a história do voto no brasil

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  • 8/6/2019 A histria do voto no Brasil

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    A histria do voto no Brasil

    Eleies diretas ou indiretas, e a cargos muito variados, ocorrem em nosso territrio h cerca decinco sculos. Vale a pena conhecer a histria do voto no Brasil e saber como esse direito, que

    j foi restrito a muito poucos, se estendeu aos cerca de 130 milhes de eleitores atuais.

    Histria do voto no BrasilData de 1532 a primeira eleio aqui organizada. Ela ocorreu na vila de So Vicente, sede dacapitania de mesmo nome, e foi convocada por seu donatrio, Martim Afonso de Souza, visandoa escolher o Conselho administrativo da vila. Na verdade, durante todo o perodo colonial, aseleies no Brasil tinham carter local ou municipal, de acordo com a tradio ibrica.

    Eram votantes os chamados "homens bons", expresso ampla e ambgua, que designava, defato, gente qualificada pela linhagem familiar, pela renda e propriedade, bem como pela

    participao na burocracia civil e militar da poca. A expresso "homens bons", posteriormente,passou a designar os vereadores eleitos das Casas de Cmara dos municpios, at cair emdesuso. As Cmaras acumulavam, ento, funes executivas e legislativas.

    Cortes PortuguesasSomente um ano antes da proclamao da Independncia, em 1821, ocorreu a primeira eleio

    brasileira em moldes modernos. Elegeram-se os representantes do Brasil para as Cortes Gerais,Extraordinrias e Constituintes da Nao Portuguesa, aps a Revoluo Constitucionalista doPorto e a volta do rei dom Joo 6. a Portugal, em 1820.

    Desde 1808, dom Joo governava o Imprio portugus a partir do Brasil, devido a invaso dapennsula Ibrica porNapoleo Bonaparte. Nesse perodo o Brasil perdeu a condio colonial,tornando-se Reino Unido a Portugal e Algarves. Desse processo, como se sabe, resultou a

    proclamao de nossa Independncia por dom Pedro 1. E, com ela, uma nova ordenaojurdica e poltica, que apresentava, naturalmente, novas regras eleitorais.

    Durante o ImprioA primeira Constituio brasileira, outorgada por dom Pedro 1. Em 1824, definiu as primeirasnormas de nosso sistema eleitoral. Ela criou a Assemblia Geral, o rgo mximo do PoderLegislativo, composto por duas casas: o Senado e a Cmara dos Deputados - a serem eleitos

    pelos sditos do Imprio.

    O voto era obrigatrio, porm censitrio: s tinham capacidade eleitoral os homens com mais de25 anos de idade e uma renda anual determinada. Estavam excludos da vida poltica nacionalquem estivesse abaixo da idade limite, as mulheres, os assalariados em geral, os soldados, osndios e - evidentemente - os escravos.

    Outra caracterstica interessante do voto no imprio era que as votaes inicialmente ocorriamem quatro graus: os cidados da provncia votavam em outro eleitores, os compromissrios, queelegiam os eleitores de parquia que, por sua vez, elegiam os eleitores de comarca, os quais,finalmente, elegiam os deputados. Quanto aos senadores, basicamente eram nomeados peloimperador.

    Posteriormente o sistema foi simplificado para dois graus, com eleitores de parquia e deprovncia, at que em 1881, a Lei Saraiva introduziu o voto direto, mas ainda censitrio. Dessemodo, at o fim do Imprio, somente 1,5% da populao brasileira tinha capacidade eleitoral.

    Na RepblicaNingum pense que a Repblica modificou rapidamente esse quadro. Na primeira eleio para

    direta para presidente da Repblica, em 1894, Prudente de Morais chegou ao poder com cercade 270 mil votos que representavam quase 2% da populao brasileira da poca.

    http://educacao.uol.com.br/historia-brasil/ult1702u48.jhtmhttp://educacao.uol.com.br/historia-brasil/ult1689u6.jhtmhttp://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u153.jhtmhttp://educacao.uol.com.br/historia-brasil/ult1689u50.jhtmhttp://educacao.uol.com.br/historia-brasil/ult1689u6.jhtmhttp://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u153.jhtmhttp://educacao.uol.com.br/historia-brasil/ult1689u50.jhtmhttp://educacao.uol.com.br/historia-brasil/ult1702u48.jhtm
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    A ampliao do direito de voto a um nmero cada vez maior de brasileiros aconteceu ao longodo sculo 20. O voto feminino, por exemplo, data de 1932 e foi exercido pela primeira vez em1935. Em funo da ditadura de Getlio Vargas (1937-1945), porm, as mulheres s voltaram avotar em 1946.

    Vale lembrar que a ditadura de Vargas e a dos militares de 64 privaram o eleitorado nacional dovoto para presidente por nove vezes e que, em 117 anos de Repblica com 34 presidentes,somente 16 se elegeram pelo voto direto.

    Quem vota hojeAt a Constituio de 1988, o voto era um direito negado aos analfabetos, um percentualsignificativo da populao, sem falar dos soldados e marinheiros. No deve causar surpresa,

    portanto, o fato de presidentes eleitos com nmeros expressivos, como Jnio Quadros, queobteve quase 6 milhes de votos em 1960, terem participado de eleies que mobilizaramsomente 10% da populao do pas.

    A partir de 1988, com a Constituio que continua em vigor, o eleitorado aumentouconsideravelmente, e veio a ultrapassar a casa dos 100 milhes. Atualmente, o voto obrigatrio para todo brasileiro com mais de 18 anos e facultativo aos analfabetos e para quemtem 16 e 17 anos ou mais de 70 anos. Esto proibidos de votar os estrangeiros e aqueles que

    prestam o servio militar obrigatrio.

    Aspectos gerais sobre a historia do voto no brasil

    Jos Virglio Dias de Sousa*

    1 Introduao

    Sempre que se aproxima o perodo eleitoral (no Brasil a cada dois anos), e com ele uma grandeenxurrada de denncias, versando sobre os desmandos os desmandos praticados pelos representantes do povo- sentimo-nos na obrigao de alertamos os menos avisados que o direitode votar faz parte dos direitos individuais do cidado, que jamais deveria votar de qualquer jeitoou a preo,. Sendo o voto uma conquista que representa o sustentculo de participao no

    processo democrtico de um pas, deveramos pensar melhor antes de depositar o nosso voto emuma urna.

