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1 A IDENTIDADE QUILOMBOLA E O PROCESSO DE RECONHECIMENTO DE TERRAS Aline da Fonseca Sá e Silveira i Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ [email protected] Resumo Sapê do Norte é uma região localizada ao longo dos vales dos rios Itaúnas e Cricaré, situada nos municípios de São Mateus e Conceição da Barra, norte do estado do Espírito Santo. Esta é uma área que abriga cerca de 39 comunidades remanescentes de quilombos que, até os dias de hoje, mantêm certos hábitos que remontam o modo de viver, sua reprodução material, simbólica e afetiva dos tempos da escravatura. No entanto, até a presente data, não houve a titulação das terras quilombolas, como prevê os artigos 215 e 216 da Constituição Federal Brasileira de 1988. O poder público, portanto, negligencia séculos de história construídos pelas comunidades rurais negras para manter os benefícios e os interesses do capital das grandes empresas privadas. Palavras-chave: Sapê do Norte. Identidade quilombola. Políticas públicas. Territorialidade quilombola. Introdução A partir dos séculos XV e XVI as potências européias voltaram as suas atenções para a colonização de territórios recém “descobertos” e/ou tidos como atrasados diante da cultura européia. Seu principal objetivo era estabelecer novas relações de poder diante de um novo padrão econômico; o capitalismo. Essas relações instituíam uma classificação cultural global, onde a racialização identificaria a posição subalterna dos povos colonizados diante dos colonizadores ii . Ferreira (2009) traduz essa condição inventada no trecho em que se segue: O novo padrão mundial de poder capitalista determinava as novas identidades sociais e geoculturais dos povos através desta classificação social, que passou a associar a relação de dominação colonial eurocêntrica a uma hierarquia racial. A racialização das relações de poder passaria a identificar no corpo dos povos colonizados a marca de sua inferioridade, grafada e legitimada pelas características fenotípicas. Desta maneira, a situação de dominado e “inferior” atribuída aos povos não-europeus, não-brancos, não-cristãos, não- civilizados e não-des-envolvidos ficava grafada no corpo não-branco, e desta maneira se perpetuaria para além do colonialismo (p. 30-31). Entende-se, aqui, que todas as formas de colonização são perversas visto que um de seus objetivos é anular ou enfraquecer a cultura local em detrimento de uma cultura homogeneizadora retratada através da figura do colonizador e de seus costumes. Contudo, o caso do continente africano nos causa estupor por sua estupidez e truculência.

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A IDENTIDADE QUILOMBOLA E O PROCESSO DE RECONHECIMENTO DE TERRAS

Aline da Fonseca Sá e Silveirai Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ

[email protected]

Resumo Sapê do Norte é uma região localizada ao longo dos vales dos rios Itaúnas e Cricaré, situada nos municípios de São Mateus e Conceição da Barra, norte do estado do Espírito Santo. Esta é uma área que abriga cerca de 39 comunidades remanescentes de quilombos que, até os dias de hoje, mantêm certos hábitos que remontam o modo de viver, sua reprodução material, simbólica e afetiva dos tempos da escravatura. No entanto, até a presente data, não houve a titulação das terras quilombolas, como prevê os artigos 215 e 216 da Constituição Federal Brasileira de 1988. O poder público, portanto, negligencia séculos de história construídos pelas comunidades rurais negras para manter os benefícios e os interesses do capital das grandes empresas privadas. Palavras-chave: Sapê do Norte. Identidade quilombola. Políticas públicas. Territorialidade quilombola.

Introdução

A partir dos séculos XV e XVI as potências européias voltaram as suas atenções para a

colonização de territórios recém “descobertos” e/ou tidos como atrasados diante da

cultura européia. Seu principal objetivo era estabelecer novas relações de poder diante

de um novo padrão econômico; o capitalismo. Essas relações instituíam uma

classificação cultural global, onde a racialização identificaria a posição subalterna dos

povos colonizados diante dos colonizadoresii. Ferreira (2009) traduz essa condição

inventada no trecho em que se segue: O novo padrão mundial de poder capitalista determinava as novas identidades sociais e geoculturais dos povos através desta classificação social, que passou a associar a relação de dominação colonial eurocêntrica a uma hierarquia racial. A racialização das relações de poder passaria a identificar no corpo dos povos colonizados a marca de sua inferioridade, grafada e legitimada pelas características fenotípicas. Desta maneira, a situação de dominado e “inferior” atribuída aos povos não-europeus, não-brancos, não-cristãos, não-civilizados e não-des-envolvidos ficava grafada no corpo não-branco, e desta maneira se perpetuaria para além do colonialismo (p. 30-31).

