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ALLIANCE FOR FOOD SOVEREIGNTY IN AFRICA A ÁFRICA DEVE PROIBIR JA O GLIFOSATO! Agosto 2019

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ALLIANCE FOR FOOD SOVEREIGNTY IN AFRICAA ÁFRICA DEVE PROIBIR JA O GLIFOSATO!PO Box 29170, Melville 2109, South Africa

www.acbio.org.za

P. O Box 571 , Kampala, Ugandawww.afsafrica.org

Agosto 2019

ALLIANCE FOR FOOD SOVEREIGNTY IN AFRICA

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ALLIANCE FOR FOOD SOVEREIGNTY IN AFRICA

O African Centre for Biodiversity (previamente ‘Biosegurança‘) for estabelecido em 2003 e registado em 2004. O ACB realiza pesquisa e análise, aprendizagem e intercâmbio, capacitação e apoio de movimentos, advocacia para ampliar a conscientização, catalisar acções colectivas e influenciar a tomada de decisões em questões de biossegurança, modificação genética e tecnologias novas, leis de sementes, sistemas de sementes de camponeses e agricultores, biodiversidade agrícola, agroecologia, expansão corporativa na agricultura Africana e soberania alimentar em África.

www.acbio.org.za PO Box 29170, Melville 2109, Johannesburg, South AfricaTel: +27 (0)11 486 1156

A Aliança para a Soberania Alimentar em África (AFSA) é uma extensa aliança de diferentes actores da sociedade civil que fazem parte da luta pela soberania alimentar e pela agroecologia na África. Estes incluem: organizações de camponeses e agricultores africanos, redes de ONGs africanas, ONGs africanas especializadas, movimentos de consumidores em África, organizações internacionais que apoiam a posição da AFSA e indivíduos. Os seus membros representam camponeses e pequenos agricultores, pastoralistas, caçadores / colectores, povos indígenas, instituições religiosas e ambientalistas de toda a África. É uma rede de redes e actualmente com 30 membros activos.

P. O Box 571 , Kampala, Ugandawww.afsafrica.org

Esta publicação está licenciada sob uma Licença Internacional de Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0. Esta publicação pode ser compartilhada sem modificação para uso não comercial, desde que o African Centre for Biodiversity (Centro Africano para a Biodiversidade) seja reconhecido como a fonte. Um acordo prévio por escrito é necessário para qualquer uso comercial de material ou dados derivados desta publicação.

Agosto 2019

Imagem da capa: Helen DayEditor de cópia: Liz SpargTradutora: Paula CardosoDesenho de layout e gráficos: Adam Rumball, Sharkbuoys Designs, Johannesburg

Agradecimentos Agradecemos a pesquisa e as contribuições por escrito de Sasha Mentz-Lagrange e as contribuições de Li Li Ching, Eva Sirinathsinghji e Mariam Mayet. Estamos gratos a vários doadores pelo seu apoio leal.

Os pontos de vista e as opiniões expressas neste relatório são as do ACB e não reflectem necessariamente a política ou a posição oficial dos doadores.

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Conteúdo Acerca deste artigo 3Resumo 3Introdução 5O que é o glifosato e como funciona? 7Como e qual a extensão do uso do glifosato? 7Como é que o glifosato está a ser usado e como é que as pessoas são expostas? 9

Vítimas na linha de frente: agricultores e trabalhadores rurais 9Vítimas na segunda-linha: pessoas que vivem próximo das áreas pulverizadas 10Vitimas na Terceira-linha: consumidores ingerindo ou expostos a glifosato e a resíduos dos HBG 10

Desmantelando os mitos 11Mito #1: o glifosato é inócuo para humanos e mamíferos 12 Mito #2: A Monsanto acreditou genuinamente o Roundup ser seguro 12Mito #3: Qualquer exposição ao glifosato e aos HBG está ‘abaixo dos limites’ 13

Os Africanos devem confiar na ‘ciência’ de quem? 13Novas evidências esmagadoras confirmando a toxicidade do glifosato 14Qual é a posição da África? 16Chamada a acção imediata 18

Agora é a hora 18A próxima fronteira de pesticidas 20

Recomendações para acção imediata 21Acrónimos e abreviações 23Glossário de termos 23Referências 24

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2 A ÁFR ICA DEVE PROI BI R JÁ O GLI FOSATO! Crédito fotográfico: Joseph Ntawumeny, Développement des Horticulteurs au Burundi

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Acerca desteartigo Através do mundo, seja no hemisfério sul ou no hemisfério norte, as restrições e proibições definitivas ao uso de glifosato cresceram a um ritmo incrível nos últimos meses, como resultado de novas evidências significativas sobre a toxicologia do químico.

Neste artigo, examinamos esta questão altamente contestada sob uma perspectiva africana e fazemos argumentos convincentes sobre por que os governos africanos deveriam proibir imediatamente o glifosato e os herbicidas baseados em glifosato (HBG) nos seus respectivos países. Este apelo para a proibição do glifosato e dos HBG está enraizado na esmagadora evidência da toxicidade do químico e no facto de que sua actual omnipresença pode se tornar muito mais pronunciada com o aumento do uso de culturas geneticamente modificadas (GM) tolerantes a herbicidas (notadamente Roundup, marca registada da Monsanto para as culturas de glifosato), sendo ao mesmo tempo promovido como ‘não-tóxicas’.

Além da proibição do glifosato, os responsáveis africanos por tomar decisões devem enfrentar os riscos apresentados pelo inevitável aumento no uso de outros pesticidas (às vezes igualmente ou mais tóxicos que o glifosato) que provavelmente inundarão os mercados como substitutos do glifosato e dos HBG, especialmente à medida que os países industrializados banem progressivamente essas substâncias nos seus países. Herbicidas que são motivo de grande preocupação incluem o ácido 2,4-diclorofenoxiacético (2,4-D) (especialmente devido à aprovação recente de culturas tolerantes ao 2,4-D Dicamba), assim como o paraquat. A única formaa dos países africanos escaparem deste ‘encerro’ do caminho agroquímico é desenvolver e promover activamente alternativas agrícolas agro-ecológicas e outras não-químicas para o seu sector agrícola e adoptar agentes alternativos comprovados de controle de ervas daninhas para áreas urbanas.

Resumo • Globalmente, o glifosato e o aditivo

usado nas formulações penetraram todas as esferas do meio ambiente e as cadeias alimentares. A persistência e a

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omnipresença destas substâncias químicas colocam-nos à beira de uma das maiores crises de saúde que a humanidade poderá enfrentar. Esta crise já se está a manifestar fortemente, como evidenciado pelo abundante número de condições de saúde e doenças crônicas que têm aumentado ao mesmo ritmo que o uso do herbicida à base de glifosato (HBG) em todo o mundo – especialmente na América Latina, onde envenenamentos generalizados têm sido relatados (como resultado da aplicação aérea) – e como legalmente reconhecido por três processos judiciais recentes nos EUA.

• Entre 2015 e 2019, houve um aumento significativo em países que implementaram proibições totais ou proibições parciais no uso de glifosato e HBG. Em Julho de 2019, a Áustria tornou-se o primeiro país europeu a proibir totalmente o glifosato.1 Mas muitos países, especialmente no Sul Global, já tinham tomado este passo. Proibições nacionais estão em vigor em Omã, Arábia Saudita, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Catar, Sri Lanka (com uma suspensão parcial para culturas específicas), São Vicente e Granadinas e Vietnam. Proibições subnacionais também estão em vigor em muitos países onde os estados federais (Punjab e Kerala na Índia) ou municípios (Bruxelas e muitas cidades inglesas e espanholas) proibiram o uso do glifosato. O uso privado dos HBG foi proibido na Holanda (2015), Suécia (2017), Bélgica (Outubro de 2018) e França (2019), e o uso restrito também está em vigor em muitos países.

• Na África, apenas um país, o Maláui, teria proibido a importação de glifosato e HBG.

• No continente africano, uma crise silenciosa está-se a desdobrar, já que a atribuição de doenças e mortalidade a pesticidas é mais difícil de estabelecer do que em qualquer outro lugar do mundo, pois há uma escassez de casos documentados de envenenamento agudo e crônico, e há significativa sob-reportagem. Isso é particularmente preocupante, já que os HBG (incluindo o Roundup) são extensamente usados em África – tanto na agricultura como em ambientes urbanos e rurais – como um herbicida de amplo espectro.

• Embora pouco documentado, o uso do glifosato na África seguiu a vertiginosa

tendência global, com a África do Sul sendo responsável pela maior parte do consumo de glifosato e dos HBG no continente.

• As aprovações actuais de glifosato e HBG baseiam-se em dados desesperadamente desactualizados, que muitas vezes são o produto da interferência da indústria agroquímica.

• Um facto largamente desconhecido pelo público e especialmente pelos tomadores de decisão é que os ingredientes ‘inertes’ ou adjuvantes (auxiliares) usados na formulação do Roundup tornam-no mais tóxico do que o glifosato sozinho.

• Mas isso não isenta o glifosato de permanecer na lista de perigo. Em 2015, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Cancro da Organização Mundial de Saúde (IARC) anunciou que o glifosato é ‘provavelmente carcinogénico para humanos’.2 Como este achado foi constantemente investigado e contestado por outras agências e pela indústria, o IARC teve que confirmar repetidamente que ‘tinha encontrado provas ‘fortes’ de genotoxicidade, tanto para o glifosato ‘puro´ como para as formulações de glifosato’.3 Isto significa que o glifosato deve ser entendido como genotóxico (isto é, que causa cancro) em si próprio, enquanto os co-formulantes o tornam uma substância ainda mais perigosa.

• Outras pesquisas independentes estabeleceram fortemente a genotoxicidade do glifosato e dos HBG e, inquestionavelmente, ligaram o glifosato a muitas doenças crônicas.

• Foi estabelecido que o glifosato se bio acumula, resultando numa concentração nos nossos corpos que é maior do que a que pode ser excretada. Isto foi mostrado num teste de amostra de leite materno e na urina. Ainda não sabemos as consequências adversas que estes resíduos que habitam os nossos corpos podem ter a longo prazo para a saúde.

• Os mais expostos na África são os trabalhadores rurais nas fazendas, que não têm acesso suficiente, e às vezes mesmo nenhum, a equipamentos de protecção pessoal e onde os jovens são frequentemente usados como os principais aplicadores de pesticidas. Como 90% dos agrotóxicos são conhecidos por penetrar o

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corpo através da pele, isso devia levantar um alarme sonoro em termos do risco à saúde a que este grupo populacional está exposto.

