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6ª ENCONTRO ABRI 25 A 28 DE JULHO DE 2017, BELO HORIZONTE MG, BRASIL Área Temática: Segurança Internacional, Estudos Estratégicos e Política De Defesa A GEOPOLÍTICA ENERGÉTICA RUSSA NA ERA VLADIMIR PUTIN Autor: José Késsio Floro Lemos (Universidade Federal de Pernambuco - UFPE) Belo Horizonte 2017

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6ª ENCONTRO ABRI

25 A 28 DE JULHO DE 2017, BELO HORIZONTE – MG, BRASIL

Área Temática: Segurança Internacional, Estudos Estratégicos e Política De Defesa

A GEOPOLÍTICA ENERGÉTICA RUSSA NA ERA VLADIMIR PUTIN

Autor: José Késsio Floro Lemos

(Universidade Federal de Pernambuco - UFPE)

Belo Horizonte

2017

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RESUMO

Publicado em 2003, o documento oficial intitulado Energy Strategy of the Russian

Federation up to 2020, insta o Estado russo a estar profundamente envolvido no setor de

energia para proteger o país de ameaças internas e externas. Além disso, a estratégia oficial

observa que "a segurança energética é o elemento mais importante na segurança nacional

da Rússia". Esta pesquisa tentará identificar as complexas relações entre a política energética

e a política externa da Rússia. É vasta a literatura que destaca a importância dos recursos

energéticos no processo de recuperação do protagonismo da Rússia na política internacional.

Durante a década de 90, o país esteve enfraquecido e debilitado. Afinal, o fim da Guerra Fria

e o colapso da União Soviética em 1991, transformou um Estado independente com mais de

1000 anos de tradição imperialista em um país fragmentado, marcado pelos vácuos

identitário, ideológico e político. Todavia, a chegada do presidente Vladimir Putin ao poder

gerou importantes mudanças nas diretrizes de política externa da Rússia. Neste contexto, a

proposta deste trabalho consiste em identificar os mecanismos causais que poderão

responder a seguinte pergunta de pesquisa: o que motivou Vladimir Putin a reestruturar o

setor energético da Rússia? Quais são as causas e a função para a estratégia internacional

da Rússia no início dos anos 2000? Os mecanismos causais estão divididos em dois níveis

de análise: 1- nível regional/internacional; 2-nível doméstico. O projeto que propomos baseia-

se na hipótese de que o enfraquecimento da posição relativa da russa na distribuição de poder

internacional gerou incentivos para a reestruturação do setor energético do país. Ou seja, a

energia passou a ser vista como um fator chave na construção do poder político e econômico

do país e na formação do comportamento do Kremlin nas relações internacionais.

PALAVRAS-CHAVE: RUSSIA, GEOPOLÍTICA, ENERGIA, PUTIN.

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INTRODUÇÃO

A Rússia está de volta ao tabuleiro da geopolítica internacional. Passados um pouco

mais de vinte e cinco anos desde dissolução da URSS, o ensejo de entender e investigar a

Rússia não se esvaeceu. Continua bem vivo e mantém-se vivo pelo fato de que ainda há mais

perguntas do que respostas a respeito do objetivo, do caminho e do modelo da evolução da

Rússia desde 1991. Uma falta de clareza, quanto ao lugar que a Rússia ocupa e pretende

ocupar no mundo contemporâneo leva a comunidade acadêmica a buscar respostas a

respeito. Sendo assim, sob esse pretexto está ancorada esta pesquisa.

É notória a importância dos recursos energéticos no processo de recuperação do

protagonismo da Rússia na política internacional. Durante a década de 90, o país esteve

enfraquecido e debilitado. Afinal, o fim da Guerra Fria e o colapso da União Soviética em 1991,

transformou um Estado independente com mais de 1000 anos de tradição imperialista em um

país fragmentado, marcado pelos vácuos identitário, ideológico e político. No entanto, a

chegada do presidente Putin ao poder gerou importantes mudanças nas diretrizes de política

externa da Rússia.

