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Sou mineira, nascida em Varginha (MG). Conheci meu marido no Rio de Janeiro – RJ, casamos e fomos morar em Barretos – SP, onde nasceu meu único �lho, Nelson Sério Freire.Um ano depois do seu nascimento fomos morar em Ribeirão Preto – SP.Nesta cidade ingressei na Faculdade de Serviço Social, para compensar a frustração de não ter tido quatro �lhos. Mudamos para São Paulo – SP, onde meu marido desenvolveu uma estrutura bem consolidada em advocacia. Meu �lho, Nelson, formou-se em Direito, mas decidiu mudar-se para Ilhéus – BA no começo dos anos 90 para implantar o sonho do pai de desenvolver a região onde nasceu e dar mão de obra aos seus conterrâneos.Quando �quei viúva em São Paulo – SP, vim para Ilhéus para vender o hotel, porém a venda não foi concretizada.Resolvi me mudar para Ilhéus e comecei a trabalhar na área �nanceira do Hotel e desenvolver um projeto assistencial com os funcionários.Comecei, usando meus conhecimentos como assistente social, um projeto junto aos meus funcio-nários. Os recursos com que �nancio estes projetos são oriundos da aposentadoria deixada pelo meu esposo. Ele consiste em desenvolver as pessoas nos seguintes campos, a saber:– Financio parcial ou totalmente os estudos dos funcionários (Faculdade, cursos técnicos, etc.). – Patrocino integralmente cursos para obter cartas de motorista de carro e/ou moto.– Os funcionários que já têm mais de dois �lhos são orientados a fazer vasectomia, também recebem uma cesta básica.– Por último, após estudar cada caso, ajudo os funcionários no projeto da construção da casa própria. Vários já foram bene�ciados com esta ajuda e hoje moram em suas próprias casas.Acredito que com meus projetos sociais ajudo a realizar o sonho de meu esposo, que era construir um Hotel para deixar um legado (desenvolvimento e emprego) para a região em que nasceu.

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Já faz cinco anos da publicação do primeiro exemplar da História do Tororomba.

Neste ano o Hotel completa 25 anos de existência.

Desde o lançamento da primeira edição do livro do Tororomba notei o interesse de algumas pessoas pela nossa história.

Cinco anos se passaram da última publica-ção e algumas coisas mudaram. É para registrar estas mudanças que estamos lançando agora com esta edição “A História dos 25 anos do Tororomba”

Lendo o livro é possível perceber como a história tem uma dinâmica, muitas vezes coisas acontecem que mesmo não planejadas dão certo, outras, planejadas e não dão. Esta é a dinâmica da vida, seja do lado pessoal, seja empresarial.

Espero que gostem do livro. Até daqui a cinco anos, quando escreveremos (ou não) a História dos 30 anos do Tororomba.

Boa leitura!

Nelson Sério Freire

Diretor de Marketing do Tororomba

Ilhéus – Bahia – Brasil

Dona Dila, viúva de Geraldo de Castilho Freire, idealizador e �nanciador do Resort Tororomba

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Freire, Nelson SérioA história dos 25 anos do Resort Tororomba /

Nelson Serio Freire. -- São Paulo : All PrintEditora, 2015.

1. Resort Tororomba (BA) - História I. Título.

15-03913 CDD-649.9409

Índices para catálogo sistemático:1. Bahia : Resort Tororomba : História 649.9409

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Nelson Sério Freire

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A HISTÓRIA DOS 25 ANOS DO RESORT TOROROMBACopyright © 2015 by Nelson Sério Freire

O conteúdo desta obra é de responsabilidadedo autor, proprietário do Direito Autoral.

Proibida a venda e reproduçãoparcial ou total sem autorização.

Capa, projeto gráfico, editoração e impressão:

[email protected]

(11) 2478-3413

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Sumário

I – Introdução ..................................................................... 7II – Filho da Bahia ............................................................ 10III – O Desafio .................................................................. 16IV – A Reviravolta ............................................................. 21V – A Criatividade ............................................................ 27VI – Rei da Noite .............................................................. 36VII – Agora é pra valer ...................................................... 41VIII – Interatividade ......................................................... 48IX – A Família ................................................................... 53X – Social .......................................................................... 61XI – Parque Temático ........................................................ 66XII – Futuro ...................................................................... 71XIII – Introdução aos 25 anos do Hotel Tororomba .......... 76XIV – A Pousada ............................................................... 79XV – Passeios .................................................................... 84XVI – Desenvolvimento da região ..................................... 88XVII – Departamento de jornalismo ................................. 91

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XVIII – Reformas .............................................................. 97XIX – Internet ................................................................. 100XX – Projetos sociais e coluna espiritual .......................... 104XXI – A Nova geração ..................................................... 109XXII – Consolidação do Day Use .................................... 113XXIII – Quebrando paradigmas ...................................... 119XXIV – Posfácio da edição de 25 anos ............................. 123Depoimentos ................................................................... 125

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I – Introdução

“Um dia eu vou ajudar meus conterrâneos.”Este livro resulta desta frase. Do sonho de um homem

que um dia partiu de sua cidade e voltou décadas depois para levar progresso, desenvolvimento e emprego. Na verdade, qua-se tudo o que se pode colocar dentro deste verbo “ajudar”. Mas isso será contado em detalhes no decorrer destas páginas.

É uma obra de celebração. Não apenas dos 20 anos co-memorados pelo Hotel Tororomba, mas da realização do dese-jo descrito na primeira frase desta introdução. Da insistência, batalha e superação de obstáculos que provam que a célebre frase de Fernando Pessoa é, afinal, verdadeira.

“Tudo vale a pena se a alma não é pequena”.Desde o momento da compra do terreno até o recebi-

mento dos primeiros hóspedes como hotel em si, o Tororomba passou por transformações, gestos de ousadia e experimentos para que chegasse ao formato atual. O que resultou em passa-gens também engraçadas e divertidas, assim como desespera-

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doras de lutar para conseguir transformar o que era mangue em lago de águas medicinais.

Esta obra foi concebida e idealizada para satisfazer a curio-sidade de hóspedes e amigos sempre interessados em saber de detalhes e histórias do Resort Tororomba (quem nem sempre se chamou desta forma). Como foi criado o hotel? Quando? De onde saiu esse nome tão sonoro para quem não é da região Nordeste do País: Tororomba? Quem é o mico leão que orna-menta o logotipo do hotel?

São histórias que já foram repetidas centenas de vezes, quer seja por seus proprietários, gerentes ou mesmo clientes habituais. Eles acompanharam de perto o crescimento do que é hoje um dos principais equipamentos de turismo dessa re-gião baiana abençoada por Deus pelas belezas naturais, capital da Costa do Cacau e litoral mais extenso entre todos os mu-nicípios baianos. Cenário de trechos memoráveis da literatura brasileira pela verve de Jorge Amado.

São histórias que passarão para a posteridade, não ape-nas nos momentos felizes e de realizações como servirão para mostrar que nada é rosado 100% do tempo e que as tristezas, dificuldades e obstáculos fazem parte da vida de todos.

Sim, “todos”. Não se trata de lidar com o Tororomba como alguém de carne e osso, mas porque ele foi construído e é mantido por mãos e mentes humanas, ocupadas durante as 24 horas do dia em prestar o melhor serviço para quem o escolhe para passar um final de semana ou as férias. As men-

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sagens de agradecimento digitadas no mural de recado do site do hotel mostram que o nosso esforço de oferecer o melhor é plenamente recompensado com palavras carinhosas e por novas visitas.

O Tororomba nasceu do sonho de um visionário que percebeu o potencial do local. O mesmo que um dia deixou sua terra e prometeu voltar. O Resort Tororomba é parte in-dissociável de sua obra. E vocês o conhecerão por intermédio deste livro.

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II – Filho da Bahia

“Posso dizer que na minha vida deixei descendente, servi a minha terra natal, exaltei a natureza, edifiquei e escrevi”.

Geraldo de Castilho Freire nasceu em Itabuna, Bahia, em 28 de fevereiro de 1930. Na época, a realidade baiana era bem diferente da atual. A monocultura do cacau era a única alter-nativa de sobrevivência. E apenas “sobreviver” não estava nos planos do jovem que, antes de deixar o litoral baiano para ga-nhar o mundo, prometeu um dia retornar para ajudar no seu progresso. Quando partiu, aos 15 anos, em 1945, ocorriam brigas por latifúndios cacaueiros que marcaram durante déca-das Ilhéus. Episódios retratados em romances de Jorge Ama-do. É nesse município que se passa a saga de Gabriela Cravo e Canela, uma das mais populares obras da literatura nacional e internacional.

O caminho natural para qualquer jovem que decidisse “ser alguém” era migrar para o Sul. Geraldo partiu em busca do diploma de advogado. Foi o que conseguiu após fixar resi-

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dência no Rio de Janeiro e estudar na Universidade do Brasil. Trocou de Estado para ser funcionário público em Barretos, onde seu filho nasceu, e Ribeirão Preto antes abandonar o fun-cionalismo para ser apenas advogado especializado em direito trabalhista e tributário.

No final dos anos 60 se transfere para São Paulo, pois seus clientes já atingiam todo o âmbito nacional. Mas enga-vetado em algum lugar da cabeça, existia a ideia de um dia colaborar com o desenvolvimento da sua terra. Passava muito tempo sem tocar no assunto, mas isso não significava que este estivesse esquecido. Muito pelo contrário.

A revista LTR, especializada em questões legais, se refe-riu, na edição 103 de 1986 a Geraldo de Castilho Freire como “conceituado tributarista e parecerista”, ao apresentar artigo assinado pelo advogado sobre administração pública previ-denciária.

“Em todos os anos que passou em São Paulo após ter deixado a Bahia, meu pai voltou poucas vezes para lá. Acho que visitou sua terra duas ou três vezes. Estava sempre muito ocupado, com compromissos e processos que não podiam es-perar. Isso não significa que tenha deixado para trás a ideia de fazer alguma coisa no futuro”, relembra o filho, Nelson Freire, que mais tarde viria a tomar papel fundamental na realização do sonho da construção do Resort Tororomba.

A partir dos anos 60, com as sucessivas transformações econômicas, políticas e sociais que se sucederam no Brasil, as

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oportunidades surgiram para quem tivesse talento e conhe-cimentos em específicas atividades profissionais. O Direito Previdenciário foi uma delas. Com o crescimento do Estado e as contínuas mudanças de legislação do setor, os serviços de especialistas como Geraldo de Castilho Freire passaram a ser cada vez mais requisitados. Ele já era dono de escritório na capital paulista.

Paralelamente a carreira da advocacia germinava uma ou-tra paixão: marketing e ecoturismo.

“Trabalho de marketing é uma vocação que eu tenho, embora nunca tenha sido um profissional desta área. Quando decidimos construir o hotel, procurei uma temática para de-senvolver isso. Encontrei o ecoturismo, que não era divulgado na época e passou a ser um plano nacional de governo”, revela o criador do resort, em entrevista concedida à TV Tororomba no final da década de 90.

Em 14 de novembro de 1975, o decreto 76.593 criou o Programa Nacional do Álcool. O Pro-álcool foi projeto de substituição em larga escala dos combustíveis derivados do petróleo por outro feito de álcool. O mundo ainda sofria com a primeira crise do petróleo iniciada em 1973 e o combus-tível feito a partir da cana-de-açúcar era muito mais bara-to. Dez anos depois, a produção de álcool no País chegou a 12,3 bilhões de litros. Em poucos anos, os usineiros do setor se transformaram em novos árabes, exercendo papel não tão

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preponderante quanto os sheiks abarrotados de petrodólares, mas mesmo assim, importantes.

A novidade se revelou mais uma grande oportunidade profissional para Geraldo e os poucos tributaristas e previden-ciaristas estabelecidos e renomados no Brasil naquela época. E ele tinha, entre seus clientes, usinas e destilarias de álcool.

“Foi um grande salto na carreira do meu pai. E claro, foi um momento em que ele ganhou muito dinheiro porque basicamente havia muito pouca gente que poderia desenvolver o trabalho que ele fazia”, afirma Nelson.

Já casado com Dona Dila, volta e meia, comentava da vontade de investir em alguma coisa na Bahia. Ouvia leves protestos de uma mulher aguerrida, mas de profundo senso prático. O argumento era simples e de uma lógica cartesiana: a família já estava totalmente estabelecida na cidade mais rica do País. Ele era um vencedor na profissão que havia escolhido. Tinham uma vida confortável e sem preocupações.

Enfim, para que se meter em uma aventura em uma re-gião que ele não conhecia e que havia deixado garoto para ganhar a vida no Sul?

Com o tempo, a própria Dona Dila mudaria radicalmen-te de ideia.

“Nunca me escapou o pensamento de fazer algo na região onde nasci, trazendo a colaboração para a economia”, disse Geraldo.

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Mas enquanto isso não acontecia, a vida profissional ia de vento em popa. Tornou o filho Nelson, já formado advogado, em um dos sócios do escritório em rua que estava entre os metros quadrados mais caros do Brasil.

“Eu não tinha do que me queixar. Morava nos Jardins, tinha minha vida própria e era sócio do meu pai. Mas na reali-dade, quem trabalhava mesmo era ele. Os clientes eram dele e eu ajudava na medida do possível. No final, isso me trazia uma frustração pessoal muito grande”, confessa o primogênito.

Este sentimento viria também a ser fundamental, anos mais tarde, para o sucesso do Tororomba.

Curioso que a sociedade no escritório de advocacia per-siste até hoje. Mesmo com Nelson não tendo mais qualquer função como causídico.

“Com o tempo, meu pai contratou um estagiário cha-mado Antonio Guidoni que tinha muito talento. Você olhava para o garoto e via que seria um advogado de sucesso. Meu pai ensinou tudo o que sabia e passou os clientes para ele quando começou a parar de advogar. Hoje aquele menino é um dos advogados mais importantes de São Paulo. Como os clientes estão lá, ainda possuo uma sociedade com ele. Mas não tenho mais contato algum com isso”, revela Nelson.

Mas sem saber da crescente frustração do filho, Geraldo seguia o trabalho normalmente. Em 1985, fez uma viagem à Bahia a passeio. Como companhia, estava o irmão Marcelo.

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Os dois passaram por várias cidades do litoral, revendo paisa-gens quase esquecidas.

Quando encontraram Ilhéus, viram um manguezal dis-tante cerca de cinco quilômetros do distrito de Olivença, co-nhecido por possuir lagos de águas consideradas medicinais iguais as de Vichi na França.

“Era um brejo, mas de águas minerais vindas de Oliven-ça. Foi ali que me surgiu a ideia de construir alguma coisa. O preço do terreno, como era alagado e distanciado de Ilhéus, era muito baixo”, recordou, anos mais tarde, Geraldo.

Marcelo também se entusiasmou. Dentista residente no Rio de Janeiro, ele estava disposto a deixar a cidade grande e embarcar em uma aventura que o obrigasse a residir no Nordeste.

“Ele já tinha feito também algumas economias no ramo de atividade dele e gostou da ideia”, explica Nelson.

Negócio fechado, a dupla voltou para o Sudeste certa de que havia feito um bom negócio. Geraldo havia decidido montar um camping próximo a Ilhéus, algo que não havia na região para os turistas que procuravam a capital da Costa do Cacau. Para tocar o projeto, foi contratado um arquiteto.

Mas quando ele apareceu com a papelada, tudo iria mudar.

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III – O Desafio

Assim que o arquiteto mostrou-lhes o projeto, Geraldo e Marcelo tomaram um susto. A planta em nada se parecia com o camping inicialmente imaginado.

O desenho era de um resort estilo polinesiano, com a construção de lago e chalés com palafitas. Uma mudança con-siderável em relação ao que foi pedido. Mas em vez de mandar refazer o desenho ou ficar furioso com o arquiteto, a reação da dupla sonhadora foi bem diferente.

“Meu pai se empolgou muito com essa história. Meu tio mais ainda”, recorda-se Nelson, relembrando quando o velho advogado voltou a São Paulo excitadíssimo com a possibilida-de de enveredar por outro caminho empresarial.

Na cabeça deles, o grande xis da questão era aproveitar as águas com qualidades medicinais provenientes do Rio To-roromba, que corta o distrito de Olivença. São águas ricas em iodo, magnésio e bicarbonato que hidratam, tonificam e ama-ciam a pele e os cabelos.

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Toda as possibilidades oferecidas pelo empreendimen-to empolgaram Geraldo. Quando retornou para casa, correu para contar a novidade para a família.

“Eu fui indiferente. Não era contra nem a favor. Minha mãe foi totalmente contrária ao investimento”, lembra Nel-son, a principal testemunha ocular de tudo o que aconteceu na história do que viria a ser o Resort Tororomba.

O argumento de Dona Dila era prudente e tinha uma boa dose de lógica. A família nunca foi do ramo hoteleira e estava bem instalada em São Paulo. A construção demandaria pesados investimentos.

“Mas a partir do momento que meu pai tomou conhe-cimento do projeto e encampou a ideia, aquilo passou a ser a chama da vida dele. Tinha cada vez mais vontade de trabalhar, ganhar dinheiro para financiar aquele sonho”, admira-se o filho.

O projeto era ambicioso e inédito em uma região que jamais havia ouvido falar na palavra ecoturismo. Na verdade, no Brasil, em 1986, quase ninguém estava familiarizado com termo. Um dos primeiros obstáculos era transformar um man-gue em lago. Depois erguer toda uma estrutura de um hotel de categoria a partir do nada. E “nada” não é força de expressão. É descrição precisa da infra-estrutura disponível para o início da empreitada.

“Não tinha uma previsão exata a que ponto chegaría-mos. Apenas acreditava que poderia convergir a um empre-endimento de sucesso. Achei que poderia fazer neste local um

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balneário em que as pessoas pudessem aproveitar as virtudes dessas águas”, disse Geraldo de Castilho Freire em depoimen-to à TV Tororomba.

O desafio não era pequeno. De acordo com dados da Embratur, a perspectiva para pequenos e médios investidores do ramo hoteleiro, na metade dos anos 80, não era animadora. O País vivia crise atrás de crise econômica, a inflação não dava tréguas. Para completar, era virtualmente impossível conseguir financiamentos de longo prazo, seja por vias estatais ou ban-cárias. Quem tinha algum dinheiro e desejava se aventurar no setor preferia um ramo que começava a se expandir: os flats e apart hotéis, que buscavam um público que viajava a trabalho ou que desejava quase que morar em um hotel.

Algo bem diferente do que pretendia Geraldo de Castilho Freire com seu resort de estilo polinésio. Até o momento do início da construção (e por muito tempo durante esta), Dona Dila não deixou de ter grande dose de sensatez ao temer pelo destino do dinheiro guardado durante décadas de trabalho e sacrifícios.

Mas apesar dos protestos solitários da esposa, o renoma-do previdenciarista deu início a obra. E a partir daquele início de 1987, começou a realizar o sonho de ajudar sua terra com empregos e progresso.

“Não temos mais o número exato, mas era mais de uma centena de operários apenas para a construção do lago. Você não pode imaginar o que é transformar um brejo em lago. É

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um trabalho eminentemente braçal, com os operários carre-gando sacos e mais sacos de lama”, informa Nelson.