• A evidência cumulativa da toxicidade dos HBG para humanos e animais exige a interrupção imediata do uso do Roundup e outros HBG.

• No entanto, isto representa uma dupla ameaça. Por um lado, à medida que os países industrializados proíbem o glifosato e os HBG, os fabricantes destes produtos procurarão despejá-los nos países onde são permitidos.

• Isto pode já estar a acontecer com a eliminação progressiva da Amina de Otoide Polietoxilada (POE-T), um dos co-formulantes perigosos encontrados no Round-Up, para o qual a União Europeia (UE) pediu a proibição em 2016. POE-T irá muito provável inundar países onde esses produtos químicos não são proibidos e onde, na verdade, eles são muito usados para fabricar HBG.

• Por outro lado, após a proibição do glifosato e dos HBG na África, outros pesticidas (às vezes igualmente ou mais tóxicos que o glifosato) inundarão os mercados como substitutos.

• Herbicidas que são motivo de grande

preocupação incluem o 2,4-D – especialmente em vista da recente aprovação do ácido 2,4-Diclorofenoxiacético (culturas tolerantes ao 2,4-D Dicamba) – assim como o paraquat. Estes ingredientes activos também devem ser proibidos na África.

• A única maneira de os países africanos escaparem deste ‘encerro’ no percurso agroquímico é desenvolverem e promoverem activamente alternativas agro-ecológicas e outras alternativas não-químicas para o seu sector agrícola e adoptar agentes alternativos comprovados para controle de ervas daninhas, seguros e não-tóxicos para áreas urbanas.

Introdução Através do mundo, o uso de glifosato está a atingir a um ponto crítico: nos Estados Unidos, estão em andamento mais de 13.400 processos judiciais relacionados a glifosato contra fabricantes, vendedores e usuários.4 Há crescente demanda pública para

Crédito fotográfico: Erich Westendarp, Pixabay

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regulamentação protectora, apesar de toda a contra evidência que a Monsanto (agora Bayer) gera para causar desordem na ciência. Este artigo tem como objectivo motivar os africanos responsáveis por tomar decisões assumir uma posição forte contra o pesticida, que está em a ser altamente utilizado no solo Africano. O ACB e a Aliança pela Soberania Alimentar na África estão a pedir proibições definitivas do glifosato e de herbicidas à base de glifosato (HBG) em todo o continente e advertem que o 2,4-D e o paraquat devem ser os próximos na fila para a proibição.

Preocupantemente, salvo a excepção (não confirmada) do Maláui, nenhum país africano proibiu ainda o uso do glifosato. A reclassificação do glifosato pela IARC como ‘provavelmente carcinogénico’ foi explicitamente ignorada, e a toxicidade do produto à saúde humana e ao meio ambiente, do qual as suas populações dependem imenso para se sustentarem, foi desconsiderada. Em vez disso, incrivelmente, indivíduos que

supervisionam a proteção de plantas em alguns países africanos fizeram apelos para que o público seja menos ‘emocional’ em relação aos pesticidas.5

Como confirmado por um recente encontro na Tanzânia, que examinou a questão da ‘política de pesticidas em África’,6 há uma grande escassez de pesquisa na África que documente a extensão da exposição aguda e crônica a pesticidas. A atribuição de doenças e de mortalidade aos pesticidas no continente é mais difícil de estabelecer do que em qualquer outro lugar do mundo, devido a um número insuficiente de casos documentados e de subnotificação. Portanto, é da responsabilidade dos nossos líderes africanos olhar para além da retórica das empresas de pesticidas industriais e abraçar imediatamente o princípio da precaução, impondo uma proibição ao glifosato e aos HBG e iniciando o processo de eliminação progressiva do uso de todos os produtos químicos agrícolas.

Crédito fotográfico: Michael Chia

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O que é o glifosato e comofunciona?O glifosato é o ingrediente activo encontrado nos herbicidas mais usados em todo o mundo7 e é, em volume, o herbicida mais produzido no mundo.8 No entanto, o glifosato é raramente usado sozinho e é acompanhado por surfactantes (que geralmente representam 5-15% em peso dos produtos concentrados), que são adicionados para aumentar a eficácia do ingrediente activo. 9 Cada formulação varia ligeiramente na composição química e na composição do surfactante. Muitos estudos indicam que o glifosato é apenas ligeiramente tóxico para as plantas nas diluições recomendadas na agricultura e que os efeitos tóxicos e as propriedades de desregulação endócrina das formulações são principalmente devidas ao adjuvante inerte adicionado ao ingrediente principal.10

O glifosato actua fechando uma enzima envolvida no percurso metabólico do chiquimato (a enzima inibida é chamada 5-enolpiruvilchiquimato 3-fosfato, ou sintase EPSP) que assegura a síntese de aminoácidos aromáticos. O glifosato foi originalmente usado pelas suas propriedades quelantes (remoção de metais) na América na década de 1960 e foi subsequentemente patenteado como herbicida pela Monsanto (1974). O glifosato também se liga a (quelata) nutrientes vitais tais como ferro, manganês, zinco e boro no solo, impedindo que as plantas os absorvam.11

O glifosato tem uma baixa persistência, por isso requer aplicações repetidas para o controle de ervas daninhas. Liga-se fortemente aos solos e decompõe-se por fotólise (através da acção da luz) e degradação microbiana,12 que é usada pela indústria como o argumento principal de que o glifosato não se lixivia para a água (o glifosato tem alta solubilidade em água). Contudo, altos níveis de contaminação da água ocorrem durante chuvas fortes, onde

a lixiviação em corpos de água foi relatada.13 A substância química pode persistir no meio aquático, com uma meia-vida de até cinco meses, e ainda estar presente no sedimento de poças ao fim de um ano.14 Evidências da presença de glifosato nas águas subterrâneas, assim como em água engarrafada, em níveis superiores aos permitidos na União Europeia, destacam que a persistência do glifosato é mais prevalente do que é alegado pela indústria.15

Como e qual a extensão do uso doglifosato?A venda dos HBG tem aumentado exponencialmente devido ao cultivo extensivo de culturas geneticamente modificadas tolerantes ao glifosato, essencialmente milho, soja e algodão. Quando a proteção da patente da Monsanto sobre o glifosato terminou no ano 2000, novos HBG inundaram os mercados globais. O uso mundial total de glifosato (tanto agrícola como não agrícola) aumentou mais de 12 vezes, de cerca de 67 milhões de quilos em 1995 para 826 milhões de quilos em 2014. Durante o período de 1974 a 2014, um total de 6,1 bilhões de quilos de glifosato foi aplicada, o que representa 71,6% do uso total em todo o mundo.16 É provável que a tendência ascendente no uso do glifosato continue, aumentando os níveis de glifosato presentes no meio ambiente e potencialmente aumentando a exposição animal e humana ao herbicida.17

Alguns países africanos seguem certamente uma tendência semelhante, embora seja muito desafiante rastrear o uso exacto do glifosato e dos HBG em solos africanos. Por um lado, é difícil obter dados sobre os volumes importados a nível nacional. Por outro lado, em muitos países africanos, os regulamentos são circum-navegados e às vezes as fronteiras são muito porosas, de modo que muitos pesticidas

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entram ilegalmente nos países e o uso e os impactos adversos podem ser extensivamente subestimados.

No entanto, uma simples revisão de pesticidas registados em muitos países africanos aponta para a prevalência do glifosato. No Uganda, entre os 300 produtos químicos estimados no mercado, 42 são baseados em glifosato. Neste mesmo país, pesquisa recente que examinou a prevalência de resíduos de pesticidas em corpos de água em 17 distritos em quatro regiões, encontrou o glifosato como um dos pesticidas com as maiores concentrações.18 No Quênia, os mais comuns ingredientes activos importados são o glifosato e os seus sais, o imidaclopride e o mancozebe.19

A África do Sul, que representa 2% do uso global de pesticidas, é o maior consumidor de pesticidas em África. O seu gasto em pesticidas

aumentou 55% no período entre 2009 e 201320 e é obviamente o consumidor mais voraz do glifosato no continente. O país tem 96 formulações de glifosato registadas e o uso de glifosato na África do Sul está altamente correlacionado com as culturas tolerantes a herbicida (TH), nomeadamente o milho e a soja. O cultivo de milho branco e amarelo GM subiu de cerca de 69% de todos os plantios em 2011/12 para 89% em 2015/16.21 Em 2012, mais de 23 milhões de litros de glifosato foram vendidos a um valor estimado de 64 milhões de Rands.22 Não puderam ser encontradas informações mais actualizadas e verificadas na altura em que este artigo foi escrito.

Pode-se argumentar que os países produtores de algodão no continente estão entre os principais consumidores de glifosato, pois os HBG são amplamente utilizados na produção dessa cultura. Os principais

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Crédito fotográfico: USAID, Africa Bureau

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produtores de algodão do continente são o Mali, a Burkina Faso e o Benim. Em Abril de 2018, o Ministério da Agricultura do Benim defendeu a importação de 900.000 litros (480 toneladas) de glifosato para a safra de 2018/19 como sendo a chave para a produção de algodão no país.23 Na África Ocidental, o Comitê Saheliano de Manejo de Pesticidas (ligado ao Instituto Saheliano baseado em Bamako), regista pesticidas para toda a África Ocidental e alguns países na África Central. Entre os 434 pesticidas registados pelo comitê para uso, 54 são baseados em glifosato. Estes são essencialmente fabricados na China e vendidos sob várias marcas sedutoras, tais como ‘Piranha’, ‘La machette’ (que significa “facão”), ou Rafale (em referência ao avião de caça). O Roundup 360 K da Monsanto e o Roundup 450 K estão na sua lista.24

Analistas relatam que a produção global total de glifosato, alimentada pela enorme capacidade de produção da China, é o dobro da demanda global. A África constitui um mercado altamente procurado para vender o excesso da oferta global.25 Consequentemente, há um impulso significativo para usar o herbicida, que pode ser directamente correlacionado com o impulso global de culturas GM tolerantes ao glifosato. O acúmulo de resistência às ervas daninhas ao glifosato tem sido amplamente documentado. Até 2018, trinta e oito espécies de ervas daninhas distribuídas através de trinta e sete países tinham desenvolvido resistência ao glifosato. Embora ervas daninhas resistentes ao glifosato tenham sido identificadas em pomares, vinhas, plantações, cereais, pousios e em situações não relacionadas com culturas alimentares, são as ervas daninhas resistentes ao glifosato nos sistemas de cultivo que predominam.26 Isto apenas levará a um maior uso de herbicidas, contradizendo totalmente as razões apresentadas para o uso de culturas TH, que supostamente levariam a uma diminuição nas aplicações de herbicidas. Embora o glifosato seja agora reportado como representando apenas uma pequena parte do lucro da Bayer, ao desenvolver sementes GM tolerantes ao glifosato, a empresa multinacional ainda está claramente a galgar a onda do glifosato.27

Como é que o glifosato está a ser usado e como é que as pessoassão expostas?Há três níveis de exposição às misturas de glifosato: os agricultores e os trabalhadores agrícolas são altamente expostos, pois lidam directamente com os pesticidas; depois, a exposição indirecta acontece quando os HBG são arrastados para áreas onde pessoas podem estar a viver perto de áreas de tratamento; e resíduos de glifosato podem ser encontrados nos alimentos que comemos.

