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BALCÃO DE REDAÇÃO ENSINO MÉDIO www.poliedroeducacao.com.br 1 SÉRIE 2 a ORIENTAÇÕES PARA O ALUNO A coletânea a seguir apresenta exemplos de atividades e práticas humanas que prejudicam a fauna e a ora brasileiras. No país, agredir e danicar o meio ambiente congura crime, e as penas previstas variam de acordo com o tipo e a gravidade da infração, podendo ir de multas e restrição de direitos à detenção. No entanto, ambientalistas argumentam que há pouca scalização e, com isso, pouca efetividade na punição dos infratores, o que contribui para o aumento desses crimes. As consequências dessa realidade podem ser devastadoras para o equilíbrio e a sobrevivência dos ecossistemas. Leia os textos a seguir e reita sobre o assunto para realizar a atividade proposta. TEXTO 1 Pantanal tem mês de setembro com mais focos de incêndio na história O Pantanal passa pelo mês de setembro com mais focos de incêndio desde o início da série histórica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em 1998: foram 5 603 focos de calor detectados em apenas 16 dias, contra 5 498 registrados no mês inteiro de setembro em 2007 – o recorde para o mês até este ano. Em comparação a 2019, quando setembro teve 2 887 focos detectados em 30 dias, o mesmo mês de 2020 já apresenta uma alta de 94%. O número de focos neste mês está 188% acima da média histórica do Inpe para setembro, que é de 1 944 pontos de incêndio (veja gráco). Focos de incêndio no Pantanal em setembro Fonte: Inpe (Adapt.) Três meses antes de terminar, 2020 também ultrapassou o recorde de queimadas em um ano para o bioma: foram 15 756 focos registrados desde janeiro até quarta-feira (16). Antes, o número mais alto havia sido registrado em 2005, com 12 536 focos em todo o ano. A alta é de cerca de 26%. A IMPORTÂNCIA DO COMBATE AOS CRIMES AMBIENTAIS NO BRASIL TEMA 9 – 2020 | Entregar até 09 de novembro

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Page 1: A IMPORTÂNCIA DO COMBATE AOS CRIMES ......alastramento das chamas. “Nessa época, não tem como a rmar, por exemplo, que seja o raio [a causa], a origem é humana. É um descuido,

BALCÃO DE

REDAÇÃOENSINO MÉDIO

www.poliedroeducacao.com.br 1

SÉRIE2a

ORIENTAÇÕES PARA O ALUNO

A coletânea a seguir apresenta exemplos de atividades e práticas humanas que prejudicam a fauna e a ora brasileiras. No país, agredir

e danicar o meio ambiente congura crime, e as penas previstas variam de acordo com o tipo e a gravidade da infração, podendo ir de

multas e restrição de direitos à detenção. No entanto, ambientalistas argumentam que há pouca scalização e, com isso, pouca efetividade

na punição dos infratores, o que contribui para o aumento desses crimes. As consequências dessa realidade podem ser devastadoras para o

equilíbrio e a sobrevivência dos ecossistemas.

Leia os textos a seguir e reita sobre o assunto para realizar a atividade proposta.

TEXTO 1

Pantanal tem mês de setembro com mais focos de incêndio na história

O Pantanal passa pelo mês de setembro com mais focos de incêndio desde o início da série histórica do Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (Inpe), em 1998: foram 5 603 focos de calor detectados em apenas 16 dias, contra 5 498 registrados no mês inteiro de setembro em

2007 – o recorde para o mês até este ano.

Em comparação a 2019, quando setembro teve 2 887 focos detectados em 30 dias, o mesmo mês de 2020 já apresenta uma alta de 94%.

O número de focos neste mês está 188% acima da média histórica do Inpe para setembro, que é de 1 944 pontos de incêndio (veja gráco).

Focos de incêndio no Pantanal em setembro

Fonte: Inpe (Adapt.)

Três meses antes de terminar, 2020 também ultrapassou o recorde de queimadas em um ano para o bioma: foram 15 756 focos registrados

desde janeiro até quarta-feira (16). Antes, o número mais alto havia sido registrado em 2005, com 12 536 focos em todo o ano. A alta é de

cerca de 26%.

A IMPORTÂNCIA DO COMBATE AOS CRIMES AMBIENTAIS NO BRASIL

TEMA 9 – 2020 | Entregar até 09 de novembro

Page 2: A IMPORTÂNCIA DO COMBATE AOS CRIMES ......alastramento das chamas. “Nessa época, não tem como a rmar, por exemplo, que seja o raio [a causa], a origem é humana. É um descuido,

BALCÃO DE REDAÇÃO – TEMA 29 – 2020

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Queimadas anuais no Pantanal (2005-20)

Fonte: Inpe (Adapt.)

