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A Histria mais recente do reino do BailundoA Histria mais recente do reino do BailundoARTIGO | OUTUBRO 3, 2009 - 6:52AM | POR MBELA ISSO

Pretendo, com este artigo, apresentar alguns factos mais recentes sobre a histria do que foi, em tempos, um dos mais poderosos reinos dos estados do planalto, ou seja, o Reino do Bailundo, sem qualquer desprimor para outros estados, importantes que foram e so, quer para as lutas contra a ocupao colonial, quer para o processo da construo da Nao-Estado, em curso, e incluso no grande projecto de edificao da sociedade angolana. Os estados Ovimbundu, embora os dados de que dispomos apontem para o facto de os mesmos terem sido constitudos muito antes do sculo XIX, so mais fceis de descrever a partir dos anos de 1800, sobretudo no que diz respeito aos Estados da Cingolo, Cyaka, Gumba, Kalengue, Kaluquembe, Bailundo, Ndulu; Ngalangui; Sambu, Viye, Wambu, para alm dos reinos no menos importantes como o de Caconda (Cilombo Cooma), Ekekete, Chitata e outros. Fig.1 Estados do planalto, toponmia actual e localizao Reino Toponmia actual Provncia Mbalundu Cingolo Bailundo Cingolo Huambo Huambo Localizao Municpio Bailundo Bailundo

Ciyaka Ndulu ou Ondulu Ngalangui Kalenge

Ukuma Andulo Galangui TchikalaTcholoanga

Huambo Bi Hula Huambo

Ukuma Andulo Cuvango Tchikala-tcholoanga

Kaluquembe Sambu Viye

Kaluquembe Sambo Bi

Hula Huambo Bi

Kaluquembe Tchikala Tcholoanga Kuito

Falando, concretamente, do reino do Bailundo, que nos interessa neste artigo, de referir que o mesmo perdeu a sua independncia em 1896, logo aps a morte de Ekuikui II, e durante o reinado de Numa II que o sucedera. Recorde-se que este fora vencido pelo capito Justino Teixeira da Silva, que, vindo do Bi, o atacou sem d nem piedade. A Numa II (assassinado por ordens do jovem capito Teixeira da Silva) sucederam outros reis, com pouca expresso, como foi o caso de Kalakata e Kalandula. Estes, transidos pelas derrotas, nada fizeram para contrapor com retaliaes a impunidade com que os portugueses agiam no reino recm-conquistado. De facto, os comerciantes portugueses agiam com uma impunidade total, sobretudo no que dizia respeito procura de milho, cera, borracha e de mo-de-obra escrava para a agricultura. Houve, entanto, um homem, que no era rei, mas que estava ligado corte do reino do Bailundo, que no esteve para meias medidas. Esse homem chamava-se Mutu-yaKevela[1], que quis pr freio aos apetites desmesurados dos portugueses. Mutu-yaKevela viria a ser dominado e morto em 1902, muito antes do aprisionamento, na regio do Bimbe, do seu conselheiro, Samakaka, famoso pelos seus conhecimentos de magia, utilizado, em vo, para ludibriar as foras portuguesas. Dali em diante, os portugueses tiveram um domnio total do Reino ao ponto de, por um lado, influenciarem nas sucesses ao trono e, por outro, mobilizarem os reis, agora

convertidos em sobetas, para as suas misses mais bizarras como foi, por exemplo, a mobilizao dos bailundos, sob o comando do rei Candimba para a chacina da populao dos Seles. A histria do Reino do Bailundo, depois de passar por um perodo de relativa acalmia, viria, no entanto, a tornar-se conflituosa, fruto das convulses polticas e sociais que se verificaram logo aps a ascenso do pas independncia e, concomitantemente, a guerra que se seguiu. O ltimo dos soberanos que regeu o Bailundo, sob a bandeira colonial, foi Flix Numa Candimba, da linhagem do rei Candimba. Flix, durante o tempo colonial e os anos que se seguiram a independncia nacional, conciliava a funo de rei (soba) com a de contnuo na Escola Primria n 44, do Municpio do Bailundo. Na Angola independente (1976) o Municpio do Bailundo era governado pelo Comissrio Municipal Andr Ulamba, mais tarde substitudo por Chipindula e David Sapata, respectivamente. A nomeao de David Sapata viria a coincidir com a morte de Flix Candimba. de referir que David Sapata foi nomeado Comissrio do Municpio do Bailundo, no ano de 1977. Tratou-se de um homem que ficou clebre pelo seu carcter sanguinrio ao ponto de, segundo se conta, ter tido o desplante de apresentar a certos visitantes ao Municpio a sua famosa lavra, leia-se cemitrio. Como se isso no fosse suficiente, o comissrio David Sapata foi a primeira autoridade governamental a subverter os princpios da entronizao dos reis do Bailundo, segundo os quais, apenas podem ser reis pessoas de sangue azul, ou seja, que possuem a linhagem real. David, sub-repticiamente, favoreceu e contribuiu para que um dos seus amigos, Benjamim Pesela Tchongolola, um granjeiro, se autoproclamasse rei do Bailundo, embora por pouco tempo, porque, em 1979, o comissrio David Sapata no sobreviveu a uma emboscada da Unita, que tambm dizimou centenas de pessoas que vinham com ele na via do Alto-Hama ao Bailundo. Manuel da Costa (Ekuikui III)- Rei do Bailundo (1977-1998) Ao comissrio David, sucedeu Aro Chitekulu. Este, com o intuito de mostrar uma nova face na sua governao, embora no se no se tenha livrado da fama de carrasco, organizou um grupo de Sekulu (mais-velhos) com o fim de tirar Pesela do trono, o que foi conseguido pelas razes atrs apontadas. Apesar disso, o gesto de Aro Chitekulu caracterizou-se,

em certa medida, por um igual desrespeito s tradies. que, Manuel da Costa, o rei escolhido, no pertencia a linhagem dos reis do Bailundo, mas sim dos reis da Luvemba. Fosse como fosse, Manuel da Costa subiu ao trono com o epteto de Ekuikui III, tendo sido respeitado como tal. O mesmo teve, no entanto, um percalo quando, nos anos 80, foi raptado pela Unita e levado para o antigo bastio do Galo Negro, a Jamba. No entanto, pelo que se sabe, mesmo na ali, o mesmo foi tratado com a deferncia prpria de um rei. Foi nesta qualidade que, em 1992, aps as escaramuas que se seguiram as eleies de 1992, a Unita no torcesse o nariz ao facto de Manuel da Costa (Ekuikui III) ter retomado o trono, diante da fuga de um outro rei que lhe tinha tomado o lugar durante a sua ausncia, ou seja, Augusto Kachytiopololo, um homem comum, no pertencente a qualquer linhagem dos reis do Bailundo, que foi elevado categoria de rei por questes essencialmente polticas, com o patrocnio do Comissrio Provincial Aro Chiteculo. Augusto Kachytiopololo, entronizado aquando da estadia de Ekuikui III na Jamba, refugiou-se na cidade do Huambo logo que a Unita fixou a sua direco nas vilas de Andulo e Bailundo. No entanto, Ekuikui III viria falecer nos finais dos anos 90, mergulhando, de novo, o reino numa crise. Dada a vacatura e, sob a influncia do lder da Unita, foi decidido preenche-la com candidatos de sangue azul e da linhagem dos reis de Etunda, Lunge. Recorde-se que fora da de onde sara, em 1820, o rei Utondossi que reinara no Bailundo at 1842. Definidas assim as coisas, a escolha recaiu para duas individualidades de sangue azul e da linhagem real dos Utondosi: Alice Ngueve Simes (me do embaixador e ex-presidente da bancada da Unita, Alcides Sakala Simes), e Jeremias Lussati, a quem se decidiu entregar o trono, com o epteto de Utondossi II.

