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A IMPORTÂNCIA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL COMO COMPORTAMENTO EMPRESARIAL MODERNO, NA RELAÇÃO COM O STAKEHOLDER COMUNIDADE Carlos Henrique Oliveira e Silva Paixão (UFJF) Heitor Luiz Murat de Meirelles Quintella, D.Sc (UFF) José Geraldo Nogueira,MS (UFF) Resumo O presente trabalho tem por objetivo apresentar um estudo sobre a evolução do conceito de Responsabilidade Social, tal como seu desempenho no ambiente organizacional. Através deste embasamento teórico, os autores buscam contextualizar o connceito na empresa onde realiza o estágio, com ênfase na gestão de projetos sociais, a fim de uma análise mais detalhada acerca do relacionamento da empresa do segmento de transporte ferroviário com o stakeholder comunidade. As considerações finais objetivam uma análise crítica da pesquisa realizada durante o estudo. Palavras-chaves: RESPONSABILIDADE SOCIAL; STAKEHOLDERS; PROJETOS SOCIAIS; QUESTÕES SOCIAIS 12 e 13 de agosto de 2011 ISSN 1984-9354

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A IMPORTÂNCIA DA

RESPONSABILIDADE SOCIAL COMO

COMPORTAMENTO EMPRESARIAL

MODERNO, NA RELAÇÃO COM O

STAKEHOLDER COMUNIDADE

Carlos Henrique Oliveira e Silva Paixão

(UFJF)

Heitor Luiz Murat de Meirelles Quintella, D.Sc

(UFF)

José Geraldo Nogueira,MS

(UFF)

Resumo O presente trabalho tem por objetivo apresentar um estudo sobre a

evolução do conceito de Responsabilidade Social, tal como seu

desempenho no ambiente organizacional. Através deste embasamento

teórico, os autores buscam contextualizar o connceito na empresa onde

realiza o estágio, com ênfase na gestão de projetos sociais, a fim de uma

análise mais detalhada acerca do relacionamento da empresa do segmento

de transporte ferroviário com o stakeholder comunidade. As

considerações finais objetivam uma análise crítica da pesquisa realizada

durante o estudo.

Palavras-chaves: RESPONSABILIDADE SOCIAL; STAKEHOLDERS;

PROJETOS SOCIAIS; QUESTÕES SOCIAIS

12 e 13 de agosto de 2011

ISSN 1984-9354

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1 INTRODUÇÃO

O entendimento tradicional que se tinha a respeito da função social básica das empresas

era o de geração de riquezas e remuneração dos acionistas. No entanto, a função da

Responsabilidade Social vem ganhando importância no âmbito organizacional e modificando este

pensamento. Para tanto, o desafio imposto às organizações, atualmente, diz respeito à condução

de seu negócio por meio de uma postura mais ética e transparente, com todos os públicos

envolvidos, ou seja, seus stakeholders.

É bastante perceptível neste contexto que não basta apenas que as empresas sejam de

grande porte, busquem projeções em seu setor e seja reconhecida pela sociedade e mercado. A

empresa deve primeiramente ser considerada por todos como uma organização cidadã

corporativa. Isto significa que a mesma deve se tornar parceira e também co-responsável pelo

desenvolvimento social, assumindo fundamentalmente princípios e valores que façam parte da

responsabilidade social.

O conceito de Responsabilidade Social é muito abrangente, o que permite a co-existência

de diversas concepções de diferentes autores. Entretanto, o Indicador do Instituto Ethos (2010)

busca de forma breve, colocar parâmetros conceituais como se segue:

“Responsabilidade social empresarial é a forma de gestão que se define pela

relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se

relaciona e pelo estabelecimento de metas empresarias que impulsionem o

desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e

culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a

redução das desigualdades sociais.”1

A adoção de tal conceito pode evidenciar que a responsabilidade social corporativa está

além do que a empresa deve realizar por obrigação e assim englobar uma série de

comportamentos de forma efetiva na sociedade, seja por iniciativa própria, ajudando em alguma

área deficitária, ou até mesmo através de projetos da comunidade local.

1 INSTITUTO ETHOS. O que é Responsabilidade Social Corporativa. Disponível em:

<http://www1.ethos.org.br/EthosWeb/pt/29/o_que_e_rse/o_que_e_rse.aspx> Acessado em : 05 out de 2010.

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Com o intuito de se constituir e consolidar como destacadas empresas em seus

segmentos, algumas organizações têm apresentado resultados positivos do ponto de vista de seu

negócio.

Observa-se que tais acontecimentos foram possíveis seja pelo aumento do quadro de

funcionários, a conquista de novos clientes, renovação de seus ativos, maior atuação na

recuperação do meio ambiente, relacionamento mais próximo com a comunidade local, dentre

outras ações.

Neste contexto, percebe-se a importância do papel da Responsabilidade Social

Corporativa na organização moderna, onde busca-se que o crescimento e o desenvolvimento das

organizações seja acompanhado de forma ética e transparente com todos os stakeholders

envolvidos no processo.

2 SITUAÇÃO PROBLEMA

Há tempos, já se pensa nas empresas enquanto agentes interferentes da sociedade, onde

suas ações, quando mal comungadas com os anseios da população transformam a vida dos

indivíduos..

Observa-se também as organizações que divulgam com freqüência em sites da internet,

em jornais e em revistas especializadas, números cada vez mais significativos de projetos sociais

apoiados por estas empresas. Sob um enfoque mais atual, a Responsabilidade Social parte de um

conjunto maior de atitudes, de um comportamento empresarial moderno e mais complexo que

parte inicialmente para atender às demandas humanas e sociais da comunidade onde estas

organizações estão inseridas..

Tendo em vista então as ações sociais no intuito não somente da construção de uma

imagem socialmente responsável, esse estudo questiona: até que ponto a responsabilidade social

atinge o stakeholder comunidade?

