradação pós-morte dos tecidos dentários (Higgins et al., 2015).

Segundo um estudo feito em 2015, por Higgins et al. existem diferentes

percentagens de DNA nuclear e mitocondrial nos diversos tecidos que compõem o dente

após a morte de um indivíduo. Estudos histológicos e análise por PCR de dentes em

decomposição durante pequenos a médios intervalos de tempo pós-morte revelam que o

DNA nuclear existente na polpa e na dentina diminui drasticamente com a diminuição

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A Importância do DNA na Medicina Dentária Forense

17

da integridade estrutural. Por outro lado, a estrutura do cemento resiste muito mais

tempo e preserva durante mais tempo o DNA nuclear lá existente.

O esmalte dentário não é normalmente uma fonte de DNA devido à sua estrutura

mineralizada e acelular, no entanto existe suficiente quantidade de DNA na polpa e na

dentina do dente para suportar a extração de DNA do dente e posterior análise do

mesmo. Apesar da maior parte dos laboratórios ainda reduzirem a pó toda a estrutura

dentária, alguns estudos mostram que os tecidos dentários existentes na raiz têm grande

valor quando pretendemos extrair boas quantidades de DNA.

Sendo assim, estes métodos de destruição total do dente podem não ser os mais

apropriados (Hughes-Stamn et al., 2016).

Apesar de obtermos uma grande quantidade de DNA quando aplicamos a técnica

de reduzir a pó toda a estrutura do dente, esta técnica apresenta duas grandes

desvantagens. Em primeiro lugar, o facto de o dente ser completamente destruído

elimina a possibilidade de identificação por análise radiográfica, morfológica ou

restaurativa. Este é um importante fator a ter em conta para que o dente não seja

destruído e seja preservada a maior parte da sua estrutura. Em segundo lugar, a força

mecânica aplicada quando se reduz o dente a pó pode comprometer a qualidade do

DNA extraído (Hughes-Stamn et al., 2016).

Outros métodos têm sido usados para a extração do DNA de dentes, como o

corte horizontal do dente na junção cemento-esmalte ou até corte vertical até ao ápice,

fazendo de seguida raspagem e aspiração. O acesso à cavidade pulpar e extração de

DNA a partir dessa preparação, também é muitas vezes utilizada, tendo a vantagem de

ser de simples execução, baixo custo e manter a integridade do dente que poderá ser

usado para investigações forenses (Pinchi et al., 2011).

A quantidade de DNA obtido a partir do esmagamento dentário é muito maior

do que a quantidade de DNA obtido a partir da remoção de dentina com limas

endodônticas. No entanto, quando a amostra de DNA obtida é amplificada o resultado é

contrário, a quantidade de DNA amplificado é maior no método em que usamos limas

endodônticas do que quando destruímos o dente (Hughes-Stamn et al., 2016).

Acontece frequentemente contaminação das amostras quando o DNA é extraído

sem o devido cuidado. Esta contaminação pode ocorrer em qualquer etapa do

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A Importância do DNA na Medicina Dentária Forense

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procedimento de manipulação da amostra. É portanto muito importante a etapa de

descontaminação da amostra assim como a preservação da amostra num local

esterilizado para que não possa posteriormente ser contaminada.

O processo manual de remoção da dentina com limas endodônticas é um método

fiável com o qual se pode obter uma maior quantidade de DNA amplificado. No entanto

este é um método trabalhoso que consome muito mais tempo do que o método de

reduzir a estrutura dentária a pó. Este longo tempo que é requerido no processo manual

pode ser uma dificuldade ao uso do mesmo. Quando é necessário manusear uma grande

quantidade de amostras dentárias, este tempo extra é muito importante e portanto o

método endodôntico pode não ser viável. Mesmo assim, a combinação dos benefícios

de manter toda a estrutura dentária e a obtenção de amostras melhores para análise

podem sobrepor-se às desvantagens do tempo adicional e da habilidade requerida neste

método. Hughes-Stamn et al. (2016) compararam a extração de DNA usando o método

convencional de pulverização do dente com a recolha de amostra da cavidade pulpar e

dentina. Estes autores concluíram que o segundo método permite obter maior

quantidade de DNA, com a vantagem de não destruir o dente (Hughes-Stamn et al.,

2016).