Augusto Kachytiopololo (Ekuikui IV)Com a morte do lder da Unita, o fim da guerra e a re-proclamao de Augusto Kachytiopololo para rei, com o epteto de Ekuikui IV, O reino do Bailundo entrou na sua fase mais crtica, cuja nota predominante a vassalagem total ao Mpla e JES. Da que o passo a seguir, conforme foi orquestrado por essa fora poltica, com o beneplcito de Augusto Kachytiopololo, foi a eliminao fsica de Utondossi II, o que se conseguiu, em 2008, como consequncia de um atentado sofrido em 2007 na localidade de Lunge, onde vivia. Estes factos apenas atestam quo contraproducente a intromisso abusiva da poltica e do poder institudo no poder tradicional. Mas, apesar disso, nos akokoto mentais das populaes do Bailundo apenas tm lugar os reis de sangue azul. Quantos aos outros, sero esquecidos logo que deixarem o mundo dos vivos.

[1] Literalmente, abbora que no cose, ou seja, o indomvel,RELATED TERMS: -Histria dos Ovimbundu Os Ovimbundu

Por dentro do Museu Regional do Huamb

Finalmente est a dissolver-se a nvoa que, durante algum tempo, impediu o funcionamento do Museu Regional do Huambo, devido pilhagem que o acervo sofreu durante o conflito pseleies de 1993. Hoje reabilitado, mantm em paralelo uma actividade permanente de carcter ldico-pedaggico com escolas de todos os graus de ensino, segundo relatos do historiador Festo Sapalo, responsvel pela instituio. O museu foi criado em 1945 e rene peas idas das provncias da Hula, kwanza-Sul, Menongue e Moxico. Mas a maioria das obras so mesmo do Planalto Central, tendo cada uma o seu significado e historial. Localizado na Cidade Alta, junto ao Jardim da Cultura, o museu estrutura-se em trs salas: da Ocupao do Huambo , de maior dimenso, a galeria e a sala de armazenagem. Naquela instituio museolgica, a visita de quem l vai comea justamente na Sala de Ocupao do Huambo, onde so detalhados pelo guia elementos elucidativos sobre a sua histria, funcionamento e projectos. Curiosamente, a nossa primeira questo cingiu-se em saber os motivos desta designao. Porqu Ocupao do Huambo? No seu caracterstico jeito de pedagogo, o orientador da visita explicou que o espao foi denominado Sala de Ocupao por albergar, naquela altura, canhes que fizeram guerra na regio do Planalto Central, sobretudo nos reinos do Bailundo, Sambo e Chingolo. A estes artefactos, juntavam-se ainda algumas figuras do Reino do Huambo, como dos reis Livongue, Ekuikui II, Numa II, seu sucessor e Ndala, representando o poder tradicional da regio. Com a vandalizao do museu, durante a guerra dos 55 dias, parte do material foi roubado, sendo possvel recuperar algum que serve actualmente da exposio permanente. O museu conta actualmente com trs mil e oitenta peas diversas, entre as quais, duas mil 250 fotografias e gravuras que retratam a cidade do Huambo e vrias entidades ligadas a histria, e oitocentas e trinta pores de escultura. As esculturas, ligadas crena religiosa, incluem figuras eclesisticas, como a de D. Junqueira, primeiro Bispo do Huambo, e outros elementos afectos Igreja Catlica. A arqueologia, por sua vez, em pequena escala, constituda por objectos do sculo IX, servindo de estudo e testes de licenciatura para vrios estudantes do ramo. Chama tambm a ateno do pblico o grande quadro do Kandumbo sobrado da pilhagem, pintado por um artista portugus, Tavares, em 1967.

A obra ilustra a localidade onde nasceu e viveu o Rei Ndala, um monarca que, segundo relatos do historiador Festo Sapalo, trabalhou para a organizao do poder tradicional, garantindo a segurana do povo e o desenvolvimento socio-econmico e poltico da regio. O quadro em referncia narra o desenrolar dos acontecimentos e batalhas travadas nos cinco reinos da regio do Planalto Central, desde o Bailundo ao Kandumbo.

Um pouco da histriaConta-se que a presena portuguesa na regio viria a constituir mais tarde uma ameaa ao poder tradicional do Rei Ndala, tendo, em 1771, penetrado no Reino do Bailundo. Muitos deles, segundo o narrador, j se encontravam na localidade do Kandumbo, criando, de certo modo, um clima de instabilidade aos populares da rea. Em consequncia disso, uma grande batalha, comandada por Teixeira Moutinho, viria a ser travada entre soldados portugueses e as foras do Rei ao longo do percurso de Kilengues e Kalukembe, uma vez que a inteno era atingir Huambo. A operao no foi to fcil como parecia, uma vez que ao chegarem localidade do Kuma foram alertados sobre a presena do temvel Soba Samakaka Samba Yo Londungo, facto que forou os soldados a uma paragem. Ao receberem informaes sobre a localidade e o Rei Livongue, decidiram reorganizar-se, tomando de assalto a Embala do Reino do Huambo a 21 de Setembro de 1902. Posteriormente, avanaram para o reino do Kandumbo, travando uma violenta batalha que culminou com a morte do Rei Ndala e seu adjunto, pondo em causa os cinco reinos que constituem a regio do Planalto Central. Augusto Nunes15 de Maio de 2009

Henrique Mitchell de Paiva CouceiroHenrique Mitchell de Paiva Couceiro GCI (Lisboa, 30 de Dezembro de 1861 Lisboa, 11 de Fevereiro de 1944) foi um militar, administrador colonial e poltico portugus que se notabilizou nas campanhas de ocupao colonial em Angola e Moambique e como inspirador das chamadas incurses monrquicas contra a Primeira Repblica Portuguesa em 1911, 1912 e 1919. Presidiu ao governo da chamada Monarquia do Norte, de 19 de Janeiro a 13 de Fevereiro de 1919, na qual colaboraram activamente os mais notveis integralistas lusitanos. A sua dedicao causa monrquica e a sua proximidade aos princpios do Integralismo Lusitano, conduziram-no por diversas vezes ao exlio, antes e depois da instituio do regime do Estado Novo em Portugal. [editar] Biografia Henrique Mitchell de Paiva Couceiro nasceu em Lisboa, filho do general Jos Joaquim de Paiva Cabral Couceiro, notvel oficial de engenharia do Exrcito Portugus, e de Helena Isabel Teresa Mitchell, uma protestante irlandesa convertida ao catolicismo, que depois de educada num colgio de freiras em Frana, viera residir em Portugal como mestra das filhas do visconde do Torro. A me era de uma f intensa e militante, razo pela qual Henrique Paiva Couceiro cresceu num ambiente de religiosidade exacerbada e de um catolicismo extremo e dominador,[1] que nem permitia, por exemplo, a leitura de romances considerados impuros: j na Escola do Exrcito, Paiva Couceiro orgulhava-se de os rasgar, mesmo que fossem emprestados, suspeitando-se que achava os romances perversos por natureza. A educao recebida e a duradoira influncia materna ter levado a que no fim da vida Paiva Couceiro confessasse que lera muito poucos romances e que nunca fora ao teatro nem ao cinema.[2] Pelo contrrio, ia diariamente missa, quando no estava em campanha, e em campanha todos os dias lia a IMITATION DE JESUS-CHRIST, preparando-se para o supremo sacrifcio.[1] Ter considerado, em 1891, aps o seu regresso das campanhas no sul de Angola, ingressar numa ordem religiosa. Demonstrando claros laivos de jansenismo, apesar do fervor religioso, considerava-se indigno de comungar. Depois de concluir os seus estudos preparatrios em Lisboa, assentou praa a 14 de Janeiro de 1879, com 17 anos de idade, como voluntrio no Regimento de Cavalaria Lanceiros de El-Rei (o Regimento de Cavalaria n. 2), no qual serviu at ao ano de 1880. Neste ltimo ano foi transferido para o Regimento de Artilharia n. 1, como aspirante, frequentando o curso preparatrio da arma de artilharia na Escola Politcnica de Lisboa. Ingressou ento na Escola do Exrcito, onde frequentou o curso de Artilharia de 1881 a 1884. A 24 de Junho de 1881, com apenas 19 anos de idade e na vspera de ser promovido a alferes de artilharia, ao cruzar-se no Chiado, acompanhado de sua irm, com Lus Lon de la Torre, num acesso de raiva deu-lhe 2 ou 3 murros (e no 5 tiros). Lon de la Torre ps-se imediatamente em fuga receando levar mais. Devido a estes murros, Lon de la Torre esteve 42 dias doente. Segundo a "Nota de assentos que tem no livro de matricula e no registo disciplinar o official abaixo mencionado",[3] Paiva Couceiro foi preso a 25 de Junho de 1881 pelo crime de ferimentos. A nota de assentos continua: "Em Conselho de Guerra dois anos de priso militar por ferimentos voluntarios. Sentena do 1 Conselho de Guerra permanente do 1o Conselho de Guerra permanente da 1a Diviso Militar de 7 de Novembro de 1881. Comutada a pena na de seis mezes da mesma priso alem da que j tinha sofrido. D. de 7 de Abril de 1882. Solto em 7 de Outubro". Esteve portanto preso durante 1 ano 3 meses e 18 dias. Regressou escola do exercito em 26 de outubro de 1882.[3]