O fogo já destruiu 85% do Parque Estadual Encontro das Águas, refúgio das onças-pintadas. Em relação à área perdida para os incêndios,

o instituto apresenta os dados mensalmente: a última estimativa, contabilizada até 31 de agosto, apontava uma perda de 12% do bioma neste

ano – foram 18,6 km².

Para o diretor-executivo da SOS Pantanal, Felipe Augusto Dias, a única perspectiva de melhora na situação é a chuva – e em grande vo-

lume. “Não tem outra perspectiva. O fogo ca queimando por baixo, vai queimando e depois surge de novo na superfície, porque às vezes a

água não inltra o suciente. Para apagar, o ideal é que chova, e que chova muito”, explica Dias.

Ele explica que, mesmo antes da ocupação da região, o Pantanal já pegava fogo, só que a maioria dos incêndios estava associada a

causas naturais, como raios – que costumam ocorrer com as chuvas, nos períodos úmidos, o que não é o caso agora. Além das queimadas,

a região também enfrenta uma seca histórica – o maior período de estiagem em 47 anos, segundo o diretor. A falta de água contribui para o

alastramento das chamas.

“Nessa época, não tem como armar, por exemplo, que seja o raio [a causa], a origem é humana. É um descuido, um momento equivo-

cado de pôr fogo”, avalia. “O primeiro fogo é de origem humana; depois pode ter essa característica do Pantanal [em que o fogo queima por

baixo do solo]”, diz.

Segundo Felipe Augusto Dias, a vegetação não deve demorar para se recuperar quando voltar a chover na região. Os impactos para

a fauna e a economia regional, entretanto, ainda precisarão ser avaliados. [...]

Rômulo Batista, porta-voz da campanha de Amazônia do Greenpeace, diz que é “muito difícil” fazer uma previsão sobre melhoras

para a região, incluindo para o ecossistema. “Era sabido da ciência que a gente tinha uma estiagem no Pantanal. As contratações dos briga-

distas foram atrasadas, e eles não conseguiram fazer nenhum trabalho de prevenção ao fogo. A melhor maneira de combater as queimadas é

evitar o desmatamento e evitar que elas aconteçam”, armou. [...]

DANTAS, Carolina; PINHEIRO, Lara. “Pantanal tem mês de setembro com mais focos de incêndio na história”. G1, 17 set. 2020. Disponível em: <https://

g1.globo.com/natureza/noticia/2020/09/17/pantanal-tem-mes-de-setembro-com-mais-focos-de-incendio-na-historia.ghtml>.

Acesso em: 9 out. 2020.

TEXTO 2

A máa dos bichos

Tráco de animais no Brasil tira 38 milhões de bichos da mata por ano e gira R$ 3 bilhões

[...] O país com a maior diversidade de fauna – e dono de 20% de toda a biodiversidade do mundo – é também um dos que mais a

desrespeita. Segundo a Rede Nacional de Combate ao Tráco de Animais Silvestres (Renctas), a estimativa é de que todo ano 38 milhões de

espécimes sejam retiradas da natureza brasileira.

[...] Um levantamento realizado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) mostrou que das 12 256 espé-

cies da fauna brasileira analisadas, 1173 estão ameaçadas de extinção. A caça desses animais para ns de comércio ilegal ou subsistência

é a segunda principal causa. A primeira ainda é a perda de hábitat provocada por atividades humanas, como agronegócio e queimadas. [...]

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BALCÃO DE REDAÇÃO – TEMA 29 – 2020

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Orientações para o professorA coletânea apresenta números alarmantes relacionados aos crimes ambientais praticados no Brasil nos últimos anos. Espera-se que os alunos

percebam que, apesar da existência de leis voltadas à proteção da fauna e da ora e de campanhas de prevenção ao meio ambiente, é cres-

cente a intervenção humana predatória na natureza; por isso, torna-se cada vez mais necessário e urgente o combate aos crimes ambientais

no país. Embora o assunto seja atual e próximo da realidade dos alunos, o tema é amplo, portanto é fundamental que eles delimitem um

recorte para nortear a argumentação. Incentive-os a buscar outros exemplos e dados que possam utilizar na dissertação, evitando cópias e

paráfrases dos textos de apoio.

Há um grande obstáculo para quem luta para acabar com essa atividade. O comércio ilegal da fauna brasileira representa uma enor-

me possibilidade de lucro. À época em que lançou o relatório, a Renctas trabalhava com um valor de R$ 2,5 bilhões movimentados pelo

comércio ilegal por ano. Hoje, segundo Dener Giovanini, coordenador-geral da Renctas, a quantia deve estar na casa dos R$ 3 bilhões.