3 OBJETIVO

O presente estudo tem como objetivo apresentar a importância da Responsabilidade Social

nas organizações, enfatizando a gestão de projetos sociais comunitários, através da busca de

informações com os representantes das comunidade e com o público parceiro em projetos sociais.

Logo após este entendimento, busca-se estabelecer uma visão crítica do processo que,

após a conclusão do estudo..

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O trabalho está delimitado pelo embasamento conceitual adotado, ou seja, através de

pesquisa bibliográfica em obras relacionadas ao tema.

4 REFERENCIAL TEÓRICO

O entendimento da responsabilidade social passa primeiro pela compreensão dos sistemas

econômicos e políticos enquanto agentes em constante transformação, que se relacionam em

razão da necessidade de equilíbrio de um ambiente global. Como resultado dessa interação, tem-

se o surgimento do conceito de responsabilidade social, que vem como uma ferramenta para

amenizar os impactos negativos derivados da interferência desses sistemas no contexto

empresarial.

4.1 Evolução Histórica da Responsabilidade Social .

Para compreender todo este contexto citado anteriormente, faz-se necessário a realização

de um breve resgate histórico de cunho econômico e social para que assim se torne possível

delinear seus percursos e definições.

Com base neste raciocínio Duarte e Torres (2005), defendem que é possível identificar a

construção da responsabilidade social desde os primórdios da civilização, quando o homem

primitivo utilizava da caça e coleta para se sustentar, e se comprometia com o grupo na repartição

destes produtos. A partir do momento em que se fixou na terra, passou a domesticar animais,

construir tribos e a plantar, para tanto tais atividades eram realizadas através do cooperativismo e

responsabilidade com todo o grupo.

Outros autores defendem que o retrospecto de conceituação da responsabilidade social se

faz ao início do surgimento do capitalismo. Seguindo esse viés, Tenório (2006) defende que o

surgimento da responsabilidade social pode ser vista a partir de dois temas ligados ao

capitalismo: a sociedade industrial e pós-industrial. O autor define a sociedade industrial como o

período que se iniciou com a revolução industrial da Inglaterra, no século XVIII, na qual

predominava uma sociedade mais voltada pelo uso da razão em contraposição a um pensamento

mais emotivo e religioso, ficando em segundo plano as questões sociais e ambientais. Ainda

dentro desta análise, trata o termo pós- industrial como sendo o período estendido da década de

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50 até os dias atuais. Em continuidade as concepções trazidas pelo autor acima, Wood2 apud

Pardini et al (2007), complementa o histórico da responsabilidade social através de períodos

anteriores a este período industrial. Portanto, identifica além do período industrial e pós-

industrial, outros dois períodos: o período do feudalismo e do mercantilismo. Do mesmo modo,

seguindo essa concepção, determina que o feudalismo, surgiu a partir do século V ao XII, no qual

a questão social se devia ao comprometimento social com a educação dos pobres, pela promoção

dos artistas e com Deus. Com a chegada do mercantilismo, o compromisso na Europa se dá pela

expansão e papel forte do Estado, por meio da intensificação das expedições colonizadoras, a fim

de se comprometer com os povos colonizados.

Seguindo as orientações desse mesmo autor, o terceiro momento compreende o período na

qual Tenório (2006) identifica como sendo a fase da industrialização. Tal momento compreende

o início do período industrial até meados da década de 50, no qual o foco passa a ser o aumento

da produtividade, como mecanismos de elevar o capital dos proprietários. Em contrapartida, este

fato levou a ausência de uma política social que atendesse melhor os anseios dos trabalhadores e

do meio ambiente.

Segundo Tenório (2006, p.15) a função social empresarial e a questão do liberalismo

podiam ser entendida pela seguinte forma:

“[...] os altos funcionários das grandes empresas e os líderes trabalhistas têm uma

responsabilidade social além dos serviços que devem prestar de seus acionistas ou

de seus membros. Em uma economia só há uma responsabilidade social do capital

– usar seus recursos e dedicar-se a atividades destinadas a aumentar seus lucros

até onde permaneça dentro das regras do jogo, o que significa participar de uma

competição livre e aberta, sem enganos ou fraude [...]”.

Pode-se dizer que a “Administração Científica” foi responsável pelo aumento

surpreendente de produtividade no século XX, além de mudar radicalmente os métodos

gerenciais, estabelecendo uma clara separação entre as funções planejamento e execução.

Entretanto, esse sistema acabou por gerar um efeito colateral indesejável ao priorizar a

produtividade e relegar o bem estar social do operário. Chiavenato (2006).

As mudanças ocorridas no mundo do trabalho, principalmente no período industrial, veio

provocar alterações no modelo de desenvolvimento econômico, consolidando assim a segunda

2 WOOD, Donna J. Corporate social performance revisited. Academy of Management Review, Ohio, v. 16, n. 4, p.

691-718, Oct. 1991.

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etapa: a pós-industrial. O modelo de produção, no qual o trabalho era fragmentado, sempre

visando o aumento da produtividade acarretou simplesmente na crise da superprodução, o que era

produzido já não era mais consumido pelo mercado, já que a maioria dos consumidores provinha

da classe operária. Entretanto, infere-se que este modelo de governo estatal era inteiramente

submisso aos interesses do mercado, segundo Tenório (2006), não sendoi capaz de superar as

crises econômicas, guerras e de desigualdade social.

Para garantir a reprodução do capital e atender a demanda da classe trabalhadora, fez-se

necessário que o Estado assumisse um novo papel.

