a importância do tratamento térmico para o bom desempenho de peças forjadas

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A Importância do Tratamento Térmico para o Bom Desempenho de Peças Forjadas Bruna Callegari* 1 , Karen Saori Morioka* 2 , Roberta de Moraes Marcondes* 3 , Taís Zor- zenon* 4 , Iris Bento da Silva #5 *Departamento de Engenharia de Materiais, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo # Departamento de Engenharia Mecânica, Escola de Engenharia de São Carlos, Uni- versidade de São Paulo 1 [email protected], 2 [email protected], 3 [email protected], 4 [email protected], 5 [email protected] Resumo - O objetivo deste trabalho é realizar uma revisão sistemática da literatura, compa- rando os tratamentos térmicos para forjamen- to. Dependendo da aplicação de uma peça forjada, suas propriedades mecânicas podem ser melhoradas por um tratamento térmico realizado anterior ou posteriormente ao for- jamento a quente ou a frio. Os tratamentos realizados têm relação direta com a microes- trutura e composição da peça a ser forjada. Com a realização destes tratamentos térmi- cos, espera-se otimizar o processo de forja- mento e controlar as propriedades finais do componente. Palavras-chave - Forjamento; Tratamento térmico; Tratamento termomecânico; Resfria- mento controlado. I. INTRODUÇÃO Forjamento é um processo de confor- mação mecânica através do qual se obtém a forma desejada do componente por meio de operações de martelamento ou de aplicações gradativas de pressão, utilizando-se prensas. A maioria das operações de forjamento é efe- tuada a quente. No entanto, certos metais po- dem também ser forjados a frio. As pecas forjadas são submetidas a tratamentos térmicos posteriores à sua con- formação com os seguintes objetivos: remoção de tensões internas introduzidas durante o forjamento e o esfriamento, homogeneização da microestrutura e melhoria de sua usinabili- dade e de suas propriedades mecânicas. Po- rém, estes tratamentos também podem ser aplicados anteriormente à operação, depen- dendo do tipo de processamento pelo qual a matéria-prima do forjamento tenha sido sub- metida [1]. Atualmente, tem-se buscado alternati- vas aos tratamentos térmicos convencionais que objetivam a produção de microestruturas e propriedades adequadas aos processos pos- teriormente aplicados ou ao uso, visando à redução de custos e tempos no processo de conformação. Neste trabalho, que consiste em uma revisão sistemática sobre os tratamentos tér- micos relacionados ao forjamento, foi feita, inicialmente, uma breve apresentação sobre os processos de forjamento a frio e a quente. Em seguida, foram abordados os tratamentos tér- micos mais convencionais aplicados a peças forjadas, tais como recozimento, normalização, têmpera e beneficiamento, e os problemas decorrentes de sua má realização. Também, foram abordados meios de uso destes trata- mentos como mecanismo de tenacificação, e as alternativas que vêm sendo utilizadas no intui- to de se substituir os procedimentos tradicio- nais de aplicação de tratamentos térmicos, como os tratamentos termomecânicos e o pro- cesso de resfriamento controlado. A partir da pesquisa sistemática, desenvolveu-se uma comparação entre os métodos por meio de um estudo de casos.

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O objetivo deste trabalho é realizar uma revisão sistemática da literatura, compa-rando os tratamentos térmicos para forjamen-to. Dependendo da aplicação de uma peça forjada, suas propriedades mecânicas podem ser melhoradas por um tratamento térmico realizado anterior ou posteriormente ao for-jamento a quente ou a frio. Os tratamentos realizados têm relação direta com a microes-trutura e composição da peça a ser forjada. Com a realização destes tratamentos térmi-cos, espera-se otimizar o processo de forja-mento e controlar as propriedades finais do componente.

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  • A Importncia do Tratamento Trmico para

    o Bom Desempenho de Peas Forjadas

    Bruna Callegari*1, Karen Saori Morioka*2, Roberta de Moraes Marcondes*3, Tas Zor-

    zenon*4, Iris Bento da Silva#5

    *Departamento de Engenharia de Materiais, Escola de Engenharia de So Carlos,

    Universidade de So Paulo #Departamento de Engenharia Mecnica, Escola de Engenharia de So Carlos, Uni-

    versidade de So Paulo [email protected], [email protected], [email protected],

    [email protected], [email protected]

    Resumo - O objetivo deste trabalho realizar

    uma reviso sistemtica da literatura, compa-

    rando os tratamentos trmicos para forjamen-

    to. Dependendo da aplicao de uma pea

    forjada, suas propriedades mecnicas podem

    ser melhoradas por um tratamento trmico

    realizado anterior ou posteriormente ao for-

    jamento a quente ou a frio. Os tratamentos

    realizados tm relao direta com a microes-

    trutura e composio da pea a ser forjada.