A 9 de Janeiro de 1884 foi promovido a segundo-tenente de artilharia, servindo no velho Regimento de Artilharia 1, em Campolide. No Regimento de Artilharia n. 1 fez parte de um grupo de jovens tenentes que cultivavam as chamadas artes militares, dedicando-se esgrima e equitao, desenvolvendo uma carreira militar que no mereceu reparos ou particular destaque. No seguimento dessa carreira, foi promovido a primeiro-tenente em 27 de Janeiro de 1886. Foi novamente promovido a 4 de Julho de 1889, desta feita ao posto de capito, oferecendo-se ento para realizar, como voluntrio, uma comisso de servio nas colnias ultramarinas, onde ento se desenvolvia um esforo de efectiva ocupao do territrio, consequncia da Conferncia de Berlim sobre a partio da frica entre as potncias coloniais europeias. Foi enviado para Angola, desembarcando em Luanda a 1 de Setembro de 1889.[1] [editar] As campanhas de Angola Chegado a Angola foi logo nomeado comandante do Esquadro Irregular de Cavalaria da Humpata, um grupo de caadores a cavalo, sediado na vila de Humpata, que fora criado por Artur de Paiva para combater os bandos de salteadores (designados por guerras) que ento assolavam o planalto de Momedes. No permaneceu muito tempo nesse cargo, aparentemente pouco agradado com os mtodos e a indisciplina dos seus subordinados, apenas tendo participado numa aco destinada a recuperar gado roubado, em que utilizou exclusivamente soldados e voluntrios portugueses, no recorrendo usual ajuda de mercenrios beres. Com o alargamento do esforo de ocupao do interior de Angola e das tentativas de dar sustentao reclamao portuguesa de soberania sobre a regio entre Angola e Moambique, o famoso mapa cor-de-rosa, foram desencadeadas diversas campanhas de explorao e avassalamento[4] dos povos do interior de Angola. A resistncia no se fez esperar e foi iniciada uma vasta campanha militar, designada por Campanha de Pacificao de Angola (1889-1891),[5] na qual Paiva Couceiro se empenhou energicamente. . Nessa campanha a primeira misso que foi confiada a Paiva Couceiro foi obter a vassalagem do soba Levanica (Lewanika) do Barotze, na regio que hoje a Zmbia, o que implicava uma caminhada de quase um milhar de quilmetros pela savana. Contudo, depois de uma longa espera no Bi, nos arredores da actual cidade de Kuito, aguardando por reforos e pelos presentes que devia levar ao soba, recebeu a notcia do cancelamento da expedio. Apenas meses depois soube que o cancelamento se devera inutilidade da misso, em resultado de Portugal ter cedido ao ultimato britnico de 1890 e os territrios a visitar terem passado para a esfera de influncia britnica. Deixou ento de usar o apelido Mitchell, dada a sua ligao britnica.[1] Sabedor do conhecimento pormenorizado que o velho comerciante e explorador Antnio Francisco da Silva Porto tinha do serto, enquanto permaneceu no Bi acampou nas proximidades da embala[6] de Belmonte, a aldeia fundada por Silva Porto nas margens do rio Kuito e onde aquele famoso sertanejo residia. Aquela aldeia foi o ncleo da vila e cidade de Silva Porto dos tempos coloniais portugueses e da hoje cidade de Kuito. A presena da fora militar comandada por Paiva Couceiro, com 40 moambicanos armados com espingardas de repetio Snider-Enfield, gera grande tenso com as tribos do Bi, inquietas face presena de tropas portuguesa no seu territrio, o que levou o soba Dunduma (o Trovo) a exigir a imediata partida das tropas. Face ao incumprimento da promessa de que as tropas estavam apenas de passagem, que lhe fora feita anteriormente por Silva Porto, aquele soba pe trmino s relaes pacficas de h muito existentes entre os autctones e Silva Porto, a quem injuria puxando-lhe as barbas e dizendo-lhe que as no merecia, e exige a retirada imediata de Paiva Couceiro, o que este terminantemente recusa.