Publicado em 2003, o documento oficial intitulado Energy Strategy of the Russian

Federation up to 2020, instou o Estado russo a estar profundamente envolvido no setor de

energia para proteger o país de ameaças internas e externas. Além disso, a estratégia oficial

observa que "a segurança energética é o elemento mais importante na segurança nacional

da Rússia". Deste modo, esta pesquisa tentará identificar as complexas relações entre a

política energética e a política externa da Rússia.

A energia impacta várias manifestações de poder, como o poder político, militar,

econômico e tecnológico (FUSER, 2013) A elite governante da Rússia considera a energia

como o motor do crescimento econômico e a base para a afirmação do país como uma

superpotência na política internacional (MANESS; VALERIANO, 2015). Ao contrário do que

muitos sugerem, a Rússia ainda não é uma "superpotência energética”. Em comparação com

as principais economias da Europa Ocidental, o país ainda é uma potência relativamente

fraca, com um produto interno bruto per capita seis vezes menor do que o dos EUA (WORLD

BANK, 2017c). No entanto, a importância do país como o principal exportador da Eurásia,

combinada com o seu assento permanente no Conselho de Segurança da ONU e com o seu

enorme arsenal de armas nucleares, tornam-no um jogador regional chave com ambições e

estratégias globais. Enquanto a Rússia vê novas oportunidades de abertura nos mercados

internacionais devido ao seu potencial energético, o mundo exterior está observando o

crescimento do protagonismo de Moscou com grande preocupação.

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Em documentos oficiais, a Rússia declara como grande objetivo preservar e fortalecer

a sua soberania e integridade territorial, alcançando uma posição firme e de prestígio na

comunidade mundial, totalmente consistente com os interesses da Rússia como grande

potência (RUSSIA, 2017). Além disso, o país se autodeclara um dos centros mais influentes

do mundo moderno. Por essa razão, para o governo russo, o país precisava se reerguer.

As mudanças no contexto internacional e as dificuldades financeiras do Kremlin

fizeram com que apenas o seu arsenal nuclear e o assento permanente no CS da ONU fossem

pouco relevante no início dos anos 2000. Sendo assim, Moscou decidiu usar outros

instrumentos de política externa disponível afim de recuperar o seu estatuto de superpotência.

O novo governo logo passou a se ocupar com a difícil tarefa de moldar novas

identidades políticas nacionais e estrangeiras. Inicialmente, Moscou decidiu abandonar

importantes instrumentos de política externa, tais como o hardpower1 político e ideológico da

era soviética. Assim, o país passou utilizar outros métodos para fortalecer sua posição na

arena internacional e consolidar sua influência dentro da área da antiga União Soviética - que

durante a década de 90 foi alvo de intensas investidas diplomáticas dos EUA (GHALEB,

2011). Um dos principais instrumentos escolhidos foi o a energia (MANESS; VALERIANO,

2015).

No que concerne a capacidade energética da Rússia, atualmente o país é o segundo

maior produtor de gás natural do mundo e o terceiro maior produtor de petróleo

(INTERNATIONAL ENERGY AGENCY, 2016). Os recursos energéticos da Rússia passaram

a ser a principal prioridade econômica e política no início da Era Putin. As principais

orientações da política energética russa foram elaboradas pela Administração Presidencial no

contexto da gestão dos recursos minerais russos e, em contraste com a posição do Kremlin

no setor da energia durante os anos 90, implicaram o estabelecimento de níveis mais firmes

de controlo estatal sobre os recursos energéticos.

A poderosa capacidade de suas reservas fez o país emergir como um player cada vez

mais importante nos mercados globais de energia - devido à sua posição como um importante

fornecedor de petróleo e gás natural, particularmente para a Europa. Além disso, as

exportações de energia da Rússia desempenharam um papel central na recuperação da

economia da Rússia após a crise financeira de 1998 (BOCHKAREV, 2006; DELLECK, 2011).