Outro fator interessante de observar aquando da quantificação de DNA presente

nos diferentes tecidos dentários é a idade do indivíduo. Segundo este estudo há uma

maior resistência à decomposição dos dentes mais antigos. Os dentes mais maduros têm

os ápices completamente fechados e são normalmente mais mineralizados e menos

porosos do que os dentes menos maduros e portanto é natural que o DNA seja melhor

preservado em pessoas com mais idade (Higgins et al., 2015).

A temperatura do solo é um fator decisivo quando queremos obter uma amostra

de DNA. Num estudo de Alves da Silva et al. (2012) foi realizada a extração de DNA

de raízes de dentes após exposição a altas temperaturas (600ºC, 800ºC e 1000ºC)

durante 10, 30 e 60 minutos. O DNA isolado foi sujeito a amplificação por PCR e

verificou-se que em nenhuma das amostras sujeitas a altas temperaturas foi possível a

visualização de produto de amplificação (Alves da Silva et al., 2012).

Noutro trabalho foram testadas condições de variação de pH (3.7 e 10),

temperatura (4ºC, 25ºC, 37ºC e incineração do dente), humidade (20.6 e 98%) e tipo de

solo em que o dente se encontrava enterrado. Estes autores verificaram que as condições

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A Importância do DNA na Medicina Dentária Forense

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ambientais não afetaram a obtenção de DNA de alto peso molecular a partir de polpa

dentária (Schwartz et al., 1991). Do mesmo modo, Tsuchimochi et al. (2002)

verificaram que era possível a extração e amplificação de DNA a partir de polpa

dentária de dentes sujeitos a temperaturas até 300ºC. Dentes sujeitos a temperaturas

superiores a 300ºC não permitiram qualquer amplificação de DNA (Tsuchimochi et al.,

2002). Resultados semelhantes foram obtidos por Remualdo (2004).

A variação de 2ºC na temperatura do solo pode afetar a preservação quer do

DNA nuclear quer do mitocondrial. Higgins et al. (2015) mostrou que quando a

temperatura é mais baixa a degradação do DNA é menor e por isso será mais fácil a sua

análise posteriormente.

Sweet e Sweet (1995) foram capazes de isolar DNA de alto peso molecular da

polpa dentária de um terceiro molar de restos mortais de uma vítima de assassinato, que

foi incinerada e que possuía o corpo quase totalmente carbonizado (reduzido a 25% do

seu tamanho original).

Pode-se então dizer que, enquanto os dentes que ainda não entraram em

decomposição apresentam quantidades suficientes quer de DNA nuclear quer de DNA

mitocondrial para posterior análise, o mesmo não se verifica quando os dentes já

apresentam alguma decomposição. O DNA obtido de todos os tecidos dentários diminui

significativamente no primeiro mês após a morte do indivíduo provavelmente devido à

perda de tecidos moles como a polpa e os vasos sanguíneos (Higgins et al., 2015).

A qualidade do DNA extraído de tecidos dentários depende tanto de fatores pré-

morte como a idade cronológica do indivíduo, e de fatores pós-morte como a

temperatura do solo e o intervalo de tempo durante o qual o indivíduo esteve em

decomposição. Mesmo em períodos de decomposição pequenos a médios, ligeiras

mudanças na temperatura do solo podem ter um impacto significativo na preservação do

DNA dos tecidos dentários. O cemento é especialmente importante na preservação e

recuperação de DNA nuclear após períodos longos de decomposição, devido à sua

estrutura que normalmente se mantém integra por muito tempo (Higgins et al., 2015).

Pequena quantidade de DNA obtida a partir dos tecidos duros do dente pode

muito bem ser suficiente para providenciar uma boa análise de DNA e resultados fiáveis

desde que a amostra seja tratada de uma forma cuidada (Higgins et al., 2015).

