a gestÃo ambiental e seus beneficios

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 Cristiano Dias Pires A Gestão Ambiental e os seus Benefícios Econômico-Financeiros Monografia apresentada para obtenção do Certificado de Especialização pelo Curso de Pós Graduação MBA em Gerência Financeira e Controladoria do Departamento de Economia, Contabilidade, Administração e Secretariado – ECASE da Universidade de Taubaté. Área de Concentração: MBA em Gerência Financeira e Controladoria Orientador: Prof. Mestre Mario Celso de Felippe Co-Orientador: Prof. Dr. Edso n Aparecida de Araújo Querido Oliveira Taubaté – SP 2003

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Cristiano Dias Pires

A Gestão Ambiental e os seus Benefícios

Econômico-Financeiros

Monografia apresentada para obtenção do

Certificado de Especialização pelo Curso de Pós

Graduação MBA em Gerência Financeira e

Controladoria do Departamento de Economia,

Contabilidade, Administração e Secretariado –

ECASE da Universidade de Taubaté.

Área de Concentração: MBA em Gerência Financeirae Controladoria

Orientador: Prof. Mestre Mario Celso de Felippe

Co-Orientador: Prof. Dr. Edson Aparecida de Araújo

Querido Oliveira

Taubaté – SP

2003

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CRISTIANO DIAS PIRES

A GESTÃO AMBIENTAL E OS SEUS BENEFÍCIOSECONÔMICO-FINANCEIROS

UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ, TAUBATÉ, SP.

Data: __________________________________________

Resultado: ______________________________________

COMISSÃO JULGADORA

Prof. Mestre Mario Celso de Felippe - UNITAU

Assinatura: ____________________________________________________________

Prof. Dr. Edson Aparecida de Araújo Querido Oliveira - UNITAU

Assinatura: ____________________________________________________________

Prof. Mestre Norio Ishisaki-UNIP

Assinatura: ____________________________________________________________

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Dedico este trabalho à minha esposa efilho, pela compreensão dos inúmerosmomentos que não foi possível dedicar-lhes atenção.

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Agradecimentos

Primeiramente a Deus, por dar-me a vida, saúde e coragem para ingressar na difícil

busca por conhecimentos.

Ao Prof. Mestre Mario Celso de Felippe, que aceitou o desafio de orientar e conduzir-

me com seus conhecimentos e paciência na formação de mais uma etapa da minha

existência. Meu eterno agradecimento.

Ao Prof. Dr. Edson Aparecida de Araújo Querido Oliveira que me deu a oportunidadede ingressar neste MBA, e me co-orientou na realização desta Monografia. Meu

reconhecimento eterno.

Um agradecimento especial à minha família que, mesmo não atuante, sempre me deu

forças para continuar no caminho dos estudos e desta forma concluir mais uma etapa da

minha formação.

Este trabalho representa os esforços de pessoas que, direta ou indiretamente, muito

contribuíram para a sua realização. A todos sou imensamente grato.

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PIRES, Cristiano Dias. A Gestão Ambiental e os seus Benefícios Econômico-

Financeiros. 2003. 65 p. Monografia (Especialização, MBA - Gerência Financeira e

Controladoria) - Departamento de Economia, Contabilidade, Administração e

Secretariado - ECASE, Universidade de Taubaté, Taubaté.

Resumo

A globalização da economia, a legislação ambiental e a conscientização da sociedade

estão, atualmente, forçando as empresas a adotarem uma postura responsável perante o

meio ambiente, ou seja, produzir sem degradar à natureza. Para isto, elas estão

investindo na Gestão Ambiental de acordo com as normas da série ISO 14000. Com a

Gestão Ambiental muitas empresas perceberam que esse investimento vai além das

pressões externas e sim poderá trazer vários benefícios, pois o retorno na área ambientalpode ser maior do que outros investimentos. Através de três exemplos de empresas que

investiram em projetos de proteção ambiental foi possível verificar que a sua TIR (Taxa

Interna de Retorno) é superior a taxa Selic e a remuneração da poupança. Este é o

objetivo desta pesquisa que pretende discutir a respeito da Gestão Ambiental e os seus

benefícios econômico-financeiros para as empresas que nela investem. O trabalho foi

desenvolvido através de uma pesquisa exploratória em revistas especializadas,

periódicos, livros, internet e outras publicações relacionadas ao tema.

Palavra chave: Gestão Ambiental, Benefícios Econômico-financeiros, Taxa Interna de

Retorno.

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PIRES, Cristiano Dias. The Environment Management and its Benefits Economic-

Financial. 2003. 65 p. Monographic (Specialization, MBA – Financiered Management

and Controller) - Department of Economic, Accountability, Administration and

Secretariat - ECASE, Universities in Taubaté, Taubaté.

Abstract

The globalization of the economy, the legislation and the society awareness are actually

madding the companies to be more responsible for the environment so as to produce

without degrades the nature. They are investing in environment management to agree

with ISO 14000 rules. Many organizations realized that this investment would go throw

external pressures and could bring out many benefits and also the return in this area

could be bigger than other one. With three examples of companies that have invested in

protecting environment projects was possible to verify that their TIR is higher than Selic

tax and savings bank. This research has for objective to discuss about the environment

management and its benefits economic-financial to the companies that has invested on

it. The work was developed throw an explorer research on especial magazines,

periodicals, books, Internet and others publications related to the theme.

Keywords: Environment Management, Economic-Financial Benefits, Return Over

Investment.

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Sumário

Resumo.............................................................................................................................5 

Abstract............................................................................................................................6 

Sumário............................................................................................................................7 

Lista de Tabelas...............................................................................................................8 

Lista de Figuras...............................................................................................................9 

Lista de Quadros ...........................................................................................................10 

1 - INTRODUÇÃO........................................................................................................11 

2 - EVOLUÇÃO DA QUESTÃO AMBIENTAL .......................................................17 2.1 - HISTÓRICO DAS RELAÇÕES ENTRE ECONOMIA E MEIO AMBIENTE .192.2 - A POLÍTICA E A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA .....................202.3 – A QUESTÃO AMBIENTAL: UM ENFOQUE ECONÔMICO.........................26 

3 – GESTÃO AMBIENTAL ........................................................................................28 

3.1 - DEFINIÇÕES DA GESTÃO AMBIENTAL......................................................323.2 - OBJETIVOS E FINALIDADES DA GESTÃO AMBIENTAL..........................333.3 - TAREFAS E ATRIBUIÇÕES DA GESTÃO AMBIENTAL.............................353.4 – CERTIFICAÇÃO ISO 14000.............................................................................36

3.5 – SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) – ISO 14001 .........................403.5.1 - O ATUAL ESTÁGIO DE CERTIFICAÇÃO SGA ISO-14001..................43

4 - BENEFÍCIOS OBTIDOS COM A SGA ISO-14001 ...........................................45 

4.1 – BENEFÍCIOS ECONÔMICOS E FINANCEIROS ...........................................474.1.2 - AS INTITUIÇÕES FINANCEIRAS FRENTE A GESTÃO AMBIENTAL.................................................................................................................................49 

4.1.3 - OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS NA GESTÃO AMBIENTAL........52 

4.1.3.1 - RECICLAGEM ....................................................................................524.1.3.2 - ÀGUA...................................................................................................534.1.3.3 – NOVAS TECNOLOGIAS...................................................................54

4.1.3.4 - VANTAGENS COMPETITIVAS........................................................554.1.3.5 - NOVOS MERCADOS .........................................................................56

4.2 - O EXEMPLO DA VOLKSWAGEN...................................................................574.3 - O EXEMPLO DA BAHIA SUL..........................................................................604.4 - O EXEMPLO DA CIA. IGUAÇU DE CAFÉ SOLUVEL ..................................614.5 – ANÁLISE DE DADOS ......................................................................................62

5 – CONCLUSÃO .........................................................................................................64 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................66 

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Lista de Tabelas

Tabela 1: Relação TIR x Selic ........................................................................................63

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Lista de Figuras

Figura 1: : Mudanças na Empresa através da conscientização Ambiental......................29Figura 2: Ciclo PDCA para o Sistema de Gestão Ambiental ISO-14001.......................41

Figura 3: Quantidade de certificações ISO-14001 na América Latina ...........................44

Figura 4: Impacto Ambiental ..........................................................................................48

Figura 5: Benefício da Prevenção ...................................................................................48

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Lista de Quadros

Quadro 1: Esquema simplificado da representação organizacional do Sistema Nacional

do Meio Ambiente (SISNAMA).............................................................................22Quadro 2: Benefícios da Gestão Ambiental....................................................................30

Quadro 3: : Lista de normas da série ISO-14000............................................................39

Quadro 4: Os 17 elementos da ISO-14001 .....................................................................42

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1 - INTRODUÇÃO

Sabe-se que a gestão ambiental vem ganhando importância no meio empresarial.

O desenvolvimento da consciência ecológica em diferentes camadas e setores dasociedade mundial acaba por envolver também o setor empresarial. Ainda assim, não se

pode afirmar que todos os setores já estão conscientizados da importância da gestão dos

recursos naturais. Entretanto, segundo alguns autores, existem indicativos de que tem

crescido o nível de preocupação com as questões ambientais no setor empresarial

brasileiro, mas a incorporação da variável ambiental por parte de alguns empresários

ainda se limita às exigências da legislação relativa ao meio ambiente e da fiscalização

do poder público.A introdução da variável ambiental na gestão das empresas tem estado sujeita

ainda a muitos fatores de ordem política e conjuntural. Segundo alguns autores as

contradições geradas pelos inúmeros desníveis da sociedade brasileira, bem como a

imposta inserção no processo de globalização, faz da variável ambiental um fator

determinante em alguns setores, mas não em outros (FARIA, 2000).

Isto significa que alguns setores empresariais têm motivos mais determinantes

para realizarem investimentos em gestão ambiental. Pode-se afirmar que a maior parte

das empresas instaladas no Brasil, e ligadas ao mercado internacional, têm como

demanda competitiva ou até mesmo de sobrevivência a adoção de algum tipo de gestão

ambiental. E por terem razões mercadológicas mais fortes para investirem nessa área

acabam sendo pioneiras.

Uma vez que existem fatores conjunturais, macroeconômicos e políticos que

determinam a adoção de Sistemas de Gestão Ambiental, seja de que espécie for, pelo

segmento empresarial, a mudança destes fatores interfere no número de empresas que

investem em gestão ambiental. Mas, ainda que alguns setores não estejam atentos às

demandas do mercado, a tendência de maiores investimentos por parte do setor

empresarial em gestão ambiental é dada pela própria conscientização crescente por parte

de consumidores, governos, empresas, organizações não governamentais, ou seja, por

parte de toda sociedade a respeito dessa questão.

Muitas vezes os investimentos em gestão ambiental são direcionados por fatores

competitivos, mas existem fatores diversos que determinam a realização de

investimento em gestão ambiental por parte das empresas, dependendo de sua realidade.

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O setor empresarial brasileiro despertou para importância e necessidade de

produzir adequando-se à preservação ambiental, quando:

•  Houve a criação de normas internacionais para a mensuração da qualidadeambiental, aliada à grande concorrência internacional exigindo a adequação

ambiental das empresas multinacionais e de empresas exportadoras;

•  Ocorreu uma modificação na legislação ambiental, que se tornou mais

restritiva, ao mesmo tempo em que se intensificou a fiscalização;

•  Tornou-se visível o grande mercado vinculado à proteção ambiental

incluindo oportunidades de negócios como: produtos e equipamentos

antipoluentes, equipamentos ligados a energias renováveis, equipamentos desaneamento básico, produtos rurais ligados à agricultura orgânica, setores

que exportam para o primeiro mundo, reciclagem de materiais industriais e

resíduos sólidos, entre outros (FARIA, 2000).

Os investimentos em gestão ambiental são crescentes e os Sistemas de Gestão

Ambiental são cada vez mais adotados por empresas nacionais e multinacionais. O

número de organizações que já implantaram o sistema de Gestão Ambiental no Brasil

vem aumentando principalmente com as certificadas pela Norma ISO14000. Existe,

então, na realidade um macro investimento em gestão ambiental. Estes investimentos

crescentes podem ser explicados por vários fatores, entre os quais pode-se citar: maior

conscientização da sociedade exigindo uma postura responsável do setor produtivo;

legislação mais restritiva; competitividade e novas oportunidades com a abertura de

novos mercados.

Na verdade o desenvolvimento da questão ambiental e da conscientização das

pessoas a respeito da escassez de recursos naturais leva a uma maior preocupação comas questões ambientais.

Assim, empresários e até mesmo investidores que antes viam a gestão ambiental

como mais um fator de aumento de custos do processo produtivo, se deparam com

vantagens competitivas e oportunidades econômicas de uma gestão responsável dos

recursos naturais.

Modelos econômicos, métodos e princípios em outras áreas têm sido

desenvolvidos para que se possa realizar uma análise econômica do meio ambiente,

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porém são ainda pouco empregados, mesmo quando se tem uma urgência em utilizá-los,

quando existe a consciência de que o desenvolvimento econômico deve ser sustentável.

A maior preocupação ambiental visualizada atualmente é conseqüência de

problemas concreì¥Á 9 ø ¿ äá

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w Hw Hw X x re crescente.

A situação atual do nível de conservação dos recursos naturais e as previsões

para o futuro próximo não são positivas. Organizações como a ONU já apontaram,

diversas vezes, números a este respeito. Pode-se citar, por exemplo, dados relacionados

às reservas de água do Planeta: “Dentro de 25 anos, aproximadamente, um terço da

população mundial enfrentará graves desabastecimentos de água informou a

Organização das Nações Unidas” (RIBEIRO, 2000).

Mudanças são necessárias para que estas previsões não se efetuem. Ainda que as

mudanças envolvam toda a sociedade, o setor produtivo tem em suas mãos grandes

responsabilidades que com a maior conscientização dos consumidores, serão cada vez

mais exigidas deste setor, seja através de leis ou de mecanismos do próprio mercado.Torna-se claro que a mudança de consciência é necessária para que as

sociedades atuais atinjam um desenvolvimento sustentável, e a grande responsabilidade

a respeito deste desenvolvimento se encontra nas mãos do setor produtivo.

Para as empresas que estão iniciando, por motivos diversos, a inclusão da

variável ambiental em suas atividades, através da Gestão Ambiental, persistem algumas

dúvidas.