Entende-se, aqui, que todas as formas de colonização são perversas visto que um de

seus objetivos é anular ou enfraquecer a cultura local em detrimento de uma cultura

homogeneizadora retratada através da figura do colonizador e de seus costumes.

Contudo, o caso do continente africano nos causa estupor por sua estupidez e

truculência.

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Desde a antiguidade, a África, a Europa e a Ásia mantinham relações econômicas, mas

a partir do século XV os europeus se apropriaram de parte dos territórios africanos.

Num primeiro momento, estabeleceram-se postos comerciais ao longo do litoral

Atlântico e Índico a fim de se facilitar a chegada à Ásia. Algumas décadas se passaram

e a colonização do continente americano demandou mão de obra barata e abundante.

Tanto no Brasil, quanto nos demais países do continente americano, havia os povos

indígenas que, inicialmente, foram usados como força de trabalho. Essa relação se deu

de forma escrava, mas também remunerada, ou seja, por meio de escambo. Com o

fortalecimento do lucrativo tráfico negreiro, a mão de obra indígena foi abandonada e

passou a ser perseguida e, quando possível, dizimada pelo colonizador.

Os escravos africanos começaram a ser comercializados ainda no século XVI, mas foi

com o ciclo da cana-de-açúcar que o tráfico negreiro se consolidou. Os negros eram

raptados de sua terra e submetidos a uma nova vida. A viagem entre os continentes

africano e o americano acontecia sob condições subumanas, onde cerca de 1/5 do povo

transplantado morria ainda no navio, muitos óbitos eram causados pela má alimentação,

a falta de higiene e consequentes epidemias geradas pelos motivos destacados. Aqueles

que bravamente resistiram a essas condições precárias chegaram muito debilitados e

assombrados com a nova realidade imposta; um lugar desconhecido, com línguas

distintas e, algumas, totalmente desconhecidas, além de costumes e culturas muito

distantes daquelas praticadas em solo africano. Ferreira (2009) destaca a importante

mudança ocorrida entre o colonizador e o negro africano assim que estes chegaram em

solo brasileiro:

Em decorrência desta inserção subalterna no mundo colonial, os africanos escravizados representavam vantagens ao colonizador em relação aos povos originários da América, tão conhecedores de seu próprio território, que passava a ser expropriado pelo europeu. A despersonalização do africano escravizado ficava ainda mais evidente no momento do desembarque no Brasil, quando eram batizados sob a égide cristã e passavam a ser designados como bem semovente de seus proprietários, que poderia ser alugado, leiloado, penhorado e hipotecado (p.68).

A reflexão destacada acima mostra que assim que o africano chegava à colônia

portuguesa, dois fortes laços com sua cultura eram “rompidos”. A tentativa do

rompimento com a fé e o impedimento do livre arbítrio do negro escravizado era

sustentada pela disseminação do medo e do controle exercido pelos senhores e pela

Coroa Portuguesa. Os exemplos mais recorrentes da imposição do medo e do controle

se sustentavam nas humilhações físicas e morais.

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Como a condição de escravo era determinada apenas pelas suas características físicas

(raça), em caso de fuga, a inserção social era praticamente impossível, além de sofrerem

com profissionais especializados na captura do fugitivo, os capitães do mato e a rede de

informação estabelecida entre os senhores. O estigma racial foi determinante para a

manutenção da escravidão por mais três séculos no Brasil.