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A Importância do DNA na Medicina Dentária Forense

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Malaver e Yunis (2003) desenvolveram um estudo com o intuito de avaliar

diferentes tecidos dentários como fontes de DNA para análise forense. Neste estudo, a

polpa dentária mostrou ser o tecido que permitiu maior sinal de amplificação por PCR,

enquanto a dentina e cemento levaram a resultados semelhantes entre si e inferiores ao

da polpa (Malaver & Yunis, 2003). Resultados semelhantes foram obtidos por Hanaoka

et al. (1995) com melhor qualidade e maior quantidade de DNA obtido da polpa

dentária, quando comparado com tecidos duros.

5.2. A PARTIR DE SALIVA

A importância médico-legal e criminalística da saliva como vestígio biológico

para investigação criminal tem aumentado na última década nos laboratórios forenses. A

esses laboratórios é requerida a existência de procedimentos automáticos para a saliva

como os que existem para o sangue e para a urina. O DNA é extraído da saliva de uma

forma fácil. É um método não invasivo que pode ser feito por investigadores criminais

com pouca experiência, além disso evita a intrusão de profissionais de investigação

criminal na supervisão obrigatória da recolha de vestígios (Pereira, 2014).

A saliva é normalmente depositada com as marcas de mordida, quando esta

marca não permite uma análise física médico-legal para uma possível identificação

positiva, é a saliva, depositada no ato de morder o principal alvo de análise forense. O

DNA salivar pode ser recuperado 48 a 60 horas após a deposição de saliva sobre o

cadáver, logicamente este tempo dependerá das condições ambientais e da manipulação

que o corpo tenha sofrido. Sobre uma vítima viva o DNA da saliva pode ser recuperado

por mais de 72 horas (Vieira et al., 2010).

A dificuldade de recolha da saliva depositada na pele, roupas, papel e outros

objetos prende-se com o facto de esta ser completamente invisível, além disso os

substratos onde esta se encontra não podem ser submetidos aos procedimentos de

extração (Silva, 2006).

Existem métodos químicos de deteção de manchas secas de saliva que se

caracterizam pelo uso de trifenil-tetrazólio que reage e reduz os açúcares presentes na

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A Importância do DNA na Medicina Dentária Forense

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saliva formando um precipitado insolúvel vermelho. Também têm sido usados os sais

de nitrato e tiocianato (Nanda et al., 2011). Estes métodos têm limitações e a

sensibilidade dos mesmos depende do tempo da mancha seca de saliva e da quantidade

de saliva depositada (Pereira, 2014).

Para além dos métodos químicos, também tem sido usada luz ultravioleta e laser,

tudo em arco de quartzo e laser de argónio (Auvdel, 1987; Auvdel, 1988).

Espectroscopia de fluorescência também pode ser usada sendo que neste método

é utilizado o aminoácido triptofano presente na alfa-amilase salivar, que possibilita a

deteção de manchas de saliva secas devido ao seu espetro de emissão único (Nanda et

al., 2011).

Os métodos clássicos para a recolha da saliva na pele são a utilização de uma

zaragatoa húmida ou de um papel de filtro húmido colocado de forma suave, sem

exercer qualquer pressão, na zona da pele com a mancha seca de saliva (Pereira et al.,

2009). O método que usa uma zaragatoa húmida seguida de uma zaragatoa seca,

conhecido como a técnica do double swab, foi usado pela primeira vez por Sweet et al.

em 1997 e é o que fornece melhores resultados ao nível da recuperação da saliva da

superfície da pele. O DNA da saliva e da pele com depósitos de saliva é extraído através

do método do fenol-clorofórmio (Pereira, 2014).

5.3. EXTRAÇÃO DE DNA

O processo de extração de DNA é constituído por três etapas: rutura ou lise das

células, desnaturação e inativação das proteínas pelo uso de agentes quelantes e

proteinases e, por fim, o isolamento do DNA (Butler, 2005).

Uma das técnicas mais usadas para isolamento de DNA em análise forense é o

método orgânico constituído por extração com fenol-clorofórmio. Este método é usado

para isolar DNA de alto peso molecular, sendo um procedimento muito laborioso,

demorado, com grande probabilidade de erros que apenas pode ser usado se houver

amostra abundante.

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A Importância do DNA na Medicina Dentária Forense

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Outros métodos frequentemente utilizados são a resina quelante Chelex 100 que

é o de mais rápida execução e menor risco de contaminação; papel FTA constituído por

papel de celulose absorvente com compostos químicos que aumentam a velocidade de

extração; e o uso de isopropanol/acetato de amónio que é o método mais barato (Buttler,

2005; Datta et al., 2012; Alves da Silva et al., 2007).