No entanto, até início do século XX a capacidade do Estado russo de gerenciamento

dos seus recursos energéticos era bastante limitada. As mudanças ocorridas após o fim da

URSS descentralizaram as decisões no setor, fazendo o Estado perder o controle sobre as

1 Conceito usado pela vertente realista das relações internacionais e designa a capacidade de um corpo político (geralmente, um Estado) de influenciar ou exercer poder sobre o comportamento de outro, mediante o emprego de recursos militares e econômicos.

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decisões políticas do setor energético e também sobre os recursos provindos das

exportações.

Nesse sentido, o principal objetivo desta pesquisa é explicar o que levou a Rússia a

reestruturar o setor energético do país. Investigaremos as causas dessa decisão e a sua

função para a estratégia internacional da Rússia no início dos anos 2000. Essa proposta de

explicação passa pela elucidação das condições, dos antecedentes, dos fatores causais e da

motivação para a ação. De uma maneira mais ampla, o nosso problema consiste em explicar

uma decisão de política interna com evidentes motivações e objetivos de política externa.

Importante salientar que a presente pesquisa é apenas um fragmento de um projeto

de dissertação em andamento. Os resultados apresentados são parciais. Em suma, iremos

abordar aqui apenas uma dimensão de análise em relação a proposta original do projeto, que

é uma visão sobre o espectro sistêmico da discussão. Fatores domésticos serão analisados

com mais profundidade no âmbito global do projeto.

A RÚSSIA NA ORDEM INTERNACIONAL

Historicamente, a Rússia sempre é lembrada como um importante player na política

internacional. A influência do país no exterior não se limita a seus suprimentos de energia -

como é para a Arábia Saudita, mas se estende do seu status de potência nuclear para a

participação no BRICS, sem mencionar seu assento permanente no Conselho de segurança

da ONU.

No entanto, a dissolução da União Soviética (URSS) no início da década de 1990 e o

enfraquecimento de seu maior pilar – a própria Rússia, representou uma alteração na ordem

internacional. O nível alarmante do declínio russo é percebido pelo fato de que o país foi a

“única potência no século XX, cujo padrão de vida e a expectativa caíram a níveis de

subdesenvolvimento” (HAGE, 2013, pp. 23). Seu Produto Interno Bruto (PIB) despencou pela

metade. Ou seja, a Rússia havia sucumbido em meio a uma guerra fria.

Aproveitando-se de sua fragilidade, os Estados Unidos da América começaram a

estender sua influência em direção da área ex-URSS. Em 1996, o então presidente Bill Clinton

(1993-2001) os EUA se recusaram a ratificar o Tratado de Proibição Total de Testes, bem

como as mudanças que no SALT 2 (Strategic Arms Limitation Talks) 2, estabelecia um maior

controle sobre armas estratégicas. Já durante o mandato de George W. Bush (2001-2009),

os EUA deixaram o Tratado de Mísseis Antibalísticos (ABM), que havia sido celebrado em

2 As Conversações sobre Limites para Armas Estratégicas (mais conhecidas em inglês como Strategic Arms Limitation Talks ou SALT) são duas rodadas de negociações bilaterais e consequentes tratados internacionais entre a União Soviética e os Estados Unidos, as superpotências da Guerra Fria, acerca do tema do controle de armas nucleares. Houve duas rodadas de acordos: SALT I e SALT-II.

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1972 com então URSS (BANDEIRA,2013). Além disso, a Casa Branca decidiu empenhar-se

no estabelecimento de um sistema de defesa antimísseis na Polônia e República Tcheca.

