a implantação da autogestão como processo de desenvolvimento

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    A IMPLANTAÇÃO DA AUTOGESTÃO COMO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO

    GT 03 - Autogestão como processo pedagógico 

    Revisão da Literatura 

     Louise de Lira Roedel Botelho (UFFS)1 

    Cleomar Minetto (UFFS)2 

     Eliseu Champe da Silva (UFFS)3 

     Daniela Gotin (UFFS)4 

     Fernando Alvaro Ostuni Gauthier (UFSC)5 

    RESUMO:

    O contexto organizacional encontra-se em constante mudança, contudo, sua estrutura se configurade forma tradicional. A autogestão se apresenta como fator inovador na construção de um cenário

    mais democrático no que diz respeito ao processo de tomada de decisão. Este estudo objetivaapresentar o princípio da autogestão como alternativa de uma nova configuração estrutural dasorganizações. A construção da proposta metodológica se dá pela análise das diferentes definiçõessobre autogestão e a identificação das entidades que promovem as práticas autogestionárias, bemcomo, sua realidade e os desafios impostos à essas entidades. Espera-se que estudo contribua com acompreensão da autogestão, como também, a visualização do potencial educativo da gestão

     participativa como instrumento do desenvolvimento regional e local.

    Palavras-chave: Pesquisa, autogestão, entidades de fomento.

    INTRODUÇÃO

    A formação e adoção de estratégias que viabilizem o aperfeiçoamento da estrutura das

    organizações, se apresenta como fator de estudos por parte dos pesquisadores, como também,

    configura-se como fenômeno de amplas possibilidades de pesquisa.

    O mercado organizacional encontra-se em amplo desenvolvimento. Os estudos referentes a

    maneira pela qual são apresentadas as estruturas que compõem uma organização objetivam a

    compreensão dos diferentes fatores que encontram-se relacionadas, direta ou indiretamente, com ocontexto empresarial.

    1  Professora Adjunta, e-mail: [email protected], pesquisadora da Universidade Federal da Fronteira Sul

    (UFFS), Bolsista de Extensão no País CNPq - Nível B. 2Acadêmico do curso Bacharelado em Administração, e-mail: [email protected], Universidade Federal daFronteira Sul (UFFS), bolsista de projeto de extensão CNPq –  ATP. 3  Acadêmico do curso Bacharelado em Administração, e-mail: [email protected], Universidade Federal da

    Fronteira Sul (UFFS), bolsista de projeto de extensão PIBIC –  CNPq. 4

      Acadêmica do curso Bacharelado em Administração, e-mail: [email protected], Universidade Federal daFronteira Sul (UFFS), bolsista de projeto de extensão PROEXT/2015. 5 Professor Adjunto, e-mail: [email protected], pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),

    Bolsista de Produtividade Desen. Tec. e Extensão Inovadora do CNPq - Nível 2. 

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     Neste sentido, pode-se averiguar a complexidade e abrangência do campo, que necessita de

     pesquisas e aprofundamento tanto teórico como empírico visando um maior fortalecimento que

     possa trazer novos esclarecimentos científicos (PINHEIRO e GONTIJO, 2011).

    A apresentação de novas possibilidades de estrutura organizacional se desenvolve de forma

    gradual, dentro de entidades de ensino. Sendo que um dos princípios destacados trata-se dadenominada gestão democrática ou autogestão.

    A autogestão surge em parte da dimensão de lutas dos trabalhadores, quais sejam, em

     processos de recuperação de fábricas e/ou outras formas de manifestações reivindicatórias e de

    associativismo, que acabaram sendo agrupados e misturados com outras formas de organização

    (BENINI et al ., 2009).

    Uma das entidades que se destacam no desenvolvimento das práticas de autogestão tratam-

    se das incubadoras tecnológicas de cooperativas populares (ITCPS). O processo de capacitação no princípio da autogestão trata-se da assessoria destinada a empreendimentos que carecem de apoio

    estrutural e organizacional.