Era serviço que não apenas demandaria gente e esforço, mas principalmente tempo. Não havia uma data certa para término das obras o que, para qualquer um que lide com or-ganogramas, números e projeções, é algo extremamente com-plicado. Mas nenhuma dificuldade foi capaz de diminuir o entusiasmo do advogado que saiu de Ilhéus para o Sudeste.

Durante o ano de 1987, Nelson Freire resolveu viajar até a Bahia. Visitou a obra, conversou com pessoas, ficou hospe-dado na casa de parentes e voltou para São Paulo como defen-sor do projeto. A indiferença ficou no passado. O jovem advo-gado passou a acreditar que valia a pena o esforço. A jornada foi repetida em cada período de férias ou dias de folga durante mais de um ano. Ia até o canteiro de obras, via como estavam as coisas, passeava pelo litoral baiano e voltava.

Até que em 1988, Marcelo, o irmão que era um dos só-cios do resort, tomou uma decisão que poderia ser o golpe fatal no Tororomba: abandonou a ideia.

“Ele achou que estava demorando muito e que dava mui-to trabalho. Enfim, não valia a pena”, narra Nelson.

Geraldo baqueou. Não ficou abatido, mas também con-siderou a possibilidade de parar com tudo, já que não havia como deixar permanentemente o lucrativo escritório paulista-no para desbravar o mangue próximo a Olivença. Mas tam-bém não guardou qualquer mágoa do irmão. Disse que não

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havia problema, que ninguém deveria se sacrificar. Marcelo havia sido um dos mais entusiasmado defensores do resort e estava decidido a trocar o Rio de Janeiro pela tranquila vida no interior da Bahia. Mas pensou duas vezes e chegou à con-clusão que o melhor era continuar na segurança do sucesso profissional que já havia obtido. E o mesmo deveria se aplicar ao advogado Geraldo de Castilho Freire.

“A vida continua”, disse o idealizador.E continuou realmente, mas o grande sonho do resort

(que antes era um camping), parecia enterrado.Se isso acontecesse, não seria o fim também do antigo

desejo de ajudar sua Ilhéus? Vontade que carregou na mente durante tantos anos.

Apenas o imponderável poderia salvar a construção do resort, hotel, camping.... ou qualquer que fosse a obra ainda sendo construída.

E o improvável veio na forma do filho Nelson Freire.

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IV – A Reviravolta

“Eu vou morar na Bahia”.A declaração foi recebida com ceticismo pelos amigos

mais próximos. A família ficou incrédula. Por que, afinal, Nelson Freire deixaria uma vida estável e confortável em São Paulo para se aventurar na empreitada de viver no meio de um canteiro de obras?

Ninguém entendeu.“A verdade é que alguém tinha de fazer isso. Não seria

meu pai, obviamente. Ele não tinha a menor condição de ir para lá, embora quisesse construir. E eu vivia um sentimento de frustração profissional muito grande. Eu era sócio do es-critório, recebia porcentagem dos ganhos, mas não vivia feliz comigo mesmo. A cabeça do escritório era meu pai, não eu”, relembra Nelson.

“Isso é loucura”.“Não vai dar certo”.“Você vai voltar logo”.

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São apenas três exemplos de frase que ouviu no perío-do após a decisão e antes do embarque migratório, fazendo o caminho inverso de milhares de nordestinos que deixavam a região para tentar a sorte em São Paulo. É certo que, se mu-dasse de ideia, teria a família esperando de braços abertos, mas ele estava decidido a evitar que isso acontecesse. Reuniu os amigos em uma churrascada de despedida num sábado e na segunda-feira seguinte se mudou para a Bahia.

Seu pai aceitou a decisão. Sua mãe fez de tudo para que voltasse atrás. Anos mais tarde, em depoimento a um trabalho de monografia realizado por Deise Machado, ela reconheceria o valor da decisão tomada pelo único filho.

“Nelson abraçou o ideal do pai quando trocou a agitada cidade de São Paulo pelas Terras do Sem Fim, assumindo a direção da construção do hotel ao longo dos anos. Mudança súbita. Radical. A Avenida Paulista que abrigava o confortável escritório onde ele exercia a função de advogado foi substituí-da por vários canteiros de obra”.

Na verdade, mais parecia uma cena de Serra Pelada, no auge da corrida pelo ouro. Dezenas de trabalhadores que, vistos de longe, mais pareciam formigas, carregando sacos para cima e para baixo, um atrás do outro, em trabalho incessante para viabi-lizar o lago. Algo que, no projeto, seria a própria essência do re-sort que teria chalés de palafitas e as famosas águas medicinais.

A única coisa que havia à disposição de Nelson era um bangalô. O único previamente construído. Foi para lá que se

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mudou, cuidando dia e noite de todas as necessidades ineren-tes a uma empreitada de tal naipe. Hoje ele reconhece que não foi nada fácil. Estava 20 quilômetros afastado da cidade, sem telefone, energia elétrica precária e no meio do canteiro de obras.

Não exatamente um cenário habitual para quem se acos-tumou com a vida na cidade grande e com o conforto de uma família sem problemas financeiros.

A cada manhã, ao acordar, Nelson via a mesma rotina: uma legião de operários começando o trabalho de escavação do mangue. O lodo era retirado no braço, sem auxílio de esca-vadeiras ou máquinas modernas. A lama era enfiada em sacos de estopa e retirados em pilhas, carregados nas costas dos tra-balhadores. Atividade estafante, mas inevitável para a realiza-ção do empreendimento.

Durante meses a rotina prosseguiu e Nelson responsável pela construção passava os dias tratando de questões buro-cráticas.

“Era muita coisa para cuidar porque estávamos partindo do zero em todos os sentidos que você pode imaginar. Tive-mos que criar tudo. Absolutamente tudo! Foi um começo di-fícil para todos nós”, relembra Nelson.

Também para quem morava mais próximo ao empre-endimento, aquela movimentação toda foi diferente. Ainda mais em um local em que poucos poderiam imaginar que se-ria construído um hotel. Porque a atração principal de Ilhéus,

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Olivença e cercanias já estava ali, à disposição de quem chegas-se: os 640 quilômetros litorâneos da Costa do Cacau.

Se soubesse os caminhos que tomariam essa história, a fa-mília Freire teria guardado mais registros do começo de tudo. Mas não há como culpá-los por terem relegado isso ao segun-do plano. Naquele momento, não havia tempo para pensar em contar como surgiu o hotel. Na verdade, toda a concen-tração teria que ser mantida na obra, senão não haveria hotel nem qualquer biografia para ser contada. Simples assim.

E também se deve ressaltar que o primeiro objetivo estava sendo já cumprido logo de cara. O motivo inicial de tudo era alcançado logo no pontapé inicial: oferecer o progresso para a região em que nasceu Geraldo de Castilho Freire.

“A intenção do meu pai de dar mão-de-obra já estava se realizando ali. Porque os empregos estavam sendo gerados. Era um trabalho duro, mas honesto e que possibilitou a melhoria de vida para muita gente que vivia naquele local. Porque as pessoas que contratamos eram de Ilhéus, Olivença e adjacên-cias. Sempre foi esse o objetivo inicial. Eu costumo dizer que o hotel foi mera conseqüência. Essa é a pura verdade”, faz ques-tão de ressaltar Nelson Freire.

E a contribuição para o aquecimento da economia da Costa do Cacau estava apenas começando.

O próximo passo seria formatar o sonho à realidade possível no Brasil da segunda metade da década de 80. Uma Bahia que não era exatamente polinesiana, como rezava o projeto original.

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“Até o empreendimento estar estabilizados, nós nos apre-sentamos como pioneiros”, ressaltou Geraldo de Castilho Freire.

O primeiro contratempo foi como adotar o estilo original, com bangalôs de palafitas, conciliando com a ideia do lago, que era considerado o principal. Os componentes não combinavam no momento de ver a obra tomando corpo. “Se mantivéssemos daquele jeito, os chalés encobririam a beleza do lago. Não havia casamento possível neste aspecto”, explica Nelson.

Aos poucos, percebeu-se que havia outros problemas e que o desenho inicial não era viável nem mesmo economica-mente.

“A construção começou com bangalôs com dois quar-tos, cozinha, banheiro, sala. Era uma casa realmente. E quem pretende visitar uma região como a que estávamos utilizando, quer conhecer as belezas naturais. Não vai ficar passeando pelo apartamento. Não era nada prático. Por isso costumo dizer que esse hotel já passou por mais cirurgias plásticas do que a Ângela Bismarck. Foram muitas mudanças”, diz, citando a ex-mulher de cirurgião plástico que ficou conhecida justamente pelas mudanças artificiais de rosto e corpo.

Hoje em dia, há projetos para construções de bangalôs em condomínios fechados e isto está sendo feito na região Nordes-te. Mas na época de construção do Tororomba, havia questões práticas que tornaram a arquitetura traçada contraproducente. Era melhor mudar porque senão, não haveria resort.

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O passo seguinte foi contratar outros dois arquitetos para refazer toda a planta. Os bangalôs foram subdivididos e cada um virou dois ou três apartamentos, dependendo do tama-nho físico. Estes poderiam também ser alugados por um custo menor do que apenas um chalé que mais parecia casa do que quarto de hotel. O toque polinesiano era interessante, mas não encontrava eco na realidade.

“Nós fomos vendo como era realmente a funcionalidade de um hotel e adaptando as coisas. Porque não tínhamos expe-riência nisso. Apenas a ideia, a disposição de trabalhar e algum dinheiro para investir”, constata Nelson.

Tudo teria que ser feito aos poucos, na base da tentativa e erro. Até porque não havia prazo e conforme as mudanças foram acontecendo, mesmo o projeto do hotel foi deixado um pouco de lado.

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V – A Criatividade

Uma questão formulada hoje pelos hóspedes e que sem-pre incomodou Nelson Freire e Dona Dila é: em que ano foi inaugurado o Resort Tororomba?

É impossível responder simplesmente porque não há uma data específica. Nem foi feita festa de inauguração, por exemplo. Ao contrário do que aconteceu com outros empre-endimentos que se instalaram na região.

“Ao mesmo tempo em que nós, o dono do terreno vizi-nho teve a ideia de construir um hotel. Foi pura coincidência. Ele teve uma festa para inaugurar e tudo mais. Nós não tive-mos nada disso”, explica Nelson.

Ele se encontrava com o dono do futuro concorrente na cerca que dividia os dois terrenos, trocavam ideias e angústias. A diferença é que o colega tinha um pensamento bem claro sobre o que desejava construir, quanto tempo levaria e a que custo. Na parte do futuro Tororomba, não havia nada disso.

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Enquanto Geraldo continuava tocando o escritório de advocacia de sucesso em São Paulo e Dona Dila administrava a casa, Nelson tinha dúvidas. Queria fazer logo tudo, mas a falta de experiência o obrigava a pensar duas vezes antes de cada passo. A missão era não errar e medir todas as ações com muito cuidado. Isso fazia com que a obra não corresse no rit-mo que ele mesmo esperava.

No Tororomba, tudo o que aconteceu foi aos poucos. Ja-mais do dia para noite.

Este livro comemora os 20 anos do Hotel Resort Toro-romba. Mas em 1989 existia a obra em estágio intermediá-rio, não o início da hospedagem em si. A celebração é pelo caminho tortuoso e singular que levou uma ideia surgida a milhares de quilômetros de distância e transformada em sucesso pela insistência de quem esteve sempre disposto a trabalhar por ela. Principalmente Geraldo de Castilho Freire, que continuava batalhando para dar sustentabilidade finan-ceira ao sonho.

“O lado social de seu trabalho seria dar sustentabilidade econômica aos seus conterrâneos em sua terra natal e ofere-cer pequena contribuição para o engrandecimento da terra de Jorge Amado. No entanto, o lado prazeroso seria atrair olhares para o manto estrelado que cobre a sua cidade. Descortinar a rara beleza. Mostrar ao mundo o lugar onde o mar é mais azul, as praias mais lindas, o verde da Mata Atlântica, e um povo alegre, feliz. Finalmente render graças a Deus pelo orgulho de

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ser filho da terra onde passou a sua infância, sonhou, cresceu, planejou a sua vida e foi feliz”, depôs Dona Dila, em mono-grafia escrita em agosto de 2008 para o concurso do Banco Real – Talentos da Melhor Idade.

Enquanto a construção prosseguia, Nelson se angustiava com a falta de atividade econômica em si do local. O dinhei-ro apenas saía. Nada entrava. Em 1991, uma prima chamada Wilda e o marido Francisco estiveram em Ilhéus. Resolveram se fixar na cidade e explorar ao lado do filho de Geraldo um projeto paralelo: uma barraca de praia.

“Nós tínhamos de aproveitar de alguma forma aquele po-tencial turístico que estava a nossa frente. As pessoas frequen-tavam a praia. Ela estava lá a nossa disposição 24 horas por dia. Por que não construir uma barraca para vender cervejas, refrigerantes e um ou outro petisco? Era um princípio de co-mércio que colocamos em prática”, pensou Nelson.

A barraca foi erguida sem grande dificuldade e em curto espaço de tempo. E roubou o nome que seria do hotel. Roda D’Água.

Em uma viagem a São Paulo para rever os pais, Nelson teve uma reunião com a família. Em pauta estava o nome que seria dado ao hotel.

“Nós precisamos de um marco, algo que chame a atenção e seja uma coisa característica do hotel”, disse Geraldo.

Todos pensaram por alguns minutos e ele mesmo apare-ceu com a resposta.

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“Se nós temos um lago, por que não colocamos uma roda d’água? Assim o hotel pode se chamar Hotel Roda D’Água”.

Mas como a barraca chegou primeiro e precisava ser ba-tizada imediatamente, acabou herdando a ‘roda d’água’. Foi o primeiro sucesso comercial da família Freire na região. Outros viriam.

Nelson passava os dias na barraca ao lado de clientes, as-suntando e tentando perceber o que poderia fazer para incre-mentar a atividade no local. Mas a construção do hotel conti-nuava e, em 1990, este estava pronto para começar a receber os primeiros hóspedes, mesmo que não na condição ideal.

Era definitivo. Precisavam de um nome.“Quem mexe com esse negócio de nomes e marcas sabe

que esta é uma questão fundamental. Pode colocar o empreen-dimento lá para cima ou enterrá-lo de vez. Por isso, tínhamos uma preocupação muito grande para arranjar um nome que chamasse a atenção e ao mesmo tempo fosse condizente com a realidade do hotel”, disse Nelson Freire.

A afirmação é confirmada por estudos de especialistas em marketing.

A marca representa a empresa visualmente. Transmite por meio do seu nome, impacto e logotipo algo sobre a personalidade da empresa e da empatia (ou não) desta com o público. É fundamental que fique no imaginário do pú-blico consumidor como algo representativo do segmento em que atua.

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Por isso, a decisão do nome do hotel em construção na Costa do Cacau era de importância primordial.

Para resolver essa questão, houve novo encontro familiar no apartamento de Geraldo e Dona Dila, em São Paulo.

O primeiro pensamento foi a lembrança do lago, figura emblemática do resort desde a primeira vez que Geraldo de Castilho Freire visitou o terreno. Foi por causa das águas fer-ruginosas que ele decidiu comprar o que era aparentemente apenas mangue e lodo. No projeto inicial, o arquiteto havia ressaltado a necessidade da construção de uma caixa d’água central para abastecer todo complexo. Esta teria de ficar no centro do empreendimento.

O estalo veio na cabeça de Geraldo, sempre a fonte de ideias luminares para resolver questões práticas para a realiza-ção do seu sonho. Como ele mesmo já havia dito em entre-vista gravada pela TV Tororomba, marketing era uma de suas vocações naturais, além da advocacia.

“Nós temos a caixa d’água, que é um negócio muito feio, aquela torre. E se nós estilizássemos aquele negócio e dermos uma disfarçada”.

“Mas estilizar do quê?”“Sei lá. Que tal um... farol. Colocamos umas luzinhas

lá em cima girando e fica como se fosse um farol sinalizando onde é o hotel.”

“Está bem. Então vai se chamar Hotel do Farol?”, ques-tionou o filho, já considerando a sonoridade do nome.

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Mas o idealizador queria que em algum lugar estivesse a palavra Tororomba. O termo, de origem indígena, significa “água que bate na pedra fazendo ruído”.

Nelson foi contra. Achou que o nome não pegaria. Era regional demais e seria difícil trabalhar com ele. Mas Geraldo bateu o pé. Queria porque queria ver o Tororomba no título do hotel. De qualquer jeito.

Na dúvida, foi contratado um profissional para fazer o design do logo do resort utilizando a marca pedida pelo advo-gado. O designer gráfico teve imensas dificuldades para conse-guir o que lhe foi pedido.

Nelson mais uma vez tentou fazer o pai mudar de ideia, mas ele se manteve irredutível na convicção.

“Temos de usar o Tororomba. Fazendo isso, nós vamos valorizar as águas medicinais que estão no lago”, completou, citando que o nome do rio que saída de Olivença era também Tororomba.

Também em Olivença havia o Balneário do Tororomba. Parte do raciocínio também era que as pessoas já familiariza-das com o Balneário, muito conhecido na Bahia, poderiam ser atraídas ao hotel apenas pelo nome.

“Eu desisti porque não houve quem tirasse essa ideia da cabeça dele. Foi impossível”, Nelson diverte-se hoje em dia com a história.

Então ficaria Hotel do Farol Tororomba?

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Não. Geraldo apareceu também com mais uma palavra para ser colocado na marca: village.

“Era para lembrar a concepção original, quase como uma vila. Com casinhas na horizontal. Então foi assim que o pri-meiro nome do nosso empreendimento foi Hotel Farol Toro-romba Village”, sentencia o filho, rendendo-se ao desejo do pai, já que não havia outro jeito.

Com os primeiros hóspedes já aparecendo, mesmo que de forma incipiente, perceberam que o nome era grande demais. Na região, como já se conhecia há muitos anos o Balneário Tororomba, ninguém conseguia se lembrar do nome do hotel. Quando queriam ir à construção (ou à barraca de praia, que ia de vento em popa), as frases eram invariavelmente: “vamos hoje lá no Farol?” ou “vamos no Farol Village”.

Mas fora da Bahia, quando começaram o tímido traba-lho de divulgação dos serviços oferecidos pelo “recém-inau-gurado” hotel, a palavra que pegou mais forte foi justamente “Tororomba”.

“No começo, para dizer a verdade, contanto que as pesso-as viessem, pouco importava como chamariam o nosso hotel”, brinca Nelson.

Para registrar a marca, foi necessário a recorrer ao Sebrae, órgão que auxiliar pequenas empresas, que informou à família Freire que não seria possível oficializar a palavra “farol”, que era de domínio público e de uso comum na língua portuguesa.

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Por via das dúvidas, enquanto uma solução não era en-contrada, a marca seguiu a mesma e Nelson dividia o seu tem-po entre os (ainda) poucos hóspedes e a barraca de praia Roda D’Água.

Não demorou muito tempo e chegou uma carta ao hotel. No envelope, o logotipo de um escritório de advocacia.

