Escolhas & Organizaes

Irineu Vitorino

TERCEIRO SETOR

Irineu VitorinoProfessor da UFAM e da UNIP-AM e Mestre em administrao de empresas pela Universidade FUMEC- MG

Qual a importncia do terceiro setor e como intensificar sua participao?

O Banco Mundial definiu em 1997 como empresas do Terceiro Setor aquelas organizaes privadas que executam aes com o cunho de diminuir o sofrimento humano, trabalhar para diminuir a pobreza, defender o meio ambiente, garantir os servios sociais bsicos e estimular o desenvolvimentos das comunidades.

O Terceiro Setor composto por organizaes econmicas, sem fins lucrativos e pode ter origem na iniciativa privada ou pblica. So exemplos clssicos as associaes, fundaes, sindicatos e tambm as igrejas. tambm o elo de ligao entre o primeiro setor e o segundo setor, Estado e empresas respectivamente. Seu principal papel trabalhar em aes complementares aos objetivos desses setores que promovam o desenvolvimento econmico e o bem estar social de uma determinada comunidade. As organizaes que buscam ter um diferencial competitivo e os governos que queiram ampliar cada vez mais o seu grau de transparncia e eficincia em suas aes, principalmente na utilizao dos recursos pblicos devem dominar as ferramentas disponveis que o Terceiro Setor disponibiliza. Atravs desse domnio podero obter suas certificaes na rea.

Muito h ainda a se fazer pelo Terceiro Setor no Brasil uma evidencia que de acordo com a pesquisa realizada pela The Johsons Hopkins University (EUA) em 35 pases, o setor movimenta U$1, 33 trilho/ano. Sua relao com o PIB mundial em mdia 12%. No Brasil esse nmero de apenas 3,5% do valor do PIB, alguns pesquisadores como o caso de Takashi Yamauchi defendem que esse nmero no ultrapassa a 1,2%.

Muitos so os motivos para tamanha defasagem um deles que os gestores do Terceiro Setor tm focado suas aes de maneira a realizar sonhos e ideais pessoais, quando o ideal seria promover o trabalho associativo principalmente com profissionais de outras reas para corroborar a amplitude das ferramentas do setor e principalmente para cumprir o principal objetivo que promover desenvolvimento econmico e social de uma comunidade. Outro fator que permite nosso atraso em relao ao resto do mundo conceituar o Terceiro Setor de forma errada. Ele no um setor de benemerncia, assistencialismo, filantropia e muito menos de pilantropia como cita Yamauchi e sim um mecanismo de responsabilidade social.

necessrio tomar cuidado com lado emotivo que leva a prtica da caridade e da benemerncia, nos casos emergncias e utilizar isso como pano de fundo para justificar a prtica dos erros e ilegalidades tentando assim justificar motivos impunidade. Esse comportamento enfraquece o setor e cria problemas futuros. Responsabilidade social requer planejamento, participao profissional e principalmente o cumprimento s leis. O improviso, o imediatismo e principalmente o desconhecimento so os principais responsveis pelos deslizes relacionados ao setor.

Pela falta desse conhecimento muitas instituies operam como a predominncia do voluntariado ignorando a importncia de uma administrao profissional. Assim tambm a disponibilidade de tempo, as tarefas s so executas na medida do possvel esse uma consequncia do trabalho exclusivo de voluntariado. Isso revela uma gesto amadora e pouco compromissada. Administrar no Terceiro Setor mais difcil do que administrar uma empresa de capital aberto. Se para uma empresa com essa estrutura se tem profissionais altamente competentes porque no deveria ser assim tambm para o terceiro setor? A resposta simples, necessita sim de profissionais capacitados.

Uma instituio para ser constituda necessita de um conceito inicial, a estratgia operacional e administrativa e a filosofia que ser utilizada para a busca do objetivo. Tudo isso traduzido na montagem do estatuto. Alm da montagem do estatuto necessrio uma srie de registros em cartrios de ttulos e documentos, na Receita Federal, junto Prefeitura Municipal e nos conselhos profissionais respectivos. A instituio tambm deve receber um titulao concedida pelos rgos oficiais. Tambm necessita definir os critrios da administrao, como organogramas, normas administrativas e operacionais, regras, diretrizes operacionais como controles, sistematizao, plano de contas entre outros. Esses procedimentos vo garantir a operao da instituio e vo revelar transparncia na gesto distanciando de organizaes que no so srias.

Muitos outros detalhes so pertinentes ao bom funcionamento das instituies do Terceiro Setor o que revela a necessidade de muito profissionalismo no setor. S assim o Brasil vai conseguir quebrar a barreira dos 1,2% to insignificantes em comparao ao quadro mundial.

Esta coluna publicada na edio de fim-de-semana no Jornal do Commercio AM Manaus e elaborada sob a coordenao de Irineu Vitorino, consultor, palestrante e professor universitrio em Estratgias e Aes de Mercado.irineuvitorino@hotmail.com