    Assim entendemos que na vida h um momento para tudo e, um momento crucial para uma

    sociedade quando o cidado vai depositar o seu voto na urna, de suma importncia, dado queapurada a votao podemos estar mudando o rumo de um pas, estado ou municpio, enfim, deuma nao. s vezes fazemos a escolha certa outras vezes erramos muito, principalmentequando elegemos pessoas sem compromissos com as causas daquelas que as elegeram. Adespeito do que dissemos, refletindo sobre os aspectos e reflexos da dignidade da pessoahumana por entender que o cidado que no pode depositar seu voto na urna sente

    profundamente um abalo em sua dignidade, h um forte apelo, em nosso entender, quanto aestar convencido de que o voto o meio mais democrtico pelo qual algum ala ao poder e,ainda considerando que os legisladores detm um poder legtimo em vista do mandatorepresentativo outorgado pelo povo. Pensamos que levando em conta os avanos emdecorrncia da instalao da Assemblia Nacional Constituinte e, por conseguinte aConstituio do Brasil, e uma vez em cada casa legislativa a produo de leis, de onde provm

    os direitos e garantias fundamentais existncia da pessoa humana e conseqentementetraduzindo-se em dignidade da pessoa humana. A pretexto de rabiscar algumas palavras sobre a

    http://educacao.uol.com.br/historia-brasil/ult1689u31.jhtmhttp://educacao.uol.com.br/historia-brasil/ult1689u65.jhtmhttp://educacao.uol.com.br/historia-brasil/ult1689u31.jhtmhttp://educacao.uol.com.br/historia-brasil/ult1689u65.jhtm
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    importncia do voto, tomamos coragem para falar, ainda que sucintamente acerca do voto noBrasil.

    H uma histria triste sobre a participao dos cidados brasileiros no processo eleitoralnacional (o que no foi restrito ao Brasil, visto que muitas naes passaram pelo mesmo

    problema), isto fato e dista aos tempos do descobrimento do Brasil e ainda pode ser sentidoem dias atuais, se entendermos que hodiernamente os problemas so outros, mas que aindaexistem, bem verdade que em menor quantidade.

    Em outro quadrante inegvel a evoluo que experimentamos, podendo at dizer que feito umparalelo entre o perodo Imperial, da Repblica Velha, Repblica Nova e Perodo Ditatorial, noh como negar os avanos com a era democrtica. J sobre os perodos do Brasil Imprio eColnia, seno o registro da memria de um povo, pouco ou quase nada se aproveita em vistade que naquelas ocasies, com base nos estudos e a par do que consta nos anais dos arquivosexistentes, no nosso entendimento que o povo tinha de fato direito ao voto. Se bem que noslongos anos de Brasil Imprio, conforme descreve a histria, havia previso em legislao que

    permitia o voto, na verdade at existiram, mas de forma bastante discriminatria. Apenas como

    exemplo podemos citar as Ordenaes Portuguesas, impostas s Colnias de Portugal, portanto,aqui utilizadas, ou

    Leis Eleitorais esparsas produzidas em solo brasileiro a mando de Dom Pedro I, ou mesmo achamada Lei Saraiva que introduzia e disciplinava o ttulo de eleitor e dava outras providncias,contudo no concedia o direito de votos a todos os cidados, havia claramente uma exclusosocial no tocante ao exerccio do sufrgio. Certamente que no nos iludiremos sobre se todocidado tinha direito ao voto. Em tese existia previso de direito sim, mas apenas uma pequena

    parcela da sociedade tinha de fato o direito ao voto. Por exemplo, perceptvel que at 1889, asmulheres, os analfabetos, menores de

    21 anos, soldados rasos, indgenas, etc no tinha direito a voto. Com o tempo houve mudanas eo direito ao voto foi ampliado.

    Interessar ainda, fazer algumas verificaes no sentido da participao das mulheres e ainda orequisito de idade, condio econmica e alfabetizao no processo eleitoral, as primeiras, emnosso sentimento parecem que sofreram demasiada discriminao, seja pelos costumes que

    podem decorrer da longa hegemonia do poder patriarcal, seja pelo esprito de uma sociedadeeminentemente machista, efetivamente, pelo menos no Brasil,

    s vieram exercer o direito de voto na dcada de trinta por volta de 1932. E isto no foi porbenevolncia, foi uma conquista demorada e as expensas de muita presso e insistncia. O votocensitrio e capacitrio sem dvidas foram os fatores que mais promoveram a excluso da

    participao na histria da poltica eleitoral em nosso solo. Quanto ao direito de votoconquistado pelos menores, trata-se de conquista recente. Cada revoluo ou levante social, oumesmo uma insurreio tem importncia no contexto de espao e tempo em que se deram, e,

    podem mudar o rumo da histria de uma nao, no Brasil no foi diferente, a comear pelaDescoberta, passando pela Independncia, Proclamao da Repblica, Constituio de 1891,eleio dos Governos civis, Golpe de Estado de Getlio Vargas, Proclamao do Estado Novo,Restabelecimento das Eleies, Golpe de 1964, Ditadura Militar, os Atos Institucionais, DiretasJ, Eleies Diretas, Assemblia Nacional Constituinte e etc... Todos esses momentos histricostrazem baila sentimentos novos e guardam de algum modo seus efeitos e conseqncias para a

    posteridade.

    Expostas as expectativas sobre o tema que pretendemos abordar, faremos algumas incurses

    sobre a introduo do voto no Brasil e abordagens sobre alguns momentos importantes na vidademocrtica do pas. De certo que no ser possvel uma abordagem completa, mas ao menos

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    tentaremos expor aspectos relevantes da vida poltica brasileira. Mesmo porque h vriosescritos excelentes sobre o sufrgio.

    Contudo, embora no havendo uma anlise profunda, tambm no o um conjunto de palavrasbalizadas num aspecto eminentemente pragmtico. A vontade e a necessidade de abordar o temaposto a exame cria a expectativa que ao final, de algum modo, pensamos seja possvel despertarem nossos patrcios a importncia e o valor do voto. Para ficar claro que a fora do voto leva ao

    poder, mas que no regime democrtico nenhum poder legtimo se conquistado fora. OBrasil de hoje, , ao menos em tese um pas democrtico. Em tese porque no se podeconsiderar efetivamente que exista democracia em toda a sua amplitude quando ela existe nocampo formal, abstrato, mas no se confere na realidade, ou seja, no se verifica no casoconcreto. Quanto a esse assunto sabemos que formalmente o Brasil assegura a democracia.Portanto, se no chegamos ao ponto ideal ao menos estamos no caminho, importando, paratanto, o amadurecimento da conscincia social.