    Com a realizao destes tratamentos trmi-

    cos, espera-se otimizar o processo de forja-

    mento e controlar as propriedades finais do

    componente.

    Palavras-chave - Forjamento; Tratamento

    trmico; Tratamento termomecnico; Resfria-

    mento controlado.

    I. INTRODUO

    Forjamento um processo de confor-

    mao mecnica atravs do qual se obtm a

    forma desejada do componente por meio de

    operaes de martelamento ou de aplicaes

    gradativas de presso, utilizando-se prensas.

    A maioria das operaes de forjamento efe-

    tuada a quente. No entanto, certos metais po-

    dem tambm ser forjados a frio.

    As pecas forjadas so submetidas a

    tratamentos trmicos posteriores sua con-

    formao com os seguintes objetivos: remoo

    de tenses internas introduzidas durante o

    forjamento e o esfriamento, homogeneizao

    da microestrutura e melhoria de sua usinabili-

    dade e de suas propriedades mecnicas. Po-

    rm, estes tratamentos tambm podem ser

    aplicados anteriormente operao, depen-

    dendo do tipo de processamento pelo qual a

    matria-prima do forjamento tenha sido sub-

    metida [1].

    Atualmente, tem-se buscado alternati-

    vas aos tratamentos trmicos convencionais

    que objetivam a produo de microestruturas

    e propriedades adequadas aos processos pos-

    teriormente aplicados ou ao uso, visando

    reduo de custos e tempos no processo de

    conformao.

    Neste trabalho, que consiste em uma

    reviso sistemtica sobre os tratamentos tr-

    micos relacionados ao forjamento, foi feita,

    inicialmente, uma breve apresentao sobre os

    processos de forjamento a frio e a quente. Em

    seguida, foram abordados os tratamentos tr-

    micos mais convencionais aplicados a peas

    forjadas, tais como recozimento, normalizao,

    tmpera e beneficiamento, e os problemas

    decorrentes de sua m realizao. Tambm,

    foram abordados meios de uso destes trata-

    mentos como mecanismo de tenacificao, e as

    alternativas que vm sendo utilizadas no intui-

    to de se substituir os procedimentos tradicio-

    nais de aplicao de tratamentos trmicos,

    como os tratamentos termomecnicos e o pro-

    cesso de resfriamento controlado. A partir da

    pesquisa sistemtica, desenvolveu-se uma

    comparao entre os mtodos por meio de um

    estudo de casos.

  • *Comunicao pessoal com Lauralice de C. F. Canale.

    II. REVISO SISTEMTICA

    A. FORJAMENTO

    O forjamento classificado quanto

    temperatura de processamento (quente ou

    frio). Pode ser realizado a quente, aps aque-

    cimento uniforme acima da temperatura de

    recristalizao do material, que proporcionam

    grandes deformaes a menores foras aplica-

    das, alm de uma boa preciso dimensional.

    Normalmente em metais no ferrosos que

    possuem deformaes limitadas, realiza-se

    forjamento a frio (ocorre abaixo da temperatu-

    ra de recristalizao), necessitando de maiores

    esforos mecnicos e obtendo-se uma melhor

    preciso dimensional [2].

    mais fcil realizar forjamento a quen-

    te, pois o aquecimento reduz a tenso de esco-

    amento, deixando o material menos resistente

    deformao, sendo necessria uma menor

    energia. Entretanto, existe uma grande varie-

    dade de peas pequenas, como porcas, parafu-

    sos, pinhes, engrenagens, pinos, que so for-

    jadas a frio, pois este processo promove o en-

    cruamento.*

    1) FORJAMENTO A QUENTE

    O forjamento a quente geralmente ocor-

    re com a presena de rebarba devido ao exces-

    so de material, que so retiradas em uma ope-

    rao de corte, imediatamente aps o forja-

    mento. Aps o corte, os forjados so tratados

    termicamente para obter-se uma microestrutu-

    ra adequada aplicao.

    Neste processo, simultaneamente re-

    cuperao e recristalizao dos gros, ocorre a

    deformao.