Vítimas na linha de frente: agricultores e trabalhadores rurais

O uso de HBG assume muitas formas: são usados como agentes genéricos que matam ervas daninhas em ambientes agrícolas e não-agrícolas. Os HBG são muito usados na África para controlar ervas daninhas em ambientes rurais e urbanos e são extenssivamente aplicados em florestas, parques, espaços públicos, jardins de escolas, jardins residenciais e em relavas e ao longo das estradas. Para uso em ambientes domésticos, os HBG estão facilmente disponíveis nas prateleiras de armazéns, pequenos comerciantes de agrotóxicos e agro-comerciantes.

No contexto agrícola, o glifosato é usado para o controle de ervas daninhas. É frequentemente citado como um dos cinco principais pesticidas utilizados pelos agricultores em estudos de caso em toda a África.28 Com o impulso para as culturas GM tolerantes ao glifosato no continente, este uso aumentará, conforme evidenciado por experiências em outros lugares, notadamente na África do Sul, onde o glifosato se tornou

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o herbicida mais utilizado, principalmente na aplicação em culturas geneticamente modificadas.29

É importante enfatizar que na África Subsaariana, cerca de 55% da força de trabalho é empregada na agricultura. Isso ilustra o quanto mais uma preocupação pública é esta questão de exposição para a África, em comparação com os países industrializados (por exemplo, essa participação é de 4% na União Europeia e 1% na América do Norte).30 No contexto africano, as pessoas que aplicam o glifosato são frequentemente trabalhadores que trabalham nas fazendas ou trabalhadores contratados. Estas pessoas são muitas vezes adolescentes cujo dever é pulverizar os campos; por exemplo, muitos exemplos de tais práticas podem ser encontrados nos campos de produção de algodão na Burkina Faso.31 Nestes contextos, o equipamento de proteção pessoal é muitas vezes inadequado ou - especialmente em condições de calor - não é usado de forma alguma.

Mas outro uso invisível e não monitorado do glifosato é a ‘regulação’ do crescimento das plantas. Isto refere-se à pulverização do produto químico numa ampla gama de culturas, incluindo trigo, cevada, aveia, canola, linho, ervilhas, lentilhas, soja, feijão e cana-de-açúcar, para acelerar o amadurecimento dessas culturas (conhecido como dessecação) antes da colheita.32 Isto normalmente constitui um uso dos HBG ‘que não consta nos rótulos’, o que significa que o glifosato não é especificamente aprovado para uso em uma série de culturas não transgênicas.

Vítimas na segunda-linha: pessoas que vivem próximo das áreas pulverizadas

A exposição não-alvo pode acontecer a milhões de pessoas em todo o mundo que vivem ou trabalham em ou perto de áreas fortemente pulverizadas com HBG formulados. Elas podem ser expostas a ‘níveis elevados’ devido a problemas com equipamentos de aplicação, condições de vento, erro humano ou negligência.33 . Há muitos casos documentados de doenças causadas por aplicações aéreas do glifosato na América Latina. Na Argentina, um estudo que analisou a concordância

da exposição ao glifosato e dos distúrbios reprodutivos numa cidade agrícola argentina descobriu que abortos espontâneos e taxas de anomalias congênitas eram três e duas vezes maiores que a média nacional. Isto era devido à exposição ambiental muito elevada ao glifosato (79 quilogramas por pessoa por ano).34 Os danos no DNA causados pelo glifosato foram registados a 10 quilômetros da suposta zona de pulverização, no caso de plantações de coca, onde o glifosato era usado para erradicar ervas daninhas na Colômbia.35

A exposição indireta também é provável ocorrer após a pulverização, quando as pessoas são expostas a um agente contaminado. Um exemplo inclui o de uma criança a brincar com um cão que passou recentemente algum tempo numa área pulverizada com um HBG.36

Vitimas na Terceira-linha: consumidores ingerindo ou expostos a glifosato e a resíduos dos HBG

Os seres humanos podem ser expostos a resíduos de glifosato pelo consumo de frutas, legumes e outros produtos agrícolas, especialmente cereais, como resultado da dessecação, assim como consumo de água potável contaminada. É importante ressaltar que resíduos de glifosato foram encontrados como sendo mais altos na soja GM do que na soja convencional, como resultado do intenso regime de pulverização a que essas culturas GM TH são submetidas. O conteúdo nutricional da soja transgênica (e da convencional) também é muito mais pobre do que a soja orgânica.37 Este é um parâmetro muito importante para países como a África do Sul, onde quase toda a soja plantada é GM. A mesma conclusão pode ser feita para o milho transgênico, que é o alimento básico do país. Vários estudos demonstram a presença de glifosato na urina38 e no leite materno da população geral em muitos países onde o glifosato é usado há anos.39 E quando se trata de comida, o glifosato está lá para ficar; não pode ser removido por lavagem e não é decomposto cozinhando ou assando. Os resíduos de glifosato podem permanecer estáveis nos alimentos por um ano ou mais, mesmo se os alimentos forem congelados ou processados.40

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As propriedades quelantes do glifosato podem ter implicações sérias para os seres humanos, animais de fazenda e animais domésticos que consomem culturas geneticamente modificadas Roundup Ready, pois isso poderia afectar negativamente o valor nutricional dos alimentos, reduzindo a biodisponibilidade de nutrientes essenciais.41

Mas o glifosato não está apenas na nossa comida; pesquisa feita principalmente na Europa encontrou níveis alarmantes em fraldas e tampões. Na França, após a descoberta de glifosato e outros produtos químicos em fraldas pelo órgão de fiscalização do consumidor (ANSES) em Janeiro de 2019, que apontou para o risco de os compostos migrarem pela urina quando em contacto prolongado com a pele dos bebés, o governo pediu ao fabricante e aos vendedores para eliminarem estas substâncias das fraldas de bebés dentro de 15 dias.42

As descobertas da vasta extensão da contaminação pelo glifosato suscitam a questão de que se testes semelhantes fossem realizados em África, seriam encontrados níveis de glifosato iguais ou mais perigosos.

Desmantelando os mitos Os responsáveis pelo tomar de decisões e o público em geral precisam entender a teia de mitos que levaram à crença popular de que o glifosato é seguro. Há evidência esmagadora ao contrário e os fabricantes de pesticidas tais como a Monsanto (agora Bayer) estão sentindo ‘o calor’ como nunca antes.

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Foto em domínio público

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Mito #1: o glifosato é inócuo para humanos e mamíferos

O dogma geralmente aceite é que a via do chiquimato é apenas encontrada em plantas, mas não em humanos ou outros mamíferos,43 razão pela qual o glifosato tem sido promovido como seguro para pessoas e vertebrados se usado de acordo com os rótulos do produto. Contudo, esta via do chiquimato está presente nas bactérias intestinais humanas, que desempenham um papel importante na fisiologia humana.44 Ao ajudar a digestão, a microbiota intestinal sintetiza vitaminas e é essencial para a saúde do sistema imunológico e para as funções do tracto gastrointestinal.45

Mas outro aspecto crítico que os nossos responsáveis por tomar decisões em África precisam estar cientes, é que o glifosato nunca é usado sozinho na agricultura, mas é misturado com formulantes, os últimos sendo principalmente compostos de vários destilados de petróleo oxidados ou derivados. Nos últimos anos, extensa pesquisa demonstrou que os efeitos no alvo abaixo dos limites de toxicidade não são devidos ao ingrediente activo glifosato declarado, mas, sem dúvida, aos formulantes.46, 47 As fortes propriedades herbicidas e tóxicas das suas formulações são apenas exercidas pela família de formulações de alquilaminas polietoxiladas (POEA). Se os produtos comerciais contêm a mesma forma e concentração de glifosato, mas diferentes co-formulantes, a sua toxicidade pode variar até 100 vezes mais.48 Um estudo de 2016 descobriu que o Roundup era 125 vezes mais tóxico que o glifosato.49

Estes estudos apresentam evidência esmagadora de que os herbicidas à base de glifosato, especialmente aqueles que contêm formulações da família POEA, que são encontrados extensivamente nas prateleiras dos agro-comerciantes em toda a África, incluindo na África do Sul, estão lentamente mas seguramente a matar as pessoas africanas, e isto está a ocorrer sem ser notado. Em 2017, o Departamento de Agricultura da África do Sul indicou que a amina de sebo polietoxilada, ou POE-T, seria eliminada até 2020. Até ao momento em que este artigo está a ser escrito, o Departamento não respondeu à pergunta da ACB sobre as alternativas

identificadas e se consideraria uma proibição do glifosato.

Há evidência muito limitada da toxicidade dessas formulações, principalmente porque as informações sobre a formulação do surfactante são classificadas como informações comerciais confidenciais pelos fabricantes e aceites como tal pelos reguladores, o que significa que as formulações exactas são raramente divulgadas no rótulo.50 Como os estudos regulatórios avaliam somente ingredientes ativos, é difícil avaliar o exame toxicológico real de herbicidas individuais.

Isto dito, a classificação do glifosato como ‘provavelmente carcinogénico para humanos’ pelo Grupo de Trabalho da IARC (Grupo 2A) é apoiada por evidência ‘forte’ de genotoxicidade, tanto para o glifosato ‘puro’ como para formulações de glifosato.51 Isto significa que o glifosato ‘puro’ é um composto genotóxico perigoso e deve ser considerado como tal, apesar da toxicidade dos co-formulantes ser muito maior do que a do glifosato puro.