Este trabalho tem por objetivo discutir a respeito da Gestão Ambiental nasempresas industriais e os seus benefícios econômico-financeiros. Pretende, também,

responder a algumas indagações referentes à gestão ambiental, entre as quais pode-se

citar: A gestão ambiental traz resultados econômicos positivos aos empresários que nela

investem? Como os resultados dos investimentos em gestão ambiental podem ser 

percebidos?

O trabalho partiu de uma pesquisa exploratória, buscando embasamento teórico

na literatura especializada com o intuito de responder a seguinte questão: como as

empresas estão investindo em gestão ambiental e quais os seus benefícios?

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O primeiro capítulo aborda a introdução do trabalho, bem como a importância

tema, o objetivo da pesquisa e a metodologia aplicada.

No segundo capítulo se trata a respeito da questão ambiental, a política e

legislação ambiental brasileira, como também se dá um enfoque econômico a questão.

O terceiro capítulo se refere à discussão a respeito da Gestão Ambiental, e se

aborda os seus conceitos, objetivos, atribuições e definições. Também estão sendo

tratadas as normas ISO 14000 e o Sistema de Gestão Ambiental, bem como o número

atual de empresas certificadas pela ISO 14001.

No quarto capítulo o trabalho mostra os benefícios alcançados com os

investimentos em gerenciamento ambiental, dentre os quais se destacam os benefícios

econômico-financeiros. Neste capitulo também se analisa os dados obtidos através de

exemplos de três empresas que obtiveram retornos através desses investimentos.

E, finalmente, o quinto capítulo apresenta a conclusão do trabalho.

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2 - EVOLUÇÃO DA QUESTÃO AMBIENTAL

A partir da revolução industrial, ampliaram-se as possibilidades para as

demandas humanas por bens e serviços, ao mesmo tempo em que o seu atendimento foi

acelerado. Houve, então, uma maior disputa por recursos ambientais, quer pela sua

aplicação na transformação em bem de consumo, quer pela sua utilização como corpo

receptor dos resíduos de industrialização. Isso, associado ao crescimento populacional,

fez com que se acentuasse a percepção da escassez e, conseqüentemente, a geração de

conflitos. Tal situação adquiriu relevância mundial principalmente na segunda metade

do século 20.

Até a década de 1950, a preocupação com os impactos ambientais causados

pelas diferentes atividades humanas era manifestada em textos isolados de alguns

cientistas. A partir da década de 1960 a questão ambiental começa a ser discutida de

forma mais ampla por outros segmentos da sociedade através do surgimento de

movimentos ambientalistas, divulgação de casos de poluição contínua e de acidentes

ambientais, preocupação na busca da qualidade ambiental formalizada em políticas de

países industrialmente avançados, entre outras.

Em 1968, a Conferência sobre Biosfera, realizada em Paris, marcou o início da

conscientização ambiental no mundo, assim como a primeira Conferência das Nações

Unidas sobre Meio Ambiente, realizada em Estocolmo em junho de 1972, colocou a

questão ambiental nas agendas oficiais de seus países participantes.

Na Conferência de Estocolmo popularizou-se, então, a frase da primeira ministra

da Índia, Indira Gandhi: “A pobreza é a maior das poluições” (BARBOSA, 2002). Foi

nesse contexto que os países do hemisfério sul defenderam que a solução dos problemas

relativos à poluição não era a de brecar o desenvolvimento para preservar o meio

ambiente, bem como os recursos não-renováveis.As recomendações da Conferência sobre Biosfera foram tomadas por base para a

Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada no Rio de Janeiro, em

 junho de 1992. Os documentos resultantes da Rio 92 foram a Carta da Terra (rebatizada

de Declaração do Rio) e a Agenda 21 (BARBOSA, 2002).

A Declaração do Rio visa promover acordos internacionais que respeitem os

interesses de todos, protejam a integridade do meio ambiente, principalmente, promova

o desenvolvimento sustentável. A Agenda 21 procura discutir soluções para osproblemas atuais a fim de preparar o mundo para o próximo século tendo por objetivos

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frear o processo de degradação ambiental através da implementação de programas,

ações, bem como transformar em realidade os princípios da Declaração do Rio. Mas,

para a implantação das premissas da Agenda 21, é necessário o comprometimento e a

responsabilidade das empresas, principalmente as transnacionais, como também, dos

governantes dos países periféricos ou dominantes, desta forma, é necessário que todos

participem.

Uma das prioridades de qualquer organização, na atualidade, é a preservação do

meio ambiente. Este compromisso está descrito na Carta Empresarial para o

Desenvolvimento Sustentável aprovada no âmbito da Câmara de Comércio.

A referida carta considera que as grandes organizações devem ser a força

propulsora do desenvolvimento sustentável, assim como fonte da capacidade de gestão

dos recursos técnicos, financeiros, objetivo comum entre desenvolvimento e

preservação ambiental, tanto para o momento presente como para as gerações futuras.

Em 2002 foi realizada uma nova reunião, a da Cúpula Mundial sobre

Desenvolvimento Sustentável (Rio + 10), sendo realizada em Johannesburgo, na África

do Sul, entre 26 de agosto a 4 de setembro.

Esta reunião, durante sessão especial da Assembléia Geral das Nações Unidas,

percebeu existirem diversas lacunas nos resultados da Agenda 21 como também anecessidade de ratificar e implementar, de forma mais eficiente, as convenções, acordos

internacionais referentes ao meio ambiente e o desenvolvimento, sobretudo em relação

aos temas eqüidade social e a redução da pobreza. Teve por objetivo renovar

compromissos políticos, revelar áreas da Agenda 21 que necessitavam de revisão e

identificar novos problemas surgidos nos últimos 10 anos e, portanto, não previstos na

Rio 92.

Como resultados do processo negociador entre 193 países, obteve-se:

•  Uma declaração política expressando novos compromissos e os rumos para a

implementação do desenvolvimento sustentável;

•  Um programa de ação, denominado Plano de Implementação, negociado

para orientar a concretização dos compromissos assumidos pelos governos.

O Plano de Implementação consiste num documento de 65 páginas, com o

seguinte conteúdo temático:

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I – Introdução;

II – Erradicação da Pobreza;

III – Mudança de Padrões Insustentáveis de Produção e Consumo;

IV – Proteção e Gestão de Recursos Naturais com Base no Desenvolvimento

Econômico e Social;

V – Desenvolvimento Sustentável no Mundo Globalizado;

VI – Saúde e Desenvolvimento Sustentável;

VII – Desenvolvimento Sustentável e Economias Menores;

VIII – Desenvolvimento Sustentável para a África;

VII – Outras Iniciativas Regionais;

IX – Meios de Implementação; e

X – Governança.

Este conjunto de temas deu origem a um conjunto de 152 parágrafos de

recomendações, sendo que nesta reunião foram elaborados planos e metas para que os

países e suas empresas busquem um desenvolvimento econômico sem que haja uma

destruição dos recursos naturais e assim o desenvolvimento sustentável se torne uma

realidade. Alguns países já se adiantaram incentivando mudanças em seus produtos,

serviços e processos produtivos, adequando-os às necessidades do meio ambiente. Desta

forma, fica evidenciada a preocupação dos governantes, agentes econômicos, e da

sociedade como um todo, em preservar o planeta em que vivem e dele tiram os recursos

necessários para a sobrevivência.

2.1 - HISTÓRICO DAS RELAÇÕES ENTRE ECONOMIA E MEIO AMBIENTE

As constantes e múltiplas necessidades da humanidade são ilimitadas. Os bensda natureza são, por sua vez, limitados. A satisfação dessas necessidades e a disputa

pelos bens da natureza definem a essência da questão ambiental que se intensifica

gradativamente em relação à economia.

A relativa abundância dos bens naturais, incluídos os mais básicos, como a água,

o ar e o solo adiou por bastante tempo a noção de sua limitação. Quando os recursos são

limitados, o problema da conciliação do interesse individual com o interesse coletivo

fica salientado. O mesmo acontece no plano internacional, em relação a interesses

nacionais e interesses de todos os Estados. Desde a revolução industrial até os anos 90

estes interesses foram marcados por revisões, avaliações do desempenho ambiental das

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20

organizações e a introdução dos conceitos de auditoria ambiental, sistema de gestão

ambiental e certificação.

Segundo BORGER (apud FARIA, 2000):

A teoria da economia do desenvolvimento e o meio ambiente foramelaboradas nos últimos 20 anos por vários economistas, como Baumole Oates (The Theory of Environmental Policy, 1985), Pearce( Environmental Economics, 1976). Eles atualizaram as contribuiçõeshistóricas realizadas desde o início do século, como o conceito deeconomias externas, por Marshall; o conceito de poluição comoexternalidade desenvolvido por Arthur Pigou, na década de 20; osestudos analíticos sobre a depreciação das reservas de carvão e metalcomo recursos exauríveis, e também a análise acerca dos limites docrescimento e a consciência de que o crescimento econômico não traz

somente bem-estar, já que a industrialização afeta a qualidade de vidadas pessoas, preocupação levantada por John Stuart Mill em 1900.

Entre as causas da degradação ambiental estão as distorções econômicas

decorrentes da não incorporação dos valores ambientais nas decisões econômicas. A

avaliação econômica do meio ambiente surgiu com o propósito de incorporar os custos

e benefícios proporcionados por ele, para que o preço de mercado reflita a escassez real

de um bem e, também, para compreender os custos e benefícios dos projetos, obter uma

melhor alocação dos recursos disponíveis e demonstrar que o meio ambiente é

importante para a economia e o bem-estar das pessoas (BORGER, apud FARIA, 2000).

Neste contexto econômico, a gestão ambiental foi se impondo gradativamente,

procurando conciliar a demanda de recursos ambientais e a sua conservação. No Brasil,

sua evolução é função não só dos momentos políticos nacionais, como também das

manifestações internacionais (governamentais, técnicas e empresariais) com relação ao

meio ambiente.

2.2 - A POLÍTICA E A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA

A Política Nacional e a legislação do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de

formulação e aplicação estão dispostos em lei específica, (lei federal no 6.938/81 e

regulamento no decreto no 88.351/83 com alteração no decreto 99274/90). Ela tem por

objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida,

visando a assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos

interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos

os seguintes princípios:

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•  Ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o

meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente

assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;

•  Racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;

•  Planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;

•  Proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;

•  Controle e zoneamento das atividades, potencial ou efetivamente poluidoras;

•  Incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso

racional e a proteção dos recursos ambientais;

•  Acompanhamento do estado da qualidade ambiental;

•  Recuperação de áreas degradadas;

•  Proteção de áreas ameaçadas de degradação; e

•  Educação ambiental em todos os níveis do ensino, inclusive a educação da

comunidade, objetivando capacitá-la para a participação ativa na defesa do

meio ambiente.

Como mecanismo de formulação da Política Nacional de Meio Ambiente, a lei

6.938/81 constituiu o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), instânciadecisória colegiada, presidida pelo Ministro de Estado do Meio Ambiente, dos Recursos

Hídricos e da Amazônia Legal (MMA) e integrada por representantes dos demais

Ministérios Setoriais, Governos Estaduais, Distrito Federal, Confederações Nacionais

de Trabalhadores na Indústria, no Comércio e na Agricultura, dentre outros.

Para aplicação da política, instituiu o Sistema Nacional do Meio Ambiente

(SISNAMA), composto pelos órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito

Federal, dos Municípios e pelas fundações, instituídas pelo Poder Público, responsávelpela proteção e melhoria da qualidade ambiental, tendo como seu Órgão Superior o

Conselho Nacional do Meio Ambiente. A partir de alterações introduzidas pela lei

8028/90, foi estabelecida a estrutura de funcionamento do Sistema Nacional de Meio

Ambiente de acordo com as seguintes definições:

•  Órgão Superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o

Presidente da República, na formulação da política nacional;

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•  Órgão Consultivo e Deliberativo: o Conselho Nacional de Meio Ambiente,

com a finalidade de assessorar, estudar e propor, ao conselho de governo,

diretrizes para a política e deliberar sobre normas e padrões;

•  Órgão Central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República

(SEMAM); com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e

controlar a política e as diretrizes governamentais fixadas para o Instituto

Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA), com a finalidade de executar e fazer

executar, as políticas ambientais;

•  Órgãos Setoriais: órgãos da administração federal direta e indireta com

atividades associadas a proteção ambiental ou ao disciplinamento do uso de

recursos naturais;

•  Órgãos Seccionais: órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela

execução de programas, projetos e controle do meio ambiente; e

•  Órgãos Locais: órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle

e fiscalização destas atividades em suas jurisdição.

Pode-se ilustrar melhor a estrutura do SISNAMA com seus órgãos deliberativos

(Conselhos) e Executivos (Fundações ou empresas públicas) nos níveis Federal eEstadual pelo Quadro 1, utilizando como exemplo o Estado de Minas Gerais.

Quadro 1: Esquema simplificado da representação organizacional do Sistema Nacionaldo Meio Ambiente (SISNAMA) 

ÓRGÃOS NÍVEL FEDERAL NÍVEL ESTADUAL-GERENCIADORES

OU

COORDENADORES

Ministério do Meio Ambiente Secretaria Estadual deMeio Ambiente

-CONSULTIVOS EDELIBERATIVOS

CONAMA (Conselho Nacional de MeioAmbiente)

COPAM (ConselhoEstadual de PolíticaAmbiental)

-EXECUTIVOS IBAMA (Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos Naturais Renováveis)

FEAM (Fundação Estadualdo Meio Ambiente)

Fonte: SANTOS, 2001

Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a regionalização das

medidas emanadas do SISNAMA, elaborando normas e padrões supletivos e

complementares, compreendendo fixação de parâmetros de emissão, ejeção e emanação

de agentes poluidores, observada a legislação federal.

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São considerados como instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente: o

estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; o zoneamento ambiental; a

avaliação de impactos ambientais; o licenciamento e as revisões de atividades efetivas

ou potencialmente poluidoras; os incentivos à produção e instalações de equipamentos e

a criação ou absorção de tecnologia; a implantação de reservas, parques ecológicos e

áreas de proteção ambiental pelo Poder Público Federal, Estadual e Municipal; o

sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; o cadastro técnico federal de

atividades e instrumentos de defesa ambiental; e as penalidades disciplinares ou

compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção

da degradação ambiental.

Em 1988, com a promulgação da Constituição Federal, introduziu-se, pela

primeira vez na história do País, um capítulo específico sobre meio ambiente,

considerando-o como um bem comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,

impondo ao Poder Público e à coletividade o dever de preservá-lo para as gerações

presentes e futuras.

