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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE LÚDICA NO DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL INFANTIL NOS PRIMEIROS ANOS ESCOLARES
LUCIANA LOPES ROCHA DINIZ
CAICÓ - RN
2016
LUCIANA LOPES ROCHA DINIZ
A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE LÚDICA NO DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL INFANTIL NOS PRIMEIROS ANOS ESCOLARES
Artigo Científico apresentado ao Curso de
Pedagogia a Distância do Centro de Educação
da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, como requisito parcial para obtenção do
título de Licenciada em Pedagogia, sob
orientação da professora Mestre Rúbia Kátia
Azevedo Montenegro.
CAICÓ - RN
2016
A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE LÚDICA NO DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL INFANTIL NOS PRIMEIROS ANOS ESCOLARES
Por
LUCIANA LOPES ROCHA DINIZ
Artigo Científico apresentado ao Curso de
Pedagogia a Distância do Centro de Educação
da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, como requisito parcial para obtenção do
título de Licenciatura em Pedagogia.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________
Ms. Rúbia Kátia Azevedo Montenegro (Orientadora)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
_____________________________________________________
Ms. Jaécia Bezerra de Brito
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
______________________________________________________
Esp. Luiz Antônio da Silva dos Santos
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE LÚDICA NO DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL INFANTIL NOS PRIMEIROS ANOS ESCOLARES
Luciana Lopes Rocha Diniz
1
Rúbia Kátia Azevedo Montenegro2
RESUMO
O artigo “A importância da atividade lúdica no desenvolvimento educacional infantil nos
primeiros anos escolares” justifica-se pela efetividade em desenvolver a educação infantil a
partir de brincadeiras nas quais a criança se envolve com mais naturalidade nesse modelo de
aprendizagem. Nessa vertente, será que as instituições voltadas à educação infantil estão
desenvolvendo este tipo de ensino com atividade lúdica? Como objetivo geral este trabalho
busca elucidar a eficácia em introduzir atividades lúdicas no ensino infantil como forma de
aprendizagem. A metodologia utilizada foi à bibliográfica, no entanto, este artigo tem caráter
qualitativo. Os autores utilizados na referenciação foram Negrine (1994), Zanluchi (2005) e
Vygotsky (1989). Ao concluir a pesquisa fica entendido, como ápice do estudo, que essa
relação entre brincadeira e ensino qualifica a aprendizagem infantil por tornar este momento
mais agradável à criança. Neste sentido, a pesquisa ora apresentada tem um valor social
respeitável, haja vista os objetivos estarem relacionados a uma educação humanizada e de
qualidade.
Palavras-chave: Aprendizagem. Educação Infantil. Atividade Lúdica.
ABSTRACT
This article entitled "The importance of play activity in the children's educational
development in the early school years " is justified by the effectiveness in developing early
childhood education through play where the child involves more naturally in this learning
model . In this aspect, it is that the institutions aimed at early childhood education are
developing this type of teaching with play activity? As a general objective seeks to elucidate
the effectiveness of introducing play activities in children's education as a way of learning.
The methodology used was the literature, however this article is qualitative, which was used
as Negrine authors (1994 ) , Zanluchi (2005) and Vygotsky (1989 ) . In concluding this article
is understood as the culmination of the study, that the relationship between play and education
qualifies the child learning to make it more pleasing to the child time.
Keywords: Learning. Child education. Playful activity.
1 Graduanda em Pedagogia pela UFRN – [email protected]
2 Orientadora Mestre em Ciências da Educação, Especialista em Mídias na Educação e Psicopedagogia
Institucional e Graduada em Letras – [email protected]
1 INTRODUÇÃO
Este artigo tem como finalidade propor uma discussão sobre a importância das ações,
brincar, cuidar e educar, na aprendizagem da criança em seus primeiros anos de vida,
consideradas como sendo os principais pilares da Educação Infantil, nessa vertente inclui-se a
discussão de grandes estudiosos no assunto, como por exemplo, Zanluchi (2005), Negrine
(1994), Vygotsky (1989), entre outros, além do que é estabelecido nas Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Infantil (1998) e Referencial Curricular Nacional da Educação
Infantil (1998) que são discutidos nos tópicos seguintes.