Num ambiente de pessimismo resultante do ultimato britnico, Silva Porto, ferido na sua honra e dignidade aps o fracasso da tentativa de mediao com Dunduma, amortalhou-se na bandeira portuguesa e fez-se explodir com alguns barris de plvora.[7][8] Aps a morte de Silva Porto, Paiva Couceiro instala-se brevemente na embala de Belmonte, mas acossado pelas foras do soba do Bi, foi obrigado a retirar-se para o reino vizinho do Bailundo, onde depois de permanecer alguns dias isolado, recebeu ordem do governador-geral Guilherme de Brito Capelo para descer o rio Cubango at Mucusso, uma viagem de 2 600 km por terras desconhecidas. O objectivo era o avassalamento dos sobas da regio, antes que os britnicos o fizessem, e a determinao da navegabilidade do rio. Iniciada no Bailundo a 30 de Abril de 1890, a viagem foi pica, dela resultando, para alm da feitura dos vassalos que lhe fora determinada (ao todo 16 sobas), um relatrio riqussimo em pormenores etnogrficos e geogrficos, nalguns casos marcando o primeiro contacto europeu com os povos e terras visitados. Terminada a misso em 30 de Julho, dia em que atingiu, finalmente, a embala do soba do Mucusso. Resolveu ento descer o rio Cubango de canoa at s ilhas de Gomar, a 65 quilmetros dali, e regressar ao longo do rio at ao Forte Princesa Amlia, no Bi, onde chegou a 14 de Outubro, depois de cinco meses e meio no mato, em permanente risco de perder a vida e em condies insuportveis para qualquer europeu. Por este desempenho excepcional receberia a 18 de Dezembro de 1890 o grau de cavaleiro da Ordem da Torre e Espada. Regressado ao Bi, participou, com as foras de Artur de Paiva, na expedio punitiva que terminou na priso e deposio do soba Dunduma (ou NDunduma) que o ameaara seis meses antes e na completa subjugao do reino do Bi. Estava vingado o insulto que lhe fora feito e a morte de Silva Porto. Terminada aquela operao, ainda foi encarregado de ir avassalar os povos da regio da Garanganja e explorar os depsitos de sal-gema existentes na margem esquerda do rio Cuanza. Com a sua usual mincia, Paiva Couceiro descreveu no seu relatrio os 453 quilmetros que andou em doze dias, os dois caminhos para a Garanganja que reconheceu e os quatro sobas que avassalou, bem como as salinas que cuidadosamente visitou. Terminada mais esta operao, voltou a Belmonte, no Cuito, onde se recolheu doente com febres. A 17 de Fevereiro de 1891, o Ministrio da Marinha e Ultramar deu por terminada a sua comisso de servio ultramarino e ordenou o seu regresso a Portugal. Coberto de glria e fama nacional, pela aco militar notvel que conduziu em Humpata e pela sua extraordinria viagem de explorao, agraciado com o grau de cavaleiro da Ordem da Torre e Espada, foi recebido em Lisboa com rasgados elogios ao seu desempenho nas campanhas de Angola e elevado a grande-oficial da Ordem da Torre e Espada, por decreto de 29 de Maio de 1891. Em homenagem aos grandes servios prestados, e antes de voltar Metrpole depois de passar um ms no hospital, doente, recebeu da parte do povo da regio de Belmonte-CuitoBenguela uma rplica do colar de cavaleiro da Ordem da Torre e Espada em ouro, cravejado de diamantes. Esta magnfica condecorao, alis como todas as outras, desapareceram quando a sua casa em Lisboa foi saqueada durante a revolta de 14 de Maio de 1915.[9] [editar] A Guerra do Rif No tendo sido promovido, aps uma curta passagem pelo Estado-Maior do Exrcito, em Lisboa, foi colocado em Santarm, no Regimento de Artilharia n. 3, onde permaneceu entre Agosto de 1891 e Agosto de 1892, ms em que foi transferido para o Regimento de Artilharia 1, em Lisboa.

Descontente com a vida de quartel, em 1893 pediu licena para servir na legio estrangeira do Exrcito Espanhol e combateu nos ltimos meses da campanha de Melila, da Guerra do Rif (18931894) ento travada no Marrocos Espanhol, distinguindo-se a ponto de merecer a medalha espanhola de mrito militar. Terminada a campanha voltou a Lisboa e reocupou o seu lugar em Artilharia 1. [editar] A campanha de Moambique Quando em Outubro de 1894 os povos tsonga do sul de Moambique se rebelaram e atacaram Loureno Marques, o governo presidido pelo regenerador Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro, nomeou o antigo ministro progressista Antnio Enes para o cargo de comissrio rgio em Moambique, com a misso de esmagar a revolta dos povos autctones e reafirmar a soberania portuguesa sobre a regio, ento ameaada pelos britnicos, liderados por Cecil Rhodes, que consideravam os portugueses incapazes de manter a posse do territrio moambicano. Provavelmente devido sua fama africanista granjeada em Angola, Paiva Couceiro foi convidado e aceitou o convite para o cargo de ajudante de campo do comissrio rgio em Moambique. A expedio parte de Lisboa a 8 de Dezembro de 1894 e desembarcou em Loureno Marques a 18 de Janeiro de 1895. A situao encontrada no podia ser pior, pois a esmagadora maioria dos rgulos da regio estava contra os portugueses, estando estes encurralados em Loureno Marques, incapazes de controlar as imediaes da cidade, onde mesmo a ilha Xefina fora ocupada pelos insurgentes. Antnio Enes, estratega arguto, desencadeou um conjunto de campanhas militares, elegendo como principal adversrio Gungunhana, o rei dos vtuas e imperador de Gaza, de facto suserano da generalidade das tribos do sul de Moambique. Nestas campanhas, Paiva Couceiro teve aco notvel, particularmente nos combates de Marracuene e Magul, travado a 2 de Novembro contra as foras angunes de Gungunhana, sendo ferido neste combate. No combate de Marracuene, travado a 2 de Fevereiro de 1895, Paiva Couceiro ganhou grande destaque, particularmente ao liderar as tropas que repeliram as foras inimigas que tinham penetrado o quadrado defensivo portugus, uma manobra considerada de extrema dificuldade e que exigia enorme coragem. Em Agosto de 1895 foi feito cavaleiro da Ordem de So Bento de Avis, como prmio pelo seu desempenho em Marracuene. Regressado a Loureno Marques, em Maro daquele ano Paiva Couceiro voltou a demonstrar a sua coragem e a sua vontade de manter intacta a honra do seu Pas: vestido paisana, procurou pessoalmente trs correspondentes de jornais ingleses, dois ingleses e um americano, que hostilizavam Portugal na imprensa de Londres. Sovou o 1, um gigante, no seu estabelecimento; a luta estendeu-se at rua onde Paiva Couceiro deixou o seu inimigo knock-out. O segundo estava no hotel e levou uma sova sem resistir. O terceiro estava a tomar o aperitivo com amigos; pediu-lhe que se levantasse e perguntou-lhe se era ele que escrevia para o jornal que Couceiro trazia na mo. O jornalista respondeu "yes" e Paiva Couceiro esmurrou-o com o seu punho e o jornal mistura. O anel de sinete que usava na sua mo esquerda foi partido na escaramua e, mais tarde, foi oferecido ao Museu da Fortaleza (Loureno Marques) por seu filho D. Miguel Antnio do Carmo de Noronha de Paiva Couceiro. Mais uma vez, Henrique de Paiva Couceiro utilizou os seus punhos; de armas serviu-se sobretudo da sua espada, como no combate de Marracuene, quando ajudou a fechar o quadrado que tinha sido rompido pelos inimigos. Por este incidente foi repreendido pelo seu Chefe, o Comissrio Antnio Ennes, que mais tarde escreveu: repreendi-o sim, mas com vontade de o beijar! No desenrolar das operaes subsequentes, Paiva Couceiro voltou a destacar-se no combate de Magul, travado a 8 de Setembro de 1895, onde se portou com grande denodo, num acto do qual o comissrio rgio Antnio Ennes reconheceu a grande importncia ao dizer: "H-de ver-se que a vitria de Magul perdeu o Gungunhana; a derrota perderia, provavelmente, o distrito de

