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A iluminação enquanto fator de alteração do desempenho no trabalho em ambientes corporativos Maio/2012 A iluminação enquanto fator de alteração do desempenho no trabalho em ambientes corporativos Maria Teresa Baldani Kovalechen [email protected] Pós-graduação em Iluminação e Desing de Interiores Resumo O presente trabalho apresenta uma revisão bibliográfica a fim de serem detectadas as melhores configurações de iluminação para um incremento no desempenho e, portanto, na produtividade, do trabalho em escritórios. Foram analisados diversos artigos datados entre 1989 e 2011, referentes a trabalhos de diversas áreas de atuação, com foco na prevenção da saúde do ser humano, melhorando suas condições de trabalho. Analisando-se os efeitos visuais e biológicos da iluminação, bem como os efeitos causados pelos níveis de iluminação, temperatura de cor, iluminação natural e artificial, dimerização, controles individuais, entre outros, chegou-se a uma configuração otimizada para tal finalidade. Palavras-chave: Iluminação Corporativa; Desempenho; Ritmos biológicos. 1. Introdução Ao longo da história, o homem sempre planejou e construiu seus ambientes de atividades, moradia, produção, lazer ou repouso, de modo que pudessem favorecer suas necessidades vivenciais e sociais. De que forma tais ambientes tem influenciado as pessoas em seu comportamento e como se processaria essa indução direcionada para uma atuação previsível ou desejada pelo arquiteto? (OKAMOTO, 2002, p.7). O maior propósito do planejamento de um escritório, especialmente sua iluminação, é proporcionar um ambiente de trabalho confortável e eficiente. Segundo Manav (2007), a presença de condições de conforto visual e psicológico assegura o bem-estar e aumenta a motivação do indivíduo, o que conduz a um maior desempenho e incremento na produtividade. A medida do desempenho de determinada empresa requer análise minuciosa do seu sistema produtivo. Segundo Weyne (2006), os insumos, como: equipamentos, matérias-primas, capital, energia, mão-de-obra, entre outros, são os fatores alimentadores do processo produtivo, que, transformados, resultam em produtos ou serviços. As empresas, em geral, buscam constantemente o aumento de desempenho, enquanto produtividade, garantindo um grau de competitividade dentro do seu mercado de atuação. Doenças graves, falta ao trabalho, aposentadoria precoce estão entre as maiores causas de perda de produtividade, o que acarreta sério prejuízo às empresas. Nakamura (2007) afirma que a produtividade depende também do bem-estar do funcionário no ambiente de trabalho, o que já foi percebido pelas maiores empresas. Um espaço com iluminação adequada é um dos fatores para se proporcionar bem- estar ao usuário do espaço.

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A iluminação enquanto fator de alteração do desempenho no trabalho em ambientes corporativos Maio/2012

A iluminação enquanto fator de alteração do desempenho no trabalho

em ambientes corporativos

Maria Teresa Baldani Kovalechen

[email protected]

Pós-graduação em Iluminação e Desing de Interiores

Resumo

O presente trabalho apresenta uma revisão bibliográfica a fim de serem detectadas as

melhores configurações de iluminação para um incremento no desempenho e, portanto, na

produtividade, do trabalho em escritórios. Foram analisados diversos artigos datados entre

1989 e 2011, referentes a trabalhos de diversas áreas de atuação, com foco na prevenção da

saúde do ser humano, melhorando suas condições de trabalho. Analisando-se os efeitos

visuais e biológicos da iluminação, bem como os efeitos causados pelos níveis de iluminação,

temperatura de cor, iluminação natural e artificial, dimerização, controles individuais, entre

outros, chegou-se a uma configuração otimizada para tal finalidade.

Palavras-chave: Iluminação Corporativa; Desempenho; Ritmos biológicos.

1. Introdução

Ao longo da história, o homem sempre planejou e construiu seus ambientes de

atividades, moradia, produção, lazer ou repouso, de modo que pudessem favorecer

suas necessidades vivenciais e sociais. De que forma tais ambientes tem

influenciado as pessoas em seu comportamento e como se processaria essa indução

direcionada para uma atuação previsível ou desejada pelo arquiteto? (OKAMOTO,

2002, p.7).

O maior propósito do planejamento de um escritório, especialmente sua iluminação, é

proporcionar um ambiente de trabalho confortável e eficiente. Segundo Manav (2007), a

presença de condições de conforto visual e psicológico assegura o bem-estar e aumenta a

motivação do indivíduo, o que conduz a um maior desempenho e incremento na

produtividade.