A Constituição Federal de 1988 também cita em seu artigo 225 que incumbe ao

Poder Público exigir, na forma da lei, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dar

publicidade, para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora designificativa degradação do meio ambiente.

Os Estados têm competência para legislar sobre a matéria desde que limitada às

normas gerais estabelecidas no plano federal, quando estas existirem. Desta forma, cada

Estado tem sua legislação ambiental, compatível com a federal, a partir de sua própria

Constituição estadual.

A avaliação de impacto ambiental constitui um dos instrumentos da Política

Nacional do Meio Ambiente, que instituiu no quadro da legislação ambiental brasileiraa obrigatoriedade de realização de estudos prévios objetivando compatibilizar o

desenvolvimento de atividades econômicas ou sociais com a proteção do meio

ambiente.

Assim, a construção, instalação, ampliação e funcionamento de atividades que

utilizam recursos ambientais, bem como aquelas potencialmente poluidoras ou capazes

de causar qualquer degradação ambiental passam a depender do licenciamento do órgão

público competente, concedido mediante apresentação e aprovação de EIA (Estudos de

Impacto Ambiental) e respectivo RIMA (Relatório de Impacto Ambiental). Esta matéria

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foi regulamentada somente em 1986 através da Resolução 01 do Conselho Nacional do

Meio Ambiente.

Em decorrência da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e

Desenvolvimento (Rio 1992) foi criada, por decreto presidencial, a Comissão de

Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 (CPDS), tendo como

principais objetivos promover a compatibilização entre os principais capítulos e

programas da Agenda 21 e assessorar o Presidente da República na tomada de decisões

sobre as estratégias e políticas nacionais necessárias ao desenvolvimento sustentável, de

acordo com a Agenda, e coordenar o processo de elaboração e implementação da

Agenda 21 Brasileira.

Para o Ministério das Relações Exteriores, no Brasil, a questão ambiental está

mudando de patamar, ultrapassando a sua fase heróica e resistente, quando o meio

ambiente e o desenvolvimento econômico eram tidos como adversários. Nesse sentido,

a internalização dos atuais conceitos de desenvolvimento sustentado iniciou um novo

ciclo, baseado na formulação e na implantação de políticas ambientais, assim como na

busca da negociação e do entendimento entre a preservação ambiental e os processos de

produção.

Entretanto, cabe lembrar que, a par de um quadro legal e institucionalrelativamente moderno, há um aspecto que merece atenção no meio social e

empresarial. Trata-se da tendência do governo tornar obrigatória por meio de diplomas

legais, as normas técnicas ou instrumentos de gestão ambiental que atualmente são

voluntários, como no caso de auditorias, rotulagens, certificações, entre outros.

A própria origem e a finalidade das normas técnicas, quais sejam, as regras de

mercado e a necessidade de atendimento a exigências do consumidor, vão contra

mecanismos impostos que geram procedimentos burocráticos, aumentam prazos ecustos e inviabilizam as pequenas e médias empresas exportadoras.

O licenciamento ambiental definido pela Lei 6.938 de 1981 constitui-se

importante requisito legal para o setor industrial. Segundo esta lei aquelas atividades

cujo potencial poluidor não é considerado desprezível (segundo critérios estabelecidos

pelos órgãos estaduais responsáveis) são objeto de Licença Ambiental, fornecida pelos

órgãos estaduais do meio ambiente ou pelo IBAMA. A resolução do CONAMA nº 237,

de 19 de dezembro de 1.997 estabelece em seu art. 2 º parágrafo 1º os empreendimentos

e atividades sujeitas ao licenciamento ambiental.

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As Licenças são de três tipos:

•  Licença Prévia: autorização para desenvolver o projeto do empreendimento

de acordo com as exigências ambientais;•  Licença de Instalação: requerida após a aprovação do projeto, serve para

construção do empreendimento segundo este mesmo projeto; e

•  Licença de Operação: autorização para iniciar as atividades.

Através da lei 6.938 de 1981 já mencionada, o poder público dispõe de

instrumentos para assegurar o direito ao meio ambiente equilibrado, além do

licenciamento ambiental tais como: avaliação do impacto ambiental, e a revisão de

atividades efetivas ou potencialmente poluidoras, o zoneamento ambiental e a

fiscalização. Esta lei dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e

mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. O decreto que a

regulamenta é o de n º 99.274 de 1.990.

A nova Lei de crimes ambientais (no 9605), sancionada em 12 de fevereiro de

1998, pelo presidente da República, responsabiliza pelos crimes contra o meio ambiente

a pessoa jurídica e a pessoa física responsável. Propõe penalidades mais severas;

variando de penas restritivas de direitos para a pessoa jurídica, tais como:

•  Suspensão parcial ou total de atividades;

•  Interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade; e

•  Proibição de contratar com o poder público, bem como dele obter subsídios,

subvenções ou doações; à multas e detenção, para a pessoa física

responsável.

O risco que correm as empresas se resistirem em dar atenção devida à questão da

Gestão Ambiental é alto e pode prejudicar a sua imagem, conseqüentemente levando a

empresa a sofrer processos judiciais que poderão ser movidos pela sociedade. Neste

sentido fica claro salientar que fica dispendioso poluir.

A maneira como adequar os investimentos em gestão ambiental na empresa faz

parte de sua estratégia e que, para ser eficiente, deve estar atenta às mudanças de

mercado e da sociedade. As empresas que tomaram um maior cuidado em observar a

legislação e, além disso, estiveram atentas às mudanças, obtiveram melhores resultados.

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2.3 – A QUESTÃO AMBIENTAL: UM ENFOQUE ECONÔMICO

A preocupação e a adoção de políticas ambientais por parte das empresas é uma

necessidade cada vez mais presente. Desta forma, caso a direção empresarial seja

omissa neste quesito, a continuidade da entidade sofrerá sério risco.

Na avaliação de Ribeiro (1999) as atividades de controle, preservação e

recuperação ambiental são relevantes por uma razão elementar, têm influência

fundamental na continuidade da empresa, em decorrência do significativo efeito que

têm sobre o resultado e situação econômico-financeira e seus impactos podem culminar

na sua exclusão do mercado em função:

•  da perda de clientes, para os concorrentes que ofereçam produtos e processosambientalmente saudáveis;

•  da perda de investidores potenciais, que estejam preocupados com a questão

ambiental global e com a garantia de retorno de seus investimentos;

•  da perda de crédito do mercado financeiro, hoje pressionado pelas

obrigações ambientais; e

•  de penalidades governamentais de natureza decisiva, como imposição de

encerramentos das atividades ou multas de valores substanciais e de grandeimpacto no fluxo de caixa das companhias.

Verifica-se, assim, a preocupação que as empresas deverão destinar ao meio

ambiente, pois, caso contrário, a geração de lucros e posterior distribuição de

dividendos aos acionistas ou sócios poderá ser interrompida caso ocorra um

acidente/desastre em que a empresa seja responsabilizada, conforme adverte JÖHR

(apud BARBOSA, 2002):

As seqüelas do desastre ecológico funcionam como um fatormultiplicador: o faturamento cai imediatamente após as ressonânciaspúblicas do desastre; os custos ambientais crescem para se consertar odesastre; o balanço da empresa despenca devido a esse desequilíbrio e,no final, ela deixa de pagar aos acionistas os dividendos esperados.

Todavia a empresa que sair na frente e adotar mecanismo que preserve o meio

ambiente poderá ter ganhos consideráveis, além de agregar valor a sua marca perante a

sociedade e, principalmente, favorecer na expansão da empresa no comércio exterior,

uma vez que a entrada nos mercados europeu e norte-americano é cercada de grandes

exigências ambientais, um certo tipo de protecionismo. Percebe-se que a adoção de

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políticas de proteção, recuperação e restauração do meio ambiente podem trazer

benefícios para as corporações.

Esta nova conduta, tanto na mudança do processo produtivo quanto,

simplesmente, na exploração sustentável dos recursos naturais, poderá ser uma fonte

geradora de lucro, como se verifica nas palavras de Khalili (apud SANTOS, 2001),

Coordenadora do Projeto CTA (ONG Consultant, Trader and Adviser ), que prevê a

negociação em bolsa de valores de produtos originários da Mata Atlântica e as

commodities ambientais “A idéia é desenvolver um mecanismo para dar valor aos bens

da floresta e transformar produtos da Mata Atlântica como a bromélia, o urucum ou o

palmito em ativos”.

Desta forma, a proteção ambiental deixou de ser obrigação e passou a ser um

negócio rentável, passando a despertar a atenção de vários empresários brasileiros, bem

como investidores estrangeiros convencidos de que a preservação ambiental é uma

aplicação com retorno garantido.

Pode-se perceber, também, que o mercado consumidor está disposto a pagar

mais por produtos detentores do Selo Verde, isto é, se a qualidade dos produtos

comercializados forem idênticas o fator decisório, sem dúvida, penderá para o

ecologicamente responsável.Seja pela pressão da sociedade ou por imposição legal, legislação e acordos

internacionais, as empresas têm adotado processos ecológicos. A prova está no

crescimento das certificadas pela ISO-14001 (norma que certifica a empresa por estar

produzindo sem agredir o meio ambiente), que aumentou de aproximadamente 48 em

1998, para mais de 300 em 2000.

Como visto, a expansão para as empresas que investirem em gerenciamento

ambiental, para a preservação e restauração do meio ambiente, encontrará grandeterreno e acolhida por parte da sociedade e, com certeza, os negócios a médio e longo

prazo poderão ter crescimentos significativos. Sendo assim, o cuidado com os recursos

naturais se torna extremamente necessário e, as organizações têm de buscar um meio

para esse propósito. Desta forma, para se atingir tais propósitos, as empresas começam a

perceber que, com a Gestão Ambiental, estes podem ser alcançados.

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3 – GESTÃO AMBIENTAL

Nas ultimas décadas houve um aumento da população e, conseqüentemente, do

consumo. Este fato trouxe uma maior preocupação das indústrias em aumentar a

produção e investir em tecnologia.

Devido ao aumento da produção as empresas utilizavam recursos naturais sem

controlar o meio ambiente, não investindo na sua proteção e recuperação, pois a única

preocupação era minimizar os custos de produção e maximizar a exploração dos

recursos naturais, já que estes se encontravam disponíveis gratuitamente na natureza.

Por esta razão as empresas causaram altos índices de degradação ao meio ambiente.

Realmente, a posição pró-ativa de industriais em relação a questão ambiental é

um fato recente. Mas, é recente também o impacto causado pela atividade industrial

humana no meio ambiente global. Baker (apud FARIA, 2000) afirma que: “A empresa

que até a um século era insignificante em relação à natureza, portanto irresponsável,

tornou-se força dominante”.

Autoridades e diversos segmentos da sociedade começaram a se preocupar com

os elevados índices de poluição causados pelos resíduos lançados ao meio ambiente

pelas indústrias, surgindo, assim, a publicação da norma BS 7750, que auxilia o

gerenciamento ambiental e serviu de base para as normas ISO 14000.

Não se ignoram as dificuldades de se incluir em qualquer organização conceitos

novos como os envolvidos na gestão ambiental, porém estas pressões também são

impostas pela sociedade e pelo mercado. Muitas são as interpretações para as mudanças

nas organizações com relação à inclusão da variável ambiental, entretanto a maior parte

afirma que existe uma influência determinante e crescente desta variável em todos os

tipos de organizações. A Figura 1 mostra a mudança ocorrida na empresa decorrente da

conscientização ambiental.Esta nova visão a respeito às questões ambientais ainda está apenas no começo e

algumas empresas são pioneiras nestas mudanças. Elas vêem o meio ambiente como

oportunidade e não como um problema. Isso faz com que benefícios sejam observados

onde só se via despesas, processos judiciais, entre outros problemas.

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ABORDAGEMCONSCIENTE

A-  Assegurar lucrocontrolando custos eeliminando ou reduzindoperdas, fugas eineficiências.

B-  Valorizar os resíduos emaximizar a reciclagem;destinar corretamente osresíduos nãorecuperáveis.

C-  Investir em melhoria doprocesso e qualidadetotal (incluindo a

Qualidade Ambiental).D-  Adiantar-se às Leisvigentes e antercipar-seàs Leis vindourasprojetamdo uma imagemavançada da empresa.

E-  “Meio Ambiente é umaOportunidade! 

ABORDAGEMCONVENCIONAL

A-  Assegurar lucrotransferindoineficiência para opreço do produto.

B-  Descartar osresíduos da maneiramais fácil eeconômica.

C-  Protelarinvestimentos emproteção ambiental.

D-  Cumprir a Lei noque seja essencial,

evitando manchar aimagem jáconquistada pelaempresa.

E-  “Meio ambiente éum Problema!” 

MEIO AMBIENTE

CONSCIÊNCIA+....................=AMBIENTAL 

LEGISLACÃO

INVESTIMENTO

RESÍDUOS

LUCRO

Figura 1: Mudanças na Empresa através da conscientização AmbientalFonte: FARIA, 2000

Donaire (1995) afirma que existem benefícios estratégicos e econômicos

advindos da implantação de Gestão ambiental. Ainda que exista dificuldade para se

estimá-los, especialmente quanto à questão financeira, estes podem ser detectados.

O Quadro  2 mostra o porquê das empresas estarem investindo em gestão

ambiental e quais são os benefícios obtidos por elas.

É notada a adoção da variável ambiental em outros temas relacionados à

administração de empresas como, por exemplo, o planejamento estratégico, o

gerenciamento da produção, o marketing e a administração financeira.

Há uma forte pressão para que as organizações mudem em direção a adotarem

cada vez mais a Gestão Ambiental. Isto é resultado do também crescente

reconhecimento das questões maiores. Pressões são a gama de forças imediatas, tais

como leis, multas e queixas dos consumidores, que forçarão as organizações

empresariais a avançar rumo à era ambiental ou a sair do mercado.

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Quadro 2: Benefícios da Gestão Ambiental

BENEFÍCIOS ECONÔMICOS

Economia de custos:-  Economias devido à redução do consumo de água, energia e outros insumos.-  Economias devidas à reciclagem, venda e aproveitamento de resíduos e

diminuição de efluentes.-  Redução de multas e penalidades por poluição.

Incremento de receitas:-  Aumento da contribuição marginal de ‘produtos verdes’ que podem ser

vendidos a preços mais altos.-  Aumento da participação no mercado devido a inovação dos produtos e menos

concorrência.-  Linhas de novos produtos para novos mercados.-  Aumento da demanda para produtos que contribuam para a diminuição da

poluição.