    Este processo exige menor energia para

    deformar o metal, proporciona maior habili-

    dade para o escoamento plstico sem o surgi-

    mento de trincas e diminui as heterogeneida-

    des da estrutura dos lingotes fundidos devido

    s rpidas taxas de difuso presentes na tem-

    peratura de trabalho. Mas, geralmente, a estru-

    tura e propriedades dos metais forjados a

    quente so menos uniformes ao longo da seo

    reta em relao aos metais trabalhados a frio e

    recozidos, uma vez que a deformao sem-

    pre maior nas camadas superficiais. O metal

    forjado apresentar gros recristalizados de

    menor tamanho na superfcie e seu interior,

    submetido a temperaturas mais elevadas por

    um perodo maior de tempo, pode ter um

    crescimento de gros. As variaes estruturais

    devido ao trabalho a quente proporcionam um

    aumento na ductilidade e na tenacidade, com-

    parado ao estado fundido [3].

    2) FORJAMENTO A FRIO

    No forjamento a frio, a deformao do

    material muito til, pois possibilita um me-

    lhor controle dimensional, alm de um melhor

    acabamento superficial da pea associado ao

    aumento da resistncia mecnica devido ao

    encruamento. O encruamento provocado

    pela deformao plstica do metal abaixo da

    temperatura de recristalizao, modificando a

    microestrutura do material e provocando o

    aumento da resilincia e endurecimento [4].

    Na conformao mecnica, verifica-se

    que a tenso residual est mais localizada na

    superfcie da pea, visto que o local que mais

    sofre maior deformao [5].

    A presena de tenses residuais com-

    pressivas indicada pelo aumento da dureza,

    pois facilitam a nucleao e a propagao de

    trincas, enquanto que tenses residuais trati-

    vas so indicadas pela reduo da dureza e

    atuam no sentido de impedir a propagao de

    trincas. O forjamento a frio introduz tenses

    residuais de compresso, o que traz benefcios

    para peas sujeitas a esforos cclicos.

    Os tratamentos de tmpera e tmpera

    seguida de revenimento aumentam muito o

    nvel das tenses residuais e estas so de natu-

    reza compressiva em relao pea forjada.

    Recomenda-se esses tratamentos para aumen-

    tar a resistncia a fadiga de peas forjadas a

    frio [4].

    B. TRATAMENTOS TRMICOS

    Os tratamentos trmicos so processos

    de aquecimento e arrefecimento aos quais se

    submetem os aos a fim de se modificar mi-

    croestrutura e otimizar caractersticas mecni-

    cas, sem alterar a sua composio qumica [6].

    Podem melhorar as propriedades mecnicas

    anteriores ou posteriores ao forjamento, de-

    pendendo da aplicao do metal a ser forjado,

    mas, por outro lado, so fonte de tenses resi-

    duais.*

    As tenses residuais aps o tratamento

    trmico dependem do tipo de tratamento em-

  • *Comunicao pessoal com Lauralice de C. F. Canale.

    pregado e da intensidade e natureza da tenso

    residual previamente existente no corpo. Ela

    proveniente do histrico de deformaes me-

    cnicas e processos trmicos [4].

    1) PR-AQUECIMENTO

    O material aquecido gradualmente em

    um forno ou conjunto de fornos. realizado a

    fim de prevenir a fratura ou distoro do ma-

    terial [2].

    2) RECOZIMENTO

    realizado aquecendo-se o metal acima

    da zona crtica, deixando-o resfriar lentamen-

    te.* Pode anteceder a operao de forjamento

    para que o material se torne mais dctil e ma-

    level, reduzindo-se assim as tenses internas

    [2].

    O recozimento visa o aumento da usi-

    nabilidade e conformabilidade, diminuindo a

    dureza para um valor abaixo da inicial produ-

    zindo um efeito indesejado do ponto de vista

    de resistncia fadiga [4].

    Para o forjamento, importante que o

    material seja homogneo. Deste modo, deve-se

    fazer um recozimento de homogeneizao

    para evitar segregaes que possam prejudicar

    o processo.

    A geometria, dimenses e processos de

    fabricao anteriores, como fundio, lamina-

    o, metalurgia do p, interferem no processo.

    No caso de uma pea recm-fundida, por

    exemplo, podem ocorrer elevados nveis de

    segregaes, o que torna necessrio o recozi-

    mento de homogeneizao. No caso de peas

    anteriormente forjadas, isso no necessrio.