A retirada forçada de seu território, o trabalho escravo e as condições subumanas a que

os negros eram submetidos, prontamente os indignaram. Essas insatisfaçõesiii os

motivaram a encontrar e tecer uma nova forma de sobreviver e, então, os quilombos

foram sendo confabulados e, então, formados. Para que um quilombo tivesse êxito era

importante que o seu acesso fosse limitado às ordem senhoriais e que, em caso de

invasão, a fuga acontecesse em condições vantajosas.

No entanto, da mesma forma que o medo era a arma usada pelos brancos contra os

negros, como forma de repressão, as insatisfações escravistas também causavam o

temor da elite branca. Com a intensificação dos protestos contra a escravidão, que

culminou na proibição do tráfico negreiro (Lei Eusébio de Queirós – 1850) e na Lei do

Ventre Livre (1871), o controle sobre os escravos começava a diminuir e a extinção da

escravidão já soava inevitável.

Ainda que a escravidão tenha sido abolida é sabido que a relação imposta entre os

senhores e os negros pouco mudou. As grandes propriedades de terra, ainda que

continuassem a pertencer à Coroa Portuguesa, elitizavam o acesso à terra e priorizavam

a sua posse pelas famílias portuguesas. Desde então, tem-se uma divisão social do

trabalho e política bem definida e uma corrida desigual pelas posses das terras; além da

condição social perversa imposta desde que este sistema foi implementado pelos

colonizadores. Situação, esta, que, ainda nos dias de hoje, pode ser observada tanto nos

grandes centros urbanos (periferias e subúrbios) como nas zonas rurais.

Os quilombos e a identidade quilombola

De acordo com Andrelino Campos, a denominação quilombo surgiu em função de uma

consulta realizada pelo Conselho Ultramarino (1740) ao Rei de Portugal, que, em sua

resposta, dava o nome de quilombos para toda habitação composta por mais de cinco

negros, geralmente em regiões despovoadas (2010:32). Por ser uma denominação

oficial, o conceito de quilombo supracitado passou a ser considerado pelo povo e muitos

cientistas sociais como tal. No entanto, não compartilhamos desse mesmo conceito, mas

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sim àquele elaborado por Sodré, “o quilombo não foi apenas o grande espaço de

resistência guerreira, mas representava recursos radicais de sobrevivência grupal, com

uma forma comunal de vida e modos próprios de organização” (Sodré apud Campos,

2010:32).

Acredita-se, no presente trabalho, que quilombos, mocambos ou terras de preto são

algumas das denominações de grupos sociais descendentes de escravos que resistiram e

se rebelaram contra o regime vigente na época. Esses territórios são entendidos como

independentes e forjados através da comunhão de um ideal comum: onde a liberdade

(do regime escravocrata) e os laços de solidariedade formaram um dos pilares para a

reconstrução da identidade negra.

É preciso enfatizar que muitos desses grupos se formaram antes da abolição da

escravatura, mas houve aqueles que se constituíram após esse momento. O governo, por

sua vez, não elaborou nenhuma política de integração dos quilombos, o que obrigou aos

quilombolas a desenvolverem suas próprias formas de organização. Esse isolamento

favoreceu o enaltecimento de suas manifestações culturais, bem como a organização

social, produtiva e religiosa, valorizando, portanto, características da etnicidade negra

africana.

As principais características das comunidades remanescentes de quilombos são:

predominantemente rural, onde são realizadas atividades de subsistência e extrativistas,

agricultura, pesca e pecuária tradicional, artesanato e agroindústria tradicional.

Geralmente, as comunidades conjugam territórios individuais, para cada família, e áreas

de uso comum, onde se configuram as atividades produtivas de maior porte e/ou

atividades de caráter extrovertido.

A territorialidade e a identidade quilombola em Sapê do Norte-ES

De acordo com a geógrafa Simone Raquel Batista Ferreira (2009), o espaço apropriado

pelas comunidades quilombolas de Sapê do Norte está organizado de modo peculiar e

reproduzem um modo de vida característico de suas tradições, a ver: A identidade de Sapê do Norte está vinculada à campesinidade negra presente nas terras de preto. Sua origem comum, os laços de parentesco, casamento endogâmico, saberes tradicionais e o modo de vida sempre inserido num padrão conflitivo com o sistema dominante tecem identidade neste espaço apropriado.