Loureno Marques. Se no fora Paiva Couceiro, provavelmente, lamentaramos ainda hoje tamanha desgraa." - in "Portugal em frica", Maro de 1944, p. 76 Demonstrando extraordinria coragem fsica, Paiva Couceiro ficou clebre, nomeadamente, na luta contra as foras de Gungunhana. Pelos seus feitos militares, foi alvo de diversas condecoraes e homenagens, particularmente aps o aprisionamento de Gungunhana e a sua extradio para Portugal. Concludas as operaes de pacificao e preso e deportado o imperador Gungunhana, Paiva Couceiro embarcou em Loureno Marques a 18 de Dezembro de 1895, com destino a Lisboa. Chegado a Lisboa, em Fevereiro de 1896 foi proclamado Benemrito da Ptria, por deciso unnime das Cortes, como reconhecimento pela apreenso de Gungunhana, e feito comendador da Torre e Espada, com uma penso anual de 500$000 ris, que de resto nunca recebeu durante a repblica. Foi o primeiro e provavelmente o nico oficial Portugus a ser agraciado, at hoje, com trs graus da Torre e Espada. Mas as honrarias no se ficaram por ali: foi nomeado ajudante-de-campo honorrio do rei D. Carlos I de Portugal e seu oficial s ordens, passando a integrar a Casa Militar do Rei, e em Maro recebeu a medalha de ouro de valor militar e a Medalha de Prata Rainha D. Amlia, por ter combatido na campanha de Moambique. Era oficialmente um heri e um benemrito da Ptria. [editar] O casamento e a entrada na poltica Nesse mesmo ano de 1896 casou com Jlia Maria de Noronha, filha e nica herdeira do 3. conde de Parati, tendo como padrinho do casamento o prprio rei D. Carlos I. Estava completo o seu percurso de ascenso social: era um dos mais prestigiados militares do tempo, ligado agora principal nobreza e Casa Real, da qual os condes de Parati, e em especial D. Isabel de Sousa Botelho, a condessa sua sogra, eram ntimos. O casal manteria um estrito catolicismo, tendo a esposa exercido toda a vida o cargo de presidente da Associao Reparadora das Marias dos Sacrrios Calvrios e, das trs filhas do casal, uma, Madre Paiva Couceiro, de seu nome completo Helena Francisca Maria do Carmo de Noronha de Paiva Couceiro, foi freira Doroteia e Madre Superior do Colgio das Doroteias em Benguela; outra, Maria do Carmo de Noronha de Paiva Couceiro, fundadora das Filhas de Maria na ndia, nunca foi freira mas dedicou toda a sua vida a obras religiosas e sociais. A sua memria foi recentemente homenageada pela Roshni Nilaya Alumni Association.[10] A mais velha, Isabel Maria do Carmo de Noronha de Paiva Couceiro, casou com Antnio Carlos Sacramento Calainho de Azevedo que, ento Alferes, foi o primeiro porta-bandeira a hastear a bandeira da Monarquia na implantao da Monarquia do Norte em 1919. Com o posto de capito, mas com um estatuto social e poltico muito superior, foi colocado no Estado-Maior do Exrcito, em funes mais honorficas e burocrticas do que de verdadeiro servio militar. Em 1898 foi transferido para o quadro do Estado-Maior, passando em definitivo a funes administrativas. Na sua qualidade de deputado s cortes, fez parte, nomeadamente, da "Comisso de Guerra" encarregada da discusso do projecto lei n 14, projecto de criao provisria do posto de 2 Capito na Arma de Artilharia. Bastante interventivo, nomeadamente na defesa da corporao, reclamando com convico promoes mais rpidas e melhores salrios para os oficiais do exrcito - Acta da 42a sesso. Ainda assim, em 1901 foi enviado a Angola, com a misso de dirigir uma experincia de traco mecnica entre o rio Lucala e Malanje. Concluiu a misso e apresentou um relatrio onde j revela as suas preocupaes com a poltica colonial portuguesa. A partir da, embora manifeste repetidamente o seu desdm pela vida poltica, que considera um pntano indigno da honra dos verdadeiros portugueses, publica numerosos artigos sobre poltica colonial e sobre poltica em geral, revelando um crescente nacionalismo e um profundo

desencanto com o sistema parlamentar do rotativismo, ao qual atribui o declnio da Ptria. Em entrevista e intervenes pblicas, assume-se como um novo Nuno lvares Pereira, puro e impoluto, pronto a salvar Portugal. Esta posio, agudiza-se a partir do suicdio de Mouzinho de Albuquerque, outro dos putativos salvadores da ptria, ocorrido a 8 de Janeiro de 1902. O seu pensamento poltico, imbudo de nacionalismo e de catolicismo, precede em muitos aspectos o Integralismo Lusitano, no qual alis mais tarde se integraria, embora sejam claras as influncias de intelectuais como Oliveira Martins e Guerra Junqueiro, em especial do Finis Patriae deste ltimo. Assumindo-se como reserva moral da Nao ultrajada, a 1 de Abril de 1902 enviou uma respeitosa petio s Cortes, insurgindo-se contra a hipoteca dos rendimentos alfandegrios aos credores estrangeiros do Estado, recomendando o equilbrio oramental e a reforma da vida poltica, como exigiam a nobreza e as tradies do povo portugus. Esta petio teve ampla divulgao na imprensa e despertou um amplo movimento de apoio entre a direita monrquica. Com ela, e com o desaparecimento de Joaquim Augusto Mouzinho de Albuquerque, Paiva Couceiro consagrava-se como o lder incontestado dos africanistas e reserva moral do regime monrquico ameaado pela crescente aco dos republicanos. A Pardia de Rafael Bordalo Pinheiro saudou-o com os seguintes versos: Grande herosmo e grande integridade, Bigode loiro e afirmaes solenes, Erguendo ao sol a Espada e a Verdade este, no dizer de Antnio Enes, O D. Nun'lvares da nova idade! Ainda no tinham desaparecido os ecos da sua petio e j novo escndalo vinha colocar Paiva Couceiro na ribalta da vida poltica: em Dezembro de 1902 transpirou para a opinio pblica que Antnio Teixeira de Sousa, o Ministro da Marinha e do Ultramar do governo presidido por Hintze Ribeiro, negociara um contrato que concedia a Robert Williams, um britnico que a imprensa acusava de ser discpulo de Cecil Rhodes, o direito de construir uma linha de caminhode-ferro ligando o Lobito a Benguela e dali fronteira congolesa, o futuro Caminho de Ferro de Benguela, garantindo por 99 anos ao concessionrio o monoplio do transporte ferrovirio e de eventuais exploraes mineiras numa faixa ao longo da linha com 240 quilmetros de largura e, em princpio, 1 347 km de comprimento. Esta concesso, apelidada contrato Williams, escandalizou a ala nacionalista que pretendia a exclusividade portuguesa em Angola, levando Paiva Couceiro a proclamar que os ministros que o sancionassem cometiam um crime de traidores. Depois da sua carta de 1 de Abril de 1902, Paiva Couceiro, numa carta publicada pelo Jornal das Colnias, insurge-se de novo contra a poltica do Governo. Estava consumada a ruptura com o regime e, para os polticos do rotativismo, Paiva Couceiro era agora o alvo a abater. Apesar das suas ligaes Casa Real, a 6 de Dezembro de 1902 foi transferido compulsivamente para o cargo de adjunto da Inspeco do Servio de Artilharia, em vora. Esteve virtualmente exilado naquela cidade at Novembro de 1903, quando a subida ao poder do ministrio progressista chefiado por Jos Luciano de Castro, o transferiu para o Grupo de Baterias a Cavalo de Queluz, onde permaneceu at 1906. Durante o perodo de permanncia em vora e nos meses subsequentes foi-se progressivamente aproximando de Joo Franco e das ideias ordeiras do Partido Regenerador-Liberal, Sinal dessa mtua aproximao o discurso programtico proferido por Joo Franco em Maio de 1903, no qual os grandes princpios de poltica colonial coincidem totalmente com as ideias de Paiva Couceiro. Estava criada a ligao que o conduziria poltica activa e o faria entrar, afinal, no temeroso pntano da poltica partidria que tanto vilipendiava.