Mito #2: A Monsanto acreditou genuinamente o Roundup ser seguro

A Monsanto falsificou dados sobre a segurança do Roundup e comercializou-o para as autoridades dos parques e consumidores como ‘ambientalmente amigável’ e ‘biodegradável’, para encorajar o seu uso ao longo das estradas, jardins para crianças, campos de golfe, pátios de escolas, relvas e jardins residenciais.52 Em 2009, um tribunal francês determinou que essas asserções de marketing equivaliam a propaganda falsa. É muito importante fazer um balanço da montanha de evidências que os advogados americanos compilaram contra a Monsanto no último processo federal. No caso Pilliod v. Monsanto, o júri conferiu aos requerentes US$ 2 bilhões em indemnizações punitivas e compensatórias. O júri chegou a sua decisão baseando-se em evidências, não apenas da carcinogenicidade do herbicida, mas também no papel da Monsanto em suprimir e desacreditar os achados independentes sobre a toxicidade do Roundup. Este precedente legal é extremamente significativo na medida

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i. A ingestão IDA de um pesticida refere-se ao limite seguro determinado por um regulador, baseado em estudos de toxicidade a longo prazo, sobre o ingrediente activo do pesticida, e implica que existem níveis seguros que podem ser ingeridos através do curso da vida.

em que estabelece claramente como falsa a ‘ciência’ que a Monsanto vem a fabricar sistematicamente sobre a suposta segurança do Roundup como falsa. E por que deveria parar aí?

Mito #3: Qualquer exposição ao glifosato e aos HBG está ‘abaixo dos limites’

Argumenta-se que os resíduos de glifosato encontrados em cereais e em alimentos são frequentemente abaixo dos limites máximos de resíduos estabelecidos. Isto levanta a questão de como estes limites foram estabelecidos e por quem. Estes limites têm sido extensivamente criticados por estarem desactualizados e inadequados aos contextos locais e pela interferência da indústria ao estabelecerem-nos.53

Nos EUA, o limite de ingestão diária aceitável (IDA)i para o glifosato é estabelecido em 1,75 miligramas por quilograma de peso corporal por dia (1,75 mg / kg de peso corporal / dia) versus 0,3 mg / kg de peso corporal / dia na União Europeia. No África do Sul, o IDA foi estabelecido em 1 mg / kg de peso corporal / dia. Evidências científicas credíveis e independentes, revisados paritariamente, agora mostram que os níveis de danos à saúde humana poderiam começar nos níveis ultrabaixos de 0,1 partes por bilhão de glifosato.54 Um estudo de 2012 recomendou que uma IDA muito mais baixa fosse fixada a 0,025 mg / kg de peso corporal / dia ou ‘12 vezes menor do que a IDA ‘actualmente estabelecida na Europa.55

Estabelecendo IDAs apenas em ingredientes activos (ou seja, glifosato) impede que quaisquer riscos genuínos de toxicologia sejam avaliados. Vista a evidência esmagadora de que os surfactantes são muito mais tóxicos do que somente o glifosato e que a toxicidade potencial pode surgir da ingestão de co-formulantes, as IDAs devem basear-se na ingestão diária de co-formulantes.

Os Africanos devem confiar na ‘ciência’ de quem? Uma vez que a arbitragem global sobre se o glifosato e as formulações dos HBG são tóxicas ou não parece ser ainda muito controversa, os africanos que tomam decisões políticas precisam de obter uma boa compreensão do motivo pelo qual existem evidências contraditórias sobre a questão.

Em 2015 a Agência Internacional de Pesquisa sobre Cancro (IARC) classificou o glifosato como ‘provavelmente carcinogénico para humanos (Grupo 2A)‘. Isto foi ‘baseado em evidência ‘limitada ‘de cancro em humanos (de exposições reais que realmente ocorreram) e evidência ´suficiente´ de cancro em animais experimentais (a partir de estudos de glifosato ‘puro’).56 Essencialmente, a IARC descobriu que os HBG podem causar danos às células através de pelo menos dois mecanismos de acção (danos no DNA e estresse oxidativo), que actuam como gatilhos ou aceleradores da progressão dos crescimentos de células cancerosas.57 Este achado crítico foi contestado por outro estudo de referência da Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA), que conclui que o glifosato não é susceptível de ser carcinogénico para humanos.58 Foi realizada uma avaliação comparativa de como esses dois institutos chegaram às suas conclusões, avaliação que explica adequadamente as razões para estes achados conflituosos/ divergentes.59

Razões principais pelas quais os resultados estão em desacordo um com o outro: i) Evidências não publicadas versus artigos

revisados paritariamente como fonte: A EPA dependeu selectivamente de estudos regulatórios não publicados, 99% dos quais relataram resultados negativos de

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genotoxicidade, enquanto a IARC se baseou principalmente em estudos revisados paritariamente, dos quais 70% encontraram resultados positivos de genotoxicidade.ii

ii) Glifosato puro versus glifosato + surfactantes como a fonte de genotoxicidade estudada: A avaliação da EPA baseou-se amplamente em dados de estudos sobre o glifosato isolado, enquanto a revisão da IARC se focou nos resultados dos HBG formulados. A última aproxima-se muito mais aos cenários da vida real, uma vez que o glifosato é sempre usado em combinação com surfactantes.

iii) Exposição restrita versus exposição de amplo espectro. A avaliação da EPA concentrou-se na exposição dietética típica da população em geral, assumindo usos legais das culturas alimentares e não abordou exposições e riscos ocupacionais, que são geralmente mais elevados. A avaliação da IARC englobou dados de cenários típicos de exposição dietética, ocupacional e elevada.

O componente de saúde ocupacional é muito crítico no contexto africano, onde os trabalhadores rurais são expostos criticamente ao uso de pesticidas. No continente, os pesticidas são essencialmente aplicados com um aparelho manual conectado a uma mochila, por veículos todo-terreno e, nalguns casos, por pulverizadores montados em caminhões que exigem que uma pessoa segure e direcione uma varinha de aplicação. Os HBG são frequentemente aplicados em condições perigosas que resultam em alta exposição dérmica. Como a pele é o principal canal através do qual os pesticidas penetram no organismo, o risco para a saúde é, portanto, significativamente maior. Os riscos incluem mangueiras ou válvulas defeituosas ou mal vedadas que fazem com que o aplicador manuseie manualmente o pesticida, uma mochila gotejante encharcando a região lombar do aplicador, condições de vento, ser instruído a aplicar o pesticida descalço,60 etc. Os riscos são aumentados pela falta de controle sobre o local de trabalho, falta de

instalações para lavagem, falta de tratamento médico e exposição repetida.

Portanto, os achados do Grupo de Trabalho da IARC que os HBG são ‘provavelmente carcinogénicos para os humanos‘ são altamente relevantes para o contexto Africano.

Novas evidências esmagadoras confirmando a toxicidade do glifosatoDesde as descobertas da IARC, muitos estudos adicionais demonstraram evidências esmagadoras de efeitos genotóxico e do potencial oncogénico do glifosato e dos HBG. Há evidências convincentes de pesquisas de laboratório e estudos epidemiológicos de que a exposição ao glifosato ou aos HBG causa autismo,61,iii , 62 cancro, 63 efeitos teratogénicos (defeitos congênitos),64 toxicidade reprodutiva (infertilidade)65 e doença hepática.66

Em relação ao cancro, vários estudos corroboram os achados da IARC. Uma pesquisa que avaliou o risco genotóxico em trabalhadores agrícolas na Colômbia encontrou uma relação entre a exposição ao glifosato e o Linfoma não-Hodgkin (NHL).67 Nas ‘cidades fumigadas’ da Argentina, onde o Roundup é usado, o NHL é vastamente reportado.68 No início de 2019, uma equipe de cientistas dos EUA publicou uma meta-análise de estudos sobre os HBG. A sua pesquisa conclui que existe uma ‘ligação irresistível

ii. Para a avaliação da genotoxicidade do glifosato, a EPA levou totalmente em conta os resultados de apenas 23% dos ensaios considerados pelo IARC (27/118) (Benbrook, 2019).

iii. Um estudo Americano achou uma correlação irresistível no enorme número ascendente de crianças com autism e o volume de glifosato em culturas de milho e soja nos EUA entre 1990 e 2010 (ver referência 63).

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Caixa de Texto 1. Onde está proibido o glifosato? Há vários países onde foi realizada acção para proibir ou restringir o uso do glifosato desde os casos judiciais nos Estados Unidos, o último que destacou os perigos do glifosato. Abaixo está uma breve descrição das proibições completas, proibições parciais ou restrições que foram postas em prática globalmente até hoje.74

Proibições em todo o país:• Omã, Arábia Saudita, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Catar proibiram a importação e o uso dos

HBG (entre 2015 e 2016).• O Sri Lanka proibiu a importação de todos os HBG (2015), que foi subsequentemente parcialmente levantada

(2018) apenas para uso em plantações de chá e borracha.• São Vicente e Granadinas suspenderam todo o uso dos HBG (Agosto de 2018).• Vietnam proibiu a importação de todos os HBG (Março de 2019).• A 2 de Julho de 2019, a Áustria votou a favor da proibição total do glifosato, o que representa até agora a acção

mais forte que um país da UE tomou contra o produto químico.75 Curiosamente, esta proibição foi aprovada enquanto a Áustria estava a ser liderada por um governo provisório de funcionários públicos antes de uma eleição parlamentar esperada em Setembro de 2019. Isso ilustra como, quando os membros do público recebem as rédeas de liderança, eles tomam decisões no interesse das pessoas, não da indústria.

Proibições subnacionais:Proibições também foram postas em prática por territórios municipais ou regionais.• A cidade de Bruxelas proibiu o uso de glifosato dentro do seu território como parte de sua política de ‘zero de

pesticidas’.• No Reino Unido, vários distritos e municípios emitiram proibições ou restrições no uso de glifosato.• Na Espanha, várias cidades baniram o glifosato.• Na Índia, o governo de Punjab proibiu a venda de glifosato no estado (Outubro de 2018) e o estado de Kerala

proibiu a venda, distribuição e uso de glifosato (Fevereiro de 2019).• Muitas escolas e universidades na Austrália e nos EUA interromperam o uso dos HBG e estão activamente à

procura de alternativas. Em Maio de 2019, por exemplo, a Universidade da Califórnia interrompeu o uso do glifosato em todos os seus dez terrenos, que servem mais de 200.000 estudantes.76

Proibições selectivas:• O uso privado dos HBG foi proibido na Bélgica (Outubro de 2018), assim como na Holanda (2015), Suécia (2017)

e França (2019).• A venda privada e comercial de todos os HBG foi proibida nas Bermudas (2017) e em Vancouver, com excepção

de uso para a gestão pública de ervas daninhas ao longo das estradas.• Portugal proibiu o uso de glifosato em todos os espaços públicos.• Em Junho de 2019, a Alemanha anunciou o seu plano de descontinuar todo o uso dos HBG para a manutenção

de suas linhas férreas.