BENEFÍCIOS ESTRATÉGICOS

-  Melhoria da imagem institucional.-  Renovação do ‘portifólio’ de produtos.-  Aumento da produtividade.-  Alto comprometimento do pessoal.-  Melhoria nas relações de trabalho.-  Melhoria e criatividade para novos desafios.-  Melhoria das relações com órgãos governamentais, comunidade e grupos

ambientalistas.-  Acesso assegurado ao mercado externo.-  Melhor adequação aos padrões ambientais.

Fonte: DONAIRE, 1995

De acordo com Kinlaw (apud FERREIRA, 2001), as pressões sobre as empresaspara que respondam às questões ambientais incluem os seguintes aspectos:

•  Observância da Lei: a quantidade e o rigor cada vez maiores das leis e

regulamentos;

•  Multas e Custos Punitivos: as multas por não-cumprimento da lei e os

custos incorridos com as respostas a acidentes e desastres estão crescendo

em freqüência e número;

•  Culpabilidade Pessoal e Prisão: indivíduos estão sendo multados e

ameaçados de prisão por violar as leis ambientais, e mais dessas leis são

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aprovadas e regulamentadas (ex.: Lei dos Crimes Ambientais - no 9605 de

12/02/98);

•  Organizações Ativistas Ambientais: tem havido uma proliferação desses

grupos e suas agendas reformadoras, em níveis internacionais, nacional,

estadual e local;

•  Cidadania Despertada: os cidadãos estão ficando informados através da

mídia e de fontes mais substanciais e estão buscando uma série de canais

pelos quais possam expressar seus desejos ao mundo empresarial;

•  Sociedades, Coalizões e Associações: associações de classe, associações de

comércio e várias coalizões ad hoc estão fazendo pronunciamentos e dando

início a programas que possam influenciar um comportamento empresarial

voltado ao meio ambiente;

•  Códigos Internacionais de Desempenho Ambiental: os "Princípios

Valdez", publicados pela Coalization for Environmentally

 ResponsibleEconomies, e a "Carta do Meio Empresarial pelo

Desenvolvimento Sustentável", desenvolvida pela  International Chamber of 

Commerce, estão criando pressões globais para o desempenho ambiental

responsável;

•  Investidores Ambientalmente Conscientes: os acionistas estão atentando

mais ao desempenho e posição ambiental das empresas. O desempenho

ambiental das empresas e o potencial risco financeiro do desempenho fraco

(multas, custos de despoluição e custas de processos) ajudarão a determinar

o quão atraentes serão suas ações para os investidores;

•  Preferência do Consumidor: os consumidores estão em busca de

"empresas verdes" e "produtos verdes" e estão se tornando informados obastante para questionarem as campanhas maciças de propaganda ambiental;

•  Mercados Globais: a concorrência internacional existe hoje no contexto de

uma enorme gama de leis ambientais que não mais permitirão que empresas

de países desenvolvidos exportem sua poluição para os países em

desenvolvimento;

•  Política Global e Organizações Internacionais: uma variedade de

organizações e fóruns internacionais, tais como a United Nations World 

Commission on Environment and Development , o "  Earth Summit 92" e a

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Coalition for Environmentally Resposible Economies, exercem uma pressão

direta sobre as nações, o que afeta o mundo empresarial;

•  Concorrência: a pressão que se coloca na interseção de todas as outras

provém da concorrência e daquelas empresas que estão adotando o

desempenho sustentável, reduzindo seus resíduos e seus custos e

descobrindo novos nichos de mercado - os nichos verdes; e

•  Outras Pressões: pelo menos duas outras forças emergentes terão um forte

impacto sobre a forma de desempenho das empresas na era ambiental.

Primeiro, as pessoas vão preferir trabalhar em organizações com bom

histórico ambiental. Segundo, os mercados atuais não refletem os

verdadeiros custos da degradação ambiental associados à operação da

empresa. No futuro, a determinação do "preço de custo total" vai requerer

que as empresas reflitam nos preços dos produtos e serviços não só os custos

de produção e entrega, como também os custos totais da degradação

ambiental associada àqueles produtos e serviços. 

É importante observar que nenhuma pressão existe independente de outras, e

todas elas têm um impacto na capacidade de competir. A ampliação do conceito da

qualidade a ponto de incluir a qualidade ambiental, a mudança de paradigma

representada pela gestão ambiental e as pressões para mudança levaram ao

questionamento do atual paradigma de crescimento econômico.

3.1 - DEFINIÇÕES DA GESTÃO AMBIENTAL

O termo "Gestão Ambiental" é bastante abrangente. Ele é freqüentemente usado

para designar ações ambientais em determinados espaços geográficos, por exemplo:gestão ambiental de bacias hidrográficas, parques e reservas florestais, micro e macro

regiões, áreas de proteção ambiental, reservas da biosfera e outros.

A gestão ambiental restringe-se a empresas e instituições, e pode ser definida

como sendo um conjunto de políticas, programas e práticas administrativas e

operacionais que levam em conta a saúde e a segurança das pessoas, e a proteção do

meio ambiente através da eliminação ou diminuição de impactos e danos ambientais

decorrentes do planejamento, implantação, operação, ampliação, realocação ou

desativação de empreendimentos ou atividades, incluindo-se todas as fases do ciclo de

vida do produto (FARIA, 2000).

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Por danos e efeitos ambientais possíveis de ocorrerem durante o ciclo de vida do

produto compreendem-se todos os impactos sobre o meio ambiente, inclusive sobre a

saúde humana, aqueles decorrentes da obtenção e transporte de matérias-primas,

transformação dos produtos, ou seja, incluindo toda a produção, distribuição e

comercialização, uso dos produtos, assistência técnica e destinação final dos bens e, em

alguns casos, existe a responsabilidade nos produtos inutilizados, como o caso de

baterias de celulares.

De maneira mais específica, a gestão ambiental é definida por Feema (1991)

como:

Tentativa de avaliar valores e limites das perturbações e alteraçõesque, uma vez excedidos, resultam em recuperação demorada do meioambiente, de modo a maximizar a recuperação dos recursos doecossistema natural para o homem, assegurando sua produtividadeprolongada e de longo prazo.

3.2 - OBJETIVOS E FINALIDADES DA GESTÃO AMBIENTAL

O sistema de gestão ou gerenciamento ambiental é um instrumento com

procedimentos semelhantes a qualquer nível gerencial de uma empresa moderna, como

por exemplos as gestões: financeira, de produção, marketing, recursos humanos, entreoutras.

Atualmente, já há empresas que dispõem de departamentos voltados para as

questões ambientais da companhia e, com isso, há uma denominação específica para a

gestão ambiental que trata das questões como: uso racional de matérias primas,

insumos, energia, água e ar. Além disso, estas empresas estão se preocupando em

utilizar processos produtivos que causem menores danos à natureza mediante a redução

de lixo, despejos e degradação ambiental em geral (SANTOS, 2000).Mesmo no Brasil a gestão ambiental, ainda que em fase embrionária e

geralmente nas empresas multinacionais, vem despertando grande interesse em

empresas que estejam principalmente voltadas para mercados externos, que cada vez

mais exigem produtos menos agressivos ao meio ambiente. Ademais, as empresas

também se preocupam com a questão ambiental, à medida que elas sejam grandes

poluidoras ou as exigências legais ambientais sejam fortemente restritivas.

Esses pontos por si só evidenciam a importância que os sistemas de gestãoambiental vêm alcançando em várias empresas para atenderem a objetivos específicos

internos e ou exigências externas.

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Entre os principais objetivos da gestão ambiental destacam-se:

•  Gerir as tarefas da empresa no que diz respeito a políticas, diretrizes e

programas relacionados ao meio ambiente interno e externo da companhia;•  Manter, geralmente em conjunto com a área de segurança do trabalho, a

saúde dos trabalhadores;

•  Produzir, com a colaboração de dirigentes e trabalhadores, produtos ou

serviços ambientalmente compatíveis; e

•  Colaborar com setores econômicos, a comunidade e os órgãos ambientais

para que sejam desenvolvidos e adotados processos produtivos que evitem

ou minimizem as agressões ao meio ambiente.

Os resultados da gestão ambiental empresarial servem para melhorar a

performance das empresas que a adotam e a aperfeiçoam. Sua finalidade é bastante

abrangente e pode incluir, dentre outros, a eliminação de desperdícios, a redução ou

neutralização dos principais elementos que são jogados no meio ambiente, a melhoria

no uso da água, da energia e dos materiais, a fim de obter uma melhor otimização

econômica e ambiental.

Algumas das finalidades básicas da gestão ambiental empresarial são

sintetizadas a seguir:

•  Servir de instrumento de gestão visando assegurar a economia e o uso

racional de matérias-primas e insumos destacando-se a responsabilidade

ambiental da empresa;

•  Orientar consumidores quanto à compatibilidade ambiental dos processos

produtivos e dos seus produtos ou serviços;•  Servir de material informativo junto a acionistas, fornecedores e

consumidores para demonstrar o desempenho empresarial na área ambiental;

•  Orientar novos investimentos privilegiando setores com oportunidades nas

áreas em conformidades ao meio ambiente e ou que minimizem danos

ambientais.

Os objetivos e as finalidades inerentes a um gerenciamento ambiental nas

empresas devem estar em acordo com o conjunto das atividades empresariais, portanto,

eles não podem e nem devem ser vistos como elementos isolados. Vale aqui lembrar o

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trinômio das responsabilidades empresariais: responsabilidade ambiental,

responsabilidade econômica e responsabilidade social.

3.3 - TAREFAS E ATRIBUIÇÕES DA GESTÃO AMBIENTAL

Para o bom encaminhamento de um sistema de gestão ambiental, dirigentes e

todo o quadro de colaboradores da empresa precisam ter em mente uma série de tarefas

e atribuições, algumas de cunho geral e outras de caráter específico.

Quezada (1998), atribui algumas tarefas da Gestão Ambiental conforme

elencadas abaixo:

•  Definir a política e a diretriz ambiental para a empresa matriz ou filial e

demais unidades;

•  Elaborar objetivos, metas e programas ambientais globais e específicos para

a ação local;

•  Definir a estrutura funcional e alocar pessoas qualificadas;

•  Organizar um banco de dados ambientais;

•  Montar um sistema de coleta de dados ambientais definidos por unidade;

•  Medir e registrar dados ambientais, por exemplo: consumo de água, energia

combustível; geração de resíduos, lixo e despejos; emissões de poluentes;

consumos diversos (papel, impressos, plásticos, produtos de limpeza);

•  Elaborar relatórios ambientais específicos de áreas críticas;

•  Fazer um inventário de leis, normas e regulamentações ambientais;

•  Fazer inspeções ambientais isoladas em unidades críticas;

•  Elaborar e implantar programas de gestão ambiental;

•  Implantar e executar treinamento e conscientização ambiental nos diferentes

setores e níveis organizacionais;

•  Divulgar informações e resultados ambientais para mídia;

•  Fazer a avaliação de impactos ambientais nos termos legais para

implantação, operação, ampliação ou desativação de empreendimentos;

•  Emitir relatórios de desempenho ambiental;

•  Propor e executar ações corretivas; e

•  Fazer auditoria ambiental espontaneamente e/ou por exigência legal.

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Visto que a norma ISO 14000 certifica se as empresas realmente fazem controle

ambiental, algumas delas implantaram sistemas de Gestão Ambiental por questões de

Marketing ou por rigor de leis ambientais que penalizam as empresas e causam danos ao

fluxo de caixa. Outras por conscientização espontânea e preocupação com sua imagem

perante a sociedade, que passou a dar preferência aos produtos das companhias que

preservam o meio ambiente, e vêem ai uma oportunidade de negócio.

3.4 – CERTIFICAÇÃO ISO 14000

Depois do sucesso das Normas de Qualidade da série ISO-9000, a ISO

(  International Organization for Standardization) desenvolveu uma família de Normas

na área de SGA (Sistema de Gestão Ambiental), algumas delas já publicadas e outras

em andamento. Da mesma maneira que a série ISO-9000, as normas ISO de Gestão

Ambiental foram prontamente aceitas pelo mundo todo e estão sendo rapidamente

adotadas, embora não tenham caráter legal e sejam de adoção voluntária.

A Organização Internacional para Normalização é uma federação mundial de

organismos de padronização de 140 países, representando cerca de 95% da produção

mundial. Para fazer parte da ISO é necessário que o País tenha um único organismo

normalizador, no caso do Brasil a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

A ABNT, fundada em 1940, é o único organismo normalizador, sendo o Brasil

um dos sócios fundadores da ISO e um dos 18 países que participam do Conselho

Superior daquela entidade. A ISO é uma organização não-governamental, fundada em

23/02/1947 e sua sede fica em Genebra, Suíça.

A missão da ISO é promover o desenvolvimento de normas voluntárias no

mundo, facilitando o comércio de produtos e serviços e o desenvolvimento da

cooperação de atividades nos campos intelectual, científico, tecnológico e econômico.

A ISO desenvolve normas nas áreas de produtos e serviços. Durante a sua

existência, já foram criadas mais de 11.000 normas internacionais nos campos técnicos

da engenharia mecânica, produtos químicos, medicina, agricultura, tecnologias

especiais, entre outros. Porém, para o público não especializado, a ISO surgiu com mais

força em 1987 com o advento das primeiras normas do Sistema de Qualidade série ISO-

9000. E, no ano de 1996, ganhou uma nova visibilidade para o consumidor, com a

publicação da norma de certificação de Sistema de Gestão Ambiental ISO-14001.

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O conjunto de Normas ISO-14000 nasceu primariamente como resultado da

Rodada do Uruguai de negociações do GATT (General Agreement on Tariffs and 

Trade), encerrada em 1994, e da CNUMAD (Conferência das Nações Unidas para o

Meio Ambiente e Desenvolvimento), mais conhecida como ECO-92. Enquanto o GATT 

tinha a preocupação em reduzir as barreiras não tarifárias, a ECO-92 gerou o

comprometimento de proteção do meio ambiente em todo o planeta e fortaleceu a

discussão do conceito de Desenvolvimento Sustentável.

No início da década de 90, diversos países desenvolviam normas e

procedimentos no campo ambiental. O Reino Unido possuía a Norma BS-7750 (base

para o posterior desenvolvimento série ISO-14000); o Canadá, as auditorias de

gerenciamento ambiental, rótulos ecológicos e outras normas; a União Européia possuía

o EMAS (Gerenciamento Ecológico e Regulamentos para Auditorias). Muitos outros

países, como EUA, Alemanha e Japão, tinham introduzido Programas de Rotulagens

Ecológicas.