[editar] Deputado s Cortes (1906-1907) Em 1905, aps as eleies gerais de 12 de Fevereiro (a 37. legislatura) e quando se tornou claro que o rei D. Carlos I pretendia finalmente apoiar a reforma do regime, o que eventualmente passaria pela entrega do poder a Joo Franco, Paiva Couceiro e outros africanistas famosos, entre os quais Freire de Andrade, Aires de Ornelas, Ivens Ferraz e Joo Baptista Ferreira, decidiram-se finalmente a abandonar a posio pretensamente suprapartidria em que se tinham colocado e inscreveram-se no Partido Regenerador-Liberal, anunciando que o faziam para que os portugueses no perdessem a confiana no futuro da raa. Inserido nas listas do Partido Regenerador-Liberal, concorreu nas eleies gerais de 19 de Agosto de 1906 (39. legislatura), pelo crculo n. 15, de Lisboa Oriental, e foi eleito deputado s Cortes para legislatura de 1906 a 1907. No parlamento foi vogal da Comisso Parlamentar do Ultramar (1906); vogal da Comisso Parlamentar de Administrao Pblica (1906-1907) e vogal da Comisso Parlamentar da Guerra (1906-1907).[11] A sua presena no parlamento, inicialmente discreta e centrada no trabalho das comisses a que pertencia, foi-se progressivamente alargando e afirmando, essencialmente em matrias coloniais e militares. Na sua primeira interveno, em presena de Antnio Carlos Coelho de Vasconcelos Porto, oficial de engenharia, Ministro da Guerra, comeou assim o seu discurso: Sendo a primeira vez que tenho a honra de tomar a palavra nesta assembleia e tendo de referirme hoje a alguns ex-ministros, devo declarar que na discusso dos negcios pblicos no conheo pessoas, e que est, portanto, excludo sempre do meu esprito o propsito, j no digo de ofensa, mas nem mesmo da menor desateno, seja para quem for. No est isso nos meus processos, e assim tambm no posso apoiar que para os debates desta Cmara sejam trazidos gracejos, cujo gosto no discuto, mas de cuja oportunidade divirjo profundamente. Cumpre, a meu, ver, a esta casa dar o exemplo da discusso sria, nem de outro modo se sustentar o prestgio que deve decerto revestir a assembleia a quem o povo entrega os seus interesses... Extracto do Dirio da Cmara dos Senhores Deputados, sesso n 25 de 7 de Novembro de 1906, sendo a Ordem do dia: "discusso do projecto de lei n 12 autorizando o Governo a organizar o Supremo Conselho de Defesa Nacional". Revelou-se um opositor assertivo das polticas progressistas e um apoiante das medidas ordeiras, mesmo que antidemocrticas. Sempre que se falava das colnias, em especial de Angola, reagia com paixo, defendendo que aquela colnia era o nico recurso para tornar maior este Portugal to pequeno.[11] A sua carreira parlamentar terminou quando a 2 de Maio de 1907 o presidente do Governo, Joo Franco, resolveu separar-se dos progressistas e, com o apoio real, suspender o parlamento e governar em ditadura. Suspenso o funcionamento da Cmara dos Deputados e perante uma oposio republicana e anarquista que crescia rapidamente, a posio de Paiva Couceiro radicalizou-se, aparecendo ento no seu discurso com clareza o desejo de uma monarquia plebiscitria, sem compromissos partidrias, antiparlamentar e tradicionalista. [editar] Governador-Geral de Angola (1907-1909) O Prncipe Real D. Lus Filipe em visita a Angola, com o Governador Henrique Paiva Couceiro (Luanda 1907). Tendo falecido no dia 1 de Maio daquele ano (1907) o governador-geral de Angola, Eduardo Augusto Ferreira da Costa, aparentemente por sugesto do rei D. Carlos I, o novo Ministro da Marinha e Ultramar, o seu camarada africanista Aires de Ornelas, convida Paiva Couceiro para o lugar de governador-geral de Angola. Este aceita e a 24 de Maio de 1907 nomeado

governador-geral interino, j que a sua patente de capito no permite a nomeao definitiva. Chegou a Luanda a 17 de Junho, iniciando de imediato as suas funes. O facto de ter sido apoiante de Joo Franco em boa parte explica ter sido nomeado para o cargo, que obviamente era necessariamente da confiana poltica do chefe do Governo. Ainda assim, apesar do governo de Joo Franco ter cado em Fevereiro de 1908, vtima do regicdio que vitimou D. Carlos, Paiva Couceiro manteve-se no cargo at 22 de Julho de 1909, realizando um vasto plano de obras de fomento. Comandou pessoalmente as campanhas militares de pacificao das regies de Cuamato e dos Dembos, expondo-se, como era seu timbre aos inerentes riscos. A sua demisso foi o resultado dos crescentes desentendimentos com o governo de Lisboa, em particular com o presidente do ministrio, o regenerador Venceslau de Lima. Foi uma demisso por motu proprio, mas claramente motivada pela frustrao causada pela falta de autonomia governativa e de meios. Os seus objectivos polticos eram claros:[1] (1) ocupar, explorar e guarnecer todo o territrio at s mais remotas fronteiras para garantir a segurana de pessoas e bens e prevenir qualquer tentativa de interferncia externa; (2) promover o desenvolvimento econmico da colnia, criando comunicaes rpidas e baratas, fixando colonos portugueses, forando o indigenato ao trabalho e reduzindo o peso do proteccionismo e dos monoplios metropolitanos; e (3) conseguir para o governo provincial um mnimo de autonomia que lhe permitisse agir rapidamente sem ficar dependente do demorado despacho do governo central. Embora a execuo do programa tenha sido difcil, no perodo de dois anos em que governou Angola houve um progresso sensvel, o que foi reconhecido por Norton de Matos muitos anos depois[12] e confirmado pelos estudos de historiadores contemporneos, entre os quais Ren Plissier.[13] Saiu de Luanda em Junho de 1909, apesar dos protestos da populao europeia que queria a sua continuao no governo Henrique Paiva Couceiro, busto de Delfim Maia, pertencente ao Museu de Angola. da colnia. Chegado a Lisboa em princpios de Julho, a 22 daquele ms foi oficialmente exonerado a seu pedido. Em Lisboa, onde era clara a indeciso de D. Manuel II de Portugal e se sentia um ambiente de fim de poca, a 28 de Julho recebeu o comando do Grupo de Artilharia a Cavalo de Queluz. Apesar dos constantes escndalos em que mergulhara a poltica portuguesa, em particular a revelao do gigantesco desfalque no Crdito Predial Portugus, Paiva Couceiro manteve-se relativamente arredado da vida pblica, prestando em Setembro provas para promoo a major. Este silncio foi quebrado em Julho de 1910, quando Paiva Couceiro publicou no jornal franquista O Correio da Manh uma carta, assinada como Ag P C (HPC), onde apela a uma contra-revoluo que salve a monarquia. Depois envolve-se num conjunto de pretensas conspiraes inconsequentes, aparentemente visando implantar um regime monrquico liberto do parlamento, defendendo, paradoxalmente, muitas das ideias que depois os republicanos antidemocrticos adoptariam. Sem que os seus apelos fossem ouvidos, o regime degrada-se rapidamente e a 5 de Outubro ocorre a esperada revoluo e implantada a Repblica Portuguesa. Paiva Couceiro foi um dos poucos comandantes militares que tentou, seriamente, travar os revoltosos, sem sucesso. [editar] A resistncia Primeira Repblica Em 1910, aquando da instaurao da Repblica, Paiva Couceiro contava-se entre os defensores da causa monrquica. considerado como o ltimo defensor da Monarquia, um dos poucos que, nesse dia 5 de Outubro, se bateram pelo Trono Secular; com a sua artilharia instalada no Torel, foi o nico oficial que fez fogo sobre o acampamento Republicano da Rotunda e o Parque

