a história ilustrada da medicina antiga

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HISTÓRIA ILUSTRADA DA MEDICINA NA ANTIGUIDADE A História da Medicina Antiga no seu contexto sociocultural

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A História da Medicina Antiga é contada desde a pré-história até a queda do Império Romano. O primeiro capítulo informa o universo onde habita o ser humano, com seus fenômenos que determinam a natureza de todas as coisas. O segundo capítulo mostra o início da vida na Terra, há quatro bilhões de anos, até o aparecimento do Homo sapiens sapiens. O terceiro capítulo mostra o início da cultura humana e das civilizações, com a medicina pré-histórica. Os capítulos seguintes se iniciam com a história do país na antiguidade, ... Ilustrações em preto e branco no livro físico!

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HISTÓRIA ILUSTRADA DA MEDICINA NA ANTIGUIDADE

A História da Medicina Antiga no seu contexto sociocultural

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São Paulo 2012

HISTÓRIA ILUSTRADA DA MEDICINA NA ANTIGUIDADE

A História da Medicina Antiga no seu contexto sociocultural

Carlos Henrique Vianna de Andrade

Page 4: A História Ilustrada da Medicina Antiga

Copyright © 2012 by Editora Baraúna SE Ltda

CapaDébora Nacarato Vianna de Andrade

Projeto GráficoTatyana Araujo

Revisão Daniel Souza

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

______________________________________________________________________________H566h Andrade, Carlos Henrique Vianna de, 1946- História ilustrada da medicina na antiguidade: a história da medicina antiga no seu contexto sócio-cultural/ Carlos Henrique Vianna de Andrade. - São Paulo: Baraúna, 2011. Inclui índice ISBN 978-85-7923-474-3 1. Medicina - História - Obras ilustradas. I. Título.

11-8338. CDD: 610.9 CDU: 61(09)

09.12.11 19.12.11 032073 ______________________________________________________________________________

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br

Rua Januário Miraglia, 88CEP 04547-020 Vila Nova Conceição São Paulo SP

Tel.: 11 3167.4261

www.editorabarauna.com.brwww.livrariabarauna.com.br

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À Eliana, companheira da minha vida

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Sumário

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9

Capítulo 1 – Onde Vivemos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

Capítulo 2 – Início da Vida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

Capítulo 3 – Início da Civilização e da Medicina . . . . . . . . . . . . . 65

Capítulo 4 – Mesopotâmia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99

Capítulo 5 – Antigo Egito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115

Capítulo 6 – Creta e Micenas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151

Capítulo 7 – Grécia Antiga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173

Capítulo 8 – Alexandria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215

Capítulo 9 – Império Romano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 237

Capítulo 10 – Índia Antiga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 277

Capítulo 11 – China na Antiguidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 301

Capítulo 12 – América Pré-Colombiana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 321

Bibliografia Consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .357

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Introdução

As figuras são em tamanho reduzido para que possam entrar juntamente com o texto que ilustram. Elas são apenas um complemento da matéria expressa em palavras. Muito da comunicação humana é por imagens, muitas delas im-possíveis de serem expressas em palavras. Portanto, a separação das figuras do texto, por motivos de formatação e editoração, que seria necessário para que elas fossem maiores, prejudicaria a comunicação do autor com os leitores. Também deve ser mencionado que as figuras impressas em preto e branco diminuem o impacto que causariam se fossem coloridas, como no original. Entretanto, aumentariam muito o preço do livro, e uma das intenções que nortearam sua redação foi torná-lo acessível aos jovens estudantes. Mas o livro pode ser enco-mendado impresso colorido ou em e-book à Editora Baraúna. Por outro lado, a maioria das ilustrações foi obtida na internet e o endereço consta na sua legenda.

O conhecimento da natureza humana torna as pessoas mais humanas e mais conscientes do que são. Sócrates já dizia: “Conhece-te a ti mesmo.” Pois ele sabia que isso é a consciência da própria ignorância, ou seja, dos seus limi-tes, assim como a humildade, eram os caminhos para a sabedoria. E o filósofo também complementava: “A filosofia e a sabedoria são boas para o ser huma-no.” Portanto, se esse livro puder contribuir para o autoconhecimento do ser humano, particularmente para aqueles que buscam o alívio do sofrimento alheio, cumpriu sua missão.

Pouso Alegre, 15 de abril de 2012.O autor.