    O tratamento de recozimento reco-

    mendado no caso de componentes que sero

    posteriormente usinados.*

    3) NORMALIZAO

    realizada para melhorar a estrutura

    cristalina do ao, otimizando propriedades

    mecnicas. Consiste no aquecimento do mate-

    rial acima da zona crtica seguido de resfria-

    mento ao ar, permitindo o refino do gro e a

    homegeneizao do material.*

    A normalizao realizada geralmente

    nas peas forjadas a quente a fim de se obter

    uma microestrutura perltico-ferrtica de forma

    a permitir uma boa usinabilidade do material

    nas operaes subsequentes [7].

    O tratamento trmico de normalizao

    tambm reduz as tenses residuais no forjado.

    Entretanto, estas se mantm acima do valor

    das tenses residuais do material como rece-

    bido [4].

    4) TMPERA E TMPERA SEGUIDA DE RE-

    VENIMENTO (BENEFICIAMENTO)

    Atravs de um tratamento de tmpera

    pode ser realizado o endurecimento das peas

    forjadas. Nela, feito o aquecimento lento do

    material at zona crtica, para que haja uma

    transformao uniforme em sua microestrutu-

    ra, seguido de um resfriamento rpido num

    tanque com gua ou leo [8].

    O revenimento atua para aliviar as ten-

    ses acentuadas resultantes da tmpera [4].

    5) ESTRATGIAS ALTERNATIVAS

    Atualmente, tem-se pesquisado novas

    alternativas que visam substituio dos tra-

    tamentos trmicos. Dentre essas alternativas,

    destacam-se o tratamento termomecnico e o

    resfriamento controlado (perltico de forja).

    Processamento termomecnico uma

    tcnica que combina processos de trabalho

    mecnico com subsequentes tratamentos tr-

    micos, para se obter uma determinada propri-

    edade mecnica atravs da manipulao da

    microestrutura do material [9].

    Estes tipos de processamento permite

    que os tratamentos trmicos posteriores a ele

    sejam eliminados, o que minimiza tempo e

    custo dos processos produtivos que exigem

    um controle rgido com relao sequncia do

    processo, temperatura, aos tempos e s de-

    formaes do material, podendo ser aplicados

    ao forjamento a quente [10].

    Peas forjadas num tratamento termo-

    mecnico controlado podem apresentar pro-

    priedades mecnicas melhores que asobtidas

    por um forjamento convencional, como obser-

    vado por Ghosh (2003) [11].

    A outra alternativa a aplicao do res-

    friamento controlado do forjado a quente, que

    confere maior flexibilidade, rapidez e econo-

    mia nos processos de conformao plstica dos

    metais.

  • Diferentemente dos tratamentos trmi-

    cos, realiza-se este ltimo processo imediata-

    mente aps o forjamento a quente, de forma a

    aproveitar o calor retido pelo prprio material.

    O resfriamento controlado permite uma

    taxa de resfriamento adequada para a ocorrn-

    cia das transformaes microestruturais dese-

    jadas e, consequentemente, garantir as propri-

    edades exigidas.

    A formao de uma microestrutura fer-

    rtica-perltica vincula-se taxa de resfriamen-

    to e temperatura inicial (acima da linha de

    incio de formao da ferrita); ou seja, o mate-

    rial deve estar totalmente austenitizado antes

    do resfriamento. Desta forma, a taxa de resfri-

    amento do material possibilita a obteno de

    uma microestrutura perltica/ferrtica ou mar-

    tenstica.

    Elevadas taxas de resfriamento podem

    produzir uma microestrutura com gros mais

    refinados e menor espaamento entre as lame-

    las de ferrita e cementita da perlita, promo-

    vendo maior resistncia mecnica e dureza.

    No caso de processos onde a usinagem

    requerida aps o forjamento a quente, torna-se

    necessrio o resfriamento ao ar com o intuito

    de se promover a formao de uma microes-

    trutura ferrtica/perltica, para otimizar a usi-

    nabilidade do material [10].

    Microestruturas de gro fino, compostas

    por um misto de ferrita e bainita, obtidas por

    uma transformao controlada em arrefeci-

    mento contnuo, tem provado aumentar a

    tenso de ruptura e melhorar a tenacidade em

    tubos e chapas [2].

    6) MECANISMO DE TENACIFICAO

    A presena de vrios tipos de partculas

    de segunda fase em microestruturas martens-

    ticas revenidas prejudica a tenacidade de aos

    de alta resistncia. Precipitados responsveis

    por refino de gro, como nitretos de alumnio

    e carbono, tambm podem reduzir significan-

    temente a tenacidade de aos de alta-

    resistncia e microestrutura refinada. Assim,

    um processo para maximizar a tenacidade

    atravs de um refino destes precipitados.