Diversos estudos foram realizados com o intuito de comparar vários métodos de

extração de DNA a partir de tecidos humanos em decomposição. No trabalho de Hoff-

Olsen et al. (1999) dos cinco métodos de extração testados, a resina Chelex 100 foi a

que mostrou melhor ser de mais rápida execução e menos dispendioso.

Tsuchimochi et al. (2002) testaram a resina quelante Chelex 100 na extração de

DNA de polpa dentária de dentes sujeitos a várias temperaturas. Estes autores

concluíram que este é um método apropriado para obtenção de DNA de alta qualidade

para subsequente amplificação por PCR (Tsuchimochi et al., 2002).

Remualdo (2004) testou a amplificação de DNA a partir de dentes sujeitos a

altas temperaturas, utilizando três métodos de extração de DNA diferentes (método

orgânico, isopropanol/acetato de amónio e sílica). Quando foi usado o método orgânico

para extração de DNA genómico, 50% das amostras sujeitas a temperaturas de 200ºC e

400ºC foram amplificadas. Já a temperaturas mais altas (500ºC e 600ºC) o método

isopropanol/acetato de amónio deu melhores resultados, especialmente para extração de

DNA mitocondrial (Remualdo, 2004).

5.4. CUIDADOS NO MANUSEAMENTO DAS AMOSTRAS DE

DNA

O sucesso da análise da amostra de DNA está diretamente relacionado com o

tipo de amostra recolhida e de como esta foi preservada. Deste modo, deve ser prestada

bastante atenção quanto à técnica utilizada na recolha e documentação do vestígio, bem

como a sua quantidade e o modo como foi manuseado, armazenado e conservado, sendo

estes, pontos críticos para este tipo de exame (Vieira et al., 2010).

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A Importância do DNA na Medicina Dentária Forense

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Como descrito anteriormente, a extração de DNA pode ser feita através de vários

métodos, assim como a análise do DNA obtido, não havendo, portanto, um

procedimento standard. Por esta razão, é essencial que os investigadores façam uma

avaliação cuidada das condições em que se encontra o material a ser analisado. Isto é

particularmente importante quando se lida com casos forenses, em que o risco de

contaminação da amostra é mais elevado, é maior a influência por fatores ambientais

associado à disponibilidade de pequenas quantidades de amostras (Calabrez &

Saldanha, 1997).

É, portanto, essencial ter cuidado durante o manuseamento das amostras,

seguindo regras apertadas para evitar contaminação (Brown, 1991).

Fatores como temperatura, tempo de exposição, humidade que facilita o

crescimento de microrganismos, luz e exposição a agentes químicos, são responsáveis

pela degradação do DNA contido na amostra (Rudin & Inman, 2001). O meio ambiente

contém frequentemente combinações destes fatores, o que leva à rápida degradação das

amostras.

Pelas razões apresentadas, logo que uma amostra é recolhida, deve ser seca ou

mantida seca. A amostra também pode ser congelada, não devendo ser sujeita a

variações de temperatura e humidade (Rudin & Inman, 2001).

6. MÉTODOS DE ANÁLISE DE DNA

Como referido anteriormente, qualquer organismo pode ser identificado por

análise de sequências de DNA únicas dessa espécie. Cada célula de um organismo

possui uma cópia desse DNA e a ordem dos pares de bases do DNA de cada indivíduo é

diferente, excetuando o caso dos gémeos verdadeiros.

Cada sequência de bases é única devido à presença de sequências de 20-100 pb

nas regiões intrónicas do DNA, que aparecem repetidas em diferentes locais ao longo

dos cromossomas. Estas sequências são designadas polimorfismos e dependendo do seu

comprimento podem dividir-se em minissatélites (ou VNTR, com 9-80 pb) ou

microssatélites (ou STR, com 2-7 pb). A identificação destas sequências por sondas

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A Importância do DNA na Medicina Dentária Forense

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marcadas é usada para determinar a impressão digital do DNA (DNA fingerprint ou

DNA profiling) que permite a identificação humana em casos de criminologia ou testes

de paternidade (Buckleton et al., 2005).