Esta variação de normas ambientais e uma certa pressão internacional para que

houvesse uma unificação fez com que a ISO avaliasse a necessidade de uma norma

internacional para o Gerenciamento Ambiental. Foi formado então o SAGE (Strategic

  Advisory Group on the Environment), em 1991, para analisar onde tais padrõespoderiam ter utilidade. Seus objetivos eram:

•  Promover um Sistema de Gestão Ambiental similar ao Sistema de

Qualidade;

•  Editar normas para padronização internacional dos tratos com os recursos

naturais;

•  Criar certificações reconhecidas internacionalmente;

•  Incentivar a criação de novos processos para a “produção Limpa”;

•  Enriquecer as habilidades das organizações em atender e medir as melhorias

do desempenho ambiental; e

•  Facilitar o comércio e remover as barreiras comerciais.

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Resultado foi que em 1993 o SAGE recomendou a formação de um novo

comitê, o TC-207 (Technical Committee), para desenvolver uma norma internacional de

gerenciamento ambiental. Tanto no TC-207, como nos Sub-Comitês que foram criados,

estavam inclusos representantes das indústrias, órgãos de normalização, organizações

governamentais e organizações não-governamentais de diversos países. A Série ISO-

14000 foi designada para cobrir os seguintes temas:

•  Sistema de Gerenciamento Ambiental;

•  Diretrizes Ambientais;

•  Auditoria Ambiental;

•  Estudos de Casos;

•  Avaliação do Desempenho Ambiental;

•  Rotulagem Ambiental;

•  Processos Ambientais;

•  Orientação para Organizações Florestais;

  Análise do Ciclo de Vida; e•  Aspectos Ambientais em Normas de Produtos.

A melhor maneira de apresentar este item é mostrar a lista de normas já

publicadas, conforme o Quadro 3.

A ISO-14001 é a mais conhecida da série, por ser a única norma certificável. É

uma norma de utilização voluntária e que pode ser utilizada para implantação de SGA,

quer seja na busca da certificação, reconhecimento por um órgão certificador ousimplesmente para uma autodeclaração de que possui um SGA implantado no modelo

da referida norma, desta forma o intuito da ISO-14001 é que a organização estabeleça

um Sistema de Gestão Ambiental (REIS, 2002).

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Quadro 3: Lista de normas da série ISO-14000 

DESIGNAÇÃO ANOPUBLICAÇÃO

TÍTULO

ISSO 14001:1996 1996 Sistema de Gestão Ambiental – Especificação comDiretrizes para Uso.

ISSO 14004:1996 1996Sistema de Gestão Ambiental - Diretrizes Gerais SobrePrincípios, Sistemas e Técnicas de Apoio.

ISSO 14010:1996 1996 Diretrizes para Auditoria Ambiental - Princípios Gerais.

ISSO 14011:1996 1996Diretrizes para Auditoria Ambiental - Procedimentos deAuditoria - Auditoria de Sistema de Gestão Ambiental.

ISSO 14012:1996 1996Diretrizes para Auditoria Ambiental - Critérios paraQualificação de Auditores Ambientais.

ISSO/WD 14015 2001 Avaliação Ambiental de Sites e Entidades.

ISSO 14020:1998 1998 Rótulos e Declarações Ambientais - Princípios Gerais.

ISSO/DIS 14021 1999Rótulos e Declarações Ambientais – Auto DeclaraçãoAmbiental.

ISSO/FDIS 14024 1998Rótulos e Declarações Ambientais - DeclaraçõesAmbientais Tipo I - Diretrizes de Princípios eProcedimentos.

ISO/WD/TR 14025 2002Rótulos e Declarações Ambientais - DeclaraçõesAmbientais Tipo III - Diretrizes de Princípios eProcedimentos.

ISSO/FDIS 14031 1999Gerenciamento Ambiental - Avaliação do DesempenhoAmbiental - Diretrizes.

ISO/TR 14032 1999 Gerenciamento Ambiental - Avaliação do DesempenhoAmbiental - Estudo de Caso Ilustrando o Uso da ISO14031.

ISSO 14040:1997 1997Gerenciamento Ambiental - Análise do Ciclo de Vida -Princípios e Estrutura.

ISSO 14041:1998 1998Gerenciamento Ambiental - Análise do Ciclo de Vida -Definição dos Objetivos, Escopo e Análise doInventário.

ISO/CD 14042 1999Gerenciamento Ambiental - Análise do Ciclo de Vida -Avaliação do Impacto do ciclo de Vida.

ISO/DIS 14043 1999Gerenciamento Ambiental - Análise do Ciclo de Vida -Interpretação do Ciclo de Vida.

ISO/TR 14048 1999Gerenciamento Ambiental - Análise do Ciclo de Vida -Forma da Documentação de Dados da Análise do Ciclode Vida.

ISO/TR 14049 1999Gerenciamento Ambiental - Análise do Ciclo de Vida -Exemplos para Aplicação da ISO 14041.

ISO 14050:1998 1998 Gerenciamento Ambiental - Vocabulário.

ISO/TR 14061 1998Informações para Orientar Organizações florestais nouso das Normas de Sistema de GerenciamentoAmbiental ISO 14001 e ISO 14004.

ISO Guide 64:1997 1997Diretrizes para Inclusão de Aspectos Ambientais emNormas de Produtos.

Legenda: CD = Committee Draft  – DIS =   Draft International Standard – FDIS = Final Draft 

 International Standard – TR = Technical Report – NWIP = New Work Item Proposal 

Fonte: REIS, 2002

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3.5 – SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) – ISO 14001

A série de Normas ISO-14000, em particular a Norma para Sistema de Gestão

Ambiental ISO-14001, tem sido amplamente estudada e implementada tanto emempresas privadas como em empresas públicas. A Norma ISO-14001 foi oficialmente

publicada em setembro de 1996, como já mencionado, e desde então tem conquistado as

organizações e os Governos, acenando como o mesmo sucesso ou talvez até maior do

que a Série de Normas ISO-9000, voltadas para o Sistema de Gestão da Qualidade.

Segundo Reis (2002) a definição do SGA é:

a parte do sistema de gestão global que inclui estrutura organizacional,

atividades de planejamento, responsabilidades, práticas,procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar,atingir, analisar criticamente e manter a política ambiental.

O SGA é um contínuo ciclo de planejamento, implementação, análise crítica e

melhoria contínua dos processos e ações que a organização desenvolve para alcançar

suas obrigações e objetivos ambientais.

Tendo como foco a melhoria contínua, a implantação do SGA segue a

metodologia PDCA (Plan, Do, Check , Act ), que em português pode ser traduzida porPlanejar, Implementar, Verificar e Analisar Criticamente, conforme demonstrada na

Figura 2.

O SGA também deve estar inserido no planejamento estratégico da empresa,

levando em conta o tipo de organização, o seu potencial de agressão ao meio ambiente e

a utilização desses recursos, o posicionamento dos negócios, identificando seus pontos

fortes, os seus pontos fracos, as oportunidades e ameaças (SWOT – Strong – Weak –

Opportunities - Threat ).

É necessário que os profissionais responsáveis, pelo Sistema, tenham influencia

direta nas ações e decisões da empresa, não podendo haver qualquer tipo de

investimento sem que a área de gerenciamento ambiental possa verificar os impactos

que estas ações terão em relação à natureza.

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Figura 2: Ciclo PDCA para o Sistema de Gestão Ambiental ISO-14001 

PolíticaAmbiental

Verificação/  Ações Corretivas

(Check) *Monitoramento &

Medições*Ações Preventivas,

Corretivas e NãoConformidades

*Registros *Auditorias SGA

Análise CriticaGerencial (ACT)

Planejamento (Plan)*Aspectos e Impactos

Ambientais*Requisitos Legais e outros

*Objetivos & Metas*Programa de GerenciamentoAmbiental

Implementação (DO)* Estrutura e

responsabilidades* Treinamento,

Conscientização eCompetência

* Comunicação* Documentação SGA

MelhoriaContinua 

Início

Fonte: REIS, 2002

A norma ISO -14001 (SGA), possui 17 elementos que são distribuídos dentro do

ciclo PDCA e que são descritos no Quadro 4.

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Quadro 4: Os 17 elementos da ISO-14001 

1 - Política Ambiental: Declaração da organização, mostrando o comprometimento como meio ambiente. Deve ser utilizada como base para o planejamento e ações do SGA.

Planejamento2 - Aspectos e Impactos Ambientais: Identifica as atividades, produtos e serviços daorganização que interagem com o meio ambiente e que estão sob seu controle;Determinar quais destes aspectos têm ou podem ter impactos significantes ao meioambiente.3 - Requisitos Legais e outros requisitos: Identifica e assegura acesso às legislações eregulamentos ambientais relevantes e ou outros requisitos setoriais que tenhamaplicações aos aspectos ambientais da organização.4 - Objetivos e Metas: Estabelece objetivos para a organização, de acordo com a políticaambiental, aspectos ambientais e visão das partes interessadas e outros fatores.5 - Programa(s) de Gestão Ambiental: Planeja as ações necessárias para se alcançar osobjetivos e metas do SGA.

Implementação e Operação6 - Estrutura e Responsabilidade: Define a participação, responsabilidades e autoridadesnecessárias para facilitar o gerenciamento ambiental eficaz.7 - Treinamento, conscientização e competência: Assegura que todos os empregados,envolvidos com os impactos significativos, tenham o treinamento apropriado e estejamcapacitados para suportar o SGA8 – Comunicação: Estabelece procedimentos para facilitar a comunicação interna e darrespostas às comunicações externas referentes ao SGA.9 - Documentação do SGA: Estabelece procedimento para descrever a estrutura erelacionamento entre os documentos exigidos pelo SGA.10 - Controle de documento: Estabelece procedimento para um efetivo gerenciamento e

controle de todos documentos do SGA.11 - Controle operacional: Identifica as operações e atividades associadas com osaspectos ambientais significativos e desenvolvem procedimentos para assegurar aminimização dos impactos ao meio ambiente, considerando a política, objetivos e metas.12 - Preparação e atendimento à emergência: Identifica as emergências potenciais edesenvolve procedimentos para preveni-las e para mitigar os impactos, caso venha aocorrer.

Verificação e Ação Corretiva13 - Monitoramento e medição: Estabelece procedimentos para monitorar e medir asatividades e operações que causam impacto ao meio ambiente.14 - Não-conformidades e ações corretivas e preventivas: Estabelece procedimentos para

prevenir e para eliminar a recorrência de não-conformidades.15 – Registros: Estabelece procedimentos para a identificação, manutenção e descartesde registros ambientais.16 - Auditorias do SGA: Estabelece procedimento para que a organizaçãoperiodicamente verifique se o SGA está implementado de acordo com o planejado.

Análise Crítica17 - Análise Crítica pela Administração: Periodicamente a alta administração deverevisar a implementação e efetividade do SGA, tendo como foco a busca da melhoriacontínua.

Fonte: ABNT NBR ISO-14001 (1999)

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Como o princípio básico de gestão é realizar aquilo que mais se compatibiliza

com a realidade da organização, fica a critério da empresa a escolha do Sistema de

Gestão Ambiental a ser implantado. Seja qual for a forma de implantação escolhida pela

empresa para realizar um processo de gestão ambiental, seu objetivo maior é se colocar

frente a clientes e sociedade com uma empresa comprometida com os anseios do

desenvolvimento sustentável.

Sendo assim, deve buscar objetivos como redução de geração de resíduos e

efluentes prejudiciais, produtos e processos menos poluentes. E ainda se comprometer

com um processo de melhoria contínua deste sistema de gestão. Nada impede que a

empresa se beneficie das vantagens oferecidas pelo gerenciamento ambiental adequado

à sua realidade financeira e estratégica, seja qual for sua forma de implantação e, com

isso, começa a perceber as vantagens de se ter um SGA.

3.5.1 - O ATUAL ESTÁGIO DE CERTIFICAÇÃO SGA ISO-14001

O Brasil tem se destacado internacionalmente na elaboração das normas

ambientais da série ISO 14000, por meio de seu ABNT/CB-38, que tem como um dos

critérios evitar ou propiciar o surgimento de mecanismos e condições que possam ser

utilizados como barreiras técnicas no comércio internacional. Nesse caso, busca-se

preservar o princípio 11 da Declaração do Rio:

(... as normas ambientais, e os objetivos e as prioridades degerenciamento deverão refletir o contexto ambiental e de meioambiente a que se aplicam. As normas aplicadas por alguns paísespoderão ser inadequadas para outros, em particular para os países emdesenvolvimento, acarretando custos econômicos e sociaisinjustificados).

Em 2000, o Brasil detinha 59,4% das certificações dentro da América Latina

que, somadas aos outros 17 países deste continente, totalizavam 556 certificações,

conforme mostra a Figura 3.

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 Figura 3: Quantidade de certificações ISO-14001 na América Latina 

Fonte: SANTOS, 2000

A aplicação de instrumentos de gestão que poderiam ser utilizados como

barreiras, tais como análise de ciclo de vida e rotulagem ambiental, é ressalvada no caso

de situações ou países nos quais ainda sejam custosos e impraticáveis. Por outro lado,

conforme artigo publicado na Meio Ambiente Industrial (2003), em 2002 o país contava

com cerca de 600 empresas ambientalmente certificadas em conformidade com a norma

ISO 14001 e em julho de 2003 chegou à marca de 1000 certificadas, o que demonstra

um crescimento acelerado do número de companhias brasileiras com certificação.

Através do que foi mostrado é possível verificar o porquê das empresas

investirem na Gestão Ambiental e obterem a certificação do SGA. E ainda, pode-senotar pelo aumento expressivo das certificações que, as empresas começam a perceber

os inúmeros benefícios que o gerenciamento do meio ambiente poderá trazer para quem

nele investe.

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4 - BENEFÍCIOS OBTIDOS COM A SGA ISO-14001

Algumas empresas começam a perceber que é possível obter vários benefícios

através do cuidado com o meio ambiente e desta forma, buscam na Gestão Ambiental e

nos SGAs soluções para as questões ambientais. Outra vantagem que pode ser

alcançada é o retorno financeiro que, certamente poderá mudar a visão das organizações

em relação a preservação dos recursos naturais.