A medida do desempenho de determinada empresa requer análise minuciosa do seu sistema

produtivo. Segundo Weyne (2006), os insumos, como: equipamentos, matérias-primas,

capital, energia, mão-de-obra, entre outros, são os fatores alimentadores do processo

produtivo, que, transformados, resultam em produtos ou serviços. As empresas, em geral,

buscam constantemente o aumento de desempenho, enquanto produtividade, garantindo um

grau de competitividade dentro do seu mercado de atuação. Doenças graves, falta ao trabalho,

aposentadoria precoce estão entre as maiores causas de perda de produtividade, o que acarreta

sério prejuízo às empresas. Nakamura (2007) afirma que a produtividade depende também do

bem-estar do funcionário no ambiente de trabalho, o que já foi percebido pelas maiores

empresas. Um espaço com iluminação adequada é um dos fatores para se proporcionar bem-

estar ao usuário do espaço.

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Severiano Filho (s. d.) refere-se aos recursos de natureza humana de uma empresa (mão-de-

obra) como a força física e/ou intelectual que se dispõe para a operacionalização do processo

produtivo. O serviço é um tipo de elemento resultante do processo produtivo, oferecido pelos

recursos humanos, que, em contrapartida ao bem, apresenta características próprias:

intangibilidade; não podem ser estocados; são produzidos e consumidos simultaneamente no

tempo e no espaço; não são passíveis de transformação física. As empresas estão em plena

mudança. O trabalhador, segundo Guinter Parschalk, em debate para a revista Arquitetura e

Urbanismo (NAKAMURA, 2007), passa a ter cada vez mais responsabilidade sobre seus

resultados, e as empresas estão percebendo a importância de prover espaços de maior conforto

aos seus funcionários.

Devido a esta nova necessidade das empresas, e visto que a iluminação é um dos fatores

determinantes para atingir os resultados desejados, a norma européia EN 12.464 (Parte I -

Iluminação de Ambientes de Trabalho Internos), desde março de 2003, passou a considerar,

segundo Plínio Godoy (2005), aspectos do conforto visual e conceitos de acessibilidade,

revisando seus conceitos de projetos luminotécnicos e de desenvolvimento de novas

tecnologias em equipamentos tanto em iluminação quanto de controles.

O objetivo do presente trabalho é identificar, através de revisão bibliográfica, quais aspectos

da iluminação proporcionam maior nível de conforto no ambiente de trabalho, a fim de

melhorar o desempenho do trabalhador em serviços de escritório.

2. Efeitos visuais e biológicos da iluminação

Os efeitos visuais da iluminação configuram-se tema de interesse de muitos pesquisadores.

Segundo Van Bommel (2004), este tema vem sendo estudado há mais de 500 anos, com a

contribuição de grandes nomes como Leonardo da Vinci (1452-1519), Christiaan Huygens

(1629-1695), Sir Isaac Newton (1642-1727) e Johann Wolfgang Goethe (1749-1832). As

pesquisas sobre os efeitos visuais centraram-se cada vez mais na investigação das aplicações

práticas da iluminação, porém, os efeitos da boa iluminação vão muito além. Os cones e

bastonetes presentes na retina do olho, detectados pela primeira vez pelo holandês Antony van

Leeuwenhock, por volta de 1722, e confirmados como receptores fotossensíveis pelo alemão

Gottfried Treviranus, em 1834, a partir de então eram considerados como as únicas células

fotorreceptoras do olho, responsáveis pelos efeitos causados pela luz.

Porém, no final dos anos 1990, segundo Corie Lok (2011), Russel Foster, um neurocientista

da Universidade de Oxford (Reino Unido), juntamente com seus colaboradores, foram

surpreendidos com os resultados de um teste que se tornariam as primeiras evidências da

existência de um terceiro fotorreceptor. Foster continuou suas pesquisas e no ano de 2000, um

de seus alunos, Ignacio Provencio, na Universidade da Virginia, identificou a melanopsina,

uma molécula sensível à luz, na camada ganglionar da retina (uma rede de células retinianas a

qual, até então, pensava-se ser responsável apenas pela transmissão dos sinais dos cones e

bastonetes ao cérebro). A presença deste fotopigmento sugeriu que algumas destas células

seriam sensíveis à luz e serviriam como uma nova classe de fotorreceptores. Em 2002, Samer

Hattar, um neurocientista da Universidade John Hopkins (Baltimore, Maryland), e seus

colaboradores (2002, apud LOK, 2011), descobriram que pelo menos um porcento das células

nesta camada ganglionar nos ratos continham melanopsina, a qual é mais sensível à luz azul.