Dá-se início a fase de intervenção estatal, onde o mesmo passa a intervir e assumir novas

responsabilidades que visam incentivar o crescimento do consumo e garantir o emprego. Os

primeiros indícios sociais que apareceram foi uma movimentação em prol da instituição de uma

jornada normal de trabalho que beneficiaria patrões e empregados. Além disto, outros benefícios

foram concedidos aos trabalhadores. Em relação a esse fato, pode-se dizer que as idéias de Duarte

e Torres (2005, p. 89) dialogam com a visão de Machado (2004, p. 5) sobre as questões sociais

dos trabalhadores, o qual considera que com o estado interventor ocorreu uma série de direitos

sociais [...] seguro desemprego, pensões por idade, invalidez e morte, cobertura para acidentes

de trabalho [...].

Até a década de 70 a sociedade capitalista viveu seu período de auge, com índices de

produtividade, ampliação da esfera pública, extensão dos direitos sociais, entretanto o período

que se segue apresentou alguns desafios.

Devido ao rápido crescimento do período, não acompanhado de um planejamento

econômico e social efetivo, o início dos anos 80, foi marcado por uma recessão econômica que

atingiu vários países, decorrente da superprodução, agravada ainda mais com o aumento

substancial do preço do petróleo.

A crise do petróleo na década de 70 foi considerada um marco tanto de cunho econômico

como social. No campo econômico considera-se as elevadas taxas de juros e de inflação,

conseqüentemente no acirramento da concorrência entre mercados. A fim de amenizar tal

situação, os empregadores passaram a reduzir os salários e benefícios dos trabalhadores como

meio de mantê-los ainda no emprego. Portanto a retirada de tais benefícios acarretou na

insatisfação dos trabalhadores frente às atitudes dos empregadores.

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No campo social, a crise energética foi considerada um marco, pois a sociedade passou a

agir e pensar de forma mais consciente, frente a utilização dos recursos energéticos e de matéria-

prima. Logo, surgem movimentos estudantis e de outros segmentos da sociedade a fim de formar

uma nova geração questionadora do estilo de vida, do consumo desenfreado e exploração do

meio ambiente. Tais movimentos se mostraram significativos a partir do momento que as

empresa visualizam que estes questionamentos estavam afetando a venda de seus produtos e

serviços.

O período que se estende aos anos 90 também é acompanhado por um novo quadro social,

político e econômico, que para muitos autores podem ser identificado como neoliberalismo dos

anos 90.

Esta nova configuração da sociedade pode ser entendida como decorrência da imposição

de uma série de ajustes econômicos aos requisitos ditados pela globalização dos mercados

mundiais.

4.2 Responsabilidade Social no Brasil e as Relações com os Três Setores

Entender a lógica do conceito de responsabilidade social do Brasil é ter em mente as

realidades vivenciadas em cada momento do estágio de desenvolvimento do Estado e da

economia brasileira. É válido relembrar que uma sociedade onde é bastante perceptível o

acirramento das desigualdades, elevação dos níveis de pobreza e violência, são conseqüências de

dificuldades durante seu processo de formação histórica, o que acarreta no frágil enraizamento da

cidadania.

Segundo Lourenço e Shröder (2005) a responsabilidade social no Brasil começa a ser

discutida ainda nos 60 com a criação da ADCE - Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas

que mais tarde traria debates sobre o Balanço Social das empresas brasileiras. Tal associação

tinha como princípio o seguinte entendimento: a empresa, além de produzir bens e serviços,

possui a função social que se realiza em nome dos trabalhadores e do bem estar da comunidade.

No início dos anos 80, o Brasil assistiu uma tendência voltada à forte participação da

sociedade na lutas pela democratização do país. Em relação a esse fato, pode-se dizer que as

idéias de Machado alinham-se com a proposta de Raichelis (2004, p. 4) a respeito das ações

sociais no período, o qual considera que “o debate sobre as ações sociais na perspectiva de sua

democratização tem origem no quadro político dos anos 80, quando emergem com vigor as lutas

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contra a ditadura militar e os esforços pela construção democrática”. Portanto, neste período

estes acontecimentos vieram para intensificar as ações sociais já existentes no Brasil, frente à luta

pela democratização, miséria, pobreza entre outros.

Na década de 80 em diante é considerada por alguns autores como um grande marco na

introdução das vertentes da responsabilidade social no Brasil.

Na década de 90, segundo Machado (2004), o conceito de responsabilidade social no

Brasil segue novos rumos, que ainda permeiam a realidade brasileira nos dias atuais. O Estado

passa a ter uma atuação mínima frente às questões sociais, fazendo com que outros agentes atuem

nesta área tal como: as ONGs – Organizações Não Governamentais, igrejas, organismos de

cooperação internacional e principalmente no mundo corporativo empresarial.

Neto e Froes (1999, p. 6) 0 reforçam essa concepção de Machado (2004) acerca deste

fato, diante do que se expõe:

“esta nova ordem social surgiu em decorrência da falência do Estado do bem-

estar social, principal provedor de serviços sociais aos cidadãos. A falência do

Estado e o apogeu do liberalismo, com a concepção do Estado Mínimo,

paralisaram o primeiro setor, que é o próprio Estado.”

Dessa forma, buscou-se uma nova configuração para o papel do Estado, que antes era

único e individual, passando a se tornar a partir de agora uma ação conjunta entre o setor público,

empresarial e sociedade civil.

Para evidenciar essa nova realidade, Duarte (2005) afirma que entidades como as ONGs-

Organizações Não Governamentais, vem participando efetivamente na elaboração e execução

das políticas sociais, atividade que antes era de função exclusiva do Estado brasileiro.