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CAPÍTULO 1ONDE VIVEMOS

Quem quiser conhecer uma pessoa, tem que saber quais são seus hábi-tos, o que faz, o que não pode fazer, o que ela pensa, quais são seus anseios, do que ela gosta e do que não gosta, o que fez, o que seus ancestrais fizeram, o que faz a sua prole e assim por diante. Se quisermos conhecer o ser hu-mano, temos que saber tudo isso dele e muito mais, principalmente o local onde surgiu e vive. Enfim, se quisermos saber quem nós somos e qual é o nosso papel e o que devemos fazer na vida, temos que saber onde vivemos e qual é a nossa di-mensão neste Universo.

Os humanos das primeiras civiliza-ções, como os habitantes da Mesopotâ-mia, achavam que viviam num mundo vasto e misterioso que se estendia nas imediações dos Rios Tigre e Eufrates, limitados ao sudeste pelo Golfo Pérsico e no norte pelos Montes Zagros. Os as-sírios habitavam mais ao norte e os ba-bilônios no centro. Os mapas da época em argila queimada mostram esse relati-vo vasto mundo que habitavam.

Figura 1 – Mapa de 600 a.C, representando Babilônia no retângulo cortado por duas linhas verticais. Museu Britânico. Wilford JN, Sacha B – Revolutions in Mapping.

National Geographic 1998;193(2):6-39.

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edicina na Antiguidade

Os gregos na época de Home-ro, século VIII a.C., achavam que o mundo era plano e terminava num abismo além das Colunas de Hércules, como chamavam o Estreito de Gibral-tar. Não se aventuravam no Oceano Atlântico, pois, pensavam que lá era o caos. Mas o mundo para eles era mais extenso e os gregos antigos viajavam por todo o mediterrâneo, mantendo contato com os egípcios, os habitan-tes do oriente médio e outros povos de Creta e do norte da África.

Somente no século III a.C. é que Aristóteles demonstrou que o mundo era redondo e não plano. Observando os navios ao longe, se aproximando do porto, os mastros apareciam primei-ro e só depois se avistavam os cascos. Ora, se a luz se propaga em linha reta, isso só seria possível se ela tangenciasse o mar redondo e evidenciasse inicial-mente os mastros dos navios. Além disso, a sombra da Terra nos eclipses da Lua era redonda.

No século seguinte, um grego de Alexandria, Eratóstenes, supon-do que a Terra era redonda como havia demonstrado Aristóteles, de que tamanho então seria ela? Era-tóstenes sabia que no solstício de verão, o sol a pino se refletia sem sombras no fundo de um poço em Siene. Ele mandou medir com a melhor exatidão possível a distân-cia entre Siene, hoje Assuã, e Ale-xandria. Em medidas atuais é 787 km. No dia do solstício, Eratóste-nes mediu o tamanho da sombra

Figura 2 – Prova de Aristóteles da Terra redonda, do manuscrito De sphaere do sec. XVI. Biblioteca Estense – Modena (Ronan AC 1987 volume I).

Figura 3 – Poço em Assuã no solstício de ve-rão. Swerdlow JL – Wilford JN, Sacha B – Re-volutions in Mapping. National Geographic

1998;193(2):2-39.

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de um enorme obelisco que havia em Alexandria, e constatou que o ângulo formado pela sombra do obelisco e o plano era de 7, 20. Portanto, se a dis-tância de 787 km propiciava uma sombra que fazia um ângulo de 7, 2o, um ângulo de 360o, que é a circunferência da Terra, daria que distância? Pela sim-ples regra de três encontrou uma circunferência de 39.350 km. Hoje, pelas medidas atuais sabemos que a circunferência da Terra naquele paralelo é de 40.050 km. Eratóstenes não sabia que a Terra não era redonda e sim achatada, o que só foi comprovado no século XVIII.

Figura 4 – Medidas realizadas por Eratóstenes (www. esec-povoa-lanhoso.rcts.pt).

Alexandria foi, durante pelo menos quatro séculos, o centro cien-tífico do mundo, com sua biblioteca de 700.000 volumes e suas escolas que eram verdadeiramente uma universidade. Ali também viveu Claudio Ptolomeu no século II da nossa era. Apesar do nome não tinha nenhum parentesco com os Ptolomeus que reinaram em Alexandria desde o tempo de Alexandre Magno até a invasão dos romanos no século I a.C. A última representante dessa dinastia grega do Egito, Cleópatra, foi morta ou suici-dou com uma picada de cobra. Cláudio Ptolomeu foi um grande astrôno-mo, matemático e geômetra, calculou a distância da Terra ao Sol e à Lua por intermédio de paralaxe (Fig. 5). No seu livro Almagesto, publicou sua concepção do Universo, tendo a Terra no centro, com os planetas e o Sol, este entre Vênus e Marte, girando em torno da Terra (Fig. 6). Ptolomeu também fez um mapa-múndi, o mais completo até então, em projeção cônica, com latitude e longitude, de acordo com informações de viajantes, pois nunca se afastou de Alexandria.

