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A História Moderna na Historiografia

Geraldo Fonseca

Rejane de Jesus Santos

Simone Dantas Fontes1

RESUMO: O conceito de modernidade vem sendo questionado tanto numa linha didática quanto histórica, ou seja, analisaremos o decorrer histórico e posteriormente o didático na História Moderna. É importante destacar que o conceito de tempo é embutido na História, justamente para estudar a mesma.

PALAVRAS-CHAVE: Historiografia, História Moderna, modernidade.

As transformações da história moderna abrem discussões quanto ao seu Início e

desenvolvimento, tomaremos por base situações e conceitos que amenizarão esse quadro, mas

cabe a cada pesquisador da área tomar os seus próprios caminhos para facilitar o estudo da

mesma.

A própria idéia de modernidade, no período iluminista, tem seu pressuposto

fundamentado em razão. Esse pressuposto é marca registrado na Renascença, que atravessa o

século XVI e XVII, expandindo-se até os pensadores da ilustração.

Analisando o período modernista numa visão de continuidade dando ênfase ao

cortes e as transformações ocorridas na Europa, diríamos, no primeiro momento que o

progresso pareceu ser comum a todas as nações européias. Mas no século XVII, a Europa é

abalada por uma profunda crise (guerras, peste, problemas climáticos, queda no fluxo de prata

vinda da América).

Na época da Renascença européia, o esplendor econômico e intelectual teve como

lideres a Itália e a Espanha, já o segundo momento, a idade iluminista, Itália e Espanha

estacionaram intelectual e economicamente, agora vão ser substituídos pela Inglaterra, França

e Holanda. “Tal como as nações do norte se viravam para os paises mediterrânicos em busca

de novas idéias no primeiro período, no segundo foram às nações mediterrânicas a se

voltarem para o norte”. Trevor – Ropper.

Se analisarmos a idade moderna destacando o caráter político-ideológico, vamos

perceber que o aspecto fundamental foi a passagem da transcendência a imanência.

Com o uso da razão, estava colocada a possibilidade de se criticar todas as

influencias que ocultavam o homem a sua própria realidade.

1 Trabalho apresentado à disciplina História Moderna II, 5º Período da Faculdade José Augusto Vieira, sob a orientação do Profº. Marco Antonio Matos Antonio

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Com o iluminismo, o homem se liberta de todas as intolerâncias (deuses, mitos,

superstições) resultado da manipulação do clero e do Estado, surgindo em seu lugar homens

comprometidos com a sua própria história. Com essa nova visão, o homem percebe que a

tradição e a igreja não mais serviam, pois não respondiam aos seus anseios, sendo assim, esse

homem com a mentalidade nova só acreditava na verdade a partir da experiência e da

observação.

A visão tradicional era marcada pelo universo voltado para a Revelação.

Paulatinamente, essa visão foi perdendo espaço frente ao avanço da visão imanentista e

antropocêntrica. Dessa maneira, foi surgindo uma nova concepção do mundo e do homem

orientados pelos pressupostos da imanência, da racionalidade e da relação homem natureza.

Mas isso, não significou que a religião tenha sido abandonada ou renegada. O avanço

imanentista e antropocêntrica ao impor ao homem da idade moderna restrições a religião,

expressava muito mais homens críticos da igreja do que da religião.

O individualismo junto com esse novo homem renascentista rompe com a tradição

e inicia uma fase marcada pela idéia de sociedade civil e de pacto social.

A concepção racionalista do mundo estava nesse momento guiada por uma razão

“soberana”, tanto para o homem quanto para a ciência: ambos formadores de visão de mundo

que se buscava alcançar. Esse é o momento em que, os iluministas vão difundir sua fé no

gênero humano e no modelo da racionalidade científica, referendada nas leis da natureza.

No alvorecer de novos conceitos, os valores do universalismo e a mensagem cristã

permeavam todas as hierarquias sociais. Naquele mundo, as relações humanas e políticas

tinham como referência valores e condutas que a transcendiam largamente. Aliás,

desconhecia-se ainda o poder político da modernidade_ impessoal, uniformizador, anônimo,

exclusivamente concentrado na unidade de mando.

Com a modernidade, aconteceu o que na Idade Média era inimaginável; a violência e o

sangue derramado nas longas guerras de religião dão vida à idéia de tolerância. Mas, e as

guerras foram realmente de religião? Ao menos não exclusivamente. Foram o nascente

absolutismo estatal e o nacionalismo a provocá-las e expandi-las.

Ficando evidente, não de tratar exatamente de disputas teológicas ou de questões de fé

religiosa.

Em plenas controvérsias religiosas entre reforma e contra-reforma, o que dá fundamento

cultural é a voz límpida e pacata do grande humanista cristão Erasmo de Roterdã, que passa

para a história como um humanista tendente ao clássico mais do que como um reformador da

fé.