    O processo consiste em quatro etapas:

    Primeira etapa: reaquecimento e de-

    formao a quente (preferencialmente a tem-

    peraturas acima da temperatura de solubiliza-

    o do precipitado menos solvel presente no

    ao), seguido por resfriamento rpido at

    500C.

    Segunda etapa: recozimento subcrti-

    co, para promover a precipitao do mximo

    volume de precipitado na ferrita.

    Terceira etapa: austenitizao seguida

    de tmpera.

    Quarta etapa: revenimento, para al-

    canar a resistncia desejada. Este processo

    muito aplicvel a processos de forjamento de

    aos de alta resistncia, uma vez que o pr-

    tratamento de solubilizao pode ser realizado

    junto s operaes de reaquecimento e forja-

    mento.

    Um pr-tratamento a altas temperaturas

    benfico forjabilidade do material e dura-

    bilidade do molde, mas o objetivo principal da

    operao sob temperaturas elevadas minimi-

    zar o teor de precipitados grosseiros formados

    durante o processamento e solidificao inicial

    do ao. Aps o forjamento, no entanto, altas

    taxas de resfriamento devem ser aplicadas,

    para evitar a re-precipitao que pode correr

    na austenita [12].

    7) PROBLEMAS DECORRENTES DE TRA-

    TAMENTOS MAL-SUCEDIDOS

    Quanto ao tratamento trmico mal su-

    cedido, os problemas so vrios:

    O tratamento trmico visa atingir mai-

    or resistncia da pea e outras caractersticas,

    como tenacidade. Pode-se dizer que um pro-

    blema macro seria uma resistncia menor que

    o especificado pelo projeto, levando o produto

    a uma falha prematura. Um plano de ao

    para estas peas seria a realizao de uma

    nova tmpera, exceto peas com nibio.

    Outro ponto o forno oxidante: a pea

    pode oxidar, criando uma fina camada de

    xido de ferro em sua superfcie, que tambm

    leva falha prematura. Um plano de ao

    seria o lixamento da superfcie de trao des-

    tas peas para a remoo do xido, conhecido

    como carepa, e fazer o alvio de tenso.

    No caso da ocorrncia de dureza mai-

    or que o especificado, pode haver a quebra

    prematura da pea devido baixa tenacidade.

    Como plano de ao, as peas devem ser tem-

    peradas e revenidas, novamente.

  • **Comunicao pessoal com Cleber M. Chiqueti.

    J no caso da dureza menor que o es-

    pecificado, pode ser ocasionada a perda de

    desempenho dos componentes. Neste caso,

    pode haver produtos de transformao (mi-

    croconstituintes que no foram transformados

    em martensita nos processos de tmpera e

    revenimento, como: perlita, bainita, austenita

    retida). Um plano de ao a tmpera e reve-

    nimento, novamente.**

    III. DISCUSSO

    A. ESTUDOS DE CASOS

    1) ESTUDO DE PROPRIEDADES MECNI-

    CAS DE AOS ESPECIAIS, INOXIDVEIS E

    RESISTENTES AO CALOR SUBMETIDOS A

    TRATAMENTOS TERMOMECNICOS (G. W.

    KUHLMAN ET AL., 1986)

    Kuhlman realizou o revenimento de

    aos HP310. Nele, o material forjado, foi sub-

    metido a um tratamento que consistia em

    normalizao a 927C por 1h com resfriamento

    ao ar, seguida por austenitizao a 871C por

    1h, tmpera em leo, refrigerao a -73C por

    1h e por um duplo revenimento, de 177C a

    399C, sendo que o segundo revenido foi rea-

    lizado a uma temperatura ligeiramente menor

    que a do primeiro. Por fim, foi realizado alvio

    de tenses a 10C abaixo da temperatura do

    revenimento final. Em seguida, foram ensaia-

    das amostras sob trao e examinadas metalo-

    graficamente.

    Outro estudo foi baseado na fabricao

    de forjados de HP9Ni-4Co-0,20C. As amostras

    foram normalizadas a 899C por 1h, austeniti-

    zadas a 843C por 1h, temperadas em leo,

    refrigeradas a -73C por 1h, revenidas de

    522C a 579C, por 4 a 8h, e resfriadas ao ar.

    Em seguida, foram ensaiadas mecanicamente.