    2 breve historico do voto no brasil

    Noticia-se que ainda no tempo da Colnia o Brasil experimentou pela primeira vez o exercciodo voto. Isto se deu por volta de 1532 na ento denominada Vila de So Vicente, hoje Estado deSo Paulo. O pleito destinava-se a eleger o Conselho Municipal, ou seja, era na verdade ainstalao de uma unidade administrativa da coroa, ou melhor, da Colnia Portuguesa.Considerando que o Brasil foi descoberto oficialmente em 1500,

    temos que 32 anos passados da descoberta o Brasil votou. Comeava assim o longo processoeleitoral no Brasil. Interessante que embora em um tempo bastante distante, j naquela ocasioera proibido permanecerem no local de votao autoridades da coroa, tal medida velava paraque no houvesse intimidao na hora do voto, esta era a inteno, ao menos em tese.Contudo, difcil acreditar piamente. Poliani Castelo Branco, (2004, P.1).

    Embora se tenha notcia de que aconteceu a referida eleio para o Conselho Municipal,devemos entender e aceitar com certa reserva, visto que o voto no era um instrumento aceitodeliberadamente durante o imprio, fosse aqui ou em qualquer outro lugar do mundo,

    principalmente porque nesse perodo histrico, reinava o imprio, e como cedio o regimeabsolutista abominava o voto. O que determinava e prevalecia era o poder de imprio, o rei, acoroa. Note que o escrutnio e a forma como se exerce o direito do sufrgio, merecendo anotarque a forma como se votava naqueles idos tempo, nada lembra o voto democrtico daatualidade.

    Segundo leciona JAIRO NICOLAU, em Democracia e os trs Poderes no Brasil, subttulo AParticipao Eleitoral no Brasil (2001.p 255, ss). O voto no Brasil a exemplo do que aconteceu

    na Europa e Amrica do Norte, tambm era restritivo, isto , nem todos podiam votar. Tnhamoso voto censitrio que levava em conta a condio econmica, o voto capacitrio, onde seobservava a capacidade intelectual, quanto ao sexo, s o masculino tinha direito ao voto e aidade quase sempre maiores de 21 anos.

    As primeiras eleies no Brasil se davam de acordo com a legislao portuguesa, a exemplo doque falamos na introduo. Entretanto, sabemos que a primeira Constituio do imprio foioutorgada em 1824, logo depois de o Brasil se tornar independente de Portugal. A Carta doimprio no fez restries explicitas quanto alfabetizao quanto ao direito de voto dosanalfabetos, mas implicitamente proibia ou exclua estes de exercitarem o voto, porque emborano vetasse a participao exigia que a Cdula Eleitoral (no havia ttulo de eleitor) fosseassinada. Logo, s podia assinar quem fosse alfabetizado, da que mesmo no estando

    textualmente escrito. Em nosso entendimento a Constituio do Imprio vetou o direito de voto

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    aos analfabetos. Em 1842 permitia-se que os analfabetos votassem e fossem votados, umainovao.

    Posteriormente o voto para os analfabetos foi novamente proibido. O primeiro ttulo foiinstitudo em 1875 e tinha o nome de ttulo de qualificao, segundo NICOLAU (2002, apudABREU 1987, p 43), havia um espao no ttulo de qualificao para inserir as informaes se ocidado sabia ler e escrever. Analisando que os servios de levantamento eram precrios, essesdados constantes do ttulo de qualificao serviram para mostrar a radiografia da populao.Consta por exemplo, de acordo com dados levantados por ABREU nas listas de qualificao

    para as eleies de 1876 no Rio de Janeiro, que a parquia da Candelria registrou que todos osseus eleitores eram alfabetizados, enquanto de outro lado a parquia de Santa Cruz apresentavao pior ndice de analfabetismo (57,3%). Vale dizer, segundo o mesmo autor, a Candelriaapresentava-se ndice de pessoas ricas e alfabetizadas, enquanto a Parquia de Santa Cruz umdos piores ndices de pobreza e analfabetismo.

    No ano de 1881 editou-se uma Lei denominada Lei Saraiva, essa lei trazia garantia explicita dedireito ao voto para os analfabetos, mantinha a exigncia de informao em espao prprio para

    saber se o eleitor sabia ler e escrever, acrescentando que outro poderia assinar por quem nosoubesse.

    Isso nos lembra que quando o Brasil se tornou independente surgiram as primeiras legislaeseleitorais, diga-se de passagem, genuinamente brasileiras, na ocasio os eleitores podiam cedero direito de voto a terceiras, ou seja, podia-se votar por procurao o que facilitava bastante asfraudes. As criticas dos autores h pouco citados encontra demonstram que tal possibilidade eraum estmulo aos ilcitos eleitorais.

    Fazendo um breve paralelo com a histria eleitoral contempornea, considerando que oambiente era propcio para coaes diversas, nos parece tranqilo que a delegao de voto eramesmo um engodo, no sendo outro entendimento a nosso sentir. Veja que o artigo 8 da mesmalei determinava que a partir do ano de 1882 os eleitores deveriam saber ler e escrever, essasverificaes seriam feitas no ms de setembro sendo que deveriam fazer prova pela assinaturaaposta por quem requeresse. De certo modo estabelecia-se implicitamente a excluso de boa

    parte da sociedade (poucos privilegiados sabiam ler e escrever), por outro lado seguia osditames dos Estados Europeus.

    3 Arenda e o direito de voto

    Como suscitado em linhas passadas, durante longos tempos a renda condio essencial paraadquirir direito a voto e tambm para ser votado. O Brasil, no fugiu regra, at porque eraColnia de Portugal, e essa exigncia era comum tanto na Europa como na Amrica do Norte,

    igualmente ocorria nos demais pases da Amrica Latina. A Constituio de 1824 estabeleceucritrios a esse respeito. Os votantes deveriam percebem uma renda lquida anual de 100$000(cem mil ris), por bem de raiz, comrcio ou emprego, estes escolhiam os eleitores, enquanto oseleitores a quem era assegurado eleger os representantes dos cargos pblicos deveriam ter rendaanual de 200$000 (duzentos mil ris). Valendo lembrar que tanto as eleies para a Cmara eSenado quanto para as Assemblias Provinciais se davam em dois turnos e indiretas. VIANNA(Org. 2002 p 256 ss).