Sob quaisquer origens, as terras de preto trazem em si a história de afirmação étnica de uma população negra outrora escravizada (...). Ali, os antigos escravos passaram a se afirmar enquanto grupos familiares que produziam

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sua existência material através de práticas agrícolas, pastoreio e atividades extrativistas realizadas a partir do uso comum de determinados recursos, organizando-se num modo de vida peculiar, onde a terra representa a sustentação de vida (p. 11).

O trecho destacado se refere às diferentes formas de se viver contrária as práticas do

sistema econômico vigente, onde é clara a ausência de um espaço comunitário, premissa

para um modo de vida apresentado pela autora. Para tanto, desde o final da década 80,

intelectuais têm pensado e formulado projetos-lei que garantem o direito à terra aos

quilombolas como forma de permitir a continuidade das manifestações culturais

populares, indígenas e afro-brasileiras, consideradas patrimônio brasileiro (Artigo 215

da Constituição Federal Brasileira de 1988).

De uma forma geral, os quilombos desenvolveram uma relação peculiar com a natureza

e os quilombolas se transformaram em camponeses. Em determinados biomas, os

quilombolas se tornaram extrativistas, nas comunidades estabelecidas nas margens de

rios tornaram-se pescadores e ribeirinhos e nos locais interiores, agricultores.

A relação sociedade-natureza e/ou homem-meio, se deu, até os dias de hoje, de maneira

sustentável, ao passo que a manutenção da biodiversidade e da cultura afro-brasileira se

deu sem repercutir no temor de um possível colapso das gerações futuras, ao contrário

do que pode ser visto nas relações travadas no meio urbano.

O território quilombola deve ser delimitado a partir da identificação das formas

tradicionais de apropriação local, o que indica as práticas que remetem aos seus

ancestrais, assim como o suprimento da necessidade do grupo. Dentro deste território,

por ora delimitado, apresentam-se a(s) identidade(s) quilombola(s) das comunidades de

Sapê do Norte – ES.

A identidade quilombola das comunidades de Sapê do Norte está atrelada à

campesinidade. Laços de parentesco, a origem convergente, o casamento endogâmico,

os saberes tradicionais e o modo de vida peculiar são características gerais de sua

identidade.

A comunidade quilombola começou a se formar com a chegada de escravos fugitivos e

forros que viram em Sapê do Norte uma região propicia para a realização de práticas

agrícolas, pastoreio e extrativistas que visavam, primeiramente, sua sobrevivência.

Essas atividades eram realizadas a partir do uso comum das terras e dos recursos

naturais.

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De acordo com a fala dos próprios quilombolas, “a terra era rola”, ou seja, as terras não

tinham donos fixos, o que permitia a alternância de suas moradias, conforme a

necessidade na lida. As terras não configuravam como propriedade particular. O que

poderia ser vendido, conforme a vontade do “dono”, eram as construções (casas,

currais), mas a terra em si não era vendida. O que mostra a lógica camponesa de que a

terra não é tida como mercadoria, mas sim como patrimônio.

A reciprocidade das atividades quilombolas se faz presente na prática campesina e

também nos “ajuntamentos”, mais conhecido como mutirão. O que, mais uma vez,

evidencia as relações solidárias entre os moradores. Esses ajuntamentos eram realizados

para a derrubada da mata para dar lugar a roça, para a colheita ou para a construção de

casas.

Manifestações religiosas ainda são realizadas como memória da religiosidade negra, são

elas: “mesas de santo”, “cabula” ou “pemba”, regidos por Santa Bárbara, Santa Maria,

Cosme e Damião e São Cipriano, combinados com outros ritualistas como as

benzedeiras e rezadores. O sincretismo é latente, a religiosidade quilombola é uma

mescla de rituais com fortes traços afro-brasileiros, onde há a presença de entidades,

como os pretos velhos e caboclos, conjugada com santos cristãos (FERREIRA, 2009).