“Era um aviso de que o nome Farol estava registrado por outra empresa e que, se quiséssemos usá-lo, teríamos de pagar. Eu achei estranho porque era informação diferente do que me haviam dito no Sebrae”.

Mas acharam melhor não comprar uma briga desnecessá-ria. Esqueceram o termo Farol e registraram o Tororomba, nome que acabou ficando mais forte com o decorrer do tempo.

Passo a passo, peça por peça, o grande quebra-cabeça da construção do hotel estava se encaixando. Para quem chegou ao local deserto, com apenas dezenas de operários carregando sacos cheios de lodo nas costas, era uma situação bem mais confortável, embora ainda distante de ser considerada a de-sejável para o empreendimento começar a dar lucro. Porque, ao mesmo tempo em que já estava aberto para clientes, o To-roromba ainda se encontrava em fase de aprimoramento de sua estrutura, com novas obras acontecendo constantemente. Não havia como parar e, ao mesmo tempo, era preciso co-locar a engrenagem em funcionamento, até para saber se ela funcionaria.

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Neste início, foi necessário terceirizar grande parte da mão-de-obra necessária para fazer toda a engrenagem funcio-nar. Restaurante, lanchonete, café da manhã... tudo era for-necido por outras empresas, mesmo Nelson sabendo que isso não era desejável.

“Em pouco tempo nós percebemos que esses serviços es-tão intrinsecamente ligados ao que representa o hotel. Tanto que hoje, quando já montamos toda nossa infra-estrutura, as únicas coisas que terceirizamos são a boutique, salão de beleza e aluguel de caiaques. O hotel tem que ser responsável 100% pelo serviço que presta aos seus hóspedes. Não há como fugir disso”, constata.

Como a ocupação não era grande nem constante nesta época, o problema não foi tão sério como poderia. Por mais incrível que possa parecer, diante do projeto inicial, a maior preocupação de Nelson, em alguns momentos, foi mais a bar-raca de praia do que o hotel. Sozinho, distante de todos, ele constatou que a Roda D’Água tinha clientes fixos, que esta-vam sempre presentes.

Hoje ele constata que isso se deveu a dúvidas que tinha a respeito do que deveria ser feito. E isso viria a ficar mais forte em seguida, por causa da Copa do Mundo que seria realizada naquele ano de 1990, na Itália.

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VI – Rei da Noite

O ano era 1990 e Geraldo de Castilho Freire colocou na cabeça que precisava comprar um telão para ver a Copa do Mundo que seria disputada na Itália, naquele junho. Dona Dila, sempre com os pés no chão e consciente da realidade, foi contra. Nem havia como colocar o aparelho de grandes dimensões no apartamento em que viviam na capital paulista. E o que fazer com o equipamento depois do evento?

Mas não havia como tirar essa idéia do advogado. Ele estava decidido a fazer a sua vontade.

“Se eu não comprar o telão para ver os jogos, vou ver a Copa lá na Itália. Mas eu prefiro assistir no telão.”

“Mas onde você vai colocar um telão em casa? Não cabe”, questionou Dona Dila, ainda se opondo ao projeto.

“Se aqui não cabe, então vou comprar e colocar no hotel na Bahia. Lá cabe”.

Foi a resposta definitiva.

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Na São Paulo do início dos anos 90, ter um telão para ver jogos de futebol já era um acontecimento. Imaginem no interior da Bahia... Nelson estava em Ilhéus, na maioria do tempo mais preocupado com a barraca de praia Roda D’Água do que com a construção do hotel em si. O local já tinha sua clientela fixa e presente em todos os dias de sol, o que na Bahia significa 365 vezes por ano. “Ele queria gastar esse dinheiro e gostava de tecnologia e por isso resolveu investir no bendito telão. Como minha mãe viu que não tinha jeito e ele ia colocá-lo na Bahia, aceitou”, explica o filho de Geraldo.

Assim foi feito. No dia 10 de junho de 1990, quando a Seleção Brasileira dirigida por Sebastião Lazaroni entrou em campo para enfrentar a Suécia no Estádio Delle Alpi, em Tu-rim, Geraldo estava no Hotel Tororomba, ao lado da barraca de praia, acompanhando tudo em seu telão recém instalado e de última geração. E assim foi durante o Mundial que acabou cedo para o Brasil, eliminado pela Argentina nas oitavas de final. Quando veio o apito final, ele voltou para São Paulo, deixando para trás seu sonho de consumo.

O que fazer com um telão no meio de um canteiro de obras? Por algum tempo, teve uma função inesperada. “Os peões do hotel usavam o telão moderno para assistir novela.”, lembra Nelson.

Não foi preciso muita observação para se perceber que aquilo era um desperdício e que algo tinha de ser feito para aproveitá-lo. Por causa DELE, nasceu um bar ao lado do

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Hotel Tororomba. a 500 metros da barraca de praia Roda D’Água. Empreendimento que surgiu com o único objetivo de dar uma finalidade à novidade trazida por Geraldo de São Paulo antes da Copa.

“Estamos falando de uma época em que não existia DVD. Era difícil encontrar

Aparelhos para tal finalidade. De qualquer forma, resol-vemos tentar”, afirma Nelson.

Nos primeiros dias, parecia que a tentativa estava desti-nada ao fracasso. Fitas de VHS passaram a ser enviadas de São Paulo para serem exibidas. Aos poucos, começaram a aparecer pessoas curiosas com a novidade. Um amigo da família resol-veu mandar vídeos com som estéreo (o que era raro na época) dos Estados Unidos com a mesma finalidade. O movimen-to melhorou, mas continuava abaixo do esperado. “Coloquei umas luzinhas para ficarem piscando. Era chato ficar olhando para o telão apenas. Também fizemos uma pista de dança para o pessoal e passamos a exibir futebol, corridas do Ayrton Sen-na... chegou um momento em que até gravamos videocasseta-das do Domingão do Faustão para exibir.”

De repente, o bar ganhou forma de boate. Entre 1990 e 1993, foi a casa noturna mais movimentada da região, não apenas em Ilhéus. Consolidou-se como a boate do telão. Sur-giu no lugar onde atualmente é o restaurante Tororomba. O sucesso foi absoluto e sem investimento em marketing ou pu-blicidade. Tudo somente no conhecido “boca a boca”.

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A boate nasceu sem nome e os clientes convidavam amigos e parentes dizendo: “Vamos ao farol?” ou “Vamos ao telão?”

O movimento foi tão intenso que o objetivo inicial de toda aquela aventura, a construção de um resort, ficou total-mente relegado a segundo plano. E Nelson não tem o menor problema em reconhecer que isso aconteceu. “Fiquei empol-gado e desconectei do hotel. Até porque o sucesso fez com que tentássemos encontrar novas formas de lucrar”, lembra.

Estacionamento, couvert para quem sentava à mesa e taxa de entrada após a meia-noite foram algumas das saídas encon-tradas e que funcionaram, maximizando o potencial econômi-co da boate. “No começo tudo era muito precário, os clientes apenas usufruíam do ambiente e pagavam pelo que era con-sumido. Com o tempo, tudo foi profissionalizado, com venda de ingressos na portaria para quem queria ter acesso ao local.

Houve um impasse e o medo de que o custo maior pu-desse frear o sucesso da boate. Mas isso não aconteceu. Com uma câmera amadora, Nelson filmava a platéia e passava no telão. A boate começou a ser requisitada por grupos, que ti-nham a entrada franqueada. O lucro era feito no consumo dessas pessoas.

Foi na boate que Nelson conheceu sua futura companhei-ra, que seria mãe de seus dois filhos. Decidiu morar com ela em um bangalô que ficava ao lado da boate. “Ela engravidou e eu dei uma desanimada com aquilo tudo porque não tinha

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mais paciência para ficar a noite inteira na boate, deixando-a em casa. Era muita agitação”, confessa.

A pá de cal foi quando começaram a acontecer brigas no local, algo que era inimaginável no começo de tudo, quando o então bar era freqüentado por poucas pessoas.

Nelson repensou tudo o que estava fazendo no interior da Bahia desde o momento em que decidiu deixar São Paulo para cuidar do sonho do pai de construir um empreendimen-to Havia sido uma experiência compensadora. Havia se diver-tido, ganhado dinheiro e tivera a sensação de ser o rei da noite de Ilhéus e região. Mas já era chegada a hora de voltar a pensar no Hotel Tororomba. Afinal, era ele a razão de tudo.

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VII – Agora é pra valer

Apesar de a fase de empresário da noite ter rendido mui-tas lembranças, com a nova realidade, havia chegado a hora de Nelson voltar a priorizar o hotel. “Foi uma época boa. Até hoje encontro pessoas da região que se lembram da boate. Mas tinha de pensar no hotel.”

Foi na mesma época em que a prima que saíra de Minas Gerais para ajudá-lo a tocar o projeto resolveu voltar para o Su-deste, já que o marido havia recebido uma oferta de trabalho.

Uma dúvida que pode suscitar em quem ler essas páginas: o que Geraldo, o pai de Nelson e idealizador do resort, achava dessa história de barraca de praia e boate desviando a atenção do filho com relação à construção do hotel, o que era o objeti-vo inicial e havia consumido horas e mais horas de trabalho e planejamento, além de considerável investimento financeiro? O raciocínio normal seria que ele não ficara muito feliz com as aventuras periféricas.

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“Isso não aconteceu. Ele achou bom, até porque o plano inicial dele não era um hotel, era construir alguma coisa na região que pudesse gerar mão de obra para seus conterrâneos. A oferta de empregos abrangia vários setores, desde garçons, fornecedores e um batalhão de operários para a construção do hotel em si”.

Quando a prima resolveu fazer o caminho de volta, pelo menos já havia uma infra-estrutura melhor a serviço do hotel, o que facilitava o serviço. No espaço que era a boate, come-çou a ser erguido o restaurante. A resolução óbvia era que a hospedagem incipiente que acontecia naquele momento não poderia continuar. Era mais do que necessário profissionalizar o serviço no Tororomba e aumentar a procura de hóspedes. Para isso, era necessário colocar mãos à obra. E a ajuda veio de São Paulo.

Para auxiliar na parte administrativa, uma secretária do escritório de advocacia de Geraldo Freire aceitou se mudar para a Bahia. A roda do Tororomba começara a girar em dire-ção ao progresso.

Mas alguém tinha de fazer o trabalho de mascate nas operadoras de turismo, que são as empresas que oferecem hospedagens aos turistas e entregam a eles a lista de hotéis disponíveis. Sobrou para dona Dila, justamente quem era mais contra o projeto do resort quando seu marido apre-sentou a idéia. “Acho que ela percebeu que não tinha jeito porque seu único filho já tinha se mudado de mala e cuia

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para a Bahia. Ela é uma pessoa pé no chão, realista e viu que a única coisa possível era fazer de tudo para que o hotel desse certo. Dona Dila começou a comprar a idéia do Tororomba”, explica Nelson.

Mas apenas entrar na lista das operadoras não adiantava. O mínimo que se precisava para o sistema de reservas era um telefone. E não havia linha na região em que estava instalado o hotel. O esquema montado foi precário. No escritório de ad-vocacia de Geraldo Freire, foi reservada uma sala para cuidar dos assuntos do resort, com uma linha telefônica e atendente exclusivo para receber as reservas. A secretária verificava a dis-ponibilidade. Em plena Avenida Paulista, onde se concentra boa parte do Produto Interno Bruto do País, todos do escritó-rio começaram a cuidar também do Hotel Tororomba. Mes-mo os que nunca estiveram na Bahia.

“Era tudo muito improvisado. Mas a gente tinha que co-meçar por algum lugar”, afirma Nelson.

O problema no Tororomba continuava. Havia uma li-nha telefônica recebendo os pedidos em São Paulo. Mas como quem estava no hotel saberia? O jeito era enviá-los por fax todos os dias para a casa da sogra de Nelson em Ilhéus. Dia-riamente, um funcionário do hotel ia lá receber a papelada. Era um quebra-galho. Não havia como sustentar um esquema como esse durante muito tempo. Especialmente porque os tu-ristas começavam a descobrir o Tororomba e a alta temporada se aproximava.

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Foi quando apareceu uma oferta de um “telefone de lon-go alcance” que ninguém jamais havia ouvido falar na região. Nelson, que seguia tomando conta da administração sozinho, foi informado de que o sinal era transmitido pelo ar vindo de Olivença e assim, seria possível instalar uma “linha” na recep-ção do resort. Parecia ser a solução salvadora. Ninguém mais dependeria de faxes recebidos em Ilhéus. “Parecia um negócio mirabolante demais na época. Mas como nós precisávamos muito de um telefone ali naquela região...”

Foi instalado o sistema. E até que funcionou, mas logo teve de ser abandonado porque a população de Olivença estava se revoltando contra o Tororomba, o que seria o pior marke-ting possível para o empreendimento que ainda engatinhava. Isso porque o sinal das ligações era captado nos aparelhos de televisão em Olivença. Surreal! “A família sentava em frente à TV para ver a novela e de repente começava a sair um som de uma conversa telefônica sobre hotel, reserva, essas coisas. Achamos melhor parar com aquilo imediatamente”, recorda-se Nelson, hoje se divertindo ao contar a história. Mas na épo-ca, ele não achou muita graça.

A improvisação teve de continuar durante mais alguns meses. Mesmo que a contragosto.

Até que apareceu uma solução literalmente via Embratel. Por meio de aluguel de uma sala na então estatal de telefonia, era possível implantar um sistema por rádio. Assim foi feito. Mas era caro, bem mais do que seria ter uma linha comum

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de telefone, como passou a existir depois de muitos anos de lutas políticas.

Pelo menos as reservas já poderiam chegar direto ao ho-tel, sem intermediários.

Mas nem assim a briga pela chegada da linha telefôni-ca comum, disponível com facilidade hoje em dia em todo o País, terminou. Neste ponto, o Tororomba contou com um aliado.

“Meu vizinho, que também tem hotel e começou a cons-truir mais ou menos ao mesmo tempo em que nós, lutou mais ainda para conseguir trazer telefone. A cada eleição, trazíamos políticos e tudo mais. Porque havia toda uma estrutura para o hóspede, mas não havia telefone”, explica Nelson.

Depois de lobby incansável, conseguiram. Mas para isso, tiveram de dar os postes e quilômetros de fiação como contra-partida. Foi feita uma matemática de acordo com o número de quartos existentes nos dois hotéis e assim aconteceu. Depois de anos de batalha, o telefone enfim chegou ao Tororomba. “Tudo o que conseguimos foi com muita luta porque não ti-nha nada na região. A única coisa que havia para a construção de um hotel era uma estrada boa. E ponto final. Hoje qual-quer pessoa que se estabelecer na região vai encontrar tudo pronto, bem diferente da nossa época”.

Outra luta que aconteceu bem depois da guerra do tele-fone foi o sinal de celular. Com a popularização dos aparelhos móveis, foi imprescindível conseguir que o serviço se esten-

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desse também aos hóspedes do Tororomba. Assim como a co-brança das ligações feitas para Ilhéus, cidade que fica a cerca de oito quilômetros do hotel: era cobrado interurbano.

“Também tinha o problema da energia elétrica. Faltava toda hora porque o gerador que existia para suprir a região não tinha potência para sustentar a demanda de um resort. Era uma estrutura planejada apenas para residências. Quando se ligava muitos freezers, acendia muita luz, caia o forneci-mento e às vezes passava mais de dois dias e ninguém vinha resolver o problema.A solução foi a compra de um gerador”, explica Nelson.

Foi um investimento indispensável, sendo de grande uti-lidade ainda nos dias atuais. Na alta temporada, não é inco-mum a queda de energia na região porque o consumo aumen-ta sensivelmente. Mas os efeitos disso não são sentidos pelos hóspedes do Tororomba graças aos investimentos realizados ainda na década de 90, quando a situação era bem mais precá-ria, para não dizer desesperadora. O gerador, na alta tempora-da, tem de ser acionado.

Mas quem pensa que a luta por melhorias de infra-es-trutura terminou, se engana. Ainda atualmente o serviço de transporte público é precário. Existem várias linhas de ônibus que atendem as cidades vizinhas, mas chegam apenas até o município de Olivença, que fica a seis quilômetros do resort uma distância pequena para o veículo, mas considerável para

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uma caminhada. “Este obstáculo passou a ser agora nossa prioridade”.

As reivindicações, pedidos, pressões sobre as autoridades aumentaram de acordo com a necessidade de oferecer um ser-viço de qualidade para um maior número de clientes. E isso era reflexo do sucesso que aos poucos o Tororomba passava a fazer na economia turística da Bahia.

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VIII – Interatividade

O Tororomba não faz parte das grandes redes de hotel. A verba publicitária não permite extravagâncias como anúncios de página inteira nas grandes revistas de turismo do país, ou comerciais de TV, mesmo que em emissoras regionais. Mas no marketing reside um dos grandes segredos do sucesso do resort e quem já se hospedou no local sabe bem do que se trata. O retorno dos clientes é o maior motivo de orgulho para quem trabalha e administra o empreendimento na Costa do Cacau.

“O primeiro dado que nos chama a atenção são os elogios das pessoas que se hospedam. Isso é o que vale mais. Também há a taxa de ocupação, que é surpreendentemente alta por-que nossa verba de publicidade tradicional é pequena. Mesmo a participação em feiras de turismo é algo que fazemos com muita parcimônia porque é caro”, explica Nelson.

Em uma inusitada viagem para a Arábia Saudita foi que Nelson Freire percebeu o caminho que poderia seguir para se diferenciar dos demais. Foi uma jornada complicada. A convite

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de amigos, um deles integrante do corpo diplomático alemão no país árabe, resolveu ir, mas teve o pedido de visto negado. “Não entenderam o que eu, brasileiro, iria fazer lá”, lembra. Foi necessária a intervenção do amigo diplomata e uma carta explicando que Nelson viajaria à Arábia Saudita como convi-dado do governo alemão. O importante dessa história toda foi a hospedagem em um hotel cinco estrelas. O que seria mais importante para um empresário brasileiro do setor?

“Todos os dias deixavam um jornal interno na porta dos quartos, com dicas sobre a cidade e notícias do hotel. Achei que era uma boa idéia e decidi fazer o mesmo quando voltasse ao Brasil.”

Era uma maneira simples e barata, para qualquer um fa-miliarizado com computador e um sistema de editoração ele-trônica, para manter os hóspedes informados, além de ser uma ferramenta útil de comunicação. E foi muito bem recebida. Como muitas coisas que aconteceram no hotel no decorrer de sua história, a otimização do serviço não veio com pesquisas, mas apenas com a observação. Durante algum tempo, o bole-tim foi deixado nas portas dos quartos. Mas a leitura não era tão frequente quanto se esperava. Então, qual seria a forma mais eficiente de fazer os clientes consumirem aquelas infor-mações impressas?

Na mesa do café da manhã.“Foi a melhor maneira que encontramos e onde tivemos

um resultado mais positivo. Você tem que prestar atenção no

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que acontece ao seu redor para perceber o que agrada mais às pessoas.”

Um dos segredos do Tororomba no marketing é saber usar as novas tecnologias a seu favor. A principal talvez seja a inter-net, o que transformou o site oficial do resort (http://www.tororomba.com.br) em mais do que um simples endereço ele-trônico para divulgação das atrações locais. É um portal.