    No Brasil segundo conceituados autores a renda no foi o obstculo maior ao direito de voto,porque a quantidade exigida a ser declarada era pequena, 100$ 000 para votantes (cem mil ris)e 200$000 (duzentos mil ris por ano) para eleitores. O Decreto Imperial de n 846 de 1842redefiniu esses valores para 200$000 e 400$000 (mil ris) respectivamente. De o que

    possibilitava a participao de muitos votantes e eleitores (op. cit. P.259), isso at 1875.Naquela poca j havia privilgios, no que tange comprovao,

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    visto que algumas categorias eram dispensadas de comprovar rendas, a exemplo dos Clrigos,oficiais militares dentre outros.Ibidem (p.258). A partir da segunda metade do sculo XIXmuitos pases adotaram a abolio da exigncia de renda e propriedade para garantir direito aovoto, uma vergonha corrigida mesmo que tardiamente. Sobre esses aspectos e caractersticasveremos em ponto apropriado mais adiante.

    NICOLAU 2002 (apudSOUZA, 1979, p 26)1 relembra o texto comentado por SOUZArealando que:

    [...], porm responde-se que ningum pode viver sem uma renda de 200$000, que o simplesjornaleiro no vence por dia menos que 1$ , 1$500 e 2$000. Incluem-se, pois, na lista oscidados em litgio, e, por seu turno, aqueles que nesse sentido trabalham vo alegar o mesmoque haviam h pouco refutado, para excluir os votantes do adversrios.

    A respeito do Processo de Qualificao, aquele em que se apurava a renda, NICOLAU, (1999,apudFrancisco Belizrio de Souza, 1872), recita a crtica do autor exigncia de renda e

    propriedade, convenincia e fraude, ao sistema precrio de da forma de apurao para

    qualificao, que entendemos apropriada conforme segue:

    A condio a que se recorre mais geralmente para justificar todas as excluses e incluses possuir-se ou no a renda legal. A Lei constitucional no podia definir em que consistia e comose reconhecer a renda lquida de 200$000; as leis regulamentares nunca o fizeram. A provanica que oferecem as partes litigantes perante a junta a pior possvel. A pior absolutamentefalando, tanto se rebaixa o homem! E no caso especial das contendas eleitorais prova to mque no h termos que a qualifique. Fulano e Sicrano, os dois mais indignos miserveis dafreguesia juram, mediante qualquer paga, que 10, 20, 30 indivduos tm renda legal para seremqualificados votantes, e tanto mais correntemente juram, quando por si nada sabem.Masdecoram bem o papel. [...].

    No h como no reconhecer a viso externada por Francisco Belisrio de Souza. Em anliseperfunctria, podemos observar a repudia de se exigir renda para que o homem possa exercer oseu direito inalienvel de votar, rebaixa o homem a condio desprezvel. Pode-se l nasentrelinhas que h uma indignao quanto ao meio adotado para se provar renda, alm da

    precariedade. A crtica ecoa preocupante dado que as testemunham so corrompidas paradeclarem falsamente. Outro aspecto importante trata-se da facilidade de manipulao, dealeijamento do processo, vez que em face das convenincias dos interessados pode-se incluir ouexcluir determinada pessoa, facilitando as fraudes. Ficando assim ao talante dos qualificadoresdecidirem sobre as verdades fabricadas. Assevera ainda a falta de lei e a imprevisibilidadeconstitucional acerca dos meios de prova de renda, no h se quer um instrumento capaz de

    proceder aferio de renda seno os testemunhos

    duvidosos.

    Sobre o mesmo raciocnio anterior dado que julgamos importante a sagacidade quanto a crticaapresentada, valemo-nos mais uma vez de NICOLAU recitando a fala de Zacarias de Ges eVasconcelos de 1876. J naquela poca havia preocupao e indignao quanto as classes erespectivos vencimentos que podiam votar. Vale citar:

    Qual o invlido, esse infeliz que tem uma perna de menos, e agite uma bandeira para guiarbondes, que no ganhe 300$000 ou 400$000 por ano? O mais humilde da ordem da indstria,um servente que carrega pedras, tijolos e barro para uma, ganha pelo menos mil tantos ris pordia: logo tem mais de 400$0000 por ano (apudPORTO, 1989, p 105).

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    Resta claro que as crticas confluem positivamente e depem em favor da democracia. De modoque considerada a importncia do voto, as pessoas no deveriam ser excludas por no

    possurem rendas e que os meios utilizados para apurar quem podia ou no votar eram falhos efacilmente manipulveis. Em paralelo bastante simples de ser estabelecido, bastava aos cidadosde hoje observarem as dificuldades encontradas para exercer o voto na ocasio citada e como o em dias atuais, para saber reconhecer o valor do voto, verdadeiro instrumento de democracia edignidade da pessoa.

    4 Aboliao de renda para direito ao voto

    O requisito de poder econmico no foi uma peculiaridade da poltica brasileira, pelo contrrio,a Europa considerada o bero da democracia fazia uso desse expediente bem antes do Brasil.Sendo este colnia de um pas europeu no era nenhuma novidade que aqui tambm fosseadotado. Pois bem, como dito anteriormente o cidado precisava apenas declarar que tinharenda ou propriedade, outros nem eram preciso e adquiriam o direito por presuno. Porm, em1875, no bastava dizer que tinha as posses, era necessrio fazer prova. Por volta de 1881 alegislao endureceu ainda mais, fazendo outras exigncias para a comprovao da renda.

    Mesmo nessa poca, algumas categorias de pessoas eram dispensadas ou isentas decomprovarem renda gozavam de privilgios ( A exemplo dos Clrigos, oficiais, Diretores deescolas, Portadores de diploma superior, dentre outros conforme explica o autorpassim. ).Contudo, as exigncias para a comprovao de renda atreladas ao direito de voto foramconstantes e perduraram por todo o imprio.

    De suma importncia registrar uma das primeiras medidas da fase Brasil Repblica concernenteao voto, foi a abolio da exigncia de renda para todo o eleitorado. E essa mudana se deu nomesmo ano em que o Brasil proclamou a Repblica, no custa lembrar que foi em 1889. Outros

    pases tambm aboliram a exigncia de renda e propriedade. Mesmo antes de pasesconsiderados beros democrticos (a exemplo da Frana que concedeu o direito de voto semcomprovao de renda para os homens isoladamente em 1792 e depois em 1848, Op. Cit. p 259.

    ) tomarem essa medida, outros, onde prevaleceu a ditadura anteciparam a abolio de tofamigerado requisito. NICOLLAU 1999 (apudKATZ, 1997, p 218 a 229).