Foi baseado nessas alterações, que se construiu uma nova forma de pensar a sociedade e a

economia brasileira, chamada de os três setores sociais. Duarte (2005) identificou o primeiro

setor como sendo o governo e seus recursos e fins públicos, o segundo como sendo o setor

privado e seus fins e recursos privados; e, ao final, o terceiro setor, constituído pelas organizações

da sociedade civil. Portanto, pode-se entender que o terceiro setor é uma conjugação entre as

finalidades do primeiro setor e a metodologia do segundo, ou seja, composto por organizações

que visam a benefícios coletivos (embora não sejam integrantes do governo) e de natureza

privada (embora não tenham objetivo de auferir lucros).

Em razão do crescimento acelerado do terceiro setor, uma nova tentativa de definição para

o conjunto do Terceiro Setor é apresentada por Salamon e Anheier (1997), denominada

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estrutural/operacional. Segundo essa definição, as organizações que fazem parte deste setor

podem se enquadrar dentro das seguintes características:

1- Estruturadas: Possuem certo nível de formalização de regras e procedimentos, ou

algum grau de organização permanente;

2- Privadas: Estas organizações não têm nenhuma relação institucional com governos,

embora possam dele receber recursos;

3- Não distribuidoras de lucros: Nenhum lucro gerado pode ser distribuído entre seus

proprietários ou dirigentes. Portanto, o que distingue essas organizações não é o fato de não

possuírem fins lucrativos, e sim, o destino que é dado a estes, quando existem;

4- Autônomas: Possuem os meios para controlar sua própria gestão, não sendo

controladas por entidades externas;

5- Voluntárias: Envolvem um grau significativo de participação voluntária (trabalho não-

remunerado). A participação de voluntários pode variar entre organizações e de acordo com a

natureza da atividade por ela desenvolvida.

A relação entre os três setores pode ser entendida a partir do papel desempenhado pelo

Estado. Segundo, Duarte (2005) o Estado brasileiro na década de 90 seria a peça central no fazer

público, mas não foi mais único na condução das ações públicas. É neste cenário é que

voluntariado e as ações filantrópicas crescem de forma considerável, a fim de atender

emergencialmente as camadas populares. Sendo assim, Machado (2004, p. 21) reforça que neste

período “aumenta a atuação das ONGs, surgem os Amigos da Escola, as campanhas contra a

fome, as Instituições de Caridade e as empresas Cidadãs”.

Em 1993, o IBASE - Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, juntamente

com o sociólogo Herbert de Souza, lançam a Campanha Nacional da Ação da Cidadania contra a

Fome, a Miséria e pela Vida, e também a campanha em favor da publicação anual do balanço

social das empresas, contando com o apoio do Pensamento Nacional das Bases Empresariais

(PNBE). Para Lourenço e Shröder (2005) este episódio pode ser considerado o marco da

aproximação dos empresários com ações sociais.

Portanto foram nas últimas décadas que os conceitos e as práticas relacionadas à

responsabilidade social no Brasil vêem ganhando enfoque, realizando diferentes percepções

acerca da pluralidade envolta do tema, bem como seus impactos diretos nas empresas. Ainda

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como conseqüência deste contexto a responsabilidade social vem, gradativamente, abandonando

o seu caráter filantrópico e paternalista, evoluindo para uma perspectiva sólida e sustentável.

4.3 Considerações sobre a Responsabilidade Social Corporativa

As mudanças que vem ocorrendo nos últimos anos, principalmente devido ao fenômeno

da introdução do cenário econômico globalizado, fazem com que as empresas enfrentem grandes

desafios para se manterem no mercado. Muitas vezes estes desafios são sinônimos de

descontentamentos das partes que a circundam, tais como: a substituição do homem pela

máquina, tecnologias utilizadas inadequadamente, impactos no ambiente, falta de assistência ao

trabalhador entre outros, o que contribui para a formação de uma sociedade mais participativa

com as questões de cunho social.

Desta forma é importante a discussão sobre o tema responsabilidade social corporativa, no

ambiente empresarial. Seguindo este movimento as empresas foram impulsionadas a adotar

posturas mais éticas com a sociedade. Na visão do Instituto Ethos (2010), tem-se o seguinte

entendimento a respeito da Responsabilidade Social:

“[...] Responsabilidade social empresarial é a forma de gestão que se define pela

relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se

relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais que impulsionem o

desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e

culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a

redução das desigualdades sociais.” Ao pensar na relação ética dentro da empresa, citada, percebe-se um questionamento

acerca de tal fato. Para tanto Barbieri e Cajazeira (2009) afirmam que as categorias éticas e

morais foram estabelecidas para tratar com seres humanos, e como as empresas decorrem de

ações humanas, são as organizações os principais depositários das obrigações e responsabilidades

morais.

De acordo com Araújo (2004, p. 21) uma empresa pode ser considerada ética quando “o

comportamento da empresa – entidade lucrativa – age de conformidade com os princípios

morais e as regras do bem proceder aceitas pela coletividade”. Logo, as ações de um indivíduo

podem trazer conseqüências para todo o ambiente que está inserido, assim como as ações de uma

organização podem acarretar conseqüências para todas as partes interessadas. Portanto faz

necessária a prática da ética e moral dentro de uma organização, já que a mesma é mantida

através da relação com a coletividade.

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Barbieri e Cajazeira (2009) defendem que a principal função social da empresa é a busca

pela lucratividade, para tanto a preocupação com os empregados, com a qualidade, com o bem-

estar da comunidade, enfim, tudo o que se faz pelos outros, justifica- se apenas se a ação resulta

na maximização dos resultados econômicos da empresa.

A responsabilidade social centrada na questão econômica da empresa sofre algumas

modificações ao longo dos anos, já que estão em voga valores requeridos pela sociedade pós-

industrial, tal como a busca pela qualidade de vida a valorização do ser humano e o respeito pelo

meio ambiente entre outros. Para tanto Barbieri e Cajazeira (2009, p. 26) concluem que “a

sobrevivência da companhia a longo prazo seria obtida mediante o atendimento balanceado das

expectativa das múltiplas partes interessadas (stakeholders), sendo os sócios e acionistas apenas

uma delas”. Segundo estes autores, as partes interessadas ligadas a organização podem ser

compreendidas como pessoa ou grupo com interesse na empresa ou que é afetado por ela.