Os clientes recebem uma newsletter eletrônica que tam-bém pode ser acessada por qualquer internauta. “Nós tenta-mos sempre apostar bastante nesta parte eletrônica. A idéia é dar todos os subsídios possíveis para a pessoa nos escolher como destino para passar suas férias ou feriados”, afirma Nel-son. Há uma rádio on-line com programação musical 24 ho-ras que também não é exclusividade dos clientes: qualquer um pode ouvi-la em qualquer canto do mundo. Recentemente, foram lançados podcasts com entrevistas e novidades do hotel. “Temos conversas com hóspedes, depoimentos de gente que já esteve no Tororomba e voltou, explicando porque decidiu re-tornar. Um exemplo é três garotos que se conheceram em um verão no nosso hotel. Todos de Brasília. Um tocava violão, ou-tro também e o terceiro cantava. Eles formaram um conjunto. Tem também casos de gente que se conheceu e começou a namorar. Procuramos mostrar ocasiões em que o resort passa a fazer parte da história de vida das pessoas”.

Com atualizações quase diárias, há também o fotoblog que mostra as festas, eventos ou mesmo o cotidiano dos hós-

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pedes na Costa do Cacau. Tudo isso na intenção de manter um ambiente diferente do que se poderia encontrar em hotel de uma grande rede, manter uma relação mais próxima com o cliente, tentando dar-lhe um rosto e fugindo da impessoalida-de que prevalece em muitos hotéis.

“Acredito que esse é o nosso diferencial. O hotel cresceu, se transformou em algo maior do que esperávamos quando começamos a construção, mas temos esse toque de pessoalida-de com quem nos visita. Fazemos o que for possível para que a pessoa se sinta em casa e aproveite o tempo que tem para descansar e se divertir”, acrescenta Nelson, o idealizador dessa filosofia.

Também foi dele a sacada de criar a TV Tororomba, resquício dos tempos em que pegava uma câmera amadora e filmava as festas na boate para depois exibi-las no telão que quase causou uma reviravolta no projeto de construção de um resort no interior da Bahia.

A marca engloba o circuito interno de TV. Todos os quar-tos têm acesso ao sinal, que mostra filmagens de eventos que aconteceram no hotel, informações relevantes, programação do resort e entrevistas realizadas em eventos de turismo. Uma das atrações permanentes é a exibição de depoimento de Ge-raldo de Castilho Freire sobre a criação do Tororomba, um ano antes de seu falecimento.

Foi de Geraldo que Nelson herdou o gosto pelo marke-ting, jornalismo e publicidade. Ambos se formaram advoga-

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dos e exerceram essa profissão. No caso de Geraldo, durante mais de 40 anos. Nelson por um curto espaço de tempo. Mas primeiro pai e depois o filho sempre demonstraram vocação para a escrita e por meios de comunicação. Era um lazer que mais tarde se tornaria fundamental para o crescimento do ho-tel. É bom lembrar que foi de Geraldo a insistência pelo nome Tororomba, assim como o uso do mico leão como mascote do hotel. Além, é claro, de ter sido o visionário que percebeu que um empreendimento em lugar ermo, no meio de um mangue de águas medicinais, era possível.

Nelson apostou no jornal, no site, na TV. Organizou fes-tas, o parque temático e utiliza o tempo inteiro ferramentas de interação do hóspede com o resort, criando um laço entre cliente e hotel.

“Sempre tive vontade de fazer essas coisas, criar jornal, mexer com imagens de TV... é uma vocação que tenho e acho que herdei do meu pai, que escrevia muito bem. Gostamos das mesmas coisas e isso foi importante para o desenvolvimento do Tororomba”, analisa Nelson.

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IX – A Família

O ambiente familiar criado no Tororomba é proposital, mas não significa que seja artificial. Muito pelo contrário. Foi algo que aconteceu no decorrer dos anos, como resultado na-tural do estilo de hospedagem implantado. Também a partici-pação dos hóspedes na divulgação de fotos, notícias e partici-pação em festas colabora para que isso aconteça.

“A intenção desde o início foi criar uma personalidade nossa e única porque se nós imitássemos as grandes redes, não teríamos como vencer porque seríamos comparados a eles. Para que isso desse certo, seria fundamental a partici-pação dos funcionários. Se eles não comprassem essa idéia, não teria como dar certo. Ficaria uma coisa falsa, sem vida”, observa Nelson.

Para contar com a ajuda verdadeira dos colaboradores (e “verdadeira” significa algo sincero, não forçado), a única saída era dar liberdade a eles, trazê-los para perto da administração do resort. Popularizar determinados nomes também faz parte

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disso. O local destinado aos funcionários tem denominação própria, dado na brincadeira por Nelson, emplacou. Lá se encontra. O refeitório, lavanderia, vestiário. Durante a obra, parecia um caos, uma desorganização típica de projeto em an-damento. “Eu disse que aquilo parecia a Vila Socó. Acharam graça e ficou. Hoje todo mundo só se refere à área dos funcio-nários como Vila Socó”, explica Nelson.

O nome permaneceu mesmo com praticamente nenhum dos empregados sabendo o que era exatamente a Vila Socó, em Cubatão, São Paulo, em 1984 houve incêndio provocado pelo vazamento de gasolina de um oleoduto da refinaria da Petrobras.

O nome do boletim interno dos funcionários é Jornal da Vila Socó. “Eles nem imaginam a história do lugar. Apenas acharam engraçado e abraçaram o apelido”, conclui Nelson.

Apelido que nem ele escapou logo que chegou à Costa do Cacau para tocar o projeto do resort. Tanto que qualquer um no hotel que pergunte onde está Nelson Freire, pode ter dificuldade para obter uma resposta objetiva. Pelo menos até o colaborador perceber de quem se está falando. Quer uma resposta imediata? Pergunte pelo Barão. Porque este é o nome pelo qual Nelson é conhecido no Tororomba. “Isso aconteceu logo que ele chegou porque na linguagem popu-lar, barão é quem tem mais recursos, quem manda em algu-ma coisa. O pessoal fala ‘esse aí é barão’. Foi o que aconteceu comigo”, explica.

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De certa forma, é um apelido que resume perfeitamente o papel dele no que concerne às atividades do hotel. Barão é um título nobiliárquico inferior a visconde e superior a baro-nete. Foi criado no Império Romano pelo Imperador Adriano para premiar soldados e administradores que se destacavam em suas atribuições, mesmo sem ter direito a um lugar entre a alta nobreza. No caso de Nelson, o apelido foi o certeiro porque, enquanto Dona Dila cuida de toda a parte adminis-trativa, de contas, hospedagem etc., é de seu filho o papel de observação das necessidades do Tororomba, assim como su-pervisionar toda a parte lúdica de atividades para os hóspedes. Atividades que os funcionários também tomam parte ativa.

Dona Dila também não escapou da alcunha quando de-cidiu deixar São Paulo para morar na Bahia. Mas o apelido foi dado pelo próprio filho. Passou a ser chamada de Dona Xepa, personagem-título de telenovela escrita por Gilberto Braga e exibida pela Rede Globo em 1977, conhecida pela economia. Porque é exatamente desta forma que Dona Dila se comporta quando se trata do Tororomba: com extrema parcimônia no controle do dinheiro. Foi outro nome que caiu nas graças dos funcionários do hotel e Dona Dila não se importa com isso.

O próprio Nelson reconhece que há uma saudável tensão, em alguns momentos, na relação mãe-filho. Porque um tem as idéias para tornar o Tororomba mais divertido, atrativo e uma experiência inesquecível para os hóspedes, mas alguém tem que manter o pé na realidade porque cada novidade gera uma

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nova conta que precisa ser paga. “Mas é estimulante porque eu tenho de encontrar uma forma de fazê-la perceber que aquilo que estou pensando vai dar certo, funciona e no final de tudo vai gerar mais recursos para o hotel”, explica o Barão.

Mas em monografia escrita sobre a trajetória do Tororom-ba desde o início de sua construção, Dona Dila soube reco-nhecer a audácia do filho para realizar o sonho de Geraldo: “Desbravador, ele seguiu os passos do pai. Colocou em prática tudo que foi projetado. Fim de carreira? Não. Início de mais um desafio. Nelson enveredou-se por novos caminhos e criou o departamento de marketing. Usou a sua criatividade e desen-volveu novo projeto: transformou o mico-leão-de-cara-dourada no logotipo e mascote do hotel. Deu vida aos seus sonhos”.

Como em qualquer relação familiar, a harmonia surge do carinho, da discussão e às vezes até mesmo da idiossincrasia entre seus membros. E o Tororomba nada mais é do que parte integrante da família de Nelson Freire e de Dona Dila.

E os funcionários também são parte fundamental dessa família. É muito comum, de fato, encontrar empresas que os donos garantem fazerem parte de uma grande irmandade da qual seus colaboradores diretos e indiretos fazem parte. Algo derivado do que se fala entre jogadores de futebol quando a equipe está vencendo e os títulos estão chegando, mas esque-cido no momento da derrota.

No Tororomba, o esforço diário é para que essa premissa seja verdadeira. A receita é simples: incentivar os funcionários.

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Fazer com que os talentos e aptidões que eles possuam (fora de suas atividades profissionais diárias) sejam exploradas, incenti-vadas e mostradas aos hóspedes.

“Fazemos de tudo para valorizar os funcionários. O fato de eles terem um jornalzinho só deles é uma mostra disso. Tivemos ate um rapaz que ajudava a fazer esse boletim e que tomou gosto pela coisa e hoje está estudando jornalismo.

Como bem resume o Barão: o primeiro objetivo é tirar o melhor de cada colaborador. Quando isso acontece, todos têm a ganhar. Os hóspedes encontram uma equipe de trabalho prestativa e feliz em atendê-los, o hotel oferece um atendi-mento de melhor qualidade e os funcionários sentem que são pessoas valorizadas, não apenas uma estatística no número de empregos na economia local. Neste clima, somos chamados de grande família Tororomba.

Uma das formas de valorização é o show “Pratas da Casa”, oferecido regularmente aos hóspedes. Trata-se de evento feito exclusivamente pelos empregados do Tororomba, em que eles demonstram habilidades que nada tem a ver com suas atribui-ções profissionais no resort.

“O funcionário é apresentado não apenas como cozinhei-ro, mas com outra habilidade especial. Eu me lembro que nós tínhamos um rapaz trabalhando conosco e ele era muito tími-do. Tocava cavaquinho e bem, mas não queria se apresentar porque tinha vergonha. Nós tanto insistimos, tanto pedimos até que um dia ele se apresentou. Agradou, foi aplaudido e isso

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deu a ele mais confiança pessoal. Mostrou que as pessoas po-dem gostar daquilo que ele faz fora do hotel. Perdeu a timidez, que era uma coisa que o acompanhava”, explica o Barão, que foi o maior incentivador para que isso acontecesse.

Além é claro de ter sido o criador do “Prata da Casa”.Como retribuição, ele prometeu fazer uma música sobre

o Tororomba. Semanas depois, apareceu diante do Barão com a letra e música composta. Com a união de outros funcioná-rios que tocam diferentes instrumentos, foi formado um con-junto musical, o Pagodão Tororomba.

Mesmo que de forma precária, Nelson deu um jeito de disponibilizar o samba para quem quisesse escutar no site do hotel. “Foi gravado em celular, mas foi uma coisa no início”. O vídeo da canção também pode ser encontrado no canal do Tororomba no site Youtube e em outros espaços na internet para compartilhamento de imagens e áudios.

A promessa feita quando houve a promessa do pagode foi: faça que eu gravo. E a promessa será cumprida. “Eu vou atrás de um estúdio em que possa fazer essa gravação. Eu sinto que meu papel nisso tudo é colocar lenha na fogueira e incentivar. Nossa intenção é sempre ajudar os funcionários, criando um clima bom, de verdadeira harmonia”. Qualquer um que já es-teve passando férias ou um simples feriado no Tororomba com certeza já percebeu isso, como os depoimentos gravados em podcasts e disponibilizados no portal do tororomba.com.br podem testemunhar. Aliás, essa forma de comunicação surgi-

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da recentemente e desenvolvida para aparelhos portáteis como iPod’s ou iPhones também é explorada por Nelson, utilizando também essa ferramenta como marketing de divulgação.

O Pagodão Tororomba é presença constante nos shows “Pratas da Casa”. Com a adaptação de um vocalista que não é especializado em pagode, mas sim em arrocha, ritmo típico da Bahia. Eles também se apresentam em outras festas que acontecem no resort. E aos poucos, novas músicas foram sur-gindo para serem incorporadas ao repertório. E tudo pode ser conferido na rádio on-line do Tororomba, que serve como vei-culação do grupo criado dentro do hotel.

Mas não é apenas de músicas de pagode que é feito o “Pratas da Casa”. Pelo contrário, nem é mesmo uma apresen-tação apenas musical. Vale quase tudo, quase como um show de calouros: o atendente que sabe contar bem piadas ou cau-sos. O funcionário da reserva que conhece a arte de jogar ca-poeira, o grupo de dança de qualquer ritmo, que se veste de acordo com a exibição, cantores amadores, porém afinados... enfim, qualquer coisa que mostre o talento oculto de quem trabalha no Tororomba. E a surpresa foi grande com o número de pessoas capazes de se apresentarem e satisfazerem o exigente gosto dos hóspedes que normalmente não se contentam com qualquer coisa. Tanto que se tornou uma das principais atra-ções do Tororomba

A doação de vídeos de DVD’s de filmes feitos pela família Freire também proporcionou a criação de uma videoteca, ago-

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ra mantida e com o acervo aumentado pela participação dos próprios funcionários , que administram a troca e empréstimo das obras.

Além do jornal, os funcionários contam também com um fotoblog atualizado sempre que acontece qualquer novi-dade. “É rotineiro colocarmos coisas que não tem como pú-blico alvo principal o hóspede, mas a valorização do próprio funcionário”, lembra o Barão.

É comum encontrar fotos de festas internas promovidas entre os colaboradores, ou o nascimento do filho de alguém, se alguém passou no vestibular e vai cursar faculdade... é a ver-são digitalizada da antiga rádio peão, como eram as chamadas as notícias que corriam de boca em boca entre as pessoas que militam em uma mesma empresa.

Tudo isso é uma das principais armas do Tororomba e um dos seus apelos de marketing para atrair visitantes para a Costa do Cacau: a capacidade de unir o conforto de um hotel de alto padrão e a intimidade de uma grande família sempre disposta a servir.

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X – Social

O Tororomba é uma empresa e, como tal, visa o lucro. Os funcionários vendem sua força de trabalho aos empresários e com isso, recebem uma remuneração mensal. É o princípio da sobrevivência do capitalismo. Mas resumir tudo o que é feito no hotel a essa assertiva seria puro reducionismo, além de injustiça com Nelson e, principalmente, Dona Dila.

Há centenas de empregados que estão ou já passaram pelo empreendimento e são testemunhas dos esforços dos Freire para criar uma família dentro do hotel. São várias iniciativas que vão além da simples melhoria nas condições de trabalho. É crescimento pessoal e da qualidade de vida de quem está todos os dias a serviço do Tororomba e de seus hóspedes.

“O pensamento do que fazemos tem sempre no fundo a frase ‘O amor é essencial para os negócios’, cunhada por Fraze e Manfred Kets de Uries (professor titular de desenvolvimento da escola de administração Insead da França)”, lembra Dona

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Dila, orgulhosa das ações sociais tomadas no decorrer dos úl-timos anos em favor dos funcionários.

De fato, em grandes e pequenas corporações atuais, a res-ponsabilidade social tem se tornado uma constante no dia a dia dos empregados. O conceito de que as atividades cotidia-nas associadas ao bom convívio social são elementos funda-mentais para a melhoria da qualidade de vida dos trabalhado-res, também tem conquistado mais espaço. “É um princípio básico que é incontestável. Quem está feliz com o local onde trabalha e com a função que desempenha, produz mais. Todos temos a ganhar com isso”, observa Nelson.

O complemento é do próprio Kets de Uries: “As pessoas gastam tanto tempo no trabalho que as empresas precisam ser uma comunidade. Elas precisam gostar umas das outras”.

Pode parecer uma obviedade, mas que muitas vezes não é observada tanto por patrões quanto empregados. Com isso em mente, o Tororomba desenvolveu programas para auxi-liar o desenvolvimento social de seus colaboradores. E estes cobrem diferentes campos: desde a questão do crescimento familiar à faculdade.

O mais comum de se encontrar em outras companhias é o plano de saúde, benefício que se estende aos familiares mais diretos. A empresa contratada para prestar o serviço foi a Uni-med, reconhecidamente uma das principais marcas do País em sua área de atuação.

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Como o plano não cobre problemas e emergências den-tárias, o Tororomba contratou um odontologista para atender os funcionários em qualquer hora do dia ou da noite (em caso de urgências). É um serviço particular que o hotel paga à vista. O colaborador reembolsa o departamento pessoal, pagando apenas de acordo com suas possibilidades financeiras. “Não temos problemas em parcelar isso em longas prestações para que o funcionário consiga pagar sem comprometer demais sua renda”, ressalta Nelson.

Um dos problemas observados durante anos de convi-vência com famílias da região é a falta de planejamento fami-liar. “Quem já tem dois filhos, procuramos conscientizá-los que é uma época difícil para se ter uma família numerosa. É algo que pode se tornar um problema social”, explica Dona Dila. Para os homens dispostos a fazer vasectomia, o Tororom-ba paga a cirurgia diretamente ao médico, sem qualquer ônus para o funcionário.

Várias pessoas que trabalham no resort aprimoram a edu-cação e são estimuladas constantemente a isso. Alguns estão na faculdade. Quem consegue chegar a esse estágio sempre conta com não apenas a compreensão dos patrões, mas apoio financeiro. Nelson e Dona Dila pagam a metade ou até mes-mo 100% da mensalidade dos colaboradores na instituição de ensino particular. Cada pedido é analisado separadamente pelos dois. “Cada caso é um caso e pensamos com carinho em todos”, faz questão de ressaltar Nelson.

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Saúde e educação. Faltou apenas a moradia. Na verdade, não faltou, não. “Funcionários que pagam aluguel e estejam dispostos a começar a construir sua casa própria (e tenham ter-reno para isso), nós ajudamos na medida do possível para que se mudem o mais rápido possível e saiam do aluguel, mesmo que a moradia ainda não esteja totalmente finalizada. Esse va-lor que é economizado pode ser usado na finalização da casa”, ressalta Dona Dila.

Desde o início, a preocupação de Geraldo Freire era ape-nas uma: levar progresso e crescimento econômico e social para a região onde nasceu. Foi assim que o Tororomba foi con-cebido. É difícil imaginar uma maneira mais eficaz de realizar esse desejo do que cuidar do futuro de quem colabora com o sonho idealizado por ele 20 anos atrás, quando se pensava num projeto copiado da Polinésia, que mais tarde revelou-se inviável. Dona Dila, aos 75 anos, baseia seu trabalho em sua formação profissional de assistente social utilizando o tripé: educação, saúde e casa própria.