    Leciona que na Amrica Latina, o Uruguai o fez em 1830, enquanto Colmbia 1853, Venezuela1858, Chile 1885 e Equador 1861 foram os primeiros a dispensar a exigncia da comprovaode renda e propriedade. Isto ainda no sculo XIX. A Argentina 1912 e Peru 1920, portanto jnas primeiras dcadas do sculo XX seguiram o exemplo dos vizinhos pases latinos.

    No outro quadrante e merecendo nota, esto os pases europeus, que embora tenham sido osprecursores da democracia s vieram banir a exigncia de renda na primeira metade do sculoXX. Poucos pases da Europa antecederam a abolio antes da virada do sculo XIX. Conforme

    o autor citado, foram eles, Sua 1848, Austrlia 1856, Alemanha 1867, Frana efetivamente saboliu a exigncia 1875, Nova Zelndia 1889, Espanha 1890, Grcia 1894. Por seu turno j nosculo XX a tendncia da abolio se tornou incontestvel, a Europa adere abolio, em 1906Finlndia, 1907 ustria, 1909 Sucia, 1910 Portugal, Dinamarca 1915, Holanda 1917, ReinoUnido 1918, Itlia 1919, Noruega 1919, Blgica 1920, Canad 1920. O Japo seguiu o exemploeuropeu e latino s 1925. (Op. cit.p 259).

    O direito de voto de que nos referimos h pouco era assegurado apenas ao sexo masculino, vistoque o voto no era exercido pelo sexo feminino. Tema que se possvel abordaremosoportunamente.

    Entendemos que a abolio ajudou a levar muitos pases ao caminho da democracia, mas temos

    dvidas se em todas elas o objetivo ltimo fosse de fato a democracia, isso deve ser observadoconsiderando que as conquistas das massas quase sempre so decorrentes de presses da classe

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    inferior ou por interesse de manuteno ou manipulao da classe dominante, ou os chamadosblocos que dominam o poder. No h conquistas espontneas, sempre existe um ponto crucial,presses sociais que levam s mudanas.

    5 Os analfabetos e o direito ao voto

    Desde muito cedo o analfabetismo se tornou um obstculo para boa parte da populao, noapenas no Brasil, como em vrias outras partes do mundo. Podemos afirmar com segurana quea questo do cidado analfabeto ainda um grave problema social que assola e atinge adignidade da pessoa humana excluindo-as do deleite do mais elementar direito inerente ao serhumano. Basta lembrar que o homem sem letra est praticamente excludo de participar da vidasocial de seu pas. Ele no tem acesso aos cargos pblicos, ,o trabalho em empresas, trabalhoem geral, conseguia quando muito trabalhos escravos ou assemelhados (o que nos parece, salvooutro juzo, que ainda uma realidade em vrias partes do mundo, o que no diferente emmuitas regies desse imenso Brasil). O analfabeto teve o direito de voto vetado por muitossculos.

    Todavia, hoje ainda que facultativo o cidado brasileiro tem a opo de votar, contudo, no lhesassegura o direito de ser votado. Merece uma reflexo no sentido de que o cidado analfabetoserve s convenincias, mas no h uma recproca verdadeira, pois que se levado ao p da letrase torna um instrumento funcional de fcil manipulao, quando no raras vezes por imposio.

    Segundo ensina NICOLAU (2002 apudABREU 1987, p 43), a histria da excluso dosanalfabetos dista desde o tempo do imprio, e permaneceu por boa parte do perodo republicanoem que se negou o direito de voto a essas pessoas, a esse ponto, a Carta do Imprio editada em1824 silenciou-se quanto a exigncia de alfabetizao como requisito para direito ao voto. Noentanto, como dito, a exigncia da assinatura imposta por legislao posterior acabou porexcluir os analfabetos da vida poltica do pas.

    Segundo o mesmo autor, embora a Constituio no vedasse a participao dos analfabetoshavia legislao infra relacionada a direito eleitoral que exigiam a assinatura do votante oueleitor na Cdula Eleitoral. Conforme se v, mesmo que dizer que os analfabetos no podiamvota, veja que por mais que esforamos para pensar diferente no resta outra lgica decorrente.

    J abordamos o assunto no tpico relacionado a renda, mas como interessa para esse instante,faamos uma referncia aos estudos realizados por Jairo Nicolau, VIANNA (Org. 2002, p 261,),que em 1876 nas Freguesias de Guaratiba e Santa Cruz a populao analfabeta ultrapassava acasa dos cinqenta pontos percentuais, respectivamente (52,3%) e (57,3%), ambas no Rio deJaneiro (aqui ou autor O autor cita como fonte as Listas de Qualificao dos Eleitores, doArquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro).

    Lamentavelmente o Brasil foi o ltimo pas da Amrica a conceder efetivamente o voto aosanalfabetos, atravs da Emenda Constitucional n 25. Mesmo assim com ressalvas. Logo fcil

    presumir que ainda temos muitos cidados carentes de representao no parlamento brasileiro.Para se ter uma idia da dimenso do que falamos, o ltimo senso do Instituto Brasileiro deGeografia e Estatstica (IBGE)5, realizado em abril de 2007, informa que a populao atual estima em 186.243.677 (cento e oitenta e seis milhes,duzentos e quarenta e trs mil eseiscentos e setenta e sete) brasileiros. Verificando que o ltimo levantamento sobre o nmerode analfabetos realizado em 2000 mostrou que temos 13% de analfabetos, se considerarmos amesma proporo, teremos a assustadora marca de mais de vinte milhes de analfabetos. Essaquantidade de excludos superior a populao de centenas de pases, algo assustador.

    6 O voto feminino

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    As mulheres sempre foram companheiras dos homens desde que o mundo mundo, mas nemsempre tiveram os mesmos direitos a eles deferidos. No que diz respeito ao direito de voto nofoi diferente, durante sculos foram excludas, o sexo feminino no tinha voz, no tinha voto.Pensar que o voto um direito nato, pelos menos na nossa viso, lembrar que as mulheres foram

    banidas dos processos polticos ao redor do mundo, sejam por quais motivos encontrassem parajustificar, concebemos como posies discriminatrias e

    autoritrias que se alongaram demasiadamente at que pudessem enfim ser reconhecidas e a elasestendido o direito ao voto.

    A Carta Constitucional de 1824, no proibiu o voto feminino assim com asseveradoanteriormente no proibiu o voto dos analfabetos, explicitamente os requisitos eram os de renda,ofcio e idade. A segunda Constituio brasileira de 1891 no o fez, mas tambm no oassegurou explicitamente. S com o advento do Cdigo Eleitoral de 1932, desta feita semreservas. Essa situao de excluso no era atribuda apenas ao Brasil, note-se que o mundonegava s mulheres o direito de votar e serem votadas. s mulheres, foi negado o maior e maislegtimo instrumento de democracia ao longo da histria da humanidade, situao que s veio

    mudar na virada do sculo XIX para XX.