    Realizou tambm um estudo referente

    ao tratamento trmico de aos AF1410. Os

    forjados foram submetidos a dois tratamentos

    trmicos diferentes. Um, para minimizar a

    distoro durante a usinagem, consistiu em

    normalizao a 899C por 1h com resfriamento

    ao ar, seguido por austenitizao a 816C por

    1h com resfriamento ao ar, refrigerao a -73C

    por 1h e revenido a 510C por 5h com resfria-

    mento ao ar. O segundo, para maximizar pro-

    priedades mecnicas, principalmente a tenaci-

    dade, consistiu em normalizao a 899C por

    1h com resfriamento ao ar, seguido por nor-

    malizao a 899C por 1h com tmpera em

    leo, normalizao a 816C por 1h com tmpe-

    ra em gua e revenimento a 510C por 5h com

    resfriamento ao ar.

    A relao entre o forjamento e os trata-

    mentos trmicos em aos inoxidveis foi estu-

    dada em duas ligas, 15-5PH e PH13-8Mo. Para

    a liga 15-5PH, foram fabricados forjados a

    quente, utilizando-se diferentes temperaturas

    de processamento, que foram submetidos a

    um revenido de 1035C por 1h, resfriamento

    ao ar at temperatura abaixo de 32C, 482C

    por 2h e resfriamento ao ar, e submetidas a

    ensaios de trao e tenacidade fratura. Para a

    liga PH13-8Mo, os forjados foram fabricados a

    partir de um tarugo e submetidos a um reve-

    nimento de 927C por 3h, resfriamento ao ar

    at abaixo de 16C, 538C por 4h e resfriamen-

    to ao ar, e ensaiadas mecanicamente.

    No caso de materiais resistentes ao calor

    e corroso foram feitos dois estudos. No

    primeiro, foi realizado um processamento

    termomecnico da liga A286. O forjamento a

    quente do tarugo foi seguido de um tratamen-

    to constitudo por manuteno da temperatura

    a 899C por 1h, tmpera em leo, aquecimento

    a 704C por 12h e resfriamento ao ar. Final-

    mente, as amostras foram submetidas a ensai-

    os de trao.

    No segundo, processou-se termomeca-

    nicamente a liga Inconel 625. Um tarugo foi

    submetido a dois tipos de processo de forja-

    mento: a quente, com reduo total de perfil

    de 75%, e uma combinao de quente e morno,

    com um nvel similar de reduo. Os forjados

    foram submetidos a tratamentos de recozi-

    mento (980C ou 870C por 4h, com resfria-

    mento ao ar), recozimento seguido por enve-

    lhecimento (980C ou 870C por 4h, com res-

    friamento ao ar e 650C por 48h com resfria-

    mento ao ar), ou envelhecimento (785C por

    24h seguido por resfriamento ao ar). Em se-

    guida, as amostras foram testadas mecanica-

    mente.

    Os resultados mostram que, para otimi-

    zar a ductilidade dos forjados da liga HP310,

    temperaturas de revenimento entre 315C e

    343C mostram-se benficas, sem prejudicar a

    resistncia do material. Os forjados da liga

    HP9Ni-4Co-0,20C podem ser processados

    termomecanicamente de modo a atingir exce-

  • lentes combinaes de resistncia e tenacidade

    fratura em grandes sees. A temperatura

    tima de revenido aparenta estar entre 551C e

    565C. As peas fabricadas utilizando-se a liga

    AF1410 podem ser tratadas com duas taxas

    diferentes de resfriamento para atingir a resis-

    tncia mnima, de 1585 MPa, e a tenacidade

    mnima, de 143 MPa.m1/2. Ainda que o resfri-

    amento em ar, mais lento, atinja tais proprie-

    dades e minimize a distoro, ele resulta em

    propriedades mecnicas ligeiramente inferio-

    res. A resistncia e a tenacidade do ao 15-5PH

    varia modestamente de acordo com a tempera-

    tura de forjamento, sendo que o valor timo

    ocorre quando o processo realizado entre

    1050C e 1150C. Uma tenacidade mnima de

    60 MPa.m1/2 aparenta ser suficiente para os

    forjados. No caso da liga PH13-8Mo, os forja-

    dos fabricados apresentaram valores suficien-

    tes para as propriedades testadas. A tempera-

    tura tima de envelhecimento se encontra

    entre 538C e 549C. A resistncia e a tenaci-

    dade fratura e, possivelmente, a resistncia

    fluncia, da liga A286 pode ser melhorada

    atravs de forjamento realizado entre 1125C e

    1175C. De modo a se atingir um valor mni-

    mo de tenso de escoamento de 413 MPa na

    liga Inconel 625, tanto o trabalho a quente

    como os trabalhos a quente e a morno combi-

    nados podem ser empregados juntamente com

    o recozimento nico, entre 870C e 980C. A

    combinao de recozimento e envelhecimento

    aumenta a tenso de escoamento em 50%, mas

    pode no ser prtico para forjados que sero

    soldados [9].