O processo pedagógico, generalizando, é um trâmite bastante complexo, e quando se
trata da Educação Infantil nota-se que a maioria dos agentes diretos pensa que essa prática é o
dobro de complexidade. Talvez não seja tão complicado, porém, deve-se manter um padrão
de qualidade, tanto das instituições como dos educadores que atenderão as crianças nesse
estágio, considerado muito importante para seu desenvolvimento intelectual.
É na fase inicial da vida que as crianças estão mais aptas a desenvolverem suas
habilidades, individuais e em grupo, fazendo a interação com as demais, e o ambiente escolar
deve proporcionar tal situação para que a educação infantil seja realizada.
Com a Constituição Federal de 1988, a Educação Infantil passou a ser direito da
criança de modo a fazer parte das políticas educacionais, para as quais foram criadas diretrizes
e referências que estabeleceram normas, e, por conseguinte, padrões a esta especificidade de
educação.
Nesse contexto, parâmetros foram estabelecidos tanto no que concerne à forma
quanto aos conteúdos e/ou conhecimentos que iriam ser passados às crianças, e dentro desse
escopo, foram denominados como pilares da Educação Infantil três ações que são inerentes ao
convívio delas, como brincar, cuidar e educar.
Segundo o RCNEI (BRASIL, 1998, p. 25),
O cuidador precisa considerar, principalmente, as necessidades das crianças,
que quando observadas, ouvidas e respeitadas, podem dar pistas importantes
sobre a qualidade do que estão recebendo. Os procedimentos de cuidado
também precisam seguir os princípios de promoção da saúde. Para se atingir
os objetivos dos cuidados com a preservação da vida e com o
desenvolvimento das capacidades humanas, é necessário que as atitudes e
procedimentos estejam baseados em conhecimentos específicos sobre
desenvolvimento biológico, emocional e intelectual das crianças levando em
conta diferentes realidades socioculturais.
Essa concepção, como muitos estudiosos dizem, é a melhor maneira de agregar valor
na relação ensino-aprendizagem, bem como na relação entre instituição, criança e educadores.
A partir de um ambiente propício a criança se desenvolve com mais facilidade,
completando tal ideia Zanluchi (2005, p. 91) diz “a criança brinca daquilo que vive, extrai sua
imaginação lúdica de seu dia-a-dia”. Dentro dessa esfera, quando a criança está envolvida
num ambiente que trabalha a ludicidade, fica mais preparada para controlar emoções e
atitudes no momento de socialização.
Negrine (1994, p. 20) diz “quando a criança chega à escola, traz consigo toda uma
pré-história, construída a partir de suas vivências, grande parte delas através da atividade
lúdica”. E isso é o que a instituição voltada à Educação Infantil deve levar em consideração,
pois essa criança já vem com sua cultura, costumes e modo de agir e pensar impregnados em
seu ser. Não á toa, faz-se imperativa a responsabilidade dos educadores em trabalhar esse
contexto para não vir a interferir no segmento da aprendizagem.
Para Vygotsky (1989, p. 84),
As crianças formam estruturas mentais pelo uso de instrumentos e sinais. A
brincadeira, a criação de situações imaginárias surge da tensão do individuo
e a sociedade. O lúdico liberta a criança das amarras da realidade.
Diante do que o autor expôs, é por meio do lúdico que a criança aprende todas as
formas de conhecimentos pelo fato de trabalhar a imaginação, combinando informações e
percepções da realidade com a problematização levantada naquele determinado momento,
além de fazer alusão com seu dia a dia, construindo novos conhecimentos.
Portanto, não tem motivo maior que um aprendizado saudável e efetivo para que as
instituições e educadores façam valer o que as diretrizes e leis dizem sobre a Educação
Infantil, mesmo porque, todo esse processo advém de ações que fazem parte diretamente da
vida da criança que é o brincar, o cuidar e o educar.
Abordar o referido tema é importante pelo fato de fazer com que tantos as pessoas
em geral como, e principalmente, os educando, pensem na questão de incluir tais ações,
brincar, educar e cuidar na relação com a educação infantil, pois se trabalhados em conjunto
torna-se uma ferramenta indispensável quanto ao desenvolvimento infantil no que tange seu
aprendizado.