Os hóspedes têm a oportunidade de tirar proveito do am-biente harmonioso do hotel. O Tororomba está sempre aberto a sugestões e críticas de seus clientes. Além dos veículos eletrô-nicos para os depoimentos (por e-mail ou pelo site do resort), a recepção oferece formulário no momento do check-out para que eles dêem suas sugestões e opiniões. Todas as mensagens são respondidas pessoalmente por Dona Dila. “Pelas respostas, percebemos o quanto nossos funcionários são gratos ao hotel e

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dedicam muita atenção e apreço aos hóspedes. Isso consolida de forma positiva a imagem da empresa”.

Nelson acredita que esse é um dos motivos para a boa taxa de ocupação que o Tororomba registra em todas as épocas do ano. “Se você pensar que não somos um hotel de grande rede nem investimos pesado em ferramentas de marketing tra-dicionais nem em propaganda, é um retorno surpreendente”.

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XI – Parque Temático

A diversidade sempre fez parte do Tororomba. Basta lembrar a barraca de praia (que existe até hoje), o bar... tudo sempre nasceu da observação, da atenta análise do comporta-mento dos hóspedes e do potencial da região. E também pela opinião de quem visita o local e, principalmente, volta nas férias seguintes. “Nossa propaganda se baseia no boca a boca. E aí temos um retorno muito bom e eficiente se estamos acer-tando ou não”, explica Nelson.

Sem pesquisas caras e complicadas para identificar onde investir, a família Freire foi obrigada a confiar na intuição aliada à observação e ousadia. “Tudo é tentativa e erro. Até chegarmos a resultado satisfatório para nós e os hóspedes”, completa Nelson.

Foi assim que em 2004 surgiu a idéia de construir um parque temático dentro do resort.

A ideia tinha muita lógica. Ilhéus, apesar de ser uma re-gião rica em praias, coqueiros e áreas verdes, não tinha ne-

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nhum parque com piscina para que a família pudesse passar O dia. Um lugar com tobogãs, passeios, trilhas. Nelson resolveu tentar. “Tem dado muito certo. Medimos isso pelo número de pessoas que nos visitam.”

Nos recursos obtidos com este serviço, o hotel encontrou uma renda para atenuar a sazonabilidade, problema que aflige qualquer empreendimento turístico. O Bosque Ecológico foi complementado com cascata, lugar para churrasco, casa do Tarzan, trilas ecológicas e uma pequena igreja, réplica da Igre-ja do Rio do Engenho, a segunda mais antiga do Brasil.

Nelson, ao se separar da esposa, transferiu temporaria-mente sua residência para a área do bosque, que estava total-mente abandonada. Como o local passou a ser sua residência fixa, foram feitas melhorias e nasceu o que hoje é o Bosque Ecológico.

Outro ponto turístico do Tororomba nasceu da adver-sidade da separação dos filhos pequenos, que queriam estar com a mãe e o pai, mas havia o risco de atravessar a rodo-via que separa o hotel do bosque. Nelson idealizou o túnel “Indiana Jones” que atualmente é passagem obrigatória dos hóspedes mirins. Ele pode ser ultrapassado a pé sob a rodovia ou de caiaque.

Os chalés do bosque são usados na alta temporada, quan-do as unidades do hotel estão totalmente lotadas.

O perfil dos hóspedes do Tororomba é de casal com filhos na faixa dos 13 anos. Isto também contribuiu para a decoração

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do hotel. Por exemplo: ao se estudar um chafariz, ele foi proje-tado na forma de um dinossauro expelindo água. O lado lúdi-co tem que ser preservado e esta visão tem ajudado o hotel na capacitação de eventos como excursões de escolas da região.

Com a mente no público que desejava atingir, Nelson criou o mascote do Tororomba. Seu pai queria o mico leão. Este foi mantido, mas foi realizado concurso para escolher outro nome. O desenho foi encomendado para um artista de São Paulo. Assim nasceu o Xepinha, que combina tam-bém com o apelido de Dona Xepa, dado carinhosamente a Dona Dila.

O Xepinha alterou a logomarca do hotel. Suas imagens são encontradas em jogos e downloads no site do resort. Xe-pinha virou o Mickey da Costa do Cacau. “O que o Mickey é para a Disneylândia, o Xepinha é para o Tororomba”, comple-ta, divertindo-se, Nelson, que quase sempre se refere à região como a Disneylândia da Costa do Cacau.

Uma outra alternativa para manter a receita nas épocas chamadas de “baixa estação”, por quem está no ramo hotelei-ro, é alugar espaços para eventos. Isso se tornou mais um su-cesso do Tororomba. “Temos eventos que se repetem todos os meses, como empresas que periodicamente nos procuram para realizar convenções e cursos para seus funcionários. Alugamos o salão e disponibilizamos hospedagem e toda a estrutura do Tororomba. É mais uma iniciativa que tem funcionado muito bem desde que a idealizamos”, comemora Nelson.

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O mesmo acontece no “ramo” dos casamentos. Começou de forma tímida, mas hoje surgem cada vez mais consultas para alugar o espaço para as cerimônias religiosas e civis. Até mesmo na região do bosque. Curiosamente o local que foi idealizado para diversão das crianças e para passeios em cená-rio diferente dos que estão disponíveis na região da Costa do Cacau.

“Isso foi uma coisa que nos surpreendeu, mas estamos aumentando cada vez mais a experiência nesse ramo de ativi-dade. O hotel não tem que se preocupar tanto com a questão de hospedagem na alta temporada, no final de ano ou nos feriados prolongados. Mas se você analisar o calendário, há mais períodos de baixa temporada do que de alta. Então, so-mos obrigados a fazer de tudo para amenizar esse problema da sazonabilidade, que aflige todos os hotéis”, analisa Nelson.

E atenuar, no caso do Tororomba, significa usar e abusar da criatividade. Os hóspedes sabem bem disso porque tomam parte em um roteiro de festas temáticas estabelecidos pela equipe de monitores do resort.

Uma das principais atrações é a encenação de peças em que hóspedes e filhos destes tomam parte como personagens principais. Algo que é quase impossível de encontrar em outro local de hospedagem no País. Tornou-se uma das marcas mais importantes do Tororomba. Pura criatividade.

“Nós temos as fantasias e montamos o roteiro. Às vezes a filha de um hóspede é a princesa que é resgatada e chega à

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praia num barco. E o pai tem a chance de fotografar e filmar a filha vestida e atuando como princesa. É algo que agrada a todas as idades”, orgulha-se o Barão.

Isso é parte integrante do sucesso do Tororomba. Desde o início, um resort diferente dos demais. Criado e desenvolvido a partir da criatividade, observação e ousadia de seus proprie-tários. Para felicidade de quem se hospeda. Afinal, tudo o que é feito naquele espaço no coração da Costa do Cacau, é feito pensando neles.

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XII – Futuro

Qual o futuro do Tororomba?Essa pergunta faz os Freire pensarem. A resposta não é

fácil. Como prever o que vai acontecer nos próximos anos em um empreendimento em que o fator surpresa e o improvável têm sido protagonistas em sua trajetória nos últimos 20 anos?

Do que existe hoje, muito pouco foi planejado desde o início, quando Geraldo Freire chegou à confortável residência da família em São Paulo dizendo que compraria um terreno para construir um hotel.

Desde o resort com características polinesianas, muito pouco restou da idéia original. O Tororomba se tornou quase como uma entidade mutável que, graças à aguçada percep-ção da família Freire, foi se transformando, se modificando e se adaptando às circunstâncias. Sistematicamente, mudando para melhor.

“É difícil prever o que vai ser o futuro. Em determina-dos momentos foi complicado sobreviver sem ser um hotel de

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rede, que conta com segurança financeira maior. Temos cons-ciência que, na questão hoteleira, estamos um pouco nadando contra a maré porque cada vez mais os mais fortes se unem. Nós continuamos como uma empresa familiar que busca ofe-recer entretenimento para os nossos hóspedes”, define Nelson Freire, apelidado de Barão por seus funcionários.

Nelson trabalha para melhorar ainda mais o site, adaptan-do-o a novas tecnologias e aprofundando a sua característica multimídia. Ferramenta de divulgação não apenas para quem administra o hotel, mas para os funcionários e os hóspedes. Esse é um setor que merece atenção especial. A melhoria tem que ser constante porque as tecnologias mudam muito rápido constata o Barão.

Ele se identifica muito com esse ramo de atividade. Um jornalista que enveredou por outros caminhos, ele vê o site do Tororomba como um portal. É essa a característica que deseja deixar mais evidente nos próximos anos.

Nelson não tem paciência com números. Isso ele confessa sem qualquer constrangimento. Ele gosta mesmo é de planejar a parte lúdica das atividades. É isso o que fez nos últimos anos e é o que planeja seguir realizando.

Dona Dila, não por acaso apelidada de Dona Xepa, se-guirá controlando com mão de ferro e calculadora na mão as contas do hotel. Evitando gastos supérfulos, exatamente como uma dona de casa faz em sua residência. Porque desde que

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decidiu deixar São Paulo e se mudar para a Bahia, é isso o que o Tororomba tem sido para ela: a nova casa.

O futuro próximo deve repetir o passado porque, como diria Nietzche, a verdade é um círculo. A história se repete e os conflitos familiares devem prosseguir. Nelson pleiteando in-vestimentos para incrementar as atrações do resort. Dona Dila fazendo e refazendo as contas para comprovar se é possível ou não fazer o gasto.

O Tororomba vai, nos próximos anos, continuar ofere-cendo opções de diversões sadias para as crianças que se hos-pedam com os pais. Uma pausa no vídeo game e na internet para andar de caiaque, fazer trilha, passear no bosque e prati-car esportes ao ar livre. Com o passar do tempo, surgirão com certeza novas opções, que às vezes até anularão as anteriores. Mas a essência continuará sendo a mesma.

Nelson com certeza não vai mais embarcar em aventuras, como ser o Rei da Noite na região, mas prosseguirá experimen-tando novidades e dessa experiência, criará novas atrações, inva-riavelmente iniciativas pioneiras nos empreendimentos do gêne-ro na Costa do Cacau. Como já aconteceu tantas vezes. Dona Dila não vai mais precisar colocar a pasta debaixo do braço e percorrer operadoras de turismo para incluir o resort próximo a Ilhéus nos roteiros das empresas. Mas seguirá cada vez mais aten-ta às necessidades também dos seus funcionários, para fazer sem-pre a máxima de que existe uma “grande família Tororomba”.

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Incentivador, seu filho poderá descobrir novos talentos musicais nos shows pratas da casa. Quem sabe daí não sairá um cantor ou grupo de sucesso? O que vale é a iniciativa.

E iniciativa é algo que jamais faltou aos administradores do Tororomba nos 20 anos de seu funcionamento. Com certe-za a barraca de praia Roda D’Água, que por pouco tempo fez Nelson esquecer que havia um hotel para construir, vai conti-nuar funcionando como sempre deveria ter sido: um apêndice para o projeto maior que era o resort.

Como é possível descrever o futuro de um empreendi-mento que fez da mutação sua marca registrada? Pois se até mesmo o nome se firmou sem que os donos percebessem. Afi-nal, a aposta era na caixa d’água estilizada como um farol. Não em uma expressão que era conhecida apenas pelos moradores mais próximos.

O que não vai mudar é a frequência dos hóspedes. Tal-vez, pelo andar da carruagem, eles fiquem mais interessados em passar dias longe da fumaça, dos arranha-céus, do trânsito caótico e do excesso de eletrônica que está ao redor de forma onipresente nas grandes cidades. O Tororomba pode ser ainda mais uma opção de contato com a natureza, com animais pró-ximos de seus habitats naturais e de praias em que a poluição é apenas uma expressão de retórica. Não uma realidade.

Enfim, é impossível descrever o futuro do Tororomba. Mas é bem fácil afirmar que ele vai cumprir sua vocação. A

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mesma imaginada por Geraldo Freire na metade da década de 80: levar o progresso para o local onde nasceu.

Para Dona Dila, o Ecosort Tororomba passou a ser o seu reduto. Algumas vezes, ela pode ser vista caminhando em di-reção ao ponto de encontro das águas do Tororomba com as águas do mar. É o seu ponto de encontro, seu minuto de silên-cio e agradecimento ao grande idealizador que teve suas cinzas respeitosamente depositadas naquele local.

“Um dia eu vou ajudar minha terra”, foi o pensamento que fez tudo começar.

O sonho foi realizado. Agora basta manter acesa a chama.

Foto do encontro das águas

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XIII – Introdução aos 25 anos do Hotel

Tororomba

Cinco anos foram ontem. O Hotel Tororomba passou por muitas mudanças no período que separou a primeira (feita para comemorar os 20 anos de fundação) e a segunda, en-comendada para celebrar o Jubileu de Prata. São 25 anos de criação.

Uma das características do resort foi sempre estar pronto para mudanças, estar aberto às surpresas. Quem acompanhou a trajetória sabe que o destino foi sinuoso para o empreendi-mento em Ilhéus. As coisas vão mudando com o passar do tempo.

Afinal, não era para ser um resort. Geraldo de Castilho Freire tinha o sonho de oferecer uma chance de desenvolvi-mento para o seu povo, para a região em que nasceu. Seu filho se apaixonou pelo lugar e abraçou a causa. O negócio foi cres-cendo, crescendo e crescendo, até se transformar em uma área

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de lazer de 50 mil metros quadrados. Pelo menos, o desejo do velho advogado, que fez carreira em São Paulo. tornou-se realidade. Seu sonho ajudou a movimentar Ilhéus, no litoral da Bahia.

Empreendimentos ao redor do Tororomba foram criados e fechados. Outros apareceram para ficar. Há a perspectiva de expansão imobiliária, do crescimento do progresso. O resort, criado há 25 anos, permanece no mesmo local. Mas não imu-tável, porque esta palavra não combina com quem já mudou (e muito) em mais de duas décadas.

A vida é tão surpreendente que a prioridade, em algum momento nessa trajetória, chegou a ser uma barraca de praia, não o hotel em si. Ou pensou-se na possibilidade de o comple-xo de lazer ser vendido para uma grande rede hoteleira. Mas não era para ser. Porque, afinal, o dever sempre foi o mesmo: levar empregos e desenvolvimento para a região.

São novos desafios, porque administrar um hotel tão abundante em recursos naturais significa apoiar-se em um vi-sual que existe há milhares de anos. Mas, ao mesmo tempo, é preciso acompanhar o desenvolvimento, as mudanças da mo-dernidade. Deve-se investir nas mudanças, mas sem mexer no tradicional. Estar atento à Internet e ao atendimento remoto, sem perder o charme do contato pessoal, da experiência hu-mana. Oferecer o conforto real, mas ter a consciência de que se está lidando com os sonhos das pessoas.

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O desafio é considerável. Manter o pé em um ideal e acompanhar o tempo. E o tempo é imperdoável.

É para evitar que sejamos devorados que registramos a evolução da alegria que é o Hotel Tororomba chegar aos 25 anos de criação, porque 25 anos foram ontem. Mas, ao mes-mo tempo, faz bastante tempo e há muito para contar.

Tenha uma boa leitura!

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XIV – A Pousada

Do outro lado da pista havia algumas unidades, do tipo residenciais, que eram utilizadas como moradia pelos funcio-nários. Com o passar do tempo, estes colaboradores deixaram de morar no local e a decisão tomada pela administração foi reformar essas residências, para que pudessem ser alugadas co-mercialmente. O aumento do número de quartos serviu de incentivo para a expansão.

Alugar, porém, a área anexa do hotel, com o nome do Resort Tororomba, começou a ficar complicado exatamente pela característica de estar do outro lado da pista da rodovia. Isso mesmo com as acomodações oferecendo todo o conforto e livre acesso à infraestrutura do local. A diferença, em termos de conforto, não era tão grande em relação aos demais quartos do Hotel, mas os hóspedes reclamavam porque era distante da praia. Isto se tornou um problema.

“Todos eram avisados antecipadamente, e em detalhes, das configurações desses quartos, e que havia um túnel que

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passava sob a rodovia, com acesso ao hotel. Assim, as crianças não correriam perigo para atravessar a pista. Toda a segurança era oferecida, e jamais tivemos qualquer problema com isso. Existia, porém, o problema do local, que tem uma configura-ção diferente do hotel, já que está situado em uma área ecoló-gica”, afirma Nelson Freire, que mora exatamente nesse espaço há muitos anos.

Uma das alternativas possíveis era mudar o nome daque-la região para diferenciá-la do Hotel Tororomba. Foi quando surgiu outra ideia para os administradores do resort: oferecer um pacote turístico diferente para quem se hospedasse ali. Em vez do hotel, nascia a Pousada do Bosque Tororomba. Alterar o nome para uma pousada já deixava claro que haveria alguma mudança no estilo de acomodação.

Por estar mergulhado em uma área ecológica, em cons-tante contato com a natureza, há passeios que são chamados de “contemplação”, nos quais o hóspede pode ter uma intera-ção mais direta com o meio ambiente do local, sem necessitar de longas caminhadas. Tudo está ali, a poucos metros de dis-tância. Para quem gosta mais do silêncio, de animais e de um espírito natural, é o ambiente perfeito.

“Oferecemos esse pacote, e a aceitação é muito boa. Evi-tamos a dor de cabeça também, porque se o cliente telefona para fazer uma reserva e não há quartos no hotel, nós infor-mamos a existência de outra empresa coligada, que fica do ou-tro lado da pista. Falamos de toda a infraestrutura e do que é

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oferecido. Então a pessoa já vem sabendo antecipadamente de todos os detalhes e de tudo o que é oferecido. Não é apanhado de surpresa em nenhum aspecto”, completa Nelson.

Foi uma sacada que serviu para oferecer uma alternati-va de hospedagem com embalagem diferente, e que ganhou aceitação imediata, também por ser oferta mais econômica de estadia. Os 20 quartos disponíveis, apesar da decoração mais simples, possuem TV a cabo, internet sem fio e ar condicio-nado. De resto, a estrutura usada é derivada do resort. A re-cepção, a alimentação dos hóspedes, o acesso à praia... Tudo acontece pelo Hotel Tororomba, que está a poucos metros de distância. De certa forma, a pousada tem uma sensação de iso-lamento que não é real (já que o resort está muito próximo), mas agrada a um tipo de público.

A pousada adotou um conceito cada vez mais buscado por hóspedes. Ele é o “Pet Friendly”.

“Quem possui cachorro ou outro animal de estimação tem dificuldade para se hospedar em hotéis no Brasil. Não é qualquer lugar que os aceitam, e a ideia do pet friendly não está tão difundida. Achamos que este foi um caminho interessante para tornar a pousada mais atrativa para nossos clientes”, res-salta Nelson.

A propaganda da novidade tem sido no “boca a boca”, entre as pessoas que se hospedam no local - porque, apesar da procura, não há muitos locais para divulgação do serviço. A receptividade para animais de estimação é colocada com des-

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taque no site criado para a pousada, com link dentro do en-dereço eletrônico do hotel. O mesmo acontece em endereços eletrônicos que oferecem opções de hospedagens.

Os animais podem ficar na pousada e na área ecológica. Têm acesso proibido à área principal do hotel.