Eduardo VII, em Lisboa. Sentindo-se abandonado pelo resto das tropas Monrquicas, e depois de bombardear a Rotunda, marchou para Sintra a fim de se juntar ao Rei. A veio a saber que o Rei partira para Mafra; Paiva Couceiro aproximava-se de Mafra quando foi informado que o Rei D. Manuel II tinha embarcado na Ericeira.[14] Por deciso superior, e perante tal situao, recolheu com as suas tropas ao quartel numa altura em que os Republicanos consideravam a luta perdida. A maioria das unidades militares no tinham aderido revolta, por isso mesmo o almirante Cndido dos Reis, certo da derrota do seu movimento, suicidara-se; se Henrique Paiva Couceiro tivesse sido informado deste acontecimento e da debandada dos Republicanos, teria possivelmente desobedecido aos seus superiores e tomado a iniciativa de continuar o combate at vitria - que estava quase assegurada - das tropas Monrquicas. Alis a implantao da Repblica foi festejada com muito pouca convico; as fotos da Praa do Municpio, aquando da tomada de posse do Directrio Republicano e publicadas na imprensa, fazem crer que a Praa estava a apinhar de gente. Na realidade, como se pode verificar noutras fotos, foram poucas dezenas de pessoas que l estiveram para festejar. Apesar de ser conhecido como Monrquico irredutvel, logo no dia 6 de Outubro, Paiva Couceiro era procurado por um enviado do Governo Provisrio que queria saber o que viria a ser a sua atitude perante o novo regime implantado pela balbrdia sanguinolenta da Rotunda.[15] Na sua longa entrevista a Joaquim Leito, Paiva Couceiro conta que respondeu textualmente, a esse enviado: "Reconheo as instituies que o Povo reconhecer. Mas se a opinio do Povo no for unnime, isto , se o Norte no concordar com o Sul, estarei at ao fim ao lado dos fiis tradio. E se acaso se desse uma interveno estrangeira para sustentar a Monarquia, ento passar-me-ia para o lado da Repblica". Sempre o mesmo portugus de antes quebrar que torcer. Primeiro que tudo, fiel Ptria e s por isso fiel ao Rei e Monarquia, diz Oscar Pacheco no seu artigo. E Paiva Couceiro continua a contar ao seu entrevistador: "Depois pedi a minha demisso de oficial. E pedi-a porque, depois de tantos anos de sacrifcios e de trabalhos sombra das cores azul e branca e dos castelos e quinas da nossa bandeira no me acho com foras para abandonar o smbolo onde me habituei a ler escrita a histria do meu Pas. Fazer com que um smbolo tenha razes na alma de um povo e inspire respeito a todo o Mundo, trabalho de muitas geraes. E eu, pela minha parte, acho-me velho para principiar agora o esforo novo que os louros de uma bandeira nova implicam". Depois da sua "Proposta ao Governo Provisrio", de 18 de Maro de 1911, e das eleies de 28 de Maio de 1911, que Paiva Couceiro no reconheceu (manifesto de 31 de Maio de 1911), subiu as escadas do Ministrio da Guerra e dimitiu-se, entregando a sua espada e dizendo "Entrego a minha demisso e saio do Pas para conspirar. Prendam-me se quizerem". Ningum lhe respondeu, voltou as costas e deixou o Ministrio sem que algum ousasse prend-lo. Paiva Couceiro na Galiza, em Junho de 1912. Comandou a incurso monrquica de 1911; a 4 de Outubro de 1911 as suas tropas entram em Portugal por Cova de Lua, Espinhosela e Vinhais, onde foi hasteada na varanda da Cmara Municipal a bandeira azul e branca, e tomam Chaves. Trs dias mais tarde, derrotadas pelas foras republicanas, as tropas de Paiva Couceiro retiram-se para a Galiza. Em Dezembro de 1911 participa nas reunies que trataram da "questo dinstica" entre D. Manuel II e seu primo D. Miguel de Bragana e que veio a ter o seu eplogo no Pacto de Dover cujo projecto redige em Londres a 30 de Dezembro de 1911. No seu livro de notas, Paiva Couceiro escreve: "E pde assim finalmente fixar-se para 30 de Janeiro (1912) a data do encontro das Reaes Pessoas em Dover e o respectivo protocolo. Vindo de facto a realizar-se n'essa data e lugar, uma entrevista a ss, entre El-Rei D. Manuel e seu primo D. Miguel, n'uma sala do "Lord Warden Hotel", - onde compareceram tambm o Visconde de Assca que acompanhava D. Manuel, o Visconde de So Joo da Pesqueira que acompanhava D. Miguel, e Paiva Couceiro na qualidade de Chefe dos Combatentes, acompanhado por Francisco Pombal. E

as assignaturas de El-Rei D. Manuel e do Senhor D. Miguel de Bragana, - consagraram momentaneamente o "Pacto de Dover". A de 6 de Julho de 1912 comanda nova incurso, a 2a incurso monrquica, em que as suas tropas so de novo derrotadas, tambm em Chaves, a 8 de Julho desse ano. 4 aniversrio do ataque a Chaves. Durante as Incurses, com as tropas acantonadas na Galiza, havia desafios, como em Portugal, nas esfolhadas. Uma voz desgarrava: Portuguezes vesti lucto, Um lucto bem denegrido; Se Paiva Couceiro no vem, Portugal est perdido E outra respondia: Paiva Couceiro, Mais uma vez; Mostra o que vale, O sangue portugus In - Couceiro o Capito Phantasma, Joaquim Leito, Edio do Autor, Porto 1914, p. 106 Pouco antes da 2a incurso, a 17 de Junho de 1912, foi julgado revelia pelo Tribunal do Segundo Distrito do Porto:

"No mesmo dia em que o Governo se apresenta s Cmaras (17 de Junho), no Tribunal do Segundo Distrito do Porto eram julgados vrios dos incursionistas de Vinhais: padres Domingos Pires, Jos Maria Fernandes, Ablio Ferreira, Firmino Augusto Martins, Manuel Lopes, David Lopes, o capito Jorge Camacho, o conde de Mangualde, capito Remdios da Fonseca, capito-mdico Jos Augusto Vilas Boas, tenente Figueira, capito Henrique de Paiva Couceiro. O julgamento realizou-se revelia, sendo Paiva Couceiro condenado a seis anos de priso maior celular ou dez anos de degredo e "esta pena relativamente suave foi dada em ateno aos servios prestados Ptria". Os restantes foram condenados a seis anos de priso celular seguidos de dez anos de degredo, ou na alternativa de vinte anos.[16]

5 aniversrio do ataque a Chaves. Mais tarde, em 1915, de volta ao Pas aps o seu primeiro exlio, foi convidado para Governador de Angola, pelo ainda recente Governo Republicano, representado por Arajo de S, Oliveira Jericote e outro, que o procuraram na sua casa de Oeiras. Paiva Couceiro recusou servir o novo regime e instalou-se em Espanha onde preparou a restaurao da Monarquia, movimento que ficou conhecido por Monarquia do Norte. Em 1919 proclamou a Monarquia do Norte, de curta durao, da qual foi o Presidente da Junta Governativa do Reino. Neste perodo foi activamente apoiado pelos lderes integralistas, entre os quais Lus de Almeida Braga (seu secretrio) e Antnio Sardinha. Na tentativa de Monsanto, em Lisboa, foi apoiado por Pequito Rebelo e Hiplito Raposo. Por este papel determinante nas incurses feitas pelos monrquicos e pela sua fidelidade causa ficou conhecido entre os seus apoiantes por O Paladino. A contra-revoluo monrquica sucedeu quase de imediato proclamao da Repblica, em 5 de Outubro de 1910 e teve como objectivo primordial organizar um movimento poltico-militar capaz de derrubar as instituies do novo regime e restaurar a situao vigente at quela data.