Para que este artigo tenha uma maior compreensão acerca do tema aqui proposto foi
necessário desenvolver como metodologia a pesquisa bibliográfica para embasar esta
discussão, como é percebida no discorrer do texto a opinião dos autores estudados.
O artigo ora apresentado está dividido em três capítulos, sendo o primeiro a
introdução, o segundo abordando o surgimento da educação infantil no Brasil e o terceiro
tratando do brincar, cuidar e educar: os três pilares da educação infantil.
2 SURGIMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL
Nas sociedades antigas não havia destaque ou preocupação para com a criança, isso
era praticamente nulo. No Brasil, durante o período da escravidão, as crianças de 6 a 11 anos
de idade já serviam para ajudar nos trabalhos como auxiliares. A partir dos 12 anos já eram
vistas como adultos, tanto para o trabalho como para a vida sexual. Apenas as crianças
brancas tinham acompanhamento educacional básico, como gramática, matemática e bom
comportamento, segundo Carlos (2010, p. 01).
E até a década que antecedeu a Constituição Federal (1988) inexistia a assimilação
de que a educação infantil fosse importante para o desenvolvimento intelectual da criança nos
primeiros anos de vida. As creches surgiram devido a reinvindicações das mulheres, durante a
revolução industrial, que para ir trabalhar não dispunham de lugar onde deixarem seus filhos.
Nesse caso, as creches eram apenas de cunho assistencialista.
Houve significativo avanço no que diz respeito à função assistencialista das creches
em detrimento à educação infantil na década de 1980, pois foi percebido que seria importante
desenvolver atividades que estimulassem a aprendizagem da criança, ou seja, a educação
pedagógica.
Frente a isso, foi nas últimas décadas que as crianças menores de sete anos de idade
começaram a receber um atendimento mais significativo em creches e pré-escolas que antes
eram apenas de assistência. O respectivo acontecimento surgiu pela grande busca, como
citado anteriormente, por instituições que dispusessem esse tipo de atendimento decorrente da
inserção das mulheres no mercado de trabalho.
Após diversas lutas é que a Constituição Federal de 1988 instituiu a Educação
Infantil como direito da criança, e esta passou a frequentar creches e pré-escolas. Nesse caso,
foi reafirmado que o ensino público deveria ser gratuito em todos os níveis escolares, bem
como, a educação supracitada passou a fazer parte da Política Educacional no Brasil, de forma
pedagógica.
Em 1990, esse direito reafirmado na Constituição foi novamente citado no Estatuto
da Criança e do Adolescente – ECA (1990). Seis anos depois, em 1996, o MEC anunciou
vagas e políticas que tratavam da qualificação profissional, bem como do atendimento a essas
crianças, dando surgimento ao Plano Nacional de Educação Infantil.
Ainda, no mesmo ano, com a promulgação da Emenda Constitucional, foi criada a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Infantil (1998). Nesse enfoque, a educação infantil
passou a fazer parte dos ensinos fundamental e médio, sendo aquela, a primeira etapa da
educação básica. Em 1998, o MEC veiculou o documento intitulado “Subsídios” que
abordava o credenciamento das instituições de Educação Infantil, ainda neste mesmo ano o
ministério publicou o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998). Após
um ano, foi lançado as Diretrizes Curriculares Nacionais pelo Conselho Nacional da
Educação (1998).
Vale lembrar que esses documentos reunidos são os principais norteadores para
elaboração e avaliação dos processos pedagógicos das instituições de Educação Infantil no
Brasil. Com a criação da Lei de nº 9394/1996, que aborda as Diretrizes e Bases da Educação
Infantil foram determinados com mais ênfase os parâmetros de que trata a educação infantil.
A LBD nº 9394/96, declara na Seção II, sobre Educação Infantil, que:
Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como
finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em
seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a
ação da família e da comunidade.
Art. 30. A educação infantil será oferecida em:
I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de
idade;
II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade.
(BRASIL, 1996)
Levando em consideração que a educação infantil nos primeiros anos de idade pode
ser crucial na formação pedagógica da criança, pois é nessa fase que existe a união dos
conhecimentos repassados no âmbito familiar com a prática de atividades pedagógicas
tomadas como ponto inicial de aprendizagem para a criança.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (BRASIL,
1998, Vol. 1, p. 30), o tempo didático pode ser organizado em três grandes modalidades e
projetos de trabalho.