Entende-se, contudo, que não é possível abordar a questão da identidade de uma

determinada comunidade sem atrelar a ela o seu território e sua territorialidade. Para que

o debate tenha consistência, buscaram-se, brevemente em alguns autores, referências

para o entendimento dos conceitos de território e territorialidade.

A territorialidade pode ser entendida como uma forma espacial de comportamento

social, relacionada à utilização local por uma determinada sociedade que se estabelece

de forma histórico-social. Sua organização no espaço e no tempo garante particularidade

e permite o entendimento das relações entre a sociedade e o espaço (SACK, 1986).

Para somar a compreensão do inglês Robert Sack, Marcelo José Lopes de Souza

apresenta três definições do conceito de território, mas o autor é evidenciado pela ideia

de território como “o espaço concreto em si (com seus atributos naturais e socialmente

construídos) que é apropriado, ocupado por um grupo. (...) um grupo não pode ser mais

compreendido sem o seu território” (p. 84).

E segue, ainda em SOUZA (2007:86): Aqui, o território será um campo de forças, uma teia ou rede de relações sociais que, a par de sua complexidade interna, define, ao mesmo tempo, um limite, uma alteridade: a diferença entre “nós” (o grupo, os membros da coletividade ou “comunidade”, os insiders) e os “outros” (os de fora, os estranhos, os outsiders).

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A partir dos anos 1960, com a chegada da empresa Aracruz Celulose S.A. na região em

debate, conflitos se iniciam. A floresta começou a ser derrubada para dar lugar à

monocultura do eucalipto em larga escala, num primeiro momento para a geração de

carvão vegetal (matéria-prima para a geração de energia para a siderurgia) e

posteriormente, e até os dias atuais, para a produção de celulose. Há, também, a

presença do cultivo de cana-de-açúcar para a produção de álcool. Esta é desenvolvida

pelas empresas DISA – Destilaria Itaúnas S.A. e ALCON – Álcool de Conceição da

Barra, ambas incentivadas pelo Proálcool, ainda na década de 1980.

Essas práticas monocultoras foram responsáveis pela enorme diminuição da diversidade

biológica local, consequentemente as comunidades dependentes desta biodiversidade

também foram afetadas. Pôde-se observar a diminuição significativa da pesca, frutos,

caças, disponibilidade de água e o espaço comum à comunidade usado para a prática da

agricultura itinerante.

As contaminações da água (lençol freático), do solo e do ar também podem ser

observadas e são consequências do largo uso de agrotóxicos e outros venenos. Muitos

córregos e nascentes encontram-se secos, o que representa uma ameaça aos povos do

local e é, consequentemente, a maior problemática relatada pelos indivíduos das

comunidades. Vale ressaltar que os camponeses têm os córregos como principal

referência para a construção de suas moradias, visto que a água é um recurso primordial

para a sua existência.

Há um grande percentual de ex-moradores das comunidades de Sapê do Norte que,

hoje, estão vivendo nas áreas periféricas das cidades do entorno, como São Mateus,

Conceição da Barra, Linhares e Grande Vitória, haja vista a dificuldade que o manejo

perverso das empresas imprimiu sobre a vida dos moradores. Os que permaneceram em

seu local de moradia encontram-se nucleados pelos extensos cultivos do eucalipto.

Consequentemente, a prática da agricultura itinerante realizada há décadas pelos

quilombolas foi interrompida, bem como diversas atividades que dependiam do

território estabelecido antes da chegada das empresas monocultoras.

Pode-se observar que em Sapê do Norte as territorialidades são conflitantes, pois se de

um lado as comunidades negras apresentam fortes laços de pertencimento e identidade

com o lugar, por outro a empresa monocultora de eucalipto se coloca há 50 anos como

umas das maiores produtoras de celulose e tem como premissa a acumulação de

riquezas. As diferentes territorialidades que se impõem são fortes e divergentes e os

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diálogos, entre os atores, não são compreendidos, pois não compartilham de ideologias

convergentes.

Sob a ótica deste ensaio, encara-se o território como um “espaço definido e delimitado

por e a partir de relações de poder” (SOUZA, 2007:78), logo não é possível considerar o

conceito de território sem que se analise, conjuntamente, o conceito de poder.