    Segundo leciona NICOLAU em estudos realizado acerca do assunto, apenas a Nova Zelndiaconcedeu expressamente o direito de s mulheres, o que se deu em 1893. VIANNA org. (2002,

    p 264/265). Talvez pelos longos anos em que ficaram annimas ou por questes ordemparticular, quase no houve alistamento feminino. Mas os estudos mostraram que pelo menostrs mulheres requisitaram o direito de voto na primeira repblica, Jairo Nicolau (apudPORTO,2000, p 430 a 432) constatou que ao menos trs eleitoras tentaram efetivar o registro eleitoral no

    perodo da Repblica Velha, uma em Minas Gerais no ano de 1906, outra na Cidade deMossor no Estado do Rio Grande do Norte em 1927 e a ltima no mesmo estado no ano de1928.

    Observe-se que ao longo de 41 anos, desde o incio da repblica em 1889 at 1930, a tentativade registro de trs mulheres como eleitoras irrisria, quase inexistente, o que denota a totalexcluso do sexo feminino do processo eleitoral no pas. Essa realidade s experimentoumudanas expressivas ( Falamos expressivas,no na quantidade, mas porque houve garantiaexpressa do direito de voto.) com o advento do Cdigo Eleitoral de 1932, com efeito, Art. 2, inverbis eleitor o cidado maior de 21 anos, sem distino de sexo (negrito nosso), alistadona forma deste cdigo. Ao reconhecer e garantir o direito de voto ao sexo feminino o Brasildemonstra amadurecimento poltico no que tange ao processo eleitoral, por conseqnciaapresenta avanos no campo dos direitos de seus cidados.

    Na Amrica Latina o Brasil foi o segundo pas a conceder o voto s mulheres, o primeiro foi o

    Equador em 1928, tendo estes se antecipado a muitos pases europeus, a exemplo do queaconteceu com a abolio da exigncia de renda. Vale citar algumas datas alusivas ao momentoem que as mulheres conquistaram o direito ao voto (rol exemplificativo). No sculo XX aAustrlia foi a primeira nao a reconhecer o direito de voto para as mulheres, l elas passarama votar em 1902, Canad, Alemanha e Dinamarca 1918, Estados Unidos 1920, a Frana s em1944, Itlia e Japo 1946, Argentina e Venezuela 1947, enfim na Amrica Latina o ltimo pas aconceder o voto s

    mulheres foi a Colmbia em 1957 enquanto na Europa Portugal fez concesso em 1974,momentos importantes na poltica eleitoral para as mulheres, vez que era reconhecido o direitode voto sem restries. VIANNA (Org. P 264/265, NICOLAU, apudKATZ, 1997, p 218-230).

    Sabendo que em 1933 ocorreram eleies no Brasil, temos que foi a primeira vez em que asmulheres puderam de fato e de direito exercitar o direito de voto. No ano seguinte nosso pas

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    conheceu sua terceira Constituio, a Carta de 30 se deu na Era Vargas, nela reafirmou-se odireito ao voto feminino, conforme expressava seu artigo 109. Interessante que o voto para oshomens que preenchessem os requisitos era obrigatrio, j para as mulheres no, exceto seestivessem no exerccio de funo pblica remunerada, estando

    sujeitas s sanes e salvas determinadas por lei. Assim, se no fossem funcionrias pblicas,mesmo que presentes os demais requisitos, nem o alistamento ou voto eram obrigatrios.

    Ibidem.

    Tanto as Constituies quanto a legislao eleitoral infra, mantiveram o direito de voto para asmulheres e ao contrrio do passado, ampliaram o direito de participao na vida poltica o pas.H por exemplo cota mnima assegurada ( Refiro-me ao percentual mnimo que cada partidodeve reservar para candidatas) s mulheres para as disputas dos vrios pleitos nacionais seja emeleies majoritrias, seja minoritrias.

    Hoje possvel afirmar que as mulheres ganharam espao e importncia na vida poltica donosso pas. Apenas O cargo de Presidente da Repblica ainda no foi ocupado por uma mulher,

    todos os demais cargos eletivos j foram e muitos ainda so ocupados pelo sexo feminino.Temos vrias senadoras, Deputadas Federal, Deputadas Estaduais e Distritais, centenas deVereadoras, Prefeitas e Governadora. Resta claro que a atividade poltica feminina ascende acargos do mais alto escalo seja na esfera Federal, Estadual, Distrital ou Municipal. Comoexemplo da importncia que hoje ocupam, basta dizer que temos Ministras de Estado, doSupremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justia, muitas Desembargadoras, Juizas evrios outros cargos pblicos. Na iniciativa privada no diferente, h executivas nos mais altoscargos de direo de vrias empresas. No plano internacional, Embaixatriz, Presidentas, etc...

    Portanto, quanto a participao da mulher na poltica nacional, mormente no que diz respeito adireito de voto e em todo o processo eleitoral, inegvel o espao conquistado.

    7 Idade como exigencia de direito ao voto

    A questo do direito de voto condicionado idade antiga e existiu tem qualquer sociedade,logo, no Brasil no foi diferente. Nas primeiras eleies a idade exigida era um pouco elevadase considerado que em dias atuais o jovem com 16 (dezesseis) votos tem direito a voto. De fatouma evoluo quanto idade, mas no foi sempre assim. Nota-se que a Carta de 1824, quanto idade como requisito para assegurar o direito de voto verifica-se duas idades distintas. A

    primeira idade segundo estabelecia expressamente que os homens a partir de 25 (vinte e cinco)anos tinham direito a voto. A segunda idade exigida se referia ao casamento, j que aConstituio falava que se fossem oficiais militares ou casados podiam votar com 21 (vinte eum) anos. Esta era a regra, contudo, havia excees. Dizia ainda a Carta de 1824 que para os

    bacharis e os clrigos de ordem sacra no havia limite de idade. Ademais, acerca da idadehavia restries a alguns grupos determinados. VIANNA Org. (2002, p 266), a teor do texto deNICOLAU. H vrias outras peculiaridades importantes relativas a Constituio de 24 (vinte equatro) e o direito de voto. Por hora no cabe aqui serem lembradas, vez que desejamos ater aoaspecto da idade.