Atividades permanentes: São aqueles que respondem às necessidades básicas
de cuidados, aprendizagem e de prazer para as crianças, cujos conteúdos
necessitam de uma constância.
Sequência de atividades: São planejadas e orientadas com o objetivo de
promover uma aprendizagem específica e definida. São sequenciadas com o
objetivo de oferecer desafios com graus diferentes de complexidade para que
as crianças possam ir paulatinamente resolvendo problemas a partir de
diferentes proposições.
Projeto de trabalho: São conjuntos de atividades que trabalham com os
conhecimentos específicos construídos a partir de um dos eixos de trabalho
que se organizam ao redor de um problema para resolver ou um produto
final que se quer obter. Possui uma duração que pode variar conforme o
objetivo, o desenrolar de várias etapas, o desejo e o interesse das crianças
pelo assunto tratado.
É neste momento que o professor se torna o principal agente de ligação entre esses
dois aspectos de conhecimento, familiar e escolar, contribuindo de forma organizada e
responsável para que a criança de 0 a 5 anos possa fluir em seu aprendizado de maneira
substancial, sem maiores transtornos, porém, que sejam desenvolvidas atividades lúdicas de
acordo com suas faixas etárias, por isso, de forma responsável.
Sobre este aspecto o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
(BRASIL, 1998, p. 32) diz o seguinte:
Cabe ao professor individualizar as situações de aprendizagem oferecidas às
crianças, considerando suas capacidades afetivas, emocionais, sociais,
cognitivas assim como os conhecimentos que possuem dos mais diferentes
assuntos e suas origens socioculturais diversas. Isso significa que o professor
deve planejar e oferecer uma gama variada de experiências que responda,
simultaneamente, às demandas do grupo e as individualidades de cada
criança.
Neste propósito, é importante ressaltar que toda criança tem sua maneira de aprender,
ou seja, a aprendizagem tem suas várias nuances no que diz respeito ao ritmo individual de
cada criança, e por isso, cabe aos professores saber desvendar essas diferenças para que o
ensino versus aprendizagem não venha a prejudicar as crianças.
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998), ainda deixa claro
que a instituição de Educação Infantil deve tornar acessível a todas as crianças que
frequentam, indiscriminadamente, elementos de cultura que enriquecem o seu
desenvolvimento e inserção social.
É no convívio social dentro da escola, no caso creches e pré-escola, que as crianças
começam a disseminar o seu aprendizado natural e passam a interagir com as demais na troca
de suas experiências e aprendizagem individuais, e isso é o que vai colaborando para uma
melhor assimilação do ensino por parte das crianças.
Segundo Vygotsky (1989, p. 148),
As experiências e as trocas afetivas são fonte de desenvolvimento. É através
da experiência social mediada pelo outro, nas diversas situações de convívio
social da qual participa, que a criança aprende parte significativa das ações e
conhecimentos necessários para sua inserção no mundo.
E esse convívio em sala de aula é o que faz o professor desenvolver atividades que
estimulem a criança a fomentar seu próprio conhecimento, considerando todas as diversidades
que existem individualmente, como, a etnia, religião, economia, entre outros. Nesse sentido,
Antunes (2006, p. 9) relata que a criança “precisa desenvolver-se plenamente nos aspectos
físico, psicológico, intelectual e social, por meio de uma educação bem estruturada que atenda
as necessidades da criança”.
De acordo com o relato do autor citado, é necessário levar em consideração que nem
sempre houve, de acordo com a história da Educação Infantil, preocupação com a qualidade
no atendimento à criança em seus primeiros anos de idade, essa concepção foi mudando aos
poucos e sendo concretizado a partir da Constituição Federal de 1988, que reafirmou esse
cuidado que o autor fala no contexto do ensino à criança de 0 a 5 anos de idade. Diretamente a
esta realidade está a escola que deve dar condições para que os resultados esperados sejam
atingidos, ou seja, crianças dentro dessa faixa etária se manterem em condições favoráveis ao
aprendizado.