Segundo Reis (2002), a implantação bem sucedida de um SGA, poderá trazer os

seguintes benefícios:

•  Melhorar o gerenciamento das questões ambientais e para mostrar o

comprometimento com a proteção ambiental;•  Facilitar a obtenção de empréstimo internacional – pode estar condicionado a

implantação do SGA;

•  Redução no valor do prêmio do seguro;

•  Possibilitar transações comerciais com alguns clientes, especialmente na

Europa e com o Governo Americano;

•  Atenuação perante tribunais em caso de demanda judicial, com

demonstração de evidência do comprometimento e esforços realizados;•  Facilitar realização de acordos multilaterais entre países, onde apareça a

necessidade de mostrar o comprometimento do governo com a proteção

ambiental;

•  Aumento da vantagem competitiva;

•  Melhora a adequação a legislação ambiental da organização;

•  Facilita a prevenção da poluição e conservação dos recursos;

•  Conquista de novos clientes e ou mercados;•  Reduz os custos operacionais;

•  Permite o envolvimento e conscientização dos empregados, com o aumento

da moral da equipe;

•  Ganho de aumento da confiança dos clientes;

•  Facilita o atendimento exigências contratuais dos clientes;

•  Melhoria do desempenho ambiental;

•  Permite o desenvolvimento de um comportamento pró-ativo para ir além das

exigências da legislação;

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•  Auxilia a organização a obter melhor reconhecimento do público em geral;

•  Facilita a criação de uma visão focada nas questões mundiais sobre o meio

ambiente; e

•  Permite o desenvolvimento de padrões voluntários para a melhoria do

desempenho ambiental, se antecipando as novas exigências legais, devido à

publicação de novas legislações ambientais.

É provável que uma organização, que se considere adequada somente aos

requisitos legais, não perceba qual seria o benefício da implantação de um sistema de

gestão ambiental, além do apelo de marketing.

Uma empresa desse tipo geralmente possui um departamento de meio ambiente,responsável pelo atendimento às exigências do órgão ambiental e por indicar os

sistemas de controle operacional mais apropriados à realidade da empresa e ao potencial

de impactos ambientais.

Nesse contexto, poluição é um problema de responsabilidade do departamento

de meio ambiente, que não tem autoridade sobre o processo produtivo e, portanto, só

tem condições de atuar no final da linha. Trata-se de uma postura que normalmente

significa investimentos, apenas investimentos.A implantação de um sistema de gestão ambiental proporciona o envolvimento

da empresa como um todo. A responsabilidade ambiental é disseminada a cada setor,

seja da área operacional, administração, compras, projetos, serviços gerais, entre outras

(MOREIRA, 2000).

Quando todos passam a enxergar as questões ambientais sob a mesma ótica,

soluções criativas começam a surgir de toda a empresa, explorando-se oportunidades de

aproveitamento de rejeitos, substituição de insumos, eliminação de perdas nos

processos, reciclagem, redução do consumo de energia, redução da geração de resíduos,

mudanças tecnológicas, entre outros aspectos. Para Moreira (2000), somente a

prevenção da poluição pode representar redução de custos.

Quando uma empresa implanta um sistema de gestão ambiental, adquire uma

visão estratégica do negócio em relação ao meio ambiente e deixa de agir em função

apenas dos riscos e passa a perceber também as oportunidades que poderá gerar, além

de outros, os benefícios econômicos e financeiros. Isso somente é possível se todos

compartilharem a mesma visão e estiverem motivados a contribuir. Esse é o maior

diferencial.

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4.1 – BENEFÍCIOS ECONÔMICOS E FINANCEIROS

Todas as empresas que já implantaram um SGA, certificadas ou não, afirmam

que, além de inúmeros benefícios obtidos, um que se destaca é o ganho econômico-

financeiro, alcançado imediatamente com a Gestão Ambiental e com a certificação,

embora na implantação haja um gasto com treinamentos, medições, possíveis

consultorias. A verdade é que a redução dos desperdícios com o gerenciamento de

resíduos, com uso racional dos recursos e o gerenciamento de energia, geram uma

receita inúmeras vezes superior ao investimento (SANTOS, 2000).

Quanto ao comércio globalizado, o controle ambiental deverá influenciar todas

as práticas de exportação, seja de grupos que produzem ou exportam produtos não

permitidos nos países de origem, como pesticidas e gases prejudiciais à camada de

ozônio, seja de países ditos energético-eficientes, mas que exportam as indústrias

altamente consumidoras de energia, como o alumínio, por exemplo (FERREIRA, 2001).

A maior demanda por produtos ecologicamente corretos no mercado

internacional está levando exportadores brasileiros a irem atrás de certificações

ambientais. O objetivo é recuperar clientes que trocaram o produto brasileiro por outros

e abrir novas frentes lá fora, principalmente no mercado europeu, onde a pressão por

produtos naturais e, ecologicamente corretos, é mais forte. Quanto à certificação, em

países que ainda não a exigem, ela poderá ser um grande argumento de vendas.

Na área ambiental há uma forte tendência em crer que as demandas da sociedade

é que irão determinar as mudanças, mais do que os governos. Ao setor produtivo cabe a

busca da conformidade aos requisitos ambientais. E, de forma complementar, no plano

da competitividade, é importante que a visão gerencial do empreendedor contemple a

perspectiva da busca da qualidade ambiental sempre em um novo patamar superior à

conformidade em si, no sentido da melhoria contínua do desempenho ambiental. Paratal, esse desempenho ambiental deverá ser avaliado periodicamente, identificando-se a

necessidade de reformulações para a melhoria contínua (PDCA).

Ferreira (1999) dá um exemplo de uma ação relacionada à Gestão Ambiental,

conforme Figura 4 e 5:

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48

 

Custo do ImpactoR$ 1.000.000

Impacto Ambiental(Degradação)emissão 1.000.000de partículas no ar

Figura 4: Impacto Ambiental Fonte: Ferreira, 2001 (Adaptação)

Ocorrida uma degradação que cause, além do impacto ambiental, também um

efeito econômico, uma ação gerencial será solicitada. Sem essa ação, supõe-se que os

custos aconteçam num determinado patamar. Com ela, é de se esperar que aconteçam

num patamar menor. É preciso, entretanto, levar em consideração os próprios custos

dessa ação, antes de se avaliar o seu resultado.

Suponha-se que uma emissão de partículas no ar possa causar custos de

$1.000.000 referentes a tratamentos de saúde, indenizações, multas, e outros.

Benefício direto da decisãoEconomia de custo de $ 600.000

Custo do ImpactoAmbiental $400 milPrevenção

$200 mil Impacto Ambiental(Degradação)Emissão 400 milpartículas no ar

Figura 5: Benefício da Prevenção Fonte: Ferreira, 2001 (Adaptação)

O gestor ambiental decide então implementar um programa de prevenção de

impactos ambientais, instalando equipamentos que possam filtrar essa emissão. Com

isso, reduz em 60% a poluição causada, reduzindo os custos na mesma proporção egastando para isso $ 200.000.

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Nesta situação, embora a economia gerada tenha sido de $ 600.000, não significa

que o resultado da gestão tenha sido exatamente esse. É preciso incluir também, o custo

direto da atividade ocorrida e, ainda, os custos indiretos ou fixos, necessários para

manter a existência da gestão ambiental na entidade. Neste exemplo, o resultado seria

de $ 400.000. Ou seja, os $ 600.000 de economia direta, menos os $ 200.000 investidos

para se obter essa economia.

As decisões tomadas devem ser avaliadas nos seus aspectos operacionais,

econômicos, financeiros e, obviamente, ambientais e espera-se que o resultado dessas

avaliações possa ser positivo.

Outro exemplo de empresas que obtiveram retorno econômico com os

investimentos em gestão ambiental é a unidade industrial da Dow Química da

Califórnia. Essa unidade utilizava gás hidroclorídrico com substâncias cáusticas para

produzir um amplo leque de produtos químicos, e costumava estocar água utilizada em

tanques de evaporação.

A legislação estipulou que esses tanques só poderiam funcionar até 1988. Em

1987, com a alteração no processo, a Dow conseguiu reduzir o uso de soda cáustica

diminuindo os resíduos, que foram captados para serem reutilizados como matéria-

prima em outros setores da fábrica.Todas essas alterações do novo processo custaram 250.000 dólares e rendeu à

empresa uma economia anual de 2,4 milhões de dólares (FERREIRA, 2001). Outro

exemplo, este no Brasil, é o caso da montadora da Fiat. Em sua fábrica, em Betim, eram

gerados todos os meses 16.000 toneladas de resíduos na produção de 2.200 carros. A

empresa passou a vender o seu “lixo” composto por isopor, limalha de ferro, chapas de

aço, plástico e outros materiais, obtendo assim uma receita extra de 25 milhões de reais

por ano, que representou 16% do seu lucro em 1997.Esses exemplos comprovam a importância dos investimentos na área ambiental,

que acabam estimulando as inovações, e de como a poluição representa evidentes

perdas econômicas resultantes da ineficiência do processo.

4.1.2 - AS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS FRENTE À GESTÃO AMBIENTAL

A par da Gestão Ambiental, as variáveis ambientais adquiriram valor de

mercado significativo na economia globalizada, para bens e serviços ambientais. Osistema financeiro mundial que participa desse processo já movimentava US$ 2 bilhões

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na década de 90, tanto oferecendo crédito para proteção ambiental quanto avaliando

riscos de crédito a empreendimentos com sinais de prejuízos por danos ambientais,

pelos quais pode ser co-responsabilizado. As seguradoras também vêem crescer as

carteiras que cobrem danos causados a terceiros que incluem os danos ambientais (SÁ,

1999).

Outra forma de benefícios econômico-financeiros que pode ser observada está

ligada às instituições financeiras. Estas instituições têm acrescentado, às exigências para

análise e concessão de crédito, dois novos documentos para aumentar as garantias e,

portanto, também melhorar as condições de estes honrarem os seus compromissos

bancários: o EIA (Estudo de Impacto Ambiental) e o RIMA (Relatório de Impacto ao

Meio Ambiente).

Os EIAs têm por objetivo identificar a situação geral da empresa: tipos de

impactos ambientais provocados pelas suas atividades, suas conseqüências e os meios

preventivos existentes. Os RIMAs pretendem descrever o tratamento aplicado e os

resultados atingidos. Esta inovação se deve aos possíveis passivos ambientais que

podem ser imputados às empresas por não tomarem precauções contra os impactos

ambientais causados por suas operações.

Nos EUA as instituições financeiras concedem empréstimos, às empresas dosegmento considerados poluentes, somente mediante a apresentação do EIA e do

RIMA. Isto ocorre devido as instituições financeiras que concedem os empréstimos

serem consideradas co-responsáveis, pelo ponto de vista do EPA( Environmental

Protection Agency), por danos ambientas causados por seus devedores (RIBEIRO,

1998).

No Brasil, em 1995, firmou-se um acordo de concessão de crédito para empresas

interessadas na aquisição de tecnologias antipoluentes, denominado “Protocolo Verde”.O acordo foi entre o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Naturais Renováveis), o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e

Social), o Banco Central, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o Banco do

Nordeste do Brasil e o Banco da Amazônia (CARVALHO e RIBEIRO, 2000).

Segundo este acordo, as empresas que desejarem obter financiamento nessas

instituições devem apresentar o EIA e o RIMA, que tem de estar em consonância com o

desenvolvimento sustentável, ou seja, produzir e contribuir para desenvolvimento

econômico, sem prejuízo dos direitos e oportunidades das gerações futuras. A

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elaboração desses documentos passa a constar do elenco básico das informações de

natureza econômico-financeira.

Outro fator passível de provocar forte impacto sobre a situação patrimonial das

organizações é o crescente rigor das legislações ambientais, que têm aplicado punições

diretas aos administradores e proprietários de empresas que agridam o meio ambiente.

Segundo Carvalho e Ribeiro (2000) as empresas com passivos ambientais

relevantes podem:

•  Ver seus dirigentes serem condenados à prisão (Canadá, EUA e Brasil). Em

alguns casos, tal fato pode comprometer seriamente a condução dos

negócios, essencialmente, aqueles em que as decisões são altamentecentralizadas;

•  Ter seus valores patrimoniais sensivelmente desvalorizados face ao efeito

nocivo da poluição sobre seus próprios ativos;

•  Ver influenciada de forma negativa a avaliação das suas ações no mercado,

tendo em vista estimativas de altos custos para cobrir os gastos com

recuperação, tratamento e contenção dos danos ambientais;

  Afastar seus potenciais doadores de crédito (fornecedores, e instituiçõesfinanceiras, principalmente); e

•  Afetar a carteira de clientes, dado que os mais conscientes e preocupados

com os efeitos dos danos ambientais presentes e o reflexo destes sobre as

gerações futuras estão evitando fornecedores de produtos danosos ao meio

natural.

As informações de natureza econômico-financeira podem complementar e

aumentar o poder informativo dos dados colhidos nos EIAs e RIMAs e, também,

demonstrar a interação da empresa com a natureza e os possíveis impactos sobre o seu

patrimônio e os seus resultados.

Os EIAs e os RIMAs devem ser traduzidos sobre os ativos da organização. A

existência de conhecimentos sobre impactos ambientais, obtidos nos EIAs, deve estar

associada às informações econômico-financeiras, sobre a redução do potencial de

serviços dos ativos da companhia, bem como sobre o montante de suas obrigações. Os

RIMAs poderão conter dados que expliquem o desempenho da organização em diversosperíodos, face à sua conduta em relação ao meio ambiente.

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A concessão de empréstimos concedidos pelas instituições financeiras é

precedida, normalmente, da avaliação de risco da operação, que envolve a análise da

liquidez, do endividamento, entre outras informações econômica e financeira.

A evidenciação da variável ambiental é fundamental, principalmente, em casos

em que futuro devedor desenvolva atividades que sejam potencialmente poluentes.

Assim, a partir das “licenças de instalação e funcionamento” e do EIA e RIMA pode ser

avaliado se o montante de ativos e passivos ambientais registrados está compatível com

as exigências sociais, legais ou extralegais.

Exigências legais são geralmente impostas somente às grandes empresas,

ficando as de menor porte funcionando com uma menor fiscalização e, com as

condições financeiras, visão e interesses imediatos de seus proprietários, o que pode

representar um risco enorme de poluição.

Portanto, apesar do menor grau de exigência dos órgãos competentes sobre

empresas de menor porte, as instituições financeiras devem manter um cuidado especial

na concessão de crédito para estas organizações, pois a continuidade das mesmas poderá

estar comprometida.

4.1.3 - OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS NA GESTÃO AMBIENTAL

As empresas que se deram conta dos benefícios de gerir adequadamente os

recursos naturais conseguem encontrar oportunidades onde, para alguns empresários, só

existem custos. Desta forma, a seguir nos itens 4.1.3.1 ao 4.1.3.4, segundo Faria (2000),

pode-se verificar vários exemplos de sucessos que podem ser citados de empresas que

descobriram estas oportunidades de negócios associados à Gestão Ambiental.