    A Constituio de 1891 foi a primeira da repblica e, com ela vieram uma srie de mudanas,inclusive quanto ao direito de voto. Sobre a idade, estabeleceu que seria de 21 (vinte e um)anos, houve um avano quanto a idade mnima exigida, j que poderia se podar indiferente de

    preencher os requisitos citados no pargrafo anterior.

    Em 1934 tivemos nova Constituio, a primeira da era Vargas, nesse documento poltico,

    algumas vedaes foram mantidas, mas quanto idade, esta foi reduzida para 18 (dezoito anos).Embora tenha havido legislaes posteriores que regularam o processo eleitoral no Brasil,

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    perodo entre a Constituio de 1934 e a de 1946, quanto a idade nada foi mudado, mantendo-seinalterado o direito de voto aos dezoito anos. Nos parece importante consignar que mesmosendo reconhecido como uma evoluo a diminuio da

    idade como exigncia para exercitar o voto, algumas pessoas ou classes, ou grupos de pessoascontinuaram excludas desse direito, mesmo tendo os demais requisitos. que a condio socialou a funo que ocupavam se tornava obstculo. Como exemplo, podemos citar que um cidadocom mais de dezoito anos, mas que fosse praa de pr, no podia votar, assim como osmendigos. A situao para estes s conheceu mudana com a Emenda Constitucional de 1985,ocasio em que adquiriram direito ao voto. (ainda hoje os conscritos so proibidos de votar).

    Na Constituio atual, promulgada em 1988, reconhecida como a Constituio cidad, a idadecomo requisito para votar novamente sofreu mudanas. Desta feita reduziu-se e tornoufacultativo tanto o alistamento quanto o voto para os jovens entre 16 (dezesseis) e 17 (dezessete)anos. Obviamente que acima de 18 (dezoito) e abaixo de 70 (setenta) estavam na regra ordinriae estariam obrigados a votar. Foi uma inovao que permitiu ao jovem expressar sua vontadenas urnas, demonstrando a viso de participao democrtica na qual o Brasil est inserido e

    numa outra vertente aumentando o nmero de jovens cidados em condies de votar.

    8 Conclusao

    Depois de vagar por muitas idias buscando concluir este pequeno ensaio, ciente de que muitoainda h para ser dito sobre o assunto, entretanto, parece-nos que a idia principal que de fatoera expressar a importncia do voto em uma sociedade, jaz tranqila em linhas volvidas. evidente que o tema no se esgota, como dito, trouxemos alguns aspectos relativos ao voto, ouao direito ao voto, o que se pressupe existem vrios outros a serem tratados. O que por horano o caso, muito embora o tema seja tentador.

    Alinhavando o pensamento pudemos observar que o Brasil em algumas situaes antecipou-seaos pases latinos, europeus, asiticos, nas vrias situaes relacionadas a poltica eleitoral e emespecial no que concerne ao direito de votar, em outros ficou atrs de democracias frgeis. Masno contexto geral no h demrito para o nosso pas, hoje seguramente se pode afirmar que oBrasil de fato e de direito (aqui com algumas ressalvas do que esta assegurado no formalismo)uma democracia, se ainda no completamente slida, mas em vias de solidificar, firmando-sedefinitivamente como Estado Democrtico de Direito.

    Com tranqilidade pode-se dizer que o voto o legtimo instrumento de democracia, noimporta se vamos votar para escolher representante de sala de aula, presidente de bairro, deconselhos, chefe de estado, chefe o executivo, membro das casas legislativas, todos so eleitosatravs do voto. E mais, o voto tem o mesmo peso, mesma importncia, tanto o voto do mais

    humilde trabalhador como o voto de um rico empresrio vale a mesma coisa. No h maisespao no Brasil para imposio de vontades ou absolutismo, h sim espao para crescimento dademocracia, ou melhor dizendo, para a sedimentao e responsabilidade dos cidados com onvel democrtico alcanado, melhorando e aperfeioando o caminho trilhado que nos trouxe aoatual estagio de democracia.

    Vimos que um dos maiores obstculos ao direito de voto e, por conseguinte de excluso socialera a questo econmica do cidado, hoje j superado. Constatamos que durante sculos os

    pobres, mendigos, escravos e algumas outras classes foram excludas do direito de escolha deseus representantes. Em outros pases isso tambm aconteceu.

    No Brasil, essas distores ou tratamento desigual no existem mais (quanto ao direito de votar

    em outros aspectos ainda persiste outras segregaes), visto que qualquer pessoa que estejaem condies de alistamento eleitoral pode exercitar o voto, ele universal. Com isso cremos

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    que houve progresso, o pas evoluiu, talvez como fruto do amadurecimento ou quem sabe pelaslutas em busca de direito ou ainda por ambas. De modo geral correto afirmar que quanto aexigncia de renda ou posse de bens de raiz, como condio para alcanar o direito de voto,definitivamente foi superada em nossa sociedade.

    Em outra esfera de requisito, mas no mesmo contexto de direito ao voto, participamos ecolaboramos com a excluso da mulher na vida poltica, veja que durante boa parte da historiaelas no tinham o direito de voto, foram sumariamente proibidas de exercer um direito legtimoe que entendemos natural e inerente ao ser humano que poder escolher quem deseja que v lherepresentar, se no por outros motivos, aos menos para reivindicar o contrato socialestabelecido. E sobre esse assunto, o voto feminino, antecedemos em muito outros pases,apenas como ilustrao, na Amrica Latina apenas o Equador reconheceu o direito de voto smulheres antes que o Brasil. Na Europa, pases com reputao de bero da democracia como aFrana, s reconheceu esse direito em 1944, a Grcia em 1952 e Portugal incrivelmente s o fezem 1974, sendo um dos ltimos a conceder o voto mulher, na mdia geral a grande maioriados pases s reconheceram o voto feminino partir da dcada de quarenta do sculo passado.Entendemos que foi sem qualquer dvida uma evoluo que reservou ao Brasil um lugar de

    destaque no cenrio mundial.

    O analfabetismo foi outro entrave enfadonho na vida dos brasileiros, ficou clarividente que osanalfabetos foram impedidos de votar em vrios pases, a regra era que determinadas classessociais no podiam votar, somente uma pequena parcela da populao podia exercer essedireito. Entre ns a Constituio de 88 assegurou o direito de voto para os analfabetos, contudono podem ser eleitos, apenas eleitores, assim entendemos que em parte o problema foisuperado no Brasil. Para termos uma idia do que representa a quantidade de analfabetos, bastacomparar o ltimo senso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica. Uma populaoestimada em pouco mais de 186 milhes de pessoas, onde 13% (treze por cento) soanalfabetas, em mais de 5.560 (h dados que afirma ser 5.564) municpios, isso nos d cerca dequase 24 milhes de analfabetos, nmero expressivos, se considerarmos que h pases com

    populao inferior a essa quantidade.