Nesse pensamento Kishimoto (1999, p. 37), diz que deve existir a "necessidade da
criação de espaços como salas de jogos e cantos que permitam às crianças mais liberdade e
possibilidades diferentes nos seus movimentos, bem como investimento na atividade de
exploração".
A escola representada por seus agentes pode se tornar um dos principais agentes na
relação ensino e aprendizagem, ao qualificar seus educadores para que os mesmos possam
estimular as crianças na aprendizagem, respeitando os limites com relação às características
individuais delas.
Completando o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL,
1998, p. 69):
O espaço na Instituição de Educação Infantil deve propiciar condições para
que as crianças possam usufruí-lo em benefício do seu desenvolvimento e
aprendizagem. Para tanto é preciso que o espaço seja versátil e permeável à
sua ação, sujeito a modificações propostas pelas crianças e pelos professores
em função das ações desenvolvidas.
Dentro dessa esfera, existem diversas atividades para incentivar as crianças, como
por exemplo, os jogos lúdicos, sobre isso Kishimoto (1999, p. 11) complementa dizendo:
o jogo e a criança caminham juntos desde o momento em que se fixa a
imagem da criança como um ser que brinca. Portadora de uma
especificidade que se expressa pelo ato lúdico, a criança carrega consigo as
brincadeiras que se perpetuam e se renovam a cada geração.
Isso, por que é sabido que a brincadeira faz parte da infância da criança, cada pessoa
passou por esta etapa da vida, e após estudos de grandes pensadores como os citados
anteriormente, comprova-se que a partir das brincadeiras a aprendizagem é absorvida pela
criança com maior facilidade, Nesse sentido deve-se ressignificar esse método para garantir
um ensino qualificado, de modo a alicerçar o pensamento futuro dessas crianças.
Kishimoto (1998) sustenta que a repreensão e a ausência de liberdade à criança
impedem a ação estimuladora da atividade espontânea, considerada elemento essencial no
desenvolvimento físico, intelectual e moral.
Na opinião do autor, é percebido como é importante que em sua fase de
desenvolvimento a criança possa ter liberdade de expressão como contributo para seu
aprendizado.
Para tanto, as opiniões acerca do tema Educação Infantil, as quais se justificam por
sua igualdade, poderão ser postas em prática pelos educadores, que tratam do assunto de
forma geral, podendo ser interpretadas em qualquer tempo. Basta que os profissionais
envolvidos possam estar qualificados a interpretarem as opiniões desses autores que bem
souberam transcorrer o que deve ser feito para que a criança tenha autonomia para
desenvolver seu aprendizado de forma positiva.
3 BRINCAR, CUIDAR E EDUCAR: os três pilares da Educação Infantil
Todo ser humano em sua fase inicial de vida necessita de aparatos para se
desenvolver, e essa fase é crucial no aprendizado da criança, pois elas precisam socializar-se a
partir de três ações que fazem parte da vida de cada uma e que se tornaram ou foram
consideradas como os pilares maiores para sustentar o aprendizado da criança em sua
Educação, sendo elas: brincar, cuidar e educar.
Kishimoto (1997, p. 62) relata sobre o pensamento segundo Vygotsky (1989):
chama atenção para o fato de que, para a criança com menos de 3 anos, o
brinquedo é coisa muito séria, pois ela não separa a situação imaginária da
real. Já na idade escolar, o brincar torna-se uma forma de atividade mais
limitada que preenche um papel específico em seu desenvolvimento, tendo
um significado diferente do que tem para uma criança em idade pré-escolar.
A arte de brincar, nessa esfera de aprendizagem pode ser considerada uma arte, pelo
fato de, a partir dela a criança descobrir meios para acrescentar significados aos que já tem no
sentido de informações, de moldar suas ações e torná-las efetivas dentro da brincadeira de
forma homogênea e sem obrigações, pois a criança é espontânea.