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No mesmo ano, David Berson, neurocientista na Universidade Brown (Providence, Rhode

Island, EUA), e seus colaboradores (2002, apud LOK, 2011), mostraram que estas células –

as células ganglionares retinianas intrinsecamente fotossensíveis (CGRifs) – detectam a luz

por si mesmas, sem a interferência dos cones e bastonetes, e mandam a informação para o

cérebro, mais precisamente para o núcleo supraquiasmático do hipotálamo, responsável pelos

ritmos biológicos e estimulação da produção da melatonina (hormônio do sono), entre outros

hormônios.

Os efeitos biológicos não-visuais causados pela alteração do ritmo circadiano, quando em

situações distintas de iluminação, são agora foco de atenção dos pesquisadores. A curva

espectral de ação biológica determinada por Brainard (2002, apud VAN BOMMEL, 2004),

mostrada na Figura 1 juntamente com a curva de sensibilidade visual, mostra claramente que

a sensibilidade biológica máxima encontra-se na região azul do espectro (~460nm), enquanto

a sensibilidade visual máxima, na região de comprimento de onda do amarelo esverdeado

(~550nm). Este fenômeno é importante na especificação de uma iluminação voltada para a

saúde e bem-estar do indivíduo, pois a luz também é responsável por mediar e controlar um

grande número de processos bioquímicos no corpo humano.

Figura 1 – Curva de ação espectral biológica (baseado na supressão da melatonina), em azul e curva de

sensibilidade visual (visão fotópica) em vermelho.

Fonte: BRAINARD, 2002, apud VAN BOMMEL, 2004.

Destes processos, o mais importante é o relacionado ao controle do relógio biológico e à

regulagem de alguns hormônios através de alterações ritmadas entre claro e escuro (ritmo

circadiano de 24h). A luz pode tanto ter fins de prevenção na saúde como terapêuticos (VAN

BOMMEL, 2006). Os sinais da luz são enviados à região do cérebro responsável pelo relógio

biológico através das novas células fotorreceptoras que, por sua vez, regula o ritmo circadiano

(diário – 24h) e os ritmos circanuais dos mais variados processos corporais. Alguns exemplos

típicos dos ritmos corporais humanos são, dentre outros, temperatura corporal, estado de

alerta (vigília) e os hormônios cortisol (hormônio do stress) e melatonina (hormônio do sono).

O cortisol, entre outros, aumenta a glicose sanguínea para dar energia ao corpo e melhora o

sistema imunológico, porém, quando os níveis de cortisol estão muito elevados, por um

período prolongado, o sistema perde sua eficácia. O nível de cortisol é maior pela manhã e

prepara o corpo para as atividades do dia. Permanece a um nível alto suficiente durante o dia

caindo a um nível mínimo à meia-noite. Já o nível do hormônio do sono, melatonina, cai pela

manhã, reduzindo a sonolência. Normalmente sobe novamente quando chega a noite (escuro)

para permitir um sono saudável. Para se ter uma boa saúde é importante que estes ritmos não

se alterem muito. Sob a luz natural, principalmente a da manhã, o relógio interno do corpo é

ajustado com o ciclo de rotação da terra, com luz-escuridão a cada 24 horas. Sem este ciclo

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normal de luz-escuridão de 24 horas de duração, o relógio interno giraria livremente no corpo

humano. Isso resultaria em desvios diários cada vez maiores na temperatura corporal, no nível

de cortisol e de melatonina. Esta desarmonia quando falta o ritmo normal de luz-escuridão

(claro-escuro) provocaria um ritmo desordenado de vigília e sono. Os trabalhadores que estão

submetidos à rotatividade de turnos de trabalho experimentam estes sintomas nos dois

primeiros dias da troca de turno (VAN BOMMEL, 2004).

Num ambiente de trabalho, uma boa iluminação precisa seguir uma gama de regras para

satisfazer as necessidades visuais, como o nível de iluminação, uniformidade, ofuscamento

entre outros, além, de acordo com os últimos estudos, de atingir diversos parâmetros para a

manutenção da saúde dos trabalhadores e assim, a elevação do nível de desempenho. Os

tópicos seguintes tratam destes parâmetros, que delineiam uma iluminação dita saudável.

3. Variáveis condicionantes na alteração do desempenho no trabalho

3.1. Iluminação natural e artificial

Para Van Bommel (2002), os níveis de iluminação em interiores sem a contribuição de luz

natural estão entre 100 e 500 lux apenas e são geralmente determinados pelas normas.

Felizmente, em muitos casos, a luz natural adentra as edificações por pelo menos algumas

horas no dia, aumentando os níveis de iluminação substancialmente. Outra diferença entre a

iluminação natural e a artificial é a dinâmica na intensidade luminosa e na temperatura de cor

que a luz natural apresenta. De maneira geral, aceita-se que estas alterações da iluminação

natural tenha uma influência positiva no humor e estimulação, além de existirem evidências

que indicam que estas influências positivas podem ser duplicadas com iluminação artificial

dinâmica.