Inicialmente era feita a análise de VNTRs, no entanto isto requer uma grande

quantidade de amostra e apresenta resultados de baixa qualidade. Hoje em dia, o estudo

do DNA é normalmente feito por análise de STRs. Os STRs mais úteis para

identificação humana são os que apresentam maior polimorfismo (maior número de

alelos), menor comprimento, maior frequência de heterozigóticos e baixa taxa de

mutação.

Os perfis de DNA realizados hoje em dia são totalmente fiáveis e dão detalhes

sobre características físicas do indivíduo, etnia, local de origem e sexo.

Análise de RFLP

A análise de RFLPs é usada na identificação de fragmentos de restrição de

tamanho variável resultantes da digestão do DNA com enzimas de restrição. Esta

técnica é demorada e requer grandes quantidades de DNA. Não pode, portanto, ser

usada em amostras degradadas por fatores ambientais (Zehner et al., 1998).

Análise de STR

Como referido, os STRs são sequências de DNA curtas que aparecem repetidas

em diversos locais ao longo do genoma humano. Cada indivíduo possui alguns STRs

herdados do pai e outros da mãe, mas nenhum indivíduo tem STRs idênticos aos de

cada progenitor. Por serem únicos os STRs são marcadores específicos que permitem a

identificação humana (Butler, 2006).

STRs têm sido usados na identificação de corpos em desastres ocorridos em

diversos locais ou em ossadas antigas (Boljunci, 2007). Embora o DNA presente em

restos humanos antigos esteja normalmente muito degradado, observa-se que se

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A Importância do DNA na Medicina Dentária Forense

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encontra melhor conservado em dentes do que em amostras de osso (Ricaut et al., 2005;

Milos et al., 2007).

O FBI, tendo por base os STRs, estabeleceu o Combined DNA Index System

(CODIS) que foi desenvolvido especificamente para laboratórios forenses, criando

bases de dados com perfis de DNA autorizados. O CODIS tem por base perfis de DNA

de 13 loci, e a probabilidade de duas pessoas possuírem estes perfis idênticos é de 1 em

1 milhar de milhão.

A análise de STRs consiste num PCR multiplex, isto é, utilização de vários pares

de primers (um par de oligonucleótidos por cada STR) que irão ser usados para

amplificar os diversos loci contendo as sequências repetitivas pela reação em cadeia

catalisada por uma DNA polimerase. Após PCR os produtos obtidos são visualizados

por eletroforese e o padrão de bandas obtido comparado com os padrões presentes na

base de dados.

Análise de DNA mitocondrial

Quando o intervalo de tempo entre o momento da morte e a recolha de tecidos é

grande, a identificação genética baseada no DNA nuclear fica comprometida. Nestes

casos, é provável que haja apenas disponível para análise dentes e ossos. Os dentes são

uma excelente fonte de DNA mitocondrial (Koyama et al., 2002).

Este método baseia-se no isolamento de DNA mitocondrial da amostra,

amplificação do DNA por PCR e sequenciação do DNA amplificado para posterior

comparação com bases de dados, de modo a permitir a identificação humana. Nos

primeiros estudos a sequenciação era feita pelo método de Sanger, hoje em dia recorre-

se a sequenciação de nova geração (Peck et al., 2016).

Apesar do DNA mitocondrial apresentar a vantagem de ter elevado número de

cópias, não é usualmente usado em análises forenses, uma vez que é pouco informativo

por ser exclusivamente uniparental. É também uma técnica muito dispendiosa.

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A Importância do DNA na Medicina Dentária Forense

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Análise do cromossoma Y

A quase totalidade do cromossoma Y é transmitido como um bloco do pai para

os descendentes machos, como entidade haploide.

Polimorfismos do cromossoma Y são muito usados para o conhecimento da

evolução do Homem, migrações e para estabelecimento de relações de parentesco entre

machos (Zhong et al., 2010; Krausz et al., 2004).

A análise do cromossoma Y é correntemente feita por PCR multiplex para

amplificar 13 STR loci deste cromossoma (Hadi, 2016).