Uso restrito:• A Itália proibiu o uso de glifosato em áreas públicas e como um pulverizador pré-colheita (2016).• Na República Checa, a pulverização pré-colheita baseada em HBG também foi proibida (2018).• Na Dinamarca, o uso de glifosato em todas as culturas pós-emergentes foi proibido para evitar resíduos em

alimentos (2018).• Na França, o uso de glifosato e de todos os outros pesticidas foi proibido em espaços verdes públicos (2017).

(Em Maio de 2019, a França anunciou que até 2021 eliminaria o uso de glifosato, com excepções limitadas.)77

• Na Argentina, mais de 400 cidades e municípios aprovaram medidas que restringem o uso do glifosato.• No Canadá, oito das dez províncias têm alguma forma de restrição ao usos do glifosato.• Nos EUA, muitas cidades (especialmente na Califórnia, que agora listam o glifosato como um carcinogéneo

conhecido) iniciaram planos de redução de pesticidas e programas integrados de controle de pragas ou proibiram completamente o uso do Roundup e outros herbicidas à base de glifosato nos parques da cidade.78

• Na Suíça e no Luxemburgo, as cadeias de supermercados retiraram os HBG das suas prateleiras em resposta ao clamor público.

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entre exposições aos HBG e o aumento do risco de NHL’.iv A análise estatística revelou que existe um risco aumentado de 41% de NHL resultante da alta exposição aos GBHs.69 Em Julho de 2019, ecoando esta evidência esmagadora, a Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO) apelou a uma eliminação global dos HBG.70

Criticamente, alguns destes efeitos foram detectados na faixa da ingestão diária aceitável recomendada. Pesquisa recente sobre o ‘Roundup GT plus’, possivelmente a única formulação de glifosato testada para seus efeitos tóxicos a longo prazo, mostrou que doses de 0,1 partes por bilhão da formulação, equivalentes a 0,4 mg / kg de peso corporal / dia, levaram à doença hepática não-alcoólica de ácidos graxos em ratos durante um estudo de alimentação de dois anos. De acordo com esta pesquisa, esta dose ambiental ultrabaixa pode resultar em danos ao fígado e aos rins, com potenciais implicações significativas para a saúde de populações animais e humanas.71 Esta dose é de 250.000 abaixo da IDA determinada na África do Sul.72 Um estudo de 2012 demanda que seja definida uma IDA muito mais baixa, a 0,025 mg / kg de peso corporal / dia; isso é equivalente a ‘12 vezes menos do que a IDA actualmente definida na Europa’.73

Os líderes africanos precisam avaliar com urgência o que estas proibições em muitos outros países em todo o mundo significam para a África, especialmente num contexto de excesso de oferta de glifosato. Para onde irá o ‘excesso’ de glifosato e co-formulantes?

Em 2016, a Comissão Europeia solicitou a proibição da Amina de Sebo Polietoxilada (POE-T), um co-formulante encontrado em

muitas formulações do Roundup. Isto significa que os estados membros terão que ajustar as suas legislações nacionais para eliminar a POE-T de todas as formulações de HBG.79 Isso fará com que os fabricantes reduzam o preço do POE-T para se livrarem dos estoques nos países onde o POE-T ainda está em uso80, e possam ‘encerrar’ os países africanos no uso de POE-T em vez de formulantes menos perigosos em formulações de HBG.

Qual é a posição da África?Enquanto o debate em torno de uma potencial proibição do glifosato em muitos países do Norte é agora mais intenso do que nunca, com muitos países tomando medidas sem precedentes contra o uso de glifosato e HBG (ver Caixa de Texto 1), reguladores e políticos no continente africano continuam apoiando o glifosato e a ignorar os apelos das organizações da sociedade civil. Eles são rápidos a referirem-se a estudos que convenientemente consideram o glifosato não-tóxicov (como evidenciado acima, os meta dados preferidos e usados por esses estudos são altamente questionáveis). Funcionários públicos do sector agrícola também defendem com veemência um herbicida considerado crítico para a economia agrícola dos países africanos, citando sua eficácia e que pode ser facilmente usado directamente nas lavourasvi, 81

Alguns líderes africanos chegaram a argumentar que o Roundup usado no seu país

iv. Zhang, L., Rana, L., Shaffer, R.M., Taioli, E., Sheppard, L. 2019. Exposição a herbicidas baseados em glifosato e o risco para os Llinfoma não-Hodgkin: uma meta-analise e evidência apoiante, Mutation Research/Reviews in Mutation Research. ISSN 1383-5742, https://doi.org/10.1016/j.mrrev.2019.02.001 (219:284)

v. Por exemplo, após o relatório da IARC de 2016 que classificou o glifosato como uma classe IIa ‘provavelmente carcinogênica para humanos’, o Departamento de Agricultura, Silvicultura e Pesca da África do Sul apressou-se a referir-se aos estudos com contra evidências gerados pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (USEPA), pela Autoridade Australiana de Pesticidas e Medicamentos Veterinários (APVMA), e Autoridade Européia de Segurança Alimentar (EFSA), que, como foi discutido, têm um foco muito mais restrito do que o IARC (Comunicado de Imprensa do DAFF, 22 de Maio de 2015). Pode mencionar-se também o caso de Sylvain Ouedraogo, Secretário Permanente do Comité Saheliano para a Gestão de Pesticidas, que, após o julgamento marco Monsanto em 2018 a favor de Dewane Johnson, referiu-se a reunião conjunta OMS-FAO sobre Resíduos de Pesticidas de 2016 (JMPR) que concluiu que ‘o glifosato provavelmente apresenta pouca genotoxicidade em exposições alimentares antecipadas’.

vi. Comentários feitos por Athanase Yara, chefe dos serviços de agronomia da União Nacional de Cultivadores de Algodão de Burkina-Faso (UNCB), falando acerca do uso do glifosato no algodão (ver referência 82)

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não é tão perigoso quanto o Roundup usado na Europa e na América (...) porque é uma classe III (OMS) - como Gaston Dossouhoui, Ministro da Agricultura do Benim foi citado a ter dito sobre o Killer 480 SL, o HBG usado no Benim.82 Estas declarações são muito perigosas e enganosas.

Primeiro, quaisquer formulações à base de glifosato, quer sejam encontradas nos Estados Unidos ou na Europa, seriam classificadas como classe III (um pouco perigosas), uma vez que esta é a classe atribuída ao glifosato pela classificação de ingredientes activos de pesticidas da OMS.83 Contudo, a reclassificação da IARC significa que qualquer formulação à base de glifosato é altamente perigosa,

conforme definido pela Reunião Conjunta da FAO / OMS sobre Manejo de Pesticidas.Segundo, argumentar que algumas formulações podem ser mais deletérias do que outras está correcto, mas isso levanta a questão de saber se os reguladores no Benim e em outros lugares sabem quais ingredientes inertes são tóxicos nas formulações que compram, pois estes são mantidos confidenciais pela indústria.

Terceiro, os formulantes de um produto de marca podem variar geograficamente e ao longo do tempo, sem aviso ou indicação nos rótulos dos produtos, nas fichas de dados de segurança ou em outras fontes de informação disponíveis ao público.84

Crédito fotográfico: Donna Cleveland

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Até à data, o único país africano que parece ter tomado uma posição contra o glifosato e os HBG é o Maláui. Em Abril de 2019, o jornal ‘National’ do Maláui reportou que o Maláui tinha proibido as importações dos HBG, incluindo o Roundup, com efeito imediato. O jornal cita Gray Nyandule-Phiri, Secretário Principal do Ministério da Agricultura, dizendo que essa proibição ocorreria com efeito imediato, até quando ‘tudo for resolvido oficialmente’.85 O ACB não sucedeu nas suas tentativas de obter a confirmação oficial desta proibição, até ao momento em que este relatório está a ser escrito. Infelizmente, o Ministério também indicou que o glufosinato de amônio iria substituir o glifosato. Isso ilustra como a proibição do glifosato por si só não é suficiente e que os países precisam identificar astutamente soluções viáveis e ecologicamente sustentáveis.

Uma história muito confusa envolve a proibição / não proibição no Togo. Em Abril de 2018, o ministro da Agricultura, Ouro-Koura Agadezi, divulgou um comunicado afirmando que, ‘para preservar não apenas o meio ambiente, mas também a saúde humana e animal, é proibido aos agricultores importar e comercializar agrotóxicos não registados, incluindo o glifosato em todo o país de acordo com a lei número 96-007 / PR de 03 deJulho de 1996 sobre a proteção de plantas’.86 Embora este comunicado pareça inequívoco, Atsou Tagba, Director de Proteção de Plantas no Togo, mais tarde no ano explicou que se tratava de um ‘equívoco’ afirmando que, ‘No Togo, o glifosato não licenciado é proibido como todos os outros pesticidas não registados. Normalmente, o glifosato não é proibido no Togo’.87 O público em geral pode fazer a pergunta se essa cacofonia não era uma proibição que foi retirada sob a pressão da indústria.

Chamada a acção imediataEsta evidência proveniente do mundo industrial - e de alguns países do Sul Global - não pode ser ignorada pelos nossos líderes africanos. Nós, na África, carecemos criticamente de tais evidências localizadas, além de carecermos estudos atribuindo o cancro ao uso dos HBG devido à falta de pesquisa, documentação e subnotificação. Contudo, dadas as condições de uso, especialmente para aplicadores que usam equipamentos de proteção inadequados e muitas vezes, devido ao calor intenso, não usam nenhuma proteção, pode ser razoavelmente concluído que os nossos agricultores e trabalhadores agrícolas estão em situação pior. Segue-se logicamente que os sistemas alimentares nos países africanos estão tão criticamente - se não mais - contaminados pelos resíduos dos HBG como os siatemas alimentares tanto na África do Sul como na UE.