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edicina na Antiguidade

Tal modelo perdurou durante toda a Antiguidade e a Idade Média. Nossa Terra era o centro do Universo, que era forma-do pelos planetas, o Sol e Lua girando em torno de nós e as estrelas num ponto mais distante, provavelmente no céu onde ha-bitavam os anjos e as almas boas (Fig. 7). Nós éramos o centro da criação e a ima-gem de Deus, o objetivo final da Natureza e tudo fora feito para a nossa existência.

Mesmo assim, na concepção do Cristianismo da antiguidade e medieval,

esta vida era provisória; apenas um preparo para a existência eterna ao lado de Deus ou no inferno com o Diabo, dependendo de nossas ações e de nossa fé nesta vida. A interpretação do universo e da natureza era relativamente simples com os poucos conhecimentos adquiridos até então. Este é um dos motivos da relutância entre as religiões cristãs quando a ciência quis retirar a Terra do centro do Universo e rebaixar sua condição como a de um simples planeta gi-rando em torno do Sol. Isso tornava o Universo muito mais complexo e difícil de encaixar em um modelo em que a natureza existia para nos-sas necessidades. Era uma ideia muito revolucionária e perigo-sa para a ordem estabelecida.

O padre polonês Nicolau Copérnico, nascido em 1473, chegou a ser cônego e admi-nistrou uma paróquia durante vários anos. Como também havia se formado médico na famosa Universidade de Pá-dua, exerceu a medicina gra-tuitamente para seus párocos com competência. Era tam-bém formado em matemática

Figura 5 – O Universo de Ptolomeu.

Figura 7 – Dante e Beatriz no Paraíso, Dante Alighieri – A Divina Comédia 1321. (ilustração de Gustave Doré

1832 -1883). Wikimedia Communs, 2011.

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e astrônomo amador – não conseguiu se formar em astronomia por falta de tempo. Enquanto exercia a paróquia em Frauem-burgo, construiu uma torre de observa-ção na casa paroquial, na qual observava o céu sem instrumento óptico, ou seja, a olho nu. Com suas pesquisas e lendo o Almagesto de Ptolomeu e outros escritos de astronomia, não conseguia encontrar um modelo de Universo que acomodas-se a movimentação dos astros observada por ele. Se juntasse os dados disponíveis seria como se formasse um corpo com vá-rios membros de várias pessoas diferentes, como escreveu no seu livro. Por deduções matemáticas e experimentação de inúmeros modelos, chegou à conclusão de que a única maneira de explicar os movimentos dos astros verificada, seria colocar o Sol no centro do Universo e a Terra e os outros planetas girando em torno dele. (Fig.8) Durante muitos anos manteve suas conclusões apenas entre seus amigos, sem divulgá-las publicamente. Só no final da vida é que Copérnico resolveu publicar um livro com seus achados, estimulado pelo astrônomo alemão Rheticus, que havia documentado que a Terra se movia. A publicação só ficou pronta quando Copérnico estava no leito de morte em 1543, no mesmo ano em Andreas Vesalius publicava seu tratado de ana-tomia humana em Pádua, outra obra que marcou o pensamento humano.

Copérnico viu o livro impresso e morreu. Foi a sua sorte ter morrido então, pois o livro suscitou indignação tanto dos protestantes como dos católicos. O “Das Revoluções dos Corpos Celestes” publicado em 1543 foi condenado por Lutero e Calvino e mantido no Index de livros proibidos da Igreja Católica até o século XIX. Provavelmente Copérnico teria sido queimado vivo pela Inquisição, como seu colega padre Giordano Bruno. Até hoje se nomeia uma mudança brusca e diametralmente oposta de ideias, em qualquer assunto, como uma “revolução copernicana do pensamento”.

Outro cientista que entraria em atrito com a Igreja Católica, por cau-sa da rotação da Terra, foi Galileu Galilei, nascido em Pisa em 1564, não

Figura 8 – Copérnico (1473-1543). Autor desconhecido. Wikimedia

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