Um estudo de Tsutsumi et al. (2009) permitiu a identificação do agressor num

caso de violação, baseada na análise do locus STR do cromossoma Y.

Análise de STR do cromossoma X

Os alelos de STR do cromossoma X são pequenos, com 100 a 350 nucleótidos,

sendo por isso facilmente amplificados por PCR e detetados (Gu e Li, 2006).

A análise dos marcadores de STR específicos do cromossoma X é usada na

identificação e em estudos genómicos de diversos grupos étnicos do mundo (Kang e Li,

2006).

O método baseia-se, mais uma vez, no isolamento de DNA e amplificação de

marcadores STR. Estudo de Prieto-Fernández et al. (2016) utilizou 17 X-STRs com o

intuito de aumentar o poder de resolução do método e a aplicação a casos forenses.

Análise de polimorfismo de nucleótico único (SNP)

SNPs são variações na sequência de DNA que resultam da alteração de apenas

um nucleótido.

Estes polimorfismos têm-se tornado marcadores de interesse em casos forenses,

uma vez que têm tamanho pequeno, o que é particularmente útil em amostras

degradadas e têm baixa taxa de mutação comparativamente com os STRs.

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A Importância do DNA na Medicina Dentária Forense

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Estudo de Grandell et al. (2016) é um bom exemplo de utilização de

sequenciação massiva de um painel de SNPs na identificação humana.

Análise de género

A identificação do sexo de restos humanos é normalmente feita por análise de

sequências de DNA únicas presentes no cromossoma Y. No entanto, DNA recolhido

dos dentes pode fornecer dados conclusivos na determinação do sexo.

As proteínas necessárias ao normal desenvolvimento do esmalte dentário são

codificadas pelo gene amelogenina, presente como uma única cópia nos cromossomas X

e Y (Xp22.1-Xp22.3 e Yp11.2) (Sasaki & Shimokawa, 1995). Estes genes homólogos

AMELX e AMELY possuem diferenças de tamanho que são usadas na identificação do

sexo (Murakami et al., 2000).

A polpa dentária é também uma excelente fonte de DNA para a determinação do

sexo. Este DNA foi usado por Komuro et al. (1998) para a identificação do sexo através

da análise dos picos dos loci X e Y por eletroforese capilar.

7. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO USO DE DNA

COMO MÉTODO DE IDENTIFICAÇÃO

O método de identificação a partir de DNA apresenta as mais variadas

aplicações judiciais. A sua utilização tem sido cada vez mais frequente em vários países

(Borém, 2001).

É também importante referir que a eficiência deste método é muito maior

quando comparada com outros métodos de identificação (Vieira et al., 2010). Esta

eficiência está relacionada com a possibilidade da sua aplicação em relação a qualquer

fonte de material biológico.

Existe uma ampla variedade de tecidos e líquidos corporais que são

frequentemente encontrados nas cenas de crimes ou acidentes. Enquanto estudos

sorológicos são realizados apenas em amostras de sangue e não noutros tecidos ou

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A Importância do DNA na Medicina Dentária Forense

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líquidos corporais, qualquer amostra de qualquer material biológico pode ser analisada

por testes de DNA de modo a permitir fazer a associação e identificação de um

indivíduo.

A forma como um exame de DNA é discriminatório pode ser considerada a mais

importante característica quando queremos aplicar este método para fins forenses. Outra

das vantagens deste método é o facto de ser muito sensível o que o torna muito mais

eficiente. Além disso, o DNA é uma molécula bastante resistente a fatores ambientais

(Dolinsky & Pereira, 2007).

O uso da molécula de DNA para fins forenses não vai por si só provar que um

sujeito é culpado ou inocente num determinado crime, mas vai relacioná-lo com a cena

do crime. Esta técnica de identificação apresenta uma grande mais-valia, pois pode ser

utilizada em quase todos os tipos de investigação, tais como: crimes sexuais,

identificação de cadáveres carbonizados, mutilados, em decomposição, pode fazer a

relação entre o instrumento que provocou a lesão e a vítima (Dolinsky & Pereira, 2007).

Quando as amostras são extraídas e armazenadas em boas condições, os

resultados obtidos não colocam dúvidas.