4.1.3.1 - RECICLAGEM

A reciclagem constitui-se em um mercado que oferece varias oportunidades,

algumas empresas já souberam aproveitar este negócio rentável. Este é o caso da

empresa Valki plásticos e máquinas, com sede em Louveira no estado de São Paulo, que

fatura R$ 2,4 milhões anuais reciclando sucatas. Atuando no segmento de reciclagem

negocia sobras de carpetes, cintos de segurança, isopor e outros plásticos, que vão para

a sede da empresa, onde são reciclados em média 150 toneladas de plástico por mês.

Entre os reciclados o maior sucesso nacional é o alumínio com 63 % de

aproveitamento para reciclagem no ano de 1.998. A partir desta experiência positiva

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outros materiais vão sendo introduzidos por empresas que vêm obtendo um bom

desempenho econômico. Um exemplo é a empresa Reciclar Indústria e Comércio com

uma unidade de reciclagem de latas de alumínio na capital mineira com capacidade para

reciclar 150 toneladas O diretor técnico e sócio-proprietário da Reciclar , revela que o

lucro líquido da empresa gira em torno de 10% do valor por tonelada de alumínio

reciclado no mercado interno.

Outro exemplo de empresa que investe em reciclagem é a Tetra Pak, que produz

aproximadamente 3,2 bilhões de unidades de embalagens Longa Vida. Ela organizou

com apoio da comunidade e de prefeituras juntamente com outras empresas do setor de

papel reciclado, o reaproveitamento de cerca de quinhentas (500) toneladas de

embalagens de longa vida transformadas em papel higiênico, papelão ondulado e até

solas de sapato. A iniciativa melhorou a imagem da empresa, forneceu matéria-prima

abundante e barata para as empresas de reciclagem e trouxe benefícios para a

comunidade local.

A reciclagem aparece como uma boa oportunidade de se ganhar novos mercados

além de contribuir para a melhora da imagem das empresas. As previsões futuras de

oportunidades de novos negócios relacionados à reciclagem crescem e o poder público

promete incentivá-los, reduzindo a carga tributária dos reciclados, criando linhas decrédito específicas e fomentando cooperativas de catadores de lixo.

São encontrados inúmeros exemplos de aproveitamento de papel , papelão,

plástico, vidro, entre outros materiais. As opções dependem de criatividade e do

envolvimento da comunidade que poderá ter um papel fundamental para o sucesso de

projetos ligados a reciclagem 

4.1.3.2 - ÀGUA

As previsões de duração da água, este recurso essencial à vida humana, não são

nada otimistas. Não se trata mais de uma questão de opção, se atualmente estão falando

de meio ambiente e gestão ambiental é por que isto é necessário. As empresas situadas

no Brasil enfrentam este compromisso, uma vez que em nosso país as previsões são

menos desanimadoras.

Quando se discute a questão da valoração do meio ambiente verifica-se que os

recursos naturais não são facilmente valorados por pesquisadores e comunidades. Oesforço é para manter um mercado estimado em mais de R$ 600 milhões anuais.

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Neste caso observa-se o valor comercial assumido pelo recurso natural (água) e

também que não serão poucas as polêmicas a respeito de sua exploração. Há oito anos

atrás a Cetesb divulgou uma lista das empresas que mais poluíam o Rio Tietê em São

Paulo. Neste caso as empresas tiveram de investir em Gestão Ambiental por pressões

legais, e muitas tiveram perdas por causa da imagem negativa da apresentação de um

ranking de empresas mais poluidoras e algumas autuadas pela Cetesb.

Para se adequarem à legislação estas empresas tiveram de realizar altos

investimentos. Foram gastos US$ 3,5 milhões, sendo US$ 1,5 milhão financiado pelo

Banco Mundial. Hoje tem sistemas de tratamento adequado de seus efluentes. Quem

lucrou com estes investimentos forçados foram os fabricantes e consultores de sistemas

de tratamento de efluentes industriais

A utilização da água passou a ser imprescindível, dado os perigos de sua

escassez futura. As empresas que se conscientizarem desta afirmação poderão se

proteger de multas, melhorarem sua imagem no mercado, e além disso realizarem bons

negócios.

4.1.3.3 – NOVAS TECNOLOGIAS

As oportunidades comerciais ligadas ao desenvolvimento de novas tecnologias

são intensificadas com a crescente conscientização ambiental. Pode-se citar vários

setores, como o de energia (energia eólica, solar, hidrelétrica e o gás natural), que

utilizam tecnologias denominadas “limpas” As mais diversas áreas têm desenvolvido

tecnologias que garantam impactos positivos para o meio ambiente. Desta forma

pode-se exemplificar:

  O caminhão FH12 Globetrotter, desenvolvido pela Volvo e lançado nomercado europeu em 1.994, acumulando 10 prêmios e sendo considerado o

caminhão com maior índice de tecnologia embarcada do mundo. Entre suas

vantagens estão: redução da emissão de poluentes, economia de combustível,

menor custo de manutenção e maior segurança na estrada; e

•  O carro solar desenvolvido pela Universidade de São Paulo, um veículo que

serve de laboratório tecnológico, uma pesquisa básica segundo os

pesquisadores.

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Além desses existem outros exemplos, a respeito de novas tecnologias que

contribuem com o desenvolvimento sustentável e com isso poderiam ser verificadas

inúmeras oportunidades de negócio sendo que algumas somente serão possíveis no

futuro e outras já no presente. Este fato não exclui a possibilidade de se obter sucesso

comercial com “tecnologia limpa”, exatamente por ainda existir uma demanda futura

que tende a se ampliar neste sentido.

4.1.3.4 - VANTAGENS COMPETITIVAS

As exigências do mercado crescem impulsionando as empresas a aderirem um

novo padrão de qualidade para os seus produtos e serviços.

Segundo Leon (apud FARIA, 2000) muitas empresas que antes viam o

investimento na questão ambiental como medidas que aumentavam o custo da

produção, descobriram que a chamada Gestão Ambiental pode tornar a fábrica mais

eficiente. Em média um bom programa de Gestão Ambiental paga-se sozinho em um

prazo de dez a quinze meses. Com o programa a empresa economiza água, energia e

matéria-prima. A vantagem competitiva é o fator principal que leva as empresas a

investirem em SGA.

Tem-se a seguir alguns exemplos de retorno de investimento e redução de custos

relacionados às vantagens competitivas a partir da implantação de SGAs:

•  OPP-Química, produtora de resinas poliolefínicas, certificou quatro unidades

em 1996 e em todas obteve ganhos suficientes para compensar o

investimento de cerca de dois milhões de dólares, economizando água,

energia, vapor e perda de matéria-prima;

•  COPESUL (Companhia Petroquímica do Sul), em processo de certificaçãoem 1.998, considera que o Sistema de Gestão Ambiental proporciona:

capacidade de operação a baixos custos e com altos rendimentos

operacionais, avaliados principalmente pelo menor consumo energético e de

matéria-prima, com reciclagem e produção maximizada de seus principais

produtos - o eteno e o propeno;

•  ALPARGATAS-Santista Têxtil, unidade de Americana-SP, obteve a

certificação pela implantação do SGA, em dezembro de 1.997. Os trabalhospara a certificação demoraram cerca de dois anos. Foram investidos US$

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1.000.000 durante este processo e estima-se investimentos em torno

deU$600 mil para as melhorias exigidas pelo sistema. Os dirigentes da

empresa afirmam que os investimentos retornam gerando vantagens

competitivas, além de preparar as empresas para as exigências cada vez

maiores das Leis ambientais; e

•  CENIBRA (Celulose Nipo-Brasileira), localizada em Minas Gerais, foi

recomendada para receber a certificação pela norma ISO 14001, em outubro

de 1.997. Durante o processo de implantação investiu cerca de US$ 650.000.

A empresa afirma que a adoção de práticas ambientalmente corretas levará a

uma contínua redução de custos no processo produtivo.

Os resultados positivos atingidos através da implantação do SGA são inúmeros

e, a vantagem competitiva adquirida tem de ser consideradas por todas as empresas que

têm a pretensão de se manterem no mercado.

4.1.3.5 - NOVOS MERCADOS

Além dos setores apresentados existem perspectivas de crescimento em outros

relacionados às atividades que preservem os recursos ambientais. A visão dos gestores

de empresas tende a se alterar à medida que ocorrem mudanças relacionadas a

preservação, como normas, competitividade internacional, a valorização do meio

ambiente e principalmente com os consumidores.

Os negócios relacionados às atividades e produtos que visam preservar o meio

ambiente, estão em expansão. Uma das principais perspectivas está no setor de

equipamentos para tratamento de água e esgoto (cerca de 5,4 bilhões financiados pelo

BID, entre 95 e 99, estão destinados a despoluição de corpos d’água como os rios Tietê

e Guaíba, a Bahia de Guanabara e outros), bem como por equipamentos e serviços de

consultoria ambiental. Indústrias de cosméticos e Eco-turismo também são setores que

despontam no Brasil.

No mercado financeiro, as seguradoras e os bancos começam a perceber que a

componente ambiental pode lhes renderem altos dividendos. As experiências têm

demonstrado que mesmo para as empresas que não atuam no “mercado verde”, a

criatividade tem levado à oportunidade de lucro. No que se refere aos custosempresariais de proteção ambiental, Cairncross (2000) alerta que:

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Sem dúvida nenhuma, o novo movimento verde irá impor custos àscompanhias... No entanto, esse movimento representará também umaextraordinária oportunidade, talvez a maior aparecida no mundoempresarial, para empreendimento e criatividade. Aqueles que

reconhecerem como tirar o máximo proveito disso, prosperarão.E, vários autores continuam afirmando que esse movimento irá causar grande

impacto sobre as empresas, transformando a forma de pensar a inovação, visando

produtos e processos mais saudáveis. Da mesma forma que, pressionadas pelos

"consumidores verdes", pela legislação e, principalmente, pela possibilidade de retornos

financeiros, irão colocar aos seus fornecedores a necessidade de repensar a origem de

sua matéria-prima, bem como a forma de seu manuseio e irão prevenir cada vez mais a

emissão de resíduos. Porter e Linde (apud FERREIRA, 2001) tratam a questão doscustos ambientais e conseqüentemente da produtividade, acrescentado que:

Novos padrões ambientais adequados podem dar início a um processode inovações que diminua o custo total de um produto ou aumente oseu valor. As inovações permitem que as empresas usem maisprodutivamente uma série de insumos - de matérias-primas à fonte deenergia - de forma a compensar os gastos feitos para preservar mais omeio ambiente. Assim chega-se ao fim de um impasse. Em últimainstância a maior produtividade dos recursos torna as empresas maiscompetitivas, não menos.

E continuam acrescentando que a poluição quase sempre é uma forma de

desperdício econômico, ou seja, as substâncias residuais despejadas no meio ambiente é

um sinal do uso ineficiente dos recursos durante o processo produtivo. Sendo assim, a

prevenção da poluição através da gestão ambiental, além de representar um benefício ao

meio ambiente e a redução dos gastos com o tratamento dos resíduos e dos efluentes,

representa acima de tudo uma prevenção dos desperdícios durante o processo de

produção e, conseqüentemente, um retorno sobre os investimentos nessa área.

4.2 - O EXEMPLO DA VOLKSWAGEN

De acordo com pesquisa publicada em 27 de janeiro de 2003, pela revista

Ambiente Global, especializada em meio ambiente, a fábrica da Volkswagen do Brasil

em Taubaté (SP), quando implantou seu Sistema de Gestão Ambiental (SGA), há um

ano e meio, tinha como objetivos principais contribuir com a qualidade de vida da

comunidade, o bem-estar dos empregados e a preservação do meio ambiente, sem gerarcustos adicionais para a operação. Mas, para a surpresa dos técnicos, o cuidado com a

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natureza, além de autofinanciável, gerou uma economia de recursos de R$ 300 mil para

a empresa.

Segundo o gerente de logística e manutenção, Marcelo Perpétuo, "conseguimos

confirmar na prática que a preservação do meio ambiente, além de socialmente correta,

reduz custos operacionais". Ele disse que os resultados foram alcançados devido ao

envolvimento direto dos 6.500 empregados e 2.300 prestadores de serviço da fábrica,

que passaram a identificar, em seus locais de trabalho, oportunidades para reduzir a

geração de resíduos, o uso de matérias-primas e o consumo de energia.

Os ganhos em 2002 foram obtidos com as seguintes ações: redução do consumo

de energia elétrica, aumento da reciclagem de tinta automotiva, redução do consumo de

óleo de estampagem e readaptação do sistema de abastecimento de fluido de freio. A

fábrica de Taubaté iniciou a implantação de seu SGA no começo de 2001 e, em maio de

2002, recebeu o certificado de qualidade ambiental ISO 14001.

Com capacidade de produção de 1.050 carros por dia, a fábrica possui um índice

elevado de reciclagem e reaproveitamento de materiais: 96,7%. Itens como retalhos de

aço, papel, madeira, óleos e solventes já são integralmente reaproveitados. O objetivo da

planta é implantar novas ações de desenvolvimento sustentável, visando o

reaproveitamento de recursos naturais e a redução de resíduos gerados inclusive demateriais que já são reciclados.

A Volkswagen em Taubaté, ainda, investiu na operação de um sistema de

reciclagem de água que irá recuperar e reutilizar 70% da água consumida em suas

instalações, para atividades como pintura, refrigeração e jardinagem. Fornecido pela

empresa Hidrogesp, o sistema é considerado o maior e mais moderno complexo de

reaproveitamento de água industrial da América Latina.

Segundo pesquisa feita pela Hidrogesp, apenas a fábrica da Volkswagen emPuebla, no México, possui um sistema que usa tecnologia similar, mas com capacidade

de reciclagem menor. Com a operação do novo sistema, a fábrica da companhia em

Taubaté deixará de consumir 70 mil metros cúbicos de água da rede pública por mês, o

equivalente ao gasto de 1.400 residências.

Segundo o gerente de Processos de Manufatura de Taubaté Carlos Henrique dos

Santos, a empresa prevê uma economia mensal de R$ 200 mil em relação ao custo da

água que comprava da Sabesp.