Dentro desse escopo, na maioria das vezes, em sala de aula, o docente deixa passar
essa ferramenta importantíssima na hora de transmitir de forma lúdica seus ensinamentos, ou
acha que essa “tal” brincadeira não deve ser levada em consideração no meio escolar, na sala,
já que a criança tem o horário do recreio para fazê-la.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
(BRASIL, 1998, p. 27):
No ato de brincar, os sinais, os gestos, os objetos e os espaços valem e
significam outra coisa daquilo que aparentam ser. Ao brincar as crianças
recriam e repensam os acontecimentos que lhes deram origem, sabendo que
estão brincando. Nas brincadeiras, as crianças transformam os
conhecimentos que já possuíam anteriormente em conceitos gerais com os
quais brinca.
A equalização desses conceitos pode traduzir a própria criança como brincadeira,
pois é por meio dela que a criança libera seus conhecimentos e interage com as demais como
satisfação da aprendizagem a partir do lúdico. Lembrando que é pela arte de brincar que a
criança desenvolve importantes capacidades como, por exemplo, sua atenção, memória e
imaginação.
Segundo Araújo (1992, p. 13),
O jogo toma um aspecto muito significativo no momento em que ele se
desvincula de ser meio para atingir a um fim qualquer. Revendo a história do
jogo, certificamo-nos de que sua importância foi percebida em todos os
tempos, principalmente quando se apresentava com fator essencial na
construção da personalidade da criança.
Mais do que apenas brincar, a criança transforma sua realidade, seu comportamento,
sua cultura “apenas” por estar em interação com outras crianças, e a presença do educando
nesse momento é de suma relevância pelo fato de fazer com que essa interação seja feita da
melhor maneira possível, abrindo seus horizontes.
Para Vygotsky (1989, p. 89) diz o seguinte sobre Zona de Desenvolvimento
Proximal:
A distância entre o nível de desenvolvimento determinado pela capacidade
de resolver um problema e o nível de desenvolvimento potencial,
determinado através da solução de um problema sob a ajuda de um adulto ou
em colaboração com outro colega capaz.
O que o autor quis dizer é que, para um aprendizado efetivo um indivíduo precisa do
outro pelo fato de caminhar juntos. Lembrando que, todo e qualquer educador, além de ensino
deve estar apto ou qualificado a desenvolver conhecimentos de outros profissionais como
psicólogos, recreadores, sociólogos, entre outros que diretamente estão ligados na forma de
transmitir os conhecimentos às crianças.
É inerente a todos que o brincar é direito do pequeno (criança), sem distinção, e toda
instituição de ensino infantil deve dar a elas condições de aproveitamento de aprendizagem
por meio de estudos lúdicos, ou seja, pela brincadeira.
Dessa forma, é indiscutível a importância que há no desenvolvimento da
aprendizagem infantil por meio dos jogos ou outra atividade lúdica, e isso deve ser levado em
conta na grade curricular da instituição que trabalhe com a Educação Infantil, para que essas
crianças possam crescer com o pensamento livre de barreiras.
O cuidar na fase infantil, que vai de 0 a 6 anos, é algo bastante primoroso, pois é
nesta etapa que existem os cuidados correlacionados, desde a alimentação até saúde, além de
outros conhecimentos.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
(BRASIL, 1998, p. 25),
Para cuidar é preciso antes de tudo estar comprometido com o outro, com
sua singularidade, ser solidário com suas necessidades, confiando em suas
capacidades. Disso depende a construção de um vinculo entre quem cuida e
quem é cuidado.
Frente a isso, é sabido que em creches e pré-escolas o objetivo maior para com as
crianças é exatamente isso, o cuidado que atenda as necessidades, incluindo o brincar para
ativar a aprendizagem da criança.
Essa questão do cuidar é indissociável de qualquer outra atividade relacionada com a
criança pelo fato de ser uma ação que possibilitará o uso correto da brincadeira, ou seja, à
medida que a criança brinca o cuidado por parte dos docentes está sendo desenvolvido, pois
as condições para tal ação é assegurada.
Deve ser correto dizer que de uma necessidade criou-se uma especialidade ou
especialização voltada à Educação Infantil, de modo que, foi a partir da demanda das mães
por instituições que cuidassem de seus filhos, enquanto as mesmas trabalhavam que surgiu a
preocupação em desenvolver uma educação mais específica para a aprendizagem dessas
crianças. Nela, o embasamento foi dado por meio do cuidado, da brincadeira e propriamente
da maneira como essa educação seria feita, já que os primeiros anos de vida infantil são
bastante importantes para o desenvolvimento humano, no pensar e no agir.