    2) ESTUDO DE ROTORES DE TURBINAS

    COM TRATAMENTO TRMICO DIFEREN-

    CIADO (SUZUKI ET AL., 1986)

    A aplicao mais comum dos rotores se

    d em sistemas com potncia abaixo de 100

    MW, utilizando-se ao Cr-Mo-V convencional,

    o qual endurecido a temperaturas mais bai-

    xas de austenitizao, a taxas maiores de res-

    friamento, ou ambos. O tratamento aumenta a

    tenacidade, na parte de baixa presso, com

    uma consequente queda na resistncia flun-

    cia da parte de alta presso. No entanto, a

    tendncia de aplicao em sistemas de alta

    potncia (150 MW) exige maiores combinaes

    e rotores e, consequentemente, novas tecnolo-

    gias de manufatura.

    O ao modificado permite aumento da

    tenacidade sem prejudicar a resistncia flu-

    ncia. O Nb adicionado para melhorar a

    tenacidade atravs do refino de gro e para

    minimizar a queda da resistncia fluncia

    causada pela adio de Ni. O Ni adicionado

    para melhorar a tenacidade e a temperabilida-

    de do ao. O Si reduz a susceptibilidade fra-

    gilizao no revenido e permite a aplicao do

    processo de desoxidao do carbono na etapa

    de fabricao do lingote, alm de melhorar a

    tenacidade e temperabilidade do ao.

    Geralmente, tratamentos que melhoram

    a tenacidade reduzem a resistncia fluncia,

    e vice-versa. O aumento da temperatura de

    austenitizao resulta no crescimento de gro,

    o que aumenta a resistncia fluncia, mas

    reduz a tenacidade. O aumento da taxa de

    resfriamento na tmpera aumenta a tenacida-

    de, enquanto taxas intermedirias favorecem a

    resistncia fluncia. Os objetivos dos trata-

    mentos so melhorar a tenacidade das turbi-

    nas de baixa presso e a resistncia fluncia

    das de alta presso.

    Uma placa de fibras cermicas, colocada

    entre placas de ao, foi posicionada no encon-

    tro entre as partes de alta e baixa presso, para

    isolamento trmico. Assim, cada parte pode

    ser submetida a um tratamento. Esta tcnica

    chamada de tratamento trmico diferencial.

    Quatro rotores foram fabricados, sendo

    que um lingote de 50 toneladas foi produzido

    para cada rotor. Aps aquecimento a 1200-

    1240C, os lingotes foram forjados, de modo a

    formar cilindros com dimetro de 1280 mm.

    Aps normalizao a 1050C, os forjados fo-

    ram submetidos ao tratamento diferencial. A

    parte de alta presso foi austenitizada a 970C

    e resfriada em gua, e a de baixa presso, aus-

    tenitizada a 920C e resfriada ao ar. Os reve-

    nimentos foram realizados a 670C.

    As microestruturas obtidas em ambas as

    partes eram bainticas. O tamanho de gro na

    superfcie da parte de baixa presso era 7,5, na

    superfcie da alta presso, de 5,0, e no ncleo

    da parte de baixa presso, de 6,5.

    A tenacidade da parte de baixa presso

    apresentou-se excelente, enquanto a resistn-

    cia fluncia apresentou-se ligeiramente mai-

  • or do que a observada em rotores fabricados

    com o ao convencional. A zona de transio

    trmica tinha um comprimento aproximado de

    500 mm na superfcie, e 1000 mm no centro. A

    mxima deflexo trmica observada, em teste

    realizado a 620C, foi de 0,015 mm, valor satis-

    fatoriamente baixo. A mxima tenso residual

    foi observada na direo tangencial, apresen-

    tando valor de 29,4 MPa e natureza compres-

    siva [12].

    3) ESTUDO DA UTILIZAO DO RESFRIA-

    MENTO CONTROLADO (YAMAKAMI ET

    AL., 2004)

    O estudo buscou a viabilidade de subs-

    tituio do tratamento trmico de normaliza-

    o pelo resfriamento controlado em forno,

    seguido do forjamento a quente. A microestru-

    tura formada por esse processo deve ser seme-

    lhante quela obtida pela normalizao, tendo

    dureza dentro da faixa especificada para este

    tratamento (cerca de 163-187 HB).