Todos esses acontecimentos foram minando as frágeis garantias de segurança que a

Rússia havia recebido ao final da Guerra Fria. A maior dessas garantias era o compromisso

do EUA de que a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte)3 não se expandiria para

áreas adjacentes ao espaço pós-soviético. No entanto, ainda na administração do presidente

Clinton, ficou evidente que os EUA agiriam de outra forma. Em meados da década de 1990 a

expansão da OTAN começou a ser consolidada. O primeiro alargamento da organização

trouxe a sua esfera a República Tcheca, Hungria e Polônia. O segundo ocorrei em 2004, e

incluiu a Bulgária, Estônia, Lituânia, Letônia, Romênia, Eslováquia e Eslovênia

(MEARSHIMER, 2014).

A expansão da OTAN é vista pelos líderes de Moscou como uma continuação da

Guerra Fria e uma tentativa de cercar e isolar a Rússia. Por diversas vezes o então presidente

Boris Yeltsin (1991-1999) demostrou grande insatisfação da Rússia ante o engajamento da

organização em no “quintal” russo. Todavia, durante a década de 1990 a Rússia estava

enfraquecida demais para reagir. Ademais, durante o mandato de George W Bush (2001-

2009) os EUA invadiram o Iraque, uma iniciativa unilateral que desrespeitou o Conselho de

Segurança da ONU. Desta forma, Bush acabou enfraquecendo todos os “fundamentos da

ordem internacional e, consequentemente, da paz possibilitada pelo fim da Guerra Fria”

(BANDEIRA, 2013, p. 111).

O INICIO DA ERA VLADIMIR PUTIN

O período de 2000-2008 corresponde aos anos da primeira “era Vladimir Putin” como

Presidente da Federação Russa. Em meados do primeiro ano de seu mandato, mais

precisamente no dia 28 de junho, um documento intitulado The Foreign Policy Concept of the

Russian Federation foi aprovado pelo novo presidente russo. Neste documento havia

recomendações explicitas quanto aos objetivos da política externa de Moscou. Entre esses

objetivos, destacam-se os seguintes: “preservar e fortalecer a soberania e integridade

territorial [da Rússia], alcançar uma posição firme e de prestígio na comunidade mundial,

totalmente consistente com os interesses da Rússia como grande potência, um dos centros

mais influentes do mundo moderno, e que são necessários para o crescimento do seu

3 Organização do Tratado do Atlântico Norte: aliança militar intergovernamental baseada no Tratado

do Atlântico Norte, que foi assinado em 4 de abril de 1949. A organização constitui um sistema de defesa coletiva através do qual seus Estados-membros concordam com a defesa mútua em resposta a um ataque por qualquer entidade externa à organização.

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potencial político, econômico, intelectual e espiritual” (THE FOREIGN POLICY CONCEPT OF

THE RUSSIAN FEDERATION, 2000).

Desde o início de seu mandato, Putin pretendia restaurar a economia russa usando a

indústria de energia como uma alavanca. Em 1997, o então futuro presidente submeteu uma

tese à Universidade de São Petersburgo sobre o papel dos recursos naturais no

desenvolvimento econômico. De acordo com sua peça, publicada em 2000 (mas indisponível),

o desenvolvimento da Rússia exigia a exploração das reservas de energia do país para

alavancar o Estado (DELLECK; GOMART, 2011). O cálculo era simples: a fim de acompanhar

as economias mais avançadas do G7, a Rússia precisava atingir uma taxa de crescimento

anual de quatro a seis por cento anuais. Este programa, que Putin implementou após a adesão

à presidência, parece ter dado fruto, já que o crescimento anual da Rússia entre 2000 e 2008

foi de cerca de seis por cento. Para alcançar tais resultados, Putin precisou liderar uma grande

reestruturação no setor energético do país.

Figura 1- Produto Interno Bruto da Rússia

Fonte: Banco Mundial, 2017

As recomendações elencadas pelo documento colaboram com o que John J.

Mearsheimer afirma em um artigo publicado na revista Foreign Affairs (MEARSHIMER, 2014).