Sempre existirá a preocupação dos educadores quanto ao bem estar dessas crianças
no âmbito escolar, dentro da sala de aula, na socialização destas com as demais. E isso é
exatamente o cuidado, um dos conceitos ou um tipo de característica contínua da educação
infantil.
É importante levar em consideração que, pensar nesses três pilares da Educação
Infantil separadamente é algo impossível, um depende do outro para que as condições na
relação ensino e aprendizagem sejam de qualidade, possibilitando a criança um ambiente
disposto a abraçar sua espontaneidade, ajudando-a no seu crescimento intelectual.
Conforme o RCNEI (BRASIL, 1998, p. 23):
propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de
forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das
capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em
uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas
crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural.
Nessa esfera, é isso que deve ser propiciado no ambiente escolar às crianças em seus
primeiros anos de vida, dentro da sala de aula, partindo do pressuposto que tais ações
constituem-se como direito da criança garantido por lei na Constituição Federal, além de
outras diretrizes que determinam o desenvolvimento de políticas voltadas a esse fim, como é o
caso do próprio RCNEI (1998).
Dentro desta perspectiva as Diretrizes Curriculares para Educação Infantil (2009, p.
10) afirmar que:
Educar cuidando inclui acolher, garantir a segurança, mas também alimentar
a curiosidade, a ludicidade e a expressividade infantis. Educar de modo
indissociado do cuidar é dar condições para as crianças explorarem o
ambiente de diferentes maneiras (manipulando materiais da natureza ou
objetos, observando, nomeando objetos, pessoas ou situações, fazendo
perguntas etc.) e construírem sentidos pessoais e significados coletivos, à
medida que vão se constituindo como sujeitos e se apropriando de um modo
singular das formas culturais de agir, sentir e pensar. Isso requer do
professor ter sensibilidade e delicadeza no trato de cada criança, e assegurar
atenção especial conforme as necessidades que identifica nas crianças.
Frente a isso, fica entendido que as crianças precisam ser atendidas, pelos
educadores, de acordo com suas necessidades e acima de tudo, serem respeitadas por suas
particularidades e características.
Assim, desenvolver ações pedagógicas voltadas à integração do cuidar e educar na
aprendizagem das crianças é o mesmo que adotar uma consciência compartilhada, pois tanto o
docente realiza pela vigilância ações guiadas, como as próprias crianças compreendem e
interagem no momento.
Ainda para o RCNEI (BRASIL, 1998, p. 23),
A instituição de educação infantil deve tornar acessível a todas as crianças
que a frequentam, indiscriminadamente, elementos da cultura que
enriquecem o seu desenvolvimento e inserção social. Cumpre um papel
socializador, propiciando o desenvolvimento da identidade das crianças, por
meio de aprendizagens diversificadas, realizadas em situações de interação.
É preciso que haja uma conjuntura entre as instituições de Educação Infantil e os
educadores para que essa integração - cuidar e educar caminhe junto na relação ensino-
aprendizagem, contribuindo dessa forma, para o crescimento intelectual das crianças.
Sabe-se que a educação básica inerente a qualquer ser humano começa em casa, na
rua, com os amigos, mas é necessário que os educadores operem como ferramentas
indispensáveis na junção dessa educação advinda da família com as ações pedagógicas
desenvolvidas na instituição para promover um aprendizado efetivo.
Os professores, enquanto ferramenta para promoção do aprendizado na fase infantil
devem, como citado anteriormente, ser profissionais com diversos conhecimentos e sobre isso
o RCNEI (BRASIL, 1998, p. 41) diz o seguinte:
O trabalho direto com as crianças pequenas exige que o educador tenha uma
competência polivalente. Ser polivalente significa que ao educador cabe
trabalhar com conteúdos de naturezas diversas que abrangem desde cuidados
básicos essenciais até conhecimentos específicos provenientes das diversas
áreas do conhecimento. Este caráter polivalente demanda, por sua vez, uma
formação bastante ampla e profissional que deve tornar-se, ele também, um
aprendiz, refletindo constantemente sobre sua prática, debatendo com seus
pares, dialogando com as famílias e a comunidade e buscando informações
necessárias para o trabalho que desenvolve. São instrumentos essenciais para
reflexão sobre a prática direta com as crianças a observação, o registro, o
planejamento e a avaliação.