Para Hannah Arendt apud SOUZA, poder é algo inerente de um determinado povo. O

poder não existe sem o seu povo para legitimá-lo, como o trecho destacado: “O poder

corresponde à habilidade humana de não apenas agir, mas de agir em uníssono, em

comum acordo. O poder jamais é propriedade de um indivíduo; pertence ele a um grupo

e existe apenas enquanto o grupo de mantiver unido” (p.80). O poder entre as

comunidades, no entanto, se estabelece diferentemente do poder estabelecido pela

empresa que, muitas vezes, é interpretado como uma forma de violência contra os

moradores tradicionais.

Diante da problemática exposta, entende-se que para que a cultura tradicional

quilombola não se perca é imprescindível que se faça o reconhecimento e titulação das

terras habitadas por este grupo.

O processo de reconhecimento de terras

A Constituição Federal Brasileira reconhece as manifestações culturais populares,

indígenas e afro-brasileiras, como patrimônio brasileiro e portadores de referência à

identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da nossa sociedade

(Artigos 215 e 216 da Constituição Federal Brasileira de 1988). E segue construindo o

arcabouço necessário para a consolidação de uma política que contemple, além das

manifestações culturais, as fronteiras territoriais inerentes às comunidades em questão.

DECRETO N° 4.887, DE 20 DE NOVEMBRO DE 2003 Regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos de que trata o art. 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 49, DE 29 DE SETEMBRO DE 2008

Regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação, desintrusão, titulação e registro das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos de que tratam o art. 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal de 1988 e o Decreto nº 4.887, de 20 de novembro de 2003.

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Art. 1º. Estabelecer procedimentos do processo administrativo para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação, desintrusão, titulação e registro das terras ocupadas pelos remanescentes de comunidades dos quilombos.

Art. 3º. Consideram-se remanescentes das comunidades dos quilombos os grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto-definição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida. Art. 4º. Consideram-se terras ocupadas por remanescentes das comunidades de quilombos toda a terra utilizada para a garantia de sua reprodução física, social, econômica e cultural.

ART. 68 DO ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS

Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.

A Fundação Palmares, instituição pública vinculada ao Ministério da Cultura, criada em

1988, foi o primeiro órgão criado a fim de promover e preservar a cultura afro-

brasileira, formulando e implantando políticas públicas que fomentem a participação da

população negra no Brasil. Sua principal atuação está na promoção da igualdade racial,

bem como a valorização, difusão e preservação da cultura negra; garantindo, portanto, o

respeito às diferentes identidades do povo.

Para tanto, a atuação da Fundação Palmares compreende a preservação do patrimônio

cultural material e imaterial afro-brasileiros; onde os patrimônios culturais materiais são

físicos, ou seja, aqueles que podem ser acessados, quais sejam: arqueológico,

paisagístico, etnográfico, entre outros. Já os imateriais são aqueles que, de acordo com a

Unesco, representam “as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas

e também artefatos e lugares que lhe são associados e as comunidades, os grupos e, em

alguns casos, os indivíduos que se reconhecem como parte integrante de seu patrimônio

cultural” (Unesco.org).

É importante frisar que o órgão responsável pelo tombamento de bens culturais e

proteção do patrimônio cultural material e imaterial é o IPHAN (Instituto do Patrimônio

Histórico e Artístico Nacional), a Fundação Palmares se responsabiliza pelas ações

relacionadas aos bens culturais afro-brasileiros. Já o INCRA (Instituo Nacional de

Colonização e Reforma Agrária), tem como finalidade a delimitação, demarcação e

titulação definitiva dos territórios quilombolas. Em outras palavras, a Fundação

Palmares propõe programas e projetos de valorização da cultura afro-brasileira,

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identificam seus patrimônios culturais materiais e imateriais, o IPHAN reconhece e

tomba os patrimônios citados e o INCRA dá a titulação definitiva aos quilombos que se

autorreconhecem como comunidades remanescentes de quilombos, segundo o Decreto

4.887/2003.