Nele, o teórico americano defende a hipótese que o engajamento político dos EUA no

chamado “espaço pós-soviético”4 e a expansão da OTAN em direção às regiões adjacentes

à Rússia, iniciada na década de 1990, despertou no Kremlin um grande desconforto e

apreensão. Pois, ao fim da Guerra Fria os líderes russos deixaram claro que não queriam a

4 Países que faziam parte da URSS (extinta em 1991).

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expansão da organização e a intromissão dos EUA e da Europa no seu entorno estratégico.

Em 2007, Vladimir Putin alertou que “os Estados Unidos haviam ultrapassado suas fronteiras

nacionais em todos os setores”, o que era “muito perigoso”, e mostrou-se totalmente contrário

à expansão da OTAN, o que ele chamou de “uma organização político-militar que reforça sua

presença em nossas fronteiras” (PUTIN apud BANDEIRA, 2013, p. 111).

O descumprimento dos acordos por parte do Ocidente trouxe à tona uma percepção

de fragilidade na consciência dos policymakers russos. Afinal, a OTAN representava uma

instituição inimiga da antiga URSS. Não obstante, o saudosismo de uma época em que a

Rússia era uma superpotência mundial perseguia o imaginário de muitos no país. Este cenário

tornou-se um terreno fértil para o surgimento de uma onda nacionalista que favoreceu o

fortalecimento político de grupos que defendiam a necessidade do Estado russo reagir e se

reerguer. Nesse contexto, Vladimir Putin chegou ao poder.

MUDANÇAS INTERNAS

A reestruturação do setor energético russo

Ao assumir a presidência em 2000, Vladimir Putin encontrou um governo que não

detinha um expressivo controle do setor de petróleo e gás do país. O dinheiro do petróleo

muitas vezes contornava o orçamento do Estado, tornando difícil para o governo planejar e

controlar o seu fluxo financeiro (DELLECK; GOMART, 2011). Além disso, os novos barões do

petróleo tornaram-se mais envolvidos na política. Como um meio de isolar seus negócios da

burocracia russa, estes vendiam suas ações para empresas estrangeiras. Ao mesmo tempo,

os preços mundiais do petróleo e do gás começaram a subir. Diante dessa realidade, a

administração do novo governo logo decidiu tomar medidas com o objetivo de controlar o setor

energético e canalizar as crescentes receitas da energia a favor do Kremlin.

No primeiro ano do governo Putin houve uma grande reestruturação no Ministério de

Combustíveis e Energia - que passou a ser chamado Ministério da Energia. Nessa

reestruturação, o ministério perdeu muitas das suas responsabilidades para com outras

instituições estatais (HENDERSON; FERGUSON, 2014). A responsabilidade pela alocação

de quotas foi transferida para uma comissão especial controlada pelo vice-primeiro-ministro.

Em março de 2004, todas as antigas estruturas ministeriais haviam sido alteradas e divididas.

Todos os ministérios federais agora estavam sob a jurisdição direta do presidente. Além disso,

nove ministérios federais também foram colocados sob a jurisdição do primeiro-ministro,

incluindo o novo Ministério da Energia (BOCHKAREV, 2006).

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A reestruturação da Gazprom

A partir de 2005, a Gazprom se tornou a principal empresa responsável pelo controle

do setor energético da Rússia. Em 2000, o Kremlin buscou maior controle sobre a empresa,

que era majoritariamente privada (DELLECK; GOMART, 2011). Um novo presidente do

conselho de administração da empresa foi eleito, e Chernomyrdin foi substituído por Dmitry

Medvedev como vice-chefe da administração presidencial. Rem Vyakhirev e a sua equipa de

gestão, que controlara a empresa por 10 anos, foram substituídos por uma nova equipe de

St. Petersburg, liderada por Aleksei Miller Vyakhirev. Vyakhirev perdeu o direito de administrar

a participação do estado na Gazprom. Todos os postos financeiros chave foram dados à

equipe de St. Petersburg. Até maio de 2005, apenas três dos dezanoves membros do Comité

de Gestão anterior permaneceram (BOCHKAREV, 2006).