No entanto, para ter certeza de que os planos pedagógicos serão realizados de acordo
com todas as diretrizes e referências, que abordam esse aspecto e dizem que são direitos das
crianças para seu desenvolvimento intelectual, é de suma importância que os educadores
sejam e estejam comprometidos com a prática educacional, capazes de atender as
necessidades dos pequenos (crianças), como também, com as questões do cuidar, brincar e
educar, que são considerados os pilares da Educação Infantil.
Dentro desse processo, sendo considerado o pilar dessa forma educacional tão
efetiva, a criança pode se tornar mais feliz e saudável à medida que são desenvolvidas
capacidades de conhecimento, individual e grupal, do corpo, emoção, ética, afetivas, entre
outras.
Para tanto, é indispensável concretizar tais diretrizes e referências no que concerne à
relação ensino-aprendizagem para que haja a construção do intelecto da criança. Mas, vale
salientar que esta aprendizagem fica aberta a novas concepções, novas atitudes, pelo fato de
ser algo inacabado e que prioriza o desenvolvimento humano, e nesse caso, o da criança.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação infantil é uma vertente que necessita bastante atenção no que se refere ao
modo como está sendo desenvolvida por parte das instituições voltadas ao ensino infantil,
bem como dos docentes que aplicam seus conceitos. Este artigo que aborda o tema “A
importância da atividade lúdica no desenvolvimento da educação infantil nos primeiros anos
escolares” evidencia por meio da discussão de autores como, Negrine (1994), Zanluchi (2005)
e Vygotsky (1989), a eficácia da aplicação de brincadeiras em sala de aula para o
desenvolvimento educacional das crianças.
Diante do exposto, entende-se que o objetivo geral foi alcançado devido a clareza do
quão importante é para a criança ter um ambiente propício para uma aprendizagem de
qualidade por meio do brincar, cuidar e educar.
A metodologia utilizada foi a bibliográfica, de caráter qualitativa, de acordo com as
autores supracitados. E frente ao que foi discutido, é de suma importância levar em
consideração que a relação entre brincadeira e ensino qualifica a aprendizagem infantil por
tornar este momento mais agradável à criança, que se desenvolverá individual e socialmente.
Durante este estudo não foi encontrado nenhuma dificuldade além da busca por
autores que abordem esse assunto. Os resultados encontrados foram o embasamento da
educação infantil através da criação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Infantil (1998) e o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998), bem
como a Constituição Federal, os quais dão um direcionamento de como deve ser desenvolvido
o ensino voltado às crianças em seus primeiros anos de vida escolar.
Foi relevante discorrer que as creches surgiram devido a necessidade que as
mulheres sentiram em deixar as crianças para irem trabalhar, pois esses locais eram apenas de
cunho solidário, mas com a crescente demanda sugiram novas instituições e a partir daí houve
a preocupação em educar essas crianças enquanto permaneciam ali.
Nessa vertente a educação infantil passou a ser vista de outra maneira, com mais
cuidado, e de acordo com essa relevância, três simples ações deram origem ao que foi
denominado de pilares da educação infantil, sendo eles: o brincar, o cuidar e o educar.
São ações que unidas e aplicadas de forma acertada qualificam a aprendizagem da
criança na hora de passar o conteúdo, pelo fato de introduzir atividades lúdicas, gerando dessa
forma um campo vasto no que concerne à socialização entre crianças e educadores, além de
ajudá-las a se desenvolverem como pessoas capazes de gerar informações, ou darem opinião
com mais espontaneidade.
O respectivo artigo também diz respeito a todas as instituições de ensino voltadas
para a educação infantil, e foi desenvolvido para elucidar essa eficácia de introduzir
brincadeiras no ensino infantil como forma de aprendizagem.
Fica aqui recomendada a leitura dessa discussão aos orientadores e seus educandos,
que também são educadores e, visam e aplicam esses pilares de sustentação como modo
indispensável para o desenvolvimento educacional da criança em seus primeiros anos de vida
escolar.
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