O reconhecimento de terras nas comunidades quilombolas em Sapê do Norte – ES

Das 39 comunidades levantadas pela pesquisadora Simone Raquel Batista Ferreira,

através da pesquisa Territórios Negros do Sapê do Norte (2003), realizada sob a

coordenação das organizações não-governamentais Koinonia – Presença Ecumênica e

Serviço (RJ) e FASE – Federação de Órgãos de Assistência Social e Educacional (ES),

apenas 30 delas foram reconhecidas pela Fundação Cultural Palmares (tabelas 1 e 2).

É importante frisar que o Espírito Santo foi um dos principais portos do Brasil, o 3º

maior porto de chegada da mão de obra escrava negra (perdendo apenas para Bahia e

Rio de Janeiro) e, até a presente data, não há registros de terras quilombolas tituladas

pelo INCRA.

Tabela 1: Comunidades negras do Sapê do Norte Comunidade Município N° de famílias

Dona Guilhermina Conceição da Barra 6

Córrego Santa Isabel Conceição da Barra 23

Córrego do Sertão Conceição da Barra 14

Angelin 1 Conceição da Barra 21

Angelin 2 Conceição da Barra 17

Angelin DISA Conceição da Barra 6

Angelin 3 Conceição da Barra 12

Córrego do Macuco Conceição da Barra 8

Linharinho Conceição da Barra 42

Roda D’água, Porto Grande, Campo Grande e Lage

Conceição da Barra e São Mateus

13

Córrego São Domingos e Retiro Conceição da Barra e São Mateus

81

Córrego Santana Conceição da Barra e São Mateus

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São Jorge, Córrego do Sapato e Morro das Araras

São Mateus 80

Nova Vista 1 e Nova Vista 2 São Mateus 105

Dilô Barbosa São Mateus 52

Chiado e Contena São Mateus 53

Santaninha São Mateus 37

São Domingos de Itauninhas São Mateus 60

Cacimba São Mateus 24

Serraria e São Cristóvão São Mateus 52

Mata Sede São Mateus 45

Beira-Rio e Arural São Mateus 87

Córrego Seco São Mateus

Estiva São Mateus

Divino Espírito Santo São Mateus 40

Santa Luzia São Mateus 31

Pequi São Mateus

Palmitinho 1 e Palmitinho 2 São Mateus 77

FONTE: FERREIRA, S.R.B. “Donos do Lugar”: a territorialidade quilombola do Sapê do Norte – ES,

2009.

Tabela 2: Comunidades negras do Sapê do Norte reconhecidas pela Fundação Cultural Palmares

Comunidade Município Data da Publicação

Angelin 1 Conceição da Barra 10/12/2004

Angelin 2 Conceição da Barra 10/12/2004

Angelin DISA Conceição da Barra 10/12/2004

Angelin 3 Conceição da Barra 10/12/2004

Linharinho Conceição da Barra 30/09/2005

Córrego do Sertão Conceição da Barra 13/12/2006

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Córrego Santa Isabel Conceição da Barra 13/12/2006

Dona Guilhermina Conceição da Barra 13/12/2006

Roda D’água Conceição da Barra 13/12/2006

Santana Conceição da Barra 13/12/2006

Santaninha Conceição da Barra 13/12/2006

São Jorge São Mateus 30/09/2005

Córrego do Sapato São Mateus 30/09/2005

Morro das Araras São Mateus 30/09/2005

São Cristóvão São Mateus 28/07/2006

Serraria São Mateus 28/07/2006

Beira-Rio e Arural São Mateus 13/12/2006

Cacimba São Mateus 13/12/2006

Chiado São Mateus 13/12/2006

Córrego Seco São Mateus 13/12/2006

Dilô Barbosa São Mateus 13/12/2006

Mata Sede São Mateus 13/12/2006

Nova Vista São Mateus 13/12/2006

Palmito São Mateus 13/12/2006

São Domingos de Itauninhas São Mateus 13/12/2006

FONTE: Fundação Cultural Palmares (acesso em 08/06/2012 às 22:14h).