Apesar da sua eficiência, os estudos de DNA apresentam também algumas

limitações. A sua principal desvantagem é o facto de envolver um alto custo, isto

porque, é muito baixo o número de institutos públicos capazes de realizar este tipo de

exame. Além disso, é uma técnica muito morosa na obtenção dos resultados (Vieira et

al., 2010).

Outra das suas desvantagens é o facto de muitas vezes não ser fácil a obtenção

de amostras, podendo estas estar contaminadas ou em mau estado, o que faz com que

possa haver resultados de PCR errados e desta forma inconclusivos (Koch & Andrade,

2008).

Bonaccorso (2004) descreveu uma situação em que dois gémeos homozigóticos

eram suspeitos de um crime, neste caso o exame de DNA em nada ajudaria na resolução

desta investigação, já que o seu material genético é idêntico. Neste caso, o melhor

método seria a dactiloscopia no caso de existirem impressões digitais no local do crime.

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A Importância do DNA na Medicina Dentária Forense

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O estado de conservação do cadáver nem sempre é o melhor, como por exemplo

em casos de corpos submersos em água durante longos períodos de tempo, corpos

carbonizados ou em estado de decomposição demasiado avançado. Nestes casos, nem

sempre é possível obter resultados fidedignos por análise de DNA, não se conseguindo

a sua identificação.

Resumindo, apesar do método de identificação com recurso ao DNA apresentar

algumas limitações, este pode ser uma poderosa prova em casos de investigação, já que

fornece informações que mais nenhuma outra técnica permite obter, isto quando o

método é realizado segundo as recomendações técnicas exigidas (Bonaccorso, 2004).

8. IDENTIFICAÇÃO HUMANA DE VÍTIMAS DE

DESASTRES EM MASSA

Os desastres em massa são acidentes súbitos, naturais ou produzidos diretamente

pela ação ou influência do Homem, que muitas vezes resultam na perda da vida

humana. Estima-se que mais de 250 milhões de pessoas em todo o mundo sejam

afetadas anualmente por catástrofes, um registo três vezes maior do que na década de 70

(Interpol, 2010).

Em alguns desses eventos, os corpos das vítimas sofrem ações destruidoras e

degenerativas por meio de agentes físicos, químicos, mecânicos ou biológicos,

resultando, muitas vezes, em corpos fragmentados, carbonizados, mutilados, macerados

ou em avançado estado de decomposição, o que dificulta ou impossibilita o

reconhecimento pela inspeção visual (Stravrianos et al., 2010; Zohn et al., 2010). É

nestes casos que métodos científicos de identificação, como o DNA ou impressões

digitais, são necessários (Hinchliffe, 2007).

A identificação de peças dentárias depende da fiabilidade, precisão e de se

encontrar disponível informação suficiente anterior à morte do indivíduo. O processo de

identificação envolve reunir toda a informação dentária existente e comparar com

vestígios encontrados, devendo os detalhes serem compatíveis e as discrepâncias

explicadas (Hinchliffe, 2007). Uma das maiores virtudes deste método é a sua eficiência

em situações adversas, pois os dentes são estruturas altamente mineralizadas, que

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A Importância do DNA na Medicina Dentária Forense

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possuem grande durabilidade, longevidade e alta resistência a condições extremas de

degradação, como alterações de pressão, temperatura e humidade (Hinchliffe, 2010;

Stavrianos et al., 2006; Stavrianos et al., 2010).

Em casos em que a identificação pelo método dactiloscópico não é possível de

realizar, uma vez que em muitas destas catástrofes as polpas digitais são destruídas no

processo de degeneração do corpo, o método de DNA é o único que pode ser feito

(Stravrianos et al., 2010; Zohn et al., 2010).

Um desastre em massa nunca é igual ao outro, e cada caso exige diferentes

respostas, que devem ser sempre imediatas, organizadas e coordenadas. No entanto, as

dificuldades operacionais em torno dessas catástrofes são geralmente semelhantes:

grande número de restos mortais; restos fragmentados, queimados e dispersos;

dificuldade em determinar a identidade da vítima; assuntos de carácter legal, político,

jurisdicional e organizacional; documentação interna e externa e problemas de

comunicação (Lake et al., 2012; Shekar, 2009; Blau & Briggs, 2011).