    Um dos benefícios para as empresas assessoradas pelas ITCPS além do compartilhamento

    da infraestrutura e dos serviços, é a interação social com outros empreendedores, visitantes e

    agentes e as possíveis colaborações que daí poderão resultar, sobretudo pela formulação de novos

    saberes, por meio da troca de experiências entre o saber acadêmico e popular (MOTTA, 1981).

    As Incubadoras, em sua maioria, estão ligadas às diversas universidades e têm por objetivo

    a utilização dos recursos disponíveis para a construção integrada (universidade e comunidade

    externa) visando a qualificação e assessoria de trabalhadores para a construção de atividades

    autogestionárias (GUIMARÃES, 1999).

    A escolha das incubadoras, como entidades que promovem o princípio da autogestão,

     justifica-se a partir do reconhecimento de que são consideradas referência nos processos de

    formação de novas possibilidades de configuração empresarial.

    METODOLOGIA Para a elaboração deste trabalho, foi adotado o método de revisão bibliográfica para a coleta de

    dados e informações, realizado nas pesquisas a partir de um tema previamente determinado e delimitado.

    Conforme Macedo (1994), a seleção de documentos que se relacionam com o objetivo da pesquisa (livros,

    artigos de revistas, trabalhos de congressos, entre outros) e a respectiva seleção das referências devem estar

    de acordo para que possam ser utilizadas posteriormente.

    Para Caldas (1986, p. 15), a pesquisa bibliográfica representa a “coleta e armazenagem de dados de

    entrada para a revisão, processando-se mediante levantamento das publicações existentes sobre o assunto ou

     problema em estudo, seleção, leitura e fichamento das informações relevantes”. Assim o método de pesquisa

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     bibliográfica conforme Gil (2008, p.50), “é desenvolvida a partir de material já  elaborado, constituído de

    livros e artigos científicos”. Desta forma segundo Gil (2008), o artigo utilizou as seguintes etapas: 

    1ª Etapa –  Fontes

     Nesta etapa são apresentados os materiais que fornecem as respostas procuradas para solução do

     problema proposto:

    a) Livros utilizados para a pesquisa; assim foram utilizados livros que oferecem conceitos e

    materiais que abordam a temática, sendo utilizado livros no idioma de português, disponíveis online e na

     biblioteca da ITCEES.

     b) Artigos científicos sobre as temáticas abordadas; pesquisado nos principais bancos de dados

    relativos a área da administração, revistas de cunho científico como, RAC (Revista de Administração

    Contemporânea), RAE (Revista de Administração Estratégica) e RAUSP (Revista de Administração da

    Universidade de São Paulo), bem como, nos anais do Enanpad (Encontro Nacional da ANPAD), relativosaos anos de 2005 a 2014. Essa pesquisa caracteriza-se por artigos nacionais disponíveis online (textos

    completos), publicados nos anos de 2005 a 2014. Os descritores (palavras-chave) utilizados para esse estudo

    foram: Pesquisa, Autogestão e Princípios da autogestão.

    Esse tipo de pesquisa se caracteriza por adequar a procura de materiais que possuem relação com

    os descritores investigados, dessa forma foi realizado a inclusão dos artigos para a complementação teórica.

    2ª Etapa –  Coleta de Dados

    A coleta de dados teve os seguintes pontos adotados:a) Realizou-se a leitura completa de todo o material selecionado, focando-se no material de

    interesse do trabalho.

     b) Leitura aprofundada do material destacado como mais importante.

    c) Coleta das informações para o trabalho como, fontes para elaboração e desenvolvimento,

    autores, resultados e conclusões.

    3ª Etapa –  Análise e Interpretação dos Resultados 

     Nesse momento é realizada a avaliação da pesquisa juntamente com as fontes obtidas, para quedessa forma, proporcionam-se retornos do trabalho realizado para o problema da pesquisa.

    4ª Etapa- Discussão dos Resultados

     Nesta etapa são apresentados os resultados após ser realizado a discussão com o grupo de pesquisa,

    com o propósito de trazer os principais pontos destacados como resultados referente a temática do estudo.