Outra aposta nasceu da leitura das grandes revistas de tu-rismo do exterior. Observou-se que, na Europa e Estados Uni-dos, há o crescimento do “glamping”, uma forma de camping para quem não quer passar pelas privações de estar acampado ao ar livre, sem nenhum dos confortos da vida moderna. É colocar certo glamour em passar a noite em uma barraca, em contato com a natureza.

“Muitas vezes, a pessoa tem vontade de acampar, mas não quer ou não sabe montar a barraca, nem está disposta a car-regar um monte de coisas. Deseja que alguém faça todas essas coisas para ela. Quer apenas ter a experiência, aquela sensação de aventura, mas com certo conforto para si e para a família. Isso nasceu na África do Sul, com aqueles passeios na savana em que as tendas podem ser mais luxuosas do que o quarto. É um conceito que lá deu muito certo”, completa Nelson Freire.

Este projeto, porém, após dois anos de experiência foi abandonado, pois não houve adesão dos clientes...

Como já havíamos feito investimento em barracas e pre-parado o local, começamos a oferecer, em janeiro de de 2015, uma nova atividade lúdica para as crianças na faixa de 10 a 14 anos, hospedadas no Hotel - o Acampamento na Mata. Os

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pais, mediante termo escrito, autorizam seus filhos a dormi-rem por uma noite acampados, acompanhados por monitores especializados. As crianças, no dia do acampamento, prepa-ram a área para a fogueira, as tochas e ajudam na armação das barracas. No final das atividades do Hotel, elas vêm ao local com travesseiro e lençol, para dormirem nas barracas. Antes de se recolherem às barracas, são feitas várias brincadeiras em volta da fogueira. Até o momento, já realizamos cinco acam-pamentos e o feedback tem sido muito bom.

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XV – Passeios

A região do Tororomba é recheada de locais de interesses turísticos e culturais, a maioria deles desconhecida do grande público - às vezes, até mesmo das pessoas que moram nas re-dondezas. Nos últimos cinco anos, a administração do hotel criou passeios para divulgar o local e difundir o que o litoral baiano tem a oferecer. Há o componente cultural, além de ser uma opção de lazer e sem custos adicionais para o hóspede.

Há o passeio pelo Bosque Tororomba. Nele, os hóspedes conhecem a central de compostagem e a fábrica de sabão do Hotel. Também conhecem o local onde é realizado o projeto Camping na Mata, e as casas da Pousada do Bosque, que são liberadas para se hospedar com animais de estimação.

Um passeio que ocorre todo sábado, há mais de três anos, é a caminhada pela Trilha Aldeia Taba Jairy. Quem está presente participa voluntariamente de uma atividade lúdica, em que se carregam sacos e recolhem lixos atirados na mata. Quem coleta mais detritos recebe um brinde do hotel. Em

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determinado momento, a trilha se torna cada vez mais estrei-ta, passando por cima do rio. “É um turismo de aventura”, constata Nelson. Os hóspedes podem tomar banho em uma cachoeira, algo que apenas agrega valor ao programa, próprio para todas as idades.

No final da trilha, os hóspedes visitam uma aldeia indí-gena tupinambá. Os índios recebem os visitantes com rou-pas típicas e contam a história sobre como viveram na aldeia. Também explicam como foi a colonização pelos portugueses. Quem quiser, pode comprar peças de artesanato fabricadas na aldeia, o que serve para colaborar com a tribo e com a preser-vação da cultura local.

A volta é feita pela orla da praia e tornou-se, em pouco tempo, um dos grandes sucessos de público no Tororomba. Não é cobrada nenhuma taxa, e trata-se de uma oferta de tu-rismo inédita na região de Ilhéus, não encontrada em nenhum outro resort.

“O que me deixa feliz é que, na volta do passeio, nós passamos pelo local onde meu pai pediu para que suas cinzas fossem jogadas. Muitas pessoas começaram a tirar fotos. Foi quando senti que se tornou parte do passeio, uma espécie de atração turística”, explica o diretor do Hotel.

O encontro com um amigo oceanógrafo fez Nelson ter a ideia de criar outro passeio, a ser oferecido aos hóspedes. Ele comentou trabalhar para uma ONG que realiza o resgate de animais marinhos.

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A ONG Animais Mamíferos Aquáticos passou a fazer par-te do roteiro oferecido aos hóspedes do Tororomba.

A entidade possui todo o know-how para cuidar de golfi-nhos encalhados na praia, baleias e outros mamíferos que pre-cisam de cuidados, antes de voltarem ao habitat natural. “Falta a eles um pouco do marketing de projetos semelhantes - como o Tamar - que têm logotipo, vendem produtos, têm lojinhas. Mas é um trabalho muito bonito e bem feito. Só precisaria de um pouco mais de divulgação na região e na mídia”.

Aos poucos, o Tororomba começou a levar grupos de hóspedes para conhecer o trabalho desenvolvido pela ONG. O hotel colabora financeiramente com a Animais Mamíferos Aquáticos, e convida os interessados a fazerem o mesmo, o que resulta em arrecadação maior para a entidade. Os horários coincidem com os de alimentação do lobo marinho, o que chama mais a atenção. A veterinária do projeto explica todo o funcionamento, como os animais chegaram até lá, o processo de resgate, e como a instituição trabalha.

Cada passeio dura entre uma e duas horas, o que possi-bilita ao hóspede ganhar conhecimentos culturais e da vida animal da região. Como não ocupa todo o período da manhã ou tarde, ainda é possível para quem participa da excursão, aproveitar várias outras atrações que o resort tem a oferecer. Infelizmente, este passeio deixou de ocorrer no final do ano de 2014, porque a ONG foi desativada.

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Estamos, porém, sempre procurando outros passeios para os quais possa haver interesse dos hóspedes. Uma alterna-tiva que está sendo negociada é o passeio por uma trilha até a UDV - União da Vegetal. Esta organização ocupa terreno atrás do hotel e prega a doutrina espiritualista do Santo Daime.

Os hóspedes seriam levados até lá e um representante ex-plicaria como é o ritual desta religião, sua história, o que pre-ga, etc. Estamos aguardando a autorização dos dirigentes desta associação para começarmos a oferecer o passeio.

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XVI – Desenvolvimento da região

A expectativa de crescimento da região de Ilhéus pode ser vista pelo investimento imobiliário. Quem chega ao To-roromba pode constatar a construção de vários condomí-nios de alto padrão, destinados a uma classe média em ex-pansão. A região está atraindo cada vez mais pessoas desta faixa econômica.

Outras provas disso são os projetos para construção de um aeroporto internacional, que terá a capacidade de in-crementar o turismo e é esperado pelo setor de serviços da região. O aeroporto tornará os deslocamentos mais ágeis e será um atrativo a mais. Um porto tembém deverá ser cons-truído para exportar minérios da região sudoeste do estado.

As obras no Porto Sul são o maior projeto portuário do Brasil e, após quatro anos de espera, enfim receberam, em 2014, a liberação de licença de instalação pelo Ibama, certificando que não há qualquer ameaça ambiental. A ex-pectativa é de que entre em operação em 2017, com inves-

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timentos de 5,6 bilhões de reais no decorrer dos 25 anos seguintes.

Serão construídos dois terminais, a serem operados pela Bahia Mineiração e por fundos privados, em associa-ção com o governo baiano.

Em Caetité, cidade a cerca de 390 km de Ilhéus, está instalada a única mina de urânio em atividade no País. Já foram produzidas 3,3 mil toneladas de minério a céu aber-to. A mina subterrânea tem produção estimada em 400 to-neladas por ano, e também será capaz de atrair mais inves-timentos e moradores.

Manabi, Bahia Mineração e Ferrous Resources são três empresas que anunciaram planos estratégicos de in-vestir cerca de 18 bilhões de reais em projetos que podem se transformar, a partir de 2018, em uma produção de 60 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, na Bahia e em Minas Gerais.

A perspectiva para os próximos anos é de que a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto baiano seja de 3,5%. O número é maior do que o estimado para o resto do País, que fica em 2,3%. Para 2015, o orçamento previsto é de 35,7 bilhões de reais, de acordo com o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias.

A expectativa de crescimento baiano na economia se baseia na manutenção das baixas taxas de desemprego. Es-pera-se, também, o crescimento da renda média da popula-

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ção, além de mais investimento em atividades econômicas no Estado. Entre elas, a mineração, o turismo e a questão portuária.

Obs. – As taxas e números acima foram obtidos an-tes da crise econômica de 2015, o que torna um pouco incertas as perspectivas de crescimento da região.

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XVII – Departamento de jornalismo

Um dos diferenciais do Tororomba, o seu departamen-to de jornalismo cresceu nos últimos cinco anos. Isso graças à evolução tecnológica e a facilidade para a transmissão de imagens, vídeos e mensagens informativas, claro. Mas, princi-palmente, pela vontade de inovar da administração do hotel, superando qualquer possível limitação.

Isso faz com que o resort ofereça serviços que também estão presentes em concorrentes, mas com um toque pessoal, exclusivo. Um destes serviços foi criar um circuito indoor de TV. “A ideia inicial era ter uma empresa fazendo isto para nós, porém as negociações não avançaram por diversos motivos. Foi quando resolvemos fazer o nosso próprio sistema interno para os hóspedes”, confessou Nelson.

Em um canal nos aparelhos dos quartos, o hóspede pode conferir informações sobre o hotel, programação de passeios, atrações, etc.

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O toque pessoal é que o hóspede pode ver-se na “emisso-ra”. Se foi fotografado, fez aniversário ou ganhou um torneio ou promoção promovida pelo Tororomba, sua imagem apare-ce em todos os quartos. “Isso causa um impacto considerável. O hóspede se sente valorizado”, completa.

Por não depender de uma empresa que está em outro es-tado do País, a qual iria atualizar as informações remotamen-te, via internet, o Tororomba consegue dar um toque pessoal e evitar que o serviço seja pasteurizado, impessoal. “Quan-do vou a outros hotéis, mesmo no exterior, fico procurando este tipo de coisa, para comparar com o nosso serviço, e posso dizer que é difícil encontrar qualquer coisa igual. Os outros têm apenas por ter, não oferecem nenhum diferencial”, analisa Nelson, sem falsa modéstia.

As informações ficam expostas 24 horas por dia, sete dias por semana, em forma de looping e sempre dando preferência para informação que se refira ao hóspede ou que seja útil a ele. Na tela também aparecem dicas de sustentabilidade, além de hora certa e imagens de câmeras que estão do lado de fora do resort, em locais de grande concentração de veículos.

“Para sair do hotel e chegar à cidade há uma ponte, a Ilhéus-Pontal, que vive congestionada por carros. Sempre tem algum problema por lá. O trânsito é complicado. Pesquisan-do na internet, descobri que existe uma câmera online nessa ponte. Consegui colocar as imagens no canal interno. Se o hóspede quer ir para o centro, antes de sair pode ver como

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está o trânsito e decidir se aquele é o melhor horário ou não. É um serviço de utilidade pública, e muito usado por quem deseja ir à cidade”.

A preocupação passa até mesmo pela trilha sonora deste canal. Normalmente, são oferecidas músicas ambiente. Algo que não tem muito a ver com a personalidade do resort no interior da Bahia. No Tororomba, a cada dia são colocadas canções de um ritmo diferente. A trilha sonora é interrompida apenas para mensagens informativas e podcasts.

O objetivo final é sempre ter um serviço diferenciado, o mais pessoal possível. “O hotel é uma atividade comercial diferente de uma academia de ginástica, salão de cabeleireiro, um escritório qualquer... Porque a pessoa mora com a gente durante um determinado período, por 24 horas do dia. Ela dorme e se diverte no Hotel. Às vezes se hospeda para realizar um sonho, comemorar alguma data ou algo que tenha a ver com o lado emocional. Estando lá com as pessoas, nós conse-guimos colocar isso na TV. É uma coisa inusitada que a gente tem feito, e que percebemos agradar a quem está conosco”, lembra Nelson Freire.

Outro canal oferecido aos hóspedes é no dial 40. Nele são veiculadas matérias jornalísticas produzidas e editadas pela equipe do Tororomba. “É como se fosse a nossa versão do pro-grama Amaury Jr”, brinca Nelson.

Quando há qualquer evento no resort, a equipe do ho-tel produz uma reportagem em vídeo, com entrevistas e mi-

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crofone que tem um cubo com o logo da TV do hotel. Seja Réveillon, Carnaval, concursos promovidos localmente, cam-peonatos de futebol, enfim... Todos os eventos são motivos para matérias. O que foi realizado é mostrado no canal 40. Para alimentar a emissora e ter mais material disponível, Nel-son e a família produzem reportagens quando fazem viagens para o exterior. Como são atemporais, podem ser veiculadas a qualquer momento, sendo editadas e mostradas em módulos. Tudo continua atual, no final de tudo.

Para completar, são introduzidos vídeos engraçados, vi-rais que estão na internet e que podem ser trocados constan-tememte, já que a velocidade da Internet oferece quantidade infinita de material.

Um canal é pouco. Dois é bom. Três não é demais.O Tororomba disponibilizou para os hóspedes câmeras

ao vivo de todas as áreas comuns do hotel, como a piscina, a portaria e a cabana de praia. Sem sair do apartamento, a pes-soa pode ver o movimento nesses locais. Neste canal é tam-bém veiculada a playlist 2 da Rádio Web Tororomba. “Eu sou morador do hotel e utilizo muito esses canais. Seja para ver alguma coisa, seja para ouvir música. Às vezes você não quer assistir nada, só ouvir música. Para isso, os canais também fun-cionam muito bem”, finaliza Nelson.

Como se não fosse o suficiente, foi criado ainda mais um canal. O “Netflix baiano”: a TV Tororomba à la carte.

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Conversando com um recepcionista, o diretor do Hotel descobriu que ele era colecionador de filmes novos e antigos, e possuía um acervo grande. Este disse que cederia o acervo para o hotel. Foi quando surgiu a ideia de criar mais uma alternativa de entretenimento para os hóspedes. Foi impresso um cardápio com todos os títulos de filmes disponíveis neste canal. Tudo que o hóspede precisa fazer é escolher o filme que deseja ver e sintonizar o canal 2. O filme é colocado no ar e exibido em todos os quartos. Se houver várias solicitações, os longas-metragens são exibidos por ordem dos pedidos.

O objetivo é sempre produzir conteúdo que sirva como entretenimento para quem está hospedado. O Departamen-to de Jornalismo do Hotel também produz um jornal há 15 anos, distribuído diariamente no café da manhã – o Tororom-ba News. “Nós temos arquivos prontos, é claro, mas sempre há coisas novas para colocar. Temos arquivos de piadas, men-sagens de autoajuda”, completa o administrador do resort, que colabora com a publicação, feita em papel A4, mesmo quando está viajando.

Dificilmente é colocada qualquer coisa mais séria. Quem está em um resort no interior da Bahia, à beira da praia, não está tão preocupado assim com as agruras do mundo contem-porâneo nas grandes cidades. Quer relaxar.

“Quanto mais amenidade, melhor. A gente publica pia-das, quando há muitas crianças hospedadas, colocamos jogos... Como sempre tem um passeio acontecendo, os fotografamos

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e publicamos. Percebemos que o hóspede gosta de se ver no jornal. Leva-o para casa. Dá mais valor para aquilo do que para um folder do hotel, para dizer a verdade. É a recordação de um momento lúdico dele. Nossa aposta é nisso, e tem dado muito certo”, constata Nelson.

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XVIII – Reformas

Quando o hotel começou a ser construído, há 25 anos, o conceito do Tororomba não era apostar no luxo dos apartamentos. Claro, os 100 quartos tinham todo o conforto necessário, e atendiam às necessidades de quem se hospedava no local. Mas a aposta sempre foi, durante muito tempo, que o grande interesse seria a praia, os atrativos naturais da região e a beleza contemplativa inerente ao litoral da Bahia.

“Nosso pensamento foi dar conforto, evidentemente. Mas acreditávamos, acima de tudo, que a pessoa não teria in-teresse em ficar trancada dentro do apartamento, com tanta coisa a ser feita do lado de fora. Quem é que faria uma coisa dessas e não aproveitaria os recursos naturais? Achávamos que ela estaria ali por causa disso”, se recorda Nelson.

Era um pensamento válido. Tanto que a estrutura exter-na do Tororomba, a criação de passeios e a beleza natural da região continuam sendo o grande cartão de visitas para o hotel que completa um quarto de século. A aposta feita na constru-

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ção do hotel não estava errada. Apenas era incompleta, o que foi percebido somente com experiência e observação.

Depois de algum tempo, a administração percebeu que o quadro que havia pintado não era 100% preciso. Sim, as pessoas gostavam do que o hotel tinha a oferecer, e queriam ir à praia, aproveitar as piscinas, participar dos passeios, etc. Mas também gostavam de estar em apartamentos bem decorados, com piso de porcelanato, aparelhos de televisão com tela plana e uma cama de alta qualidade, apenas para citar alguns exem-plos. Enfim, se importavam também com o luxo. Detectado isto, nos últimos anos o Tororomba começou a passar por um amplo processo de reforma, para atender a essa demanda dos seus clientes.

Após longo planejamento, foram instalados equipamen-tos sofisticados, pisos foram trocados e decoradores contra-tados para mudar o estilo dos apartamentos. Arquitetos pla-nejaram mudanças estruturais onde era necessário. Tudo isso apesar de os apartamentos serem diferentes entre si. As refor-mas são realizadas de acordo com os blocos de quartos que são semelhantes. Os móveis foram feitos sob medida, por um marceneiro contratado exclusivamente para trabalhar para o Tororomba nesta empreitada.

“Como também ocupo a função de diretor de marketing do hotel, sempre que acaba a reforma em um apartamento, passo uma noite nele. Uso toda a estrutura criada. Certas coi-sas só podem ser notadas por quem é hóspede. Às vezes, uma

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tomada para o celular, que não está lá. A cortina, que não escurece o apartamento suficientemente, ou um aparelho que não está funcionando adequadamente. Eu faço o teste de uso e monto um checklist de qualquer problema que encontre. Está dando muito certo, e percebemos isso pelo feedback dos hós-pedes, que tem sido excelente”, comenta Nelson.

Após notar a aprovação dos clientes, o Tororomba deu um passo adiante e criou o conceito de

“apartamentos VIP”, que deve ser expandido nos próxi-mos anos. Existem clientes que pedem apartamentos com essa configuração, ou seja, com maior área útil, banheira de hidro-massagem e em frente ao mar.

É mais um diferencial do Tororomba, porque, por incrí-vel que pareça, os demais hotéis da região de Ilhéus, e que estão próximos à praia, não privilegiaram a criação de quartos que tenham vista para o mar. A maioria tem salão de convenções, restaurantes ou campos de futebol na região mais privilegiada.

“Às vezes, determinadas soluções e mudanças são óbvias e nós não percebemos. Com a

colaboração e observações de nossos clientes, consegui-mos dar um passo importante para melhorar a qualidade do serviço oferecido pelo Tororomba nos últimos anos”, comenta e comemora Nelson Freire.

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XIX – Internet

A comunicação e a velocidade desta tem sido algumas das principais preocupações do Tororomba nos últimos anos. O capítulo que fala do departamento de jornalismo do hotel já abordou, em parte, este assunto. A Internet também entra nesse bojo, porque constantemente oferece novidades e recur-sos que podem ser aproveitados no resort.