As mudanças de propriedade no setor energético russo, ocorridas entre 2004-2005,

envolveram a troca dos oligarcas do petróleo e dos ex-burocratas soviéticos por aliados do

Kremlin. Após a reestruturação, os novos atores do petróleo – chamados de "St. Petersburg

", passou a controlar quase 60% da produção de petróleo e quase toda a produção de gás na

Rússia. A reestruturação foi acompanhada por uma "fusão mania" (ROSNER, 2006). Ou seja,

o Kremlin procurou assumir o controle de outras empresas do setor, como Surgutneftegas,

Slavneft, pelo menos metade da TNK-BP, e os restos de Yukos, usando os gigantes estaduais

Rosneft e Gazprom como veículos de consolidação. Um benefício adicional da perspectiva do

Kremlin era que poderia controlar mais facilmente duas empresas de petróleo e gás

consolidadas do que muitas empresas regionais e privadas.

Depois de tomar Gazprom sob o controle do Estado, Vladimir Putin assinou emendas

à Lei Federal "Sobre o fornecimento de gás na Federação Russa", permitindo que o governo

tenha uma participação majoritária no monopólio de gás (ROSNER, 2006). No entanto, a

liberalização das ações não significou que o governo estivesse pronto para liberalizar a própria

indústria do gás. O objetivo era estabelecer disciplina no processo orçamentário da empresa

e tornar as transações financeiras mais transparentes para atrair investimentos estrangeiros

(BOCHKAREV, 2006).

É interessante observar que o nível de ambições internacionais da Rússia parece ter

aumentado proporcionalmente aos preços da energia e da reestruturação do setor de energia.

Quando foi eleito presidente em março de 2000, Putin enfrentou um considerável desafio de

política externa. Putin tinha que encontrar uma espécie de terceira via entre o vínculo entre a

política externa e interna ocidentalizante dos últimos anos de Gorbachov e os primeiros anos

de Yeltsin e a política externa anacrónica e geopolítica da segunda metade e do século

passado.

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A RÚSSIA SOB O PRISMA TEÓRICO

Para a teoria realista neoclássica das Relações Internacionais a variável independente

com a qual a política externa é explicada é a preocupação dos Estados pela posição relativa

que ocupam na distribuição de poder internacional (LOBELL, RIPSMAN E TALIAFERRO,

2009). Ao mesmo tempo, o realismo neoclássico (re)introduz de maneira sistemática os

fatores domésticos em suas explicações de política externa: recursos (no nosso caso recursos

energéticos), capacidade de mobilização, influência dos atores sociais domésticos e grupos

de interesse, nível de coesão das elites, etc. Esses fatores não são considerados os

determinantes principais das políticas externas, mas sim variáveis intervenientes, presentes

em modelos que dão prioridade explicativa aos fatores sistêmicos. Sendo assim, o realismo

neoclássico pode oferecer as melhores explicações para o nosso problema de pesquisa.

Ou seja, o enfraquecimento da Rússia no sistema internacional, segunda tal teoria,

seria um fator de influência na política externa do Kremlin. Apesar das multidimensões de

análise existentes no estudo das Relações Internacionais, focaremos aqui no realismo

neoclássico, haja vista parecer oferecer explicações mais fundamentadas com as pretensões

dos governantes russos.

Não obstante, em uma clássica produção dos estudos internacionais na década de

1970, Jeffrey Hart publicou um artigo intitulado Three Approaches to the Measurement of

Power in International Relations, nele o autor defende a hipótese de que o poder do Estado

pode ser concebido em três níveis: (1) recursos ou capacidades, (2) conversão de

capacidades através de processos nacionais; (3) e o poder dos resultados. O ponto de partida

para pensar e o desenvolvimento de métricas para o poder nacional é ver os Estados como

"contêineres de capacidade". No entanto, essas capacidades - demográficas, econômicas,

tecnológicas e de recursos naturais - apenas se manifestam através de um processo de

conversão. Os Estados precisam converter recursos materiais em instrumentos mais

utilizáveis, como a habilidade de combate. No final, no entanto, eles se preocupam com o

poder nos resultados (HART, 1976).