    PESQUISA

    A pesquisa é um campo amplo e independente da área de formação, e assim é possível a

    reconstrução contínua, através dos conhecimentos adquiridos nas universidades, e também com o

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    contato direto com a realidade e diferentes segmentos sociais. “Dessa maneira as atividades de

    Extensão são articuladoras da Pesquisa e do Ensino e possibilitam a convivência com grupos

    alijados de participação real nos processos sociais” (CAIRES; SILVA e LOPES, 2004).

    A pesquisa ocorre devido a prática dos conhecimentos ligados com as universidades,

    agentes educadores e alunos (interno), e nas comunidades (agentes externos e coletivos), comintuito de atender a criação de pesquisas para fomentar trabalhos e atividades dos dados coletados.

    Conforme Severino (p.11, 2002), afirma que:

    (...) numa sociedade organizada, espera-se que a educação, como prática institucionalizada,contribua para a integração dos homens na tríplice universo das práticas que tecem suaexistência histórica concreta: no universo do trabalho, âmbito da produção material e dasrelações econômicas; no universo da sociabilidade, âmbito das relações políticas e nouniverso da cultura simbólica, âmbito da consciência pessoal, da subjetividade e dasrelações intencionais.

    Para gerar uma pesquisa os indivíduos necessitam do conhecimento no intuito da procura

    do desconhecido e dessa maneira, permite-se a transferência dos conhecimentos com a comunidade

    através da extensão.

    A pesquisa tem como objetivo promover a assistência através de consultadas

    especializadas. A associação entre o Ensino- Pesquisa- Extensão, reflete “um conceito de qualidade

    do trabalho acadêmico que favorece a aproximação entre universidade e sociedade, a auto- reflexão

    crítica, a emancipação teórica e prática dos estudantes e o significado social do trabalho acadêmico”

    (ANDES, 2003, p.18).

    Conforme Moita e Andrade (2009, p. 269), um dos maiores problemas ligado com a

     pesquisa- ensino e extensão na comunidade atual, tratam-se das fragilidades encontradas no âmbito

    da pesquisa, no que diz respeito à produção do conhecimento científico.

     No contexto acadêmico, as instituições que trabalham com o desenvolvimento do

    conhecimento científico, tratam-se das universidades. Em sua maioria, são desenvolvidas interações

    de cunho científico associadas, aos campos do ensino e pesquisa, ganhando assim, espaço emfrentes como as inovações tecnológicas em diferentes âmbitos do conhecimento.

    Assim, o papel das universidades torna-se indispensável para o desenvolvimento   da

    construção articulada da relação entre a tríade ensino, pesquisa e extensão, garantindo avanços no

    âmbito acadêmico, porém, repercutindo em melhorias a sociedade em geral. Tudo isso, justifica-se

     pela compreensão ético-político-social conferida quando se pensa no destinatário final desse saber

    científico (a sociedade).

    Com a pesquisa pode-se realizar diversos trabalhos com intuito de alcançar informações no

    que diz respeito a melhor formação acadêmica pela participação das instituições de ensino, “pois

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    através dela consegue-se problematizar a realidade, definir conceitos, metodologias e recursos

    necessários para o alcance dos objetivos e metas estabelecidos” (Rosário et al . p.04. 2013).

    Para Ander-Egg (1978) a pesquisa constitui-se como instrumento de reflexão, de forma

    sistemática e crítica, que tem como finalidade a descoberta de novos fatos ou dados, que possam a

    estabelecer interações com diferentes campos do conhecimento.Dessa forma, as pesquisas com métodos de análises inovadoras também encontram as

    relações dos acadêmicos com a sociedade e demais atores sociais, favorecendo assim a coleta de

    dados empíricos para estudos de análise qualitativa. (FORPROEX, 1987).

    Assim, fica evidente que o bom ensino transferido pelas instituições, e laboratórios nelas

    inser idas, na importância da pesquisa, ou seja, segundo Moita e Andrade (2009, p. 272), “não há

     pesquisa nem extensão universitária que não desemboquem no ensino.” E com isso, a importância

     para o desenvolvimento do fazer a partir das ações e resultados.