Alguns estudos foram realizados em países do hemisfério norte, a fim de detectar a influência

da iluminação natural, tanto no inverno quanto no verão ou simplesmente com ou sem a

incidência de luz natural no ambiente, no comportamento das pessoas. Kerhop (1999, apud

VAN BOMMEL, 2004) analisou os níveis de estresse e de mal-estar em pessoas que

trabalham em ambientes internos, comparando um grupo de pessoas que usa somente luz

artificial com outro grupo que usa luz artificial e luz natural combinadas. Kerhop constatou

que em janeiro (inverno no hemisfério norte, quando a incidência de luz natural no ambiente

interior não é suficiente para contribuir ao nível de iluminação) existe pouca diferença entre

os resultados dos grupos. Porém em maio (verão), quando já existe uma real contribuição da

iluminação natural, o grupo que dispõe desta luz relata aos pesquisadores muito menos

queixas por estresse. Pode-se assumir, assim, que a grande quantidade de luz natural do verão

contribui para a redução do número de queixas por estresse.

Partonen, et al. (2000), mostraram que no inverno, a exposição repetida à luz artificial

brilhante (2500 lux e 6500 K) nos interiores tem um efeito positivo sobre a vitalidade e o

estado de ânimo dos indivíduos, reduzindo sintomas depressivos e angústia. A luz brilhante,

portanto, pode muito provavelmente compensar a diferença da quantidade de luz natural

incidente num ambiente.

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Figueiro, et al. (2002), observaram, durante o inverno, trabalhadores em 120 estações de

trabalho em 81 escritórios, sendo 35 com janela com duas estações de trabalho cada, e 25 sem

janela também com duas estações de trabalho em cada, por nove semanas, e constataram que

os padrões de comportamento são diferentes em ambos os tipos de escritório. As pessoas em

estações de trabalho próximas às janelas, ou seja, com influência de luz natural a níveis de

iluminação que chegando a 2390 lux no plano de trabalho, passam significativamente mais

tempo trabalhando em seus computadores e menos tempo conversando ou ao telefone, que as

pessoas em estações de trabalho sem janelas, com níveis de iluminação que chegam a 603 lux

no plano de trabalho. Afirmam ainda que as causas dessas constatações, naquela data, eram

desconhecidas, mas os resultados eram e são consistentes com as hipóteses que luz brilhante

durante o dia aumenta a produtividade durante os meses de inverno.

3.2. Nível de iluminação e temperatura de cor

Tem-se realizado um grande número de pesquisas em busca dos efeitos da iluminação sobre a

saúde, o bem-estar e a vigília de pessoas que trabalham sob diferentes condições de

iluminação, dentre elas, o nível de iluminação e a temperatura de cor.

Küller e Wetterberg (1993, apud VAN BOMMEL, 2004) estudaram o padrão de ondas

cerebrais (EEG) das pessoas, em um laboratório transformado em escritório, aplicando dois

níveis de iluminação diferentes: um relativamente alto (1700 lux), em um dos casos, e outro

relativamente baixo (450 lux). Tiveram como resultado um menor número de ondas delta (a

atividade delta do EEG é um indicador de sonolência) com maior nível de iluminação, o que

indica que a luz brilhante influi deixando o sistema nervoso central em estado de vigília.

As pesquisas de Boulos, et al. (1995, apud VAN BOMMEL, 2004), referentes aos efeitos da

luz sobre a vigília e o estado de ânimo em condições que simulam os turnos da noite, onde se

espera que os efeitos sejam maiores, compararam o nível de ativação com iluminâncias de

250 e 2800 lux, em função do número de horas de trabalho próximo à meia-noite. Em ambas

as situações foi produzida uma redução da ativação durante a noite, porém a iluminância alta

sempre provoca um nível de excitação significativamente elevado e, portanto, uma melhor

vigília e um melhor estado de ânimo, conforme mostra a Figura 2.

Figura 2 – Vigília e estado de ânimo expressos como nível de excitação com níveis de iluminação de 250 lux e

2800 lux, em função do número de horas de trabalho próximo à meia noite.

Fonte: BOYCE, et al., 1997, apud VAN BOMMEL, 2004.

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Van Bommel (2002) conclui, em sua revisão de pesquisas realizadas em ambiente industrial,

que um incremento no nível de iluminação, de 300 lux para 2000 lux, aumenta a

produtividade em 15 a 20%, enquanto que incrementando-se o nível de iluminação, partindo-

se da exigência mínima de 300 lux para 500 lux, supõe-se chegar a um incremento na

produtividade de 3 a 11% (em média 8%).