Já Neto e Froes (1999) visualizam as partes interessadas como sendo duas dimensões: a

gestão da responsabilidade social interna e externa. Na visão do autor a responsabilidade social

interna focaliza seus empregados e seus dependentes, e seu objetivo é motivá-los e criar um

ambiente agradável de trabalho, ganhando dos mesmos, lealdade e dedicação. Já a

responsabilidade social externa tem foco à comunidade mais próxima da empresa ou local onde

ela está situada.

Lourenço e Shröder (2003) acreditam que quando uma empresa busca estas sinergias

tanto do público ou beneficiários internos e externos, conseqüentemente a empresa obtém maior

visibilidade e admiração diante de públicos relevantes para sua atuação e adquire o status de

empresa cidadã.

A partir do momento que a empresa torna-se uma empresa cidadã, na qual traduz uma

imagem corporativa de consciência social, a mesma passa a se comprometer com a busca de

soluções de problemas da comunidade local.

É neste contexto que muitos autores dialogam acerca do uso da cidadania empresarial

como vantagem competitiva. Segundo Sucupira 3 (2000) apud Galbetti (2006, p. 410), “a nova

postura da empresa cidadã baseada no resgate de princípios éticos e morais passou a ter

natureza estratégica”.

3 SUCUPIRA, J. A responsabilidade social das empresas. Boletim Ibase. 20/5/2000

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Diante este fato, surgem vários questionamentos acerca do verdadeiro interesse das

empresas em serem consideradas socialmente responsáveis. No entanto, as empresa assumem

suas obrigações éticas legais e ao mesmo tempo utilizam deste papel como uma grande vantagem

competitiva no desenvolvimento de seus negócios.

Em busca desta imagem pública favorável, de credibilidade e legitimidade social, na

sociedade em que estas organizações estão inseridas, pode-se mencionar que as empresas estão

direcionando suas práticas para os chamados Sistemas de Gestão de Responsabilidade Social, que

tem como objetivo contribuir para a adequação das melhores práticas de gestão.

4.4 Abordagem acerca da Responsabilidade Social com Foco na Comunidade

De acordo com as discussões anteriores, a responsabilidade social corporativa é um tema

muito amplo, pois impacta sobre vários stakeholders (acionistas, governo, público interno,

comunidade, meio ambiente, dentre outros). O termo stakeholders retoma a idéia das partes

interessadas e, que neste estudo, será focada na comunidade.

Lourenço e Shröder (2005) afirmam que pode-se definir os stakeholders, como partes

interessadas, isto é, são qualquer grupo dentro ou fora da organização que tem interesse no seu

desempenho, podendo cada parte interessada ter um critério diferente de reação, visto que

possui um interesse diferente na organização.

A intervenção dos diversos atores sociais exige das organizações uma nova postura,

calcada em valores éticos que promovam desenvolvimento sustentado da sociedade como um

todo. A questão da responsabilidade social, portanto, significa mudança de atitude, numa

perspectiva de gestão empresarial com foco na qualidade das relações e na geração de valor para

todos.

Ferrell e Fraedrich Ferrell (2001, p. 101) acreditam que os stakelhoders interferem de

modo direto na postura ética e transparente da empresa, pois “se um comportamento específico

exigido é certo ou errado, ético ou anti-ético, é assunto freqüentemente determinado pelos

stakelhoders”. A empresa que opta por uma postura ética e segue as diretrizes da

responsabilidade social é considerada uma empresa cidadã, conforme já retratado nos textos

anteriores.

A fim de retornar tal conceito Neto e Froes (1999), afirmam que a empresa cidadã é

aquela que exerce plenamente a responsabilidade social, ou seja, quando contribui para o

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desenvolvimento da sociedade através de ações sociais interna e externamente a fim de suprir ou

atenuar as suas principais carências.

O exercício da responsabilidade social externa corresponde ao desenvolvimento de ações

empresariais voltada para a comunidade, meio ambiente e relações com o governo. Geralmente, a

responsabilidade social externa tem como foco a comunidade do entorno e o meio ambiente.

A responsabilidade social envolve muito mais que filantropia, pois são necessárias ações

voltadas para identificação e entendimento das características, dos aspectos sociais que envolvem

tal comunidade, para o desenvolvimento de programas que promovam melhorias sociais de longo

prazo.

De acordo com Lourenço e Shröder (2005), as ações destinadas a comunidade local

podem ser identificadas como sendo de apoio a ações de promoção ambiental; recrutamento de

pessoas vítimas de exclusão social; parceiras com comunidades; donativos para ações de

caridade. Outros pontos que podem ser identificados como uma ação social comunitária são os

aportes de recursos financeiros e humanos direcionados para solucionar problemas sociais de

entidades comunitárias e ONGs, tal como os projetos sociais e programas de voluntariado.

Assim sendo, ser socialmente responsável implica enfatizar os efeitos positivos e

minimizar os negativos sobre a comunidade. Algumas pessoas acreditam que o ganho social é

apenas de melhoria das condições de vida da comunidade, mas na maioria das vezes este ganho

social, também alcança o público interno, pois é neste momento que é disseminado valores

educativos, criação de redes de atendimento e fortalecimento das políticas da área social.

As empresas que direcionam suas ações a partir destas dimensões buscam primeiramente

da esfera local. Porém sua atuação na comunidade pode despertar o surgimento de iniciativas de

criação de programas que envolvam outras comunidades e que reflitam em amplitudes maiores.