Agora é a hora

É imperativo que os líderes africanos observem cuidadosamente o princípio da precaução e tomem medidas urgentes para proteger os seus povoe e meios ambientes, dos quais são guardiões, contra quaisquer danos adicionais. Há evidências suficientes de que os HBG têm efeitos genotóxicos na saúde humana e nos animais.

Os líderes africanos ouvirão discursos alarmantes de que se proibirem o glifosato, tal proibição, ameaçará a sua segurança alimentar e que actualmente não existe nenhuma alternativa viável para substituir o glifosato. Nada pode estar mais longe da verdade. A realidade é que existem alternativas viáveis, como foi minuciosamente documentado pela UK Pesticide Action Network (PAN - Rede de Acção Contra Pesticidas do Reino Unido),88 que traz consigo soberania alimentar genuína, e que diminui o fardo das doenças não transmissíveis, que estão escalando no nosso

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Caixa de Texto. Lista de pesticidas proibidos na UE e ainda usados em muitos países a africanos• Paraquat: A Rede de Acção contra Pesticidas (PAN) descreve o paraquat como ‘o herbicida mais altamente

tóxico a ser comercializado nos últimos 60 anos (mas um dos) herbicidas mais vastamente usados no mundo’. Eles indicam ainda que ‘A Organização Mundial da Saúde classifica o paraquat como classe II, moderadamente tóxico; mas PAN acredita que ele deve ser reclassificado como classe I por causa de sua toxicidade aguda, efeitos retardados e falta de antídoto.‘ 93

• Carbendazim: Um fungicida reportado como um tóxico para a reprodução / desenvolvimento que é altamente tóxico para as minhocas.

• Acefato: Inseticida organofosforado, altamente solúvel em água, tóxico para mamíferos com baixo potencial de bio acumulação.

• Diazinon: Um inseticida altamente volátil de uso geral considerado ser um potencial poluente de águas subterrâneas e neurotóxico para humanos e outros mamíferos.

• Permetrina: Um inseticida de contacto que é moderadamente tóxico para os seres humanos e altamente tóxico para a maioria das espécies aquáticas e abelhas.

• Dimetoato: Um inseticida organofosforado que pode ter sérias implicações para a saúde dos seres humanos, pois pode afetar a reprodução ou o desenvolvimento. É altamente tóxico para pássaros e abelhas.

• Atrazina: Um herbicida sistémico que é moderadamente tóxico para a maioria da vida aquática, minhocas e abelhas e pode-se infiltrar na água.

• Fenoxaprop: classificado como um ‘herbicida obsoleto’ pela UE.• Thiram: Um fungicida de carbamato de uso múltiplo, que também é usado como repelente de

mamíferos.

continente.89 É extremamente urgente que a sociedade civil africana exija uma proibição imediata do glifosato e dos HBG nos seus países. Mas é igualmente importante que eles mantenham um olhar muito atento sobre os produtos químicos ainda mais tóxicos que a indústria rapidamente impulsionará como alternativas.

A Relatora Especial das Nações Unidas para o Direito à Alimentação, Hilal Elver, denunciou o mito de que os pesticidas são necessários para alimentar o mundo. Neste sentido, ela enfatizou que ‘sem ou com o uso mínimo de produtos químicos tóxicos, é possível produzir alimentos mais saudáveis e ricos em nutrientes, com maior rendimento a longo prazo, sem recursos ambientais poluentes e exaustivos’.90

A excessiva dependência em pesticidas pode ser superada com uma forte vontade política e com a orientação dos países para os caminhos agro-ecológicos. A agroecologia (como um conjunto de práticas e como ciência) está emergindo como uma alternativa criticamente importante à abordagem da ‘Revolução Verde’, dominante e socialmente injusta e ecologicamente insustentável, para o desenvolvimento agrícola. Através da substituição de insumos químicos por materiais e processos orgânicos e optimizando a biodiversidade, a agroecologia pode permitir que os camponeses e os pequenos agricultores superem os ‘encerros’ inerentes à agricultura industrial de larga escala, liderada pelo agronegócio, que debilita a resiliência.91 Há uma base crescente de evidência através de muitos contextos que prova que a agroecologia é capaz de levar a suficientes rendimentos para alimentar e e nutrir a polução inteira do mundo.92, vii

vii. Existem documentadas uma abundância de alternativas ao percurso agroquímico. Na África, a Aliança para a Soberania gurnaça Alimentar em África, (AFSA) e Groundswell International criaram um rica fonte de recursos documentando como embarcar num percurso agro-ecológico. Para recursos e estudos de caso desta transição agro-ecológica, refiram-se a https://www.agroecology-pool.org/showcases/

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A próxima fronteira de pesticidas

Este artigo tem como foco específico o glifosato e os HBG, dada a omnipresença do produto e a percepção errônea de que o glifosato e os HBG são seguros. Contudo, quando se trata de proibir substâncias perigosas, os governos africanos devem também levar em conta a extensa pesquisa toxicológica que foi feita na Europa e que levou à proibição de vários ingredientes activos. Alguns destes ingredientes activos que já não têm aprovação para uso na UE estão listados abaixo e devem passar por um exame urgente semelhante em África (Caixa de texto 2). Notem que esta lista é baseada em ingredientes activos ainda usados em muitos países africanos, mas alguns podemser proibidos nalguns países africanos.viii

Outros ingredientes activos, que ainda são aprovados na UE, precisam ser submetidos a escrutínio semelhante pelos governos africanos, porque eles são potencialmente destinados a substituir o glifosato. Estes constituem, sem dúvida, a próxima ‘fronteira de pesticidas’ que os nossos governos terão de enfrentar, pois também são extremamente perigosos.

O paraquat, listado na Caixa de texto 2 acima, como é proibido na UE, está sendo promovido como uma alternativa ao glifosato para superar o ‘crescente problema da resistência ao glifosato em países com amplo uso de Roundup em cultivos GM’.94

Mas também precisamos de manter vigilância sobre o desenvolvimento e a aprovação de novas gerações de culturas GM resistentes a outros herbicidas; esses herbicidas, por sua vez, tornar-se-ão omnipresentes nos nossos meio ambientes.

Em 2015, o ACB respondeu ao prognóstico da IARC sobre o glifosato ser um provável carcinogéneo humano num relatório que sinalizou o perigo que surgiria após uma possível proibição do glifosato.95 O medo é que mais produtos químicos tóxicos sejam introduzidos e substituam o glifosato, um

cenário para o qual a indústria já se preparou; não tanto por causa de uma iminente proibição do glifosato, mas por causa da resistência incremental às ervas daninhas ao glifosato.

Isso começou com a aprovação de novas culturas de OGM projectadas para serem resistentes ao 2,4-D e a Dicamba nos EUA e em outros países. Um herbicida sistémico comum, o 2,4-D, é uma auxina sintética (hormônio vegetal) altamente propenso à deriva, sendo responsável pelo terceiro maior incidente de danos a culturas nos EUA.96 A própria IARC classificou recentemente o 2,4-D como ‘possivelmente carcinogénico para humanos’. No início de 2019, a Corteva (formalmente conhecida como Dow AgroSciences) solicitou a libertação geral de três variedades de milho transgênico com genes acamados na África do Sul. Estas três variedades são tolerantes ao 2,4-D, e duas também são tolerantes ao glifosato. Este desenvolvimento é um grande motivo de preocupação, uma vez que tais culturas GM exporão os consumidores a mais combinações tóxicas de resíduos de pesticidas persistentes nos seus alimentos. O ACB opôs-se fortemente a estes lançamentos, por preocupação com o aumento do desvio não-alvo associado ao 2,4-D, e aumento da exposição a um pesticida tóxico, cuja eficácia será, em qualquer caso, de curta duração, com o inevitável aumento de ervas daninhas tolerantes a herbicidas.97 De facto, no início de 2019, a primeira resistência a Dicamba e ao 2,4-D, numa população das ervas daninhas Amaranth Palmer, foi confirmada no Kansas.98

Culturas GM TH que foram desenvolvidas e aprovadas mostram tolerância a outros herbicidas tóxicos, tais como: glufosinato (um herbicida proibido na UE); 2,4-D; Dicamba; e isoxaflutole.

viii. Informações detalhadas sobre estes pesticidas foram encontradas na base de dados de propriedades de pesticidas da Universidade de Hertfordshire: https://sitem.herts.ac.uk/

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Recomendações para acção imediata Por aqui, o ABC apela aos governos africanos para:• emitir proibições imediatas de todos os usos

do glifosato e dos HBG;• impor a proibição imediata de outros

ingredientes activos proibidos na UE;• tomar medidas adequadas para garantir

que outros produtos químicos mais tóxicos não substituamo glifosato; e

• iniciar uma mudança de um manejo de ervas daninhas e de agricultura em geral, baseado num uso intensivo de insumos para práticas agro-ecológicas.

Também pedimos aos conselhos de administração de parques, escolas, universidades e municípios que tomem medidas imediatas para acabar com os HBG em nome e a favor da saúde das pessoas que frequentam estes espaços.

Os municípios também podem ser facilmente mobilizados e solicitados a não usar HBG.ix

Mas acima de tudo, os agricultores e camponeses poderiam e deveriam ser apoiados para descontinuar o uso de HBG e absterem-se de recorrer a pesticidas perigosos.

Essas acções fazem parte dos passos essenciais que precisam ser dados para repensar os nossos sistemas alimentares. Ser baseados em pesticidas é uma escolha e a escolha deve ser feita para nos afastar das substâncias que prejudicam o meio ambiente e os nossos povos e comprometem o bem-estar das gerações futuras e do nosso planeta.

ix. Para consumidores que queiram tomar acção, o Instituto para Tecnologia Responsável baseado nos EUA, lançou uma campanha através do país, alertando sobre os perigos do glifosato e de outros herbicidas perigosos em lugares públicos. Visitem https://rounduprisks.com e vejam os recursos específicos desenvolvidos para conseguir proibir o Round Up proibido na vossa comunidade.

