a guerra do paraguai
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Módulo de História
Prof. Rodrigo Goyena Soares
A Guerra do Paraguai (1864-1870)
I. O contexto pré-guerra
Lugar e importância do Rio da Prata
o Principal via comercial entre Buenos Aires e as minas de Potosí, no século XVIII.
o Presença portuguesa na banda oriental.
o 1776: Fundação do Vice-Reino do Rio da Prata.
Controle administrativo de Buenos Aires estendia-se da Patagônia ao Alto Peru, incluindo minas de Potosí, Chile e Paraguai.
o No decurso da guerras napoleônicas, o Vice-Reino do Rio da Prata implode: formação de Estados Independentes: Chile, Províncias Unidas do Rio da Prata, Uruguai (1828), Paraguai e Bolívia.
o Suspeitas em relação ao Império do Brasil:
1811 e 1817: Investidas contra Montevidéu.
1821: Incorporação da Província Cisplatina.
Política externa dinástica de Pedro I. Ex: Missão Santo Amaro.
Congresso de Panamá e a bilateralidade brasileira.
Qual construção de Estados e nações na América do Sul?
o Argentina:
1835-1852: Confederação Argentina, com Juan Manuel de Rosas.
• Reconstituição territorial do Vice-Reino do Rio da Prata.
Urquiza vs. Mitre
• Duas Argentinas.
• Batalha de Pavón, 1861
o Uruguai:
Guerra Grande (1839-1851).
• Balança do poder: qual equilíbrio possível para blancos e colorados?
• Tratado de 1851:
o Abolidos direitos alfandegários sobre a exportação de gado gaúcho.
o Direito de intervenção brasileira no Uruguai no caso de conflito interno.
o Brasil poderia solicitar extradição de escravos foragidos (o Uruguai já havia abolido a escravidão).
o Livra navegação brasileira no rio Uruguai e afluentes.
o Dívida de guerra.
o Uruguai renuncia aos direitos sobre os territórios ao Norte do rio Quaraí e ao direito de navegação da Lagoa Mirim.
• Resgate da figura de Artigas como cimento da unidade nacional!
• 1860: Bernardo Berro (blanco) assume o poder.
o Brasil:
Do imobilismo externa da Regência (1831-1840) à política externa ativa do Segundo Reinado (1840-1889).
Conciliação e Hegemonia conservadora (1848-1862)
• Acesso ao Mato Grosso.
• Livre navegação dos rios Uruguai, Paraná e Paraguai.
Ligas progressistas (1862-1862)
• Porta-voz dos interesses gaúchos, mas não só.
o Paraguai:
1814-1840: José Gaspar de Francia.
• Reformismo agrário?
• Socialismo?
1844-1862: Carlos Antonio López.
• Industrialização e abertura econômica?
1862-1870: Solano López.
II. As causas da guerra: balanço historiográfico
• Historiografia da primeira metade do século XX:o Argentina, Brasil, Uruguai: enaltecimento dos feitos militares
• Tasso Fragoso.• Paulo de Queiroz Duarte.
o A principal cauda da guerra é a invasão paraguaia ao território brasileiro e argentino. Primeira Imagem de Kenneth Waltz: o Homem.
o Paraguai: vitimização. Solano López elevado à categoria de herói nacional.
• Revisionismo historiográfico de década de 1960-1970:o Argentina, Brasil, Uruguai: genocídio americano.
Influência inglesa no conflito. Paraguai era potência industrial. Paraguai desequilibrou a balança do poder platino após as guerras do Império
contra Oribe (Uruguai) e Rosas (Argentina).• José Júlio Chiavenatto (Brasil) e León Pomer (Argentina).
Visão historiográfica: problema é o Estado. Segunda imagem de Waltz.o Paraguai: potência industrial tolhida pela Inglaterra.
• Historiografia atual:o Argentina, Brasil, Uruguai: consolidação dos Estados-Nação na bacia do prata.
Argentina: Temor de um novo cenário de uma Argentina dual. Brasil: primeira vez que tropas dos quatros pontos cardinais do Império lutam
juntas. Uruguai: Derrota duradoura para blancos.
• Visão historiográfico: problema é o sistema das relações internacionais na Bacia do Prata.
o Paraguai: consolidação do Estado-Nação.
III. O desenrolar dos acontecimentos
Tensões políticas no Uruguai:
o Presença gaúcha: controlam 30% do território uruguaio e constituem algo em torno a 20% dos estrangeiros vivendo no país.
o 1860: Partido Blanco retoma o poder.
Nacionalização das fronteiras.
Taxação sobre os brasileiros residentes no Uruguai.
Controle do gado gaúcho.
Controle dos escravos foragidos (não podem ser extraditados).