Considerações Finais

Em consonância com o pensamento de Giuseppe Dematteis, o território deve ser

entendido como produto social, lugar de vida e de relações, mas também produtor e

produzido por forças econômicas, políticas e culturais (Saquet, 2009) que se assentam

em diferentes relações de poder (Raffestin, 2011). E por isso que o presente trabalho

defende o reconhecimento e o título das terras quilombolas como forma de manter a

cultura e a(s) identidade(s) de um grupo historicamente marginalizado. É o que Roberto

José Moreira chama de identidade social, aquela que “carrega tudo aquilo que foi, criou

e tornou, bem como tudo aquilo que incorporou da sociedade, conscientemente ou

inconscientemente” (2005:17). Não é possível falar sobre um grupo determinado sem

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contemplar as suas relações, pois são nelas em que cada identidade se expressa, através

das múltiplas ordens de pertencimento (materiais, afetivas, de pertencimento familiar,

entre outras) que se dão transversalmente nas redes de relacionamento. Sendo assim,

cada indivíduo que rompe com suas tradições, em busca de emprego nas cidades

vizinhas, além de se distanciar de suas raízes, enfraquece a rede relacional da(s)

identidade(s) quilombola(s) que, como já afirmamos, é baseada em cada elemento da

comunidade.

É possível afirmar que a territorialidade é construída, desconstruída e reconstruída, no

entanto, sabe-se que a manutenção do território ocupado há séculos pelos quilombolas

garante a continuidade do modo de viver que lhes é inerente, “... os homens vivendo em

sociedade, territorializam suas atividades, nas quais, há a reciprocidade e coexistência

(...), a natureza também está presente, como fator de diferenciação, juntamente com o

processo histórico, societário, que deixa formas no território” (Dematteis apud Saquet,

2009). Ou seja, ainda que os povos se reterritorializem, a reciprocidade com o meio será

diferenciada, portanto, novas maneiras de viver se desenrolarão, perdendo as suas

características histórico-sociais construídas há, pelo menos, três séculos.

E para concluir, faz-se necessário citar Roberto José Moreira, que nos contempla com a

afirmativa: “No que nos concerne no momento, as mais diferentes noções de rural e de

ruralidades remetem-nos à proximidade com a natureza, o solo, a terra, as estações e os

climas, suas vegetações e animais, produzindo objetividades, subjetividades,

espiritualidades e sensibilidades rurais” (2005:28). Tal como a tradição rural negra de

Sapê do Norte que, em meio a tantos obstáculos impostos pelos interesses das grandes

empresas privadas e da inação pública, sobrevive, ainda que nucleadas espacial e

tradicionalmente.

Fazer valer as políticas públicas já existentes é coadunar os interesses de uma pequena

parcela da população, que ainda tem muito para ensinar e (re)construir vivências junto à

sociedade, e acreditar que a legislação e o poder público estão ao lado da população,

contemplando as diferenças como a grandiosidade de um povo forjado de culturas

híbridas.

Notas i Graduada em Geografia pela UFF, Pós-Graduada em Relações Etnicorraciais pelo CEFET/RJ e mestranda em Geografia pela UERJ. ii A escravidão é uma prática muito antiga, talvez tão remota quanto a história da humanidade. No entanto, a forma mais conhecida desta prática foi aquela estabelecida entre conquistadores e “conquistados”, onde aqueles impunham uma condição de subserviência a estes.

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iii Das diversas manifestações de insatisfação, as mais comuns foram as fugas desesperadas, o suicídio por ingestão de terra e envenenamento, o aborto (a fim de “libertar” o próprio filho da escravidão futura) e a criação de irmandades negras. Referências BAUMAN, Zigmund. Identidade. Rio de Janeiro: Zahar, 2005. CAMPOS, Andrelino. Do quilombo à favela: a produção do “espaço criminalizado” no Rio de Janeiro. 3ª edição – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010. CANCLINI, N.G. Culturas Híbridas. 4ªed. São Paulo: EDUSP, 2003, pp. XVII-XL. CARRIL, Lourdes Fátima Bezerra. Quilombo, Território e Geografia. Agrária, São Paulo, N.3, pp.156-171, 2006.

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