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Crédito fotográfico: Pochogh, Pixabay

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Acrónimos e abreviações 2,4-D Ácido 2,4-diclorofenoxiacético EPA Agência para Protecção Ambiental (sigla em inglês)EPSP 5-enolpiruvilchiquimato-3-fosfato sintaseUE União EuropeiaGM Geneticamente ModificadoHBG Herbicidas à base de glifosato IARC Agência Internacional de Pesquisa sobre o Cancro (sigla em inglês) IDA Ingestão Diária Aceitável LNH Linfoma Não-Hodgkin mg/kg bw/dia Miligramas por kilo de peso de corpo por diaOGM Organismo Geneticamente ModificadoOMS Organização Mundial da SaúdePAN Rede de Acção Contra Pesticidas do Reino Unido (sigla em inglês) POEA Alquilaminas polietoxiladas (sigla em inglês) POE-T Amina de sebo polietoxilado (sigla em inglês)TH Tolerante a Herbicidas

Glossário de termos genotóxico: agentes químicos que danificam a informação genética dentro de uma célula causando mutações, que podem levar ao cancro

inerte: quimicamente inativo

potencial oncogénico: potencial de causar o desenvolvimento de um tumor ou tumores.

estresse oxidativo: um desequilíbrio de radicais livres e antioxidantes no organismo, que pode levar a danos celulares e nos tecidos

surfactante: uma substância que aumenta as propriedades de espalhamento e molhamento

teratogénico: que causa a malformação de um embrião

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3 International Agency for Research on Cancer. 2016. Q&A on glyphosate. https://www.iarc.fr/wp-content/uploads/2018/11/QA_Glyphosate.pdf

4 Daly. M. 2019. Roundup Litigation Updates Ignite Hope for a Bayer Settlement. Published in the South East Pennsylvania Legal Examiner on 12 July 2019. https://southeastpennsylvania.legalexaminer.com/health/roundup-litigation-updates-ignite-hope-for-a-bayer-settlement/

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6 The pesticides politics in Africa. 2019. Conference held in Arusha, May 2019. http://iris.ehess.fr/index.php?4187 7 Newsweek. 2016. Glyphosate now the most-used agricultural chemical ever,2 February 2016, http://www.

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9 Defarge, N., Spiroux de Vendômois, J. & Séralini, G.E. 2018. Toxicity of formulants and heavy metals in glyphosate-based herbicides and other pesticides. Toxicology reports 5(2018) 156-163. https://doi.org/10.1016/j.toxrep.2017.12.025

10 Defarge, N., Spiroux de Vendômois, J. & Séralini, G.E. 2018. Toxicity of formulants and heavy metals in glyphosate-based herbicides and other pesticides. Toxicology reports 5(2018) 156–163. https://doi.org/10.1016/j.toxrep.2017.12.025

11 Huber, D.M. 2007. What about glyphosate-induced manganese deficiency? Published by the Fluid Fertilizer Foundation. https://fluidfertilizer.org/wp-content/uploads/2016/05/58P20-22.pdf

12 Uren Webster, T.M., Laing, L.V., Florance, H., Santos, E.M. 2014. Effects of glyphosate and its formulation, Roundup, on reproduction in zebrafish (Danio rerio). Environ. Sci. Technol. 48(2): 1271–1279.

13 Ayoola, S.O. 2008. Toxicity of glyphosate herbicide on Nile tilapia (Oreochromis niloticus) juvenile. Afr. J. Agric. Res. 3(12): 825–834.

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15 Rendón-von Osten, J. & Dzul-Caamal, R. 2017. Glyphosate residues in groundwater, drinking water and urine of subsistence farmers from intensive agriculture localities: A survey in Hopelchén, Campeche, Mexico. International Journal of Environ Research and Public Health. 2017 Jun; 14(6): 595. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5486281/

16 Benbrook, C. 2016. Trends in glyphosate herbicide use in the United States and globally. Environmental Sciences Europe 28(1): 1–15 https://doi.org/10.1186/s12302-016-0070-0

17 Benbrook, C. 2016. Trends in glyphosate herbicide use in the United States and globally. Environmental Sciences Europe 28(1): 1–15 https://doi.org/10.1186/s12302-016-0070-0

18 Uganda National Association of Community and Occupational Health (UNACOH). 2018. The pesticides use, health and environment project (PHE). Water and crops were sampled for pesticide residues in the following 17 districts: Northern region – Gulu, Adjumani, Nebbi and Kitgum; Eastern region – Kumi, Pallisa, Kapchorwa, Budaka and Bugiri; Western region – Ntungamo, Bushenyi, Kamwenge and Masindi; and Central region – Rakai, Sembabule, Wakiso and Kayunga districts. [Unpublished]

19 Swiss Programme for Research on Global Issues for Development. n.d. Highly hazardous pesticides (HHPs) in agro-industrial and smallholder farming systems in Kenya. [Unpublished]

20 United Nations Environment Programme. 2013. Global Chemical Outlook. https://sustainabledevelopment.un.org/index.php?page=view&type=400&nr=1966&menu=35

21 Esterhuizen, D. 2016. Agricultural biotechnology annual: Biotechnology in South Africa. United States Department of Agriculture Foreign Information Service Global Agricultural Network. https://www.fas.usda.gov/data/south-africa-agricultural-biotechnology-annual-0

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22 Gouse, M. 2014. Assessing the value of glyphosate in the South African agricultural sector. https://ageconsearch.umn.edu/record/206520/?ln=en

23 France 24. 2018. Jugement Monsanto: en Afrique, la fin du glyphosate n’est pas pour demain. [Monsanto’s trial: in Africa, the end of glyphosate is not for tomorrow]. Published in France 24 on 15 August 2018. https://www.france24.com/fr/20180815-jugement-monsanto-afrique-utilisation-glyphosate-roundup

24 Comité Sahélien des Pesticides. 2018. Liste globale des pesticides autorisés par le comité Sahélien des Pesticides – version de Novembre 2018. [Authorised pesticides – version November 2018]. http://www.insah.org/doc/liste_globale_pesticides_autorises_par_CSP_version_Nov-2018.pdf

25 Watts, M., Clausing, P., Lyssimachou, A., Schütte, G., Guadagnini, R., Marquez, E. 2016. Glyphosate. Pesticide Action Network, October 2016. http://pan-international.org/wp-content/uploads/Glyphosate-monograph.pdf

26 Heap, I. & Duke, S. 2018. Overview of glyphosate-resistant weeds worldwide. Pest Manag Sci. May, 74(5):1040–1049. doi: 10.1002/ps.4760. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29024306

27 Reuters. 2019. Glyphosate use will eventually end, Merkel says. Published in Reuters, on 26 June 2019. https://www.reuters.com/article/us-bayer-glyphosate-merkel/glyphosate-use-will-eventually-end-merkel-says-idUSKCN1TR1QN

28 Proceedings from the pesticides politics in Africa. 2019. Conference held in Arusha, May 2019. http://iris.ehess.fr/index.php?4187

29 Gouse, M. 2014. Assessing the value of glyphosate in the South African Agricultural Sector. https://ageconsearch.umn.edu/record/206520/?ln=en

30 World Bank. 2018. Employment in agriculture. https://data.worldbank.org/indicator/SL.AGR.EMPL.ZS31 Luna, J.K. 2018. Getting out of the dirt: racialized modernity and environmental inequality in the cotton sector of

Burkina Faso, Environmental Sociology, 4(2): 221–234. DOI: 10.1080/23251042.2017.1396657 32 EcoWatch. Why is glyphosate sprayed on crops right before harvest? 5 March 2016,. http://www.ecowatch.com/

why-is-glyphosate- sprayed-on-crops-right-before-harvest-1882187755.html. 33 Benbrook, C.M. 2019. How did the US EPA and IARC reach diametrically opposed conclusions on the genotoxicity

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35 Leahy, S. 2007. Colombia-Ecuador: Studies find DNA damage from anti-coca herbicide. Inter Press Service, Toronto, 16 June. http://www.ipsnews.net/news.asp?idnews=38205

36 Benbrook, C.M. 2019. How did the US EPA and IARC reach diametrically opposed conclusions on the genotoxicity of glyphosate-based herbicides? Environmental Sciences Europe 31:2 https://doi.org/10.1186/s12302-018-0184-7

37 Bøhn, T., Cuhra, M., Traavik, T., Sanden, M., Fagan, J., Primicerio, R. 2014. Compositional differences in soybeans on the market: Glyphosate accumulates in Roundup Ready GM soybeans. Food Chemistry 153: 207–215. ISSN 0308-8146, https://doi.org/10.1016/j.foodchem.2013.12.054

38 Conrad, A., Schröter-Kermani, C., Hoppe, H-W., Rüther, M., Pieper, S., Kolossa-Gehring, M. 2017. Glyphosate in German adults – Time trend (2001 to 2015) of human exposure to a widely used herbicide. International Journal of Hygiene and Environmental Health 220(1): 8–16. ISSN 1438-4639. https://doi.org/10.1016/j.ijheh.2016.09.016.

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40 Food Democracy Now! 2016. Glyphosate: Unsafe on any plate . Available from: https://usrtk.org/wp-content/uploads/2016/11/FDN_Glyphosate_FoodTesting_Report_p2016-3.pdf

41 Cakmak I, Yazici A, Tutus Y, Ozturk L. Glyphosate reduced seed and leaf concentrations of calcium, manganese, magnesium, and iron in non-glyphosate resistant soybean. Eur J Agron. 31:114–119

42 French Agency for Food, Environmental and Occupational Health & Safety (ANSES). 2019. ANSES recommends improving baby diaper safety. https://www.anses.fr/en/content/anses-recommends-improving-baby-diaper-safety

43 Dill, GM., Cajacob, C.A., Padjette S.R. 2008. Glyphosate-resistant crops: adoption, use and future considerations. Pest Management Science. 2008 Apr;64(4):326-31.