A Hidrogesp, empresa de gerenciamento integrado de recursos hídricos, investiu

R$ 5 milhões no equipamento que faz o tratamento, o armazenamento e a circulação de

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água da fábrica. No contrato com Volkswagen, segundo o diretor da Hidrogesp Antônio

Cláudio Lot, a empresa se responsabiliza pela construção e operação do sistema por

cinco anos. Nesse prazo, a Hidrogesp amortiza o investimento por meio de uma

remuneração calculada sobre o volume de água recuperada e fornecida à Volkswagen.

"A empresa trabalha no sistema Bot (building operating and transfer ) realizando toda a

implantação e operação do sistema de tratamento de água, sem nenhum investimento e

risco técnico para o cliente", explica Lot.

O mecanismo de funcionamento do sistema da Volkswagen é o mesmo aplicado

em países como Alemanha, República Tcheca e Estados Unidos. "Depois de reciclada a

água fica com um nível de qualidade superior e mais adequado ao processo produtivo,

principalmente na área de pintura. É como se fosse uma água destilada", explica Santos.

Com a operação do novo sistema, os efluentes recebem o tratamento inicial na

Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) já existente na fábrica e depois seguem para

o sistema de reuso. Os resíduos são então filtrados e bombeados sob pressão até

sistemas de membranas de ultrafiltragem, que retém os resíduos sólidos e liberam água

limpa.

Além da fábrica de Taubaté, a Volkswagen também desenvolve projeto de

reciclagem de água em São Bernardo do Campo (SP), que utiliza água extraída de poçosartesianos. Na Audi, em São José dos Pinhais (PR) e na fábrica de São Carlos (SP),

unidades mais novas, já foram projetadas para reaproveitar ao máximo á água usada no

processo produtivo. Nos últimos três anos, a fábrica da Volkswagen em Taubaté

investiu mais de R$ 16 milhões em equipamentos e instalações de proteção ambiental

(Gazeta Mercantil, 2003).

A Volkswagen do Brasil também tem reaproveitado a tinta utilizada no processo

de pintura de automóveis da fábrica de São Bernardo do Campo (SP) para produzir osisoladores acústicos que equipam os carros da marca. São cerca de 560 toneladas de

tinta que proporcionam à montadora economia de R$ 550 mil/ano, com a redução nos

custos de transporte e incineração da borra (resíduo da tinta utilizada durante o processo

de pintura) e do preço das peças compradas pela montadora.

Pelo programa o fornecedor retira a borra de tinta para usá-la na composição da

matéria-prima dos isoladores acústicos que revestem portas, assoalhos, laterais, painel

de instrumentos e caixas de roda dos veículos. Atualmente só um fornecedor participa

do programa. "A previsão é de que o reaproveitamento da borra de tinta também seja

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estendida aos demais fornecedores, assim garantimos a reutilização total do material",

conta Ricardo Gregório, gerente de Planejamento de Fábrica.

Segundo a montadora o programa trouxe uma economia de aproximadamente

R$ 280 mil por ano com a eliminação da necessidade do transporte e incineração da

borra. O programa também conseguiu reduzir em 4% o preço de cada peça comprada,

gerando economia de R$ 270 mil anuais. Além disso, "com a reciclagem da borra de

tinta a empresa também deixa de lançar substâncias tóxicas no meio ambiente", observa

Gregório.

Também na fábrica Anchieta foi instalado um secador de tintas que funciona

com o sistema de pós-queima, capaz de eliminar 98% dos solventes lançados na

atmosfera. O sistema, alimentado por gás natural, queima os solventes e odores

liberados no processo de pintura da carroceria. Além disso, o pós-queima também

economiza energia, pois o calor gerado durante a queima é reaproveitado para

aquecimento do secador e também evita possíveis multas (Portal GA, 2003).

A Taxa Interna de Retorno (TIR) é um parâmetro para saber se o investimento

realizado será compensador. Confrontando o montante necessário para o investimento

com o valor de taxas de juros existentes nas aplicações financeiras de mercado (custo de

oportunidade), estabelece-se o ponto exato onde se começa a ter lucro econômico(GITMAN, 2002).

A TIR da Volkswagen no primeiro caso equivale a aproximadamente 54,25% ao

ano, levando em consideração o investimento inicial de R$ 5 milhões. E ainda é

necessário levar em consideração o segundo caso que traz uma economia de R$ 550

mil/ano. Desta forma, se pode verificar que os investimentos da empresa na gestão

ambiental geram retorno financeiro para a mesma.

4.3 - O EXEMPLO DA BAHIA SUL

A Bahia Sul Celulose iniciou suas atividades em 1992, no município de Mucuri,

no extremo sul do Estado da Bahia, produzindo e comercializando papel e celulose. Foi

a primeira do setor a receber a certificação ISO 14001, arrecada 500 mil dólares por ano

somente com reciclagem. O projeto envolve ações básicas como redução de consumo de

água, energia, resíduos, tratamento de efluentes e estudos inovadores alternativos, como

o uso de cinza de húmus produzidos por minhocas como integrante de compostos parafertilização do solo (BRAGA, 1999).

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Conforme matéria publicada na revista Banas Qualidade (ano I, nº 2 -

outubro/99), a Bahia Sul investiu 997.344 mil dólares no primeiro ano de implantação

do Sistema Integrado de Gestão Ambiental. O projeto conseguiu se pagar 15 meses após

sua implantação. A maior parte desse dinheiro foi gasto com treinamento, que consumiu

444 mil dólares. A calibração de instrumentos e os programas de rastreabilidade

absorveram 306 mil dólares. Como não havia referências no Brasil em certificação

ambiental, houve necessidade de contratar consultoria estrangeira, envolvendo 177 mil

dólares. Para a certificação foram gastos 70 mil dólares e, finalmente, 10 mil reais

direcionados para despesas diversas. Para a manutenção do processo e desenvolvimento

de novos projetos, ela injeta cerca de 250 mil reais mensais.

Analisando os resultados financeiros da Bahia Sul na área de meio ambiente,

ainda segundo a revista Banas Qualidade, no primeiro ano ela gastou 997.344 mil

dólares para implantação do sistema. No segundo ano, houve desembolso de 211.345

mil dólares para manter o sistema (salários, treinamentos, objetivos e metas). A redução

de consumo de água trouxe para a empresa uma economia de 9.718,69 dólares ao ano.

O processo de reciclagem começou a funcionar em 1998. Registra-se um ganho de 160

mil dólares já nos 12 primeiros meses. No sexto ano de implantação, a Bahia Sul teve

uma redução de gastos com investimentos para manutenção do sistema: 198.777 mildólares.

A TIR da Bahia Sul equivale a um rendimento de uma aplicação financeira de

72,55% anual. Para se comparar, a poupança nesse mesmo período rendeu 12%

(BRAGA, 1999). Desta forma se pode verificar que, ao contrário do que muitos

pensam, investir em meio ambiente traz retornos financeiros em forma de lucros.

4.4 - O EXEMPLO DA CIA. IGUAÇU DE CAFÉ SOLUVEL

A Cia. Iguaçu foi fundada em 1967, localizada no município de Cornélio

Procópio, no Estado do Paraná, e atua na produção e comercialização de café solúvel e

seus derivados no mercado interno e externo. A empresa considera que um dos

principais fatores no desempenho de uma organização é o cuidado com o meio

ambiente.

Conforme matéria publicada na revista Meio Ambiente Industrial (ano III, nº

42 – maio/junho/03), a Cia Iguaçu investiu cerca de R$ 700 mil durante o processo decertificação, principalmente na construção de uma central de Resíduos, e em 2002

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obteve a certificação ISO 14001. Para 2003 existe uma previsão de investimentos em

torno de R$ 1 milhão para os projetos implantados.

Segundo Munhê, gerente de desenvolvimento da Cia. Iguaçu, os projetos que se

encontram em andamento são:

•  Redução do consumo global de energia em 2%, o que representara uma

economia em torno de R$ 30 mil/mês;

•  Redução do consumo de água em torno de 3% em relação a 2002, o que

corresponde a uma economia de aproximadamente R$ 6,1 mil/mês; e

•  Estação de Tratamento de Efluentes – Redução de aproximadamente

4,5litros/Kg sólido do solúvel tratado, perfazendo uma economia em tornode R$ 15 mil/mês.

Munhê ainda destaca que mudanças significativas ocorreram na empresa com a

implantação da Coleta Seletiva, em que todos os resíduos sólidos gerados pela empresa

são destinados à Central de Resíduos.

Considerando a soma das economias alcançadas com os projetos acima,

obter-se-á um valor de R$ 51,1 mil/mês, desta forma pode-se encontrar a TIR dos

projetos da Cia Iguaçu que será de aproximadamente 61,11% ao ano, o que certamente é

superior a várias aplicações encontradas no mercado financeiro.

4.5 – ANÁLISE DE DADOS

No exemplo Volkswagen a empresa investiu na implantação do SGA e obteve

redução do consumo de energia elétrica, aumento da reciclagem de tinta automotiva,

redução do consumo de óleo de estampagem, readaptação do sistema de abastecimento

de fluido de freio. Outro investimento foi no processo de reciclagem de água e outro no

reaproveitamento da tinta utilizada para pintura de automóveis. Com estas ações obteve

no primeiro caso um retorno de R$ 300 mil por mês, no segundo um retorno de R$ 200

mil mensais e no terceiro caso R$ 550 mil anuais.

No exemplo Bahia Sul, a empresa investiu na implantação do SGA e com isso

reduziu o consumo de água e iniciou um processo de reciclagem. Com estas ações a

empresa conseguiu um retorno de 9.718,69 dólares e 160 mil dólares anuais no primeiro

e no segundo projeto, respectivamente.

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No exemplo Cia. Iguaçu, a empresa investiu em projetos que visam a redução do

consumo de energia, na redução do consumo de água e em uma ETE. Com estes

projetos a empresa obteve um retorno de R$ 51,1 mil por mês.

Na Tabela 1 será mostrado a TIR dos investimentos feitos em Gestão Ambiental

em relação à taxa SELIC (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) que é a Taxa

Básica de Juros no Brasil.

Tabela 1: Relação TIR x Selic

Volkswagen Bahia Sul Cia. Iguaçu

TIR 54,25% 72,55% 61,11%

Selic (em 20/ 08/03) 22%

Diferença 32,25% 50,55% 39,11%

Fonte: Elaborada pelo autor 

Em análise fica evidenciado que os projetos relativos à Gestão Ambiental

realizados por estas três empresas trouxeram um retorno financeiro significativo, e desta

forma pode-se afirmar que o gerenciamento dos recursos naturais traz para as empresasque nele investem, além de outros benefícios, os benefícios econômico-financeiros.

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5 – CONCLUSÃO

Atualmente a população do planeta começa a se dar conta de que é preciso

preservar o meio ambiente para que as futuras gerações não sofram com os impactos

negativos da degradação ocorrida. Desta forma, todos os agentes econômicos têm de

estar comprometidos com a preservação dos recursos naturais e, com isso, podem

também, obter benefícios.

Este trabalho discutiu a respeito da Gestão Ambiental nas empresas industriais, e

abordou sobre a sua importância e os seus benefícios, principalmente o econômico-

financeiro, para as empresas que investem nessa gestão. Desta forma, pode-se perceber

como as empresas estão investindo e quais os benefícios gerados através do

gerenciamento dos recursos naturais.

A Gestão Ambiental surgiu para que as empresas tivessem condições de gerirem

de maneira correta suas atividades produtivas em relação ao meio ambiente e, com isso

evitar prejuízos devido à imposição de multas e outras penalidades, como também,

perdas de clientes e de mercado que estão cada vez mais conscientes no que diz respeito

à preservação ambiental e, não deixarão impunes as empresas que não tiverem

responsabilidade com a natureza. Assim nascem novos processos, novos sistemas,

novas maneiras de lidar com os recursos naturais que, no primeiro momento podem

parecer caros, mas a longo prazo se revertem em benefícios com a melhora da imagem

da companhia e dos seus produtos, com ganhos de mercado e principalmente em lucro.

Existe ainda, um número pequeno de empresas que investem no gerenciamento

dos recursos naturais mas, com o crescimento da consciência ambiental e da percepção

de lucro com essa gestão, começa a existir um aumento significativo de organizações

que buscam, na certificação da série ISO 14000, uma maneira de se adequarem às novas

exigências do mercado.As empresas que fazem o gerenciamento ambiental conseguem obter vários

benefícios que vão desde a conscientização dos seus colaboradores até retornos

financeiros. Algumas conseguem, com o SGA, obterem retorno sobre o investimento

acima da média conseguida no mercado. Desta forma, o investimento na Gestão

Ambiental deve ser percebido pelos empresários como uma forma de obtenção de lucro

que, como nos três exemplos, podem ter a TIR dos projetos ambientais, superior a

remuneração obtida pelos investimentos realizados no Brasil. Pois, para se ter um

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parâmetro, a Selic, que é a taxa que referencia o juros pagos no Brasil, é muito inferior

aos resultados obtidos com a Gestão Ambiental.

Os resultados conquistados pelas empresas, tanto em termos de lucratividade

quanto de imagem num cenário competitivo, são contundentes em confirmar que é

possível uma correlação positiva entre investimentos no meio ambiente e benefícios

econômico-financeiros.

O que fica evidente é que as empresas que pretendem crescer, ganhar o mercado

externo e ainda não serem multadas, têm a necessidade de investirem na Gestão

Ambiental e se adaptarem às normas ambientais. Porém, é necessário que esse novo

paradigma altere a sua cultura organizacional, não sendo caracterizado apenas como

custo ou modismo e sim como uma questão vital para a sua continuidade.

Para se chegar aos resultados o trabalho, através de uma pesquisa exploratória,

abordou os conceitos, a legislação e os benefícios relacionados à Gestão Ambiental,

com base em análises, números e relatos apresentados em pesquisas e outras

publicações sobre o tema, bem como uma análise de retorno de investimento, tomando

como exemplo três empresas industriais.

Para a conclusão deste trabalho não foi realizada pesquisa de campo, estudos de

caso ou questionários, pois existem várias pesquisas sobre o assunto e, desta forma, nãoagregaria ao tema. Bem como não foi escopo do mesmo demonstrar o que as empresas

devem fazer para implantar um sistema de Gestão Ambiental, isto porque cada

segmento de mercado pode ter uma demanda diferente para preservação ambiental.

Como o assunto relacionado ao meio ambiente e ao seu gerenciamento nas

empresas é amplo, se torna interessante a realização de futuras pesquisas sobre o tema,

principalmente em empresas comerciais e de serviços que a princípio aparentam não

agredirem o meio ambiente, mas com certeza deveriam relacionar-se com a natureza deforma a preservá-la.

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