5 ASPECTOS METODOLÓGICOS

O presente estudo foi elaborado, a partir da necessidade sentida pelos autores em se

levantar informações referentes ao papel da Responsabilidade Social Corporativa no

relacionamento com a comunidade. Para tanto, encontrou-se na pesquisa um meio de buscar

solucionar tal questionamento, já que em ciência, pesquisar significa procurar respostas para

alguma questão que intriga os pesquisadores.

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Pode-se dizer que a linha metodológica adotada pelos autores, passa pela realização de

tipos diferentes de pesquisas, para que no decorrer do estudo possam se afunilando e até mesmo

se complementando. Em primeiro momento utilizou-se a pesquisa bibliográfica, que na visão de

Mendonça (2006), a pesquisa bibliográfica, também conhecida como pesquisa de fontes

secundárias, trata basicamente, da realização de um levantamento da bibliografia já publicada e

apresentada em forma de livros técnicos, artigos e revistas científicas, dentre outras publicações.

Esse tipo de pesquisa foi utilizado como meio de se aprofundar no tema abordado, a fim

de construir o embasamento conceitual necessário para o desenvolvimento deste estudo. Este

método caracteriza-se pela busca de embasamento teórico em livros, artigos, periódicos

científicos entre outros. A partir destes conceitos, o estudo foi desenvolvido, sendo pautado na

discussão do tema Responsabilidade Social Corporativa e os possíveis resultados que suas ações

podem gerar à organização. Para o desdobramento do estudo, utilizou-se primeiramente uma

linha do tempo a respeito do conceito de responsabilidade social, a fim de uma revisão das

origens de seus diferentes significados. Posteriormente foi realizada uma contextualização do

tema em direção ao panorama brasileiro e a relação com os três setores, seguindo então para uma

conceituação mais profunda do que vem a ser Responsabilidade Social Corporativa. E por fim, a

necessidade de uma abordagem acerca da responsabilidade social atrelada ao stakeholder

comunidade, considerada assim o foco de pesquisa.

Posteriormente, utilizou-se do Estudo de Caso a fim de investigar um fenômeno em seu

contexto natural. Para tanto o estudo de caso foi relevante para que os autores pudessem

compreender melhor a Responsabilidade Social Corporativa de uma empresa do segmento de

transporte ferroviário, bem como a gestão de projetos sociais.

A base ferramental utilizada no estudo de caso foi pesquisa qualitativa, por meio de

questionário aberto, com intuito de permitir uma discussão objetiva através de perguntas

correlacionadas ao tema projetos sociais comunitários. Para tanto o questionário teve como

objetivo a investigação de como a comunidade, de uma forma geral, percebe a empresa, bem

como os projetos patrocinados por ela. Foi elaborado um roteiro de entrevista composto de dez

questões que buscam estimular a discussão sobre o tema proposto pelo trabalho, conduzindo os

entrevistados a expor suas impressões e percepções sobre a atuação da empresa na comunidade.

6 ANÁLISE DE RESULTADO

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Visando uma melhor compreensão da atuação da empresa estudada perante a comunidade,

apresenta-se a seguir as percepções dos responsáveis dos projetos sociais selecionados para a

pesquisa.

Um dos projetos investigados foi o Amigo Cidadão, da Instituição Associação dos

Amigos de Juiz de Fora. O projeto tem como objetivo oferecer melhoria na qualidade de vida de

crianças e adolescentes, do bairro de Lourdes, no qual residem próximo a malha ferroviária. O

projeto Amigo Cidadão desenvolve oficinas profissionalizantes, a fim de possibilitar a inserção

dos alunos no mercado de trabalho.

Outro projeto analisado foi o Núcleo de Atendimento à Criança e ao Adolescente Nossa

Senhora das Graças, desenvolvido pela Instituição NACA - Núcleo de Atendimento à Criança e

ao Adolescente Nossa Senhora das Graças na cidade de Santos Dumont (MG). O projeto atua

junto a crianças e adolescentes, que fazem parte de famílias que necessitam de alguma ajuda

social. Entretanto, tem como objetivo fim, o desenvolvimento de terapias ocupacionais e

profissionalizantes para crianças e adolescentes.

E por fim o projeto Trilhos da Paz, oriundo da Associação Beneficente e Cultural Amigos

do Noivo em Paraíba do Sul (RJ). O projeto tem como objetivo a busca da ampliação do

horizonte de expectativas de crianças e adolescentes em situação de risco social.

As perguntas foram elaboradas de modo a captar ao máximo a percepção dos responsáveis

pelos projetos sobre a empresa e o grau de impacto de seu negócio na comunidade do entorno.

Ao elaborar o questionário trabalhou-se sobre dois blocos: perguntas que tratam

diretamente dos projetos sociais, e perguntas que se direcionam para a relação da empresa com a

comunidade e a visão da mesma sobre a empresa.

Seguindo uma ordem, as entrevistas tratam inicialmente do primeiro contato das

instituições com a empresa e posteriormente dos objetivos fins dos projetos.

Na seqüência seguem alguns relatos. O primeiro entrevistado (A) do projeto Amigo

Cidadão, relata: “iniciou com um contato de amizade com a gerente de comunicação; e ela avisou

que sairia um edital de parceria com a empresa, apresentamos o trabalho para os responsáveis;

pois era um trabalho com a família, inovador, com atuação de 13 anos; e próximo a via férrea do

Bairro de Lourdes. Portanto o trabalho tinha tudo a ver com os propósitos da empresa de

melhorar o relacionamento com a comunidade do bairro.”

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Já o segundo, entrevistado (B), do projeto social NACA de Santos Dumont disse que o

primeiro contato com a empresa se estabeleceu da seguinte forma: “situação triste de Santos

Dumont, crianças envolvidas em pequenos furtos de bombons, balas, daí começaram a freqüentar

a via aérea do fliperama para terem acesso ao que eles queriam. Eu trabalho muito tempo com

esta área da infância e juventude, vi na dificuldade em traçar uma política pública para estas

crianças, devido também a baixa arrecadação orçamentária do município. Então em 2005, o

prefeito tinha vontade de mudar este quadro da cidade e procuramos um advogado da rede que

nos levou até o presidente da empresa para apresentar o projeto.”