Um dos recursos explorados nos últimos tempos foi a implantação de linhas telefônicas que ficam em provedores em grandes cidades. O cliente pode ligar para esse número, pagando tarifa local, e o provedor transforma a chamada em dados, repassados para o hotel. É parecido com o Skype, mas falando pelo aparelho telefônico normal. São três hotlines. Eles estão em Brasília, São Paulo e Belo Horizonte. O interessado liga, a chamada vai para a recepção do resort e ele pode falar o quanto achar necessário, pagando tarifa de ligação local.

“As pessoas pensam até que temos escritórios nesses lu-gares. Como contratamos uma velocidade de internet maior

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com nosso provedor, a qualidade da ligação melhorou sensi-velmente”, afirma Nelson Freire, ressaltando que os números podem ser encontrados no site do Tororomba (www.tororom-ba.com.br).

O chat também foi incrementado, para melhorar o aten-dimento sobre reservas ou informações a interessados. Um número para Whatsapp, pelo qual é possível trocar mensagens por celular, também foi criado, o que aumentou a rapidez para solucionar qualquer dúvida sobre o Tororomba.

Está ocorrendo atualmente uma mudança sobre como as pessoas estão usando a internet. “As pessoas não usarão tanto computador, e sim o smartphone. Percebendo isso, estamos buscando maneiras de melhorar a comunicação do hotel com seu público, através do smatphone”, completa o diretor de marketing, que fez todo o planejamento nesta área e também é responsável pelas pesquisas e ideias a serem implementadas.

Uma das ideias é para que, em 2015, seja disponibilizado um aplicativo do Hotel Tororomba para smartphone.

No app estariam disponíveis todas as informações que o cliente necessitaria saber sobre o resort. Eliminaria também os papéis que são dados a ele na chegada, como o impresso com a programação do hotel, os canais de TV, os filmes à la carte ou o mapa. No momento da publicação deste livro, o aplicativo ainda está sendo planejado, assim como seus recursos.

A ferramenta já poderia estar disponível, mas vem sen-do planejada com cuidado, em reunião com técnicos que vão

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desenvolvê-la, para que seja a mais completa possível e, por isso, não foi lançada ainda. “Poderia ter acontecido em 2014, mas achamos melhor não. É sempre importante aguardar o momento certo”.

Quando a primeira edição desta obra foi concebida, em 2010, o conceito de rede social ainda não estava estabelecido e o site de relacionamento mais conhecido era o Orkut. Com a velocidade das mudanças na Internet, o Orkut nem existe mais. Foi soterrado pelo Facebook, no qual o Tororomba tem a sua fanpage, com mais de cinco mil curtidas.

“Estamos sempre alimentando esta página e oferecendo informações para os nossos clientes. Fazemos promoções ex-clusivas para quem curte a página no Facebook e temos todo o interesse em expandi-la, porque é uma ferramenta de comu-nicação poderosa”, afirma Nelson Freire.

Uma das novidades no setor hoteleiro em que o Toro-romba já está inserido está nos bancos de dados internacio-nais, que unem todas as operadoras de turismo. Existem qua-tro empresas que administram estes bancos de dados no Brasil. Estamos trabalhando com o motor de reservas Omnibees. Quando o cliente ou agente de viagem em potencial acessa o site e coloca a cidade ou região em que deseja se hospedar, o site procura apartamentos vagos em hotéis que se encaixam naquela descrição, região, faixa de preço, etc. É algo que as companhias aéreas já fazem há muito tempo. Dependendo do momento da compra, pode-se encontrar uma promoção.

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Sabendo utilizar a ferramenta, é possível incluir promo-ções relâmpagos que vão para o mundo todo, oferecer preços diferenciados e informar a ocupação do resort em determina-do período do ano.

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XX – Projetos sociais e coluna espiritual

Na primeira edição da história do Tororomba, feita para comemorar o aniversário de 20 anos, o trabalho social feito por dona Dila, diretora do hotel, foi abordado, assim como os projetos implementados por ela desde a criação do resort baia-no. Porque, por mais estranho que possa parecer, o complexo não foi criado para ganhar dinheiro. Foi para gastá-lo.

“As pessoas ficam impactadas e não entendem muito bem do que estou falando quando digo que o hotel foi idealizado para gastar dinheiro”, diverte-se Nelson.

Não se trata de ingenuidade ou de discurso vazio. Claro que, com o passar dos anos, e com a configuração que o com-plexo de lazer foi ganhando, o objetivo passou a ser ter lucro. Mas, também, o de preservar a ideia inicial, que foi promover o desenvolvimento econômico da região de Ilhéus, oferecendo empregos e crescimento profissional.

Por este motivo, a afirmação de que o Tororomba não tem como objetivo principal apenas o lucro tem validade. A

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ideia inicial de Geraldo de Castilho Freire era fazer um em-preendimento no lugar em que nasceu. Por isso, comprou o terreno e começou a investir, no começo sem saber exatamen-te como seria a formatação do negócio.

Dona Dila, mulher de Geraldo, ao mudar-se para Ilhéus, abraçou esta causa e liderou projetos sociais. Primeiro com uma campanha de vasectomia para funcionários do hotel que já tivessem pelo menos dois filhos. O Tororomba também paga (parcial ou totalmente) cursos universitários para cola-boradores, e já há uma geração de empregados com diploma de ensino superior na área de nutrição, enfermagem, adminis-tração e contabilidade. Um sonho que, muitas vezes, eles não poderiam alcançar por causa de restrições financeiras.

“Alguns continuam conosco até hoje. Outros saíram e até foram trabalhar em outros lugares. Até em outros hotéis”, observa o diretor de marketing, sem tom de mágoa por isso. Ele encara tal fato como uma

consequência natural.Cinco anos mais tarde, a ajuda passou para cursos profis-

sionalizantes. O objetivo de dona Dila começou a ser qualifi-car as pessoas para funções mais práticas, que não exijam tanta especialização ou anos de estudo. Uma das alternativas foi pa-gar para que funcionários tirassem habilitação de motorista. Uma visão mais com o pé na realidade do dia a dia.

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“Pode parecer incrível o que vou dizer, mas na nossa re-gião há poucas pessoas com carteira de motorista”, constata Nelson.

É pensamento prático porque o colaborador desfruta dos benefícios do curso de forma bem mais rápida. Para o hotel também é importante, porque pode ocorrer uma emergência e o motorista contratado pelo resort pode não estar perto do local. O custo também é menor para qualificá-lo, evidente-mente.

Dona Dila assina uma coluna esporádica no jornal diário do Tororomba, oferecendo dicas espirituais e trechos de livros, sempre deixando claro que as obras podem ser encontradas na biblioteca do hotel.

“Parece uma coisa simples, não é? Mas deu muito certo. As pessoas gostam da coluna, e a procuram para conhecê-la”, constata Nelson, filho de dona Dila e também diretor do ho-tel. As mensagens são compartilhadas também na fanpage do Tororomba no Facebook.

Estávamos em dúvida se a divulgação desta coluna na fanpage do Hotel fosse correta ou se a abordagem não deveria ser estritamente profissional, com divulgação de fotos, infor-mações e promoções. As mensagens de dona Dila têm caráter pessoal, e a ligação com o hotel é o fato de que os livros estão na biblioteca. A incerteza permaneceu até que a revista Veja, do início de dezembro de 2014, publicou matéria sobre men-tes criativas.

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A primeira lição era: todo aquele que criou alguma coisa nova recebeu muitas críticas. Porque quebrou paradigmas. E, para ser criativo, é preciso errar. Às vezes, errar muito. Uma hora o acerto vem. “Nós não somos hotel de rede. Não temos de ficar engessados em um padrão predeterminado. No míni-mo, somos diferentes dos outros, fazendo isso. Criamos uma empatia com nossos clientes”.

O investimento no ensino superior do funcionário não cessou. Apenas tornou-se mais raro e seletivo. Isso aconteceu pela simples constatação de que um curso profissionalizante pode ser mais importante. O curso universitário é restrito, evi-dentemente, aos que completaram o ensino médio. Não raro, quem já é

colaborador ou quem pretende trabalhar no hotel precisa ganhar conhecimento específico de maneira mais veloz. Sem esperar por quatro anos e sem ter condições imediatas de in-gressar na faculdade.

Um curso técnico também é opção mais prática e útil.“Nós pensamos nisso depois do caso de uma funcioná-

ria que queria fazer enfermagem. Era o sonho dela. O curso foi totalmente pago pelo Tororomba. Ela estudou por quatro anos, formou-se e não encontrou mercado de trabalho para exercer a profissão. Teve de ir para o departamento de Recur-sos Humanos do resort. Foi uma lição aprendida por todos nós”, relembra Nelson.

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“Um curso de informática pode ser mais importante. Nós recebemos pessoas que querem trabalhar conosco e, mui-tas vezes, não têm a menor noção de computação. E isso é um problema. Uma qualificação nessa área pode ser muito importante para o Hotel, mas, principalmente, também para a pessoa. Mesma coisa vale para o princípio de aprender a lín-gua inglesa. No ramo da hotelaria, isso é fundamental. Mas é necessário ter vontade de estudar e aptidão. Nós procuramos despertar isso, de alguma forma”, completa.

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XXI – A Nova geração

Em 2010, quando a história do Tororomba começou a ser colocada no papel, a terceira geração da família Castilho Freire não estava pronta para assumir o comando do resort. Nelson Bastos Freire, o Nelsinho, estava com 18 anos. Em 2015, administrador de empresas, ensaia tomar as rédeas do negócio da família e dar continuidade ao sonho do avô.

Começou em uma função burocrática, alternando conta-bilidade, área financeira e setor de contas. Não era uma função executiva e, sim, burocrática.

“Isso levou a muita discussão na família, envolvendo questões de autonomia. O fato é que cada vez mais ele está en-trando na área executiva e dando palpites. Cabeça de jovem de 23 anos tem outras ideias, vem de uma escola de pensamento diferente, e entra agora em áreas que nunca entraria”, revela Nelson pai.

Tornou-se comum no Tororomba que setores como o de compras, gerência e outros se dirigem mais a Nelson filho do

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que a Nelson pai, o que é um choque cultural. Uma mudança de hábitos que pode ser difícil para várias empresas familia-res, mas que, no resort baiano, transcorreu tão tranquilamente quanto possível.

Ele ainda não assumiu totalmente o comando do hotel, já que se trata de um processo gradativo. Seu avô teve a ideia, e seu pai a colocou em prática. Ser o responsável por todo o empreendimento não é algo que acontece do dia para a noite. “Mas eu espero que aconteça, e cada vez ele assuma mais. Esta-rei sempre ali do lado, olhando. Porque eu tenho experiência, algo que ele ainda não tem”, completa o pai.

O desafio é dar ao herdeiro a autonomia necessária para que ele aprenda tudo o que é necessário, e também coloque em prática suas ideias. “Na juventude é que as coisas aconte-cem”, lembra Nelson.

Oferecer um ambiente de liberdade, em que mudanças são possíveis, possibilita que funcionários troquem de áreas e tenham sucesso. Mesmo que sejam setores que não tinham nada a ver com a função que passaram a assumir.

Há o caso do encarregado que era da área de contabili-dade e processamento de dados, mais acostumado com livros e números. Quando o gerente do hotel deixou a empresa, ele resolveu assumir a responsabilidade, o que para muitos seria um salto no desconhecido. “Ele está se dando muito bem na área operacional, o que poucos imaginavam que seria capaz”, constata o diretor de marketing.

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Curiosamente, é um dos funcionários que concluiu o curso superior financiado pelo Tororomba. É contador forma-do e também cuida dos livros contábeis do resort.

Dona Dila e Nelson Freire, que representam a velha guar-da do hotel e levaram o empreendimento ao patamar a que chegou, em 2015, estão se afastando um pouco, porque é o ciclo natural da vida. A juventude traz mudanças e ideias que vão mudar todos os mercados em que estejam. A hotelaria não é diferente.

Com maior liberdade, Nelsinho começou a abrir as asas para oferecer ideias administrativas e operacionais. O que não acontecia antes, por ser uma pessoa de personalidade tímida e que se sentia intimidada.

Não deixa de ser uma mudança cultural na maneira em que o Tororomba vem sendo administrado. “Algumas ideias são muito boas. Outras, nem tanto, o que é normal. Mas a partir do momento em que ele tem boas sacadas, vai crescer, sem dúvida. Ele não tem nada preso a coisas antigas. Tudo é novo”, declara Nelson.

O Tororomba estuda fazer um novo organograma, por-que o que está em vigor foi atropelado pelas mudanças. Mes-mo quem o conhece desde que foi criado sabe o funciona-mento dele até determinado setor. Mas se perde no meio do caminho. “Queremos determinar melhor as competências, e quem é quem na empresa. Queremos ver como as coisas fica-

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ram, porque as mudanças aconteceram espontaneamente, sem serem planejadas”, completa.

Isso é importante até mesmo para determinar os rumos futuros do resort. Pode até ser um novo recomeço, já que os que chegaram há pouco tempo começam do zero. Não estão atrelados a valores e ideias do passado.

Nelson Freire tem outro filho, Rodrigo Bastos Freire, que decidiu seguir a carreira que, durante muito tempo, foi da família: a advocacia. Geraldo Castilho Freire fez fama em São Paulo, e dos rendimentos do seu renomado escritório saíram os recursos para o início do Tororomba. Nelson Freire tam-bém é bacharel em Direito e, embora tenha exercido esporadi-camente a profissão, jamais a abraçou como o pai.

“Ele, de vez em quando, fala em linguagem jurídica co-migo, porque gosta, vai a congressos. Não tem a mesma liga-ção com o hotel, mas o importante é estar feliz. Se faz o que gosta, é a coisa mais importante”, constata Nelson.

A necessidade de estimular a veia empreendedora de Nelsinho é também para que ele sinta que o hotel também o pertence, e que pode ter uma influência decisiva nos destinos do negócio. “Ele pode sentir que aquilo não nasceu dele. Já pegou o empreendimento pronto e funcionando. O Nelsinho nasceu dentro do hotel, então talvez não sinta uma realização. Era a casa dele, simplesmente. Não sente como um negócio, e queremos fazer com que sinta isso. Mas só o tempo vai dizer”, analisou o pai.

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XXII – Consolidação do Day Use

O crescimento do day use (o usuário que paga uma taxa para entrar no hotel e usufruir o que ele tem a oferecer durante o dia, sem o compromisso de se hospedar) é uma das iniciati-vas mais polêmicas do Tororomba, e que teve evolução entre a primeira e segunda edições deste livro. Um sucesso que foi

inesperado por alguns. Mais uma vez, aparece a aposta na criatividade e na capacidade de atravessar fronteiras. Pensar de forma independente do que é normalmente praticado no ramo de atividade econômica.

Quando o conceito de day use foi criado, o funcionário responsável pelo departamento de marketing foi contra, e ten-tou colocar vários empecilhos. O mais forte era o de que pode-ria arruinar a experiência dos hóspedes, que pagam mais caro e teriam “concorrência” de usuários de fora quando quisessem usar a piscina e outras áreas comuns do resort. A opinião mais comum era a de que os hotéis não costumavam fazer aquilo.

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O argumento contrário (e que acabou sendo vencedor) foi de que a região de Ilhéus tem uma classe média em cresci-mento, sedenta por opções de lazer, como um parque temá-tico onde é possível se divertir durante o dia inteiro e depois voltar para casa. Tudo o que um complexo como nosso resort tem a oferecer. “Foi a ideia que, depois de consolidada, mais deu certo”, constata Nelson Freire.

Tão certo que os outros hotéis começaram a copiá-la, como aconteceu com outras iniciativas do Tororomba.

Para evitar que o hóspede seja prejudicado, a administra-ção do resort toma algumas medidas de controle de frequên-cia. Há uma quantidade de pessoas que são admitidas como “day users”, que varia de acordo com a ocupação do hotel. Para completar, há a possibilidade de aumentar ou reduzir o valor da taxa, de acordo com a época do ano, porque há estatísticas dos meses mais procurados. Os períodos de férias escolares, naturalmente, estão entre os períodos de maior movimenta-ção. Feriados prolongados também estão entre os preferidos por famílias que estão na região. É a lei de oferta e procura.

O day use colabora para uma equação econômica. Para melhorar os seus serviços e elevar a qualidade oferecida aos hóspedes, precisa-se de dinheiro.

A receita do day use é instantânea. Quando o usuário faz o pagamento para entrar, o dinheiro entra no caixa na hora, e pode ser usado imediatamente. O hóspede pode passar no cartão de crédito ou faturar em nome de uma empresa - um

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recurso que vai entrar na conta do hotel apenas 15 ou 30 dias após o cliente ter ido embora e gerado os naturais gastos de manutenção para o resort. Pode acontecer de, no verão, o ho-tel ter de ser fechado para os “day users” durante o dia, porque a cota de pessoas no Hotel atingiu a ocupação máxima.

A formatação do hotel ajuda, já que não se trata só do atrativo de estar de frente para a praia. Há um lago, equi-pe de recreação, piscina - muitos atrativos que um morador da região não tem. “As pessoas que moram na região já nos conhecem, e recebemos muitos pedidos para festas de aniver-sário. Foi uma coisa que ‘pegou’ entre os moradores. Porque, se a família faz a confraternização em casa, tem que receber as pessoas, depois limpar tudo. De repente, os convidados quebram alguma coisa... Há todo o trabalho inerente a isso”, afirma Nelson Freire.

No Tororomba, todo esse problema é evitado. A estrutu-ra já está toda lá, pronta. A família, as crianças e os convidados chegam ao local e o bolo está pronto, as pessoas vão para pis-cina e aproveitam o dia inteiro de recreação. As duas partes ganham.

Outro mercado é o de grupos, como os da melhor idade, por exemplo. A excursão chega em ônibus. No final do ano, o Tororomba é um dos destinos preferidos para festas de con-fraternização de

empresas. Algumas com hospedagens, outras apenas usando o aparato do hotel durante o dia, e outros, mistos:

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uma parte das pessoas se hospeda por determinado período e outra vai embora ao final do dia.

“Passamos a ter a experiência de que os gostos dos indi-víduos são os mais variados. Há grupos que preferem chur-rascos, outros querem apenas o buffet que já está disponível no hotel. Tudo é combinado. Há também uma aula da sauda-de. No último ano de faculdade, os alunos fazem uma festa e chamam os professores para comemorar. Empresas organizam isso. Tudo é muito relativo”, ressalta Nelson.

Um dos segredos é não ser rígido. Há diferentes pedidos para festas dos mais diversos tipos, e o resort deve estar pron-to para atendê-los na medida do possível. Evidentemente, há épocas específicas em que a experiência conta que tipo de pú-blico estará presente em excursões ou day uses. Como Dia das Crianças, por exemplo, ou o Natal.

A linha é tênue, porque a administração do hotel não quer, em hipótese alguma, atrapalhar o hóspede. Trata-se do sujeito que, muitas vezes, vem de longe, de outro estado, em busca de alguns dias de diversão e sossego. Ele não quer ser perturbado por uma multidão. Por isso, a conta de quantas pessoas podem ser admitidas para entrar é importante.