Em 1919, aps o assassinato de Sidnio Pais, Paiva Couceiro v a sua grande oportunidade de lutar pela restaurao do regime em que acreditava. Assim, volta a organizar uma incurso dos monrquicos exilados, consegue subverter as instituies da parte do territrio portugus que ia do Minho linha do Vouga, e, em nome do rei D. Manuel II de Portugal, exilado na GrBretanha, e estrategicamente, restaura a Carta Constitucional de 1826. 6 aniversrio do ataque a Chaves. Contudo, o seu objectivo maior era o regresso Monarquia Integral, medieval, catlica e corporativa. Por essa razo proclama a restaurao da monarquia na cidade do Porto, num episdio que ficou conhecido pela Monarquia do Norte (19 de Janeiro a 13 de Fevereiro de 1919). Porm, a situao no consegue perdurar e o regime republicano novamente instaurado. Durante a efmera vida daquele regime - 25 dias - exerceu as funes de Presidente da Junta Governativa do Reino (1919), cujas funes eram equivalentes s de primeiro-ministro do governo provisrio ento instaurado. Durante a Monarquia do Norte esta Junta Governativa revogou toda a legislao republicana promulgada desde 5 de Outubro de 1910, restaurou a bandeira e o hino monrquicos e legislou intensa e infrutiferamente. O discurso de Henrique Paiva Couceiro s tropas reunidas em continncia bandeira azul e branca, logo aps a proclamao da Monarquia no Porto, ficou para a Histria.[17] A sublevao monrquica de 1919 haveria de abortar, ao no lograr obter apoios fundamentais que poderiam garantir a sua sobrevivncia. O malogro da breve experincia monrquica era inevitvel. Porm a ideia e a expectativa da restaurao realista mantiveram-se at emergncia do Estado Novo, acabando o monrquico de corao, Oliveira Salazar, por ser o carrasco de quantos ainda sonhavam no regresso ao 4 de Outubro de 1910.[18] A histria da Primeira Repblica Portuguesa pontuada, desde os seus alvores, por um esforo contra-revolucionrio levado a cabo por sectores descontentes com as medidas decretadas pelos governos republicanos e que, incluindo o clero e foras polticas conservadoras e radicais, tinham nos monrquicos de diversas tendncias (dos integralistas aos monrquicoconstitucionais) os seus mentores mais salientes e inconformados. O chefe carismtico da contra-revoluo monrquica foi sem dvida Henrique de Paiva Couceiro, um dos poucos realistas que resistiu em armas revoluo republicana e que, refugiado poltico na Galiza, comandou duas frustradas incurses no norte do Pas, em 1911 e 1912. Paiva Couceiro na sua casa de Oeiras, com o neto Manuel Calainho de Azevedo e o seu co favorito, o "Sulto". Embora vivesse ento no estrangeiro, foi condenado ao degredo pelo Tribunal Militar de Chaves a 19 de Novembro de 1912, sendo oficialmente exilado pela primeira vez em 1914; o artigo 2 do Decreto de Amnistia de 22 de Fevereiro de 1914, assinado por Bernardino Luiz Machado Guimares e Manuel Joaquim Rodrigues Monteiro dizia: "Os chefes, dirigentes ou instigadores - dos quais fazia parte Paiva Couceiro - daqueles a quem se refer o artigo anterior so, imediatamente, expulsos do territrio da Republica Portuguesa pelo governo, sob parecer da comisso da reforma prisional e penal, e pelo tempo de pena que lhes resta cumprir, no excedendo 10 anos". O decreto de amnistia promulgado em 1915 por Pimenta de Castro abrange, entre outros, os nomes prestigiosos de Paiva Couceiro, Azevedo Coutinho, Jorge Camacho, Victor Sepulveda e Joo de Almeida; Henrique de Paiva Couceiro volta ao Pas, comeando logo a preparar a restaurao da Monarquia que teve lugar em 1919 no Porto. A 13 de Fevereiro, aps o insucesso da Monarquia do Norte, ausentou-se de novo para Madrid. Embora continuasse a viver no estrangeiro, mais uma vez condenado, assim como Antnio Solari Alegro, pelo Tribunal Militar Especial, reunido a 3 de Dezembro de 1920, a 25 anos de degredo (in "Dirio do Minho", Braga 4 de dezembro de 1920). Abrangido por nova

"Amnistia", decretada em Janeiro de 1924, volta ao Pas mas de novo exilado pelo salazarismo a 16 de Setembro de 1935, por seis meses, por ter criticado publicamente a poltica colonial do regime.[11] Volta para Lisboa, vindo de Tui onde estivera exilado, a 13 de Janeiro de 1937. Em 1937, depois de voltar a criticar violentamente a poltica colonial do regime do Estado Novo numa famosa carta[19] dirigida ao Presidente do Conselho de Ministros, Dr. Oliveira Salazar, a 31 de Outubro de 1937, foi preso pela "Policia de Defesa Social e Politica" durante 6 dias a 13 de Novembro desse ano, condenado a dois anos de exlio e forado a retirar-se da vida poltica, sendo enviado, apesar dos seus 76 anos, para Granadilla de Abona, colnia Espanhola de Santa Cruz de Tenerife, nas Canrias. Em 1939, Antnio de Oliveira Salazar permitiu o seu regresso a Portugal, onde acabou por viver os ltimos anos da sua vida. curioso constatar que a carta que o Dr. Fernando Pacheco de Amorim escreveu a Salazar, 32 anos mais tarde, em plena guerra colonial, no teve as mesmas consequncias para o ilustre antigo Presidente da Liga Popular Monrquica...[20] A ltima foto de Paiva Couceiro. Dedicou-se escrita, tendo publicado uma extensa obra dedicada essencialmente s questes coloniais e temtica do ressurgimento nacional, com um cunho nacionalista que o aproxima do integralismo lusitano. [editar] Ttulos de jornais morte de Henrique Paiva Couceiro

Ibidem, pg. 2: "Henrique de Paiva Couceiro - UM HOMEM", por Joo de Azevedo Coutinho e "RECORDAES", por D. Joo de Almeida Ibidem pg. 3: "A Espada e a Honra", por Hiplito Raposo Ibidem pg. 4 e 9: "Um Capito do Ultramar", por Alberto de Almeida Teixeira Ibidem pg. 5: "Couceiro no Amor do Povo", por M. O. Ibidem pg. 5: "Homenagem do Conselho do Imprio" Ibidem pg. 5: " cedo para falar de Paiva Couceiro. Circunstncias do tempo e da fortuna no deixariam dizer tda a verdade acerca do herosmo e da glria da sua vida do seu martrio tambm. Por agora apenas pudemos sentir o luto espiritual em que le nos deixou. E sse luto provm da convico, ao mesmo tempo herica e angustiada, de que le foi - o ULTIMO!", por Afonso Lopes Vieira. Ibidem pg. 6: "Histria de uma Espada e de um Soneto", por E. Saturio-Pires Ibidem pg. 7 e 19: "Os grandes paladinos nacionais", por Delfim Maya Ibidem pg. 7: "De tdas as Histrias a Histria Contempornea a mais difcil de entender. Esquecido por uns e desprezado por outros, Paiva Couceiro parecia morto em vida, e eis que a morte verdadeira o restitui Ptria! Pobre terra, onde s na sepultura os homens so grandes!", por Lus de Almeida Braga