Manav (2005) estudou as impressões subjetivas de pessoas quanto a temperatura de cor e

iluminância de um escritório experimental. Foram testadas diversas combinações destas

variáveis, utilizando-se níveis de iluminação de 500, 750, 1000 e 2000 lux e temperaturas de

cor de 2700 e 4000 K. Manav concluiu que alterações na temperatura de cor e no nível de

iluminação afetam a aceitabilidade de um ambiente. Houve a preferência pelo nível de 2000

lux ao de 500 lux para impressões de conforto, espaço, brilho e saturação. Uma temperatura

de cor de 4000 K foi preferida à de 2700 K para impressão de conforto e espaço em ambientes

de trabalho, enquanto a temperatura de cor de 2700 K sugeriu relaxamento. Os participantes

aprovaram a combinação das temperaturas de cor e aproximadamente 80% indicam a sua

utilização em escritórios, sendo ainda que 62% destes indicam o uso de 2000 lux como nível

de iluminação para esta escolha. Neste estudo, foi também observado que os participantes

aprovaram controlar o sistema de iluminação.

Viola, et al. (2008), investigaram os efeitos da exposição à luz branco-azulada durante o

horário de trabalho diurno em escritório, tendo em vista que as normas e especificações para

instalações ocupacionais baseiam-se apenas na sensitividade espectral visual convencional, e

não levam em conta as recentes descobertas do sistema fotorreceptor baseado na melatonina.

O experimento foi conduzido da seguinte maneira: 104 participantes foram expostos a duas

novas condições de iluminação, cada qual por 4 semanas. Uma consistia em luz branco-

azulada (17000K) e a outra em luz branca (4000K). Foram utilizados questionários e escalas

de classificação para avaliar estado de alerta, humor, qualidade do sono, desempenho, esforço

mental, dor de cabeça e fadiga ocular, além de variação do humor durante as 8 semanas de

intervenção. Os resultados obtidos mostram que a iluminação com luz branco-azulada em

escritórios, quando comparadas com escritório iluminado com luz branca, tem efeitos

benéficos no estado de alerta diurno, desempenho, humor e fadiga ocular, bem como na

qualidade e duração do sono noturno.

Van Bommel (2010) pesquisou as lâmpadas fluorescentes compactas (LFC) e lâmpadas LED,

que substituirão as lâmpadas incandescentes, para elucidar se estas lâmpadas podem alterar os

ritmos naturais e o metabolismo hormonal do corpo humano, e também se produzem

conseqüências negativas à saúde, por conterem um significativo componente azul em seu

espectro. O efeito não-visual biológico total da luz (ou simplesmente chamado ‘dose

biológica’) tem sido calculado para diferentes fontes de luz com base no espectro de ação

biológica. É característica da luz emitida das lâmpadas incandescentes um espectro contínuo

com mais componentes vermelhos (maiores comprimentos de onda) que azuis (menores

comprimentos de onda). Estas lâmpadas produzem uma luz branco-quente (temperatura de

cor correlata 2700 K) com um índice de reprodução de cor de 100. As lâmpadas fluorescentes

compactas (LFC) não possuem um espectro contínuo, mas sim um caracterizado por vários

picos. São disponíveis em uma gama de temperaturas de cor que vão de 2700 K até 6000 K. O

índice de reprodução de cor varia entre 65 e 90. O LED é um semicondutor, que por si só

produz uma luz azul com uma banda espectral estreita perto de 450 nm. Parte dessa luz é

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transformada em um espectro mais ou menos contínuo na área de menor comprimento de

onda. Com LEDs branco-frios (4000 K) o pico azul no espectro a 450 nm ainda é

pronunciado. Com LEDs de uma temperatura de cor da ordem de 2700 – 3000 K este pico é

reduzido e o componente vermelho no espectro aumenta. Estas distribuições espectrais podem

ser vistas na Figura 3, para as lâmpadas fluorescentes compactas, e na Figura 4, para as de

LED.

Figura 3 – Distribuição de energia espectral relativa (E) de uma lâmpada incandescente (GLS) e um exemplo

típico de lâmpada fluorescente compacta com temperatura de cor 2700 K juntamente com a sensitividade

espectral relativa do olho para visão fotópica, Vλ, e para os efeitos não-visuais biológicos, Bλ (espectro de ação

biológica).

Fonte: VAN BOMMEL, 2010.