    AUTOGESTÃO

    A autogestão se apresenta como um agente de relação da pesquisa com o trabalho para a

    formulação de meios que priorizam os aspectos da fundamentação teórica na análise participativa.

    O estudo da autogestão se torna importante, para que se desenvolva uma forma de facilitar

    o processo de pesquisa ensino e extensão como um modelo de gestão para a capacitação dos

    indivíduos. Esses modelos de gestão vem ganhando mais espaço na atualidade. Em segundo

    momento, trata da identificação de fatores importantes para o andamento das atividades que

    constituem as pesquisas.

    Segundo Silveira (2006) a autogestão auxilia no desenvolvimento de uma gestão

    compartilhada e que mantém associação com o desenvolvimento social, através de uma análise do

     processo administrativo de forma integrada possibilitando de viabilizar as mudanças para o

    desenvolvimento de atividades que fomentam o ensino em pesquisas realizadas em prol da

    sociedade.

    Assim, a autogestão unida ao ensino e o trabalho associado traz benefícios únicos de

    reflexão e ação, e conforme Fisher e Tiriba (p. 202, 2009) complementa, que para isso é necessário

    “nos inserirmos e darmos continuidade às reflexões consolidadas no campo de pesquisa e estudos

    sobre Trabalho e Educação”, e desse forma levantar uma base dos estudos a ser  desempenhados,

    reconhecendo a demanda das pesquisas.

    Dentro dos princípios da autogestão o trabalho que atende a comunidade através de

     processos educativos, de um lado esforços por parte da sociedade para mobilizar os saberes

    necessários para gerir as unidades produtivas e, por outro, pelo aprendizado de relações econômico-

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    sociais mais amplas, proporcionadas pelo Processo Revolucionário em Curso (PREC) (Tiriba,

    2009).

    Dessa forma, a autogestão se condicionada para a preparação dos indivíduos para a atuação

    formação dos conhecimentos com a participação coletivos de pessoas, desempenhando assim

    crescimento para criar a gestão de modo que avalie oportunidades na pesquisa através do ensino eda extensão (NASCIMENTO, 2003).

    O princípio da autogestão, estabelece a construção de parâmetros econômicos, sociais e

     políticas inovadores no que diz respeito ao processo de tomada de decisão (gestão participativa) e

    gerencial desenvolvido no âmbito organizacional.

    A gestão participativa se apresenta como o fomentador das atividades desenvolvidas

    através de segmentos de trabalhos que baseiam os saberes adquiridos aliados com as práticas de

    gestão oportunizando as melhores condições de vida, de trabalho, de segurança, e de desempenhodos indivíduos (SOUZA, 2003).

    Desse modo, o grau de participação dos cidadãos nas práticas funcionalistas oferecem

    suporte para a criação de pesquisas que visam atender e assessorar a sociedade, e também tornar

    explicito as pesquisas para que possam servir de replicabilidade de estudo como forma de levar o

    conhecimento além do campo da pesquisa inserido.

    Essa atividade de replicabilidade tem a oportunidade de gerar a continuidade de novas

     pesquisas para o desenvolvimento de novos estudos, e segurar a estabilidade do comprometimento

    de instituições de ensino com alunos, professores que apoiam gestões de conhecimento para o

    enriquecimento da cultura, e da comunidade.

    Enfim, para a manutenção da qualidade da produção universitária é preciso a união entre

    universidades e comunidades tornando assim, “um catalisador do conhecimento “pluriversitário”

    (MOITA; ANDRADE, 2009, p. 272), que corrobora no desenvolvimento do diálogo entre

    universidade e a sociedade, por uma busca mais ampla do conhecimento (SANTOS, 2001).

    ENTIDADES QUE DESENVOLVEM O PRINCÍPIO DA AUTOGESTÃO

     No contexto organizacional, a organização estrutural torna-se elemento fundamental para o

    entendimento da realidade das organizações na atualidade.

    As organizações, em sua maioria, encontram-se estruturadas na concepção tradicional, em

    outras palavras, baseada na hierarquia de cargos e atribuições, bem como, procedimentos

    fundamentados na burocracia.