Por fim, o entrevistado (C) do projeto Trilhos da Paz, relatou que o primeiro contato com

a empresa se estabeleceu através do edital de seleção pública dos projetos sociais, apresentando a

proposta de trabalho para a área social.

Desta forma percebe-se que os projetos mencionados, buscaram o apoio devido a diversos

fatores e em contrapartida esta parceria se estabeleceu devido a diferentes interesses da empresa

privada, tais como: localização do bairro, a possibilidade de recompensa por algum dano que a

empresa possa ter causado a comunidade, crianças e adolescentes envolvidos nos projetos entre

outros.

Observa-se que como a empresa investe na espera de algum retorno, as instituições que

coordenam os projetos, também buscam demonstrar para a empresa financiadora os resultados

benéficos decorrentes dos projetos. Para tanto foi observado o seguinte comentário do

entrevistado (A): “o projeto criou uma amizade e simpatia das crianças com o trem. Nossos

trabalhos são todos voltados pata o trem, na biblioteca a simbologia é um trem, onde as crianças

colocam seus comentários acerca do trem, no natal as crianças foram para as linhas desejando

feliz natal para os maquinistas.” O entrevistado (A), do Projeto Amigo Cidadão, esclarece que

tais ações tiveram como objetivo uma integração e mudança de comportamento das crianças e

adolescentes com o trem e que este trabalho foi conquistado através da atuação dos voluntários

do projeto em disseminar para as crianças o quanto é importante a ferrovia e que o trem traz

progresso para a cidade. Outro, entrevistado (B) , apresentou o seguinte depoimento acerca dos

objetivos e retornos do projeto: “o projeto tem como objetivo: trabalhar com crianças vítimas de

exploração e abuso sexual, sem fonte de renda e marginalizadas, através de atividades

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psicoterápicas, de caráter preventivo. Portanto o objetivo é resgatar a cidadania das crianças, para

que possam manifestar suas aptidões diante da musica, digitação, musculação, esporte e a arte.”

Durante a execução do projeto a empresa ajudou a construir as instalações da sede do núcleo e

também a quadra poliesportiva, salas de informática e vestiários que continham o logo da

empresa. Ainda de acordo com entrevistado “as crianças tinham pleno conhecimento que este

projeto não existiria sem o apoio da empresa. Para tanto em alguns momentos foi percebido que o

agente patrocinador do projeto, ou seja, a própria empresa buscava através das atividades dos

projetos estabelecerem uma imagem empresarial positiva.

Um outro ponto questionado aos entrevistados, foi o papel da escola como área atingida

pelo projeto. Logo, os projetos selecionados mencionaram a mesma percepção acerca da escola,

para eles o objetivo específico do projeto não é o rendimento escolar, mas sim um fator resultante

das atividades desenvolvidas nos projetos. Portanto a escola tem pleno conhecimento que seus

alunos fazem parte deste trabalho e assim ambas buscam a conciliação e perpetuação das duas

atividades.

Outro exemplo que chamou atenção nas entrevistas foi inclusão familiar quanto à

execução desses projetos. Portanto, os exemplos abaixo foram utilizados para reforçar a

abrangência e resultados do projeto: “atualmente, atendemos um número grande de crianças e

paralelamente buscamos envolver toda a família com reuniões e palestras educativas para os pais,

e responsáveis, ou seja, a gente tem buscado esse envolvimento da família na compreensão que

vários desafios são enfrentados. Uma coisa que posso garantir que: toda criança que passou pelo

Amigo Cidadão está com uma estrutura familiar mais organizada” (Entrevistado A); “nosso

objetivo através das crianças é atingir e modificar o próprio núcleo familiar, com novas idéias,

novas atitudes e novos valores. Por ser um trabalho gratuito, as famílias compensa-o através da

sua participação. (Entrevista B); “temos uma penetração crescente com foco na ampliação no

grupo de famílias em vulnerabilidade social. A busca de envolvimento dos pais ainda é um

objetivo do projeto. (Entrevista C)

Logo, percebe-se que os projetos sociais apresentam um forte poder de articulação não

somente com os beneficiários, mas com as famílias e escolas, que no desenvolver da pesquisa,

podem ser considerados o público comunitário. Assim, os representantes dos projetos sociais

salientam que os mesmos não atingem apenas os resultados específicos da instituição e da

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empresa financiadora, mas também os resultados esperados das diferentes partes envolvidas tais

como: família, governo, escolas, comunidade local dentre outros.

Diante aos aspectos apresentados anteriormente quanto à atuação dos projetos, os autores

passaram a trabalhar o segundo bloco no qual agrupou as perguntas do questionário. Neste

momento as questões se direcionam mais especificamente para a relação da empresa com a

comunidade e a visão da mesma sobre a empresa.

Uma das questões perguntadas aos entrevistados foi como a ferrovia era vista pela

comunidade e se os mesmos conseguiram identificar mudanças logo após a atuação do projeto.

Alguns depoimentos fizeram um histórico da percepção da comunidade em relação à empresa:

“eu trabalhava na comunidade antes da parceria com a empresa e o que eu mais escutava das

pessoas, era que o apito e barulho do trem incomodavam bastante, e o trem passando toda hora.