A Teoria Geopolítica (política aplicada sobre os espações geográficos) tem na variável

energia um componente central na sua formulação. O Excedente de poder gerado pelo

domínio do espaço geográfico, que falam Ratzel, Mackinder, Haushofer, Spykman e outros,

tem na capacidade de geração de energia um elemento fundamental. Segundo estes autores,

o controle das fontes de energia é elemento central de poder e de riqueza e, também, central

no jogo das relações internacionais. Afinal, a energia é um elemento fundamental para o

funcionamento de todos os setores de um país, como comunicação, transporte,

desenvolvimento social, qualidade de vida e operacionalização de forças militares. Assim, “a

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segurança energética se insere no processo de securitização das nações”. (MONIÉ;

BINSZTOK, 2012, p. 20).

De volta ao jogo

No que concerne ao poder de obter resultados desejados, a Rússia se destaca como

o principal fornecedor de energia da União Europeia (UE), que importa quase um terço do seu

petróleo e quase metade do seu gás natural da Rússia - embora o nível de dependência difere

muito entre os Estados membros da UE (PEROVIC, 2009). Essa aguda dependência que a

EU tem dos suprimentos energéticos russos potencializa a capacidade de exercer pressão

política sobre o continente, que vale salientar, é a região onde se concentra a maioria dos

membros da OTAN.

Sendo assim, “há como afirmar que a energia para a Rússia é instrumento de política

que deve ser usado para “disciplinar” vizinhos que eventualmente perdem o acato de Moscou”

(HAGE, 2013). Assim foi feito durante as “revoluções coloridas”. Na Ucrânia, por exemplo,

eleições que escolheram para a presidência candidatos com linhas independentes, que

preferiram diminuir relações com a Rússia foram duramente retaliados. Em 2008 houve uma

clara manifestação disso. “O corte no envio de gás no período de inverno e a subida no preço

do metro cúbico exportado são elementos de pressão que os dirigentes russos podem fazer

em sinal de descontentamento (HAGE, 2013, p. 208).

Nesse sentido, o nacionalismo energético russo pode ser entendido como um esforço

objetivando a conversão da imensa capacidade energética da Rússia em poder e influência

na ordem internacional. Esse processo é apontado como motor do ressurgimento russo nos

últimos anos (BOCHKAREV, 2006; DELLECK, 2011). O aumento do protagonismo da Rússia

nas relações internacionais é considerado um resultante da estratégia de instrumentalizar o

controle sobre sua capacidade energética para alavancar sua economia e usar a exportação

de gás e petróleo como arma política no plano internacional. O “petróleo e o gás natural são

meio para se chegar a outro patamar, o de reforçar as bases para que o país tenha condições

de exercer uma política exterior de maior envergadura” (HAGE, 2013, p. 209).

QUADRO 1

Posição relativa de um Estado no sistema internacional

Fatores domésticos

Política Externa

Fonte: Elaborado pelo autor

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Vale salientar que o crescimento russo nesse século foi alimentado por uma

considerável alta nos preços do petróleo e gás. Esse aumento turbinou as receitas de Moscou,

financiou o aumento de sua força militar, aumentando seu poder de atuação no tabuleiro da

geopolítica internacional.

Figura 2 – Orçamento Militar Russo (% do PIB)

Fonte: Banco Mundial, 2017b

Deste modo, a energia tem sido um fator chave na formação das relações externas da

Rússia, tanto no contexto eurasiano como global. Este desenvolvimento levanta uma série de

perguntas para a Rússia e o Ocidente: como a Rússia usará o poder que ela ganha com sua

riqueza energética e como o Ocidente deve reagir ao novo peso político da Rússia?