    As organizações capitalistas possuem um sistema hierárquico bem definido, mantendo a

    separação entre aqueles que planejam e os que executam (DOS SANTOS, 2006).

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     No que diz respeito a burocracia, a execução das tarefas se configuram no alcance de

    resultados eficientes através da limitação do poder e da presença bem clara de regras e normas que

    servem de ferramenta de controle das atividades (MOTTA, 1985).

    Diante disso, a necessidade da ruptura do modelo estrutural tradicional presente no sistema

    organizacional da atualidade se apresenta como desafio para as organizações.Segundo Elias (1994), o princípio da autogestão configura-se como um elemento com

     papel promissor na criação de um ambiente mais democrático e participativo no âmbito

    organizacional.

     Na atualidade estabelecem diferentes exemplos de entidades que desenvolvem suas

    atividades pautadas nas práticas autogestionárias, dentre eles destacam-se as incubadoras

    tecnológica de cooperativas populares (ITCPs).

    As ITCPS, em sua maioria, apresentam vinculadas a instituições de ensino superior, asUniversidades. Nesse sentido, as incubadoras se estabelecem como instrumento de capacitação para

    diferentes empreendimentos que carecem de restruturação organizacional (ANDRADE e SILVA,

    2005).

    Os autores complementam que, as ITCPs desenvolvem suas atividades por meio de

    capacitação técnica em diferentes áreas do conhecimento, que interligadas correspondem ao

    aperfeiçoamento das atividades organizacionais inerentes as organizações (financeira, gerencial,

     produtiva), levando em consideração princípios como cooperação, autonomia dos indivíduos,

    solidariedade e por fim, a autogestão.

    As incubadoras possuem equipes destinadas ao processo educativo nas práticas

    autogestionárias. O processo pedagógico envolve todas as atividades relacionadas ao sistema de

    educação continuada que, por sua vez, compreende a qualificação técnica, profissional, a educação

    formal e profissionalizante, a formação política, levando em consideração fatores como a

    democracia e a autogestão do grupo (ANDRADE e SILVA, 2005).

    Por isso as incubadoras desempenham papel de fomento no desenvolvimento da autogestão

    das organizações na atualidade. Porém, as ITCPs apresentam diferentes desafios, de caráter político,

    econômico e social, no que diz respeito a sua atuação frente a realidade do contexto organizacional.

    Realidade atual

    As incubadoras, em sua maioria, encontram-se vinculadas a outras instituições, que de

    forma conjunta, atuam no fortalecimento e desenvolvimento de novos empreendimentos

    (DORNELAS, 2002). As incubadoras tecnológicas de cooperativas populares (ITCPS) se

    apresentam vinculadas as universidades, ou seja, centros com a finalidade do alcance da excelência

    dos trabalhos.

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    Segundo Audy et al. (2003) uma incubadora se apresenta um espaço físico individualizado

     para a instalação de escritórios e laboratórios de cada empresa selecionada.

    As incubadoras de empresas são entidades sem fins lucrativos. Na maioria dos casos,

    nasceram com o intuito de ajudar empreendimentos que apresentam alguma dificuldade,

    aumentando o conhecimento destas empresas sobre seu próprio negócio e assessorando-as até omomento em que estejam prontas para seguir seu caminho no mercado onde estão inseridas

    (ANPROTEC, 2012).

    A realidade das incubadoras encontra-se em constante expansão no contexto atual,

    contudo, a presença de desafios se estabelecem como fator de desenvolvimento e consolidação de

    novos empreendimentos por meio da oferta de estrutura física e acesso ao conhecimento.

    DesafiosSão muitos os fatores que se configuram como desafios para as incubadoras da atualidade.

    Deve-se levar em consideração o ambiente externo e os elementos presentes no ambiente interno

    em que residirá a incubadora (DE SOUZA e LASMAR, 2011).