    Vimos que em determinado perodo da historia tivemos uma populao com mais de 50% (porcento) de analfabetos, ento hoje o quadro favorvel, embora esteja longe de ser o ideal. Demodo que o Brasil a exemplo de outras naes evolui significativamente nas questes eleitorais,mas no suficiente para termos uma sociedade justa.

    preciso que continuemos a buscar melhores condies e garantias, no obstante as diversasconquistas que possibilitaram a todos os brasileiros exercer o voto. lamentvel quandoouvimos o noticirio e deparamos com denncias de compra de votos, uma parcela da sociedadeainda no se deu conta das dificuldades e do tempo que se levou para conseguirmos alcanar

    esse direito. A compra e venda de votos criminosa, injusta e trs consigo uma enxurrada desujeira que mancha um processo eleitoral considerado de ponta. Precisamos contribuir para quemazelas como essa no faa parte da nossa cultura. Valorize o seu voto, ele importante, notem preo. Se voc vende o seu voto quem o comprou nada lhe deve, voc no ter nem direitonem moral para cobrar uma postura do candidato eleito.

    Temos visto que a justia eleitoral aos poucos vem ganhando fora e respeito ao punir e cassarmandatos quando provado que o candidato utilizou meios ilcitos para se eleger. O melhorinstrumento para banir essa prtica impor uma punio severa, esperamos que esta continue aser a postura da justia eleitoral.

    Enfim, as diretas j, a Carta de 1988, as eleies diretas, melhoria da legislao eleitoral, maior

    ao de fiscalizao e controle pelo Superior Tribunal Eleitoral e Tribunais Regionais, arevoluo experimentada com o uso da urna eletrnica, considerada modelo mundial e, a

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    sistemtica do processo eleitoral brasileiro, foi por derradeiro o fator preponderante manutenodo estado democrtico de direito.

    Agora o momento exige uma revoluo moral e conscincia social, ao depositar o seu voto naurna, pense bem o longo caminho trilhado at chegarmos ao ponto que hoje nos encontramos,mais importante, a liberdade de escolher aqueles que iriam cuidar do destino de nossoscompatriotas.

    *Valorize seu voto ele a mais genuna ferramenta que lapida a democracia. (Do autor

    Flvia Foreque: 1 - O sistema de votao no Brasil, a partir do uso da urna eletrnica, umdos mais modernos do mundo?

    Pedro Rezende:O sistema eleitoral em uso no Brasil emprega urnas eletrnicas que impedemtotalmente a verificao do resultado por recontagem manual, ou sua validao por amostragem.Das democracias atuais, s o Brasil usa um sistema que impede totalmente a recontagemmanual dos votos. A questo de quo moderno seria um tal sistema perigosa, pois desvia o

    foco do que importa em um sistema de votao para a democracia.

    Bloquear a capacidade do eleitor comum de recontar votos pode ser considerado moderno, ou oque h de mais moderno, mas tambm pode ser considerado ruim para a democracia.Principalmente pelos motivos que vemos alegados por seus defensores. Quando esses motivosso decodificados pela ptica dos possveis conflitos de interesses envolvidos, eles tambmservem para os pases nos quais os cidados comuns levam a democracia mais a srio no

    permitem esse tipo de modernizao em seus sistemas eleitorais [1].

    Quanto ao porqu desse tipo de modernizao ser considerado, por mim e pelos demais pasesdemocrticos, ruim para a democracia, j escrevi a respeito em dezenas de artigos, o ltimo,analisando o sistema sob uma ptica conspirativa a pedido de um partido poltico [2] Quanto ao

    possvel uso da biometria no sistema, especificamente, escrevi na seo "CentralismoFraudocrtico" em [3]. Pode cita-los se a descontextualizao no prejudicar o sentido.

    FF: 2-Em geral, a populao brasileira acompanhou os avanos do sistema eletrnico e sabeutiliz-lo com eficincia ou ainda h desinformao e confuso no momento da votao?

    PR: No saberia dizer, at porque considero esta questo irrelevante em face aos perigos eproblemas que relato nos escritos citados na pergunta anterior. possvel, alis, que a reiteradae obsessiva pautagem desse assunto, em detrimento daqueles, j seja um sinal de que osargumentos "definitivos" em favor de um sistema puramente eletrnico, que impederecontagens, no vo resistir ao teste do tempo.

    FF: 3- Caso o senhor acredite que a populao ainda no est bem familiarizada com o votoeletrnico, o que pode ser feito - seja pelo governo, seja pela sociedade - para reverter essa

    situao?

    PR: Acredito que a populao no est nada familiarizada com as consequncias do votopuramente eletrnico, o que pode ter efeitos catastrficos para a democracia, seja pelo tipo degoverno que a se forma, seja pela situao em que a sociedade assim se coloca.

    Dado os interesses em jogo, encastelados no status quo dos processos potico e eleitoral, acho

    que a situao no poder ser revertida a menos de uma crise institucional, mas no uma criseartificial, de cima para baixo, como a que os atores responsveis pela crise atual esto tentando

    http://www.newsobserver.com/politics/story/1185482.htmlhttp://www.newsobserver.com/politics/story/1185482.htmlhttp://www.cic.unb.br/~pedro/trabs/urnas_pt.htmlhttp://ttp//www.cic.unb.br/~pedro/trabs/prioridades.html#centralismohttp://ttp//www.cic.unb.br/~pedro/trabs/prioridades.html#centralismohttp://www.newsobserver.com/politics/story/1185482.htmlhttp://www.newsobserver.com/politics/story/1185482.htmlhttp://www.cic.unb.br/~pedro/trabs/urnas_pt.htmlhttp://ttp//www.cic.unb.br/~pedro/trabs/prioridades.html#centralismohttp://ttp//www.cic.unb.br/~pedro/trabs/prioridades.html#centralismo
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    cozinhar.

    Doutra feita, no creio que estejam presentes as condies da revoluo de 1930, que tinha pormeta algo parecido com algo que poderia reverter a situao de hoje. A propsito, avalio asituao presente em artigo recm publicado pelo obervatrio da imprensa, "Estado

    judicialesco." [4]

    http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=503JDB002http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=503JDB002http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=503JDB002http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=503JDB002