Figura 4 – Distribuição de energia espectral relativa (E) de uma lâmpada incandescente (GLS) e um exemplo

típico de lâmpada LED com temperatura de cor 2700 K e um com temperatura de cor 4000 K juntamente com a

sensitividade espectral relativa do olho para visão fotópica, Vλ, e para os efeitos não-visuais biológicos, Bλ

(espectro de ação biológica).

Fonte: VAN BOMMEL, 2010.

Para a análise dos resultados, foi utilizado um cálculo de correção para se obter as curvas das

diferentes lâmpadas para um mesmo pacote de luz emitido (em lumen). Conclui-se, de acordo

com os resultados mostrados na Figura 5, que a dose biológica com o uso das lâmpadas

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fluorescentes compactas e de LED de 2700 – 3000 K e bom índice de reprodução de cor

(acima de 80) é o mesmo ou menor que o obtido com as lâmpadas incandescentes. Lâmpadas

branco-frias (4000 K), tanto fluorescentes compactas quanto de LED, resultam em uma dose

biológica maior. É interessante notar que o uso de lâmpadas halógenas resulta em uma

visivelmente maior dose visual comparado às lâmpadas incandescente, LFC e LED de 2700 –

3000 K. À noite deveríamos usar luz biologicamente não efetiva e visualmente efetiva.

Figura 5 – Dose visual total (pacote de luz – lúmen) e dose biológica (%) relativa àquela da lâmpada

incandescente à emissão de um mesmo pacote de luz.

Fonte: VAN BOMMEL, 2010.

Com este estudo, Van Bommel (2010) conclui que a substituição das lâmpadas

incandescentes pelas de maior eficiência energética, LFC e LEDs, de 2700 – 3000 K e bom

índice de reprodução de cor (80 ou mais) não apresenta efeitos de distúrbios extras no nosso

ritmo corporal e, portanto, em nossa saúde. Já as lâmpadas branco-frias, de 4000 K, tanto LFC

como LED, resultam numa dose biológica maior, da ordem de 34%. Isso também ocorre com

as lâmpadas halógenas, porém da ordem de 30%.

Chellappa, et al. (2011), investigaram se as lâmpadas fluorescentes compactas disponíveis no

mercado com diferentes temperaturas de cor podem impactar no estado de alerta e no

desempenho cognitivo. O método utilizado nesta pesquisa consistiu na exposição de 16

pessoas a três diferentes configurações de iluminação (lâmpadas fluorescentes compactas com

pacote de luz de 40 lux a 6500 e 2500 K e lâmpadas incandescentes de 40 lux a 3000 K)

durante duas horas à noite. Ficou demonstrado que a resposta de alerta à luz policromática à

noite é dependente do comprimento de onda, tanto que a luz a 6500 K é mais efetiva que a luz

a 2500 e 3000 K na redução do sono e no aumento do desempenho cognitivo, especialmente

associado com tarefas onde a atenção deve ser sustentada. A exposição à luz mostrou que a

supressão da melatonina salivar depende do comprimento de onda presente na luz incidente.

A luz a 6500 K resultou em uma secreção de melatonina significativamente atenuada,

particularmente após 90 minutos de exposição, além de persistir por um período pós-

iluminação. Assim, pode-se afirmar que a luz com componente azul significativo tem efeito

similar ao da cafeína já que em ambos os casos, o desempenho é afetado. Neste estudo, a

exposição à luz azulada aumentou o bem-estar, o qual já foi também descrito para exposição à

luz natural azulada. Os resultados implicam que alerta, bem-estar e desempenho cognitivo

podem ser aumentados enriquecendo-se a composição espectral da fonte de luz com baixos

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comprimentos de onda (azul), além de demonstrar que as lâmpadas fluorescentes compactas

disponíveis no mercado causam impacto significativo na fisiologia circadiana e no

desempenho cognitivo.

3.3. Sistemas de iluminação

Outros fatores que estão sendo investigados pelos pesquisadores são as influências de

algumas variáveis dos sistemas de iluminação, como dimerização, controle individual da

iluminação, iluminação direta ou indireta, efeito flicker, no desempenho dos profissionais de

escritório. Seguem abaixo alguns resultados destas investigações.

Algumas pessoas sofrem de dores de cabeça pela flutuação da luz provocada pela alimentação

de 50 Hz das lâmpadas fluorescentes acionadas por reatores magnéticos (efeito flicker).

Segundo Wilkens, et al. (1989, apud VAN BOMMEL, 2004), as lâmpadas fluorescentes que

funcionam com reatores eletrônicos modernos, de alta freqüência, operam a uns 30 kHz e

portanto não mostram este fenômeno de flutuação, ou seja, não piscam. Ao se realizar uma

pesquisa, constatou-se muito menos casos de dores de cabeça ao se utilizar estes reatores

eletrônicos.