A vantagem para tracantes vem no pouco que se é gasto com a captura desses animais. Quando não roubam os animais da natureza,

pagam alguém para fazê-lo. [...]

Equilíbrio sanitário do planeta em xeque

[...] Possivelmente, o mundo vive hoje a consequência da interação entre seres humanos e animais retirados do hábitat natural. Isso porque

a hipótese mais trabalhada nos últimos meses é a de que o novo coronavírus tenha surgido em um mercado onde se comercializa bichos vivos

ou mortos em Wuhan, na China.

“Os cativeiros são reservatórios de doenças, tanto as conhecidas quanto as que não sabemos ainda. Salmonella, hantavirose, leptospirose,

raiva, clamídia... São inúmeros os exemplos de moléstias mais ou menos graves; o que aconteceu com o ebola, por exemplo, ou a primeira

Sars, e agora nessa, com o novo coronavírus. São zoonoses”, explica a bióloga Juliana Machado Ferreira. As zoonoses, segundo denição da

Organização Mundial da Saúde (OMS), são “doenças ou infecções que naturalmente são transmitidas de animais vertebrados para humanos”.

A organização, por enquanto, reconhece 200 doenças nessa categoria.

Além de possuírem inúmeros patogênicos que, no futuro, podem acarretar em problemas sanitários, existem os problemas ambientais por

se tirar indiscriminadamente esses animais de seus hábitats naturais. Juliana relembra: ecossistemas não conseguem se regenerar sem todos

os componentes que fazem parte dele. E isso inclui os animais silvestres.

“Esse tráco causa a chamada defaunação, que é a redução do número de espécies e indivíduos na fauna. Sem esses animais, não é

possível realizar a polinização, a dispersão de sementes, por exemplo. Você tem uma alteração no nível de paisagem, alteração dos cursos de

água, e a perda da capacidade de armazenar carbono em orestas tropicais. As consequências são inúmeras. [...]”.

Legislação demorou quatro séculos

Apesar de a retirada de espécimes da natureza acontecer desde a colonização, a regulamentação que tenta controlar o comércio de ani-

mais só surgiu em 1967, por meio da Lei de Proteção à Fauna, de nº. 5.197. Passou a ser proibido caçar, capturar, comercializar e criar qual-

quer bicho da fauna silvestre sem autorização do Estado. Essa lei tornou todos os animais presentes na natureza um bem do Estado brasileiro.

Quem for pego em infração poderá pagar uma multa de R$ 500, se o animal não estiver em extinção, ou R$ 5 mil, caso esteja. [...] A

legislação, porém, não se mostra ecaz para os especialistas ouvidos por Ecoa. E por diferentes motivos. O principal deles é o crime de tráco

de animais no Brasil ser considerado com menor potencial ofensivo, o que faz poucas pessoas pagarem judicialmente.

“Isso permite a transação penal, que é um acordo feito com o infrator, o que não envolve o infrator admitindo culpa e prevê o acesso a

penas alternativas, como pagamento de cestas básicas ou serviço comunitário”, conta Juliana Machado. [...] “Não existe uma percepção por

parte da sociedade de que isso (comércio ilegal de animais silvestres) é um crime sério. O Estado está falhando em passar essa mensagem para

a sociedade. Falta uma conscientização da população sobre os efeitos em cascata que a retirada dos animais da natureza em grande volume

acarreta. Não existe uma clareza sobre a importância de ecossistema saudável. É só olhar a situação que a gente vive hoje”. [...]

RODRIGUES, Paula. “A máa dos bichos”.

Ecoa Uol, 11 maio 2020. Disponível em: <www.uol.com.br/ecoa/reportagens-especiais/traco-no-brasil-tira-por-ano-35-milhoes-de-animais-da-oresta-

e-gira-r-3-bilhoes/#cover>. Acesso em: 9 out. 2020.

PROPOSTA DE REDAÇÃO

Após a leitura e a análise da coletânea, redija uma dissertação argumentativa sobre o tema A importância do combate aos crimes

ambientais no Brasil. Delimite um ponto de vista e procure sustentá-lo por meio de argumentos consistentes e exemplos a eles conectados

de modo coeso e coerente. Ao nal do seu texto, apresente uma proposta de intervenção para o problema abordado. Lembre-se de que a

coletânea serve apenas para nortear suas ideias, portanto evite copiar ou parafrasear trechos dela. Respeite a norma-padrão da língua por-

tuguesa, dê um título à sua dissertação e escreva no mínimo 25 e no máximo 30 linhas.

Boa produção!

Professora Andressa Tiossi