As respostas para tais perguntas passam pela compreensão dos momentos iniciais

desse turning point na dinâmica entre a política energética e externa do Estado russo. Assim

sendo, essa pesquisa buscou contribuir para essas questões.

Assim, a proposta dessa pesquisa buscou explicar quais mecanismos, afinal,

estiveram por trás da proposta russa para a reestruturação do setor energético do país, a sua

motivação e o sentido estratégico. Posto isto, a pergunta de nossa pesquisa é a seguinte:

O que motivou Vladimir Putin a reestruturar o setor energético da Rússia? Quais são as

causas dessa decisão e qual a sua função para a estratégia internacional da Rússia no

início dos anos 2000?

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A resposta para essa pergunta pode ser observada no quadro abaixo:

FIGURA 3 - Mecanismo causal entre Y e X.

1) Nível Regional/Internacional

• Aproximação política dos EUA sobre que países vizinhos (ex -repúblicas soviéticas)

• Expansão da OTAN

• Deterioração das condições de segurança

• Percepção de vulnerabilidade

• Aumento nos preços mundiais da energia

2) Nível Doméstico

• Descentralização no controle dos recursos energéticos

• Recursos provindos da exportação de energia contornavam o orçamento do governo

• Fragilidade política e econômica do Estado ante as ameaças externas

Fonte: Baseado em (TEIXEIRA JUNIOR, 2013)

Esses fatores se ligam ao projeto de Política Externa do mandato do governo Vladimir

Putin, o qual buscou instrumentalizar a capacidade energética russa com uma ferramenta

para a realização dos interesses nacionais. Ou seja, a energia passou a ser vista como um

fator chave na construção do poder político e econômico no país e na formação do

comportamento do Kremlin nas relações internacionais

CONSIDERAÇÃO FINAIS

A energia transformou a economia da Rússia após o seu declínio durante a década de

1990. A riqueza gerada pelas exportações de petróleo e gás proporcionou recuperação

econômica e estabilização política, além de ter contribuído significativamente para a

assertividade da Rússia como uma grande potência. A energia tem sido um fator chave na

formação das relações externas da Rússia, tanto no contexto eurasiano como global

(GHALEB, 2011). A União Europeia e países vizinhos - como Ucrânia e Geórgia - dependem

substancialmente do fornecimento de gás natural da Rússia, que pode moldar as relações

Condições necessárias e Suficientes

Mecanismos Causais (Y)

Resultado (X). Iniciativa da Rússia

de reestruturar seu

setor energético

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com tais países utilizando a energia como arma política. Ou seja, oferecendo suprimentos

energéticos mais baratos para países aliados e/ou onerando os preços e até mesmo

interrompendo o fornecimento de gás e/ou petróleo para países hostis aos interesses de

Moscou.

O papel da Rússia como grande produtor de petróleo e gás fortaleceu o Estado russo

em relação à sociedade civil nacional, minou a democratização e as reformas de mercado e

encorajou a Rússia a buscar uma política externa mais ativa e agressiva. Afinal, o monopólio

sobre a maior parte do fornecimento de energia europeu concede a Moscou um poder político

considerável sobre grande parte dos países membros da OTAN - fato que é visto com muita

desconfiança pelo Ocidente.

Sendo assim, defendemos a hipótese de que a iniciativa russa de nacionalizar o setor

energético do país resulta da priorização da política energética para os objetivos de Política

Externa: ampliação da posição relativa do país na distribuição de poder internacional. Através

do controle da máquina energética do país, o Estado russo passou a ter maiores receitas e

maior poder político sobre os países importadores de suas fontes energéticas. Ou seja, a

importância da reestruturação do setor energético da Rússia foi crucial para essa maior

assertividade. Afinal, antes da Era Putin o Estado russo tinha pouco controle sobre as

decisões do setor e pouca participação nas receitas, fato que criava um imenso vácuo entre

as capacidades de poder da Rússia e o processo de conversão destes como instrumentos de

maximização de influência e poder.

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