    O desenvolvimento do trabalho cooperativo dentro da realidade organizacional se

    apresenta como fator desafiante (GIRELLI, 2009). A busca pela desconstrução da realidade

    tradicional organizacional instituídas ao longo da sociedade capitalista carece de ações educativas,

    sociais e políticas.

    Diante disso, as ITCPs estabelecem a formulação de um modelo de trabalho pautado na

    valorização do capital social, ou seja, todos aqueles recursos que compreendem as relações

    interpessoais dos indivíduos, fator colocado em segundo plano pelo sistema capitalista

    (VERONESE, 2004).

    De maneira geral, as incubadoras trabalham na valorização e reconhecimento do trabalho

    como ferramenta de transformação social (GIRELLI. 2009).

    As ITCPs em parceria com as universidades, articulam atividades de pesquisa, ensino e

    extensão. Por isso, no do âmbito acadêmico o desafio se estabelece, na ampliação de possibilidade

    da valorização do potencial que existe nas comunidades e de criar alternativas coletivas

    (GUIMARÃES, et al . 2007).

     No âmbito político, se estabelece a formulação de políticas que viabilizem a criação dessa

     parceria de caráter educativo entre o âmbito acadêmico e comunidade externa. Corroborando assim,

    com a concepção de Souza e Lasmar (2011), que argumentam sobre a necessidade do surgimento de

    entidades que absorvam a responsabilidade de regulamentação do trabalho e sensibilização de

     possíveis parceiros para a ampliação das atividades.

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    Em se tratando da autogestão, ferramenta desenvolvida pelas ITCPS, o aspecto educativo

    requer atenção por parte das entidades de fomento. Tal fato explica, pela resistência das

    organizações tradicionais na abertura para um novo modelo de estruturação organizacional.

    Segundo Coutinho (2005) um dos desafios enfrentados por esses núcleos que se dedicam à

    autogestão, é o desenvolvimento de métodos capazes de viabilizar a existência de coletivos nãolimitados apenas a estruturação hierárquica do trabalho, mas, também, seu funcionamento como

    grupos efetivamente autogestionários.

    O princípio da autogestão, ferramenta de capacitação organizacional se caracteriza como

    fenômeno de produção de novos conhecimentos, atribuídos a união e troca de conhecimentos

    oriundos da realidade de trabalho e o ambiente acadêmico (FREIRE, 1984).

     No que diz respeito ao âmbito econômico, as ITCPS carecem de estímulo ao

    financiamento/investimento de empreendimentos e também na necessidade de capacitação derecursos necessários destinados a continuidade das atividades (DE SOUZA e LASMAR, 2011).

    Por isso, as ITCPS necessitam de desenvolvimento contínuo de suas atividades, e para isso

    ações de caráter política, econômico e social são fundamentais para a sua expansão

    RESULTADOS 

    O presente trabalho teve por objetivo compreender a realidade do princípio da autogestão

    em relação a apresentação das entidades que desenvolvem as práticas autogestionárias.

    A autogestão se apresenta como abertura para uma nova configuração das organizações, no

    que diz respeito ao processo de estruturação de uma organização.

    A autogestão se desenvolve de forma educativa, devido a apresentação das entidades que

    contribuem em sua ampliação. As instituições de ensino servem de fomento para a autogestão, por

    isso as ITCPS, configuram destaque no aprimoramento da autogestão

    Considera-se a autogestão como poderosa ferramenta de auxílio os cooperados na

    administração dos empreendimentos, a capacitação em autogestão visa o desenvolvimento das

    habilidades de cada indivíduo e desperta seus conhecimentos (BENINI et al ., 2009).

    Considera-se a dificuldade de se pensar em novas estratégias de captação de recursos para

    a continuidade das atividades das ITCPS, bem como, a resistência na aceitação da gestão

     participativa no âmbito empresarial.

    Salienta-se a possibilidade da ampliação de estudos e pesquisas que tratem da compreensão

    dos mecanismos de obtenção de recursos financeiros das ITCPS, como ferramenta de

    aprofundamento do campo de estudo.

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  • 8/17/2019 A Implantação Da Autogestão Como Processo de Desenvolvimento

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