Küller e Laike (1998, apud VAN BOMMEL, 2004), determinaram o EEG de pessoas que

trabalham em escritório com iluminação fluorescente de reatância magnética (50 Hz) e com

iluminação fluorescente de alta freqüência. Ao mesmo tempo mediram também a velocidade e

os erros cometidos em tarefas de revisão. A Figura 6 mostra que o valor recíproco da

atividade alfa do EEG e, portanto, a excitação cerebral (estresse) é superior com a iluminação

de 50 Hz. A velocidade de trabalho é ligeiramente superior, mas os indivíduos cometem mais

erros. É correto, portanto, utilizar a iluminação de alta freqüência ao invés da iluminação

magnética de 50 Hz para limitar a excitação cerebral e o estresse, tanto do ponto de vista do

bem-estar quanto da produtividade.

Figura 6 – Excitação cerebral medida como valor recíproco da atividade alfa dos EEG em empregados de

escritório submetidos à iluminação fluorescente de 50 Hz e de alta freqüência (30 kHz). Também se indicam a

velocidade e os erros cometidos em tarefas de correção.

Fonte: gráfico adaptado de Küller e Laike, 1998, apud VAN BOMMEL, 2010.

Newsham, et al. (2004) realizaram um experimento num escritório-laboratório, com 118

participantes os quais trabalharam por um único dia sob uma dentre quatro condições de

iluminação. Os dados foram obtidos através de questionários com tópicos tais como humor,

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satisfação e desconforto. Até a segunda metade da tarde, não foram oferecidos controles de

acendimento da iluminação aos participantes. Após este período, foi oferecida alguma forma

de controle individual de dimerização da luz. Os resultados apontam um incremento

significativo no humor, apreciação da sala, satisfação com a iluminação, insatisfação com o

ofuscamento, satisfação com a ambientação, satisfação com o desempenho, produtividade e

desconforto visual, quando da oferta do controle da luz aos participantes, porém o aumento do

desempenho nas tarefas não foi registrado. Estes resultados sugerem que não é o controle em

si o mais importante, mas o exercício do controle para atingir as condições de preferência

individuais. Os participantes que realizaram as modificações mais significativas registraram

maior incremento no humor, satisfação e desconforto.

Veitch, et al. (2007) descrevem um estudo do efeito da variação nos níveis da qualidade da

iluminação no desempenho de tarefas de trabalhadores de escritório e também na saúde e no

bem-estar. O estudo consistiu em dois experimentos nos quais grupos de trabalhadores

temporários vieram a um escritório simulado para trabalhar por um dia em seis diferentes

condições de iluminação. Através de questionários e aproximações estatísticas, conclui-se que

as pessoas que perceberam a iluminação do escritório como sendo de melhor qualidade

avaliaram o espaço como mais atrativo, relataram maior nível de humor e mostraram maior

bem-estar ao final do dia. A iluminação direta-indireta e o controle individual, também

avaliados neste estudo, foram favorecidos. As condições de iluminação que aumentaram a

visibilidade também apresentaram maior desempenho de tarefas.

Juslén, et al. (2007), examinaram se um sistema controlável de iluminação de tarefa que

permite as pessoas selecionarem os níveis de iluminação aumenta ou não a produtividade em

condições reais de trabalho. O estudo se deu em uma fábrica de luminária na Finlândia, com

duração de 16 meses, onde sistemas de iluminação de tarefa foram instalados em 10 postos de

trabalho individuais. As iluminâncias selecionadas pelos usuários foram recomendadas e a

produtividade foi monitorada. Em processos industriais, o aumento da produtividade é

relevante. Constatou-se, com este experimento, um aumento da produtividade do grupo de

teste da ordem de 4,5% comparado a um grupo de referência. Foram utilizadas diferentes

velocidades de dimerização para avaliar se as escolhas dos indivíduos eram baseadas na

iluminância o na resposta do sistema de controle. Reduzindo a velocidade de dimerização do

sistema, reduziu-se a iluminância escolhida em 13%.