1863: Estoura nova guerra civil no Uruguai.
o Líderes gaúchos pressionam as Ligas Progressistas para que apoiem uma rebelião colorada contra Berro. Êxito!, pois temor de uma nova farroupilha.
o Intervenção brasileira em 1864:
Bloqueio do porto de Paissandu.
Posição paraguaia:
o Contra a posição do Império.
Haviam oferecido mediação diplomática.
• López havia mediado com êxito o conflito civil argentino.
Aproximação com blancos era garantia de acesso livro ao Rio da Prata.
• Equilíbrio de forças entre paraguaios e blancos contra hegemonia argentina e brasileira.
1864: Aproximação entre López e Aguirre.
Posição argentina:
o Presidência de Mitre (1861) assegura projeto modernizadora para a Argentina: obtém adesão – ainda que parcial - de elites nortenhas (Urquiza).
Ainda em 1864, o Império envia a Missão Saraiva para negociar reversão das políticas de Berro
Fracasso! Aguirre nega aceita negociação.
o Intervenção brasileira redunda na tomado do poder por Venâncio Flores (colorado).
López envia ultimato contra o Brasil.
o Desconsiderado.
Resposta: dezembro de 1864, governo paraguaio apreende navio mercante imperial, nas proximidades de Corumbá, que trazia a bordo o presidente da Província do Mato Grosso.
Império rompe relações.
Paraguai invade o Mato Grosso.
Cálculo militar de Solano López:
o Atravessar Missiones e Corrientes, para alcançar o Rio Grande do Sul, cercá-lo, e assegurar a volta do partido blanco em Montevidéu.
o Urquiza (Entre Rios) se colocaria do lado paraguaio.
o Argentina não interviria, pois não provocaria nova guerra civil.
o Superioridade militar paraguaia.
Resposta de Mitre:
o Preservar o Estado Nacional!
1865: Tratado da Tríplice Aliança.
“em três dias nos quarteis, em três semanas no campo de batalha e em três meses em Assunção”. Mitre, em 1865.
IV. A História Militar (e diplomática)
Fases da Guerra do Paraguai:
o 1. Dezembro de 1864 a junho de 1865: a ofensiva paraguaia. Tomado do Mato Grosso (parte) e do Rio Grande do Sul (parte). Setembro de 1865: Batalha do Riachuelo.
o 2. Junho de 1865 a julho de 1868: a contraofensiva aliada. Corrientes. Queda de Humaitá.
o 3. Julho de 1868 – março de 1870: a caça a Solano López Tomada de Assunção. Cerro Corá.
Uma batalha é chave para compreender o desmantelamento do gabinete das Ligas Progressistas: a derrota de Curupaiti (1866)
o Queda vertiginosa no alistamento brasileiro. Entusiasmo? Cândido Fonseca Galvão, Jovita Feitosa. A Guarda Nacional. 1866: alistamento de libertos. 1867: Início das discussões sobre adoção de uma lei que libertasse o ventre das
escravas.o Revolução de Cuyo na Argentina.
Varela vs. Mitre.• Mitre monárquico?
o Caxias (conservador) assume o comanda das tropas aliadas, 1866.o Queda do gabinete Zacarias de Goés e Vasconcellos (liberal), 1868.
Dissolução da Câmara e nomeação do gabinete conservador do Visconde de Itaboraí.
o Assassinato de Venâncio Flores no Uruguai, 1868.
Qual unidade partidária brasileira frente ao conflito no Prata?
o Zacarias de Goés e Vasconcellos vs. Caxias.o Caxias vs. o Conde d’Eu.
o Abril de 1869, o Conde d’Eu assume o comando das tropas aliadas. Perspectivas para um Terceiro Reinado?
o Fraturas entre os liberais: 1868: Centro Liberal. 1869: Partido Liberal.
• Clube da Reforma x Clube Radicalo Do Clube Radical surge o Manifesto Republicano de 1870.
V. O pós-guerra
Dificuldades diplomáticas:
o Brasil x. Argentina. Se a guerra os uniu, a paz os separou.
A Argentina de Sarmiento (liberal!) buscou manter as cláusulas do Tratado de Tríplice Aliança: tomar posição mais vasta do território paraguaio.
• Assumir controle do Chaco Boreal.
o Gabinete conservador de Rodrigues Torres (Rio Branco e, após setembro de 1870, Marquês de São Vicente no Ministério das Relações Exteriores) buscou negociar tratado de paz secretamente com Rivarola e Jovellanos (governo provisório do Paraguai).
Ocupação militar brasileira em Assunção até 1875.
A guerra foi vencida pelo Brasil!
o Tratado de paz entre o Brasil e o Paraguai, 1872:
Posses territoriais entre os rios Apa e Rio Branco.
Livre navegação dos rio Paraná e Paraguai.