    A partir de barras de aos para forja-

    mento obtiveram-se os corpos de provas. Estes

    foram levados ao forno a 1323 K por 20 minu-

    tos a fim de se garantir homogeneizao da

    temperatura para o forjamento.

    Ensaios de forjamento a quente tem-

    peratura de 1273 K em uma prensa hidrulica

    de 1,2 MN, seguidos imediatamente de resfri-

    amento em forno a uma determinada tempera-

    tura foram realizados. A partir da microscopia

    tica analisou-se as microestruturas obtidas e

    pelo realizou-se o ensaio de dureza Brinell, a

    fim de compar-las com aquelas de condio

    normalizada.

    Baseando-se no diagrama de transfor-

    mao em resfriamento contnuo para um ao

    de composio qumica ao utilizado, definiu-

    se a taxa de resfriamento e a temperatura que

    permitiriam a formao da microestrutura

    distribuda homogeneamente e dureza especi-

    ficada, formada por perlita e ferrita.

    Resfriou-se os corpos de prova, imedia-

    tamente aps o forjamento, em 3 diferentes

    condies durante 20 minutos: em forno mufla

    a 773 e 873 K e ao ar.

    O estudo mostrou que vivel a substi-

    tuio do tratamento trmico convencional de

    normalizao pelo resfriamento controlado em

    forno posterior ao forjamento a quente, apro-

    veitando-se do calor do processo. O resfria-

    mento controlado em forno a 773 K e ao ar no

    permitiu a formao segura de uma microes-

    trutura composta somente por ferrita e perlita,

    ocorrendo, nestes casos, a formao de ferrita e

    perlita pontiagudas, ferrita alotriomorfa em

    contornos de gro e, provavelmente, a presen-

    a de bainita. Alm de no possuem uma du-

    reza adequada usinagem. J o resfriamento

    em forno a 873 K foi o que apresentou a mi-

    croestrutura composta por perlita e ferrita

    distribudas homogeneamente, mais similar

    obtida pela normalizao. Alm disso, a dure-

    za mostrou-se adequada ao processo seguinte

    de usinagem. Esse resfriamento permitiu uma

    reduo considervel do consumo de energia e

    do tempo de processo, se comparado norma-

    lizao comumente realizada na indstria,

    proporcionando uma reduo do lead time para

    obteno de peas forjadas e normalizadas

    [10].

    B. ANLISE

    O processo de forjamento um mtodo

    de conformao muito antigo, que variou pou-

    co ao longo de sua existncia. Deparando-se

    com tal situao, tornou-se difcil a obteno

    de estudos acerca do tema, principalmente

    queles relacionados aos tratamentos trmicos.

    Entretanto, foi possvel analisar uma

    tendncia substituio dos tratamentos con-

    vencionais do forjamento a quente, visto que,

    atualmente, tem-se dado cada vez mais impor-

    tncia a assuntos referentes ao aproveitamento

    de energia e otimizao dos processos, que

    podem ser conferidos com a execuo do res-

    friamento controlado (perltico de forja). Po-

    rm, o uso de tais alternativas na indstria

    ainda tem sua implementao restrita, devido

    falta de normas para a padronizao dos

    processos.

    Alm disso, nota-se que no so apre-

    sentadas alternativas aos tratamentos trmicos

    envolvidos no forjamento a frio. Neste caso,

    utilizam-se processos de recozimento de ho-

    mogeneizao, anteriormente ao forjamento a

    frio, e tmpera ou tmpera seguida de reveni-

    mento, posteriormente ao processo.

  • IV. CONCLUSO

    A partir da pesquisa sobre os tratamen-

    tos trmicos realizados anterior ou posterior-

    mente aos processos de forjamento, pde-se

    inferir que a tendncia cada vez mais utili-

    zar-se dos processos de resfriamento controla-

    do, que se aproveitam do calor intrnseco ao

    processo de forjamento a quente, reduzindo

    custos, tempos de operao, alm de permitir a

    obteno de uma microestrutura semelhante

    obtida pelos tratamentos trmicos de normali-

    zao.

    Apesar dessa mudana de cenrios ten-

    dendo a alternativas aos mtodos convencio-

    nais de tratamentos trmicos, estes ainda so

    altamente utilizados, principalmente em pro-

    cessos de forjamento a frio.

    VI. REFERNCIAS

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    dos metais. 6. ed. So Paulo: EPUSP, 2011. 254

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    CAO, 6, 2011, Caxias do Sul. Anais...

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