Newsham, et al. (2008) pesquisaram o controle individual de iluminação artificial em

ambientes com iluminação natural. Neste estudo, 40 participantes ocuparam um escritório

simulado com iluminação natural, porém livre de ofuscamento, por um dia e os foi solicitado

que usassem o controle de dimerização da luz artificial a cada 30 minutos para que

escolhessem seus níveis de iluminação preferidos. Foram medidas as iluminâncias e

luminâncias a cada alteração. Os resultados deste estudo sugerem que os controles

automáticos projetados para manter uma iluminância constante são praticamente menos

desejáveis pelos usuários que o controle manual. Do ponto de vista dos usuários, a iluminação

natural livre de ofuscamento pode dispensar a iluminação artificial, oferecendo melhoria aos

programas de eficiência energética das empresas, o que também contradiz uma preferência

por maiores níveis de iluminação artificial quando da presença da iluminação natural. Outra

hipótese ficou comprovada: os controles manuais de iluminação artificial em um espaço com

iluminação natural conduzem a maior economia de energia que um espaço sem iluminação

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A iluminação enquanto fator de alteração do desempenho no trabalho em ambientes corporativos Maio/2012

natural. A economia de energia com relação a um sistema fixo foi de 25% neste ambiente,

comparado com 10% para o controle manual em ambientes sem iluminação natural. Os

ocupantes aprovaram que a presença da luz natural dispensa iluminação artificial.

3.4. Iluminação dinâmica

Segundo Van Bommel (2006), num ambiente de trabalho, são necessários tanto ação quanto

relaxamento. A cor e o nível de iluminação artificial juntos podem ajudar a melhorar as

condições necessárias para isso. Pode-se proporcionar uma iluminação artificial de acordo

com o ritmo humano, com base nos mesmos efeitos proporcionados pela luz natural, para os

usuários de espaços interiores. Pela manhã, o cenário com iluminação artificial inicia com

estimulação – luz branca-fria (6000K) com um nível de iluminação relativamente alto. Esta

luz ajuda a manter o ritmo circadiano de 24 horas, especialmente em regiões onde, nos meses

de inverno, as pessoas chegam ao trabalho no escuro. Na sequência, a luz gradualmente muda

para branco-quente a um nível de iluminação mais baixo, o que acarreta economia de energia.

Por volta do meio dia, é proporcionado um nível mínimo de iluminação necessário para as

atividades visuais (500 lux), mas numa temperatura de cor branco-quente (3000 K) para criar

uma atmosfera emocionalmente relaxante. É importante proporcionar esta atmosfera relaxante

já que existem muitos resultados científicos que mostram claramente o efeito de recuperação

dos intervalos breves perto do horário do almoço, com efeitos positivos duradouros no estado

de alerta e desempenho cognitivo no período da tarde. Após o almoço, é proporcionado um

forte aumento no nível de iluminação e na temperatura de cor (para branco-frio) para reativar

o corpo. Durante a tarde, ambos, nível de iluminação e temperatura de cor, são novamente

reduzidos gradualmente. Novamente, a redução no nível de iluminação gera economia de

energia. Logo antes do final do dia de trabalho, um leve impulso de luz branco-fria é dado,

porém sem aumentar o nível de iluminação, para recarregar o trabalhador para seu retorno ao

lar. As temperaturas de cor de 3000 e 6000 K são facilmente obtidas com as lâmpadas

fluorescentes de índice de reprodução de cor 80. Algumas fábricas lançaram no mercado

lâmpadas com temperaturas de cor atingindo 8000 K a 17000 K, também com índice de

reprodução de cor de 80.

Everton Luís de Mello, em debate para a revista Arquitetura e Urbanismo (NAKAMURA,

2007), defende que a iluminação dinâmica é uma tendência, e afirma que já há sistemas

inteligentes e acessíveis que simulam a iluminação externa.

4. Conclusão

Os resultados das pesquisas abordadas neste trabalho mostram que é possível projetar uma

iluminação saudável num ambiente de trabalho de escritórios. Empresas onde os funcionários

se encontram em maior grau de conforto visual e psicológico, portanto, mais satisfeitos,

tendem a reduzir os níveis de estresse e de abstinência, o que acarreta a um incremento no

desempenho e nos resultados de produtividade. A iluminação, tanto em sua configuração,

quanto em seus sistemas de controle, tem um papel importante neste sentido, visto que altera

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A iluminação enquanto fator de alteração do desempenho no trabalho em ambientes corporativos Maio/2012

significativamente o humor, o ânimo, estado de alerta, estresse, velocidade, fadiga ocular, o

bem-estar geral e por fim, o desempenho, tanto produtivo quanto cognitivo. Sua relação com

os ritmos biológicos humanos é fator determinante dessas alterações, com a estimulação da

produção dos hormônios que regem o comportamento dos indivíduos.

Com a presente pesquisa, conclui-se que as melhores condições de iluminação até então

analisadas, para se obter maior desempenho no trabalho em escritórios, são as seguintes:

- Maiores iluminâncias, da ordem de 1700 lux ou mais;

- Temperatura de cor variável (iluminação dinâmica), de 2700 K e ao menos 6000 K;

- Presença de luz natural;

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