Colorados no Uruguai, portanto, livre navegação do rio Uruguai, também garantida.
Dificuldades econômicas
o Brasil:
Orçamento de mais de uma década foi empregada na guerra.
• Caio Prado Júnior: Guerra do Paraguai está relacionado à crise do Império.
Dívida com bancos ingleses.
150 mil homens mobilizados. Quase metade falece em combate (ou a caminho do combate).
o Argentina:
10 mil mortes.
Crise política e econômica.
Revolução interna.
o Uruguai:
5 mil mortes.
Crise política e econômica.
Revolução interna.
Ditaduras de Santos e de Latorre.
o Paraguai:
60% a 70% da população dizimada.
Indenizações para os aliados.
Crise política.
Dificuldades políticas e sociais para o Império do Brasil
o Formação de um esprit de corps no Exército e na Armada
Era republicanismo?
O que reivindicar?
• Recompensas de guerra.
• Reforma do Exército, a começar pelo recrutamento.
• Fortalecimento da corporação.
o Profissionalização do Exército
Formação da classe
o Politização do Exército
Formação do partido militar.
• Alternativa ao sistema partidário do Segundo Reinado?
Aproximação com republicanos e emancipacionistas.
Questão Militar da década de 1870.
• Instituto Militar (1871) e Clube Militar (1887) – war generation
• Escola Militar (post-war generation)
• Tarimbeiros e a mocidade militar.
• Na historiografia, Celso Castro vs. Wilma Peres da Costa e Ricardo Salles.
Benjamin Constant, Cunha Mattos, Senna Madureira, Deodoro da Fonseca, Floriano Peixoto eram veteranos da Guerra do Paraguai.
(Diplomacia - 2009) O Império Brasileiro, a partir de 1850, redefiniu suas relações internacionais e envolveu-se em situações de tensão e conflitos na região platina da América do Sul. A partir de algumas dessas redefinições forjaram-se conceitos e práticas da política exterior do Brasil que perduraram até o início da República. A respeito desse tema, assinale a opção correta.
(D)A historiografia recente comprova que a Guerra da Tríplice Aliança esmagou o modelo original e distributivo da riqueza engendrado pelo humanismo autocrático de Solano López no Paraguai.
(E) No fim do período imperial e início da República no Brasil, as tensões platinas, que envolveram o Império Brasileiro, e o sucesso econômico do modelo agroexportador da Argentina contribuíram para acirrar a rivalidade entre os dois países, ainda que mantidos os laços de amizade.
(Diplomacia 2014) O Segundo Reinado compreende quatro décadas, abrangendo desde o golpe da Maioridade (1840) à Proclamação da República (1889) e determinando quatro períodos, que podem ser apontados como a mais longa fase da história política do Brasil. Houve um primeiro período, de organização, do Segundo Reinado — de 1840 a 1850 —, que primou pela repressão aos levantes regionais do período regencial, preparação do imperador e montagem do aparato legislativo para garantir a ordem constitucional. O segundo período — de 1850 a 1864 — caracterizou-se por certa estabilidade, quando se implementaram as primeiras iniciativas materiais de porte. No terceiro período — de 1864 a 1870 —, sobressaiu a campanha da guerra contra o Paraguai, transformada em questão nacional. O último período — de 1870 a 1889 — foi marcado não só pelo desenvolvimento econômico, mas também pelo aprofundamento das contradições, ampliado com a propaganda republicana.Adriana Lopez e Carlos Guilherme Mota. História do Brasil: uma interpretação. SãoPaulo: Editora SENAC São Paulo, 2008, p. 462-8 (com adaptações).
Com a Guerra do Paraguai, o Exército conheceu profundas mudanças e tornou-se crescentemente um canal de ascensãosocial; todavia, terminado o conflito, demonstrou forte apatia pela política, optando por emprestar seu apoio discreto a uma monarquia em crise, em vez de se engajar na campanha republicana, cada vez mais popular.
(Diplomacia 2009) Entre 1862 e 1868, o Império do Brasil viu a instalação de seis Gabinetes, formados, sucessivamente, em razão de lutas internas. Discorra a respeito da evolução dessa conjuntura e de sua repercussão sobre a ação externa brasileira, em particular quanto às questões da região platina.
BIBLIOGRAFIA:
o DORATIOTO, Francisco. Maldita Guerra.
o Páginas 17-97.
o CERVO, Amado e BUENO, Clodoaldo. História da Política Externa do Brasil
o Páginas 109-125. (3a edição). Capítulo: “O Controle do Prata”.
o CARVALHO, José Murilo. A vida política. IN: História do Brasil Nação. Vol. 2.
o BETHELL, Leslie. O Brasil no mundo. IN: História do Brasil Nação. Vol. 2.