Durante as reuniões com os pais, percebemos que eles viam a empresa com grande simpatia e que

acabavam acostumando com o barulho”. (Entrevista A); “um tempo atrás a comunidade

questionava do barulho do trem, mas antigamente Santos Dumont era financiado pela rede

ferroviária, então uma coisa compensava a outra. Hoje a cidade lamenta a saída da empresa, por

não ter mais as oficinas, pois muitas pessoas daqui eram funcionários da rede. ” (Entrevistado B);

“a empresa cresceu muito e a comunidade reclama bastante do barulho e das rachaduras das

casas, devido ao volume de cargas. Porém a comunidade tem historicamente uma relação errada

com a ferrovia, vendo como caminho e não respeitando muito as passagens de nível.”

(Entrevistado C)

Ao analisar os relatos por meio das entrevistas, é interessante notar que a comunidade via

a empresa de forma negativa e que após a implementação do projeto, esta imagem negativa pôde

ser amenizada. Assim, como um entrevistado deixou claro, o barulho incomodava muito os

moradores da comunidade, mas o fato da empresa ser um grande pólo de empregos fazia com que

este incômodo fosse uma questão pontual. Em muitos momentos isso acaba transformando a

comunidade em parceira da empresa, já que a ferrovia passa a ser considerada por eles como

forma de sustentabilidade no setor econômico da cidade.

Ao finalizar a entrevista, pode-se obter inúmeras informações importantes para entender o

universo de relacionamento empresa e comunidade. Verificou-se que a atuação dos projetos

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sociais pode trazer grandes articulações a respeito da imagem da empresa e que este

relacionamento envolve não somente a instituição, mas várias outras partes da sociedade.

7 CONCLUSÃO

O presente estudo buscou descrever o processo de gestão de projetos sociais de uma

empresa do segmento de transporte ferroviário, baseado no que foi observado nas entrevistas

realizadas. Para tanto, foi realizado uma abordagem teórica ao tema responsabilidade social

corporativa, com foco no stakeholder comunidade a fim de que os autores pudessem ter uma

melhor visão crítica das práticas de responsabilidade social da própria empresa e até mesmo da

atuação dos idealizadores dos projetos que a mesma apoiava.

Cabe ressaltar que as dificuldades sociais encontradas hoje no Brasil são um dos

principais insumos para uma compreensão mais profunda da participação privada na questão

social. Tais dificuldades estão enraizadas na própria formação histórica política e econômica do

país, marcada por períodos em que o Estado não foi de forma efetivo em suas políticas públicas e

ainda enfrentando várias oscilações econômicas. Diante deste contexto, é que se forma um

movimento indignado, pró-ativo e ao mesmo tempo sinérgico entre a sociedade civil (ONGs) e as

empresas, a fim de amenizar tais transtornos através de iniciativas de responsabilidade social.

Durante as entrevistas, os pesquisadores puderam captar tais dificuldades enfrentadas pela

sociedade e que acabam afetando diretamente outras partes.

Por outro lado, não se pode julgar que a responsabilidade social nas empresas surge

apenas como um meio de abrandar as falhas sociais do Estado, mas também como um diferencial

competitivo. Uma organização para se manter no mercado hoje em dia, está sujeita as

exigências de várias partes, seja ele o governo, os fornecedores, os acionistas, os clientes, a mídia

e os colaboradores entre outros. Estas exigências se tornam mais efetivas depois que as partes

envolvidas no ambiente organizacional, passam a compreender seu impacto na sociedade e

principalmente a influência que suas atividades podem gerar na mesma como um todo.

Desta forma, a Responsabilidade Social começa a impactar na imagem daquelas empresas

que a utiliza em seus modelos de gestão, gerando vários benefícios como uma maior aproximação

de seus stakeholders, além da geração de benefícios financeiros, sendo um pré-requisito chave

para o sucesso empresarial.

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A empresa onde o estudo foi realizado aderiu em seu escopo a Gerência Corporativa de

Responsabilidade Social a fim de estreitar seu relacionamento com os seus stakeholders.

Consolidada tal ação, a empresa foi ao encontro do reforço da prática da responsabilidade social

em investimentos comunitários voltados para o público da criança e adolescente através dos

incentivos governamentais com deduções no imposto de renda. Assim, como toda estratégia de

relacionamento são fundamentais para a imagem da empresa, os projetos sociais devem abrir um

canal de relacionamento coerente e sustentável com os stakeholders envolvidos. E para alcançar

tais requisitos, deve-se primeiramente apresentar como um processo que remete credibilidade e

democracia entre os públicos participantes.

Um fator que merece análise, é que os projetos sociais possuem um papel importante na

formação de opinião da comunidade em relação à empresa. Sabe-se que tal atitude repercute não

somente entre os beneficiários, mas também entre outros stakeholders: clientes, colaboradores,

governos e escola.

Durante o financiamento dos projetos pela empresa, foram percebidas algumas mudanças

significativas tais como: aproximação entre a instituição e a escolas dos beneficiários, aumento

do número de beneficiários, diversidade de atividades entre os projetos, abrangência das

comunidades envolvidas, metodologia sistematizada e democrática, participação ativa dos pais,

no qual é considerada uma grande estratégia tanto para empresa quanto para as instituições dentre

outras.

Considerando a efetividade das etapas de desenvolvimento do projeto, conclui-se que a

empresa falha no acompanhamento deste relacionamento. Portanto, compete a Gerência

Corporativa de Responsabilidade Social: o planejamento, principalmente do repasse de verbas

juntamente com os CMDCAs; a realização de atividades em parceria com as instituições

beneficiadas; a checagem das percepções dos públicos envolvidos e por fim traçar melhorias

através do acompanhamento mais próximo à comunidade.

Para a empresa é importante o foco nas comunidades do entorno, estreitando parcerias,

que possibilitem a transferência de parte de seus lucros para as instituições. Tais estratégias de

relacionamento são fundamentais para o envolvimento dos diversos públicos, em busca da

maturação do negócio e da imagem da organização.

REFERÊNCIAS

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