Isso fica mais evidente quando há grupos de “day users”. Essas excursões podem ser de difícil administração. Em gru-pos, as pessoas fazem todas as atividades juntas. Vão à piscina juntas, vão ao lago em grupo, se dirigem ao restaurante simul-

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taneamente. É mais fácil administrar quando é no “varejo”. Uma família, um casal...

Contando a hospedagem, com 100 apartamentos e a mé-dia de três pessoas por apartamento, a capacidade de clientes no hotel é de cerca de 300 pessoas.

Em alguns meses, como outubro, isso é mais difícil, por-que escolas fazem reservas por causa dos feriados, mas o esfor-ço é contínuo para agradar aos dois públicos. “Viramos uma espécie de Disneylândia”, brinca Nelson.

Não por acaso, um dos slogans usados pelo marketing do resort é: “Passe o dia no Tororomba – a Disneylândia da costa do cacau”. O símbolo do hotel é um macaquinho, e a criança é um fator importante para levar os pais. As crianças costumam levar a família porque, mesmo não tendo poder de compra, têm poder de convencimento. O desenvolvimento econômico da região ajudou muito nisso.

Um produto que está em estudo para ser implantado no Hotel é um pesque-pague, muito popular nas cidades do inte-rior de São Paulo, mas que não existe na região. Acreditamos que isso possa atrair mais pessoas para day use e hospedagem.

Como em qualquer atividade sazonal, a conta da quanti-dade de hóspedes e usuários dá certo na maioria esmagadora das vezes. Mas, em uma pequena porcentagem de dias, é pre-ciso limitar os “day users” e impedir as pessoas de entrarem, dando privilégio ao hóspede. Porque a sazonalidade está pre-

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sente em várias atividades econômicas, mas em poucas está tão presente quanto no setor hoteleiro.

“Salário, tributo e contribuições sociais não têm sazona-bilidade. Nós temos de pagar na baixa e na alta estação”, re-signa-se Nelson, confiante de que o Tororomba vá continuar se equilibrando com sucesso nas duas cordas da hospedagem e dos usuários diários. Principalmente com os passeios, city tours e visitas a aldeias indígenas e área ecológica, esse problema em potencial ficou mais fácil de ser administrado.

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XXIII – Quebrando paradigmas

Em 2014, Nelson foi chamado para dar uma palestra no Rotary Clube de Ilhéus, para comemorar o Dia do Hoteleiro. Algo que ele sequer fazia ideia de que existia.

“Foi em novembro de 2014. Nunca vi uma classe mais de-sunida do que a hoteleira. Não recebi nenhum ‘parabéns’ por ser o nosso dia”, diverte-se.

Quando veio o convite, a imediata preocupação do diretor era montar uma palestra. O que dizer? Como sair do lugar-co-mum que as pessoas estão acostumadas a ouvirem a respeito de profissões ou ramos de atividades comerciais?

A saída foi não falar nada técnico, já que os ouvintes eram pessoas dos mais variados extratos da sociedade. O arquivo foi preparado no PowerPoint para ilustrar a palestra, com o mote “Quebrando paradigmas”.

“Deu certo. Foi um sucesso, porque as coisas que eu disse serviram para todo mundo. O sujeito não precisa ser hoteleiro”, ressalta.

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O pontapé inicial da palestra foi a música de Raul Seixas, “Metamorfose Ambulante”, que começa assim:

“Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”.

É o que acontece no Hotel. Sempre houve resistência às no-vidades e iniciativas implantadas no Tororomba, em maior ou menor grau. Não tanto pelos clientes, mas entre os próprios fun-cionários, que já tinham experiência no setor em outros resorts.

Na palestra, Nelson enumerou tudo o que o hotel fez que foge do lugar-comum, passando pelos passeios, o show Pratas da casa, o conceito de pet friendly, o camping e as visitas guiadas para a tribo indígena e à ONG ambiental. Passando, também, pela ideia do “garçom vendedor”.

“De tudo o que inovamos, estranhamente, o garçom vende-dor foi uma das iniciativas que encontrou mais resistência, prin-cipalmente entre os próprios garçons”, completou Nelson Freire, que ainda não esconde o espanto com isso.

Esta ideia nasceu de uma observação. Toda vez que o cliente queria pedir alguma coisa, tinha de ficar sinalizando repetidas ve-zes para o garçom atendê-lo, ou então o chamando em voz alta. O funcionário era um tirador de pedidos, não um vendedor.

“Nós queríamos que o garçom vendesse, tomasse a inicia-tiva. Que ele chegasse no cliente e oferecesse o prato do dia ou alguma bebida... Algo variável, mas que ele tomasse a dianteira”, explica o diretor de marketing.

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Em uma reunião com todo o staff e colaboradores do res-taurante, foi explicado todo o conceito e o que se esperava dos garçons. Não deu certo. As pessoas continuaram fazendo o que estavam acostumadas. Os próprios chefes atrapalhavam a história.

Para tentar mudar essa mentalidade, o diretor de marketing passou a ser responsável por um garçom. Ele não seria mais su-bordinado ao maitre. Usando um uniforme diferente dos demais, era mais fácil ser identificado como o “garçom vendedor”.

“O pedido era para que ele se esquecesse de ser garçom, nos moldes em que estava acostumado a trabalhar. Deveria mudar o comportamento, chegar do lado do cliente perguntando se ele aceitava uma cerveja ou um refrigerante. Já chegar à mesa com um carrinho de bebidas, para poder servir na hora”, lembra Nel-son.

Mesmo assim, tudo foi feito com dificuldade, porque os co-legas gozavam do funcionário que ficava incumbido da função. Ao garçom vendedor foi oferecida uma comissão maior nas ven-das. “Fizemos isso porque ninguém queria ser o vendedor. Não sabemos o motivo”.

Como todo mundo é sensível a palavras como “liquidação” e “promoção”, o garçom vendedor tem a autonomia para, em determinados momentos do dia, lançar descontos nos produtos. “Se ele vai ao microfone e anuncia que, pelos próximos 15 minu-tos, a caipirinha está com 20% de desconto, o hóspede escuta a palavra ‘desconto’ e se anima a consumir. Mesmo que não esteja com muita vontade”.

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Assim tem sido, também com competições. Quem toca pri-meiro a campainha para chamar o garçom compra a cerveja com 20% de desconto, por exemplo.

A observação de Nelson é de que, em Ilhéus, há uma cultura de subordinação que é maior do que em outras regiões. As pessoas esperam a ordem superior para fazerem alguma coisa. É o espírito de maior dinamismo e de iniciativa que o Tororomba quer incu-tir em seus funcionários dos mais variados níveis.

“Eu tenho uma teoria sobre isso, até um pouco sociológica. Ilhéus é uma cidade que teve, durante muito tempo, a cultura do coronelismo. O coronel era a lei absoluta. Só se podia fazer o que o coronel mandava. Acho que os funcionários têm muito medo de fazer algo que pode ser considerado errado. Vejo isso também nos empresários da região. Se proponho uma ação de marketing ou alguma campanha, a primeira reação é de desconfiança, de querer que o prefeito ajude... Ficam sempre esperando o Poder Público. Eu sinto isso. É sempre um pensamento de ‘quem é que vai tomar conta da gente?’”, desabafa Nelson Freire.

O desafio do Tororomba é inovar o padrão que é seguido nos outros hotéis e quebrar paradigmas, como se acostumou a fazer pelos últimos 25 anos.

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XXIV – Posfácio da edição de 25 anos

É difícil dizer o que o futuro reserva para o Hotel Toro-romba. Na verdade, não saber é parte do charme do negócio. Claro que planos são feitos, na medida do possível. Mas a história do resort, encravado no litoral baiano, mostra que as estratégias nem sempre correm da maneira como são traçadas. Mesmo que costumem dar certo.

Afinal, durante anos, a família Freire não sabia o que seria melhor para ser feito com o terreno, diante do único objeti-vo determinado por Geraldo Castilho Freire: ajudar a região onde havia nascido.

Houve a época em que até uma barraca de praia era prio-ritária, já que o hotel estava em construção e não tinha a con-figuração que veio a adotar anos depois.

O início foi modesto, até que o crescimento trouxe a ne-cessidade de mudanças, mais investimentos e certo gigantismo no tamanho. Mas a graça do Tororomba reside também em continuar tendo um toque familiar, pessoal. Não é um hotel

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de rede, padronizado. Tem suas características próprias e, por isso, pode mudar e inovar. Foi isso que essas páginas buscaram mostrar. As dificuldades sempre existiram, e a

recompensa pelo esforço sempre veio.Ao mesmo tempo em que ensaia uma troca de comando,

uma passagem de bastão para uma nova geração da família Freire, o Tororomba vive tempos excitantes, impulsionado pelo desenvolvimento econômico da região, o que faz com que moradores da Bahia possam frequentar o resort, mesmo que seja no day use.

Mudanças são inevitáveis porque, como diria Otávio Frias, ex-diretor do jornal Folha de S. Paulo, quem olha para trás vira estátua de sal. O Tororomba olha para um futuro de inovações, criatividade e crescimento.

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Depoimentos

*Falar do Tororomba, é falar de minha vida. Cresci perto, des-frutei de bons momentos e me sinto feliz quando estou no Show Prata da Casa, ou trilha indígena...enfim...é o lugar mais mágico e fantástico que conheço!Sou apaixonada pela história e principalmente pelo modo único de administrá-lo de D.Dila e Nelson, com tanta paixão pelo que fazem.

Marcela Carvalho Braitt – Ilhéus (BA)Bailarina e coreógrafa de algumas atrações do Show Prata da Casa apresentado no Hotel

É com muito prazer que falo, e escrevo do Tororomba, que foi minha porta de entrada para trabalhar no Turismo. Obrigado Nelson pela oportunidade e agora com nossas novas empresas em São Paulo poder novamente voltar a casa que me ensinou muita coisa no passado. Hoje a 4Go e a LCA Viagens estão a frente da

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área comercial e com muita felicidade pessoal e realização estou em casa novamente. Eu sou suspeito a falar, mas a mágica desse lugar é algo incrível. Parabéns a todos, principalmente a todos os colaboradores que fazem desse empreendimento um sucesso.

Abraços,

Luiz Fernando Gazolla Gomes – São Paulo (SP)LCA Viagens e Turismo Ltda / 4GO Travel Network

O Resort Tororomba é muito mais do que uma empresa para mim, é uma parte da minha vida. Falar do Tororomba é quase que o mesmo que fazer uma autobiografia minha, para começar, nasci no hotel, e desde então estou ligado a ele. Durante minha infância e adolescência, passei diversos finais de semanais incríveis no resort, com o meu pai, diretor do hotel, além de várias férias as quais me divertia bastante e fazia muitas amizades com hóspedes de diversos locais, amizades essas que preservo até hoje!! As férias no hotel eram tão boas que eu deixava diversas vezes de fazer via-gens para lugares diferentes para curtir o Tororomba. Agora, de-pois de crescido e formado, continuo ligado ao resort, mas como um dos administradores do hotel. Colocando em prática as teo-rias aprendidas durante a minha formação no curso de Adminis-tração de Empresas para fazer crescer a empresa, tornando-a mais competitiva no mercado e mais lucrativa, sem esquecer, claro, de tornar a hospedagem de nossos clientes inesquecível, proporcio-

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nando -lhes conforto, serviços de qualidade e o famoso calor hu-mano do Tororomba. O bom de trabalhar em uma empresa que faz parte de sua história é o carinho que se tem por ela. E dessa forma que eu e toda a família Tororomba procuramos nos empe-nhar para que nossos hóspedes desfrutem de férias maravilhosas, assim como eu desfrutava e ainda desfruto das minhas no resort!!

Nelson Bastos FreireExecutivo do Resort Tororomba Ilhéus – Bahia

Olá Homem Multimídia Nelson “Barão”, D. Dila e Famí-lia Tororomba;Há muito buscava encontrar um lugar paradisíaco, com histórias e interação familiar, tão bem delineados. De certo, tudo já estava “rabiscado” na mente do “escri-tor” primaz da família, o Patriarca, Dr.Geraldo de Castilho Freire.Parece que o mentor vivenciou, além da vida, todo o passo--a-passo, cada detalhe destas sagas, que contagia a todos que as lê.Melhor ainda, quando isso acontece “in loco”; reservando--se uns minutos de tranquilidade e boa leitura. Você leitor, poderá analisar cada detalhe da ação descrita na brochura e à beleza do lugar.

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Permita-se vivenciar o que está escrito em cada página desse livro, “A História do Resort Tororomba”.Verás uma perfeita interação entre: Novo Conceito de Hos-pedagem, Ação Vivenciada, Respeito à Natureza e Cultura Local.Participe! Há múltiplos atrativos, para todas as idades, den-tro da área reservada ao hotel e no entorno deste.Um verdadeiro “Parque do Saber”. Do Turismo Pedagógico aos Roteiros Educacionais. Da boa escola, às famílias ante-nadas com a educação de forma lúdica. Ecologia, Agricul-tura, Geografia e Biologia Marinha, Oceanografia, História Étnica, Química, e muito mais. Tudo isso devidamente re-gistrado, editado e divulgado; diariamente, no jornalzinho e na rede de TV local do hotel. Além é claro, postado com muita informação, estilo e conteúdo, nas redes sociais; pelo advogado multimídia, Nelson “Barão”.Não podemos deixar de registrar, aqui também, o belo tra-balho de ação social, direcionado aos funcionários do ho-tel. Visão única de promoção de bem estar dos funcionários e de seus familiares. Tudo capitaneado pela matriarca D. Dila, no alto de sua experiência de Assistente Social e Dire-tora Financeira do Hotel, unindo-se aqui à espiritualidade e aos sonhos de Dr. Castilho, que dizia: “ O hotel é tocado por uma trindade: Pai, Filho e Espírito Santo”.

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Por fim, parafraseando os ensinamentos do Fundador, o Resort Tororomba, sempre foi e será “...um novo tipo de Hospedagem sem massificação”; em constante mutação.

Parabéns a Toda Família Tororomba.Muito Grato, pela oportunidade;

Moacyr Vianna JuniorFiscal Federal do Ministério da Agricultura e Expert em Turismo pela Gestour EmarketPlace em Ilhéus-BA

Em 1997, com 23 anos fui convidado para trabalhar no conhe-cido Farol Vilage, hoje o Resort Tororomba, Minha função seria na área de informática. Na época o hotel era uma empesa de pe-queno porte e eu participei no desenvolvimento e modernização da sua estrutura global. Durante estes 18 anos de convivência tive o privilegio de conhe-cer Dr. Castilho, ele priorizava seus textos com ecologia e eco-turismo. Ele foi pioneiro na região com as reportagens sobre a Mata Atlântica e Itacaré. Lembro-me das edições mensais e a cada publicação me solicitava para divulgar na internet. Nelson her-dou esse dom e vem dando continuidade a esse tema. Vi o cresci-mento de Nelsinho e Rodrigo. Fico muito muito gratificado em acompanhar os sucessores de Dr. Castilho. A D. Dila, assistente social, realiza um papel importante ao proporcionar a formação educacional de seus funcionários.

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Durante estes anos fui agraciado com diversos reconhecimentos. Hoje estou extremamente agradecido com tudo que a empresa me proporcionou, principalmente norteando minha formação moral e acadêmica.As vezes no meu caminho de casa até o trabalho observo o mar e fico encantado... estou realmente indo trabalhar, é muito bom trabalhar no Tororomba, aprecio o respeito e a segurança que me oferecem com o meu trabalho. Hoje só tenho uma palavra para resumir tudo... Gratidão e estarei sempre disposto a contribuir no que for preciso para cada vez mais alavancar esse belíssimo lugar.

Darlei Palafoz SilvaGerente Operacional do Hotel Ilhéus – BA

Gostaria de deixar aqui o meu respeito a essa empresa que con-tribui com a melhora na vida de muitas pessoas que muitas vezes encontram-se em situações não desejadas por não ter um traba-lho. – Parabenizo os diretores Nelson Freire e D. Dila, pela edição de mais um livro sobre o hotel Tororomba, e quero dizer tam-bém, que tenho muito orgulho em fazer parte da familia TO-ROROMBA”

Marco AbobreiraDepto. Pessoal - 22 anos de empresa

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Sou mineira, nascida em Varginha (MG). Conheci meu marido no Rio de Janeiro – RJ, casamos e fomos morar em Barretos – SP, onde nasceu meu único �lho, Nelson Sério Freire.Um ano depois do seu nascimento fomos morar em Ribeirão Preto – SP.Nesta cidade ingressei na Faculdade de Serviço Social, para compensar a frustração de não ter tido quatro �lhos. Mudamos para São Paulo – SP, onde meu marido desenvolveu uma estrutura bem consolidada em advocacia. Meu �lho, Nelson, formou-se em Direito, mas decidiu mudar-se para Ilhéus – BA no começo dos anos 90 para implantar o sonho do pai de desenvolver a região onde nasceu e dar mão de obra aos seus conterrâneos.Quando �quei viúva em São Paulo – SP, vim para Ilhéus para vender o hotel, porém a venda não foi concretizada.Resolvi me mudar para Ilhéus e comecei a trabalhar na área �nanceira do Hotel e desenvolver um projeto assistencial com os funcionários.Comecei, usando meus conhecimentos como assistente social, um projeto junto aos meus funcio-nários. Os recursos com que �nancio estes projetos são oriundos da aposentadoria deixada pelo meu esposo. Ele consiste em desenvolver as pessoas nos seguintes campos, a saber:– Financio parcial ou totalmente os estudos dos funcionários (Faculdade, cursos técnicos, etc.). – Patrocino integralmente cursos para obter cartas de motorista de carro e/ou moto.– Os funcionários que já têm mais de dois �lhos são orientados a fazer vasectomia, também recebem uma cesta básica.– Por último, após estudar cada caso, ajudo os funcionários no projeto da construção da casa própria. Vários já foram bene�ciados com esta ajuda e hoje moram em suas próprias casas.Acredito que com meus projetos sociais ajudo a realizar o sonho de meu esposo, que era construir um Hotel para deixar um legado (desenvolvimento e emprego) para a região em que nasceu.

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Já faz cinco anos da publicação do primeiro exemplar da História do Tororomba.

Neste ano o Hotel completa 25 anos de existência.

Desde o lançamento da primeira edição do livro do Tororomba notei o interesse de algumas pessoas pela nossa história.

Cinco anos se passaram da última publica-ção e algumas coisas mudaram. É para registrar estas mudanças que estamos lançando agora com esta edição “A História dos 25 anos do Tororomba”

Lendo o livro é possível perceber como a história tem uma dinâmica, muitas vezes coisas acontecem que mesmo não planejadas dão certo, outras, planejadas e não dão. Esta é a dinâmica da vida, seja do lado pessoal, seja empresarial.

Espero que gostem do livro. Até daqui a cinco anos, quando escreveremos (ou não) a História dos 30 anos do Tororomba.

Boa leitura!

Nelson Sério Freire

Diretor de Marketing do Tororomba

Ilhéus – Bahia – Brasil

Dona Dila, viúva de Geraldo de Castilho Freire, idealizador e �nanciador do Resort Tororomba