Quando ocorre um incidente de grandes proporções, um país pode não ter

recursos suficientes para fazer frente a um grande número de vítimas, podendo o evento

ter destruído ou desorganizado o sistema de resposta a incidentes nacional, fazendo com

que a identificação de vítimas se torne mais complicada. Um esforço coordenado pela

comunidade internacional pode acelerar o processo, possibilitando o luto às famílias das

vítimas (Interpol, 2015).

É incontestável o papel da Medicina Dentária nos trabalhos de identificação de

vítimas provenientes de grandes desastres coletivos. A identificação odontológica, é

considerada um método primário de identificação, assim como a dactiloscopia e o

exame de DNA. Todos eles atendem de forma positiva aos requisitos técnicos e

biológicos (unicidade, imutabilidade, perenidade, classificabilidade e praticabilidade) de

um processo de identificação humana (Valenzuela et al., 2000; Valenzuela et al., 2002;

Valck, 2006).

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A Importância do DNA na Medicina Dentária Forense

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III. CONCLUSÃO

A presente pesquisa bibliográfica permite concluir que o DNA contribui de

forma inequívoca em casos de identificação humana, principalmente em situações em

que as impressões digitais, exames antropométricos ou exames às arcadas dentárias são

inviáveis.

Para além disto, a análise de DNA é o procedimento mais amplamente utilizado

e reconhecido no mundo para identificar indivíduos.

Ficou também demonstrado que este método é muito útil como auxiliar de outras

ciências forenses, particularmente na identificação de vítimas de grandes catástrofes,

onde este método aliado a outras formas de reconhecimento são fundamentais para a

rápida e eficiente identificação dos cadáveres.

Os dentes são uma fonte rica de DNA, podendo este ser encontrado tanto na

polpa como na dentina e no cemento. Segundo a maior parte dos estudos a polpa é a que

tem maior quantidade de DNA e com melhor qualidade para ser analisado.

Além dos dentes, a saliva também é uma boa fonte de DNA. Esta pode muitas

vezes estar associada a marcas de mordida. O grande problema na recolha de saliva é o

facto de esta ser invisível, e por isso só com a utilização de alguns métodos químicos,

como luz ultravioleta ou laser ou ainda com o auxílio da espectroscopia de fluorescência

é que é possível detetá-la.

Concluiu-se também que a qualidade do DNA que é extraído das amostras é

afetada por fatores ambientais, tais como temperatura, pH, humidade, luz, assim como a

exposição do indivíduo a agentes químicos e o intervalo de tempo durante o qual este

esteve em decomposição.

Quando o intervalo de tempo entre o momento da morte e a recolha de tecidos é

grande, normalmente ficam apenas disponíveis os ossos e os dentes. A partir destes

podemos obter DNA que vai provavelmente ser a única maneira de conseguirmos

identificar o indivíduo.

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A Importância do DNA na Medicina Dentária Forense

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A análise genética de amostras biológicas tem sofrido muitas alterações. Na

atualidade são utilizadas técnicas cada vez mais refinadas e equipamentos mais

intuitivos e com maior sensibilidade.

Os métodos para extração de DNA assim como para a sua posterior análise são

muito variados, alguns com mais limitações do que outros. Segundo alguns dos estudos

o melhor método para extração de DNA é o Chelex 100 devido à sua rápida execução e

menor risco de contaminação, no entanto não existe um método standard quer de

extração quer de análise de DNA.

Em relação aos marcadores genéticos, os que mais se utilizam são os STR. Hoje

em dia estão disponíveis kits com melhor performance a partir de amostras de DNA

muito pequenas e degradadas, bem como com maior poder de discriminação.

O método de reconhecimento através do DNA possui muitas vantagens pois este

é um método eficiente, com variadas aplicações judiciais, discriminatório e sensível, no

entanto também tem desvantagens, como o facto da técnica de análise ser muito

demorada e ainda ter alto custo.

Por último, é importante realçar que nenhuma forma de identificação é cem por

cento fiável e correta. Dependendo do caso vai ser utilizada uma ou outra técnica sendo

necessária uma abordagem multidisciplinar para que seja possível um resultado

fidedigno.

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