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Outra idéia a destacar, foi a tolerância lockeana, que surge da confluência de duas visões

associativas fundamentais (as instituições políticas e as comunidades dos crentes), para se

tornar em seguida uma das expressões mais elevadas da liberdade de consciência de toda a

história do pensamento e das ações humanas.

Assim pode dizer que, com excessiva freqüência o uso da razão transformou-se no

abuso da razão: ou seja, num racionalismo totalizador que, quanto mais tenta projetar e re-

plasmar as relações humanas e sociais conforme um plano, tanto mais tem efeitos destrutivos

(intencionais ou não). “Homem e mundo racionais tornam-se partes da mesma realidade.” 2

Por isso mesmo, reconhecer limites insuperáveis ao nosso saber permite, antes de mais

nada ás comunidades científicas, não tornar-se instrumento dos que querem controlar a

sociedade para tornar a plasmá-la que afinal é a raiz de toda tirania (mesmo democrática) e da

destruição de civilizações e tradições que surgiram e se desenvolveram mediante livres

criações, relações de cooperação e concorrência multiformes e decerto não desenhadas por

uma mente superior.

Relacionando o Estado, que não é exatamente o primeiro amigo da liberdade da

cultura, tratando-se de uma instituição que não respeita as leis, os costumes, as tradições que

evoluíram espontaneamente ou as culturas legadas, mas que ao contrário, tem por objetivo

criar leis e impô-las mediante os próprios ministérios a indivíduos e comunidades.A História

Moderna foi uma tentação permanente de racionalismo ideológico e de experiências

governadas mediante o rigor da dedução, da administração, da violência. “Em suma, o

“mundo moderno” é o espaço-tempo em que se constrói uma nova visão do mundo nas

Sociedades ocidentais. ”3

No conceito cronológico a idéia que se tem de moderno compreende da queda de

Constantinopla (1453) e finaliza com a Revolução Francesa (1789). No entanto dentro do

próprio conceito historiográfico a História Moderna é vista apenas exclusivamente e

politicamente na Europa.

Leandro Karnal aprofunda-se no conceito moderno como processo do

renascimento que havia se manifestado antes da queda de Constantinopla, e o poder associado

à Revolução Francesa já era uma realidade na Inglaterra e Holanda um século antes do marco

francês.

A percepção de um novo pensamento que vem antes mesmo do marco indicado

nota-se um avanço e um retrocesso dentro do conceito de moderno e médio e vice-versa, para

2 MARQUES, Adhemar. BERUTTI, Flávio. FARIA, Ricardo de Moura. História Moderna através de

textos. 11ª ed. São Paulo: Contexto, 2005. pp. 13. 3 IDEM, 13.

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Arno Mayer o período moderno vai além a suas especulações inicia em 1789 até 1917. Por

fim estabelece a sobrevivência do poder e influência da nobreza até a primeira guerra

mundial. “... há uma construção na historiografia que atende a variáveis como nacionalidade,

classe social, objetivos políticos etc.”

Se pegarmos a Revolução Industrial como exemplo verá que ela difundiu-se em

meadas do século XVIII e preponderou até o século XXI, seria algo acabado? Ter-se-ia um

conceito de moderno ou contemporâneo?

Dentro de uma estrutura linear o comércio vem de longas datas e manifestou-se

por todo globo no mesmo período de formas diferentes, mas as mudanças foram no período

moderno ou nas mentalidades? Em sua necessidade de expansão durante o século XVIII os

exercícios do poder político eram concentrados nas mãos do príncipe e do comuna, em

seguida transferido ao Estado que passa a dirigir o soberano do poder político. O Soberano

passa a ser o Estado e não mais o príncipe, esta passa a ser a linguagem usual.

No século XIX temos a transferência do poder político da sociedade civil para o

Estado, surgindo então à desigualdade econômica localizada na sociedade civil.

A linha de moderno não é algo novo, mas um aprimoramento de todas as linhas de

pensamento da antiguidade, passando pela Idade média em suas fases, a moderno, e

contemporânea, a linha é a mesma modificando-se apenas em sua estrutura pensamentista

vividas em cada período da historia.

Concluímos que dentro do contexto linear da história moderna, muitas das vezes é

constituída e transmitida como algo acabado, no entanto, a história é algo continuo este

período de transição não foi perceptível naquele momento. As mudanças começaram a serem

notadas diante das repercussões na arte, ciência, política econômica, durante o período

moderno.

Esses trezentos anos de História, não podem ser tratados como algo isolado, houve

sim interligações de pensamentos e idéias dentro de uma estrutura; mais uma vez cabe a nós

professores, historiadores, estudiosos, aprofundarmos o estudo da história moderna, visando

um melhor ensino da mesma, isso facilitará a todos, inclusive a própria História.

Referências Bibliográficas:

MARQUES, Adhemar. BERUTTI, Flávio. FARIA Ricardo de Moura. História moderna através de textos.11.ed. São Paulo: Contexto, 2005.pp.13.