44 Samsel, A & Seneff, S. 2013. Glyphosate’s suppression of Cytochrome P450 Enzymes and amino acid biosynthesis by the gut microbiome: Pathways to modern disease. Entropy, 15: 1416–1463. doi:10.3390/e15041416

45 Littman, D.R., Pamer, E.G. 2011. Role of the commensal microbiota in normal and pathogenic host immune responses. Cell Host Microbe 10: 311–323

46 Defarge, N., Spiroux de Vendômois, J. & Séralini, G.E. 2018. Toxicity of formulants and heavy metals in glyphosate-based herbicides and other pesticides. Toxicology reports 5: 156–163. https://doi.org/10.1016/j.toxrep.2017.12.025

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47 Nobels, I., Spanoghe, P., Haesaert, G., Robbens, J., Blust, R. 2011. Toxicity ranking and toxic mode of action evaluation of commonly used agricultural adjuvants on the basis of bacterial gene expression profiles. PLoS ONE 6: e24139. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0024139

48 Mesnage, R., Bernay, B., Seralini, G.E., 2013. Ethoxylated adjuvants of glyphosate-based herbicides are active principles of human cell toxicity. Toxicology 313: 122–128

49 Defarge, N., Takács, E., Lozano, V.L., Mesnage, R., Spiroux de Vendômois, J., Séralini, G-E., & Székács, A. 2016. Co-formulants in glyphosate-based herbicides disrupt aromatase activity in human cells below toxic levels. International Journal of Environmental Research and Public Health, 13(3): 264. http://doi.org/10.3390/ ijerph13030264

50 Mesnage, R., Benbrook, C., Antoniou, M.N. 2019. Insight into the confusion over surfactant co-formulants in glyphosate-based herbicides. Food and chemical toxicology 128: 137–145

51 International Agency for Research on Cancer (IARC). 2015. IARC Monograph on Glyphosate. https://www.iarc.fr/featured-news/media-centre-iarc-news-glyphosate/

52 Food Democracy Now! 2016. Glyphosate: Unsafe on any plate . Available from: https://usrtk.org/wp-content/uploads/2016/11/FDN_Glyphosate_FoodTesting_Report_p2016-3.pdf

53 African Centre for Biodiversity. 2017. No safe limits for toxic pesticides in our food. African Centre for Biodiversity. 2017. No safe limits for toxic pesticides in our food.

54 Seralini, G.E., Clair, E., Mesnage, R., Gress, S., Defarge, N., Malatesta, M., Hennequin D., de Vendômois, J.S. 2014. Republished study: Long-term toxicity of a Roundup herbicide and a Roundup-tolerant genetically modified maize. Environ Sci Europe. 26(1):14. http://enveurope.springeropen.com/articles/10.1186/ s12302-014-0014-5

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56 International Agency for Research on Cancer (IARC). 2015. IARC monograph on glyphosate. https://www.iarc.fr/featured-news/media-centre-iarc-news-glyphosate/

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59 Benbrook, C.M. 2019. How did the US EPA and IARC reach diametrically opposed conclusions on the genotoxicity of glyphosate-based herbicides? Environmental Sciences Europe 31:2 https://doi.org/10.1186/s12302-018-0184-7

60 Ngowi, V. 2019. Presentation made during the pesticides politics in Africa. 2019. Conference held in Arusha, May 2019. http://iris.ehess.fr/index.php?4187

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63 Williams, G.M., et al. 2016. A review of the carcinogenic potential of glyphosate by four independent expert panels and comparison to the IARC assessment. Crit Rev Toxicol 46:3–20. https://doi.org/10.1080/10408444.2016.1214677

64 Antoniou, M., Habib, M.E.M., Howard, C.V., Jennings, R.C., Leifert, C., Nodari, R.O., Robinson, C.J., Fagan, J. 2012. Teratogenic effects of glyphosate-based herbicides: Divergence of regulatory decisions from scientific evidence. Journal of Environmental and Analytical Toxicology S4:006. https://pdfs.semanticscholar.org/8e51/fcf27a85f70653366a6e45c5798c32ba349b.pdf?_ga=2.265619849.726383174.1563883908-1804739333.1563883908

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69 Zhang, L., Rana, L., Shaffer, R.M., Taioli, E., Sheppard, L. 2019. Exposure to glyphosate-based herbicides and risk for Non-Hodgkin Lymphoma: a meta-analysis and supporting evidence, Mutation Research/Reviews in Mutation Research. ISSN 1383-5742, https://doi.org/10.1016/j.mrrev.2019.02.001

70 Sustainable Pulse. 2019. Global Women’s Health Federation FIGO Calls for Phasing Out of Glyphosate Herbicides. Published on 31 July 2019. https://sustainablepulse.com/2019/07/31/global-womens-health-federation-figo-calls-for-phasing-out-of-glyphosate-herbicides/#.XUfYmC2Q3_T

71 Mesnage, R., Renney, G., Seralini, G.E., Ward, M., Antoniou, M.N. 2017. Multiomics reveal non-alcoholic fatty liver disease in rats following chronic exposure to an ultra- low dose of Roundup herbicide. Sci. Rep. 7, 39328. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28067231

72 African Centre for Biodiversity. 2017. No safe limits for toxic pesticides in our food. https://acbio.org.za/wp-content/uploads/2017/07/No-Safe-Limits-for-Toxic-Pesticides-in-Our-Food.pdf

73 Antoniou, M., Habib, M.E.M., Howard, C.V., Jennings, R.C., Leifert, C., Nodari, R.O., Robinson, C.J., Fagan, J. 2012. Teratogenic effects of glyphosate-based herbicides: Divergence of regulatory decisions from scientific evidence. Journal of Environmental and Analytical Toxicology S4:006. https://pdfs.semanticscholar.org/8e51/fcf27a85f70653366a6e45c5798c32ba349b.pdf?_ga=2.265619849.726383174.1563883908-1804739333.1563883908

74 Information for this section was gleaned from Sustainable Pulse. 2019. Glyphosate Herbicides Now Banned or Restricted in 17 Countries Worldwide – Sustainable Pulse Research. https://sustainablepulse.com/2019/05/28/glyphosate-herbicides-now-banned-or-restricted-in-17-countries-worldwide-sustainable-pulse-research/#.XRC3ay2Q06g and Baum Hedlund Aristei Goldman Pc. 2019. Where is Glyphosate banned? https://www.baumhedlundlaw.com/toxic-tort-law/monsanto-roundup-lawsuit/where-is-glyphosate-banned/

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81 Fance 24. 2018. Jugement Monsanto: en Afrique, la fin du glyphosate n’est pas pour demain. [Monsanto’s trial: in Africa, the end of glyphosate is not for tomorrow]. Published in France 24 on 15 August 2018. https://www.france24.com/fr/20180815-jugement-monsanto-afrique-utilisation-glyphosate-roundup

82 Agratime. 2018. Le Bénin n’utilise pas le glyphosate comme les pays industrialisés rassure le ministre de l’agriculture [Benin does not use glyphosate the same way as industrialised countries reassures the Ministry of Agriculture]. Published in Agratime , 2018 (date not specified) https://www.agratime.com/2018/09/05/le-benin-nutilise-pas-le-glyphosate-comme-les-pays-industrialises-rassure-le-ministre-de-lagriculture/

83 WHO. 2009. The WHO recommended classification of pesticides by hazards and guidelines to classification. https://www.who.int/ipcs/publications/pesticides_hazard/en/ (2009:71)

84 Mesnage, R., Benbrook, C., Antoniou, M.N. 2019. Insight into the confusion over surfactant co-formulants in glyphosate-based herbicides. Food and chemical toxicology 12: 137–145

85 The National. 2018. Government suspends Monsanto’s roundup import permit. Published in The National https://sustainablepulse.com/wp-content/uploads/2019/04/55935239_1104096843115305_8380267426914238464_n.jpg

86 Chimala, H. 2009. Pers. Correspondence received on 6 August 2019. Hamilton Chimala is Spokesperson of the Ministry of Agriculture Irrigation & Water Development

86 Agri Digitale. 2018. Le glyphosate n’est pas interdit au Togo ! [Glyphosate is not banned in Togo!] https://www.agridigitale.net/art-le_glyphosate_n_est_pas_interdit_au_togo_.html

87 Agri Digitale. 2018. Le glyphosate n’est pas interdit au Togo ! [Glyphosate is not banned in Togo!] https://www.agridigitale.net/art-le_glyphosate_n_est_pas_interdit_au_togo_.html

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28 A ÁFR ICA DEVE PROI BI R JÁ O GLI FOSATO!

88 Pesticide Action network UK. 2018. Alternatives to glyphosate in weed management. New edition, 11 July 2018. http://www.pan-uk.org/alternatives-to-glyphosate-in-weed-management/

89 World Health Organization. 2016. Research shows higher risk of developing Non-communicable diseases in Africa. Available from: https://www.afro.who.int/news/research-shows-higher-risk-developing-non-communicable-diseases-africa

90 United Nations Human Rights Council. 2017. Thirty-fourth session. 27 February–24 March 2017 Agenda item 3. Promotion and protection of all human rights, civil, political, economic, social and cultural rights, including the right to development. https://reliefweb.int/report/world/report-special-rapporteur-right-food-ahrc3448

91 IPES Food. 2016. From uniformity to diversity: A paradigm shift from industrial agriculture to diversified agroecological systems. http://www.ipes-food.org/_img/upload/files/UniformityToDiversity_FULL.pdf

92 IPES Food. 218. Breaking away from industrial food and farming systems: Seven case studies of agroecological transition. http://www.ipes-food.org/topics/Agroecology

93 Watts, M. 2011. Paraquat. http://www.panna.org/sites/default/files/Paraquat%20monograph%20final%202011-1.pdf

94 Watts, M. 2011. Paraquat. http://www.panna.org/sites/default/files/Paraquat%20monograph%20final%202011-1.pdf

95 African Centre for Biodiversity. 2015. What’s next after a ban on glyphosate – more toxic chemical and GM crops? Or the transformation of global food systems? https://acbio.org.za/sites/default/files/documents/Objection%20against%20general%20release%20of%20three%202%204%20D%20GM%20maize%20varieties.pdf

96 Bennett, D. 2018. Monsanto responds to increased dicamba drift reports. Published 3 July 2018. https://www.farmprogress.com/soybean/monsanto-responds-increased-dicamba-drift-reports

97 African Centre for Biodiversity. 2019. Objectives against general release of three 2,4-D GM maize varieties: Corteva’s 2,4-D herbicide tolerant maize: DAS-40278-9; Corteva’s Stacked 2,4-D and glyphosate herbicide tolerant maize: NK603 x DAS-40278-9; Corteva’s Stacked 2,4-D, glyphosate and glufosinate herbicide tolerant, and Bt insecticidal maize: MON89034 x TC1507 x NK603 x DAS-40278-9. https://acbio.org.za/sites/default/files/documents/Objection%20against%20general%20release%20of%20three%202%204%20D%20GM%20maize%20varieties.pdf

98 GM Watch. 2019. Palmer amaranth resistance to 2,4-D and dicamba confirmed in Kansas. https://www.gmwatch.org/en/news/latest-news/18796-palmer-amaranth-resistance-to-2-4-d-and-dicamba-confirmed-in-kansas

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